Próxima reunião do Copom é decisiva para a inflação
O IBC-Br apresentou um aumento de 0,32% (em termos dessazonalizados) e de 3,77% em relação a fevereiro de 2010. O índice tem por objetivo antecipar a evolução do PIB, cuja apuração e publicação são demoradas.
Pelos valores, não se pode afirmar que a economia acusa recuo, mas apenas um afrouxamento, que se poderá acentuar nos próximos meses. Os dados mais recentes da produção industrial do Estado de São Paulo, no mês de março, mostram queda de 0,19% do nível de emprego, que parece confirmar a desaceleração da produção e cuja origem poderia ter sido a nova rodada de valorização do real ante o dólar, que afeta a exportação dos produtos manufaturados. É provável que o maior fator de queda da demanda esteja no aumento da inflação, que afeta o poder aquisitivo da população.
Isso leva a indagar se o Copom vai elevar de novo a taxa Selic e em quanto. As apostas, muito divididas, variam entre 0,25 e 0,50 ponto. Parece existir um consenso de que a Selic subirá, em vista da evolução preocupante da inflação.
Sabe-se que o ministro da Fazenda, que parece manter um clima de convivência amistosa com Alexandre Tombini - muito melhor do que com Henrique Meirelles -, sempre se mostrou contrário à elevação da taxa básica de juros, acreditando muito mais na eficácia das medidas prudenciais. E a presidente Dilma Rousseff voltou a lamentar a alta da taxa de juros, que, enquanto durar, não permitirá a desvalorização do real.
A decisão que o Copom tomar na próxima semana será um indicador decisivo da orientação da nova equipe do Banco Central, onde, atualmente, dominam ex-funcionários do banco. A decisão de não elevar a taxa básica não ajudaria a conter pressões inflacionárias cuja origem não está apenas no encarecimento das commodities e que parecem ter entrado num ciclo que não vai terminar logo, ao contrário de que se pensava.
O fato é que estamos chegando a um ponto em que a luta contra a inflação exige, mais do que medidas macroprudenciais, uma real opção em favor da redução dos gastos do governo, que vá além de um simples corte dos restos a pagar, do qual são excluídas as despesas do PAC.