Concentração do valor da produção agrícola deve aumentar no ano
Tradicionalmente liderado por culturas com demanda doméstica firme e grande potencial exportador, o valor bruto da produção (VBP) agrícola brasileira caminha para registrar este ano o maior nível de concentração da década.
Com o mercado interno aquecido e mesmo com o dólar pouco atraente para embarques ao exterior, soja, cana, milho e café deverão representar VBP conjunto de R$ 102,645 bilhões em 2010, 63,8% do total previsto pelo Ministério da Agricultura para os 20 principais produtos agrícolas do país.
Segundo levantamento concluído na quinta-feira pelo departamento de gestão estratégica do ministério, o VBP do universo pesquisado foi levemente elevado para R$ 160,997 bilhões.
O montante, 3,2% superior ao de 2009, é o segundo maior da série do ministério. Só perde para o recorde de 2008, quando os preços internacionais de commodities como soja, milho e trigo atingiram máximas históricas às vésperas do debacle do banco americano Lehman Brothers.
É claro que, no passado distante, o agronegócio nacional era ainda mais concentrado. Mas esse antigo "cafezal" não existe mais, e desde que a desvalorização do real, em 1999, fortaleceu ainda mais as cadeias exportadoras, os quatro principais produtos agrícolas do país não dominam tanto o VBP.
De 2001 até 2009, a participação conjunta de café, cana, milho e café no VBP variou entre 57,1% (2005) e 62,5% (2008). O baixo percentual de 2005 é explicado pela crise de liquidez e renda na cadeia da soja, sobretudo em Mato Grosso, que até hoje deixa seus reflexos no endividamento dos produtores dedicados ao grão.
Carro-chefe do agronegócio brasileiro tanto em receita quanto nas exportações, a soja deverá atingir, segundo o ministério, VBP recorde de R$ 46,411 bilhões em 2010, 9% mais que em 2009. O salto reflete o aumento da produção na safra 2009/10, já que as cotações do grão estão mais baixas.
Ontem, na bolsa de Chicago, os contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) voltaram a recuar e tocaram o menor patamar em pouco mais de um mês, segundo cálculos do Valor Data.
Embalada por projeções de safra recorde e preços atraentes para açúcar e etanol, a cana deverá alcançar VBP de R$ 27,313 bilhões neste ano. O valor, 6% superior ao apurado no ano passado, também é o maior já observado.
O milho é o único dos quatro principais produtos em valor bruto da produção que deverá amargar queda, por causa dos preços mais baixos e da produção praticamente estável. Segundo o ministério, o VBP será de R$ 15,792 bilhões, 3,9% abaixo de 2009 e o menor resultado desde 2006.
O café, outrora dominante, hoje completa o quarteto que concentra o VBP agrícola brasileiro. Para a cultura, o ministério estima R$ 13,099 bilhões, 20,6% a mais que no ano passado e recorde histórico mesmo levando-se em consideração os demais anos de safra de bienualidade positiva. A colheita, aqui, também deverá ser recorde.
O aumento do VBP agrícola, a recuperação das cadeias de insumos e também as estimativas de reação de preços e exportações nas carnes animaram o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, a prever um aumento de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária nacional em 2010.
"Quando se olha a agricultura num horizonte de médio prazo, a atividade tem um desempenho extremamente positivo", diz Stephanes em comunicado divulgado pelo ministério. Em 2009, o PIB do setor caiu 5,2%, conforme o IBGE.
0 comentário
COOPERATIVISMO EM NOTÍCIA - edição 13/12/2025
Minerva Foods avança em duas frentes estratégicas e alcança categoria de liderança do Carbon Disclosure Project (CDP)
Pesquisador do Instituto Biológico participa da descoberta de novo gênero de nematoide no Brasil
Secretaria de Agricultura de SP atua junto do produtor para garantir proteção e segurança jurídica no manejo do fogo
Manejo do Fogo: Mudanças na legislação podem expor produtores a serem responsabilizados por "omissão" em casos de incêndios
Primeira Turma do STF forma maioria por perda imediata do mandato de Zambelli