Açúcar: Índia pode ser um concorrente inconstante, mas que guia preços
Aconteceu no ciclo 2006/07, quando os 50 milhões de indianos que trabalham diretamente na produção da cana - contratados ou como produtores familiares independentes - avançaram a todo o vapor para levar país à maior produção da história: 28,3 milhões de toneladas de açúcar.
O resultado foi um mercado internacional abarrotado e cotações depreciadas. No Brasil, o açúcar ficou encalhado nos portos à espera de compradores, que naquele momento só olhavam para a Índia e seus fretes mais competitivos aos mercados consumidores da Ásia, Oriente Médio e África.
Após a supersafra, diz Abinash Verma, diretor geral da Associação das Indústrias de Açúcar da Índia, muitas usinas ampliaram a capacidade de processamento da cana e novas fábricas surgiram. Hoje, estima-se que as cerca de 500 usinas do país tenham capacidade para produzir 30 milhões de toneladas de açúcar.
No concorrente Brasil, a região Centro-Sul deve produzir 33 milhões de toneladas em 2010/11, enquanto no Nordeste o volume tende a ultrapassar 4 milhões.
A Índia também tem uma centena de usinas de açúcar e álcool desativadas há pelo menos dez anos. São unidades que já pertenciam ao governo antes de 1988, quando todas as indústrias do segmento eram do Estado.
Mas o dedo do governo ainda não saiu dos açucareiros. Estão sob a régua estatal 10% do que cada usina produz. O Estado também controla os estoques e determina o que entra e sai do país por meio de licenças de importação e exportação.
Com os compradores internacionais pagando pelo menos 20% mais do que remunera o mercado doméstico indiano - US$ 800 por tonelada, ante US$ 600 dentro do país -, as usinas batem ponto na porta do governo à espera de licenças de exportação.
As indústrias, segundo a associação, preveem para esta safra um excedente de 3 milhões de toneladas de açúcar no país. O governo já liberou a venda externa de 1,2 milhão, e outras 1,8 milhão aguardam um sinal verde que esbarra na preocupação do poder público com a inflação. Os exportadores têm esperanças porque na Índia a commodity está valendo 20% menos que há um ano.
A expectativa é grande, uma vez que as cotações, que rondam máximas em quase três décadas, podem se manter elevada diante da oferta apertada em outros produtores mundiais como Brasil, Austrália e Rússia.
"Esperamos para a próxima semana a liberação de 500 mil toneladas", diz o diretor geral da associação, que representa para as usinas indianas papel similar ao da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Única) para as indústrias do Centro-Sul.
0 comentário
Mercado do açúcar sobe mais de 1% nesta sexta-feira (19)
Cotações do açúcar ampliam queda com sinalização de novas exportações pela Índia
Mercado do açúcar mantém pressão negativa nos preços internacionais nesta quinta (18)
Com pressão do câmbio, açúcar fecha em queda e recua pela terceira sessão seguida
Açúcar recua e safra no Centro-Sul caminha para o fim com foco no etanol
Preços do açúcar ampliam perdas nesta 3ªfeira (16) pressionados por petróleo em baixa