China x EUA: Destaque de 2020, fase um do acordo alcança pouco mais de 50% cumprido no agro

Publicado em 30/12/2020 15:51 e atualizado em 01/01/2021 11:02

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Um dos destaques do agronegócio, não brasileiro, mas mundial, foi o andamento do acordo comercial entre China e Estados Unidos. No início de 2020, em 15 de janeiro, ambos os países firmaram um acordo ambicioso e de altas cifras.  O texto trazia especificado compras da nação asiática na ordem de US$ 77,7 bilhões em manufaturados, US$ 32 bilhões em produtos agrícolas, US$ 52,4 bilhões em energia e US$ 37,9 bilhões em serviços nos próximos dois anos, ou seja, até dezembro de 2021. Em volume e receita, os números surpreeenderam ao serem divulgados e, como já vinha sendo sinalizado por especialistas, não foi alcançado em sua totalidade. 

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Os últimos dados mostram que a nação asiática alcançou, nos primeiros 11 meses do ano, cerca de 50,5% de sua meta total para o ano de US$ 172 bilhões, de acordo com os cálculos feitos pela agência internacional de notícias Bloomberg, baseados nos números apresentados pela Administração Geral das Alfândegas da China. 

Durante 2020, a demanda chinesa por alimentos e matéria-prima ficou bastante evidente e se intensificou em diversos setores com a chegada da pandemia. Os lockdowns isolaram milhões de pessoas em suas casas que, apesar de fazerem menos refeições fora de casa, comeram mais - e melhor - em seus lares e mantiveram intensa e crescente a demanda por comida. No início da pandemia - que ainda carregava status de epidemia - o mercado se assustou, a demanda foi posta em xeque, mas logo retomou sua força. 

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Ademais, apesar de ainda não estar erradicada, a Peste Suína Africana foi melhor controlada na nação asiática, ampliando sua necessidade de soja e milho - onde as importações e os preços locais foram recordes em 2020 - para uma maior produção de rações. Movimento este que continua e que tem força para se manter em 2021. Além da recuperação dos planteis de suínos, os chineses mudaram e continuam mudando seus hábitos alimentares depois do fechamento do mercado de animais silvestres. 

Não bastando, a China passou por diversas intempéries climáticas em 2020, as quais também prejudicaram sua produção de forma considerável, exigindo mais das importações. Assim, tanto na soja, quanto no milho, além de outros produtos agrícolas, as compras chinesas foram recordes. 

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Assim, até o final de novembro, as compras de produtos agrícolas norte-americanos pela China alcançaram 52,9% do total estimado no acordo comercial para 2020. Somente com a soja, um dos principais itens da pauta importadora chinesa, as compras do gigante asiático nos EUA somaram US$ 8,1 bilhões, contra US$ 13,9 bilhões de 2017, no pré guerra comercial. Foram 20,05 milhões de toneladas, 45% a mais do que no mesmo período do ano passado. 

Somente em novembro, as importações de soja da China nos Estados Unidos, ainda de acordo com dados da Administração Geral das Alfândegas, foram de 6,04 milhões de toneladas, 136% a mais do que no mesmo mês de 2019. O volume é maior ainda do que as 3,4 milhões de toneladas importadas da oleaginosa americana em outubro.

Em agosto, o Notícias Agrícolas entrevistou o Ministro-Conselheiro da Embaixada da China no Brasil, Qu Yuhui, que detalhou esse movimento da demanda chinesa e trouxe estimativas para as próximas décadas sobre o consumo de alimentos no país. Os números, mais uma vez, impressionam. 

Segundo ele, tal consumo poderia dobrar até 2050 e, além dos EUA, o Brasil também tem papel determinante nesta trajetória. O aumento e a sofisticação da demanda chinesa por alimentos pode ser atribuído, essencialmente, a um aumento do processo de urbanização da população e uma classe média de 400 milhões de pessoas, que é a maior do mundo. "Isso representa um potencial de consumo muito forte e uma demanda por produtos cada vez mais diversificados. E o papel do Brasil é muito importante neste crescimento", diz o ministro. 

Relembre:

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As incertezas agora se dão para os próximos quatro anos, com a chegada de Joe Biden à Casa Branca. Desde sua vitória nas eleições presidenciais neste ano, o mercado vem especulando sobre como o democrata vai tratar o assunto, o acordo e as futuras relações comerciais entre as duas maiores economias do mundo. 

No início de novembro, o professor de agronegócio do Insper, Marcos Jank, fez sua análise ao Notícias Agrícolas afirmando que Biden deve ser tão duro com a China como vem sendo Trump nos últimos quatro anos e que essas relações, mesmo que se alterem em alguma esfera, não comprometem a demanda da nação asiática pelos produtos nacionais. 

"A sociedade americana quer, hoje, resolver algumas questões com a China, como o uso da tecnologia, o 5G, os temas todos ligados à competição internacional como áreas do comércio, militar, geopolítica. Estamos vendo a principal disputa hegemônica do século XXI, e que não vai terminar só na parte comercial (...) Hoje somos o maior fornecedor da China. Respondemos por 20% das importações de agro da China e a China representa 40% do que o Brasil. É um casamento inevitável que foi acontecendo e vamos ter que aprofundar. Eles continuarão a ser nosso maior cliente e talvez nosso maior investidor nos próximos anos", disse.

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Enquanto isso, permanece o protagonismo brasileiro e as boas perspectivas para 2021, principalmente para o complexo soja e o de proteínas animais com destino China. Os estoques norte-americanos da oleaginosa já são muito apertados, o programa de exportações está quase todo concluído - e a temporada só se encerra em agosto do ano que vem - enquanto a nação asiática segue garantindo estoques e tendo de abastecer sua população. E durante todo o ano, o consultor de mercado e diretor do SIMConsult já vinha alertando sobre a escassez de soja no mundo, além de outros produtos. 

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"A China, além de ter tido que abater os animais que estavam com adoença, também abateram muitos suínos de maneira preventiva para poder consumir a carne. Se antes da PSA o gigante asiático produzia 54 milhões de toneladas de carne suína/ano, agora a produção é de 38 milhões de toneladas", explicou Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em sua última entrevista ao Notícias Agrícolas. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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