Por que o capitalismo sempre foi o verdadeiro socialismo. Agora a prova aritmética...

Publicado em 27/02/2012 08:07 e atualizado em 16/08/2013 15:38
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Por que o capitalismo sempre foi o verdadeiro socialismo. Agora a prova aritmética

Vocês sabem que a tirania chinesa é o grande farol do petismo. Os companheiros são fascinados por aquele misto de estatismo, ditadura, elite pistoleira e, ora veja, crescimento econômico.  Se há um lugar onde o capitalismo exibe a sua face realmente selvagem — sem, vamos dizer, os requintes civilizatórios dos direitos sociais —, esse lugar é a China. Fez-se uma sociedade de mercado para uns 400 milhões de pessoas, mantém-se uns 900 milhões debaixo de chicote, e a vida continua.

- Os petistas são obcecados pela “ditadura que funciona”.
- Alguns plutocratas nativos são obcecados pela “parceria” lá existente entre estado e iniciativa privada. Chamam  ”parceria” a mais pura pistolagem.
- Alguns que se querem “pragmáticos” são obcecados pelo, como chamarei?, “produtivismo”.

Como todo mundo sabe, a China só pode fazer o dumping clássico e exportar ao mundo a preço de banana porque faz um outro dumping, o de vidas humanas. Até alguns que se querem da minha turma, liberais, acham aquilo lindo! Lixo! Não são da minha turma. O liberalismo que não supõe o exercício das liberdades individuais e de organização é só a pistolagem dos mais fortes. Assim como o comunismo original era a pistolagem dos mais fracos. É claro que não poderia dar em nada.

Por que isso tudo? NoRadar Econômico do Estadão Online, Sílvio Guedes Crespo traz uma informação espetacular, veiculada pela agência Bloomberg. Leiam trechos:

Um levantamento da agência Bloomberg a partir de dados da Hurun Report, instituição que mede riqueza na China, mostrou que a elite política do país asiático tem um patrimônio dezenas de vezes superior ao das autoridades americanas. Em reportagem intitulada “Congresso bilionário chinês faz seus pares americanos parecerem pobres”, a Bloomberg informa que os 70 delegados mais ricos do Congresso Popular da China (que tem no total 3 mil membros) possuem, juntos, uma fortuna de US$ 89,8 bilhões. Enquanto isso, nos Estados Unidos, os 535 membros do Congresso, o presidente, os secretários (equivalente a ministros) e os nove membros da Suprema Corte - 660 pessoas no total - detêm, juntos, um patrimônio de US$ 7,5 bilhões.

A Bloomberg acredita que isso seja uma amostra de como o crescimento econômico chinês tem ocorrido de forma desequilibrada. É muito provável que seja verdade, mas, para não deixar dúvida, a agência poderia ter mostrado a evolução desses números ao longo do tempo. “É extraordinário ver esse grau de casamento entre riqueza e política”, disse à Bloomberg um analista do Brookings Institution, em Washington.

Na China, vários bilionários têm cargo público. Por exemplo, Zong Qinghou, segundo homem mais rico do país de acordo com a lista mais recente da Hurun Report, é um delegado do Congresso. Zhang Yin, a mulher mais rica da China, é membro da Conferência Consultiva Política Popular da China. Segundo a Bloomberg, o ex-presidente chinês Jiang Zemin promoveu a inclusão de empresários privados no Partido Comunista.

Essa diferença entre o patrimônio das autoridades americanas e o das chinesas ocorre porque na China parte considerável da elite econômica é ligada diretamente ao governo ou ao partido. Já nos EUA, as autoridades e os legisladores não são necessariamente bilionários.
(…)

Encerro
A democracia liberal é o único regime que permitiu, até hoje, a efetiva participação do homem comum no processo político: não precisa ser um plutocrata nem um membro do “partido”. Tudo aquilo que os comunas sempre pregaram é garantido, ora vejam, pelo capitalismo — desde que exercido sob a tutela democrática. Verdade insofismável: existe capitalismo sem democracia, mas não há democracia sem capitalismo. Se livres, é claro que a tendência dos homens será em favor da redistribuição da riqueza. O verdadeiro “socialismo”, pois, é a democracia capitalista. Sob ditaduras, o que se terá sempre será a concentração da riqueza.

O PT só não consegue ser “chinês” porque é incompetente. No mais, aquele modelo os inspira. O partido também ama o estado, a ditadura e vive de braços dados com espertalhões subsidiados, convertidos em grandes esteios da economia nacional.

Não se esqueçam jamais, meus queridos: o verdadeiro confronto de posições hoje em dia se dá entre “a direita” (como eles chamam) que trabalha para arrecadar impostos e “a esquerda” que vive pendurada nas tetas do estado, com seus plutocratas agregados.

Voltando ao centro: aquela desproporção entre a concentração de riqueza dos políticos chineses e dos homens de Estado nos EUA é ainda mais eloqüente se nos lembrarmos que os EUA têm um PIB de US$ 15 trilhões para uma população de 300 milhões de habitantes, e a China, de US$ 7 trilhões para a uma população de 1,3 bilhão! Os EUA, nação mais rica do planeta, tem o 15º PIB per capita do mundo (US$ 48.147); a China, o 90º (US$ 5.184). Só para vocês terem uma idéia, o PIB per capita de Banânia (US$ 11,177) é mais do que o dobro do chinês, o que nos coloca em 71º no ranking.

De novo: o modelo chinês, tão admirado pelos “companheiros”, consegue ter o 90º PIB per capta do mundo e concentrar nas mãos de 70 políticos a estratosférica quantia de US$ 89,8 bilhões. Em 15º lugar, toda a elite política americana tem apenas o correspondente a 1/12 desse total.

Ah, sim: o comunismo, o tal “regime da igualdade” tão apreciado pela petezada, é o chinês, tá, pessoal? Do modelo americano, os companheiros não gostam. Acham que ele é muito concentrador de renda…

Essa é uma das razões por que esses homens justos me encantam tanto. É por isso os JEGs (Jornalistas da Esgotosfera Governista) os defendem tanto!

Por Reinaldo Azevedo

 

A censura a um dicionário, o que o livro diz sobre “direita e esquerda” e, de novo, o preconceito racial e os JEG

Uma notícia que me enviaram ontem, publicada no Portal Terra, me deixou de queixo caído. Reproduzo trechos:
“O Ministério Público Federal (MPF) em Uberlândia (MG) entrou com uma ação contra a Editora Objetiva e o Instituto Antônio Houaiss para a imediata retirada de circulação, suspensão de tiragem, venda e distribuição das edições do Dicionário Houaiss, que contêm expressões pejorativas e preconceituosas relativas aos ciganos. Segundo o MPF, também deverão ser recolhidos todos os exemplares disponíveis em estoque que estejam na mesma situação.”

E por quê? A reportagem explica:
“O objetivo da ação é obrigá-los a suprimir do dicionário quaisquer referências preconceituosas contra uma minoria étnica, que, no Brasil, possui hoje mais de 600 mil pessoas. Para o MPF, os significados atribuídos pelo Dicionário Houaiss à palavra ‘cigano’ estão carregados de preconceito, o que, inclusive, pode vir a caracterizar crime. ‘Ao se ler em um dicionário, por sinal extremamente bem conceituado, que a nomenclatura ‘cigano’ significa aquele que trapaceia, velhaco, entre outras coisas do gênero, ainda que se deixe expresso que é uma linguagem pejorativa, ou, ainda, que se trata de acepções carregadas de preconceito ou xenofobia, fica claro o caráter discriminatório assumido pela publicação’, diz o procurador Cléber Eustáquio Neves. O procurador explica que ‘o direito à liberdade de expressão não pode albergar posturas preconceituosas e discriminatórias, sobretudo quando caracterizada como infração penal’. Segundo ele, a significação atribuída pelo Houaiss violaria o artigo 20 da Lei 7.716/89, que tipifica o crime de racismo.

Voltei
É um escândalo! Está faltando serviço ao doutor Cleber. Na versão online do dicionário, não se encontram as tais expressões, publicadas apenas na versão impressa. Com atesta o próprio procurador, o referido dicionário chama a atenção para o fato de que aquelas definições têm caráter pejorativo — e, pois, não podem ser tomadas como expressão da verdade.  O que me escandaliza em casos assim é que isso tudo custa dinheiro ao contribuinte. O doutor Cleber é pago — e muito bem-pago — com o nosso dinheiro. Sua ação mobiliza funcionários públicos e a estrutura do estado. O que ele está pedindo, de maneira aberta, desabrida, sem receios, atende por “censura”. Em nome da SUPOSTA preservação dos direitos de uma minoria, quer impor uma canga na linguagem. UMA COISA É INFORMAR O SENTIDO PEJORATIVO QUE ASSUMIU UMA DETERMINADA PALAVRA OU EXPRESSÃO; outra, distinta, é tomar esse sentido como expressão da verdade, o que o dicionário não faz. Basta ler.

Fui chamado por um tal Leandro Fortes —  consta que é jornalista — de “Exu”; ele pretendia, assim, me atacar. O “Exu” como sinônimo de demônio é, informei aqui, a distorção a que colonizadores submeteram uma entidade religiosa que tem origem na África negra. Isso tudo tem história. Padre Anchieta, por exemplo, fazia o seu trabalho de catequese recorrendo a peças de teatro. No “Auto de São Lourenço”, que vocês encontram na Internet, o Bem e o Mal disputam a alma dos índios. Não por acaso, os demônios bebem cauim e cultivam os valores… indígenas! Já a salvação é cristã.

Os idiotas diriam sem pestanejar sobre o padre: “Era preconceituoso e racista”. Os que têm algo entre as orelhas além do nariz entenderão que nem se pode ver o “outro” hoje em dia como Anchieta o via, com os valores do século 16, nem se pode voltar ao século 16 para julgar o jesuíta com os olhos de hoje. É por isso que não faz sentido censurar Monteiro Lobato por conta do que escreveu sobre Tia Nastácia. É por isso que cumpre que não se trate hoje uma mulher negra como Lobato tratou Tia Nastácia. Entendeu, Paulo Henrique Amorim? Ainda volto a você, rapaz! Não com a esperança de civilizá-lo, mas de evidenciar a sua estupidez.

Distorções
Dicionários têm distorções? Aos montes! Devemos censurá-los por isso, retirá-los de circulação, queimá-los em praça pública? Ora… Eu jamais havia procurado, por exemplo, os termos “direita” e “esquerda” no mesmo Houaiss que aquele procurador quer, estupidamente, ver recolhido. Decidi fazê-lo. É de estarrecer. Reproduzo as acepções políticas dos dois vocábulos:

Direita
o conjunto dos diversos agentes políticos de uma sociedade (parlamentares, imprensa, setores organizados etc.) que adotam pensamentos e práticas refratárias a transformações na ordem social, especialmente as que implicam a instauração de igualdade política e/ou econômica entre os cidadãos.
5.1 - parte da população que defende as mesmas idéias e crê nos mesmos pressupostos que os parlamentares de direita, que geralmente consistem na oposição a mudanças na ordem estabelecida que venham a favorecer as classes populares e, às vezes, na defesa de governos autoritários; reação.
Ex: a direita votou nas últimas eleições contra os trabalhadores.
5.2 - cada um dos partidos conservadores

E então? Ficamos sabendo, segundo o Houaiss, que De Gaulle, Churchill e Adenauer eram contra a “igualdade política e econômica entre os cidadãos”. O que lhes parece?

Vejamos o que o mesmo dicionário diz da esquerda:
Esquerda
conjunto de membros de uma assembléia parlamentar que lutam por idéias avançadas, em oposição aos conservadores [Originariamente, à época da Revolução Francesa, a bancada representativa dessas tendências ficava à esquerda do presidente; na câmara e no senado dos E.U.A., os democratas (menos conservadores) sentam-se à esquerda, e os republicanos (mais conservadores), à direita.]
4- conjunto dos indivíduos de uma nação, ou mesmo de uma comunidade supranacional, que acreditam na superioridade dos regimes socialistas ou comunistas sobre outras formas de organização econômico-políticas, especialmente o capitalismo, com sua fé no mercado como regulador de tudo, atribuindo, portanto, ao Estado o dever de intervir na economia, e que advogam o dever do Estado em prover o bem-estar dos cidadãos, tendo ainda como uma de suas principais metas acabar com as desigualdades sociais inerentes ao regime capitalista.

Publiquei ontem um post, vejam abaixo, sobre os 70 parlamentares mais ricos da China, que têm um patrimônio de quase US$ 90 bilhões. Já toda a elite política do estado americano não chega a ter US$ 8 bilhões. Segundo o Houaiss, Stálin, Mao Tse-Tung, Pol Pot, Kim Jong-Il, Fidel Castro e a canalhada toda queriam “prover o bem-estar dos cidadãos”. Mais: as desigualdades sociais seriam “inerentes ao capitalismo”.

Evidentemente, o tal procurador não vai querer retirar o Houaiss de circulação por isso. Não sei por quê, temo que ele possa concordar com essas óbvias distorções, com o que chega mesmo a ser mentira. Talvez o fato de o dicionarista Antônio Houaiss ter sido um lingüista dedicado, mas também um socialista, o tenha levado a condescender com essa besteira. Mas que se note: de maneira um pouco menos eloqüente, tais bobagens estão também no Aurelião.

É assim em dicionários de outras línguas, de outros países? Não! Estão disponíveis na Internet. Ainda que a direita seja associada ao conservadorismo — e, no terreno dos valores, está correto —, é muito raro que se associem “direitismo” e “conservadorismo” a autoritarismo ou a práticas totalitárias, tanto quanto não se atribui à esquerda esse doce monopólio da virtude e da busca da igualdade.

Eu quero, por isso, cassar e caçar os exemplares do Houaiss? Eu não! Porque entendo que coisas assim têm de ser apontadas, debatidas, confrontadas com os fatos, mas sem esse viés purificador dos novos “inquisidores do bem”.

E de volta ao confronto HP x PH
Heraldo Pereira e Paulo Henrique são mesmo opostos em tudo, como se nota — inclusive nas respectivas trajetórias: uma ascendente, a outra descendente. “Então, Reinaldo, você é contra a censura ao Houaiss, mas quer censurar o Paulo Henrique?” Ao admitir a denúncia oferecida pelo Ministério Público contra este senhor por crimes de racismo e injúria racial, a Justiça já decidiu que não se trata de censura coisa nenhuma! Ao contrário: viu nos ataques indícios de crime.

Paulo Henrique não está no século 16, mas no 21. Ele tem plena consciência do que significa “negro de alma branca”. Se o dicionário de Houaiss, no que concerne aos ciganos, deixa claro que as desqualificações são pejorativas, chamando a atenção para a acepção preconceituosa, Paulo Henrique instrumentalizou, de forma consciente e reiterada, o conteúdo preconceituoso para atingir Heraldo Pereira. Tinha todo o direito de criticar a análise feita pelo jornalista ou sua reportagem, mas preferiu apelar à cor de sua pele, inferindo que ela estava na raiz do seu suposto equívoco.

De resto, flagrado no ridículo de mobilizar meia-dúzia de brancos para ensinar a Heraldo como ser um “negro consciente”, Paulo Henrique decidiu convocar alguns militantes negros ligados às teses racialistas para atingir o jornalista, como a dizer: “Vejam aí, esses negros não se entendem; o meu desafeto não tem lugar nem entre os brancos nem entre os negros”. Na prática, o que PH pretende é que HP não tenha a voz de um jornalista que, no caso e por acaso, é negro. Ele exige que Heraldo, na sua profissão, seja antes um negro para, só então, ser jornalista. Isso tem implicações: brancos podem ser principalmente jornalistas em sua profissão. Negros, como Heraldo, mesmo em sua profissão, teriam de ser principalmente negros. Jornalistas brancos poderiam falar de política, economia, cultura, direito etc. A negros jornalistas ficaria reservado debater os problemas dos negros!

Isso é racismo da pior espécie! Não é assim porque eu quero. É assim porque as palavras fazem sentido — ainda que os dicionários andem a merecer reparos, e as palavras, reparações.

PS - Os “JEG” (Jornalistas da Esgotosfera Governista) perdem tempo em ficar me demonizando. Façam ao menos um esforço para argumentar melhor do que eu. Eu sou diferente de vocês: não quero eliminar meus adversários. Até torço para que eles sejam melhores. O chato de contestar um dos “JEG” é a baixa qualidade do jogo…

Por Reinaldo Azevedo 

 

Da coluna Direto ao Ponto, de Augusto Nunes:

O procurador deveria procurar os vigaristas e ladrões que agem fora do dicionário

Procurador da República em Uberlândia, o doutor Cléber Eustáquio Neves solicitou à Justiça a imediata retirada de circulação do dicionário Houaiss, com a seguinte argumentação:

“Ao se ler em um dicionário, por sinal extremamente bem conceituado, que a nomenclatura cigano significa aquele que trapaceia, velhaco, entre outras coisas do gênero, ainda que se deixe expresso que é uma linguagem pejorativa, ou que se trata de acepções carregadas de preconceito ou xenofobia, fica claro o caráter discriminatório assumido pela publicação. Trata-se de um dicionário. Ninguém duvida da veracidade do que ali encontra. Sequer questiona. Aquele sentido, extremamente pejorativo, será internalizado, levando à formação de uma postura interna pré-concebida em relação a uma etnia que deveria, por força de lei, ser respeitada”.

Três observações:

Primeira: a idiotia epidêmica que devasta os três Poderes anda fazendo estragos de bom tamanho também no Ministério Público.

Segunda: o doutor não acredita que dicionários apenas registram o que o povo diz. Acha que o povo só diz o que aprendeu no dicionário. Principalmente o povo brasileiro, que, como todo mundo sabe, começa a ler o Houaiss ainda no berço.

Terceira: com tantos vigaristas e ladrões agindo impunemente fora do dicionário, o procurador resolveu procurar trapaceiros e velhacos confinados em verbetes.

No Brasil afundado na Era da Mediocridade, não há limites para a cretinice.

(Por Augusto Nunes)

 

No comando do metrô de Fortaleza, a maquinista-presidenta de chanchada vai de encontro ao desejo da população

CELSO ARNALDO ARAÚJO

Dizem que Dilma adora a imitação grosseira ─ao nível de palavrões cabeludíssimos ─ que dela faz na internet o humorista mineiro Gustavo Mendes. Mas sua meninona dos olhos, no perigoso terreno da galhofa, é a comediante Fabiana Karla, que interpreta a personagem Dil Maquinista no quadro “Metrô Zorra Brasil” ─ o ponto alto (no caso baixo) do programa Zorra Total, chanchada cativa das noites de sábado na Globo.

Celso Kamura, o samurai de aplique que cuida das madeixas presidenciais, confessou outro dia à revista Época que foi ele quem introduziu sua mais ilustre cliente à imitação de Fabiana. “Dilma morreu de rir e disse que é igual mesmo”, disse o coiffeur, sem revelar quem é a original.

Depois de assistir a este vídeo ─ com o triunfal discurso de Dilma na futura Estação Virgílio Távora, do metrô de Fortaleza, que deve começar a funcionar mais ou menos na mesma época em que correr o primeiro trem da Transnordestina e a primeira gota d´água da Transposição do Rio São Francisco ─ quem costuma ver o Zorra ficará em dúvida sobre quem imita quem. Dilma Rousseff não será uma sátira de Fabiana Karla?

Todos os 16 minutos do vídeo — que começa com um estranhíssimo pedido de licença da presidente ao governador Cid Gomes para “comprimentar esse povo fantástico do meu Ceará”, como se o povo pertencesse a ele ─ têm aquele diapasão de agonia característico da fala de Dilma, no qual as palavras erradas, para expressar pensamentos completamente sem nexo, vão saindo aos solavancos, escoltadas pateticamente por mímicas de esforço e esgares atônitos, como se estivessem sendo trazidas a fórceps de um arquivo morto que há anos não é consultado. Espremendo-se tudo, escorre a pataquada de sempre: antes de Lula/Dilma, o Brasil não tinha água, televisão, casa própria, muito menos metrô.

Não recomendaria a audição do discurso inteiro nem aos espectadores fiéis do Zorra ─ ao contrário de Dil Maquinista, a maquinista desgovernada não tem graça nenhuma. Mas destaco este trecho, que começa aos 9:14 do vídeo, como síntese de um esquete típico do Dilma Total:

“E isso significa que ela tem de ter uma estrutura de transporte de massa, que faça, que faça, mais do que jus, mais do que…… que vá de encontro ao desejo da população, mas que ela garanta pra Fortaleza que ela possa crescer sem ter aqueles problemas que hoje nós vemos ocorrer nas grandes cidades que cresceram antes no Brasil”.

Massa, que faça, que faça: não seria uma solução para o transporte em Fortaleza ou em qualquer das cidades “que cresceram antes” – mas talvez uma boa rima para Caetano.

“Mais do que jus, mais do que…”: está com jeito de desfecho de poesia concreta ─ se bem que, da família Campos, Dilma prefira Eduardo. Mas o mergulho da presidente num mundo sem palavras, por intermináveis nove segundos, entre “mais do que” e “que vá de encontro ao desejo da população” soa como o prenúncio silencioso do desastre de quem ainda confunde “ao encontro de” com “de encontro a”.

No fim do túnel do metrô de Fortaleza havia uma luz – mas era o trem do Zorra vindo de encontro a Dilma.

 

28/02/2012 às 1:55 \ Direto ao Ponto

Serra pode ganhar sem sustos a eleição de 2012. É só fazer o contrário do que fez na campanha presidencial de 2010

O maior adversário de José Serra sempre foi o temperamento de José Serra. A decisão de participar das prévias que escolherão o candidato do PSDB é um segundo sinal de que o turrão sempre surdo a conselhos sensatos resolveu criar juízo. O primeiro foi emitido por declarações e artigos divulgados nos últimos meses. Depois de redescobrir que se opõe à seita no poder, Serra enfim começou a dizer ─ tarde demais ─ o que não disse na campanha de 2010. O lançamento da candidatura a prefeito avisa que, desta vez, o retardatário vocacional chegou à estação antes da partida do trem.

Serra pode ganhar sem sustos a eleição municipal. É só fazer o contrário do que fez na presidencial. Em vez de obedecer a determinações de marqueteiros, deve formar um conselho político com as melhores cabeças aliadas ─ e prestar atenção no que dizem. Em vez de tratar Lula com temor reverencial, e ouvir em silêncio a lengalenga malandra sobre os oito anos de Fernando Henrique Cardoso, deve defender o legado que ajudou a construir. E deixar claro que herança maldita é a que Lula repassou a Dilma Rousseff.

Em 2010, Serra disputou a chefia do governo federal com um discurso de candidato a prefeito. Deve agora disputar a prefeitura com um discurso de quem, embora tenha preparo mais que suficiente para ocupar a Presidência da República, resolveu escrever o epílogo da longa carreira política no comando da maior metrópole latino-americana ─ e amparado no terceiro maior orçamento do país. Os paulistanos precisam ser convencidos de que o eleito não vai interromper de novo o mandato para protagonizar um terceiro naufrágio na rota do Planalto.

Nos debates da campanha presidencial, o candidato presenteado pelo destino com uma adversária neófita sucumbiu a um tipo de nervosismo que acomete vereadores no dia da estreia na tribuna. Em vez de confundi-la com um ritmo desconhecido por debutantes, Serra tirou Dilma para dançar um minueto.

O veterano de duelos retóricos encolheu-se diante de acusações formuladas pela pecadora juramentada. O administrador competente não soube estabelecer comparações que escancarassem a fraude forjada para transformar em executiva iluminada a gerente bisonha que não salvou da falência sequer uma lojinha em Porto Alegre.

Fernando Haddad é a Dilma Rousseff da vez. A presidente que Lula elegeu atravessou a campanha festejando façanhas imaginárias. O prefeito que Lula imagina que vai eleger tentará vender desastres retumbantes com a embalagem de prodígios administrativos. Cumpre a Serra provar que São Paulo não merece ser governada por quem reduziu o Enem a uma piada e acha que o Brasil ficará mais inteligente se as crianças pobres aprenderem que nós pega os peixe.

Mais uma vez, o ex-deputado, ex-senador, ex-ministro, ex-prefeito e ex-governador terá pela frente um adversário que todo candidato pede a Deus. Deve cuidar-se para não ser derrotado, de novo, por José Serra.

(por Augusto Nunes)

 

Os incorrigíveis: Jornalista da Carta Capital recorre a distorção racista, agora para me atacar!!! Ah, sim: ele é um daqueles brancos que querem ensinar Heraldo Pereira a se comportar como um negro de bem!

Minhas caras, meu caros, antes que entre propriamente no caso enunciado lá no título, algumas considerações.

Eu lhes asseguro que não tenho tratado das expressões racistas com que o sr. Paulo Henrique Amorim se referiu ao jornalista Heraldo Pereira porque, sei lá, estaríamos em pólos ideológicos opostos e, então, eu veria no caso a oportunidade de espezinhar um adversário. Eu não considero Paulo Henrique meu adversário porque alguém, nessa condição, sempre é um interlocutor. E ele não é!!! A razão é simples. Todos os profissionais de imprensa conhecem os ataques vis que este senhor fez a Lula — SIM, A LULA!!! — na eleição presidencial de 1998 e conhecem os ataques igualmente vis que fez a Serra em 2010. O que Lula e Serra tinham em comum, com 12 anos de diferença? Os dois eram candidatos da oposição. Uma coerência Paulo Henrique Amorim tem, e não há jornalista que desconheça tal fato: ele é governista desde a gestão de João Baptista Figueiredo, o último presidente do ciclo militar! E sempre com o mesmo entusiasmo, perspicácia, senso de justiça e capacidade de usar orações subordinadas.

Esse sujeito parece convicto de que ninguém perde dinheiro apostando na estupidez alheia. Em plena democracia, comporta-se como um dedo-duro da ditadura:
“Olhe lá, Fulano é de oposição!”
“O jornalista Beltrano é tucano!”
“O repórter Sicrano criticou a presidente Dilma!”

Seus textos sugerem que os alvos dos ataques são pessoas venais, de olho no vil metal. A única coisa que Paulo Henrique não consegue explicar é por que a oposição, que não está no poder, “pagaria mais” do que o governo. Se um profissional da imprensa, crítico contumaz ou eventual do lulo-petismo, está a serviço de interesses escusos, a serviço de quais interesses estaria um governista contumaz? Se, segundo PH, tudo tem preço, quem tem caixa maior: o governo ou a oposição? Para que não fiquemos apenas na esfera dos conceitos, desçamos ao mundo concreto: quem depende da boa-vontade oficial para existir? Os críticos ou os puxa-sacos do oficialismo? Os independentes ou os JEGs (Jornalistas da Esgotosfera Governista)? Não! Não há como PH ser meu interlocutor, nem por contraste.

Por que entrei nesse debate
Entrei nesse debate, em primeiro lugar, porque suas considerações sobre Heraldo são asquerosas. E também porque remetem a uma tese antiga minha, que me é muito cara e que designa um dos aspectos deletérios da vida pública brasileira. Refiro-me a esses grupos de pressão que se organizam na sociedade — assumam a forma de ONGs, movimentos sociais ou coletivos disso e daquilo — e que se apresentam como donos da virtude, seus verdadeiros monopolistas, pouco importando o que digam. Pretendem ter o direito de vida e morte sobre a reputação de adversários e inimigos, atribuindo-lhes, muitas vezes, crimes jamais cometidos, opiniões jamais emitidas, palavras nunca escritas ou pronunciadas. Não debatem, achincalham; não desconstroem com argumentos aquilo que consideram errado, desqualificam. E, o que não é nada surpreendente, acusam seus desafetos de praticar o que eles praticam.

Ora, Paulo Henrique classificou Heraldo Pereira de “negro de alma branca” e afirmou que o jornalista “não conseguiu revelar nenhum atributo para fazer tanto sucesso, além de ser negro e de origem humilde.” O conjunto dos textos sugere que Heraldo só chegou ao topo do jornalismo da Globo porque escolheu o caminho da sujeição, negando-se a aderir à pauta e à agenda que caberia a um negro.

Foi então que um sujeito chamado Leandro Fortes, que trabalha na Carta Capital, resolveu sair em defesa de Paulo Henrique. Num artigo, que me foi enviado por um leitor, Fortes tentou explicar o que o seu amigo quis dizer:
“(…) Paulo Henrique Amorim se referiu a Heraldo Pereira como negro não para desmerecer-lhe a cor e a raça, mas para opinar sobre aquilo que lhe pareceu um defeito: o de que o repórter da TV Globo tinha ‘a alma branca’, ou seja, vivia alheio às necessidades e lutas dos demais negros do país, como se da elite branca fosse.”

Entendi. Fortes é mais um branco, além de Paulo Henrique, disposto a ensinar a Heraldo como um negro deve se comportar para ser um bom negro. Nesse artigo, ele evocava também a sua própria condição — e a de sua turma — para demonstrar que eles jamais poderiam ser racistas. Por que não? Ora, porque eles são os progressistas, as pessoas que estão do lado do “bem”, sempre a favor das causas populares. Assim, entende-se, a descriminação racial pode deixar de sê-la se praticada pelos virtuosos. Que lógica impecável!!!

Reinaldo, o “exu”
Comentei aqui esse esse artigo do tal Fortes. O link está aí. Não o xinguei, não o agredi, não o desqualifiquei de modo nenhum. Fiz o que é normal numa democracia: eu o contestei e demonstrei que seu argumento era ruim. Pra quê!? O rapaz se ofendeu! Noto que o título daquela defesa que fez de seu amigo já dava uma pista do seu estilo: “Racista é a PQP, não PHA”. O estilo é o homem. Entendo por que os ditos “blogueiros progressistas” querem tanto o “controle da mídia”. Se um dia lograrem seu intento, será proibido contestar “blogueiros progressistas”… Mas volto.

Ele ficou zangado. E sua zanga foi parar no site “Comunique-se”, que pretende ser uma página de assuntos relacionados à imprensa. Para todos os efeitos, não tem viés nenhum. Na prática, é um celeiro do petismo, sempre muito amigo dos “blogueiros progressistas”. Tanto é assim que Fortes me ataca, e o repórter Anderson Scardoelli, que redige o texto, não se ocupou em tentar me ouvir. Pra quê? Mas deixo esse “Comunique-se” pra lá. Não estou nem chateado nem surpreso. Reproduzo trecho do texto. Não deixa de ser divertido.

Citado em post do blog de Reinaldo Azevedo, da Veja, o repórter da revista Carta Capital, Leandro Fortes, se referiu ao colega de profissão como “Exu da Veja”. O blogueiro do site da revista da Editora Abril criticou, em texto publicado na tarde desta sexta-feira, 24, a postura de Fortes em relação ao acordo judicial dos jornalistas Heraldo Pereira (TV Globo) e Paulo Henrique Amorim (TV Record).
Demonstrando não conhecer o trabalho do repórter da Carta Capital - que tem passagens pelos jornais Correio Braziliense, Estadão, Zero Hora, Jornal do Brasil e O Globo, na revista Época e na TV Globo -, Azevedo discordou da afirmação de Fortes. O jornalista da Carta Capital avaliou que Amorim não foi racista ao se referir a Pereira como “negro de alma branca”. “Que graça! Fortes acredita que o ‘anti-racismo’ pode recorrer, às vezes, a ‘expressões cruéis’ e ‘pejorativas’, publicou o colunista da Veja.
Após o post de Azevedo, Fortes ironizou a crítica do jornalista da Veja.com. “O Exu da Veja fez um post só pra mim! Eu queria agradecer a todos que me ajudaram, direta e indiretamente, a chegar até esse momento máximo da minha carreira de jornalista”, comentou. “No fundo, o meu mestre, o Exu da Veja, tem razão. Eu sou apenas um rapaz latino americano, sem dinheiro no banco, repórter da Carta Capital, e, pasmem, branco”, complementou o repórter.
(…)

Comento 
Antes que entre no mérito da fala do tal Fortes, uma recomendação ao jovem Anderson Scardoelli — não o conheço; espero que seja jovem, que é coisa que tem cura; burrice não tem: estude um pouco a ironia como recurso estilístico, meu rapaz! Quer dizer que Fortes tem “passagem pelo Correio Braziliense, Estadão, Zero Hora, Jornal do Brasil, O Globo, Época e TV Globo (ufa!!!)”? Sei. E foi parar na “Carta Capital”? Entendo. Talvez eu me lembrasse dele se tivesse começado na Carta Capital e hoje estivesse na TV Globo… Se o Scardoelli tropeçar de novo na ironia, não brinco mais!!! Adiante!

Eu não queria deixar o companheiro Fortes chateado, mas sou obrigado a afirmar que ele não apenas pretende ensinar a Heraldo Pereira como ser um bom negro como recorre a uma classificação de cunho racista para tentar me ofender — o que não conseguiu. Transcrevo trecho do verbete “Exu” da Wikipedia:

“Exu é o orixá da comunicação. É o guardião das aldeias, cidades, casas e do axé, das coisas que são feitas e do comportamento humano. A palavra Èsù em yorubá significa “esfera” e, na verdade, Exu é o orixá do movimento.
Ele é quem deve receber as oferendas em primeiro lugar a fim de assegurar que tudo corra bem e de garantir que sua função de mensageiro entre o Orun e o Aiye, o mundo material e o mundo espiritual, seja plenamente realizada.
Na África na época das colonizações, o Exu foi sincretizado erroneamente com o diabo cristão pelos colonizadores, devido ao seu estilo irreverente, brincalhão e à forma como é representado no culto africano, um falo humano ereto, simbolizando a fertilidade.”

Epa! Andaram dizendo coisas de mim para Leandro Fortes, hehe? Sigo com a definição.

“Por ser provocador, indecente, astucioso e sensual, é comumente confundido com a figura de Satanás, o que é um absurdo na construção teológica yorubá, posto que não está em oposição a Deus, muito menos é considerado uma personificação do mal. Mesmo porque nesta religião não existem diabos ou entidades encarregadas única e exclusivamente de coisas ruins (…)”

Voltei
“Orixá da comunicação, guardião, brincalhão, sensual, irreverente, símbolo da fertilidade, falo ereto”. Huuummm… Vá, Fortes, pare de me elogiar que isso pega mal pra você!

Qual é o problema dessa gente, afinal de contas? É claro que Fortes quis me atacar. E o fez associando-me, de forma negativa, a um elemento de uma das culturas africanas. Estivéssemos debatendo um outro assunto, vá lá… Nesse caso, trata-se de um ato falho espetacular. Notem que curioso: ele é um dos brancos que tentam ensinar Heraldo Pereira a ser negro. Ao tentar me desqualificar, recorre justamente à imagem distorcida a que brancos europeus submeteram, em passado distante, uma entidade religiosa de uma das culturas negras. Como os antigos jesuítas, Fortes acredita que “todos os deuses dos gentios são demônios”.

Ah, sim: como jornalista, Fortes terminou na Carta Capital. Se fosse humorista, também. Não foi “a Veja” que fez o post, fui eu. E não foi só pra ele, que o rapaz não rende tanto assim. De todo modo, saboreie ele uns 15 minutinhos de fama.

Despede-se o “orixá da comunicação, guardião, brincalhão, sensual, irreverente, símbolo da fertilidade”… e mais aquelas coisas, você sabe, Fortes…

Por Reinaldo Azevedo

 

27/02/2012 às 6:51

É mentira! Heraldo Pereira jamais admitiu que Paulo Henrique Amorim não é racista. Ou: Palavras para excitar os JEGs

Paulo Henrique Amorim continua a debochar da Justiça, acho eu, ao distorcer, de forma evidente, o sentido do acordo judicial em que foi obrigado a desdizer tudo o que dissera sobre o jornalista Heraldo Pereira. Encontrou uma forma oblíqua de publicar em seu blog a retratação e espalhou o absurdo de que Heraldo reconheceu que ele não e racista. Bem, isso simplesmente não aconteceu! É mentira! Ele sabe que é. Seu advogado e a Justiça também.

Tal reconhecimento, diga-se, seria impossível. Até porque há um processo na área criminal, movido pelo Ministério Público e admitido pela Justiça, em que o senhor Paulo Henrique é acusado de “racismo” e “injúria racial”. ATENÇÃO: HERALDO PEREIRA, QUE É ADVOGADO, FOI ADMITIDO PELA JUSTIÇA COMO ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO. Vocês acham mesmo que Heraldo admitiria que Paulo Henrique não é racista sendo o assistente da acusação num processo por racismo e injúria racial?

O nome disso é deboche!

Paulo Henrique Amorim tem ciência de que o processo criminal está em curso e de que seu pleito de absolvição sumária foi recusado. Transcrevo trechos da sentença do juiz Marcio Evangelista Ferreira da Silva. Vale a pena ler. Volto em seguida.

(…)
O Ministério Público ofertou denúncia em face do denunciado PAULO HENRIQUE DOS SANTOS AMORIM, devidamente qualificado nos autos, dando-o como incurso no art. 20, §2º da Lei nº. 7.716/89 (por duas vezes) e art. 140, §3º, III, do Código Penal.

A denúncia foi recebida em 16/07/2010 (fls. 124). O ofendido adentrou aos autos e foi admitido como assistente da acusação (fls. 146).
(…)
Na defesa escrita (fls. 236/256), em síntese, o denunciado requer a absolvição sumária nos termos do art. 395, I e III do Código de Processo Penal. A defesa apresentou longo histórico da vida profissional do denunciado argumentando que ele é defensor da igualdade racial.
Argumenta o denunciado, em sua defesa, que não praticou os crimes narrados na denúncia, eis que agiu estritamente no âmbito do exercício regular de direito de crítica, bem como atuou nos limites da liberdade de expressão, pleiteando, ao final, a absolvição sumária.
Requereu ainda, o denunciado, a revogação da decisão que determinou a retirada do conteúdo e de todos os comentários relativos às notícias mencionadas na denúncia que estão disponíveis no sítio do denunciado, alegando, em síntese, que se trata de censura. Arrolou testemunhas.
(…)
Analisando os autos, ao contrário do que argumentado pela defesa, vislumbro que há indícios necessários para o início da persecução penal em juízo, não sendo caso de absolvição sumária prevista no artigo 397 do Código de Processo Penal.
(…)
Conforme apurado durante o procedimento acostados aos autos, há indícios suficientes para o início da persecução penal - inclusive o denunciado não nega - ser autor das manifestações que o órgão da acusação crê ser prática, indução e instigação preconceituosa e ofensas preconceituosas.

Analisando o conteúdo da manifestação do denunciado no sítio, copiadas aos autos, constato que há indícios da ocorrência dos crimes narrados na denúncia.

Ora, é sabido que o jornalista (no caso o denunciado e o ofendido) tem a seu favor o direito constitucional da liberdade de expressão - indispensável ao estado democrático. Entretanto, como cediço, nenhum direito é absoluto.
(…)
Como visto nos autos, o denunciado fez apreciações negativas da pessoa do ofendido - fato incontroverso. Se tais apreciações são crime de racismo ou de injúria racial é questão de mérito que deve ser decidida após regular instrução, pois como dito acima, há indícios da ocorrência dos crimes narrados na peça vestibular.
(…)
Ao final de sua defesa, o denunciado pleiteia a revogação da decisão de fls. 125/126. “Data venia”, sem razão a defesa, eis que não se trata de censura.

Como visto acima há indícios da ocorrência de crime, sendo perfeitamente legal a tutela cautelar para salvaguardar a honra do ofendido.

Seria censura se houvesse uma determinação sem lastro, sem fundamento algum, somente pelo fato de que a manifestação é contrária aos interesses de alguém - o que não é o caso dos autos.

Conforme decisão, ora hostilizada, buscou-se assegurar a honra do ofendido, havendo, então, lastro na norma fundamental.
(…)
Posto isso, afasto, neste momento processual, as teses levantadas na resposta escrita, eis que, como visto acima, ausentes causas para a absolvição sumária.
(…)

Voltei
Esses são os fatos. O resto é conversa mole para animar os JEGs (Jornalistas da Esgotosfera Governista).

Por Reinaldo Azevedo

 

Paulo Henrique é o jornalista mais corajoso do Brasil para atacar a reputação da oposição. De qualquer oposição, como sabe Lula. Um pouco de história

Os petralhas — na Argentina, essa espécie se chama “Los K” — tentam invadir o post em que trato das ofensas raciais dirigidas por Paulo Henrique Amorim contra o jornalista Heraldo Pereira, o que o levou a ter de se retratar, desdizendo o dito. E a turma vem com a delicadeza de sempre, com aquela valentia do anonimato, com seus falsos e-mails, a ignorância tão característica, aquele analfabetismo moral agressivo… Não há surpresa nisso.

Este post, na verdade, é dirigido a alguns bobalhões desavisados que pretendem me enredar no seu tatibitate de suposta isenção. Uma parcela da corrente decidiu escolher o caminho do nem-nem. Sintetizo a sua linha de intervenção:
“Gosto muito de você e do Paulo Henrique Amorim, acho que os dois têm uma parcela de razão…”

Como diria Tereza Cristina, a doida do Aguinaldo Silva, “Pode parar, bebê!” Se gosta muito de mim e daquele outro, das duas, uma — ou as duas: ou não entende o que eu escrevo, ou não entende o que ele escreve, ou não entende o que ambos escrevemos. Impossível! Como diria Padre Quevedo no Fantástico, no tempo de eu ser menino, “Isso non ecziste”. É um delírio da mente — e demente.

Essa é só uma tentativa de emplacar delinqüências intelectuais na área de comentários do meu blog, o que não vai acontecer. Há uma suposição estupidamente falsa nessa iniciativa: a de que sejamos pólos opostos de uma contenda. Ele seria o Reinaldo Azevedo do lado de lá, e eu, o Paulo Henrique do lado de cá! Não poderia haver nada de mais errado. EU PROVO!

Poucos se lembram de que Paulo Henrique Amorim já foi delirantemente antilulista. Depois se tornou delirantemente lulista. Por que se entregou de corpo e alma (qual será a cor da sua?) tanto a uma coisa como a seu contrário? Eis um homem que sabe ser feroz, implacável mesmo, com quem está na oposição. A coragem de Paulo Henrique Amorim para dizer “verdades” na cara de QUEM ESTÁ FORA DO PODER é assombrosa!

Não! Não somos iguais, só que em pólos opostos. Eu fui crítico do governo FHC — os veículos que eu dirigia, então, o provam — e continuei crítico dos governos Lula e Dilma. Há mais: opino, sim, mas sobre fatos. A mentira não pode ser confundida com opinião. E Paulo Henrique? Em 2006, o jornalista Alberto Dines — com quem não tenho intimidade e de quem já discordei com dureza — escreveu um artigo sobre este monumento à coerência. Dines se refere ao comportamento de Paulo Henrique Amorim na véspera da eleição de 1998, quando Lula era a sua vítima. Leiam um trecho:

Paco, o linchador - Em seu site Conversa Afiada, Paulo Henrique Amorim publicou na noite de sexta-feira (3/11) a seguinte manchete: “Internautas criticam artigo de Alberto Dines”. Clica-se e aparece a foto deste observador e um pequeno texto: “A favor da mídia. Internautas criticam artigo em que Alberto Dines, do Observatório da Imprensa, se manifesta a favor da mídia”. Os curiosos então clicam para saber o que Paulo Henrique Amorim, porventura, tem a dizer sobre o assunto e descobrem que Paulo Henrique Amorim, como sempre, nada tem a dizer: escafedeu-se. Mas como precisa fazer jus ao cachê de linchador, remete para os comentários dos internautas furiosos com este observador. Convém registrar que o afiadíssimo site é completamente cego em matéria de interatividade e democracia: não recebe comentários dos leitores. Paulo Henrique Amorim - Paco, para os íntimos - é o protótipo do linchador. Paradigma do empastelador. Agente provocador de quebra-quebras. Tem longa experiência nesta matéria. Paco agora anda camuflado de militante petista. O disfarce vai durar pouco. Em setembro de 1998, véspera da segunda disputa Lula-FHC, ele comandou na TV Bandeirantes uma viciosa cruzada contra Lula com os mais torpes argumentos. Pretendia denunciar a operação financeira que permitira ao então líder sindical a compra de um apartamento em São Bernardo do Campo. Não foi um ataque político, foi um golpe baixo. Não foi um surto pontual, foi uma cruzada contínua, demorada, persistente. Em todas as edições do principal telejornal da Band, durante longos minutos, com todos os recursos de edição, depoimentos, documentos e aquela vozinha histérica, nasalada, tentando levantar os ânimos para derrotar Lula logo no primeiro turno. Paco, o linchador, era o âncora do telejornal e conseguiu ser ouvido por alguns veículos. (…).”

Voltei
Lula processou Paulo Henrique Amorim e a Band, que pediu desculpas públicas ao petista. Entenderam por que, entre muitas razões — e a capacidade de empregar orações subordinadas está entre elas —, não somos faces opostas da mesma moeda ou, sei lá, pólos opostos de uma contenda? Isso até pode ter algo de verdadeiro num único aspecto: como é a oposição que define um regime democrático, não o governo (que existe, e como!, em todas as ditaduras), eu confesso ter uma ligeira simpatia, em princípio, por oposicionistas. Gosto da idéia de que lhes cabe vigiar o poder. Paulo Henrique, como resta comprovado, gosta mesmo é de governo.

Quando o PT era oposição, Lula era a sua anta. Quando o PT ganhou a eleição, Lula passou a ser o seu Schopenhauer.  E sempre com a mesma convicção. Nunca antes na história destepaiz houve um jornalista tão corajoso com aqueles que estão fora do poder!

Se eu achar algum texto de Paulo Henrique Amorim atacando as privatizações enquanto FHC era presidente, publico aqui, junto com a foto de uma cabeça de bacalhau e do enterro de um anão.

Por Reinaldo Azevedo

 

Blogueiro que terá de se retratar de ofensa racial tenta debochar da Justiça. É inútil! Os fatos são os fatos. Ou: A lógica elementar é implacável!

- Paulo Henrique Amorim terá de pagar uma indenização de R$ 30 mil a uma entidade indicada pelo jornalista Heraldo Pereira.
- Paulo Henrique Amorim terá de eliminar de seu blog os posts em que ofende Pereira com expressões de cunho racista.
- Paulo Henrique Amorim terá de publicar em seu blog uma retratação.
- Paulo Henrique Amorim terá de publicar a mesma retratação em dois jornais: Folha de S.Paulo e Correio Braziliense.
E, no entanto, fiel a seu estilo e a seu proverbial amor pela verdade, Paulo Henrique Amorim se diz vitorioso.

- Não tivesse havido a ofensa, por que a retratação?
- Não tivesse havido a ofensa, por que a indenização?
- Não tivesse havido a ofensa, por que a exclusão dos tais posts?
- Não tivesse havido a ofensa, por que o anúncio obrigatório nos jornais?

Que tipo de leitor acreditará na sua pantomima?
Que tipo de leitor, diante desta imagem, duvidará, lembrando Groucho Marx, do que seus olhos vêem para acreditar em Paulo Henrique Amorim? Grocho era um humorista profissional.
Ele e seus amigos debocham uma vez mais da Justiça, mas o que vai aqui é insofismável.

sentenca-heraldo-paulo-henrique

Leitores me enviaram ontem um texto de um certo Leandro Fortes. Parece que trabalha na Carta Capital. Não sei porque não leio “blogueiros progressistas” — enviam-me links de vez em quando, mas quase sempre estou muito ocupado. O rapaz sai em defesa daquele que vai ter de se retratar nos seguintes termos:
“Paulo Henrique Amorim, assim como eu e muitos blogueiros e jornalistas brasileiros, nos empenhamos há muito tempo numa guerra sem trégua a combater o racismo, a homofobia e a injustiça social no Brasil. Fazemos isso com as poderosas armas que nos couberam, a internet, a blogosfera, as redes sociais.”

Bem, meus caros, terei de relembrar ainda uma vez como Amorim decidiu “combater o racismo” no caso de Heraldo Pereira. Assim:
“Heraldo é negro de alma branca”;
“[Heraldo] não conseguiu revelar nenhum atributo para fazer tanto sucesso, além de ser negro e de origem humilde.”

Fortes tenta emprestar um sentido “progressista” à expressão “negro de alma branca”. Leiam.
O termo é pejorativo, disso não há dúvida. Mas nada tem a ver com racismo. A expressão “negro de alma branca”, por mais cruel que possa ser, é a expressão, justamente, do anti-racismo, é a expressão angustiada de muitos que militam nos movimentos negros contra aqueles pares que, ao longo dos séculos, têm abaixado a cabeça aos desmandos das elites brancas que os espancaram, violentaram e humilharam. O “negro de alma branca” é o negro que renega sua cor, sua raça, em nome dessa falsa democracia racial tão cara a quem dela usufrui. É o negro que se finge de branco para branco ser, mas que nunca será, não neste Brasil de agora, não nesta nação ainda dominada por essa elite abominável, iletrada e predatória - e branca. O “negro de alma branca” é o negro que foge de si mesmo na esperança de ser aceito onde jamais será.

Que graça! Fortes acredita que o “anti-racismo” pode recorrer, às vezes, a “expressões cruéis” e “pejorativas”. Isso poderia render um tratado sobre a delicadeza dessa gente “progressista”. O título do artigo, aliás, é um mimo da elegância: “Racista é a PQP, não PHA”. Ele deve ter achado uma sacada e tanto esse jogo de maiúsculas sobre coisas tão minúsculas: “PQP-PHA”. Quem sou eu para censurá-lo?

Esse vôo condoreiro do rapaz, essa linguagem inflamada, levou-me a supor, sei lá, que talvez fosse negro, um militante da causa, que conhecesse de perto a discriminação. Não é, não! Fui ver sua foto no Google. É branco. Ele só é mais um daqueles esquerdistas que AMAM MAIS AS CAUSAS DO QUE OS HOMENS. No post de ontem em que caracterizei o que chamo de racismo de segundo grau, acho que captei a alma profunda de Fortes e de seus amigos. Cumpre relembrar (em azul):

Já o racismo de segundo grau é coisa mais complicada. Embora seus cultivadores se digam inimigos da discriminação e aliados de todos os grupos que lutam pelos direitos das minorias, não compreendem - e, no fundo, não aceitam - que um negro possa ser bem-sucedido em sua profissão A MENOS QUE CARREGUE AS MESMAS BANDEIRAS QUE ELES DIZEM CARREGAR!
Eis, então, que um profissional com as qualidades de Heraldo Pereira os ofende gravemente. Sim, ele é negro. Sim, ele tem “uma origem humilde”. Ocorre que ele chega ao topo de sua profissão mesmo no país em que há muitos racistas broncos e em que a maior discriminação ainda é a de origem social. E chegou lá sem fazer o gênero do oprimido reivindicador, sem achar que o lugar lhe pertencia por justiça histórica, porque, afinal, seus avós teriam sido escravos dos avós dos brancos com os quais ele competiu ou que a luta de classes lhe roubou oportunidades.
Sabem o que queriam os “racistas de segundo grau”, essas almas caridosas que adoram defender minorias? Que Heraldo Pereira estivesse na Globo, sim, mas com o esfregão na mão e muito discurso contra o racismo na cabeça. Aí, então, eles poderiam dizer: “Vejam, senhores!, aquele negro! Por que ele não está na bancada do Jornal Nacional?” Ocorre que Heraldo ESTÁ na bancada do Jornal Nacional. E sem pedir licença a ninguém. Enquanto alguns negros, brancos, amarelos ou vermelhos choramingavam, o jornalista Heraldo Pereira foi estudar direito na Universidade de Brasília. Enquanto alguns se encarregavam de medir o seu “teor de negritude militante”, ele foi fazer mestrado - a sua dissertação: “Direito Constitucional: Desvios do Constituinte Derivado na Alteração da Norma Constitucional”.

Fortes, a gente nota, se mostra disposto a ensinar a Heraldo Pereira como se combate o racismo. Releiam o seu texto. Parece que ele não considera Heraldo um negro de verdade, pra valer. Afinal, se fosse, teria sobre o racismo as mesmas idéias do branco Leandro Fortes, certo?

Estou cada vez mais convencido de que fui ontem de uma precisão cirúrgica ao definir esses “progressistas” (em azul):
Quando se classifica alguém como Heraldo de “negro de alma branca” - e já ouvi cretinos a dizer a mesma coisa sobre Barack Obama porque também insatisfeitos com a sua pouca disposição para o ódio racial -, o que se pretende, na verdade, é lhe impor uma agenda. Atenção para isto:
- por ser negro, ele seria menos livre do que um branco, por exemplo, porque estaria obrigado a aderir a uma determinada pauta;
- por ser negro, ele teria menos escolhas, estando condenado a fazer um determinado discurso que os “donos das causas” consideram progressista;
- ao nascer, portanto, negro ele já nasceria escravo de uma causa.
Heraldo os ofende porque diz, com todas as letras e com sua brilhante trajetória profissional: “Sou o que quero ser, o que decidi ser, o que estudei para ser, o que lutei para ser. Eu escolho, não sou escolhido! Sou senhor da minha vida, não um serviçal daqueles que dizem querer me libertar”. Heraldo os ofende porque não precisa que brancos bem-pensantes pensem por ele.

Em tempo — Um conselho a Fortes, que deve ser uma das crias de Mino Carta: no patrão, tinha certo charme — discriminatório, diga-se —  essa história de atacar as “elites iletradas” do Brasil. Italiano, Mino sempre olhou para os brasileiros como, sei lá, um florentino encarando a bugrada, embora seja indisfarçável o tempero siciliano de seu caráter. Fortes, ora vejam, além de pretender ensinar a Heraldo como ser um negro de verdade, também quer ser as luzes da elite iletrada à qual ele necessariamente pertence.

Lógica implacável
Vivemos tempos, alertei ontem, em que os ditos “progressistas” serão sempre progressistas, mesmo quando reacionários, e em que os ditos “reacionários” serão sempre reacionários, mesmo quando progressistas. Afinal, os esquerdistas decidiram privatizar o humanismo, embora a morte em massa como fator de progresso social seja uma tese… de esquerda!

A lógica desconstrói os joguinhos de baixa retórica de Amorim e de seus amigos de forma simples e definitiva. Digamos que aquele senhor só estivesse querendo criticar as idéias e o trabalho do jornalista Heraldo Pereira. Digamos ainda que Heraldo fosse branco e de origem abastada. Seu crítico teria de recorrer a outros expedientes para desqualificar o seu trabalho que não “negro de alma branca”. Também não teria escrito que “[Heraldo] não conseguiu revelar nenhum atributo para fazer tanto sucesso, além de ser negro e de origem humilde.”

Mas quê… Resolveu se fixar justamente em características do outro que nada têm a ver com o seu trabalho e com a sua trajetória profissional, como a cor da pele e a origem social — um duplo preconceito! Se Heraldo só pôde ser atacado naqueles termos porque negro, então o atacado foi, antes de tudo, o negro. Não há escapatória.

O deboche de Amorim não muda os fatos. Só nos leva a supor que fez o acordo para não se complicar, mas que não se emendou. Que se cumpram as leis do país!  Nem mesmo os “blogueiros progressistas” têm licença para praticar racismo e injúria racial contra “indivíduos negros” porque se dizem defensores da “categoria dos negros”.

Afinal, quem são esses defensores dos negros incapazes de respeitar um negro?

Por Reinaldo Azevedo

 

Petralhas, tirem as duas mãos do chão! Coragem! Ou: Quase sinto pena de assistir ao esperneio de Paulo Henrique e seus amigos amestrados

Não é o caso, claro!, mas, sabem vocês, sou um homem bom. E estou quase com pena de Paulo Henrique Amorim. Os seus esforços e os de sua turma para transformar manifestações de preconceito racial em pensamento progressista são patéticos. Agora, a rede petralha pôs para circular este post meu, escrito no dia 27 de março de 2009, para tentar provar que eu já havia empregado a expressão racista de Paulo Henrique Amorim para definir Heraldo Pereira: “negro de alma branca”. Pois é. Assim seria se assim fosse. Vejam a imagem (o post original estáaqui). Volto em seguida.

frank-raines

Voltei
Transcrevo o texto:
Pode não estar na cara, mas esse sujeito tem uma alma branca e de olhos azuis. Trata-se de Frank Raines, ex-presidente da Fannie Mae, uma das agências hipotecárias que estão na origem da atual crise americana. Foi demitido sob a suspeita de fraude. É considerado uma dos responsáveis pela disseminação de crédito a quem não podia pagar. A revista Time promoveu uma votação popular para saber os nomes dos 25 responsáveis pela hecatombe econômica. Raines está entre eles, com 94 mil votos. Para ver a galeria completa, clique aqui.

Qualquer pessoa que não tenha os dois pés no chão e as duas mãos também percebeu que eu estava ironizando Luiz Inácio Apedeuta da Silva, segundo quem a crise econômica deflagrada em 2009 tinha matriz racial: seria coisa de “brancos de olhos azuis”. Vejam o vídeo. Volto em seguida.

Errado, petralhas!
O ponto de vista do meu texto é justamente o OPOSTO do de Paulo Henrique Amorim. ELE ACREDITA QUE HERALDO PEREIRA, PORQUE É NEGRO, ESTÁ OBRIGADO A SEGUIR UMA PAUTA, UMA AGENDA. EU ACREDITO QUE OS HOMENS — BRANCOS, NEGROS, AMARELOS OU VERMELHOS — são livres para aderir à agenda que lhes der na telha, segundo os parâmetros da democracia e do estado de direito. PAULO HENRIQUE AMORIM E SEUS AMIGOS AMESTRADOS ACREDITAM QUE PODEM ENSINAR HERALDO PEREIRA A SER NEGRO. Eu acredito que Heraldo Pereira é que pode lhes dar aula de decência.

Eles acham que negros nascem presos a uma militância necessária. Eu acho que os homens nascem livres para acertar ou errar, como eu, como você, como Frank Raines.

A minha ironia é anti-racista.
A de Paulo Henrique Amorim é racista.
A minha foi escrita para demonstrar que não existem erros típicos de brancos ou negros.
A de Paulo Henrique Amorim foi escrita para condenar os negros a uma determinada prática e circunscrevê-los a um círculo específico de relações.
Eu sustento que um negro que chega ao topo, como Heraldo Pereira, lá chegou por seus méritos.
Paulo Henrique Amorim e sua grei sustentam, na prática, que um negro como Heraldo só chegou lá porque fez concessões, o que embute a idéia de que méritos não tinha.

Afinal, não nos esqueçamos, são de Paulo Henrique Amorim estas belas palavras:
“[Heraldo] não conseguiu revelar nenhum atributo para fazer tanto sucesso, além de ser negro e de origem humilde.”

Tentem outra. Falhou!

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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