Cerrado: sem novos desmatamentos, produção agrícola pode ocorrer em 25 milhões de hectares

Publicado em 24/02/2016 11:03
Esse estoque de terras já abertas com aptidão para a expansão da soja e outras culturas no bioma Cerrado, o segundo maior do Brasil, é equivalente ao território do Reino Unido ou a seis vezes o território da Holanda

O bioma Cerrado tem 204 milhões de ha, dos quais 103 milhões de ha (50,5%) são cobertos com vegetação nativa.   O estoque de terras com alta aptidão para a expansão da produção de grãos e outros alimentos no bioma Cerrado é de 25,36 milhões de ha. Essas áreas antropizadas, cujas características originais de solo, vegetação, relevo e regime hídrico foram alteradas em consequência de atividade humana, correspondem a 22,5 milhões de ha nos estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Rondônia, ou seja, fora  da região conhecida como MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Nesses estados, as áreas antropizadas  com alta aptidão agrícola e sem restrição de declividade e altitude correspondem apenas a 2,81 milhões de ha. 

Essa constatação é uma das principais contribuições do estudo “Análise geoespacial da dinâmica das culturas anuais no bioma Cerrado”, elaborado pela empresa Agrosatélite com o patrocínio da Gordon and Betty Moore Foundation, dos Estados Unidos. 

O estudo, para o qual foram analisadas 2.500 imagens de satélites com o escopo de identificar e mapear as mudanças de uso e cobertura da terra causadas pela expansão do cultivo de soja, milho e algodão, entre 2000 e 2014, traz informações relevantes para a formulação de políticas públicas, marcos regulatórios, desenvolvimento sustentável da região e, principalmente, para os setores produtivos e preservacionistas.

Os 25,36 milhões de hectares de áreas com alta aptidão para a expansão da produção agrícola, hoje ocupados principalmente com pastagens, cana e eucalipto, não têm restrições de declividade e altitude. Entre 2000 e 2014, mais de 5,6 milhões de ha de pastagens foram convertidas em culturas anuais, com forte destaque para a soja.

O estudo, coordenado por Bernardo Rudorff, diretor da Agrosatélite, destaca que “a área antropizada com alta aptidão para grãos no bioma Cerrado é muito relevante no processo de expansão sustentável da agricultura brasileira, visto que o bioma Mata Atlântica já tem seu potencial de expansão quase esgotado e no bioma Amazônia existem restrições para expansão da agricultura por conta da Moratória da Soja e de outras medidas de contenção do desmatamento”. 

De acordo com Rudorff, “dá para mais do que dobrar a produção de soja no Cerrado”, considerando que esse grão pode ocupar áreas hoje plantadas com pastagens cana, ou eucalipto. 
A investigação revela, entre outros resultados, que a soja ocupa menos de 8% da área do Cerrado e que esse bioma foi responsável por 51,9% (15,66 Mha) da área de soja cultivada no Brasil na safra 2013/2014.

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que representa indústrias processadoras de soja, defende que é possível conciliar a produção de alimentos com a conservação dos recursos naturais brasileiros. A boa notícia do estudo é que a produção de soja no Brasil, hoje em 32 milhões de ha, ainda pode se expandir em áreas já abertas do Cerrado, sem a necessidade de novos desmatamentos.

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Abiove

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