Justiça determina paralisação de fábrica de fertilizantes em Paranaguá
Outro fato que gerou a ação foram as reclamações de moradores de que a fumaça que sai da chaminé da fábrica estaria destruindo a vegetação da região, além de causar problemas de saúde na população, como alergias, falta de ar, ardência nos olhos e dor de cabeça. De acordo com o procurador do MPF em Paranaguá, Alessandro Fernandes de Oliveira, somente o Epia-Rima poderia determinar os efeitos negativos das atividades sobre a população e o meio ambiente. Como ele não foi realizado, pelo critério de precaução, optou-se pela suspensão. “É melhor paralisarmos a empresa do que permitirmos seu funcionamento sem esse estudo e descobrirmos daqui a 15 anos que ela aumentou o índice de câncer na região, entre outros problemas”, diz o procurador.
A decisão foi recebida com alívio pela moradora Marlene Azevedo, que mora há oito anos em Alexandra e foi uma das articuladoras, entre os moradores, da denúncia ao Ministério Público. Ela conta que chegou a perder a visão no ano passado por causa da exposição à fumaça. “São vários os casos de problemas de saúde, mas a população tem medo de falar, pois muitos trabalham na fábrica e temem perder o emprego.” A decisão do juiz federal substituto Adriano Enivaldo de Oliveira não deferiu pedido do MPF e MP-PR que pedia a manutenção do pagamento dos funcionários, mas o procurador Oliveira vê como uma vitória a paralisação da fábrica. “Não somos contra o progresso de Paranaguá, mas ele tem de vir aliado ao respeito ao meio ambiente, às pessoas e à sustentabilidade.” A decisão não tem caráter definitivo e a Heringer pode recorrer. A reportagem tentou entrar em contato com a empresa, mas não obteve sucesso.
Entenda o caso
Compreenda a ação movida pelos ministérios públicos do Paraná e Federal:
Sem relatório
- A Heringer não tem o chamado Epia-Rima, exigido pelo próprio IAP para qualquer atividade de alto impacto ambiental, como é o caso de uma fábrica de fertilizantes, que usa e armazena produtos como enxofre e ácido sulfúrico. O Epia-Rima envolve a participação de biólogos, engenheiros florestais, assistentes sociais e demais profissionais. Ele deve ser feito antes da concessão da licença prévia, da licença de instalação e da licença de operação, o que não foi feito no caso da Heringer.
Área de preservação
- A empresa está em área de preservação permanente. De acordo com a Lei 4.771/1965 (Código Florestal), um empreendimento/obra só pode funcionar nessa área em caso de utilidade pública ou de interesse social, o que não é o caso, segundo o MP-PR/MPF.
Precaução
- A fumaça e os resíduos sólidos e líquidos resultantes das atividades da fábrica podem ser prejudiciais à saúde da população e ao meio ambiente, embora isso só possa ser provado mediante o Epia-Rima. Como ele não foi realizado, o princípio da precaução é o que vale, até que ele seja providenciado e a empresa prove que suas atividades não oferecem danos.
0 comentário
"Maioria substancial" do Fed apoiou corte de 0,50 p.p. em setembro, mostra ata
Institutos de pesquisa da APTA abrem as portas na Semana da Ciência
Aliança do Setor Produtivo de Mato Grosso recebe ex-presidente da Espanha em encontro com empresários
Ibraoliva: Questões da olivicultura passarão a ser debatidas em nível nacional
As certificações florestal e agrícola podem ser o primeiro passo para o cumprimento dos requisitos da EUDR
CNA diz que é preciso superar desafios de financiamentos para mitigar emissões da agricultura