Aumento do custo de produção é um desafio significativo para os produtores de café no Brasil
![]()
"O custo de produção se mantém alto e a produção, em si, de 2020, para cá só diminiu", lamentou o produtor de café da região de Simonésia-MG, Mateus Oliveira.
De fato, desde 2020 o Brasil não registra uma grande safra de café. Nos últimos anos, o produtor enfrentou diversos desafios como: problemas climáticos, falta de mão-de-obra nas lavouras, flutuações do mercado, alto custo dos insumos e, todos estes fatores, resultam na redução dos lucros da atividade cafeeira.
Para Mateus, a cafeicultura está virando algo de muita precisão, que não oferece mais espaço para o erro, "nós do café andamos sempre apertados. Claro que não deixa de dar lucro, se não a gente quebrava no primeiro ano de produção. Um exemplo de como está tudo muito caro é o custo de produção da baixada, maquinário lá no Cerrado está girando em torno de R$ 21 mil hectare, e aqui na montanha está girando em torno de R$ 25 mil por hectare. O custo de produção se mantém cada vez mais alto, e a safra cada vez menor. Muita gente acaba sendo lesada", explicou o produtor.
De acordo com informações da consultoria Safras & Mercado, a gestão eficiente da produção e a monitorização constante das condições do mercado são essenciais para que os produtores e traders se adaptem às flutuações de preços, e tomem decisões mais precisas sobre manejos e negociações futuras.
Nos últimos meses, eventos climáticos adversos como frio intenso, geadas, e até chuva de granizo (registrada no último mês de julho), refletiram em impactos econômicos e produtivos significativos as lavouras. O sócio diretor da Pine Agronegócios, Vicente Zotti, destaca que diante destas intempéries climáticas, os produtores estão enfrentando a necessidade de aumentar os gastos com fertilizantes e defensivos para proteger os cafezais. "Devido à questão das temperaturas mais frias, o cafeicultor está tendo que gastar mais produtos, então, o custo de produção dele está aumentando devido ao contexto. Como combate à phoma, que é um problema para quem teve impacto da chuva de pedra, o combate a doenças, bactérias que podem entrar nas folhas, ou seja, ele teve que gastar mais. Quem está com uma lavoura mais desfolhada, está tendo que usar mais fertilizantes complementares que é boro, zinco, cálcio, magnésio. O custo de produção está aumentando devido à questão de um clima mais frio, e isso está preocupando os produtores, não todos e nem em toda a região, mas sim está impactando os custos", complementou o consultor.
Relatório divulgado pelo Rabobank aponta que, desde o início de agosto, os preços do café começaram a reverter a tendência de baixa observada a partir de março. O documento mostra ainda que até o dia 13 de agosto, o arábica subiu 4% e o conilon 13% em relação a julho.
Estas fortes oscilações nos preços futuros estão, de certa forma, dificultando o poder de compra e a relação de troca. Zotti explica que muitos produtores estão mais receosos em realizar as compras de insumos e fertilizantes sem ter o custo do café travado.
O analista de café da Datagro, Daniel Pinhata, destaca que em Minas Gerais, desde janeiro de 2025, os insumos MAP, KCL e Ureia acumularam altas de 11%, 15% e 21%, respectivamente, enquanto o café Arábica registrou queda de 17% e o Robusta de 42%. "A combinação dos fatores elevação no custo dos insumos e recuo nos preços do café pressionou negativamente as relações de troca. Ainda assim, para o Arábica, as condições permanecem cerca de 15% mais favoráveis para os três insumos em comparação a julho de 2024. Já no caso do Robusta, a acentuada desvalorização reduziu a atratividade dessas trocas em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar disso, os indicadores seguem acima das médias observadas nos anos anteriores, considerando os meses que antecederam o rally de alta do último ano, o que mantém a viabilidade dos tratos produtivos e contribui para a rentabilidade dos produtores", completou o analista.
0 comentário
Após ganhos, mercado cafeeiro trabalhava com ajustes técnicos e realizando lucros na manhã desta 6ª feira (05)
Falta de chuva no BR faz futuros do café arábica fecharem sessão desta 5ª feira (04) com ganhos de 2%
Preço médio das exportações de café não torrado dispara 46% em novembro/25 frente ao mesmo período do ano passado
Região da Alta Mogiana registra boa florada do café, mas qualidade da próxima safra preocupa os produtores
Baixos estoques pressionam os futuros do café, que trabalhavam com ganhos no início da tarde desta 5ª feira (04)
Conab: Com maior safra de conilon, produção de café é estimada em 56,5 milhões de sacas em 2025