Novo salário: Lula sentiu cheiro de carne queimada e agiu...

Publicado em 07/02/2011 18:36 e atualizado em 07/02/2011 19:50


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sentiu cheiro de carne queimada e resolveu atuar. Criticou as centrais sindicais, que querem rever o acordo do salário mínimo que elas próprias fecharam com o governo. É claro que, em si, é mesmo um absurdo. Essa gente toda é base do PT e funcionou como esbirro da candidatura Dilma Rousseff. Sabia muito bem qual era a regra.

Dilma está na fase, como disse, de acenar para aquilo que os petistas chamam “conservadores”. O partido é sempre assim em inicio de governo. Trata-se de uma tentativa de ganhar apoio dos mercados. Com ar grave, dizem então: “Olhem como são responsáveis!” O fato é que o governo está passando um aperto danado por causa da gastança dos dois últimos anos de governo Lula — aqueles rumo à boca da urna.

A irresponsabilidade elegeu Dilma; agora é preciso afetar responsabilidade para governar.

Aqui e ali, as centrais ensaiavam o discurso de que, “com Lula, seria diferente”, tentando criar contradição onde não existe. Diga-se o que se disser do Apedeuta, burro ele não é. Tem um raro faro político.

Por Reinaldo Azevedo

Lula acusa sindicalistas de oportunismo na discussão do mínimo

Por Bernardo Mello Franco, na Folha Online:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de oportunista a recusa dos dirigentes sindicais em aceitar o aumento no salário minimo proposto pelo governo de sua sucessora, Dilma Rousseff. Lula fez duras críticas às entidades por, segundo ele, não respeitarem a regra informal do reajuste negociada em sua gestão.”O que não pode é os nossos companheiros sindicalistas, a cada momento, quererem mudar a regra do jogo”, disse em Dacar, onde participa do Fórum Social Mundial.”Ou você tem uma regra, aprova na Câmara, vira lei e todo mundo fica tranquilo, ou você fica com o oportunismo.”

Lula disse que a regra do reajuste não foi dada pelo governo, e sim negociada com as centrais sindicais pelo então ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT), hoje prefeito de São Bernardo do Campo. “Na política, muitas vezes vale a palavra. Não é uma boa política querer mudar a cada ano um acordo que a gente faça”, declarou o ex-presidente.Ao assinalar o apoio a Dilma, Lula contraria líderes sindicais que apontam uma relação mais fluida com o seu governo, em contraponto à nova gestão.

O deputado Paulinho da Força (PDT-SP), presidente da Força Sindical, chegou a dizer que Dilma, ao negar maior reajuste no piso salarial, vai contra o legado de Lula e se alinha à política econômica de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

MÉDIO PRAZO
Em seu governo, Lula chegou a enviar um projeto que previa uma política para o salário válida até 2023. O Congresso, contudo, não o aprovou. Dilma, agora, discute fechar uma política de valorização a médio prazo: só até 2014. O valor oferecido pelo governo é de R$ 545. As centrais sindicais pleiteiam R$ 580, embora sinalizem que podem admitir valor mais baixo.

O ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais) descartou a possibilidade de antecipar parte do reajuste previsto para 2012 (cerca de 14%), pois pretende garantir um aumento mais robusto do salário já neste ano. A manobra é bem recebida pelas centrais.

Por Reinaldo Azevedo

Líder do PT aponta reforma política como prioridade do ano

Leiam o que vai na Folha Online. Volto no post seguinte:

Por Maria Clara Cabral:
O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Teixeira (SP), afirmou nesta segunda-feira (7) que a reforma política é a prioridade do partido neste primeiro ano de governo Dilma Rousseff. Segundo ele, os pontos principais são o financiamento público de campanha, a intensificação dos mecanismos de participação da sociedade no parlamento e o voto em uma lista pré-ordenada. política

Teixiera explicou que uma das ideias é aumentar o número de plebiscitos e referendos para “saber o que o povo pensa sobre determinado assunto”. Para ele, o atual modelo de financiamento privado não ajuda a fortalecer os partidos. O líder do PT cita ainda a necessidade de ampliar a presença feminina no parlamento.

O tema foi tratado em seminário do partido, que acontece na tarde de hoje em Brasília, chamado de “Planejamento Estratégico”. O encontro teve início com uma explanação do presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), que falou sobre as perspectivas e desafios para a Legislatura.

O presidente da legenda, José Eduardo Dutra, e o ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais) também estiveram presentes.O encontro continua amanhã com um aprofundamento nas discussões sobre reformas política e tributária, na comunicação social, Código Florestal, royalties do pré-sal, PEC 300, salário mínimo e Imposto de Renda.

BRIGA INTERNA
O seminário tratará amanhã também das indicações para presidências de comissões. Há um impasse no partido sobre quem deve comandar a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), principal comissão da Câmara.

As duas tendências disputam a vaga, com João Paulo Cunha (PT-SP) e Ricardo Berzoini (PT-SP). Para tentar acabar com o impasse, o líder Paulo Teixeira sugeriu que Berzoini fique com a presidência da Comissão de Finanças. O arranjo, porém, depende do PMDB, que tem a segunda escolha. É preciso saber se vão ficar com a Comissão de Saúde ou com Finanças. Caso optem por Finanças, uma das alternativas é compensar Berzoini com um cargo na Comissão de Orçamento.

“Estamos consultando todos os membros, vamos fazer um bloco para contemplar o conjunto da bancada. Vamos ver todos os espaços”, disse Paulo Teixeira.

Por Reinaldo Azevedo

PT promete enfiar a mão no seu bolso; com quem você pode contar?

Leia primeiro o post abaixo:

Abaixo, há um post em que Paulo Teixeira, líder do PT na Câmara, fala sobre a importância da reforma política e defende o financiamento público de campanha, o voto em lista e a intensificação de plebiscitos e referendos para tornar a democracia mais, como posso dizer?, democrática. A experiência recente na América Latina indica que esses mecanismos de “consulta popular” sempre foram usados contra a liberdade individual em nome do suposto interesse público — que acaba se resumindo aos interesses de grupos militantes. Adiante.

Uma parte da oposição, especialmente aquela que pretende se abrigar sob as asas do senador Aécio Neves (PSDB-MG) fez das tais reformas — também a tributária — o seu “Godot”, como já chamei aqui. Até que não se fale no assunto, então eles fecham o bico sobre o resto. E olhem que motivos não faltam para botar o dito-cujo no trombone! Nada! Faz-se um silêncio sepulcral. “É que as reformas vêm aí…”

Pois é… Talvez venham. E, como se vê, o maior partido do país quer enfiar a mão no nosso bolso para financiar as campanhas eleitorais, como se os partidos políticos já não custassem, entre fundo partidário e horário político na TV, mais de R$ 500 milhões — em ano não-eleitoral; quando há eleição, é muito mais por causa do horário eleitoral. Ou seja: já existe financiamento público.

Reparem que o PT também é favorável ao voto em lista, mecanismo que procura cassar dos eleitores o direito de decidir em quem vão votar. É verdade que eles elegem muita gente que não presta. Mas que sejam eles a fazê-lo, não as cúpulas partidárias. Uma reforma decente aproxima o eleitor do eleito, não o contrário. E há finalmente a proposta para  a plebiscitização da democracia, porteira aberta para a demagogia. A depender da regulamentação desse procedimento, a Constituição fica à mercê de grupos de assalto.

Pois bem: se as oposições estão esperando o Godot das reformas, seria prudente que, desde já, se entregassem ao debate. O que pensam a respeito de cada um desses temas? Mas nem isso fazem, limitando-se a esperar a proposta oficial, quando, então, prometem agir — ou, se quiserem, reagir, fazendo-se caudatária da agenda oficial. Desse mato, sai tucano, mas não sai coelho.

Por Reinaldo Azevedo

Boquirroto e irresponsável: Gilberto Carvalho diz que governo do Brasil está “disposto a apoiar os movimentos” dos países árabes. Dilma tem de demiti-lo se quiser manter a autoridade

Consta que Barack Obama não quer o Brasil com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU (ver post de ontem).  Parece que a irresponsabilidade do governo do Bananão é demais até pra ele. Leiam o trecho de uma espantosa reportagem de Bernardo Mello Franco, na Folha. Volto em seguida:

*
O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) disse ontem, no Senegal, que o governo brasileiro apoia o movimento que pede a queda do ditador do Egito, Hosni Mubarak. Ele comparou a mobilização à luta contra a ditadura militar no Brasil e defendeu que Mubarak convoque eleições para permitir uma transição para a democracia. “O Brasil está acompanhando com muita atenção e disposto a apoiar esses movimentos”, disse o ministro, que representa a presidente Dilma Rousseff no Fórum Social Mundial, em Dacar.

Segundo Carvalho, o Brasil espera que Mubarak tenha “bom senso” e convoque eleições diretas para interromper os conflitos de rua. “Os movimentos de massa se mostram de tal forma fortes que é muito importante uma atitude de Mubarak evitando a violência, que abra a possibilidade de novas eleições”, afirmou o ministro. “Temos a expectativa de que Mubarak tenha bom senso e evite o derramamento de sangue.”

Ele disse ainda que o Brasil espera que o Egito não embarque num regime fundamentalista, cenário que é previsto por alguns no caso de um eventual governo liderado pela Irmandade Muçulmana. Questionado se o Planalto seguiria a posição americana, ele disse que o país não defende “intervenção direta” e manterá atitude de “cautela e apoio à democracia”.

O ditador egípcio foi alvo de protestos na marcha que abriu o Fórum, que reúne movimentos sociais e partidos de esquerda de todo o mundo. Uma das faixas trazia a inscrição “Mubarak assassino”.

Opinião pessoal
Questionados, o Itamaraty e o Planalto não quiseram comentar as declarações de Carvalho. Desde o início dos protestos contra Mubarak, o Ministério das Relações Exteriores divulgou duas notas sobre a situação do Egito -a última delas defendeu um “aprimoramento institucional e democrático” do país. Já a assessoria do ministro disse que as declarações representam a opinião pessoal de Carvalho sobre o Egito, não do governo brasileiro.

Comento
Uma coisa é o governo brasileiro pedir democracia no Egito e nos países islâmicos como um todo — no Irã,  Lula sempre apoiou a ditadura… — e até mesmo conclamar que não se recorra à violência contra manifestantes; outra, distinta, é dizer que o “Brasil está disposto a apoiar esses movimentos”… Como é? O Brasil está “disposto” a “apoiar movimentos” de insurreição? Ahmadinejad deve estar orgulhoso de Carvalho…

A Rainha Dilma Primeira tem de demitir Carvalho se quiser manter a sua autoridade — quando menos porque está se metendo em área que não é a sua. Pior: está no Fórum Social representando a presidente da República. Logo, é como se a sua fala fosse a de Dilma. Nem parece que Lula estava até anteontem de braços dados com todos os ditadores que agora os petistas querem ajudar a derrubar.

É o fim da picada! É o que dá alçar um mero estafeta de Lula à condição de secretário-geral da Presidência e escalá-lo para representar a chefe do Executivo num evento dessa natureza. Carvalho acha que países podem sair por aí expressando seu apoio a insurreições.

Não adianta! Trata-se mesmo de uma gente torta! Lula na Presidência, o Brasil não deu a menor pelota para os direitos humanos — votou contra Israel, mas não contra o assassino do Sudão, por exemplo — e foi muito criticado por isso. Dilma resolveu mudar a escrita. Entendo! Gilberto Carvalho, então, passa a declarar o apoio do governo a levantes.

A permanência de Carvalho no governo é uma questão de autoridade — ou de falta dela.

Por Reinaldo Azevedo

A caixa-preta da Petrobrás

Leia um dos editoriais do Estadão de hoje:
Há uma caixa-preta na área de comunicação da Petrobrás. Por iniciativa da empresa, só notícias boas merecem ser dadas a conhecimento público, com preferência para os recordes de produção e novas descobertas na área do pré-sal. Desde a última semana do ano passado, a Petrobrás informou que bateu recordes na produção diária de petróleo e gás natural, na produção de gasolina e de asfalto, registrou aumento de reservas e divulgou uma nova descoberta de óleo na Bacia de Santos. Quase sempre, esses dados são considerados fatos relevantes, comunicados aos acionistas, publicados em jornais e registrados pela Bolsa. Mas quando as notícias são ruins, a Petrobrás esconde o quanto pode.

Na última sexta-feira, a empresa estatal limitou-se a confirmar que a Plataforma Cherne 2 (PCH-2) na Bacia de Santos está paralisada desde o dia 19 por causa de um incêndio, que não deixou vítimas. Vinte dias depois do acidente, a assessoria da Petrobrás informou que “está preparando” um comunicado a respeito, mas não divulgou a data em que isso ocorrerá. Com tanta delonga, até parece que a nota oficial, além de ser aprovada pelo presidente da empresa, deve passar pelo seu conselho de administração, pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e, quem sabe, até pela presidente da República, Dilma Rousseff.

A Petrobrás age como se o País ainda estivesse mergulhado nos anos de chumbo. Felizmente, o Brasil tem uma imprensa atenta ao que se passa e que ouve as queixas dos que moram ou trabalham nos locais atingidos. No caso, foi o Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro) do Norte Fluminense que, com presteza, informou a irrupção de um incêndio de “grandes proporções” no módulo 5 da PCH-2, com duração de mais de uma hora. É natural que a companhia institua uma comissão para investigar o que chama de incidente, contando para isso com a colaboração da Marinha. Mas isso não justifica, em absoluto, a ausência de uma nota oficial dando conta do ocorrido.

A demora para informar constitui um desrespeito não só à população, que tem o direito de ser informada, como aos investidores. Como empresa de capital aberto, a Petrobrás tem compromisso assumido com normas de transparência na condução de suas operações. Quanto a isso, a empresa apresentou a desculpa capenga de que não informou o episódio aos investidores por não considerá-lo relevante, uma vez que seu impacto na produção é pequeno (9.300 barris/dia de petróleo, representando 0,5% do total). Ainda assim, segundo o Sindipetro, o incêndio na plataforma poderia ter resultado em uma tragédia, uma vez que o “sistema de dilúvio” (contra incêndio) não funcionou.

A tentativa de esconder o fato alimenta as suspeitas de que as plataformas mais antigas da estatal não estão operando em condições de total segurança. Não é a primeira vez que se verifica um acidente desse tipo em plataforma marítima da Petrobrás. Já houve um princípio de incêndio na P-35 e, no ano passado, a ANP interditou a P-33 por falta de segurança.

Se houve um injustificável atraso na divulgação do último acidente, há pressa em que a plataforma danificada retome o funcionamento normal, o que, como foi noticiado, deve ocorrer já neste início de fevereiro. Presume-se que, até lá, esteja concluído o relatório sobre as causas do acidente e, principalmente, que já tenham sido tomadas as medidas necessárias para reforçar a segurança e prevenir incêndios, o que é duvidoso. Não se sabe igualmente se a ANP, se foi notificada, fez ou fará inspeção no local.

O que se pode concluir é que a Petrobrás não quer perder tempo em elevar a sua produção, principalmente em uma fase em que o óleo está em alta no mercado internacional. Este é um objetivo compreensível, mas não pode ser perseguido custe o que custar. Como este jornal tem insistido, a Petrobrás não deu sinal, até agora, de que tem um plano de emergência para a hipótese de acidentes graves na produção offshore, incluindo a da camada do pré-sal, sendo desnecessário lembrar as consequências catastróficas que eles podem acarretar.

Por Reinaldo Azevedo

Vamos ver como Sérgio Cabral vai faturar o incêndio no barracão das escolas

Um incêndio destruiu o barracão das escolas de samba do Rio. O Carnaval é o principal “produto de exportação” da cidade — também tem o José Mariano Beltrami, de quem falo daqui a pouco.

Vamos ver como esse evento, que é trágico para as escolas, será usado para exaltar, ainda com mais vigor, as qualidades do governador do estado, Sérgio Cabral e, associadamente, do prefeito do Rio, Eduardo Paes.

Sempre que o Rio se dana, Sérgio Cabral se dá bem. Sempre que uma tragédia atinge o Rio, Cabral aparece como a solução, embora um de seus papéis, no governo, seja… evitar tragédias.

Acho que, desta vez, ele até pode chorar um pouco. Não morreu ninguém - ele só chora quando não morre -, e fogo no barracão das escolas toca no sonho e do ardor dos cariocas e de boa parte dos brasileiros. Chora, Sérgio Cabral! Apaga o incêndio com a ternura de tuas lágrimas!

Ah, sim: o papel de bufão de exaltação da infelicidade popular só é desempenhado com o auxílio luxuoso de parte da imprensa. Cabral é um discúpulo de Heráclito: sabe que o mundo é composto de fogo, terra, água e ar…

Por Reinaldo Azevedo

Imitem Cabral, senhores governadores, e espalhem bandidos! Vocês também merecem reportagens elogiosas na TV!

Eu não sei onde os demais governadores de Estado estão com a cabeça que não seguem o elogiadíssimo modelo “espalha-bandido” de Sérgio Cabral, do Rio, e de seu impressionante secretário de Segurança — cuja candidatura ao Prêmio Nobel da Paz já tem até publicitário contratado. Eu juro! Não é brincadeira!

Ontem, a polícia do Rio, com a ajuda de helicópteros e blindados da Marinha, ocuparam nove favelas da região central da capital. O anúncio foi feito com antecedência: “Fujam porque estamos chegando; a gente está indo, hein…” Homens do Bope foram adiante, destemidos, enfrentando… ninguém! A bandidagem, que não é burra nem nada, já tinha dado no pé. Apreendeu-se uma quantidade irrisória de droga.

Beltrame, com a sua apreensão muito particular da língua, explicou:

“Prioritariamente, o mais importante (sic) é obter este território, sem aumentar estatísticas de bala perdida, sem aumentar estatísticas de auto de resistência, sem aumentar estatísticas de homicídio ou de ferimento de qualquer pessoa civil. A nossa preocupação é com a população!”

É um humanista! Ele está dizendo, na prática, que enfrentar e prender bandidos é uma prática que contraria os interesses da… população. O Rio caminha a passos largos para legalizar o crime. Não sou eu que estou dizendo, não! São suas autoridades. Isso que Beltrame chama de “prioritariamente o mais importante” se tornou o objetivo único. Desde que bandido pare de desfilar com arma pelos becos e vielas, tudo bem, o resto pode.

Com a ajuda da reportagem, que traduz a intenção da polícia, o coronel Mário Sérgio Duarte, comandante da Polícia Militar, explica o que vai acontecer com os bandidos:
“Esses criminosos, quando fogem para outras áreas, se tornam forasteiros. Então, a própria população se torna hostil à sua presença. Nós vamos realizar operações nessas áreas, mas principalmente naquelas onde receberão UPP, no futuro, com certeza, nós iremos alcançá-los”.

Ah, bom! Agora está tudo explicado! Uma pergunta: onde está aquele exército de bandidos que fugiu da Vila Cruzeiro para o Alemão e, do Alemão, sabe-se lá para onde?

Um estado como São Paulo, que tem 10,47 homicídios por 100 mil habitantes, tem de aprender que a sua mania de prender bandido vai contra os interesses da população. O certo é adotar a política humanista do Rio, onde há 30 por 100 mil… Por enquanto, é claro! No melhor dos mundos, a bandidagem do Rio migra para outros estados.

Beltrame e Sérgio Cabral mereceriam é o Nobel de Marketing! O interior do Rio e os estados que lhe fazem fronteira que se cuidem. Como os bandidos das favelas da capital não são presos, eles têm de ir para algum lugar, não? E têm de continuar a ganhar a vida. Cabral vai “pacificar” a cidade para a Copa do Mundo. Há algo de muito errado nessa história. O “modelo” Belatrame-Cabral aponta para uma de duas coisas: ou exporta traficante para outros estados ou, então, faz um acordo com eles. Convenham: há uma boa possibilidade de que não tenham fugido. Fez-se um pacto de paz e pronto!

O preço da cocaína no Rio não subiu um centavo. Segundo as leis de mercado, isso significa que o espantoso sucesso da política de segurança de Sérgio Cabral nem arranhou o tráfico. Como dirá Beltrame, “prioritariamente, o  mais importante” é maquiar a cidade para a Copa do Mundo.

Sigam o modelo de Cabral, senhores governadores! Vocês também merecem reportagens elogiosas na TV!

Por Reinaldo Azevedo

Beltrame descobriu as virtudes do diálogo com a Irmandade Carioca

Vivemos a era da negociação com “outro lado”, não é mesmo? Descobrimos que os nossos valores estão errados e que, em boa parte, “eles”, os que eventualmente querem nos destruir, só têm tal intento por culpa nossa. Antes se fazia o “mea culpa” diante do Divino; os tempos pedem a genuflexão diante de terroristas e bandidos. Bem mandou o leitor  Mac z quando  sugeriu que a Polícia de Beltrame descobriu as virtudes da negociação com a “Irmandade Carioca”. Na mosca! Afinal, ela também demonstra ser, na maioria, composta de moderados.

Por Reinaldo Azevedo

Beira-Mar: ainda no comando de um negócio milionário. E agora é candidato a acadêmico também!

Prender bandido é garantia de que ele pare de molestar a sociedade? Não é, não! Também é preciso haver leis e procedimentos que o impeçam de continuar na atividade criminosa. A VEJA desta semana traz na capa, sobre a foto de Fernandinho Beira-Mar, as palavras: “Preso e ainda no comando”. Reportagem de Laura Dinis demonstra que Beira-Mar, chefão do Comando Vermelho, trancafiado há mais de 10 anos em presídio de segurança máxima, continua a ser o mais poderoso líder do tráfico de drogas no país. De sua cela, informa Laura, manda comprar e vender droga, seqüestrar e matar. Tudo isso com direito a Rivotril, para não ter insônia, creme de barbear especial e, claro!, visita íntima — ao menos até a mulher, Jaqueline, ser presa.

Está no presídio federal de Catanduvas, no Paraná. Brechas legais permitem que continue a traficar droga do Paraguai para o Brasil. Também ele, a exemplo de Marcola, do PCC, é candidato a bandido intelectual. Já leu mais do que alguns professores da USP, que não pegam num livro nem sob ameaça de Regime Disciplinar Diferenciado. Leiam um trecho da reportagem:

“Em Catanduvas, onde se encontra desde o ano passado, Beira-Mar, quando não está ocupado com os negócios nem ordenando quebra de cadeias (como fez em Bangu l, em 2002) ou ataques de vandalismo (como os que resultaram no incêndio de 96 carros no Rio em 2010), recebe advogados e visitas da irmã Alessandra. Também lê bastante. Entre novembro e dezembro, dedicou seu tempo a seis volumes: “Lições Preliminares de Direito, de Miguel Reale; “1822″, de Laurentino Gomes; “Uma Breve História do Século XX”, de Geoffrey Blainey; “História do Brasil - Uma Interpretação”, de Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota; “A Montanha e o Rio”, de Da Chen; e “Praticando o Poder do Agora”, de Eckhart Tolle. Neste ano, planeja voltar a estudar. Ele decidiu fazer um curso por correspondência sobre execução penal pela Faculdade Internacional de Cursos Livres e já está com o primeiro livro na cela.

O traficante sabe que, ao menos nos próximos vinte anos, continuará vendo o sol nascer quadrado. Diante do fato consumado, esforça-se para viver da melhor forma possível dentro da estrutura que montou - e que, além de casa, comida e roupa lavada, inclui poder e dinheiro. Nada mau para um bandido. Já para a sociedade, não seria exagero dizer que tanto faz Beira-Mar preso como Beira-Mar livre. O mal que ele produz, até agora, o estado foi incapaz de aprisionar.”

Leiam a íntegra da reportagem na VEJA desta semana. É impressionante!

Por Reinaldo Azevedo

Serra: “Não vou me candidatar em 2012” e “Não vou retornar à cena política porque nunca saí dela”

Leiam entrevista que o jornal Valor Econômico publica nesta segunda com José Serra, ex-governador de São Paulo.

Por Cristiane Agostine:
Sem mandato eletivo e sem cargo de destaque no PSDB, o ex-governador José Serra (PSDB) afirma que pretende continuar como liderança da oposição no país e trabalhará para que ela seja mais “viva” e “eficiente”. Serra, no entanto, não deixa claro se pretende comandar o PSDB. Diz que não sabe ao certo quando será a eleição interna, mas ressalta que não fará “nenhum gesto” para encurtar o mandato do presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PE). Derrotado na disputa presidencial de 2010, Serra descarta candidatar-se em 2012 para a Prefeitura de São Paulo e desconversa sobre suas pretensões eleitorais para 2014. Abaixo, a entrevista que o ex-go¬vernador concedeu ao Valor, por e-mail:

Valor: Como o senhor pretende retomar à cena política nacional? Quais são os seus planos?
José Serra: 
Eu não vou retornar pelo simples fato de que não sai dela. É o sentido de vida que escolhi. As formas variam desde que me engajei na política, quando líder estudantil, passando pelo exílio, pela universidade, Congresso e Executivo. O conteúdo é que não varia: servir a nosso povo e ao nosso país. Parafraseando aquele poeta espanhol, o caminho será feito pelo andar.

Valor: O senhor pretende candidatar-se à presidência do PSDB?
Serra: 
Apesar de todas as especulações sobre isso, devo dizer que a questão é extemporânea. Nem sei bem quando será a eleição. Não vou fazer nenhum gesto que possa, de alguma maneira, encurtar o mandato do presidente Sérgio Guerra. Vou agir como gostaria que agissem comigo. E sempre pensando no interesse do Brasil. E o Brasil precisa de uma oposição com unidade de ação, idéias claras, coragem e disposição para fiscalizar, cobrar, empurrar o governo para as posições que atendam ao interesse dos brasileiros. Vou trabalhar, com minha experiência, meus conhecimentos e minha liderança, para que a oposição seja cada vez mais ágil, mais viva, mais coerente e mais eficiente. Dentro e fora da estrutura partidária. É preciso fazer embate vivo de idéias e propostas. Isso tudo é necessário ao funcionamento da democracia, melhora o país. No Brasil, às vezes, pensa-se que o vencedor leva tudo, “The winner takes all”. Mas não é assim. Tivemos o voto de quase 44 milhões de brasileiros. Perto de 44% dos eleitores que votaram, no segundo turno, apoiaram a nossa proposta. Embora tenha perdido, o PSDB cresceu. Temos de honrar esses votos. Temos de representar esses eleitores. Temos de manter esses eleitores informados e orgulhosos de sua escolha.

Valor: Qual a avaliação do se-nhor sobre a manifestação da ban-cada do PSDB da Câmara em apoio à reeleição do deputado Sérgio Guerra no comando do partido?
Serra: 
Criou-se um mal-entendido, um equívoco. Se os deputados estão em uma reunião e alguém propõe uma manifestação de apoio ao atual presidente do partido, ê natural que todos apoiem. Todos assinaram. Em nenhum momento se colocou se haveria, ou não, outro candidato. Não era fulano contra beltrano. Eu apoiei a eleição do presidente Sérgio Guerra e o escolhi para coordenar a minha campanha. As assinaturas não devem ser interpretadas como uma manifestação contra mim, ou contra o [senador] Aécio [Neves], ou contra o [ex-presidente] Fernando Henrique [Cardoso], ou contra o [ex-senador] Tasso Jereissati]. Como disse o [governador de São Paulo, Geraldo] Alckmin, ainda é cedo para se decidir sobre a futura direção do PSDB.

Valor: O senhor pretende candidatar-se a algum cargo eletivo nas próximas eleições, em 2012? E em 2014?
Serra:
 Não vou me candidatar em 2012. E 2014 ainda está muito longe. Seria burrice especular sobre o que vai acontecer daqui a quatro anos. É um erro grave trazer 2014 a valor presente.

Valor: Caso o senhor não pretenda se candidatar à Prefeitura de São Paulo em 2012, qual nome o senhor apoiaria para a disputa?
Serra:
 Vou apoiar o candidato que o meu partido, o PSDB, indicar.

Valor: Como poderá ser a relação política entre o senhor e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, caso ele migre do DEM para o PMDB?
Serra:
 Tenho com o prefeito Kassab uma boa relação, pessoal, de amizade, pessoal e política. Mas seria tolo especular sobre algo hipotético, que pode ou não acontecer num futuro ainda in-determinado.

Valor: Como tem sido a sua relação com o governador Geraldo Alckmin? O senhor aprova a aproximação do governo paulista com o governo federal? E concorda com as mudanças que estão ocorrendo em secretarias estaduais, como as de Transportes Metropolitanos, Saúde, Educação, Habitação e Desenvolvimento Social?
Serra:
 Minha relação com o governador é ótima. Temos conversado com bastante freqüência, e vou torcer e ajudar para que ele faça um excelente governo. Tenho certeza de que “fará. Qualquer governante, de qualquer partido, tem de trabalhar em cooperação com outras esferas de governo, de qualquer partido. O interesse da população deve prevalecer. É assim que eu fiz quando fui ministro, prefeito e governador. É assim que vejo o governador Alckmin agir. Sobre as ações estaduais, não estou preocupado se há esta ou aquela diferença em relação a eventuais decisões que eu tenha tomado no passado. Cada governante tem o seu jeito, seu “timing”, sua visão, sua avaliação e as condições objetivas para trabalhar. Tenho plena confiança de que o governador Alckmin vai fazer  uma gestão muito boa. Além da certeza, o governador Alckmin tem o meu apoio, a minha torcida, a minha solidariedade e a minha ajuda, se precisar.

Valor: O senhor tem conversado com o senador Aécio Neves? Acredita que ele poderá ser o grande líder da oposição no Congresso?
Serra:
 Se ele vai ser ou não um grande líder da oposição no Congresso, depende dele. Ele tem ex¬periência pra isso.

Valor: O senhor disse que passaria a dar palestras, a partir deste ano, como forma de obter recursos. O senhor já começou a dar palestras? Quais foram os convites que o senhor recebeu?
Serra:
 Vou trabalhar para viver, fazendo palestras, dando aulas e escrevendo. Também sei governar e legislar. Mas, no momento, estou sem mandato.

Por Reinaldo Azevedo



Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário