Primeira ação do governo para proteger fronteiras é… CONTRATAR AGÊNCIA DE PUBLICIDADE

Publicado em 19/12/2011 07:04 e atualizado em 19/12/2011 22:46
por Reinaldo Azevedo, em veja.com.br

Primeira ação do governo para proteger fronteiras é… CONTRATAR AGÊNCIA DE PUBLICIDADE

Por Breno Costa, na Folha:
A primeira ação do governo federal para reforçar a segurança nas fronteiras do país não foi melhorar a estrutura de vigilância, e sim contratar uma agência publicitária. Ainda em andamento, a contratação visa aumentar a “sensação de segurança” em relação a essas áreas. Ela foi a primeira a ser lançada no contexto do Plano Estratégico de Fronteiras, anunciado com destaque pela presidente Dilma Rousseff em junho. O plano objetiva impedir a entrada de armas e drogas, e foi a principal bandeira de Dilma para o combate ao tráfico na campanha eleitoral.

As promessas iam da aquisição de 14 Vants (veículos aéreos não tripulados) ao aumento do número de agentes nos 17 mil km de fronteiras. A contratação da publicidade está estimada em R$ 10 milhões. O valor representa 58% dos R$ 17,1 milhões que o governo gastou este ano em ações diretas de reforço à segurança das fronteiras. Se forem considerados só os gastos programados pelo governo Dilma, sem os compromissos firmados sob Lula, o custo com a contratação da agência publicitária representa mais do que o triplo.
(…)

Por Reinaldo Azevedo
A conexão brasileira do movimento terrorista Hamas

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Por Júlia Carvalho, na VEJA desta semana:
Por mais que as autoridades brasileiras neguem, seguem aparecendo provas de que organizações terroristas de orientação islâmica estendem seus tentáculos no país. Em abril passado, uma reportagem de VEJA revelou as conexões de cinco grupos extremistas no Brasil. Agora, a análise de processos judiciais e de relatórios do Departamento de Justiça, do Exército e do Congresso americanos expõe laços de extremistas que vivem aqui com a Fundação Holy Land (Terra Santa, em inglês), uma entidade que, durante treze anos, financiou e aparelhou o Hamas, o grupo radical palestino que desde 2007 controla a Faixa de Gaza e cujo objetivo declarado é destruir o estado de Israel.

A Holy Land tinha sede em Dallas, no Texas, e era registrada como instituição filantrópica. Descobriu-se que havia enviado pelo menos 12,4 milhões de dólares ao Hamas e que ajudava o grupo a recrutar terroristas nos Estados Unidos e na América do Sul. Em 2001, entrou para a lista de organizações terroristas da ONU e, em 2008, seus diretores foram condenados na Justiça americana por 108 crimes, entre os quais financiamento de ações terroristas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A maior pena, de 65 anos de prisão, foi para Shukri Abu Baker, fundador, presidente e diretor executivo da Holy Land Curiosamente, passou despercebido o fato de que Baker é brasileiro. Mais do que isso: durante muitos anos ele manteve operações no Brasil, e alguns de seus comparsas ainda estão por aqui.

Shukri Abu Baker nasceu em Catanduva, no interior de São Paulo, em 3 de fevereiro de 1959. Sua mãe, Zaira Guerzoni, é filha de italianos, e seu pai, Ahmad Abu Baker, um imigrante palestino. Em 1965, Shukri, seus pais e seus dois irmãos mudaram-se para a Cisjordânia. Ele terminou os estudos no Kuwait, mudou-se para a Inglaterra, onde fez faculdade e, em 1980, se estabeleceu nos Estados Unidos. Em 1988, com Mohammed El-Mezain e Ghassan Elashi, fundou a Holy Land. Enquanto isso, seu irmão Jamaí Abu Baker, também brasileiro, adotava o nome de Jamal Issa e subia as escadas de poder do Hamas - primeiro na filial do Sudão e, depois, na do lêmen. Jamal, atualmente radicado na Síria, foi um dos líderes do Hamas a receber os 1027 presos que Israel libertou em troca do soldado Gilad Shalit, em outubro passado.
Leia íntegra da reportagem na revista

Por Reinaldo Azevedo

18/12/2011

 às 7:41

Estelionatário diz em depoimento à PF que “Lista de Furnas” era a salvação de Lula

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Entre os meses de março e maio de 2006, o nível de turbulência política em Brasília atingiu o  seu ponto mais crítico desde o impeachment do presidente Fernando Collor, em setembro de 1992. A Comissão Parlamentar de Inquérito que investigava o mensalão havia desbaratado a quadrilha de petistas que atuava no coração do governo, desviando dinheiro público para subornar políticos e financiar as campanhas do partido. A crise ameaçava o mandato do então presidente Lula. Era preciso fazer algo e, conforme demonstrou uma reportagem de VEJA da semana passada, o PT contratou e pagou um estelionatário para fabricar a chamada Lista de Furnas - um documento falso que tentava envolver políticos da oposição com caixa dois eleitoral. Uma estratégia para nivelar por baixo a classe política e minimizar a gravidade do esquema de pagamento de propina montado pelo partido. A Lista de Furnas, descobre-se agora, tinha um objetivo bem mais ambicioso do que apenas confundir os incautos: ela foi produzida pelos petistas para tentar salvar o presidente Lula.

A confissão está registrada em um relatório da Polícia Federal anexado ao processo que corre em segredo de Jus¬tiça na 2a Vara Criminal Federal, do Rio de Janeiro. VEJA teve acesso ao conteúdo do documento.

Leia íntegra na revista

Por Reinaldo Azevedo

18/12/2011

 às 7:39

Sindicato, no Brasil, virou negócio

Por Pauilo Celso Pereira, nas Páginas Amarelas de VEJA desta semana:
Nem reforma política nem reforma tributária. Para o gaúcho João Oreste Dalazen, presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), a reforma mais urgente hoje no Brasil é a sindical. Depois de 31 anos atuando na solução de litígios entre empregados e empregadores, o ministro traça um perfil sombrio da situação trabalhista no país. Os sindicatos são numerosos, não têm poder de barganha junto às empresas e, em geral, estão interessados apenas em uma fatia do bilionário bolo da contribuição sindical que todo trabalhador é obrigado a recolher. Dalazen considera urgente o Brasil assinar a convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que dá ao trabalhador ampla liberdade de escolher e contribuir para o sindicato de sua preferência. Em vez de enfraquecê-los, ele explica, isso fortaleceria os bons sindicatos. Hoje com 58 anos, Dalazen tem uma trajetória rara na magistratura. Nascido em uma família pobre, foi engraxate, lavador de carro, vendedor de revista, cobrador, balconista, garçom e office boy até ingressar, por concurso, no serviço público.

A demissão do ministro do Trabalho é um sintoma de que existe muita coisa errada no sindicalismo brasileiro?
Há uma grave anomalia na organização sindical brasileira, a começar por essa desenfreada e impressionante proliferação de sindicatos, que está na contramão do mundo civilizado. A redução do número de sindicatos fortalece a representatividade e dá maior poder de barganha. Não se conhece economia capitalista bem-sucedida que não tenha construído um sistema de diálogo social através de sindicatos r¬presentativos e fortes. No Brasil, infelizmente, o panorama é sombrio.

Por quê?
Aqui, os sindicatos, em sua maioria, são fantasmas ou pouco representativos.
(…)
Leia íntegra na revista

Por Reinaldo Azevedo

18/12/2011

 às 7:37

Em meio à guerra entre PT e PMDB - Suspeita de fraude na Caixa pode causar perda de R$ 1 bilhão

Por Dimmi Amora e Rubens Valente, na Folha:
Segundo maior banco estatal do país, a Caixa Econômica Federal está no centro de uma série de transações financeiras suspeitas que podem gerar perdas de R$ 1 bilhão para os cofres públicos. Graças a uma omissão misteriosa ocorrida na própria Caixa, uma corretora carioca chamada Tetto vendeu papéis da dívida pública de baixo ou nenhum valor por preços acima do mercado. Entre os compradores, há empresas e pelo menos um fundo de pensão estatal.

No período em que foram realizadas as transações, de setembro de 2008 a agosto de 2009, o sistema de informática da Caixa responsável por informações relativas aos papéis ficou fora do ar. O banco público classificou a pane como “erro”, atribuindo-o a uma empresa de informática terceirizada.
(…)
O que sumiu do sistema correspondia a R$ 1 bilhão que deveria ser descontado do valor dos papéis (veja quadro nesta página). Como os papéis eram garantidos por um fundo do governo, se todos os compradores forem à Justiça cobrar tudo o que gastaram, a União terá de arcar com o R$ 1 bilhão. Um dos compradores já se manifestou nesse sentido. Diante do episódio, o banco acionou a Polícia Federal e entrou com um processo na Justiça acusando a Tetto de vender “gato por lebre”. A Folha teve acesso aos autos da ação judicial sigilosa.

Tanto um dos compradores -o fundo de previdência complementar Postalis, dos funcionários dos Correios- como o setor da Caixa responsável pela falha eram controlados, na época, por dirigentes indicados pelo PMDB. O departamento onde ocorreu o problema é vinculado à vice-presidência de Loterias e Fundos de Governo, hoje no centro de uma disputa entre PT e PMDB, os dois partidos que controlam os principais postos no banco.

Na época em que essas transações foram feitas, o vice-presidente de Loterias e Fundos era o atual ministro Moreira Franco, chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência. Seu substituto, Fábio Cleto, é apadrinhado do PMDB do Rio e tem a recondução ao Conselho Curador do FGTS ameaçada por pressão do PT.

MICO
O problema com os papéis não era desconhecido do mercado. Eles são originários de uma outra fraude cometida pela Tetto em 2004, que resultou em prejuízo de R$ 700 milhões ao Estado do Rio, segundo a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), xerife do mercado financeiro. Em 2008, um mês após o apagão no sistema da Caixa, a corretora começou a negociar os papéis. No período de um ano, vendeu todos os seus contratos “micados”, segundo narrou a Caixa na ação. No mercado financeiro, esses papéis são classificados como de “altíssimo risco”.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

“Autonomia” não quer dizer soberania

Já disse aqui que gosto, com freqüência, dos votos do ministro Marco Aurélio de Mello. Mas sou assim, vocês sabem: quando gosto, aplaudo; quando não gosto, critico. O ministro concedeu uma liminar (ver post anterior) suspendendo o poder originário de investigação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Na prática, enquanto valer a liminar — e caso seja esse o entendimento da maioria do tribunal quando o mérito for julgado pelo tribunal —, só chegarão ao Supremo os casos que tenham sido antes investigados pelas corregedorias locais. É um grande retrocesso no processo de moralização do Poder Judiciário, que é, já escrevi aqui tantas vezes, o Poder dos Poderes. Todos nós sabemos que o Executivo e o Legislativo estão muito mais sujeitos a mecanismos de controle da opinião pública do que a Justiça.

A decisão de Marco Aurélio me parece ruim no conteúdo e na forma. O assunto ficou se arrastando tempo demais no Supremo para ter agora, como desfecho, ainda que temporário, uma liminar. Levanta-se a suspeita — certamente não se trata disso porque Marco Aurélio é um ministro corajoso — de que o momento para decidir não é bom porque a opinião pública está de olho, e melhor seria esperar a coisa esfriar.

Qual é a tese de fundo nessa história toda? A tal “autonomia político-administrativa” dos tribunais regionais. Seja na Justiça, seja na universidade, a “autonomia”, no Brasil, tem sido entendida como “soberania”. Aí fica complicado. Pego um caso: se o máximo salário que se pode pagar no Brasil a um servidor público é o vencimento de um ministro do Supremo, e é!!!, isso me parece claro o bastante para excluir procedimentos ditos “autônomos”, que, muitas vezes, multiplicam esses ganhos por três, quatro vezes ou que instituem formas de remuneração ao arrepio da própria lei.

Se a corregedoria do CNJ não puder investigar um eventual caso notório de descumprimento da lei num tribunal regional a menos que haja um processo aberto na corregedoria local, então é forçoso admitir que essa corregedoria local é que tem poder sobre a corregedoria de alcance nacional — ou perdi alguma coisa? Li a Emenda 45, que trata do assunto, e não consegui encontrar nada que impeça o poder de investigação da Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça.

Marco Aurélio, os ministros do Supremo e os magistrados de maneira geral deveriam ter claro que a média da população, e não sem razão, vê a Justiça com desconfiança porque a considera lenta demais, burocrática demais e tendente a garantir a impunidade. Deveriam todos estar empenhados em, pela prática, mudar essa imagem. Vigora, infelizmente, nas ruas a máxima de que, no país, só são punidos os três “pês”: puta, preto e pobre. Não estou pedindo que se decida levando em conta um exagero retórico. Estou cobrando o razoável: que o Conselho Nacional de Justiça, QUE NÃO É UMA ENTIDADE SECRETA, possa investigar, de forma discplinada, eventuais desvios de conduta de juízes. E em parceria, quando isso for possível, com as carregedorias regionais. É um capricho do corporativismo aceitar que estas sejam o limite daquela.

Todos vimos a condenação do democrata Rod Blagojevich, ex-governador do estado de Illinois, nos Estados Unidos, a 14 anos de prisão porque tentou vender uma vaga no Senado, justamente a que pertencia a Obama. Gernard Madoff, o trapaceiro, está em cana faz tempo. É evidente que isso ajuda a inibir a bandidagem. É a impunidade que alimenta o ciclo da corrupção.

Criar mecanismos que combatam a impunidade e garantam a celeridade da Justiça, pois, deveria ser a preocupação número um das entidades que reúnem juízes. Em vez disso, muitos deles se ocupam de garantir privilégios e proteções corporativistas. É ruim para a Justiça, para o Brasil e para os brasileiros. E, definitivamente, é chegada a hora de debater o que significa “autonomia” numa República. Uma coisa é certa: não significa a criação de repúblicas independentes dentro da República.

Por Reinaldo Azevedo

19/12/2011

 às 15:27

Péssima notícia - Em decisão liminar, ministro do STF esvazia poderes do CNJ

Em decisão liminar, Ministro esvazia poderes do CNJ

Por Felipe Seligman, na Folha. Volto no próximo post.
Em decisão liminar nesta segunda-feira (19), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello suspendeu o poder “originário” de investigação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) contra magistrados, determinando que o órgão só pode atuar após as corregedorias locais.  A liminar concedida pelo ministro deve ser levada a plenário na primeira sessão do ano que vem, no início de fevereiro, para que seus colegas avaliem o tema. Até lá, no entanto, as funções da corregedoria do CNJ estarão esvaziadas.

Ficarão prejudicadas aquelas investigações que tiveram início diretamente no conselho, antes que tenham sido analisadas nas corregedorias dos tribunais onde os juízes investigados atuam.  Como está previsto na Constituição, o CNJ pode ainda avocar [determinar a subida de] processos em curso nas corregedorias, desde que comprovadamente parados. O ministro afirmou que o conselho deve se limitar à chamada “atuação subsidiária”.

Em outras palavras, o que não pode é iniciar uma investigação do zero, fato permitido em resolução do CNJ, editada em julho deste ano, padronizando a forma como o conselho investiga, mas que foi questionada pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros). “A solução de eventual controvérsia entre as atribuições do Conselho e as dos tribunais não ocorre com a simples prevalência do primeiro, na medida em que a competência do segundo também é prevista na Constituição da República”, diz o ministro em sua decisão. “A atuação legítima, contudo, exige a observância da autonomia político-administrativa dos tribunais, enquanto instituições dotadas de capacidade autoadministrativa e disciplinar.”

Foi exatamente este assunto que colocou em lados opostos o presidente do CNJ, ministro Cezar Peluso, e sua corregedora, Eliana Calmon. O primeiro defendia exatamente a função subsidiária do conselho, enquanto a última afirmava ser fundamental a atuação “concorrente” e “originária”.

Calmon chegou a dizer que o esvaziamento dos poderes do CNJ abriria espaço para os chamados “bandidos de toga”. A ação da AMB está na pauta do STF desde o início de setembro, mas os ministros preferiram não analisar o tema, exatamente por conta desta polêmica. Como a última sessão do ano aconteceu durante a manhã e os ministros só voltam a se reunir em fevereiro, Marco Aurélio decidiu analisar sozinho uma série de pedidos feitos pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros).

Além desta questão, o ministro também suspendeu mais de dez outras normas presentes na resolução do CNJ em questão. Entre elas, uma que permite a utilização de outra lei, mais dura que a Loman (Lei Orgânica da Magistratura Nacional), para punir magistrados acusados de abuso de autoridade. Outra regra, que também foi suspensa, dava direito a voto ao presidente e ao corregedor do CNJ.

Por Reinaldo Azevedo

19/12/2011

 às 15:09

Substituto do coronel acusado de matar juíza é preso por corrupção

Na VEJA Online:
O comandante do 7º Batalhão da Polícia Militar do Rio, em São Gonçalo, foi preso na manhã desta segunda-feira. O coronel Djalma Beltrami é acusado de envolvimento com traficantes de drogas do Morro da Coruja, onde é realizada uma operação da Polícia Civil. Beltrami - que apesar do sobrenome parecido não tem qualquer parentesco com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame - foi escolhido para substituir, no comando da unidade, o tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira, acusado de ser mandante da morte da juíza Patrícia Lourival Acioli, assassinada por PMs em agosto.

O oficial foi preso em frente ao batalhão. A prisão de Djalma Beltrami expõe uma nova crise na corporação. Mais alto cargo do 7º BPM, ele está entre os 13 acusados de recebimento de propina do tráfico de drogas naquela cidade. A Polícia Civil obteve os 13 mandados de prisão na Justiça, pelo indício de recebimento de cerca de 160 mil reais por mês.

A operação para capturar os policiais militares acusados de corrupção mobiliza 100 homens da Polícia Civil. Houve troca de tiros entre os agentes e criminosos em uma praça em frente ao Morro da Coruja, onde são procurados alguns dos acusados. Chefes do tráfico na região, os bandidos conhecidos como Gaguinho e Piloto estão entre os procurados.

O 7º BPM entra, assim, de maneira trágica, para a galeria de feitos inéditos na Polícia Militar do Rio. Não se tem notícia de comandantes de batalhões presos - na unidade que comandam, principalmente - sob acusação de corrupção ou outro crime. As prisões de oficiais, aliás, são raras na PM fluminense. Também partiu desta unidade o único assassinato encomendado de um magistrado de que se tem notícia no Brasil.

Por Reinaldo Azevedo

A expulsão dos seis invasores que decidiram privatizar a USP e o ensaio de setores da imprensa paulistana para, mais uma vez, apoiar quem esbulha a lei

A sede do Coseas (Coordenadoria de Assistência Social) da USP foi invadida por um grupo de alunos de 2010. Documentos sumiram, funcionários foram ameaçados, o patrimônio foi depredado. Muito bem. Depois de uma longa apuração do caso, a universidade decidiu, com base no Regimento Interno, expulsar seis alunos invasores. É bom desfazer, uma vez mais, uma mentira. Afirma-se que a decisão foi tomada com base no regimento da ditadura, que é de 1972. É mentira! O texto é de 1990 — está aqui, já livre dos aspectos de fato discricionários que tinha. Se vocês clicarem aqui, verão o texto original, com a eliminação do, como gostam de dizer, “entulho autoritário”. Logo, esse papo de “regimento da ditadura” é conversa para invasor dormir… É inútil me atacar. Os textos legais estão aí.

A imprensa paulistana, ainda timidamente, já ensaia um alinhamento com os invasores expulsos, é claro! São caracterizados como pessoas que invadiram o Coseas reivindicando melhores condições de apoio aos estudantes carentes. Ora, que coisa bonita!!! Então são mesmo uns mártires, não? A Folha de hoje publica uma pequena entrevista com o reitor João Grandino Rodas. Reproduzo trechos. Volto em seguida.

Folha - Por que expulsar alunos não é medida excessiva? 
João Grandino Rodas
 - Os que presidiram o processo administrativo, respeitado o direito de defesa, sugeriram a pena de desligamento. Lembre-se que não se tratou de uma simples ocupação, mas sim de outras ações graves, como desaparecimento de milhares de prontuários, que continham informações sigilosas da saúde e da família de alunos da universidade e da Escola de Aplicação da USP, além de desaparecimento e danos de patrimônio público. Ao acolher a pena sugerida, foram levadas em conta essas circunstâncias.

A punição deve acirrar a relação da USP com os alunos?
O administrador público deve tomar medidas legais. Assim, as reações não podem entrar em linha de conta.

Alunos dizem que a punição é autoritária e se baseia em regra do período do regime militar. Qual é sua avaliação? 
O exercício do poder disciplinar baseia-se em artigo da Constituição, de 1988, e em leis federais e estaduais, posteriores ao período ditatorial. Mesmo que o estatuto e o regimento da USP fossem silentes a respeito, haveria competência e dever do administrador de aplicá-la, sob pena de responsabilidade pessoal, cível e criminal.
(…)
Uma aluna diz que foi expulsa por ter participado de manifestações políticas. Outros, que havia na ocupação pessoas que não foram punidas, evidenciando perseguição a alguns. Quais os critérios?
 A comissão que presidiu o processo administrativo trabalhou com provas. Manifestações políticas são expressão da democracia e não podem ser fundamento para punição. Se os referidos alunos têm certeza de que nada fizeram a não ser manifestações políticas, poderão recorrer ao Judiciário.
(…)

Voltei
Dizer o quê? Siga-se a lei.

Peço que vocês prestem atenção a um relato que foi publicado no “Jornal do Campus”, da USP, pelos funcionários que foram vítimas da truculência dos invasores. É de 19 de março de 2010.  O texto traz também a pauta de reivindicações da turma e a resposta, objetiva a mais não poder, a cada um dos pontos. Vale a pena ler. Vamos ver quem realmente quer “preivatizar” a USP. Retomo depois.

Comunicado do Serviço Social da Coseas sobre a ocupação do nosso espaço de trabalho

Os funcionários técnicos e administrativos da Divisão de Promoção Social da Coordenadoria de Assistência Social desta Universidade vêm a público manifestar seu profundo desagrado e o sentimento de desrespeito pelo trabalho que desenvolvem, conforme atestam os acontecimentos relatados a seguir.

Em 18/03/2010, às duas horas da madrugada, a diretoria da Associação dos Moradores do Conjunto Residencial da USP, acompanhada de alunos e não alunos, decidiu ocupar o prédio onde funciona o Serviço Social da Coordenadoria de Assistência Social desta Universidade, órgão responsável pela administração do CRUSP e seleção dos alunos aos diversos benefícios existentes, entre outras atribuições.

A chamada “ocupação pacífica” foi justificada pelo grupo com o seguinte:
- Falta de vagas na moradia
- Atraso da reitoria na conclusão da obra de um novo bloco de residência
- Expulsões arbitrárias de moradores (inclusive de madrugada)
- Fim do programa Bolsa Trabalho
- Irregularidades constatadas nos processos de seleção sócio-econômica da Coseas
- Privatização do espaço de moradia cedida pela USP ao banco Santander
- Terceirização e precarização das condições de trabalho em órgãos administrados pela Coseas
- Política de vigilância e perseguição e violência implementada pela Coseas contra os moradores.

Reivindicações da ocupação
- Mais vagas na moradia e nos alojamentos
- Agilização da conclusão das obras do novo bloco de moradia
- Fim das expulsões arbitrárias de estudantes da moradia
- Fim do serviço de vigilância e da prática de violência irregular da Coseas
- Autonomia dos estudantes no espaço da moradia e nos processos seletivos para os programas de permanência
- Contratação de funcionários e melhoria nas condições desumanas de trabalho e atendimento nos restaurantes da Coseas
(Fonte: Coseas Ocupada - panfleto distribuído na ocasião)

Na manhã dessa quinta-feira, fomos impedidos de entrar em nossas salas para trabalhar e mesmo de retirar objetos e documentos pessoais, sob xingamentos e ameaças.

O trabalho do Serviço Social sempre foi pautado pela possibilidade de participação dos alunos por meio do diálogo, buscando melhorias no entendimento. Os critérios do processo seletivo atual foram discutidos ao longo dos últimos anos.

A invasão nos tirou as ferramentas de trabalho de forma violenta, pois nenhuma ocupação pacífica se dá por arrombamento de portas e impedimento do acesso dos funcionários.

Salientamos que nesse espaço encontram-se documentos sigilosos que se revelados deixam pública a situação social e econômica de todos os que dependem do atendimento do Serviço Social deste campus, quais sejam alunos e trabalhadores docentes e técnico administrativos que participam das diversas seleções (creches, moradia, bolsas etc).

Em relação às reivindicações apresentadas, temos a dizer o seguinte:
A maioria não pertence à alçada de nosso trabalho e nossa possibilidade de resolução. O que nos compete é o estudo das necessidades e fornecimento de subsídios para que outras instâncias tomem decisões a respeito dos apoios, incluindo a construção de moradias;

- Em relação aos atendimentos aos calouros, neste início de 2010, de todos os alunos pleiteantes aos benefícios do acolhimento, que comprovaram necessidade de apoio, atribuímos, emergencialmente, o seguinte: 180 bolsas alimentação (refeição gratuita nos restaurantes universitários), 74 vagas provisórias no alojamento do Crusp, 65 auxílios moradia (R$300,00 por mês), 30 auxílios transporte (R$ 150,00). A demanda não atendida refere-se a: 37 alunos que não completaram a documentação, 14 que desistiram do curso ou do apoio, 5 que já possuem uma graduação e 13 que estão fora de perfil socioeconômico desse grupo requisitante. Estes dados são somente do campus do Butantã.

- A bolsa trabalho não foi extinta e sim substituída pelo Programa “Aprender com Cultura e Extensão” da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, tendo a quantidade ampliada de 600 para 900 bolsas.

- A respeito das expulsões arbitrárias, esclarecemos que tal fato não ocorre no horário noturno. Os alunos que já esgotaram o tempo de permanência ou que são formados e que se negam a deixar a moradia, são submetidos a processo judicial e notificados por oficiais de justiça.

- A prática irregular de violência (existe violência regular?) não faz parte da prática dos agentes de segurança que muito têm colaborado no sentido de mediar conflitos entre moradores e evitar transtornos. Estes agentes fazem um trabalho de prevenção e proteção dos próprios moradores.

- Sobre a autonomia nos processos de seleção acreditamos que para ser legítimo esse processo deve ser feito por profissionais capacitados para sua operacionalização com ética e sigilo, pois deve ser imparcial. O diagnóstico social e o atendimento é prerrogativa do assistente social conforme a legislação pertinente.

- Quanto às irregularidades no processo seletivo, trabalhamos a partir de informações, declarações e documentos de responsabilidade dos usuários. A comprovação da situação socioeconômica de cada um é feita a partir destes documentos.

- Baseadas nisto, vimos solicitar o apoio da comunidade uspiana para retomarmos o quanto antes nosso espaço e condições de trabalho, evitando prejuízos aos alunos e trabalhadores que dependem do nosso fazer.

São Paulo, 19 de março de 2010.
Equipe do Serviço Social da Coseas
Com o apoio da Coordenadora da Coseas e de seus Diretores

Retomando
Como se nota, não se trata apenas de depredação e sumiço de documentos. Houve também intimidação. Ora, se os expulsos acham que as provas existentes contra eles são frágeis, há o recurso da Justiça.

Dei destaque lá no alto a uma das reivindicações dos invasores, a saber: “Autonomia dos estudantes no espaço da moradia e nos processos seletivos para os programas de permanência”

É o fim da picada! Vocês entenderam direito: eles queriam que fossem eles próprios a decidir quem tem e quem não tem direito de morar no Crusp.A universidade passaria a ser, assim, um assunto privado — a verdadeira privatização da USP!!!

Digam a verdade, que tem um lado só
Certos setores do jornalismo precisam parar com essa prática detestável que consiste em tratar fato como opinião: “Os alunos expulsos dizem que o regimento é da ditadura; a Reitoria nega”. Isso não é matéria de opinião, mas de fato. O que havia de tipicamente ditadorial já foi retirado. Os documentos estão aí. De resto, na ditadura era proibido roubar. Hoje continua proibido, mesmo com o PT no poder, certo?

Por Reinaldo Azevedo

19/12/2011

 às 7:09

Chalita, pré-candidato à Prefeitura de SP, está dando livros seus “de presente” aos eleitores com uma cartinha cheia de doçuras e tolices

O deputado federal Gabriel Chalita, pré-candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo, agora deu para distribuir de graça livros — de própria lavra, é claro! — para os eleitores. Está cumprindo uma ameaça que fez na TV. No horário político do seu partido, com uma luz, assim, que faz dele uma figura quase etérea (eliminando eventuais rugas que escaparam à força imobilizadora do Botox), mandou ver: “O PMDB vai dar o que você merece!” Pois é!

Chalita está dando para alguns paulistas um exemplar de um de seus 8.795 livros: “O Pequeno Filósofo”. E, vocês sabem, ninguém merece um livro de Chalita desde, ao menos, a aprovação da lei que pune a tortura. O mais curioso é que ele parece ter escolhido um público-alvo: as professoras — especialmente as aposentadas. Pergunta: onde e como ele conseguiu esse mailing?

O mimo não seria completo se não se fizesse acompanhar de uma cartinha. Os diabéticos se cuidem. Eu a reproduzo abaixo, em vermelho. E não resisto a fazer alguns comentários em azul.

“FULANA,
Chegamos ao final de mais um ano!
E, neste ano que se vai, todas as estações nos fizeram companhia. E é sempre assim. Sofremos, enfrentamos problemas, vencemos, celebramos, choramos, sorrimos - vivemos, enfim.
Chalita já fez uns 87 cursos superiores e uns 235 doutorados. E pra quê? Para comparar a vida a um trem que pára em estações. Isso não é mais uma metáfora. Isso já não é mais um clichê. Isso só é uma tolice.

Somos viajantes. E convivemos com paisagens e pessoas. E, a cada estação em que o trem interrompe a viagem, podemos descer e aprender um pouco mais com as virtudes e os defeitos dos outros. Assim como podem os outros aprender conosco. Os verbos “viver” e “conviver” estão inexoravelmente ligado (sic).
A concordância nominal falece no fim do parágrafo, mas digamos que tenha sido só uma distração. Tenho de reconhecer: esse rapaz é corajoso; não tem medo do ridículo. Num rasgo de originalidade, diz que a vida é um eterno aprendizado. Caramba!!! Mas ele não parou por aí: descobriu também que os verbos “viver” e “conviver” estão “ligado”!!! Como se pudesse haver alguma dúvida a respeito e pudesse ser matéria controversa, ele recorre a  um advérbio para demonstrar que é um autor ousado e convicto: estão ligados “inexoravelmente”. O segredo da prolixidade de Chalita é a sua absoluta falta de vergonha estilística.

Chegamos ao final de mais um ano!
Discordo, rá, rá, rá!

E quero, ao oferecer “O pequeno filósofo” a você, desejar que sua travessia seja rica de significados. Que a gentileza seja uma companheira inseparável e que você não se esqueça de prestar atenção a quem viaja a seu lado.
Huuummm… Ainda o trem! Chalita é o novo Profeta Gentileza! Só que não vaga pelas ruas em andrajos. Prefere uma cobertura dúplex em Higienópolis, comprada com o suor de seus livros, diz. Já chegou a afirmar que tinha sido com a herança da família…

“Sabe, o mundo dos invisíveis está mais perto do que se imagina. Eles estão por toda parte, mas talvez a pouca luz dificulte encontra-los (sic). Não é que não exista luz necessária (sic), é que os olhos vão se acostumando com a penumbra e não enxergam.”
Chalita deve estar se atrapalhando com a nova ortografia e esqueceu o acento em “encontrá-los”. O “mundo dos invisíveis” é justamente o mote de sua pré-campanha eleitoral na televisão. Ele ainda não definiu direito quem compõe a categoria. No mundo dos visíveis, o que me parece claro é que isso constitui uma tentativa de compra de voto, ainda que por intermédio de uma variante do assédio moral.
Chalita não se contenta apenas com os lugares comuns escandalosos, as tolices, enfatuadas, esse texto todo cheio de fricote pseudo-humanista. Agora ele deu também para matar o sentido. Ora, se afirma “não é que não exista luz necessária”, então se supõe que exista a tal “luz necessária”, seja lá o que isso queira dizer. Se existe, então se descarte a penumbra. Mas não, a dita-cuja vem em seguida: “É que os olhos vão se acostumando com a penumbra e não enxergam.” Aí, à boçalidade lógica, junta-se a boçalidade física: quando se acostumam com a penumbra, os olhos enxergam mais, não menos! Vai ver Chalita é um tipo especial, cuja pupila dilata na claridade e se contrai na escuridão.

Chegamos ao final de mais um ano!
Sejamos gratos. Deus nos concedeu o presente de prosseguirmos. Prossigamos, então, sem medo de conjugar o verbo amar.
Um abraço a você e a toda a sua família.
Gabriel Chalita”
Huuummm… Quer dizer que Deus é, agora, como Papai Noel. Quem “prossegue” é porque tinha o seu presentinho no saco. Os que morreram ficaram sem o agrado… O que mais me fascina é que este senhor é considerado, aqui e ali, um pensador católico. Quando se alinhou, na campanha eleitoral de 2010, com as forças que satanizaram as correntes verdadeiramente católicas, que se opõem ao aborto, parece ter se esquecido de que a vida é, então, não um presente — que isso é catolicismo de shopping center —, mas uma dádiva de Deus.

Dar presente a eleitores é compra de voto, seja um livro de Chalita, seja um par de botinas — sem rebaixar as botinas, é claro!

Para encerrar
- Quem compra os livros para distribuição gratuita?
- É dinheiro de Chalita ou do PMDB?
- Que mailing ele está usando?

Por Reinaldo Azevedo

Enem: Isto é Haddad!!!

No post abaixo, falo sobre a herança de Fernando Gugu Dadá Haddad no Ministério da Educação. Aloizio Mercadante, como viram, tomará o seu lugar. Pois bem… leiam o que informa a VEJA Online:

Colégio que vazou questões do Enem fiscalizou pré-teste da avaliação federal em 2010

Por Bruno Abbud:
Há pouco mais de um mês, a Polícia Federal informou ao Ministério da Educação, por intermédio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), que tem em mãos depoimentos que indicam que o vazamento de questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2011 foi maior do que admite a pasta. O MEC nada fez até o momento. Mas essa não é a única informação alarmante que consta do inquérito em curso da PF que apura o vazamento, a que VEJA teve acesso com exclusividade. Outra revelação que sai da investigação preocupa ainda mais. Segundo testemunhos obtidos pela PF, os problemas no Enem 2011 provavelmente começaram mais de um ano antes da aplicação da prova, quando um pré-teste que calibraria as questões da avaliação federal foi realizado no Colégio Christus, de Fortalelza - o mesmo que vazou as 14 questões do exame neste ano. Contradizendo o MEC e o bom-senso, os fiscais daquele pré-teste foram contratados pelo próprio Christus. Como diz o velho ditado, é como deixar a raposa vigiando o galinheiro. Caso se confirmem os relatos colhidos pela PF, trata-se de um assustador descaso das autoridades responsáveis pelo Enem - o MEC, em última instância - durante uma etapa que, até agora, passara incólume às trapalhadas do ministério: a elaboração da prova.

A feitura do Enem obedece à chamada Teoria de Reposta ao Item (TRI), pela qual todas as questões a serem apresentadas na prova devem ser previamente testadas. O objetivo dessa etapa, conhecida como pré-teste, é verificar o grau de dificuldade das questões. Só depois de testadas, elas seguem para um banco de dados (o do Enem tem 6.000 testes, quando o indicado seriam 20.000) e, posteriormente, são usadas em avaliações como o exame do ensino médio. O processo todo, é claro, deve ser rigorosamente controlado pelos responsáveis pelo exame (Inep e, portanto, o MEC), para que os testes não cheguem às mãos de estudantes. É uma forma de colocar em prática o princípio da isonomia - segundo o qual todos os participantes devem estar submetidos às mesmas condições ao realizar a prova. Os colégios devem ficar igualmente distantes: de acordo com o MEC, professores não podem sequer manter contato com os inspetores. Contudo, segundo depoimentos colhidos pela PF, foi justamente o que ocorreu no pré-teste realizado em outubro de 2010 no Christus.

À PF, Francisco Ferreira Quetez, funcionário da Cesgranrio - fundação contratada pelo Inep para aplicar o pré-teste juntamente com o Cespe, da Universidade de Brasília (UnB) - admitiu ter terceirizado a fiscalização da prova. O subcontratado foi (adivinhem…) o Colégio Christus. Em depoimento no dia 4 de novembro ao delegado Nelson Teles, que preside o inquérito do vazamento, Quetez afirmou que não dispunha de fiscais para vigiar o pré-teste do Enem no Christus. “Cheguei a falar para a Cesgranrio que não tinha condições de recrutar fiscais em razão das provas serem aplicadas em dias úteis”, disse.

A solução encontrada foi a pior possível, segundo confirma depoimento de Maria das Dores Rabelo, funcionária do Christus e responsável por coordenar a aplicação do pré-teste. No trecho a seguir, ela narra um encontro entre representantes de colégios e o funcionário da Cesgranrio. “No final da reunião, o senhor KETTZ (sic) informou que estava encontrando dificuldade de encontrar fiscais para participar desse pré-teste e perguntou quem ali presente teria condições de recrutar esses fiscais.” A orientação é que fossem recrutados profissionais sem vínculos com o colégio. Na prática, aconteceu o contrário.

Todos os fiscais contratados pelo Colégio Christus para o pré-teste mantinham laços profundos com a instituição: alguns eram ex-alunos, outros estudam lá até hoje. Cinco deles foram encontrados pela PF. Marcus Venicius Recamonde, de 29 anos, foi aluno do cursinho pré-vestibular do Christus entre 2003 e 2004. Naira Montesuma, de 26, cursou o ensino médio no Christus e atualmente frequenta as aulas de direito na Faculdade Christus. A irmã dela, Liara Montesuma, de 23, foi estudante do colégio entre 2002 e 2006 e agora faz fisioterapia na faculdade. Hilario Torquato, de 26, estudou toda a vida no Christus: hoje, é estudante de medicina da mesma faculdade. A situação de Naisane de Sousa, de 24, é semelhante, com a diferença de que ela cursa fisioterapia.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

19/12/2011

 às 19:30

Mercadante, que maquiou o próprio currículo, está pronto para assumir o Ministério da Maquiagem

Tudo indica que será mesmo Aloizio Mercadante o sucessor de Fernando Haddad no Ministério da Educação. É…

Entre todas as pastas, a mais maquiada é, sem dúvida, a de Haddad. A multiplicação das universidades federais, na escala anunciada, já demonstrei aqui, é uma farsa. Haddad conseguiu desmoralizar o antigo provão, hoje chamado “Enade”, e o Enem. O desempenho do governo federal no ensino técnico é uma lástima, e houve uma brutal desaceleração no processo de ingresso de alunos no ensino médio. O que vai bem, à sua maneira, é a transferência de recursos públicos para as mantenedoras privadas por intermédio do Prouni. Haddad é aquele que deu sinal verde para a distribuição do chamado “kit gay”, aquele, sabem, que dizia que um adolescente bissexual tem “50% a mais de chance” de ter com quem “ficar” num fim de semana. O erro, como sabem, não é só de ética, mas também de matemática. O certo seria, se fosse, 100%… Mercadante, sob esse estrito ponto de vista, é um substituto à altura.

Nestes dias em que voltam a ficar em evidência os quadrilheiros especializados em dossiês, cumpre lembrar o dos aloprados. O objetivo, também naquele caso — parece ser uma obsessão dessa gente — era destruir a reputação de José Serra, então adversário de Mercadante na disputa pelo governo de São Paulo, em 2006. Se a polícia não estivesse monitorando a canalha, o assunto teria sido noticiado como se verdade fosse, restando a Serra protagonizar o “outro lado”… O homem que levava a mala de dinheiro — R$ 1,7 milhão — era Hamilton Lacerda, braço-direito do atual ministro da Ciência e Tecnologia e futuro ministro da Educação.Ninguém foi punido. Ah, sim: Lacerda deixou o PT, mas já está de volta.

Dilma gostou da atuação de Mercadante, especialmente na reta final da campanha de 2010. Ele foi um dos defensores da estratégia de endurecimento com a oposição, insistindo que era preciso advertir a população e os mercados (!!!) para o “risco” que representava a eventual eleição de Serra!!! Grande sujeito! Mercadante é aquele rapaz que conseguiu convencer Lula de que o Plano Real seria um desastre… Felizmente, Lula acreditou…

Mercadante tem tudo para dar seqüência à obra maquiada de Haddad, até porque se tornou notável por maquiar o próprio currículo, não é mesmo? No dia16 de agosto de 2006, eu o peguei no pulo. Cito trecho:
(…)
No debate da TV Gazeta, aquele que ninguém viu - ou quase, hehe -, o candidato do PT ao governo de São Paulo disse: ‘Fiz mestrado e doutorado [em economia] na Unicamp”. Ops! Não fez, não. Vai ter de mostrar o canudo. Mas, para mostrar, terá de fabricar um primeiro. Busquem lá as informações na universidade: ele até acompanhou algumas aulas do doutorado, mas foi desligado do programa. Vaidoso que é, até pode se considerar um doutor honorário - em economia ou no que quer que seja. Mas doutor em economia pela Unicamp, ah, isso ele não é. Esses petistas… Ou fazem a apologia da ignorância, como o Apedeuta-chefe, ou tentam exibir galardões intelectuais que não têm.

Deu um jeitinho
Muito bem! A coisa ficou feia pra ele. Mas, em 2010, ele deu um jeito. Conseguiu apresentar a sua “tese de doutorado” no cartório da Unicamp. E, agora, é um falso doutor oficial. Por que escrevo assim? Rememoro.

A sua “tese” versava sobre a economia no governo Lula. Huuummm… Tema amplo! Convidou para a banca Delfim Netto, João Manuel Cardozo de Mello, Luiz Carlos Bresser Pereira e Ricardo Abramovay. E deitou falação à vontade em defesa das conquistas do governo petista, em tom de comício, atacando, como não poderia deixar de ser, o governo FHC. Até os camaradas ficaram um tanto constrangidos e se viram obrigados a algumas ironias.

Informou a Folha:
Coube ao ex-ministro Delfim Netto, professor titular da USP, a tarefa de dar o primeiro freio à pregação petista. “Esse negócio de que o Fernando Henrique usou o Consenso de Washington… não usou coisa nenhuma!, disse, arrancando gargalhadas. “Ele sabia era que 30% dos problemas são insolúveis, e 70% o tempo resolve.” Irônico, Delfim evocou o cenário internacional favorável para sustentar que o bolo lulista não cresceu apenas por vontade do presidente. “Com o Lula você exagera um pouco, mas é a sua função”, disse. “O nível do mar subiu e o navio subiu junto. De vez em quando, o governo pensa que foi ele quem elevou o nível do mar…”

“O Lula teve uma sorte danada. Ele sabe, e isso não tira os seus méritos”, concordou João Manuel Cardoso de Mello (Unicamp), que reclamou de “barbeiragens no câmbio” e definiu o Fome Zero como “um desastre”. À medida que o doutorando rebatia as críticas, a discussão se afastava mais da metodologia da pesquisa, tornando-se um julgamento de prós e contras do governo. Só Luiz Carlos Bresser Pereira (USP) arriscou um reparo à falta de academicismo da tese: “Aloizio, você resolveu não discutir teoria…”. Ricardo Abramovay (USP) observou que o autor “exagera muito” ao comparar Lula aos antecessores. “Não vejo problema em ser um trabalho de combate”, disse. “Mas você acredita que o país estaria melhor se as telecomunicações não tivessem sido privatizadas?”

Ridículo
Mercadante, um homem destemido, comprovadamente sem medo do ridículo, não teve dúvida: respondeu a questão — ou melhor: não respondeu — atacando o preço dos pedágios em São Paulo!!! E saiu de lá com o título de “doutor”, conquistado com uma peroração de caráter puramente político. E ATENÇÃO PARA O QUE VEM AGORA.

COMO SABEM TODOS OS JORNALISTAS DE ECONOMIA DESTEPAIZ, Mercadante se esforçou brutalmente ao longo de 2003 para derrubar Antônio Palocci. Não houve repórter da área a quem não tenha dado um off pregando o que se chamava, então, “Plano B” na economia. E se fez doutor defendendo o que combateu. Um portento!

Nunca antes na história da Unicamp defesa de tese tinha sido feita em tom de comício. Mercadante, um revolucionário! E só para arrematar: ao nomear Mercadante, Dilma já está indicando o candidato do PT ao governo de São Paulo em 2014.

Por Reinaldo Azevedo

19/12/2011

 às 18:03

Comentários

Caras e caros, ainda sem auxiliar. Um monte de comentários na fila. Estou cuidando deles.

Por Reinaldo Azevedo

19/12/2011

 às 17:13

Ministro da Justiça vai além das sandálias e faz defesa inaceitável de Pimentel

O que vocês lerão abaixo é um absoluto despropósito. Parece que não porque estamos nos habituando aos… despropósitos! Como diria o despensador Gabriel Chalita, invertendo as leis da física, como nossos olhos estão se acostumando à penumbra, enxergamos cada vez menos… Leiam o que vai no Globo. Volto em seguida.

*

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, voltou defender nesta segunda-feira o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, que recebeu R$ 2 milhões com sua empresa , a P-21 Consultoria e Projetos Ltda., em 2009 e 2010. Segundo ele, as acusações contra Pimentel estão relacionadas a atividades privadas e anteriores a chegada dele no governo federal.

“Não vejo cabimento que se coloque isso pra frente. Não vi nada que pudesse macular a imagem do ministro (Fernando Pimentel), que é uma pessoa de uma história política intocável”, disse Cardozo, depois de participar da solenidade de posse da nova ministra do Supremo, Rosa Maria Weber.

O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), informou na sexta-feira que vai protocolar nesta semana requerimentos de informação para Pimentel e o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, sobre os compromissos que tiveram em Genebra, na Suíça.

O PSDB cita o fato veiculado pela imprensa de que Pimentel faltou às reuniões onde era esperado na Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC). Duarte Nogueira solicitará nos requerimentos cópia da agenda dos ministros no evento, além de relatório das atividades, informações sobre a composição da comitiva, quem participou das conferências e os custos da viagem.

Voltei
Dilma já deixou claro que Pimentel não precisa prestar contas a ninguém sobre fatos de sua “vida privada”, anteriores ao governo. Dilma chama de “vida privada” a “consultoria”— que, até agora, não foi nem mesmo demonstrada — prestada a um “cliente” que tinha interesses na Prefeitura de Belo Horizonte, de onde o agora ministro tinha acabado de sair, deixando lá seus aliados.

A consideração de Dilma é, evidentemente, um pé no traseiro da moralidade pública, mas chega a ser menos escandalosa do que a de José Eduardo Cardozo. Não dá. Este senhor é ministro da Justiça, chefe da Polícia Federal. Eu sei que ele tem partido, claro! Mas é preciso se comportar com um mínimo de isenção. Infelizmente pra eles, tanto o presidente da CNI, Robson Andrade, como o próprio Pimentel foram flagrados dizendo o oposto da verdade, não é mesmo? O ministro do Desenvolvimento não aceita nem mesmo ir ao Congresso.

Eis o padrão petista de atuação. Os adversários, até que não provem o contrário, são sempre culpados. Os aliados, mesmo contra as evidências, são sempre inocentes.

Por Reinaldo Azevedo

19/12/2011

 às 16:38

A última dos invasores de Reitoria. Ou: Tio Rei e Justin Bieber estão na mesma fila. Ou: “Baby, baby, baby oooh”

Eu, hein!!!

A coisa tá ficando feia pro meu lado! Depois de descobrirem que sou sócio das privatizações — trabalho 18 horas por dia só para disfarçar… —, agora circula uma outra entre invasores da USP e seus aliados: eu teria um filho de esquerda também punido pela Reitoria. Leiam uma das mensagens:

“Você esqueceu de dizer, seu Renato, que um dos expulsos da USP pelo reitor É O SEU TÃO AMADO FILHO, o Bruno, que ‘estudava’ artes plásticas na USP. Acho que é importante o pessoal que lê seu blog ter conhecimento de que talvez você reprove tanto os movimentos sociais na USP porque seu filhinho faz parte. Beijos”

Voltei
Huuummm… Beijos pra você também, seja lá quem for. Mas não! Eu não tenho “filho” nenhum — não que eu saiba ao menos —, só filhas. E não invadem reitoria. Ah, sim: eles se referem a “Renato” porque um jornaleco xexelento lá deles que costuma me esculhambar chama-me “Renato Azevedo” — suponho que seja para se precaver de processos.

Fosse verdade, eu seria, então, de uma severidade e correção absolutas, não? Mesmo com um filho punido pela Reitoria, estaria a defender a medida. O contrário seria pior: porque teria um filho invasor, defenderia o ato criminoso. Segundo um outro, esse meu suposto filho, o “Bruno”, seria bastardo. Eita!!! Teria virado esquerdista por isso??? Ah, não! Sendo como sou, eu certamente o amaria igualmente, e ele não teria razões pessoais para aderir a ideologias… bastardas.

Se há marmanjo por aí se dizendo filho meu, não acreditem, hein? Eu sou do tipo que sempre acreditou em filtro solar — vocês certamente conhecem aquele texto que não é do Pedro Bial — e em camisinha, embora esta não substitua, claro, um conjunto de valores morais.

E, bem…, se tivesse filho invasor de Reitoria, tentaria convencê-lo a fazer a coisa certa! Se o marmanjo insistisse, eu cortaria o sucrilho, o toddynho e a mesada do bruto. Se ele persistisse, acho que lhe dava uns petelecos para aprender a se comportar como um cidadão civilizado numa sociedade democrática e de direito.

Era só o que me faltava, né? Agora somos eu e Justin Bieber candidatos à fila do exame de DNA…

Baby, baby, baby oooh
Baby, baby, baby no
Baby, baby, baby oooh 

PS - Se vocês virem por aí um senhor roubando pirulito de criança e dando peteleco na orelha de velhinhos, não sou eu, tá?

Por Reinaldo Azevedo

Santos X Barcelona: no futebol, cabe o inesperado, mas não o milagre. Ou: O quer faz Messi ser Messi? Ou ainda: Neymar será um dia Neymar?

Com a devida vênia, o confronto entre o Santos e o Barcelona foi um vexame para o futebol brasileiro. Não entra aqui o meu “coração corintiano”. Não estou certo de que pudesse ser muito diferente se o meu time estivesse em campo. Talvez houvesse um meio-de-campo um pouco mais duro, mais brigador, e a tal “aula de futebol” não tivesse fluído com tamanha desenvoltura. Mas resta evidente que não temos um time à altura daquela disputa. Por quê? Bem, é uma questão de estrutura e de mentalidade. Vejam o grau de profissionalismo que atingiu o futebol espanhol e compare com os pterodáctilos, a começar da cúpula da CBF, que cuidam do futebol brasileiro. O que se viu ontem no Japão foi o triunfo do método sobre a poesia fora de lugar.

O Barcelona não tinha em campo um ou dois jogadores realmente diferenciados, mas ONZE. No jogo do método, o talentoso Neymar desapareceu, levantando a suspeita óbvia, não adianta tentar cobrir o sol com a peneira, de que a sua permanência no Brasil concorre ou para a sua mediocrização ou para a sua subutilização. Não há grande vantagem em brilhar entre e contra os medíocres. O jogo de ontem não nos permite saber a que distância, pequena ou grande, está de Messi, por exemplo. O craque argentino tinha um time de outras estrelas a lhe dar suporte; dez outros talentos lhe davam suporte. Neymar, ainda que seja realmente Neymar, teria de operar o milagre de carregar outros dez nas costas. Seria uma tarefa impossível.

Com isso, quero, atenção!, dizer algo muito importante: O QUE FAZ BRILHAR O TALENTO É O MÉTODO, NÃO O CONTRÁRIO. Vale dizer: o talento excepcional, por excepcional, não se torna um método nem se converte numa experiência que possa ser ensinada ou aprendida. Ninguém, ainda que queira, terá o gênio natural de Messi ou Neymar. Mas é preciso que se criem as condições para que Neymar venha a ser Neymar, assim como há as condições, no Barcelona ao menos, para que Messi seja Messi. Eu estava na Argentina quando a Seleção deles passou pela humilhação que a tirou da Copa de 2010 — o Brasil viveria a sua logo depois. É claro que o jogador argentino não é, na equipe do seu país, nem sombra do que se vê no Barcelona. Afinal, falta o tal “método”.

Messi, pois, não é Messi por uma conspiração dos anjos, mas por uma determinação do rigor técnico. É preciso que os outros operem bem acima da média para que ele possa se mostrar excepcional. Como Neymar se mostra mesmo muito talentoso,  é um garoto boa-praça, está muitíssimo bem-assessorado, vivíamos a ilusão do milagre: “Ah, ele chega lá, dá uns dois ou três dribles desconcertantes, e a nossa gente vai mostrar o seu valor”. Bem, não é assim. Essa é a doce ilusão da vitória da poesia sobre o rigor técnico. Não acontece. Os poemas acabaram escritos pelo jogador argentino.

Nas asas da ilusão, esquecemo-nos até do fato de que o Santos fez um Campeonato Brasileiro medíocre, numa safra de times — e olhem que o meu Coringão chegou lá —, vamos ser claros, sofríveis. Ou alguém aí chamaria de “brilhante” o Vasco ou o Corinthians? Estavam muito longe disso, não é mesmo? Mesmo assim, o Santos que iria disputar o tal mundial ficou lá pelo meio da tabela.

Eu sei que é chato dizer isto; sei que os santistas vão ficar bravos e coisa e tal, mas o fato é este: só saberemos se Neymar ainda será Neymar quando ele puder enfrentar jogadores à altura do talento que imaginamos que ele tem. Terá de ser testado num time organizado, estruturado, contra outros times igualmente organizados e estruturados, compostos realmente de estrelas. Eu estou entre aqueles que acreditam que o garoto tem um talento excepcional, desses que surgem raramente. Mas isso precisa ser testado e comprovado.

Sabem aquele clichê segundo o qual o futebol é uma caixinha de surpresas? Pois é… Até pode ser. Um esporte em que se pode perder por um a zero ou em que é possível um empate em zero a zero, a margem para o inesperado é grande.

O inesperado acontece, mas não o milagre.

Por Reinaldo Azevedo

O terrorismo já está entre nós, mas seguimos sem uma lei antiterror. E tudo porque a extrema esquerda seria prejudicada, coitadinha!

VEJA volta a exibir na edição desta semana evidências de que o terrorismo islâmico já descobriu o Brasil. Em abril de 2011, isso já tinha ficado evidente. Há casos até de aliciamento de brasileiros pobres por grupos terroristas. E, no entanto, o que é escandaloso, O BRASIL NÃO DISPÕE DE UMA LEI ESPECÍFICA QUE PUNA O CRIME DE TERRORISMO.

Brasil sem lei
O Inciso 8 do Artigo 4º da Constituição diz que este país repudia o terrorismo — junto com o racismo, diga-se:
“VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo.
Atenção! O Inciso 43 do Artigo 5º estabelece:
“XLIII - A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem”.

Muito bem! Fizemos uma lei para punir o racismo, fizemos uma lei para punir a tortura, MAS NÃO FIZEMOS UMA LEI PARA PUNIR O TERRORISMO. Até hoje, meus caros, inexiste a caracterização do que é terrorismo no Brasil - e essa é uma das questões que indispõem o governo americano com o Brasileiro. A propósito: a política externa brasileira -  E ISTO DILMA E ANTONIO PATRIOTA AINDA NÃO MUDARAM E DUVIDO QUE MUDEM - se nega a reconhecer o Hezbollah, o Hamas e as Farc como movimentos terroristas.

Mas por que o Brasil não vota uma lei definindo o terror e estabelecendo as penas?

Em maio de 2009, quando circularam informações sobre Khaled Hussein Ali, que foi, então, identificado na imprensa brasileira como o “libanês K”, que tinha ligações com a  Al Qaeda, eu contei aqui por que o Brasil não tem uma lei antiterror:
“Porque isso criaria dificuldades internas e externas. Sim, senhores! No dia em que uma lei criar punição específica, o primeiro grupo a ser enquadrado é o MST. Mais: quando o Brasil tiver tal texto, terá de parar de flertar com terroristas latino-americanos ou do Oriente Médio, como faz hoje em dia.”

É isto mesmo que vocês entenderam: no dia em que o país tiver uma lei que defina e puna o terrorismo, CONFORME PEDE A CONSTIUIÇÃO, grupos como o MST, a Via Campesina e o Movimento dos Atingidos por Barragens seriam facilmente enquadrados caso não mudassem suas práticas — em 2007, essa útima turma ameaçou abrir as comportas de Tucuruí no seu permanente esforço de “negociação”.

No dia 26 de maio de 2009, diante da evidência de que a Al Qaeda já estava entre nós, o inefável Tarso Genro, então ministro da Justiça, tratou o terrorismo como uma variante de “corrente de opinião”. No dia seguinte, sustentou que o país realmente não precisa tipificar esse tipo de crime porque a legislação comum dá conta do recado — o que é conversa mole. PORQUE A LEI NÃO EXISTE, TODAS AS PESSOAS PRESAS NO BRASIL POR CAUSA DE VÍNCULOS COM MOVIMENTOS TERRORISTAS ESTÃO SOLTAS! O Babalorixá de Banânia, então presidente da República, acusou a interferência de estrangeiros no Brasil (sem dúvida!!!), e o Ministério Público se encarregou de divulgar uma nota um tanto rebarbativa e precipitada, que falava na “ausência de provas”.

Encerrando
É isso aí! Faz-se um pandemônio porque alguém emite uma opinião considerada “errada” — e pouco importa quão estúpida ela seja —, e as “autoridades” permitem que o país seja um campo aberto para a articulação de terroristas.

Às vésperas da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016.

PS: Se vocês procurarem nos arquivos, escrevi uma penca de posts sobre o tal libanês em 2009 e o fato de o Brasil não ter uma lei antiterror. Alguns tentaram mangar: “Como esse Reinaldo é paranóico!” Pois é…

Por Reinaldo Azevedo

19/12/2011

 às 7:03

Kim Jong-Il, a múmia comunista, morreu; “príncipe herdeiro” assumirá “o trono”.

Kim Jong-Il, o nanico homicida, junto com os militares. Já foi para o céu dos comunistas, que é o inferno

Kim Jong-Il, o nanico homicida, junto com os militares. Já foi para o céu dos comunistas, que é o inferno

Kim Jong-Il, ditador da Coréia do Norte, morreu no sábado, mas a televisão oficial do país só anunciou o fato nesta segunda, ainda domingo por aqui, com uma apresentadora em prantos. Foi-se o “Estimado Líder”. Deve assumir o seu lugar Kim Jong-un, seu filho, que anda aí pelos 30 anos, ninguém sabe ao certo. O pai já o tinha promovido a general de quatro estrelas e vice-presidente da Comissão Militar Central do Partido dos Trabalhadores, que é o Partido Comunista.

A Coréia do Norte é a ditadura mais fechada do planeta. Um estrangeiro não pode, imaginem vocês, entrar no país com um reles celular. É proibido dobrar um jornal que tenha estampada a foto do “estimado líder”. Alimenta-se no país o mito de que o nascimento do nanico homicida se fez anunciar por uma estrela e um arco-íris duplo. Trata-se de uma dos países mais miseráveis do mundo — em contraste com a rica Coréia do Sul —, porém com um Exército regular de mais de um milhão de homens e pelo menos 4 milhões de reservistas. Mais: embora boa parte dos 23 milhões de coreanos passe por terríveis privações — há relatos de canibalismo em áreas rurais —, trata-se de um país “nuclear”. Eles têm a bomba.

Kim Jong-un, o sucessor: convém não se enganar com a bara do bebê gorducho...

Kim Jong-un, o sucessor: convém não se enganar com a bara do bebê gorducho...

Ninguém sabe quem é Kim Jong-um num país que acabou se transformando, na prática,  numa monarquia. Uma coisa é certa: Kim Jong-Il contava com o apoio da cúpula das Forças Armadas. A  morte do tiranete poderia acenar com alguma abertura do regime? Não se tem a menor idéia a respeito. Uma imagem define o surrealismo do país. Vejam isto:

guarda-de-transito-coreia-do-norteEscolhidas pessoalmente por Kim Jong-Il, segundo se diz, as controladoras de trânsito mantêm sua coreografia mesmo quando as ruas da capital estão vazias, o que é freqüente em Pyongyang. Vocês entenderam direito. Elas são o semáforo. Mesmo sem carros, passam o dia gesticulando para o nada, liberando a passagem de carros inexistentes. À sua maneira, isto é inegável, Kim Jong-Il foi um verdadeiro aplicador das teorias comunistas… Para vocês terem uma idéia, o PIB da Coréia do Norte corresponde hoje a 3,1% do da Coréia do Sul.

Em 2009, Thaís Oyama, editora de VEJA, conseguiu entrar na Coréia do Norte como turista e contou o que viu. É imperdível. Thaís é dona de um dos melhores textos da imprensa brasileira, entrevistadora brilhante e exímia repórter. Resultado: um trabalho exemplar. Como sempre, tudo o que se diz de um regime comunista não coincide com a realidade, que é invariavelmente pior. O totalitarismo norte-coreano não é menos bizarro do que violento. Abaixo alguns trechos do impressionante relato de Thais, cuja integra está aqui
*
(…)
Ainda na China e, novamente, antes do embarque, os organizadores da excursão alertaram os turistas para que não dobrassem jornais que estampassem a foto de Kim Jong-Il (caso da edição lida no avião e, pelo que se viu mais tarde, de todas as outras já rodadas no país), sob pena de “ofender gravemente” os norte-coreanos. A lista de atitudes proibidas incluía ainda falar com a população nas ruas, tirar fotografias sem permissão e perguntar aos guias nativos sobre questões como a saúde de Kim Jong-Il ou a existência de campos de concentração no país. Na chegada ao aeroporto de Pyongyang, o grupo foi obrigado a entregar os celulares e a submeter toda a bagagem a uma revista cuidadosa, destinada a evitar o ingresso de material ideologicamente suspeito. O que seria ideologicamente suspeito? Basicamente tudo.”
*
O culto a Kim Il-sung - cujo nome não é jamais pronunciado sem um dos epítetos costumeiros: “Grande Líder”, “Sol da Humanidade” ou “Inigualável Patriota” - deve-se principalmente ao fato de que, sob o seu reinado, a Coreia do Norte viveu os seus melhores dias, graças à mesada da então União Soviética. Até 1965, o PIB do país era três vezes o da Coreia do Sul e cada grão que brotava do solo era apresentado como um presente ofertado ao povo por Kim Il-sung. Quando cessou a ajuda dos camaradas russos e a grande fome do fim dos anos 90 devastou a Coreia do Norte (…).Resultado: hoje, o PIB da Coreia do Norte equivale a 3,1% do da Coreia do Sul.
*
Mas nada supera o espanto causado pela visão das guardas de trânsito da capital. Postadas em pedestais instalados nos cruzamentos, elas mantêm uma frenética atividade de sinalização com a cabeça e os braços mesmo quando as ruas estão desertas - e elas sempre estão desertas. A explicação da guia para o comportamento é a seguinte: como, por muito tempo, os Estados Unidos impediram a Coreia do Norte de desenvolver seu programa de energia nuclear, o país passou a sofrer de um déficit crônico de eletricidade. Assim, as controladoras de tráfego atuam como semáforos humanos, já que o uso de similares eletrônicos seria um desperdício. E por que elas têm de gesticular sem parar mesmo quando não há um único carro na rua? A guia não sabe responder. Diz-se na Coreia do Norte que o Querido Líder em pessoa (também conhecido como “Inteligente Líder” ou “Respeitado Líder”) é quem escolhe as belas guardas - dissimulados símbolos sexuais e heroínas de muitos dos filmes produzidos lá (Sentinela do Cruzamento, por exemplo, fala sobre “a dedicação ao trabalho e o terno amor das guardas pelo povo e também sobre a verdadeira supremacia do socialismo do nosso país”, diz o texto que resume o enredo).
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Na distopia totalitária de Kim Jong-Il, a população é dividida em três castas: a dos “leais”, que compreende de 20% a 30% da população; a dos “neutros”, em que se encaixam em torno de 60% dos norte-coreanos; e a dos “reacionários”, ou “hostis” - que totaliza 10% ou 20% da população. É com base nessa classificação, com 56 subdivisões, que o governo define se uma pessoa pode ou não cursar a universidade, a quantidade de ração que vai receber e a ocupação que terá ao longo da vida.

Por Reinaldo Azevedo

19/12/2011

 às 7:01

Morre ícone da “Revolução de Veludo” que derrotou o comunismo na Europa

vaclav-havelNo Estadão:
O ex-presidente checo, dramaturgo e símbolo da Revolução de Veludo, Vaclav Havel (foto), morreu ontem aos 75 anos, em sua casa no norte da República Checa. Acompanhado de sua mulher, Dagmar, o líder da luta anticomunista morreu enquanto dormia - ao final de uma longa batalha contra problemas respiratórios que já se manifestaram nos anos 90, quando teve de se submeter a uma cirurgia de câncer no pulmão.

Em sua homenagem, Timothy Garton Ash, amigo particular de Havel e autor do livro The Magic Lantern, um relato da Revoluções de Veludo, de 1989 - e de várias outras obras sobre o abandono do comunismo na Europa -, escreveu o seguinte texto.
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Com as mãos zunindo como duas hélices. Vaclav Havel caminha a passos curtos e rápidos pelo salão de espelhos no Teatro da Lanterna Mágica, quartel-general da Revolução de Veludo. Essa figura atarracada, ligeiramente curvada, usando jeans e suéter, para por um instante, e começa a me falar de algumas “importantes negociações”; três frases e desaparece. Ele me dá um sorriso de desculpas, como se dissesse: “O que fazer?”

Ele sempre se expressou como um crítico irônico observando o teatro da vida, mas ali, na Lanterna Mágica, em 1989, ele era o principal ator e diretor de uma peça que mudou a história.

Vaclav Havel foi um personagem que definiu a Europa do século 20. Não era apenas um dissidente, mas o epítome do dissidente, como entendemos este termo em sua origem. Não foi somente o líder de uma revolução de veludo, mas o líder da Revolução de Veludo original, aquela que forneceu um rótulo que foi usado em muitos outros protestos em massa, não violentos, a partir de 1989. (Ele sempre insistiu que um jornalista ocidental é que havia cunhado o termo).

Havel não foi simplesmente um presidente, mas foi o presidente fundador da hoje República Checa. Não foi somente um europeu, mas o europeu que, com a eloquência de um dramaturgo profissional e a autoridade de ex-prisioneiro político, nos lembrou das dimensões morais e históricas do projeto europeu. Observando a confusão em que hoje se encontra esse projeto, só posso gritar: “Havel! Devias estar vivo nesta hora: A Europa tem necessidade de ti”.

Ele foi um dos seres humanos mais cativantes que já conheci. A primeira vez que nos encontramos foi na década de 80, quando ele acabara de ser libertado depois de vários anos na prisão. Conversamos no seu apartamento à margem do rio, com sua grande mesa de escritor e uma vista, que parecia uma pintura, de Praga. Embora a polícia secreta comunista tivesse, então, chegado à conclusão que o núcleo ativo do movimento da Carta 77 - provavelmente realisticamente - era formado por apenas algumas centenas de pessoas, ele insistiu que o apoio popular silencioso estava crescendo. Um dia, as velas acesas derreteriam o gelo. É importante lembrar que ninguém sabia quando esse dia chegaria.

E levou 6 anos, mas poderia ter demorado 22 anos, como foi o caso de Aung Suu Kyi - que Havel altruisticamente indicou para o Premio Nobel da Paz, numa ocasião em que ele próprio deveria ser o ganhador.

A honra do dissidente não consiste só da vitória política. Vaclav Havel foi o epítome de um dissidente porque persistiu na luta, de modo paciente, não violento, com dignidade e inteligência, não sabendo quando - ou se - a vitória chegaria. O sucesso já se constituía nessa persistência, na prática da “antipolítica”, a política como arte do impossível.

Enquanto isso, ele analisava o sistema comunista em profundidade, e também nos ensaios pragmáticos e nas cartas escritas na prisão para sua primeira mulher, Olga. Na sua famosa parábola do vendedor de frutas schweikiano, que colocou um cartaz na vitrine da sua quitanda, entre maçãs e cebolas, que dizia: “trabalhadores de todos os países, uni-vos!” - embora naturalmente não acreditasse numa palavra que tinha escrito - Havel captou o insight fundamental que toda resistência civil suscita: que mesmo os regimes mais opressivos dependem de uma aceitação mínima por parte dos governados.

Quando teve a chance de praticar a resistência civil, Havel transformou-a num teatro político eletrizante, tendo por palco a Praça Wenceslau de Praga. Um elenco de 300.000 pessoas se expressou como se fosse uma só. Lamente muito Cecil B. de Mille. Ninguém que esteve ali esquecerá aquela cena de Havel e Alexander Dubcek, o herói de 1989 e o herói da Primavera de Praga de 1968, lado a lado na sacada: “Dubcek-Havel! Dubcek-Havel!”

Ou do som de 300.000 porta-chaves sendo chacoalhados ao mesmo tempo, como sinos chineses. Raramente um minúscula minoria se tornou tão rapidamente uma grande maioria. Talvez isso ocorra em breve em Mianmar.

Mas a Checoslováquia - como era então ainda - teve o benefício de chegar mais tarde à festa de 1989. Poloneses, alemães orientais e húngaros já tinham feito a maior parte do trabalho mais difícil, aproveitando a chance que Gorbachev lhes ofereceu. Quando cheguei em Praga e procurei Havel no seu pub predileto, brinquei com ele, dizendo que na Polônia foram necessários dez anos, na Hungria dez meses, na Alemanha dez semanas; talvez ali seriam necessários dez dias. Ele imediatamente me fez repetir o gracejo diante de uma equipe de filmagem clandestina. No caso, ele seria presidente dentro de sete semanas. Eu me lembro vividamente do momento em que começaram a aparecer crachás feitos manualmente com a inscrição “Havel para presidente”. “Posso ficar com um?”, ele perguntou educadamente para o estudante que os vendia.

“Povo, o seu governo retornou a vocês”, ele declarou no seu discurso de Ano-Novo em 1990 ao assumir o cargo de chefe de Estado, repetindo a frase do primeiro presidente da Checoslováquia, Tomas Garrigue Masaryk.

Aquelas primeiras semanas no Castelo de Praga foram frenéticas, hilariantes, edificantes e caóticas. Ele me mostrou a câmara de tortura original. “Acho que a usaremos para negociações”. Mas então a dura labuta de desfazer o comunismo começou. Todo o veneno acumulado por mais de 40 anos começou a escorrer. Agentes políticos mais irredutíveis, como Vaclav Klaus, foram os primeiros a cair. Da mesma maneira o nacionalismo. Eslovacos e eventualmente também checos. Havel lutou com toda sua eloquência para manter vivo o sonho de Masaryk de uma república multinacional, cívica - em vão.

Ele retornou como presidente fundador da República Checa atual, oriunda do chamado divórcio de veludo da Eslováquia. Ele sentia, com boas razões, que tinha de estar presente na sua criação. Acho que permaneceu tempo demais neste papel. Menos teria significado mais. Com a saúde debilitada, estava esgotado diante dos intermináveis deveres protocolares e as disputas políticas mesquinhas e, na ocasião, seus concidadãos pareciam estar cansados dele.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

19/12/2011

 às 6:59

O livro vendido de ficção vendido como não-ficção

A exemplo do que ocorre em todas as categorias, também no jornalismo há pessoas honestas e desonestas, boas e más, competentes e incompetentes etc. Mas essa é uma profissão em que, muitas vezes, o sujeito pode até ser honesto, bom e competente, porém covarde. Por receio das patrulhas, especialmente nestes tempos em que o estado, por intermédio do governo e das estatais, sustenta uma súcia de chapas-brancas, deixa de escrever o que tem de ser escrito e cede ao oficialismo.

Merval Pereira está na categoria dos honestos, bons, competentes e corajosos. E olhem que temos, sim, discordâncias, que já se manifestaram até em debates de que ambos participamos. Há uma característica nos jornalistas realmente independentes: não formam “igrejinhas”, grupelhos e grupinhos. No Globo deste domingo, Merval escreveu um artigo intitulado “A ficção do Amaury”, que sintetiza, em linguagem elegante, o que tem de ser dito a respeito dessa pantomima. Leiam.
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O livro “Privataria tucana”, da Geração Editorial, de autoria de Amaury Ribeiro Jr, é um sucesso de propaganda política do chamado marketing viral, utilizando-se dos novos meios de comunicação e dos blogueiros chapa-branca para criar um clima de mistério em torno de suas denúncias supostamente bombásticas, baseadas em “documentos, muitos documentos”, como definiu um desses blogueiros em uma entrevista com o autor do livro.

Disseminou-se a idéia de que a chamada “imprensa tradicional” não deu destaque ao livro, ao contrário do mundo da internet, para proteger o ex-candidato tucano à presidência José Serra, que é o centro das denúncias.

Estariam os “jornalões” usando dois pesos e duas medidas em relação a Amaury Jr, pois enquanto acatam denúncias de bandidos contra o governo petista, alegam que ele está sendo processado e, portanto, não teria credibilidade?

É justamente o contrário. A chamada “grande imprensa”, por ter mais responsabilidade que os blogueiros ditos independentes, mas que, na maioria, são sustentados pela verba oficial e fazem propaganda política, demorou mais a entrar no assunto, ou simplesmente não entrará, por que precisava analisar com tranqüilidade o livro para verificar se ele realmente acrescenta dados novos às denúncias sobre as privatizações, e se tem provas.

Outros livros, como “O Chefe”, de Ivo Patarra, com acusações gravíssimas contra o governo de Lula, também não tiveram repercussão na “grande imprensa” e, por motivos óbvios, foram ignorados pela blogosfera chapa-branca.

Desde que Pedro Collor denunciou as falcatruas de seu irmão presidente, há um padrão no comportamento da “grande imprensa”: as denúncias dos que participaram das falcatruas, sejam elas quais forem, têm a credibilidade do relato por dentro do crime.

Deputado cassado e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson desencadeou o escândalo do mensalão com o testemunho pessoal de quem esteve no centro das negociações, e transformou-se em um dos 38 réus do processo.

O ex-secretário de governo Durval Barbosa detonou a maior crise política da história de Brasília, com denúncias e gravações que culminaram com a prisão do então governador José Roberto Arruda e vários políticos.

E por aí vai. Já Amaury Ribeiro Jr. foi indiciado pela Polícia Federal por quatro crimes: violação de sigilo fiscal, corrupção ativa, uso de documentos falsos e oferta de vantagem a testemunha, tendo participado, como membro da equipe de campanha da candidata do PT, de atos contra o adversário tucano.

O livro, portanto, continua sendo parte da sua atividade como propagandista da campanha petista e, evidentemente, tem pouca credibilidade na origem.

Na sua versão no livro, Amaury jura que não havia intenção de fazer dossiês contra Serra, que foi contratado “apenas” para descobrir vazamentos internos e usou seus contatos policiais para a tarefa que, convenhamos, conforme descrita pelo próprio, não tem nada de jornalística.

Ele alega que a turma paulista de Rui Falcão (presidente do PT) e Palocci queria tirar os mineiros ligados a Fernando Pimentel da campanha, e acabou criando uma versão distorcida dos fatos.

No caso da quebra de sigilo de tucanos, na Receita de Mauá, Amaury diz que o despachante que o acusou de ter encomendado o serviço mentiu por pressão de policiais federais amigos de José Serra.

Enfim, Amaury Ribeiro Jr, tem que se explicar antes de denunciar outros, o que também enfraquece sua posição. Ele e seus apoiadores ressaltam sempre que 1/3 do livro é composto de documentos, para dar apoio às denúncias. Mas se os documentos, como dizem, são todos oficiais e estão nos cartórios e juntas comerciais, imaginar que revelem crimes contra o patrimônio público é ingenuidade ou má-fé. Que trapaceiro registra seus trambiques em cartórios?

Há, a começar pela escolha do título - Privataria Tucana -, uma tomada de posição política do autor contra as privatizações.

E a maneira como descreve as transações financeiras mostra que Amaury Ribeiro Jr. se alinha aos que consideram que ter uma conta em paraíso fiscal é crime, especialmente se for no Caribe, e que a legislação de remessa de dinheiro para o exterior feita pelo Banco Central à época do governo Fernando Henrique favorece a lavagem de dinheiro e a evasão de divisas.

É um ponto de vista como outro qualquer e ele tenta por todas as maneiras mostrar isso, sem, no entanto, conseguir montar um quadro factual que comprove suas certezas.

Vários personagens, a maioria ligada a Serra, abrem e fecham empresas em paraísos fiscais, com o objetivo, segundo ilações do autor, de lavar dinheiro proveniente das privatizações e internalizá-lo legalmente no País.

Acontece que passados 17 anos do primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, e estando o PT no poder há 9 anos, não houve um movimento para rever as privatizações.

E os julgamentos de processos contra os dirigentes da época das privatizações não dão sustentação às críticas e às acusações de “improbidade administrativa” na privatização da Telebrás.

A decisão nº 765/99 do Plenário do Tribunal de Contas da União concluiu que, além de não haver qualquer irregularidade no processo, os responsáveis “não visavam favorecer em particular o consórcio composto pelo Banco Opportunity e pela Itália Telecom, mas favorecer a competitividade do leilão da Tele Norte Leste S/A, objetivando um melhor resultado para o erário na desestatização dessa empresa”.

Também o Ministério Público de Brasília foi derrotado e, no recurso, o Tribunal Regional Federal do Distrito Federal decidiu, através do juiz Tourinho Neto, não apenas acatar a decisão do TCU mas afirmar que “não restaram provadas as nulidades levantadas no processo licitatório de privatização do Sistema Telebrás. Da mesma forma, não está demonstrada a má-fé, premissa do ato ilegal e ímprobo, para impor-se uma condenação aos réus.

Também não se vislumbrou ofensa aos princípios constitucionais da Administração Pública para configurar a improbidade administrativa..

O livro de Amaury Ribeiro Jr. está em sexto lugar na lista dos mais vendidos de “não-ficção”. Talvez tivesse mais sucesso ainda se estivesse na lista de “ficção”.

Por Reinaldo Azevedo

Uma análise absolutamente objetiva e fria da pesquisa CNI-Ibope. Ou: Um governo ruim, mas bom!

Vocês notaram que, para o eleitor, o governo Dilma é ruim, mas é bom? Como? Sim, no post anterior, informa-se que a administração é reprovada pela maioria em SEIS dos NOVE itens analisados. Qual é o “fenômeno”? Fenômeno nenhum! É tudo lógica.

É claro que, estando certo (e não tenho indício nenhum de que não esteja), o resultado da pesquisa CNI-Ibope é excelente para Dilma Rousseff. Posso até achar, e acho, que não é compatível com qualidade e realizações do governo, mas e daí? Isso não muda o fato. É inesperado? Acho que não. Pensemos.

O governo Dilma, sabe-o qualquer especialista — e isso preocupa o próprio Lula, como ele próprio vaza aqui e ali —, é de baixíssima performance. O PAC está empacado; o “Minha Casa, Minha Vida” não anda; as creches não saem do papel; as UPAs ainda estão em regime de “upa-upa, cavalinho Alazão” (é para distrair inocentes…); boa parte das obras de mobilidade da Copa ficará no papel (daí a tentativa de se mudar até a data do recesso escolar); as licitações dos aeroportos tardam e estão enroladas numa barafunda de critérios por causa do preço mínimo… Bem, Dilma é ruim de serviço no médio e no longo prazos e arca, sim, com uma herança nada bendita. Herança de quem? De Lula e dela própria, a gerentona.

Mas isso já chegou à população? Não! A economia, em razão de dificuldades externas, está crescendo a um ritmo muito menor. Isso está sendo percebido nas ruas de maneira clara? Ainda não! Será em algum momento? Depende de duas coisas: a) da duração; b) de o eleitor sentir que há uma alternativa na oposição, tendo onde ancorar suas insatisfações. Ninguém pode responder a questão “a” com certeza, e a “b”, por enquanto, é cabeça de bacalhau. Ninguém viu.

Alguns bobinhos da oposição acham que, se jogarem parados, fazendo o discurso do bom-mocismo, vão seduzir maiorias. Pfffuuuiii!!! Não seduzem ninguém. Como a maioria das pessoas tende a rejeitar o nihilismo — ainda bem! —, fica com suas expectativas encostadas no governo mesmo… Quem não se apresenta para o jogo não recebe a bola. Esse negócio de achar que pode ficar na banheira para fazer o gol nos minutos finais é coisa do futebol de antigamente.

Muito bem! Não há grandes realizações, mas também não há uma piora sensível na qualidade de vida, que possa ser identificada como coisa deste governo — a não ser pela inflação, que volta a incomodar. Mas nada ainda que mobilize as pessoas. Dilma contou neste primeiro ano com uma grande ajuda: a da imprensa — e justamente daquela que aqueles larápios a soldo chamam “golpista”. Ao demitir ministros pegos com a boca na botija com razoável agilidade, ganhou pontos junto à população. A GRANDE REALIZAÇÃO DE DILMA NO PRIMEIRO ANO FOI, VEJAM SÓ, A FAXINA. Dependesse do subjornalismo a soldo, ninguém teria sido demitido, e sua reputação, provavelmente, seria outra. Era o que eles queriam. Afinal, torcem mesmo é pela volta de Dom Lula Sebastião.

A forma como Dilma governa é aprovada, diz a pesquisa, por 72%, e isso contamina, é óbvio, a avaliação que se tem do governo. E é a própria pesquisa que o demonstra. Vamos ver. O governo é aprovado em apenas três áreas:
1) combate à fome e à pobreza (56% a 39%);
2) combate ao desemprego (50% a 45%);
3) meio ambiente (48% a 44%).
Exceção feita ao item 1, a diferença é apertada.

O governo é reprovado pela maioria em nada menos do que seis áreas:

1) Saúde - 67%;
2) impostos - 66%;
3) segurança - 60%;
4) taxa de juros - 56%;
5) combate à inflação - 52%;
6) educação - 51%

Como pode ter taxa tão expressiva de aprovação geral um governo reprovado nos itens tomados individualmente? Ora, fica evidente que Dilma tem sido bem-sucedida em se descolar dos insucessos da própria gestão, como se fosse, de fato, uma gerente durona que está aí para moralizar o processo político e não tivesse nada a ver com ele.

Se souber disso, Barack Obama vai morrer de inveja. A cada vez que, nos EUA, ele ataca os “políticos de Washington” (como se ele tivesse caído da Lua), gostaria de estar justamente na posição em que se encontra Dilma: “Não tenho nada a ver com o que os políticos fazem de errado”. Obama ainda não conseguiu isso. Há fatores que explicam a dificuldade: o eleitorado americano é menos sensível a essa tática do “não tenho nada com isso”; a economia por lá não ajuda.

Mais um ano de crescimento só medíocre, aí pelos 3%, e a reiteração da ineficiência em vários setores podem afetar a imagem de Dilma? Potencialmente, sim! Mas insisto: o eleitorado, para começar a descrer, tem de ancorar a sua descrença — e, pois, a sua crença — em algum lugar. Quem, na oposição, hoje ou daqui a pouco, se oferece como alternativa? O ELEITOR REJEITA O VÁCUO. Se está com o saco cheio de todo mundo, acaba indo para a praça, como ocorreu na Espanha. Se não vai, é porque está convicto de que uma resposta ainda é possível. Não havendo nada no terreno oposicionista a não ser tiro no pé, vai ficando com Dilma mesmo.

A tarefa da oposição já não seria fácil tivesse ela uma boa estratégia! Não tendo… Por que digo isso? Dilma concorrerá à reeleição em ano de Copa do Mundo. Não me refiro ao resultado do torneio, aquela tolice segundo a qual a vitória da Seleção é boa para o governo, e a derrota, ruim. O eleitor não é tonto assim, não! O ponto é outro. Dilma passará todo o segundo semestre de 2013 e o primeiro de 2014 inaugurando obras, algumas muito vistosas, ainda que a Copa vá cobrar o seu preço por muitos anos. É evidente que se trata de uma arma eleitoral poderosa. Será um clima de “Pra Frente Brasil” como não se terá visto desde 1970! Aliás, não se despreze a importância das obras prometidas na excelente avaliação que se tem da presidente.

Os petralhas batem as patinhas e soltam seus guinchinhos, dadas as manifestações que me chegam, achando que, sei lá, vou dormir na pia porque a pesquisa é boa para Dilma. Como se vê, nada perturba meu apego à objetividade. Não estou aqui para ludibriar ninguém. Quanto ao gosto, só para encerrar, não sei por quê, intuo que Lula gosta desses números muito menos do que eu…

Texto originalmente publicado às 19h43 desta sexta
Por Reinaldo Azevedo

17/12/2011

 às 6:27

Até ministra sueca desmente Pimentel!!!

Por Jamil Chade, no Estadão:
Única autoridade a se encontrar oficialmente com o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, na quinta-feira em Genebra, a ministra sueca Ewa Björling deu do encontro versões diferentes da dele. Além disso, ela foi questionada pela imprensa sueca por ter recebido um ministro suspeito de irregularidades.

A ausência de Pimentel, na quinta-feira, de todas as reuniões oficiais ainda é cercada de mistério. Diplomatas foram orientados a não abrir a boca sobre o caso.

Pimentel faltou a todas as reuniões da OMC naquele dia, durante a abertura da conferência ministerial da entidade. Sua cadeira ficou vazia e o único encontro divulgado por sua assessoria foi uma reunião com a delegação sueca, que durou apenas 30 minutos. Mas a versão sobre o tema do encontro varia dependendo do interlocutor.

Segundo o porta-voz de Pimentel, Ronald de Freitas, a venda de caças sueco ao Brasil não foi tratado no encontro. Horas depois, Pimentel dava outra versão, indicando que o assunto tinha sido levantado, mas apenas pela ministra. “Eu disse: vamos ver. As propostas estão sendo examinadas de novo, mas vai ser só no ano que vem”, afirmou.

Ontem, Ewa desmentiu Pimentel. Em declarações ao jornal da Suécia, Svenska Dagbladet, a ministra explicou que foi o brasileiro quem tocou no assunto. “Eu não levantei o tema dos aviões”, contou. “Ele (Pimentel) disse que estão olhando o padrão tecnológico, a questão financeira e as necessidades do Brasil.”

Por Reinaldo Azevedo

17/12/2011

 às 6:25

Falta de Pimentel na OMC é questionada

Por Eduardo Bresciani e Fernando Gallo, no Estadão:
O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), disse ontem que vai protocolar na próxima semana requerimento de informação pedindo detalhes da viagem do ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) a Genebra, na Suíça. Reportagem do Estado mostrou que Pimentel faltou a reuniões da Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Os requerimentos serão direcionados a Pimentel e ao ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Serão solicitadas cópias da agenda dos dois no evento da OMC e relatório das atividades realizadas, além de informações sobre a composição da comitiva e os custos da viagem.

O ministro tentou evitar a imprensa em Genebra para não responder a questionamentos sobre sua atividade como consultor nos anos de 2009 e 2010. “É preciso ter informações a respeito para que seja afastada a hipótese de o ministro ter faltado a compromissos de interesse do país para não ser abordado por jornalistas a respeito das denúncias”, disse Duarte Nogueira.

O presidente do PPS, Roberto Freire (SP), também criticou Pimentel. Disse que o ministro não tem mais condição de permanecer no cargo. Para Freire, a fuga de Pimentel para evitar o contato com a imprensa só agrava a situação.

“Quando um ministro começa a se esconder da imprensa é porque não tem mais condições para permanecer no cargo. Ele está se escondendo por quê? Por vergonha ou por não ter como se explicar. Me parece que esse silêncio é para encobrir malfeitorias”, disparou o presidente do PPS.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

17/12/2011

 às 6:23

Depois de anunciar os mortos pelas chuvas, agora Mercadante diz fazer “tudo” contra tragédias

Por Catarina Alencastro e Thiago Herdy, no Globo:
Um dia depois de anunciar que não seria possível evitar mortes de pessoas em função das chuvas, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, amenizou seu discurso. Disse que está fazendo “tudo” para evitar mortes por deslizamentos e inundações. A partir deste sábado, uma equipe de especialistas começa a trabalhar em regime de plantão 24 horas no Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), cuja criação fora anunciada em janeiro. Durante todo o ano, cinco profissionais se dedicavam ao sistema, mas desde o início de dezembro o contingente subiu para 20 - todos bolsistas que trabalhavam apenas no período diurno.

O ministro Aloizio Mercadante admite atraso no mapeamento de áreas de risco - apenas 56 cidades, de 251 consideradas críticas, estão prontas - , mas aponta que muitas vidas foram salvas graças ao trabalho que já vem sendo feito.

“Nós estamos fazendo tudo para diminuir ao máximo (as mortes). Em Santa Catarina, desalojamos 200 mil pessoas, gente que batemos na porta de casa e dissemos: ’sai, se não você vai morrer.’ E não morreram. Comparando com o que aconteceu em 2008, poderíamos ter centenas de mortes em Santa Catarina. Não tivemos. O Rio teve fortes chuvas em abril, e o sistema funcionou. Houve deslizamento e não morreu ninguém. Então, não é que nós vamos salvar, nós estamos salvando. E, se fosse para fazer tudo isso e salvar uma vida, já valia a pena - afirmou Mercadante.

Segundo o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do ministério, Carlos Nobre, quando o sistema estiver em pleno funcionamento, as mortes poderão ser reduzidas em até 80%. O governo não sabe dizer quando isso acontecerá. Na Região Serrana do Rio, dois radares já estão vigiando o que acontece no clima e alertando a população. Caso o volume de chuvas que caiu no local no início do ano, quando deslizamentos mataram mais de 600 pessoas, volte a acontecer, dificilmente o desfecho será o mesmo, aponta Nobre: “Se tiver um evento de muita chuva, hoje, com esse sistema, pelo fato de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis e vários outros municípios próximos já estarem dentro do sistema, diria que seria muito improvável uma repetição.”

Embora já tenha havido a integração do sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) de observação por satélite e radares ao do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), apenas 31 cidades com risco de desastres climáticos são cobertas por radares. A promessa para o próximo ano é instalar mais quatro radares, que cobririam 90% das áreas de risco, e 2.800 pluviômetros (aparelhos que medem a quantidade de chuva) em todo o país. Destes, 1.300 serão instalados em comunidades localizadas em morros e encostas e, portanto, mais suscetíveis de sofrer consequências trágicas das fortes chuvas. A capital do Rio deverá receber vários desses equipamentos, mas os locais ainda não foram definidos.

Mercadante disse que uma das razões para o atraso do governo em organizar a rede de alerta e monitoramento é o aumento rápido da severidade das tormentas no país. Outro fator é que o trabalho de mapeamento das áreas de risco é lento e difícil, o que é agravado pela ausência de geólogos no Brasil. “O Brasil está atrasado historicamente nessa agenda. Está atrasado porque nós não tínhamos a intensidade das mortes e a gravidade das ocorrências que temos tido nesse período recente”, apontou Mercadante.

Por Reinaldo Azevedo

17/12/2011

 às 6:21

Primeira ação do governo para proteger fronteiras é… CONTRATAR AGÊNCIA DE PUBLICIDADE

Por Breno Costa, na Folha:
A primeira ação do governo federal para reforçar a segurança nas fronteiras do país não foi melhorar a estrutura de vigilância, e sim contratar uma agência publicitária. Ainda em andamento, a contratação visa aumentar a “sensação de segurança” em relação a essas áreas. Ela foi a primeira a ser lançada no contexto do Plano Estratégico de Fronteiras, anunciado com destaque pela presidente Dilma Rousseff em junho. O plano objetiva impedir a entrada de armas e drogas, e foi a principal bandeira de Dilma para o combate ao tráfico na campanha eleitoral.

As promessas iam da aquisição de 14 Vants (veículos aéreos não tripulados) ao aumento do número de agentes nos 17 mil km de fronteiras. A contratação da publicidade está estimada em R$ 10 milhões. O valor representa 58% dos R$ 17,1 milhões que o governo gastou este ano em ações diretas de reforço à segurança das fronteiras. Se forem considerados só os gastos programados pelo governo Dilma, sem os compromissos firmados sob Lula, o custo com a contratação da agência publicitária representa mais do que o triplo.
(…)

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo

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