Dilma manda demitir Pagot, do Dnit, e a cúpula do Min. dos Transportes

Publicado em 03/07/2011 19:22 e atualizado em 04/07/2011 07:40
Revista VEJA DENUNCIA ESQUEMA DE MENSALÃO NOS TRANSPORTES, COMANDADO PELO PR, E DILMA DERRUBA TODA A CÚPULA DA PASTA; POR ENQUANTO, MINISTRO FICA… (por Reinaldo Azevedo)

Leiam o que informa Luciana Marques, na VEJA Online.
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A presidente Dilma Rousseff decidiu neste sábado afastar do cargo os representantes do Ministério dos Transportes envolvidos em denúncia apontada em matéria de VEJA desta semana. A reportagem revela um esquema de pagamento de propina para caciques do PR, Partido da República, em troca de contratos de obras.

Dilma conversou com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, neste sábado e acertou o afastamento dos envolvidos. São eles: Mauro Barbosa da Silva, chefe de gabinete do ministro; Luís Tito Bonvini, assessor do gabinete do ministro; Luís Antônio Pagot, diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit); e José Francisco das Neves, diretor-presidente da Valec. O desligamento dos funcionários será formalizado a partir da próxima segunda-feira, pela Casa Civil.

“Para garantir o pleno andamento da apuração e a efetiva comprovação dos fatos imputados aos dirigentes do órgão, os servidores citados pela reportagem serão afastados de seus cargos, em caráter preventivo e até a conclusão das investigações”, diz o Ministério dos Transportes, em nota.

Senadores da oposição ouvidos (aqui) por VEJA neste sábado haviam exigido uma postura mais firme da presidente Dilma sobre ao caso. Por enquanto, Nascimento continuará à frente do cargo. O ministro disse que vai instaurar uma sindicância interna para apurar “rápida e rigorosamente” o envolvimento de dirigentes da pasta e seus órgãos vinculados nos fatos mencionados pela revista.

“Além de mobilizar os órgãos de assessoramento jurídico e controle interno do Ministério dos Transportes, o ministro decidiu pedir a participação da Controladoria-Geral da União (CGU). As providências administrativas para o início do procedimento apuratório serão formalizadas a partir da próxima segunda-feira”, diz a nota.

O ministro rechaçou qualquer ilação ou relato de que tenha autorizado, endossado ou sido conivente com a prática de quaisquer ato político-partidário envolvendo ações e projetos do Ministério dos Transportes.

Caso
A edição de VEJA mostra que, no último dia 24, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com integrantes da cúpula do Ministério dos Transportes no Palácio do Planalto para reclamar das irregularidades na pasta. Ao lado das ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e MÍriam Belchior (Planejamento), ela se queixou dos aumentos sucessivos dos custos das obras em rodovias e ferrovias, criticou o descontrole nos aditivos realizados em contratos firmados com empreiteiras e mandou suspender o início de novos projetos. Dilma disse que o Ministério dos Transportes está sem controle, que as obras estão com os preços “inflados” e anunciou uma intervenção na pasta comandada pelo PR - que cobra 4% de propina das empresas prestadoras de serviços.

A presidente também cobrou explicações sobre a explosão de valores dos empreendimentos ligados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Na nota, o ministro Alfredo Nascimento disse que desde janeiro vem tomando as providências para redução dos custos de obras.

“Tal preocupação atende não apenas a necessidade de efetivo controle sobre os dispêndios do ministério, mas também a determinação de acompanhar as diretrizes orçamentárias do governo como um todo. Característica de sua passagem pelo governo federal em gestões anteriores e, obedecendo à sua postura como homem público, Alfredo Nascimento atua em permanente alinhamento à orientação emanada pela presidente”.

Reunião
Com planilhas e documentos sobre a mesa, Dilma elevou o tom no encontro com representantes da pasta: “O Ministério dos Transportes está descontrolado”. A presidente chamou de “abusiva”, por exemplo, a elevação do orçamento de obras em ferrovias, que passou de 11,9 bilhões de reais, em março de 2010, para 16,4 bilhões neste mês - salto de 38% em pouco mais de um ano. Dilma também se irritou em especial com a Valec, estatal que cuida da malha ferroviária, e com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), responsável pelas rodovias.

O secretário-executivo do ministério, Paulo Sérgio Passos, o diretor-geral do DNIT, Luiz Antonio Pagot, e o diretor de Engenharia da Valec, Luiz Carlos Machado de Oliveira, também estavam na reunião em que Dilma mais falou do que ouviu.

“Vocês ficam insuflando o valor das obras. Não há orçamento fiscal que resista aos aumentos propostos pelo Ministério dos Transportes. Eu teria de dobrar a carga tributária do país para dar conta”, disse Dilma, quando a reunião caminhava para o fim. Ela deu o diagnóstico: “Vocês precisam de babá. E terão três a partir de agora: a Míriam, a Gleisi e eu”.

Nas últimas semanas, VEJA conversou com parlamentares, assessores presidenciais, policiais e empresários, consultores e empreiteiros. Ouviu deles a confirmação de que o PR cobra propina de seus fornecedores em troca de sucesso em licitações, dá garantia de superfaturamento de preços e fecha os olhos aos aditivos, alvo da ira da presidente na reunião do dia 24.

O esquema seria encabeçado pelo deputado Valdemar Costa Neto, que em 2005 foi obrigado a renunciar a uma cadeira na Câmara abatido pelo escândalo do mensalão. E também pelo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que aliás faltou ao encontro com Dilma alegando “compromissos pessoais”.

Texto publicado originalmente às 19h05 deste sábado
Por Reinaldo Azevedo

Denúncia de corrupção ameaça ministro dos Transportes e abre nova crise na base

Por Denise Madueño e Rosa Costa, no Estadão:
O afastamento da cúpula do Ministério dos Transportes por suspeita de corrupção pela presidente Dilma Rousseff no final de semana deixou o ministro Alfredo Nascimento (PR) em posição insustentável no comando da pasta, na avaliação de aliados do Planalto. A queda do ministro é esperada em breve por governistas e a oposição avalia a apresentação de um pedido de criação de Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o caso.

A rapidez com que Dilma atuou no episódio levantou ressentimentos na base. Parlamentares aliados previam, ontem, dificuldades futuras para a presidente na relação com os partidos que a apoiam no Legislativo. Eles sustentam que a presidente humilhou o PR, que comanda o Ministério dos Transportes, e fragilizou a confiança com a base pela forma com que agiu.

Dilma anunciou o afastamento assim que a revista Veja começou a circular com a denúncia sobre um esquema de cobrança de propinas na pasta, na manhã de sábado, sem dar chance ou prazo para explicações ao ministro Alfredo Nascimento. Esses fatos, avaliam governistas, revelam que Dilma já pretendia fazer mudanças no ministério e aproveitou a oportunidade.

(…)
Foram afastados pelo governo o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, o presidente da Valec Engenharia, José Francisco das Neves, o chefe de gabinete do ministério, Mauro Barbosa Silva, e o assessor Luís Tito Bonvini.
(…)
Ao mesmo tempo em que aplaudiu a atitude de Dilma, a oposição quer mais investigações. O PSDB avalia a criação de uma CPI. O líder do partido na Câmara, Duarte Nogueira (SP), afirmou que vai entrar com um pedido de investigação no Ministério Público Federal, com um requerimento à Polícia Federal e com uma solicitação de auditoria especial para o Tribunal de Contas da União (TCU). Um requerimento de convocação do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, será apresentado nesta semana em uma comissão da Câmara.

“Os fatos são graves. O afastamento foi correto, mas há necessidade de investigações mais profundas”, disse o tucano.

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) cobrou a demissão do ministro Alfredo Nascimento junto com a equipe. “Será que ele não sabia? A ser verdade a diatribe contra o pessoal do ministério, a presidente tinha obrigação de demitir todos”, disse.Aqui

Por Reinaldo Azevedo

A corrupção nos Transportes - Mensaleiro admite que ministério está a serviço do partido. Ministro tem de ser demitido já!

Como vocês viram, reportagem da VEJA desta semana levou a presidente Dilma Rousseff a afastar a cúpula do Ministério dos Transportes. A revista revelou a existência de uma esquema de mensalão na pasta. O patriota Valdemar Costa Neto, uma das ruidosas estrelas do mensalão também -  aquele do PT - emitiu uma nota. que segue em vermelho. Leiam. Eu a considero uma confissão. Volto depois:

“Brasília, 02 de julho de 2011.
Sobre as afirmações publicadas na edição desta semana da revista Veja, o deputado Valdemar Costa Neto tem a esclarecer:
1 - As relações mantidas com Órgãos da Administração Pública Federal, incluindo o Ministério dos Transportes, são públicas e quase sempre consumadas em despachos e reuniões de trabalho organizadas pelos servidores das respectivas pastas. Sempre transparentes, estas reuniões buscam garantir benfeitorias federais para as regiões representadas por lideranças políticas do PR.
2 - Estas relações, notadamente institucionais, são regulares, decorrem do desempenho das funções de Secretário Geral da legenda partidária, e dizem respeito ao acompanhamento das demandas por benfeitorias federais de interesse das regiões onde o partido tem representação política (vereadores, prefeitos, deputados estaduais, deputados federais e senadores).
3 - A Executiva Nacional do PR apóia a decisão que instaurou sindicância para, no menor prazo possível, ficar provada a inocência dos republicanos afastados, lhes garantindo pleno direito de defesa.
4 - Ninguém está autorizado a discutir qualquer contrato público, em nenhum lugar, em nome do Partido da República. Portanto, caso haja esta ocorrência, tal conduta é criminosa e não diz respeito ao PR.
5 - A apresentação de acusações apócrifas e a falta de qualquer indício, prova ou documento que ampare as afirmações da revista Veja desta semana exige do PR providências enérgicas. Por esta razão o partido ingressará com as medidas judiciais cabíveis contra a revista e os autores do texto que, neste caso, serão cobrados por suas acusações infundadas diante dos Tribunais.
Valdemar Costa Neto
Secretário Geral do PR”

Voltei
Raramente vi algo assim. Ele está confessando! Quer dizer que políticos do partido - entende-se que era ele o comadante - se “reúnem” com representantes do ministério para garantir benfeitorias em regiões que são do interesse da sigla? Isso significa, então, que o Ministério dos Transportes se transformou numa repartição de um partido político. Em vez de atender aos interesses da sociedade, atende aos interesses do PR. Coincide com parte do que VEJA denunciou.

Essa nota é o bastante para a presidente Dillma Rousseff botar Alfredo Nascimento, ministro dos Transportes, na rua. E já!!!

Quanto ao mais… Pô, Valdemar! Entregue os cargos à presidente Dilma, que, então, está sendo brutalmente injusta, não é mesmo? Onde já se viu botar na rua toda a cúpula de um ministério só porque a revista VEJA decidiu publicar todas aquelas maldades? Tenho uma idéia: o deputado deveria processar também a presidente da República!!!

Recorrer à Justiça é um direito sagrado que assiste todos os cidadãos numa democracia! A ex-ministra Erenice Guerra também havia prometido levar a revista às “barras dos tribunais”, como se diz por aí, mas acabou desistindo.  A Procuradoria Geral da República acusou Valdemar da Cota Neto, o que foi aceito pelo Supremo, de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Faz sentido ele processar a VEJA.

E só para que saiba o leitor: Alfredo Nascimento, o titular da pasta dos Transportes, também está com a cabeça a prêmio.

Por Reinaldo Azevedo


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Fonte:
blog Reinaldo Azevedo (veja.com)

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1 comentário

  • Wanderley do Nascimento Costa Sorriso/MT - MT

    Nessa brincadeira de mau gosto, vejo a nossa FERROVIA que atenderia a região norte do MT cada dia mais distante. Já era visível que que o Governo Dilma iria agir rápido, assim que pudesse, para evitar ter que cumprir com esse compromisso firmado. Vemos um Governo que gastou o que poderia e não poderia para se manter no comando, e agora esperneia-se para ter que honrar os compromissos de campanha assumidos com os PACs.

    A VALEC uma das empresas envolvidas, é a principal empresa contratada para fazer as obras da FERROVIA, e o PAGOT uma das forças que o PR tinha para trazer obras para o MT. Gostaríamos que nossa presidente DILMA agisse rápido assim, quando as denúncias envolvendo "companheiros" também fossem relatadas.

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