Commodities sentem peso da aversão ao risco com novo colapso de bancos nos EUA; soja cai 1%

Publicado em 13/03/2023 16:30 e atualizado em 13/03/2023 17:00

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A aversão ao risco tomou conta dos negócios entre as commodities nesta segunda-feira (13), principalmente as agrícolas e o petróleo, refletindo as preocupações que vieram do final de semana com a falência anunciada de dois grandes bancos americanos, o Silicon Valley Bank e o Signature Bank. "Os mercados estiveram muito atentos ao cenário macroeconômico de aversão ao risco depois da quebra do SVB na semana passada", alertou a equipe da Agrinvest Commodities. 

Na Bolsa de Chicago, o mercado da soja aprofundou a baixa e passou a operar com perdas de dois dígitos entre os principais vencimentos, encerrando o dia com perdas de 13 a 17,25 pontos, levando o mercado a, novamente, perder o patamar dos US$ 15,00 por bushel. O maio terminou o dia com US$ 14,91 e e o julho com US$ 14,79. Os futuros do farelo e do óleo de soja concluíram este primeiro pregão da semana perdendo mais de 1%. 

Ao longo do dia, em especial pela manhã, as perdas entre as demais commodities eram ainda mais intensas, com o petróleo liderando o recuo, cedendo quase 5%. No entanto, as baixas foram se amenizando, com as perdas agora passando pouco de 2% - tanto no WTI, quanto no brent, bem como algumas já passando para o campo positivo, como o algodão - que sobe mais de 3% na Bolsa de Nova York.

Na edição da manhã desta segunda-feira do Bom Dia Agronegócio, a abertura de mercado Notícias Agrícolas, um dos destaques foi a necessidade do acompanhamento do contágio de um momento como este às commodities sendo elas agrícolas ou não. Reveja:

Ao mesmo tempo, o dólar index cedia quase 1% para voltar aos 103,190 mil pontos. Frente ao real, por volta de 15h20 (horário de Brasília), a moeda americana fazia o caminho inverso e tinha alta de 0,7% e era cotado a R$ 5,24. 

Todos os olhos do mercado estão agora voltados para os desdobramentos que esta nova crise pode trazer aos mercados em todas as esferas, das commodities enquanto matérias-primas, quanto sobre as commodities "apenas" enquanto investimentos. Mais do que isso, o cenário também acendeu alertas aos mercados sobre o futuro da política de juros do Federal Reserve - o banco central norte-americano - e em como devem impactar os demais mercados. 

E de acordo com a agência internacional de notícias Reuters, os mercados que arrefeceram as baixas ou até mesmo passaram para o campo positivo refletiram justamente essa possibilidade de uma contenção no avanço da taxa de juros norte-americana diante do que aconteceu. 

"O fechamento repentino do SVB Financial na sexta-feira, após um aumento de capital fracassado, gerou preocupações sobre os riscos para outros bancos devido aos aumentos acentuados dos juros pelo Fed no ano passado, mas também estimulou especulações sobre se o banco central poderia desacelerar o ritmo de suas aperto monetário", informou a Reuters. 

Depois de decretada a falência, o Federal Reserve, o Tesouro Americano e o Insurance Deposit trouxeram, nas últimas horas, uma "garantia conjunta" aos clientes dos bancos, o que também foi, mesmo que parcialmente, bem recebido pelo mercado. 

Para o operador de mercado Maurício Bellinelo, "a história toda não foi vista ainda", e os efeitos ainda podem ser graves e profundos, uma vez que trata-se da pior quebra bancária em 25 anos nos Estados Unidos, como explicou durante seu comentário nesta segunda no programa Tempo & Dinheiro. E explica ainda que as recentes ações do Federal Reserve são insuficientes para conter o que pode vir pela frente diante das últimas notícias. "Me parece muito mais uma sensação de alívio, não de euforia. O mercado não tem a leitura de que as coisas claramente melhoraram. Se isso tivesse acontecido, teríamos visto as bolsas subindo 4%, 5%". 

Assim, Belinello acredita que este episódio é o mais grave na história econômica americana desde 2008 e o que vai acontecer agora é uma grande incógnita, gerando uma severa crise de desconfiança. "Tenho plena convicção de que o aconteceu na sexta-feira tem os efeitos mais graves por vir", disse, reforçando que uma menor exposição ao risco agora e uma dose a mais de cautela não devem fazer mal a ninguém. 

Ao passo em que todo este quadro possa vir a afetar o consumo americano, as commodities negociadas nas bolsas internacionais tendem a sentir o impacto e a turbulência nos preços. Mais do que isso, o monitoramento constante deve se intensificar. "Um efeito direto na soja, no milho, no trigo, não tem. Mas se a recessão americana se agravar ou se acelerar por conta dos efeitos disso, provavelmente, todas as commodities sentirão e o petróleo deixou esse sinal claro hoje", afirmou o operador. 

O especialista destaca ainda que essa possibilidade de parada de subida nos juros americanos, o dólar pode passar a recuar não só frente ao real, mas a demais moedas também. 

MERCADO DA SOJA NO BRASIL

No Brasil neste início de semana, mais uma vez, o destaque é a condição dos prêmios para a soja nacional. "Os prêmios estão caindo hoje novamente, porém, a queda é maior na ponta curta. O contrato abril e maio continuam caindo mais forte em relação aos embarques julho e agosto", explica a equipe da Agrinvest. 

De acordo com os especialistas da consultoria, os contratos mais longos da soja na Bolsa de Chicago estão caindo mais que os curtos, e "a explicação seria o perfil da comercialização no Brasil. Produtores e cooperativas estão vendendo somente no spot, por necessidade de espaço, o que acaba pressionando muito a ponta da curva de prêmios". 

De outro lado, ainda segundo a Agrinvest, junho, julho e agosto ainda têm prêmios firmes, o que pode sinalizar que os produtores não estão vendendo. "A capacidade de escoamento da soja está atrasada, confirmando que produtores venderão somente o necessário, carregando estoques para meses a frente". 

Diante disso, o que se desenha é a possibilidade de uma oferta maior de soja brasileira sendo levada para o segundo semestre, a qual deverá ter maior concorrência com a soja dos EUA. "Está se desenhando um quarto trimestre de grande concorrência entre Brasil e os EUA, cenário potencialmente baixista para Chicago e para os prêmios", explica a Agrinvest. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistacarlamendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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