Luta de classes na USP – Os filhos de empresários e desembargadores chamam de “reacionária” a estudante de origem pobre.

Publicado em 28/02/2012 17:40 e atualizado em 14/08/2013 17:41
por Reinaldo Azevedo (veja.com.br)

Luta de classes na USP – Os filhos de empresários e desembargadores chamam de “reacionária” a estudante de origem pobre. Ou: A saudável reação dos estudantes que… estudam!!!

Eu não tinha lido, daí o destaque dado com atraso. Quantas almas vão se salvar? Eis que um veículo da grande imprensa brasileira publica uma reportagem sobre estudantes universitários que não são de esquerda! E SEM AGREDIR OS MOÇOS. O autor é Cedê Silva. Foi publicada no Estadão Online de ontem. Cedê é um bom repórter, e o tema certamente renderia muito mais e mereceria mais destaque no jornal liberal de antes. Nas mãos da Musa das Galochas, os jovens não-esquerdistas seriam tratados como bandidos. O repórter do Estadão os tratou como o que são: gente de bem, que procura fazer direito aquilo a que se propõe: ESTUDAR! Leiam trechos da reportagem.
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“Não! Não! Não nos representa!”, repetem estudantes em coro. Registrado em vídeo no Youtube, o grito de guerra começou segundos após a vitória da chapa Aliança pela Liberdade nas eleições para o DCE da UnB, em outubro. A recusa de radicais em aceitar o resultado de eleições definidas pelos estudantes que eles dizem representar ilustra um desafio do universitário brasileiro: enfrentar a esquerda mais estridente.

Irina Cezar, de 22 anos e prestes a concluir o curso de Ciências Sociais na USP, conta que não fala mais nas assembléias estudantis. “Uma vez peguei o microfone e defendi o fim da greve na frente de umas 1.500 pessoas. Os militantes ficaram loucos, vaiaram. Eles se dizem a favor da liberdade de expressão, mas se você pensar diferente eles são os primeiros a jogar pedra”, reclama ela, que também se considera de esquerda.

Certo dia, Irina deixou no saguão um cartaz anunciando um evento da empresa júnior. À noite, flagrou uma menina do grupo radical LER-QI tentando tirar o cartaz. “Eu não deixei, aí ela me xingou e chamou mais dois rapazes. Disseram que eu era reacionária”, conta. “É engraçado, porque vim para a USP por ser bolsista numa escola particular. Eles me xingam mas são filhos de empresários, desembargadores.”
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Mariana Sinício, de 19 anos, conta que já teve sua época de querer salvar o mundo. “Na escola tive um professor de esquerda, que dizia ‘isso é ruim’, ‘isso é bom’. Aí você cresce e vê que as coisas não são bem assim.” Hoje integrante do DCE da UnB, ela acredita que os termos esquerda e direita não se aplicam mais. Gosta de Adam Smith e Keynes: “Todos têm algo a acrescentar.”

Fábio Ostermann, de 27 anos, é diretor do Instituto de Estudos Empresariais (IEE), que organiza em Porto Alegre o Fórum da Liberdade. Mas, segundo ele próprio, fazia a linha “esquerdista ingênuo” no começo do curso de Direito na UFRGS. “Tive a sorte de fazer amigos que começaram a ler Milton Friedman, Frédéric Bastiat (economistas). Aos poucos fui me convencendo que eles faziam mais sentido do que (o linguista Noam) Chomsky, Boaventura (de Sousa Santos, autor português), esses cânones do Fórum Social Mundial”, relata. Foi o evento de 2005, aliás, o divisor de águas para Fábio. “Percebi que não era para mim. Sempre fui cético em relação a ditaduras, e lá havia gente louvando Cuba e a URSS.”
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Marina Gladstone, de 22, apóia a chapa Reação para as eleições do DCE da USP, que serão realizadas de 27 a 29 de março. “Quando entrei na faculdade, não tinha a menor motivação para participar do movimento estudantil”, conta ela, que estuda Ciências Atuariais. Até que perdeu um colega de sala - Felipe Paiva, morto com um tiro no câmpus em 2011. “Era uma tragédia anunciada, havia muitos seqüestros e roubos na época. Eu fazia o mesmo curso, usava o mesmo estacionamento. Pensei: se não fizer nada, posso ser a próxima.”

A Reação é a única chapa a favor da presença da PM na universidade. “Quando você é de direita e vai a uma assembléia, é uma grande vaia, não há respeito pela opinião diferente”, diz. Mesmo assim, Marina persiste. “Se você não cuida do que é seu, quem vai cuidar?”

Por Reinaldo Azevedo

 

Golpistas vão tentar adiar de novo eleição na USP porque sabem que vão perder; cadê o Ministério Público? Hora de ter vergonha na cara!

Os extremistas de esquerda, que formam a extrema minoria da USP, teriam perdido as eleições para a chapa não-esquerdista Reação se a disputa tivesse se realizado na data prevista. Então deram um golpe e formaram a Junta Paramilitar que usurpa o poder no DCE.

Para todos os efeitos, os estudantes da universidade estão em greve. É mentira! Não estão! As eleições deveriam ter sido realizadas entre os dias 22 a 24 de novembro. Foram adiadas. A data prevista agora é de 27 a 29 de março. Ocorre que a Reação continua a ser a favorita.

Os golpistas já inventaram de tudo e, fiéis à tradição esquerdista, tentaram difamar e desmoralizar seus adversários de todas as maneiras. Em vão! Boa parte dos mais de 80 mil estudantes da USP acordou para a rotina de desmandos, de violência e de autoritarismo desses caras e os quer fora dos postos de comando da entidade estudantil. E o que eles pretendem fazer? Leiam o que informa Cedê Silva no Estadão:
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O grupo Território Livre, que apóia a chapa 27 de Outubro, pode propor novo adiamento das eleições para o DCE da USP. Segundo Murilo de Souza, estudante de Geografia de 22 anos, como as eleições foram adiadas por causa da greve de alunos, deverão ser postergadas mais uma vez caso a próxima assembléia geral decida pela continuidade da greve. A reunião acontecerá em 8 de março  (quinta-feira), na FAU.

“Não dá para achar que vivemos uma normalidade do funcionamento das eleições diante do tamanho das assembléias que tivemos no ano passado”, diz Murilo, ele mesmo membro do comando de greve. “Caso a greve continue, não há necessidade nenhuma de eleições, porque a gestão é substituída pelo comando de greve e pelas assembleias”. Murilo ressalta, porém, que os delegados que compõem o comando são eleitos por assembleias de seus respectivos cursos.

Voltei
“Tamanho das assembléias”? É uma piada”! Nunca reuniram mais de 3% dos estudantes da USP! Pior! Há naquele meio muita gente que não tem qualquer vínculo com a universidade. Percebam a natureza do golpe:
a) Uma minoria declara greve;
b) a greve não existe;
c) forma-se o comando da greve inexistente;
d) o comando da greve que não existe assume também o controle da Junta Provisória Paramilitar que toma o DCE.

Atenção! A universidade é autônoma, mas não é soberana. A USP é uma instituição pública, e a representação estudantil tem uma dimensão também pública porque de caráter sindical. Lida, aliás, com recursos e aparelhos que pertencem à comundiade uspiana. Hora de o Ministério Público ter vergonha na cara e agir para resguardar direitos coletivos que estão sendo agravados.

Por Reinaldo Azevedo 

 

O racismo que dá lucro

Deixem que eu lhes diga uma coisa: não sou hiena, não ataco em bando. Eu não faço parte de grupo nenhum — de “progressistas”, “reacionários”, “centristas”, o que for… Sou católico, por exemplo. A esmagadora maioria me apóia na minha crítica severa, sem concessões, ao abortismo. Quando me digo, no entanto, favorável à união civil de homossexuais — o que não quer dizer que concorde com a absurda decisão do Supremo, tomada contra a letra da Constituição —, muitos lamentam e dizem que minhas convicções são fracas. Fazer o quê? Defendo até mesmo que pares homossexuais (e não “casais”, né?) adotem crianças, satisfeitas algumas condições (que considero também exigíveis dos héteros), mas acho a tal lei que pune a homofobia facistóide. O mundo não é plano. Eu escolho, em suma, um mundo de liberdades individuais sem violação da ordem legal e institucional — que tem, quando é o caso, de ser mudada.

Alguns cretinos do que passei a chamar JEG (vou mudar a definição: de agora em diante, “Jornalismo da Esgotosfera Governista”) acusam-me de integrar a tal imprensa golpista. Pois é… Se o JEG ataca sempre em bando, e ataca, não somos assim. Há gente demonizada pelos “jeguistas” que também me detesta — e a recíproca é verdadeira. Se existe um fato sobre os jornalistas que não estão submetidos ao tacão governista, o fato é este: CADA UM É LIVRE À SUA MANEIRA. Ou liberdade não há.

Se um dia resolver contar a minha vida sem importância, um fato merecerá destaque. Uma professora disse que eu levava jeito pra escrever quando, ainda menino, fiz uma redação contestando o slogan publicitário: “Liberdade é uma calça velha, azul e desbotada”. Argumentei que, se liberdade era aquilo, então liberdade não era. Afinal, as pessoas deveriam ser livres para não usar a calça. A mestra gostou. Huuummm… Comprei o meu primeiro jeans há uns quatro anos, já aos 46! Antes disso, só usava calça de alfaiataria, mesmo quando era pobre pra chuchu. Uma tia costurava. Tenho uma foto, num dia meio frio, posando (Emir Sader escreveria “pousando”) numas pedras no meio de um riacho, em Visconde de Mauá, no estado do Rio. Aquela maconheirada meio esculhambada à volta, e eu ali, de calça de tecido e… botina!!! Deixei de usar colarinho fechado, sempre sem gravata, mesmo em casa, não faz muito tempo. A gente tem de ser livre até pra ser ridículo se é essa a nossa vontade.  Avanço.

Tenho amigos com quem comungo, por exemplo, a visão sobre política interna; se o assunto é, no entanto, Oriente Médio, aí, sem trocadilho, a discordância pode ser explosiva. Com outros, o bicho pega quando o assunto é Obama. Com outros ainda, a coincidência é quase total, mas basta que se debata o tal “aquecimento global” — aquela religião estranha —, e a confusão se instaura. Há até aquele que beira os 100% de concordância… Ocorre que ele é bicicleteiro, e eu o acuso de achar que está ajudando a salvar o mundo com suas pedaladas. Na última altercação, afirmei que, “se selim fosse categoria de pensamento, ficaria na cabeça, não perto da bunda”. Era um chiste. Ele se zangou e está sem falar comigo há uns 15 dias (deixe disso, ô sensível!!!). Espero que esteja andando de bicicleta no Ibirapuera, não nas ruas. Zelo pela segurança dos meus amigos, hehe (lá vai ele ficar ainda mais bravo…).

O mundo não é plano. O mundo só é plano para mentalidades intelectualmente delinqüentes, que pretendem lucrar com teorias conspiratórias, oferecidas, muitas vezes, a poderosos que não tiveram tempo de elaborar uma leitura consistente do mundo. Assim, agarram-se a algumas facilidades e pagam por elas. Adiante.

Abaixo, reproduzo um trecho de um post publicado no Blog do Pannunzio, do jornalista Fábio Pannunzio. Não é meu amigo. Não o conheço. Jamais nos falamos. Já li coisas dele de que discordei radicalmente — e tenho a certeza absoluta de que a inversa é verdadeira. Ele não é o representante do “meu grupelho” atacando o representante do “grupelho adversário”. Reproduzo aqui parte do seu post porque as palavras me parecem sensatas. Quando gosto, digo “sim”; se não, então “não”. Ao texto, notavelmente bem-escrito, o que, hoje em dia, já é uma distinção.
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O racismo que dá lucro

Paulo Henrique Amorim, blogueiro autoproclamado progressista e apresentador da TV do bispo Edir Macedo,  teve lucro com suas injúrias racistas. No blog dele está estampada a manchete “Heraldo aumenta a audiência do CAf em 42%”. O blogueiro “progressista” se ufana de sua obra: “Tem publicidade melhor do que essa?”

Para o caso dele, não deve haver.

Se o que PHA queria era ficar estigmatizado como o último racista assumido da imprensa brasileira,  conseguiu. Se seu objetivo era a auto-desmoralização, ele conseguiu. Se o objetivo era sanar dúvidas sobre seu caráter, também conseguiu. E, no fim das contas, ainda saiu lucrando 42%.

Não foram poucas tentativas de produzir esse resultado. Ele já havia lançado mão do jargão racista quando chamou Paulo Preto de “Paulo Afro-Descendente”. Heraldo foi a segunda vítima do estratagema.

PHA já havia pedido perdão a Bóris Casoy numa situação humilhante - e, da mesma forma, zombou do acordo assinado às pressas para evitar uma condenação. O arauto da nova censura, chamada agora de Ley de Medios, desconhece o Código Civil e o Código Penal. E faz troça do que ele mesmo propôs e acordou em juízo.

Nos delírios veiculados em seu Der Angriff eletrônico, PHA não tem o menor constrangimento de inventar e repetir inverdades  escancaradas - com aquela em que afirmou que Heraldo havia dito que ele não é racista (se não leu, clique aqui e aumente o lucro do blogueiro). Na Ata de Sentença que encerrou esse capítulo do caso, é ele quem declara que foi “infeliz” ao usar a expressão negro de alma branca, e que não teve intenções racistas. O ofendido jamais declarou a ninguém que PHA não é racista. Até porque ele não pensa assim.

Se PHA é ou não racista  quem vai decidir é a Quinta Vara Criminal do DF. É onde tramita o processo crime aberto pelo Ministério Público para apurar e punir as mesmas ofensas. Condenado, Paulo Henrique, que se gaba de figurar como réu em mais 40 processos, pode pegar de dois a cinco anos de reclusão. Se vai ou não para a cadeia é outra história. Mas, nessas circunstâncias, perder a condição de réu primário seria desastroso para ele.

Enquanto contabiliza o lucro de seu retumbante sucesso de audiência na internet, PHA certamente não considera o passivo que só faz aumentar no capital volátil de sua desgastada reputação. Jornalistas, salvo algumas exceções indecentes, vivem do que apuram e publicam. Vivem, enfim, de sua capacidade de informar de maneira correta e honesta. Nesse caso, a deplorável atuação do blogueiro pôs a nu um profissional que, na ausência de fatos, inventa; na ausência de argumentos, injuria;  quando faltam palavras para injuriar, recorre ao jargão abjeto dos racistas. Para arrematar, ainda tem a coragem e a cara de pau de alardear que lucrou com o episódio. Faça-me o favor!
(…)

Por Reinaldo Azevedo 

 

Militares da reserva redigem novo documento com críticas ao governo: “Eles que venham. Por aqui não passarão”

A presidente Dilma Rousseff — e algo me diz que o fez estimulada por Celso Amorim, ministro da Defesa — resolveu escolher a desnecessidade. E fez bobagem! No dia 16, os três clubes militantes divulgaram uma nota protestando contra intervenções da ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Eleonora Menicucci (Mulheres). Consta que a soberana não gostou e, em nome da subordinação que mesmo o militares da reserva devem aos respectivos comandos — e, pois, a ela própria e a Amorim —, cobrou que o texto fosse retirado do ar. Foi…

Ocorre que os clubes militares são entidades associativas que têm o direito de protestar contra o que bem entender, nos limites da lei. Opinião de uma entidade que reúne reservistas não é sublevação — um exagero à altura de Amorim, que é chegadito a dar demonstrações ociosas de autoridade. Mas foi tratada como se fosse. Naquele texto (íntegra aqui), os militares destacam um trecho do discurso de Dilma Rousseff, tão logo eleita, e o contrastaram com intervenções das duas ministras. Leiam trechos:

“Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles. De minha parte, não haverá discriminação, privilégios ou compadrio. A partir da minha posse, serei presidenta de todos os brasileiros e brasileiras, respeitando as diferenças de opinião, de crença e de orientação política.”

No dia 31 de outubro de 2010, após ter confirmada a vitória na disputa presidencial, a Sra Dilma Roussef proferiu um discurso, do qual destacamos o parágrafo acima transcrito. Era uma proposta de conduzir os destinos da nação como uma verdadeira estadista.
(…)
Ao completar o primeiro ano do mandato, paulatinamente vê-se a Presidente afastando-se das premissas por ela mesma estipuladas. Parece que a preocupação em governar para uma parcela da população sobrepuja-se ao desejo de atender aos interesses de todos os brasileiros.
(…)
Na quarta-feira, 8 de fevereiro, a Ministra da Secretaria de Direitos Humanos concedeu uma entrevista à repórter Júnia Gama, publicada no dia imediato no jornal Correio Braziliense, na qual mais uma vez asseverava a possibilidade de as partes que se considerassem ofendidas por fatos ocorridos nos governos militares pudessem ingressar com ações na justiça, buscando a responsabilização criminal de agentes repressores, à semelhança ao que ocorre em países vizinhos. Mais uma vez esta autoridade da República sobrepunha sua opinião à recente decisão do STF, instado a opinar sobre a validade da Lei da Anistia. E, a Presidente não veio a público para contradizer a subordinada.

Dois dias depois tomou posse como Ministra da Secretaria de Política para as Mulheres a Sra Eleonora Menicucci. Em seu discurso a Ministra, em presença da Presidente, teceu críticas exacerbadas aos governos militares e, se auto-elogiando, ressaltou o fato de ter lutado pela democracia (sic), ao mesmo tempo em que homenageava os companheiros que tombaram na refrega. A platéia aplaudiu a fala, incluindo a Sra Presidente. Ora, todos sabemos que o grupo ao qual pertenceu a Sra Eleonora conduziu suas ações no sentido de implantar, pela força, uma ditadura, nunca tendo pretendido a democracia.”
(…)

Voltei
Nunca apoiei, não apóio e não apoiarei insubordinação militar. Mas reitero que os três clubes militares (do Exército, da Marinha e da Aeronáutica) têm caráter associativo e, antes de mais nada, lembre-se, não dispõem de armas. Acima, vai uma análise de caráter político, concernente à categoria, que está perfeitamente adequada ao regime democrático. Em tempo: no mérito, o texto está certo nas duas coisas:
a) a fala de Maria do Rosário, com efeito, afronta decisão do Supremo;
b) Eleonora pertenceu a um grupo terrorista que nunca quis saber de democracia.
Que mal há em lidar com a verdade?

Dilma e Amorim não tinham de bulir com os clubes. Mas sabem como é a tentação do mando… Pressionaram para que a nota fosse retirada do ar. Agora, em novo texto, divulgado nesta terça, 98 militares da reserva reafirmam os termos daquele primeiro manifesto e publicam um protesto ainda mais duro, intitulado: “ELES QUE VENHAM. POR AQUI NÃO PASSARÃO” (leia íntegra). O documento está na Internet, à espera de adesões (íntegra aqui). Seguem trechos

Este é um alerta à Nação brasileira, assinado por homens cuja existência foi marcada por servir à Pátria, tendo como guia o seu juramento de por ela, se preciso for, dar a própria vida. São homens que representam o Exército das gerações passadas e são os responsáveis pelos fundamentos em que se alicerça o Exército do presente.
 
Em uníssono, reafirmamos a validade do conteúdo do Manifesto publicado no site do Clube Militar, a partir do dia 16 de fevereiro próximo passado, e dele retirado, segundo o publicado em jornais de circulação nacional, por ordem do Ministro da Defesa, a quem não reconhecemos qualquer tipo de autoridade ou legitimidade para fazê-lo.

O Clube Militar é uma associação civil, não subordinada a quem quer que seja, a não ser à sua Diretoria, eleita por seu quadro social, tendo mais de cento e vinte anos de gloriosa existência. Anos de luta, determinação, conquistas, vitórias e de participação efetiva em casos relevantes da História Pátria.
(…)
O Clube Militar não se intimida e continuará atento e vigilante, propugnando comportamento ético para nossos homens públicos, envolvidos em chocantes escândalos em série, defendendo a dignidade dos militares, hoje ferida e constrangida com salários aviltados e cortes orçamentários, estes últimos impedindo que tenhamos Forças Armadas (FFAA) à altura da necessária Segurança Externa e do perfil político-estratégico que o País já ostenta. FFAA que se mostram, em recente pesquisa, como Instituição da mais alta confiabilidade do Povo brasileiro (pesquisa da Escola de Direito da FGV-SP).
(…)

Voltei
Pois é. Entre os signatários, estão 13 oficiais generais. Militares da reserva não provocam crise. Já uma Dilma e um Amorim meio destrambelhados… Desde a redemocratização, é a primeira vez que um presidente da República tem esse tipo de comportamento. E foi uma tolice.

Sei não… Acho que estão faltando um pouco de habilidade a Dilma na relação com os militares e, quem sabe?, um tantinho de decoro. Ontem, por exemplo, houve uma cerimônia de homenagens póstumas na Base Aérea do Galeão, no Rio, ao primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos e ao suboficial Carlos Alberto Figueiredo, que morreram no sábado tentando combater o incêndio na Estação Antártica Comandante Ferraz. Estavam lá Amorim, o vice-presidente Michel Temer e comandante da Marinha.

Dilma tinha outros compromissos. Os dois corpos foram levados ao Rio em um Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB). Os militares foram promovidos ao posto de segundo-tenente, admitidos na Ordem do Mérito da Defesa, e suas respectivas famílias receberam a Medalha Naval de Serviços Distintos.

Mas onde estava Dilma? Em Recife, entregando de 480 unidades habitacionais a famílias que foram removidas de palafitas, no bairro de Brasília Teimosa. Estava longe da notícia não-virtuosa. O evento renderia uma fotografia mais alegre. Não foi uma atitude muito decorosa da comandante-em-chefe das Forças Armadas…

PS - Comentem com moderação. Este blog não apóia arroubos de autoritarismo do governo nem manifestações de quebra da ordem legal — em consonância, diga-se, com militares da ativa e da reserva.. Já dei palestra duas vezes no Clube Militar do Exército. Nunca ouvi por ali, nem remotamente, a defesa da indisciplina.

Por Reinaldo Azevedo

 

29/02/2012 às 6:05

PT, que governa com o programa alheio, agora decide mudar a Previdência dos futuros servidores públicos federais. Ao menos isso… Mas vejam o que o partido fez em São Paulo, onde é oposição

Minhas caras, meus caros, leiam o que informa Gabriel Castro, da VEJA Online. Volto depois para lembrar algumas coisinhas.
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Câmara aprova novo fundo para servidores públicos

A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta terça-feira o texto-base da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público (Funpresp). Foram 318 votos a favor, 134 contra e duas abstenções. O projeto, entretanto, ainda pode ser alterado em função de destaques que serão analisados separadamente nesta quarta-feira. A proposta atinge apenas os servidores federais que assumirem o cargo depois da sanção da nova lei, que deve ainda passar pelo Senado.

O novo sistema procurar corrigir parcialmente uma distorção do modelo previdenciário. Hoje, os funcionários públicos contribuem com 11% dos vencimentos para o Regime Próprio da Previdência Social (RPPS), que é o sistema que cobre o funcionalismo, e se aposentam com o salário integral. As entidades empregadoras governamentais entram, por sua vez, com 22%. Se for aprovada no Congresso, a nova política vai requerer contribuções adicionais dos servidores, se quiserem receber aposentadorias com valor acima do teto do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), que hoje é de quase 4 mil reais.

Será necessário, neste caso, destinar até 7,5% do salário ao Funpresp, ao passo que outros 8,5% ficarão a cargo da entidade governamental pagadora. Caso não decida pelo novo fundo, o servidor que for admitido já sob a vigência das novas regras ficará apenas com o RPPS e terá sua remuneração limitada ao teto do INSS.

A proposta, que recebe críticas de sindicatos, tem o objetivo de amenizar um potencial aumento no rombo da Previdência, que, somente neste ano, deve chegar a 60 bilhões de reais. A economia com a implementação do Funpresp é estimada em 30 bilhões de reais ao ano dentro de 35 anos - prazo em que os novos funcionários públicos começarão a se aposentar. Até lá, estima-se que o impacto do novo fundo nas contas públicas será pequeno. Os destaques que serão votados nesta quarta dizem respeito à forma de gestão do Funpresp.

Contexto
A proposta do governo mira um fato há muito tempo conhecido dos especialistas: as dificuldades da seguridade social no Brasil envolvem, em grande parte, as aposentadorias do serviço público. Para se ter ideia, em 2010, o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), que serve os trabalhadores do setor privado, desembolsou 255 bilhões de reais (6,8% do PIB) em benefícios para cerca de 24 milhões de pessoas. No mesmo ano, o RPPS, do funcionalismo, desembolsou 78 bilhões de reais (2,1% do PIB) em benefícios para menos de 3 milhões de pessoas. Diante disso, grosso modo, conclui-se que o valor unitário de uma aposentadoria no RPPS é mais que o dobro de um benefício médio no RGPS. Além disso, na gestão petista, a já inchada máquina pública recebeu milhares de novos profissionais, o que provoca uma despesa permanente para o setor público.

Inversão de papéis
Como já aconteceu outras vezes durante a gestão petista, o tema provocou uma inversão de papeis no Congresso. O PT, que antes acusava o governo tucano de querer privatizar a Previdência, transformou-se em alvo. O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) queixou-se de que seus adversários políticos querem entregar tudo à iniciativa privada: “É de assustar como o PT, o PMDB e outros partidos caminham num sistema de privatização de tudo, não apenas na Previdência. A educação e a saúde estão sendo entregues a entidades e ONGs de forma totalmente irresponsável”. Bruno Araújo (PSDB-PE), líder tucano, também ironizou a postura petista: “Um partido que sonhou com um sistema econômico e teve que acordar adotando o do PSDB”.

Base rachada
Já os governistas adotaram um discurso de austeridade: “A maioria dos trabalhadores brasileiros não pode sustentar um déficit do qual dois terços são causados pelos servidores públicos”, afirmou Edinho Araújo (PMDB-SP). “A proposta não é a discussão do déficit. É a discussão do sistema de aposentadoria sustentada que atenda aos interesses dos trabalhadores do serviço público do país e que não corra riscos”, justificou o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP). O PDT, embora aliado do governo, votou contra o projeto. O PSB se dividiu.

Hoje, há 29 milhões de aposentados pelo regime da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e outros 960 mil aposentados pelo estado. Ainda assim, os servidores públicos são os maiores responsáveis pelo déficit da Previdência.

Voltei
Ser petista é sinônimo de não ter vergonha de nada. O complemento aí é desnecessário. Fiquemos assim: é não ter vergonha. Ponto. Já está de bom tamanho. Há 12 anos se tenta votar uma proposta parecida, sem sucesso. Por quê? Porque o PT nunca deixou. O governo FHC quis reequilibrar essa equação. Não conseguiu. A central sindical petista botou nas ruas os tontons-maCUTs… Como o partido controla os sindicatos de servidores, era fácil investir na baderna. Agora no governo, é fácil manter a tropa de choque aquartelada.

Texto idêntico foi votado para os servidores estaduais de São Paulo na semana passada. O PT, entusiasta da proposta na esfera federal, onde é governo, combateu-a em São Paulo, onde é oposição. Vocês entenderam a natureza desses patriotas? Os tucanos, coerentes, ficaram a favor nos dois casos. Ontem, no Jornal da Globo, Heraldo Pereira entrevistou os deputados Jilmar Tatto (SP), novo líder do PT na Câmara, e Ivan Valente, líder do PSOL. Este último atacou a mudança — e votou contra, junto com o DEM. Tatto cantou as suas glórias. Nem parecia o representante daquele partido que repudiava a reforma no governo tucano e que votou há dias contra a mesma proposta na Assembléia Legislativa de São Paulo.

Eu apóio a medida? Claro que sim! O sistema vigente no Brasil é uma piada macabra, o elogio da irresponsabilidade. Isso começará a ter efeitos concretos só daqui a 30 anos, já que vale apenas para os servidores que entrarem no serviço público depois da aprovação do texto. Dado o buraco, eu duvido que o país vá poder esperar tanto. Nas próximas três décadas, é muito provável que alguma mudança tenha de ser feita para corrigir o descalabro vigente com o funcionalismo que já está aí. Mas a esse grau de evolução o PT ainda não chegou.

Por Reinaldo Azevedo

 

28/02/2012 às 22:25

Comissão Especial aprova Lei Geral da Copa. Abaixo a institucionalidade!

A Lei Geral da Copa do Mundo foi aprovada na comissão especial. Há alguns anos, o que vai lá provocaria a indignação de muita gente preocupada com a legalidade. Hoje não! Estamos nos acostumando à informalidade institucional. Voltarei ao assunto de madrugada. Leiam trechos do que informa Nathalia Passarinho, no Portal G1:

A comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (28) o texto-base da Lei Geral da Copa, que estabelece regras sobre a venda de ingressos, comercialização de bebidas e garantias aos patrocinadores do mundial. Os deputados ainda vão analisar os destaques (alterações), que serão votados em separado nesta quarta (29). O projeto ainda deverá passar por votação no plenário da Câmara, antes de ser apreciado pelo Senado. Só depois, vai à sanção presidencial. O texto do relator da matéria na comissão especial, deputado Vicente Cândido (PT-SP), estabelece a venda de meia-entrada apenas para idosos e 300 mil ingressos populares para estudantes e beneficiários de programas de transferência de renda. Pela proposta, pessoas com mais de 60 anos também estão incluídas entre os beneficiários da chamada “categoria 4″, de ingressos baratos (previstos para serem vendidos a este grupo por US$ 25, cerca de R$ 43, na cotação atual). A Copa do Mundo terá quatro categorias de ingressos, sendo que a “categoria 1″ será a mais cara.

De acordo com o deputado Vicente Cândido, a “categoria 4″ terá entradas a US$ 50, mas estudantes, idosos e beneficiários de programas de transferência de renda pagarão metade desse valor. Os ingressos da “categoria 3″, segundo o deputado, custarão cerca de US$ 100, a “categoria 2″ deverá ter entradas a US$ 450, e os ingressos da “categoria 1″ custarão em torno de US$ 900. O novo texto da Lei Geral da Copa estabelece que a Federação Internacional de Futebol (Fifa) deverá sortear os ingressos populares “prioritariamente” entre estudantes, idosos e beneficiários de programas de transferência de renda que se candidatarem. O texto prevê a possibilidade de que mais ingressos, além dos 300 mil, sejam vendidos na “categoria 4″, para qualquer pessoa. Neste caso, porém, o valor subiria para US$ 50 (cerca de R$ 85).

A proposta afasta a incidência de outras leis federais ou estaduais que estabeleçam meia-entrada. Com isso, se for aprovado o Estatuto da Juventude, que prevê meia-entrada para estudantes de todo o país, a legislação não teria validade durante os jogos da Copa do Mundo. O estatuto foi aprovado neste mês na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e ainda precisa passar por três comissões antes de ser apreciado em plenário. “As disposições constantes de lei federal, estadual ou municipal referentes a descontos, gratuidades ou outras preferências aplicáveis aos ingressos ou outros tipos de entradas para atividades esportivas, artísticas ou culturais e de lazer não se aplicam aos eventos”, destaca o texto atual da Lei Geral da Copa.

Indígenas
O texto de Vicente Cândido diz ainda que os “ingressos para indígenas e proprietários de armas de fogo” que aderirem a campanhas de desarmamento serão “objeto de acordo” com a Fifa. Sindicalistas, liderados pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, defendem ingressos gratuitos para os trabalhadores que construíram os estádios da Copa. Apesar dessa previsão não constar no texto, Vicente Cândido disse que a Fifa se comprometeu a dar ingressos gratuitamente para essas categorias.

A proposta aprovada na comissão especial também diz que “os entes federados e a Fifa poderão celebrar acordos para viabilizar o acesso e a venda de ingressos para pessoas portadoras de deficiência, considerada a existência de instalações adequadas e específicas nos locais oficiais de competição.” O texto prevê ainda a exigência de venda de ingressos da “categoria 4″ na Copa das Confederações. “A Fifa colocará à disposição, para as partidas da Copa das Confederações de 2013, no decurso das diversas fases de venda, ao menos, 50 mil ingressos da categoria 4″, diz o texto.

Bebidas
A proposta aprovada pela comissão especial autoriza a venda de bebidas alcoólicas nos estádios durante os jogos da Copa do Mundo. O texto não estende a liberação para outros campeonatos. O Estatuto do Torcedor veta a presença nos estádios de “bebidas ou substâncias proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de violência”. De acordo com o parecer de Cândido, a “venda e o consumo de bebidas, em especial as alcoólicas, nos locais de oficiais de competição, são admitidos desde que o produto esteja acondicionado em copos de plástico, vedado o uso de qualquer outro tipo de embalagem.” A liberação de álcool na Copa do Mundo é uma das exigências da Fifa, já que alguns patrocinadores do campeonato são empresas fabricantes de bebidas.
(…)

Férias escolares
O texto aprovado pela comissão especial altera ainda o período de férias escolares em 2014 para que não haja aulas durante a Copa do Mundo. “Em 2014, os Sistemas de Ensino deverão ajustar os calendários escolares de forma que as férias escolares decorrentes do encerramento das atividades letivas do primeiro semestre do ano, nos estabelecimentos de ensino das redes pública e privada, abranjam todo o período entre a abertura e o encerramento da Copa do Mundo FIFA 2014 de Futebol”, diz a proposta.

Por Reinaldo Azevedo

 

28/02/2012 às 21:59

Eliana Calmon diz ser preciso atuar contra “meia-dúzia” de vagabundos para proteger juízes sérios, “a maioria”

Por Felipe Recondo, no Estadão:
A corregedora-nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, afirmou nesta terça-feira, 28, que é preciso expor as mazelas do Judiciário e punir juízes “vagabundos” para proteger os magistrados honestos que, ela ressaltou, são a maioria.

“Faço isso em prol da magistratura séria e decente e que não pode ser confundida com meia-dúzia de vagabundos que estão infiltrados na magistratura”, disse em sessão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, para discutir a proposta de emenda constitucional que amplia e reforça os poderes correcionais do CNJ.

No ano passado, declarações da ministra de que a magistratura brasileira enfrentava “gravíssimos problemas de infiltração de bandidos, escondidos atrás da toga” gerou crise entre o Judiciário e o CNJ. Na ocasião, Eliana Calmon defendia o poder de o órgão investigar magistrados supeitos de cometer irregularidades.

Nessa terça, a ministra afirmou ser necessário retomar a investigação que começou a ser feita no ano passado nos tribunais de Justiça para coibir pagamentos elevados e suspeitos a desembargadores e servidores. A investigação iniciada pelo CNJ no tribunal de Justiça de São Paulo e que seria estendida a outros 21 tribunais foi interrompida por uma liminar concedida no último dia do ano judiciário pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski. O processo hoje está sob relatoria do ministro Luiz Fux e não há prazo para que seja julgado.

Por Reinaldo Azevedo

 

28/02/2012 às 21:09

Estados Unidos cancelam compra de Super Tucano; Embraer contesta motivos

Na VEJA Online:
A Força Aérea dos Estados Unidos informou nesta terça-feira que cancelará o contrato de 355 milhões de dólares com a Embraer para fornecimento de 20 aviões Super Tucano, citando “problemas com a documentação”. O negócio, que deve ser interrompido, seria o primeiro contrato da fabricante brasileira com a Defesa americana.

De acordo com a Força Aérea, a licitação, que havia sido contestada na Justiça do país pela americana Hawker Beechcraft, será refeita. A fabricante dos EUA entrou com ação judicial em janeiro após sua aeronave, a AT-6, ser excluída da competição. Com a disputa judicial, o processo de aquisição havia sido suspenso.

“Apesar de buscarmos a perfeição, nem sempre atingimos nosso objetivo. Por isso, temos de adotar medidas de correção”, disse o secretário da Força Aérea, Michael Donley, em comunicado. “Uma vez que a compra ainda está em litígio, somente posso dizer que o principal executivo de aquisições da Força Aérea, David Van Buren, não está satisfeito com a qualidade da documentação que definiu o vencedor.” Sem entrar em detalhes, o porta-voz do órgão afirmou que o comandante da área de materiais da Força Aérea dos Estados Unidos, Donald Hoffman, ordenou uma investigação sobre o caso.

O contrato, anunciado no final de 2011, provocou resistências nos Estado Unidos, principalmente no estado do Kansas, onde fica a sede da Hawker. Congressistas da região cogitaram entrar com um pedido de investigação internacional para apurar eventual subsídio do Brasil à Embraer. A avaliação dos americanos é que um contrato deste porte, em um setor tão sensível e num momento de crise econômica no país, não poderia ficar com uma companhia estrangeira.
(…)
Embraer contesta
A fabricante de aeronaves Embraer divulgou nesta terça-feira nota em que rebate os argumentos da Força Aérea americana que fundamentaram a decisão de cancelar um contrato de 355 milhões de dólares para aquisição de 20 aviões Super Tucano. A companhia brasileira lamentou a decisão e disse que não desistirá do negócio. “A Embraer permanece firme em seu propósito de oferecer a melhor solução para a Força Aérea dos Estados Unidos e aguardará mais esclarecimentos sobre o assunto para (…) decidir os próximos passos”, afirma no documento.

De acordo com a Força Aérea americana, a licitação foi cancelada por insatisfação com a “qualidade da documentação que definiu o vencedor”. . A Embraer contesta a justificativa apresentada. Diz que participou - junto com sua parceira nos Estados Unidos, a Sierra Nevada Corporation (SNC) - do processo de seleção para o projeto Light Air Support (LAS) disponibilizando, sem exceção e no prazo acordado, toda a documentação requerida. A licitação será refeita.

O processo já se encontrava suspenso porque a fabricante Hawker Beechcraft, baseada no estado do Kansas, havia entrado com ação na Justiça do país, em janeiro, após sua aeronave, a AT-6, ser excluída da competição vencida pela Embraer.

A companhia brasileira garante que a decisão a favor do Super Tucano, divulgada em 30 de dezembro, foi uma escolha pelo melhor produto. O desempenho da aeronave, segundo a Embraer, foi atestado e mostrou-se capaz de atender com maior eficiência às demandas apresentadas pela Força Aérea dos Estados Unidos.

Por Reinaldo Azevedo

 

Será que os judeus também devem pedir para recolher os dicionários ou para censurar Shakespeare?

Há um procurador federal que quer recolher o dicionário Houaiss porque considera ilegal — imaginem só — um dos registros da palavra “cigano”. Ocorre que a obra deixa claro que se trata de um uso pejorativo. Pessoas de outras origens poderiam reclamar. Lê-se na acepção nº 9 do vocábulo “judeu”, por exemplo: “pessoa usurária, avarenta”. De novo: uma coisa é um dicionarista cumprir a sua obrigação e publicar que a palavra tem esse registro pejorativo, nascido certamente do preconceito, outra é endossá-lo.

Quando o Ministério da Educação, sob as luzes de Fernando Haddad, queria pôr uma tarja vermelha em Monteiro Lobato, escrevi aqui:
Deverá agora “O Mercador de Veneza” vir com a advertência: “Cuidado! Obra anti-semita, só recomendável para quem está devidamente instruído sobre este assunto”? Ou, do mesmo Shakespeare, sobrepor à capa de “Othelo” algo assim: “Cuidado! Sugere-se que o temperamento emocional e desequilibrado do protagonista pode estar relacionado à sua origem racial e mesmo à cor de sua pele”? Vai-se proibir Alexandre Herculano, em Portugal ou em qualquer lugar, ou apensar um tratado a seus livros advertindo para a possível manifestação de preconceito contra a fé islâmica? É o fundo do poço moral, a que não se chega sem uma dose cavalar de ignorância, preconceito às avessas, estupidez e, obviamente, patrulha ideológica.

Imaginem o próprio Tio Rei… Cansei de ver os cientistas sociais a apontar a “miopia histórica” deste ou daquele… Eu aqui, com os meus muito graus cultivados com denodo, deveria me sentir humilhado? Hão de protestar agora os gordos quando os defensores da responsabilidade fiscal atacam o “estado obeso”? É preciso ter senso de ridículo.

Atenção! Se alguém pretender usar a peça de Shakespeare como evidência de que judeus são naturalmente avarentos e usurários, aí será racismo, sim — mas o bardo não terá culpa do cartório. Do mesmo modo, Othelo não poderá ser empregado como evidência de que os mouros são naturalmente propensos à irracionalidade…

“Ah, isso que você está falando também vale para Paulo Henrique Amorim?” Claro que sim! É por isso tudo, aliás, que sustento que suas manifestações contra Heraldo Pereira foram racistas. E não! Não vou desistir deste tema, ainda que ele propagandeie que sua conversa mole nunca foi tão acessada. O episódio expôs de maneira insofismável o caráter dos JEG (Jornalistas da Esgotosfera Governista).

Por Reinaldo Azevedo

 

Goebbels decidia quem era e quem não era judeu; pergunto se algumas lideranças reivindicam o direito de decidir quem é e quem não é negro

Sim, volto a Paulo Henrique Amorim. Suas considerações sobre o trabalho do jornalista Heraldo Pereira são racistas. Aquele senhor interpretou decisões profissionais tomadas por Heraldo (corretas, diga-se, mas que ele reprovava) como derivação da cor da sua pele. Fica patente em seus textos que, tivesse Heraldo outra cor, agiria de modo diferente e teria outra trajetória na Rede Globo.

Fosse HP branco, PH não poderia ter recorrido àquela ironia. E que se registre: as matérias que foram objeto de sua asquerosa abordagem nada tinham a ver com questão racial. Não é a primeira vez que aquele senhor evoca a cor da pele do alvo de sua crítica para evidenciar a sua desafeição. Referindo-se a Paulo Vieira de Souza, conhecido como “Paulo Preto”, chamou-o “Paulo Afro-Descendente”, fazendo blague, note-se, da terminologia politicamente correta com o intuito de ridicularizar o outro. A Justiça o condenou por isso.

Racismo, sim! Em sua defesa, PH e alguns de seus colegas dos JEG (Jornalistas da Esgotosfera Governista) alegam que sua crítica é mais ampla, dirigida à Rede Globo, ao sistema de radiodifusão no Brasil, à “mídia” — vocês conhecem a cascata. Ora, entendo isso como mais uma evidência do racismo. Heraldo, com efeito, não é seu único alvo. Paulo Henrique nunca procurou relacionar o trabalho de seus desafetos brancos à cor da pele. Mas não teve dúvida em evocá-la no caso do único negro agredido. Tenham paciência!

Silêncio constrangedor
Noto o silêncio constrangedor das lideranças de movimentos negros. Onde estão? Dia desses, Frei Davi, da ONG Educafro, veio a público, na própria Rede Globo, para acusar um policial de racismo num entrevero havido na USP. Um policial se desentendeu com um invasor de uma área da universidade e o pegou pelos colarinhos. Foi punido por isso. O frei afirmou que havia ali racismo porque o rapaz seria o único negro do grupo — o que, como evidencia filme do YouTube, é uma afirmação falsa. Segundo os critérios dos racialistas, havia outros negros ali.

Desta vez, sim, Frei Davi. Heraldo é o único negro do grupo de jornalistas atacado por Paulo Henrique. E é o único cuja cor da pele virou motivo de proselitismo. Racismo, sim! No auge da abjeção, fica patente que Paulo Henrique relaciona a atuação supostamente servil de Heraldo — o que é de uma estupidez inominável! — à cor de sua pele.  Os representantes dos JEG não têm resposta para essa evidência. Então preferem ignorá-la e proclamar a suposta fidelidade de Paulo Henrique à causa dos negros.

Ao silenciar sobre o episódio, as lideranças de movimentos negros estão escolhendo um caminho perigoso, danoso para a sua própria causa: estão afirmando, por vias oblíquas, que algumas pessoas têm o direito de se comportar de modo racista, e outras não. Não serei eu a pautar as lideranças desses movimentos. Façam como achar melhor. Eu me reservo o direito da análise, da crítica e da memória histórica.

Joseph Goebbels, o facinoroso ministro da Propaganda de Hitler, queria que o grande Fritz Lang fosse diretor da estatal de cinema nazista, embora o regime tivesse proibido “O Testamento do Dr. Mabuse”. Lang foi falar com o todo-poderoso e ouviu o convite. Respondeu que não poderia aceitar a oferta porque sua mãe tinha origem judaica. E teria ouvido uma frase que fez história e milhões de mortos: “Nós decidimos quem é e quem não é judeu”. Lang se mandou da Alemanha. Há quem diga que tal encontro nunca existiu. De todo modo, é fato: Goebbels reivindicava o “direito” de decidir quem era e quem não era judeu…

Pergunto às lideranças negras se, agora, são elas e os JEG (Jornalistas da Esgotosfera Governista) a decidir quem é e quem não é negro.

PS - Em tempo: Paulo Henrique move uma verdadeira campanha contra Heraldo Pereira — além, claro, de atacar a Globo, outros jornalistas, o ministro Gilmar Mendes, qualquer líder remotamente identificado com a oposição etc. E, no mesmo passo, canta as glórias da presidente Dilma Rousseff, convertida na Oitava Maravilha.  A estatal da hora a financiar o seu blogo são os Correios. Mas há um revezamento. O que não falta aos JEG é dinheiro. Público! Por isso todos eles são grandes admiradores do modelo Hugo Chávez de comunicação.

Por Reinaldo Azevedo

 

A censura a um dicionário, o que o livro diz sobre “direita e esquerda” e, de novo, o preconceito racial e os JEG

Uma notícia que me enviaram ontem, publicada no Portal Terra, me deixou de queixo caído. Reproduzo trechos:
“O Ministério Público Federal (MPF) em Uberlândia (MG) entrou com uma ação contra a Editora Objetiva e o Instituto Antônio Houaiss para a imediata retirada de circulação, suspensão de tiragem, venda e distribuição das edições do Dicionário Houaiss, que contêm expressões pejorativas e preconceituosas relativas aos ciganos. Segundo o MPF, também deverão ser recolhidos todos os exemplares disponíveis em estoque que estejam na mesma situação.”

E por quê? A reportagem explica:
“O objetivo da ação é obrigá-los a suprimir do dicionário quaisquer referências preconceituosas contra uma minoria étnica, que, no Brasil, possui hoje mais de 600 mil pessoas. Para o MPF, os significados atribuídos pelo Dicionário Houaiss à palavra ‘cigano’ estão carregados de preconceito, o que, inclusive, pode vir a caracterizar crime. ‘Ao se ler em um dicionário, por sinal extremamente bem conceituado, que a nomenclatura ‘cigano’ significa aquele que trapaceia, velhaco, entre outras coisas do gênero, ainda que se deixe expresso que é uma linguagem pejorativa, ou, ainda, que se trata de acepções carregadas de preconceito ou xenofobia, fica claro o caráter discriminatório assumido pela publicação’, diz o procurador Cléber Eustáquio Neves. O procurador explica que ‘o direito à liberdade de expressão não pode albergar posturas preconceituosas e discriminatórias, sobretudo quando caracterizada como infração penal’. Segundo ele, a significação atribuída pelo Houaiss violaria o artigo 20 da Lei 7.716/89, que tipifica o crime de racismo.

Voltei
É um escândalo! Está faltando serviço ao doutor Cleber. Na versão online do dicionário, não se encontram as tais expressões, publicadas apenas na versão impressa. Como atesta o próprio procurador, o referido dicionário chama a atenção para o fato de que aquelas definições têm caráter pejorativo — e, pois, não podem ser tomadas como expressão da verdade.  O que me escandaliza em casos assim é que isso tudo custa dinheiro ao contribuinte. O doutor Cleber é pago — e muito bem-pago — com o nosso dinheiro. Sua ação mobiliza funcionários públicos e a estrutura do estado. O que ele está pedindo, de maneira aberta, desabrida, sem receios, atende por “censura”. Em nome da SUPOSTA preservação dos direitos de uma minoria, quer impor uma canga na linguagem. UMA COISA É INFORMAR O SENTIDO PEJORATIVO QUE ASSUMIU UMA DETERMINADA PALAVRA OU EXPRESSÃO; outra, distinta, é tomar esse sentido como expressão da verdade, o que o dicionário não faz. Basta ler.

Fui chamado por um tal Leandro Fortes —  consta que é jornalista — de “Exu”; ele pretendia, assim, me atacar. O “Exu” como sinônimo de demônio é, informei aqui, a distorção a que colonizadores submeteram uma entidade religiosa que tem origem na África negra. Isso tudo tem história. Padre Anchieta, por exemplo, fazia o seu trabalho de catequese recorrendo a peças de teatro. No “Auto de São Lourenço”, que vocês encontram na Internet, o Bem e o Mal disputam a alma dos índios. Não por acaso, os demônios bebem cauim e cultivam os valores… indígenas! Já a salvação é cristã.

Os idiotas diriam sem pestanejar sobre o padre: “Era preconceituoso e racista”. Os que têm algo entre as orelhas além do nariz entenderão que nem se pode ver o “outro” hoje em dia como Anchieta o via, com os valores do século 16, nem se pode voltar ao século 16 para julgar o jesuíta com os olhos de hoje. É por isso que não faz sentido censurar Monteiro Lobato por conta do que escreveu sobre Tia Nastácia. É por isso que cumpre que não se trate hoje uma mulher negra como Lobato tratou Tia Nastácia. Entendeu, Paulo Henrique Amorim? Ainda volto a você, rapaz! Não com a esperança de civilizá-lo, mas de evidenciar a sua estupidez.

Distorções
Dicionários têm distorções? Aos montes! Devemos censurá-los por isso, retirá-los de circulação, queimá-los em praça pública? Ora… Eu jamais havia procurado, por exemplo, os termos “direita” e “esquerda” no mesmo Houaiss que aquele procurador quer, estupidamente, ver recolhido. Decidi fazê-lo. É de estarrecer. Reproduzo as acepções políticas dos dois vocábulos:

Direita
o conjunto dos diversos agentes políticos de uma sociedade (parlamentares, imprensa, setores organizados etc.) que adotam pensamentos e práticas refratárias a transformações na ordem social, especialmente as que implicam a instauração de igualdade política e/ou econômica entre os cidadãos.
5.1 - parte da população que defende as mesmas idéias e crê nos mesmos pressupostos que os parlamentares de direita, que geralmente consistem na oposição a mudanças na ordem estabelecida que venham a favorecer as classes populares e, às vezes, na defesa de governos autoritários; reação.
Ex: a direita votou nas últimas eleições contra os trabalhadores.
5.2 - cada um dos partidos conservadores

E então? Ficamos sabendo, segundo o Houaiss, que De Gaulle, Churchill e Adenauer eram contra a “igualdade política e econômica entre os cidadãos”. O que lhes parece?

Vejamos o que o mesmo dicionário diz da esquerda:
Esquerda
conjunto de membros de uma assembléia parlamentar que lutam por idéias avançadas, em oposição aos conservadores [Originariamente, à época da Revolução Francesa, a bancada representativa dessas tendências ficava à esquerda do presidente; na câmara e no senado dos E.U.A., os democratas (menos conservadores) sentam-se à esquerda, e os republicanos (mais conservadores), à direita.]
4- conjunto dos indivíduos de uma nação, ou mesmo de uma comunidade supranacional, que acreditam na superioridade dos regimes socialistas ou comunistas sobre outras formas de organização econômico-políticas, especialmente o capitalismo, com sua fé no mercado como regulador de tudo, atribuindo, portanto, ao Estado o dever de intervir na economia, e que advogam o dever do Estado em prover o bem-estar dos cidadãos, tendo ainda como uma de suas principais metas acabar com as desigualdades sociais inerentes ao regime capitalista.

Publiquei ontem um post, vejam abaixo, sobre os 70 parlamentares mais ricos da China, que têm um patrimônio de quase US$ 90 bilhões. Já toda a elite política do estado americano não chega a ter US$ 8 bilhões. Segundo o Houaiss, Stálin, Mao Tse-Tung, Pol Pot, Kim Jong-Il, Fidel Castro e a canalhada toda queriam “prover o bem-estar dos cidadãos”. Mais: as desigualdades sociais seriam “inerentes ao capitalismo”.

Evidentemente, o tal procurador não vai querer retirar o Houaiss de circulação por isso. Não sei por quê, temo que ele possa concordar com essas óbvias distorções, com o que chega mesmo a ser mentira. Talvez o fato de o dicionarista Antônio Houaiss ter sido um lingüista dedicado, mas também um socialista, o tenha levado a condescender com essa besteira. Mas que se note: de maneira um pouco menos eloqüente, tais bobagens estão também no Aurelião.

É assim em dicionários de outras línguas, de outros países? Não! Estão disponíveis na Internet. Ainda que a direita seja associada ao conservadorismo — e, no terreno dos valores, está correto —, é muito raro que se associem “direitismo” e “conservadorismo” a autoritarismo ou a práticas totalitárias, tanto quanto não se atribui à esquerda esse doce monopólio da virtude e da busca da igualdade.

Eu quero, por isso, cassar e caçar os exemplares do Houaiss? Eu não! Porque entendo que coisas assim têm de ser apontadas, debatidas, confrontadas com os fatos, mas sem esse viés purificador dos novos “inquisidores do bem”.

E de volta ao confronto HP x PH
Heraldo Pereira e Paulo Henrique são mesmo opostos em tudo, como se nota — inclusive nas respectivas trajetórias: uma ascendente, a outra descendente. “Então, Reinaldo, você é contra a censura ao Houaiss, mas quer censurar o Paulo Henrique?” Ao admitir a denúncia oferecida pelo Ministério Público contra este senhor por crimes de racismo e injúria racial, a Justiça já decidiu que não se trata de censura coisa nenhuma! Ao contrário: viu nos ataques indícios de crime.

Paulo Henrique não está no século 16, mas no 21. Ele tem plena consciência do que significa “negro de alma branca”. Se o dicionário de Houaiss, no que concerne aos ciganos, deixa claro que as desqualificações são pejorativas, chamando a atenção para a acepção preconceituosa, Paulo Henrique instrumentalizou, de forma consciente e reiterada, o conteúdo preconceituoso para atingir Heraldo Pereira. Tinha todo o direito de criticar a análise feita pelo jornalista ou sua reportagem, mas preferiu apelar à cor de sua pele, inferindo que ela estava na raiz do seu suposto equívoco.

De resto, flagrado no ridículo de mobilizar meia-dúzia de brancos para ensinar a Heraldo como ser um “negro consciente”, Paulo Henrique decidiu convocar alguns militantes negros ligados às teses racialistas para atingir o jornalista, como a dizer: “Vejam aí, esses negros não se entendem; o meu desafeto não tem lugar nem entre os brancos nem entre os negros”. Na prática, o que PH pretende é que HP não tenha a voz de um jornalista que, no caso e por acaso, é negro. Ele exige que Heraldo, na sua profissão, seja antes um negro para, só então, ser jornalista. Isso tem implicações: brancos podem ser principalmente jornalistas em sua profissão. Negros, como Heraldo, mesmo em sua profissão, teriam de ser principalmente negros. Jornalistas brancos poderiam falar de política, economia, cultura, direito etc. A negros jornalistas ficaria reservado debater os problemas dos negros!

Isso é racismo da pior espécie! Não é assim porque eu quero. É assim porque as palavras fazem sentido — ainda que os dicionários andem a merecer reparos, e as palavras, reparações.

PS - Os “JEG” (Jornalistas da Esgotosfera Governista) perdem tempo em ficar me demonizando. Façam ao menos um esforço para argumentar melhor do que eu. Eu sou diferente de vocês: não quero eliminar meus adversários. Até torço para que eles sejam melhores. O chato de contestar um dos “JEG” é a baixa qualidade do jogo…

Por Reinaldo Azevedo

 

Serra entrega carta ao Diretório Municipal em que admite pré-candidatura e diz que eleição será disputa “entre duas visões distintas de Brasil”

O tucano José Serra entregou à direção municipal do PSDB, neta terça-feira, a carta em que anuncia a sua disposição de disputar as prévias para ser o candidato do partido à Prefeitura de São Paulo. Nesta quarta à tarde, ele concede uma entrevista coletiva para tratar do assunto.

Serra lembra que, logo depois das eleições presidenciais de 2010, anunciou que se dedicaria ao debate de temas nacionais e nota que cumpriu o prometido por meio da militância partidária, do diálogo com outros representantes da oposição e de artigos. E emenda: “Para mim, a política não é uma atividade privada, objeto apenas da vontade e do desejo pessoal, ou fruto de ambição íntimo (…) Eu aprendi a reconhecer que o interesse coletivo se sobrepõe sempre aos planos pessoais daqueles que abraçaram de fato a causa pública”. Explica, assim, a sua decisão de candidatar, que obedeceu também, afirmou, a um chamado de sua consciência.

O agora pré-candidato afirma que a disputa na cidade de São Paulo tem importância nacional e, referindo-se indiretamente ao PT, sustenta que háverá ”uma disputa entre duas visões distintas de Brasil, duas visões distintas de administração dos bens coletivos, duas visões distintas de democracia, duas visões distintas de respeito aos valores republicanos.”

Na referência direta aos oponentes externos, afirma: “Respeitamos, como sempre, nossos adversários, mas temos clareza de que o nosso partido e os nossos aliados representam o melhor para esta cidade”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Haddad explica por que gosta da “Elegia”, de John Donne: “Deixa que minha mão errante adentre. Atrás, na frente, em cima, embaixo, entre.” Ou: Uma dica aos “JEG”

Então, gente… “Eu estou convencido de que” — como dizia o apedeuta quando estava prestes a soltar uma de suas reflexões no elevador, hehe — a política só voltará a ser alguma coisa respeitável no Brasil, que não nos obrigue a tapar o nariz, quando estiver um tantinho mais próxima do senso de moral e da realidade do homem comum: eu, você, aquelas pessoas que ficam nas filas de ônibus e metrô e que ganharam o pão do dia de maneira honesta.

Por que digo isso?

Abaixo, vocês lerão trecho de um texto de Uirá Machado, na Folha, informando que o companheiro Fernando Haddad está mais “tranqüilo” com o apoio do prefeito Gilberto Kassab (PSD) ao tucano José Serra. Ele se manifestou nestes termos: “Fico mais tranqüilo de que vou poder representar melhor as idéias em que acredito”.

Deixem Tio Rei ver se entendeu direito o que diz o ex-ministro Gugu Dadá da Educação: caso Serra não tivesse entrado na disputa e caso Kassab apoiasse o candidato do PT, antes mesmo de eventualmente eleito, Haddad já estaria ou enganando o eleitor ou enganando os aliados — quem sabe, bom petista que é, poderia estar fazendo as duas coisas.

Quer dizer que uma aliança com Kassab o obrigaria a fazer coisas nas quais não acredita? É mesmo? Pergunta: o que ele faz para manter, por exemplo, o apoio do PR, do patriota Valdemar Costa Neto? Faz por necessidade ou por gosto? Faz com o ar sofrido do donzelo violado ou com os olhos concupiscentes do pervertido?

Com um pouco mais de experiência, Haddad poderia dizer algo mais ou menos assim — vai a dica aí, ô, novato: “Não importa quem nos apóie, a nossa política será sempre a mesma”. Mas não! Ele admite que, a depender dos acordos que faça, pode ir pra cá, pode ir pra lá, pode ser por baixo, pode ser por cima, exercendo a sua própria versão da bela “Elegia - Indo para o leito” , de John Donne, na tradução de Augusto de Campos: “Deixa que minha mão errante adentre. Atrás, na frente, em cima, embaixo, entre.”…

Segue trecho do texto da Folha. Volto para encerrar:
Pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira que a entrada do ex-governador José Serra (PSDB) na disputa não altera seus planos de campanha, mas reconheceu que fica mais “tranquilo” com o novo cenário. “Eu não via com conforto a possibilidade de uma aliança com a atual administração”, disse Haddad em referência ao prefeito Gilberto Kassab (PSD). Após conversa de Kassab com o ex-presidente Lula, setores do PT passaram a defender uma aliança com o prefeito de São Paulo.

As negociações, que nunca se tornaram oficiais, foram enterradas neste sábado, quando Serra decidiu concorrer à sucessão de Kassab. O prefeito deve sua eleição ao tucano e já anunciou que o apoiará na disputa. Fernando Haddad durante reunião do Conselho Político de sua pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo. Haddad, que não estava entre os defensores da aliança com Kassab, vê no cenário atual mais espaço para criticar a administração da cidade.

“Fico mais tranquilo de que vou poder representar melhor as ideias em que acredito”, afirmou o pré-candidato durante visita ao bairro da Freguesia do Ó (zona norte). “Está mais adequado o candidato ao dicurso”, completou. Sobre a entrada de Serra, Haddad questionou: “Qual a surpresa? Esta é a sexta eleição do século 21. Ele já participou de cinco. Ele tem estado à disposição do partido”. Durante a entrevista, Haddad também afirmou que não vê como necessária uma possível aliança com o PMDB, cujo pré-candidato é o deputado Gabriel Chalita.

“Pode haver entedimento [com o PMDB]? Pode. Mas não vejo como condição necessária”, disse o ex-ministro da Educação, que descartou a possibilidade de ele ceder a cabeça da chapa a Chalita.
(…)

Voltei
Escrevo assim para ensinar aos “JEG” — Jornalistas da Esgotosfera Governista — que jamais se deve descuidar da literatura. Mesmo quando o tema é Fernando Haddad e suas vastas emoções e pensamentos imperfeitos.

PS - Nos comentários, por favor: só observações que honrem a alta poesia de John Donne, não o entendimento que Haddad tem da política.

Por Reinaldo Azevedo

 

Por que o capitalismo sempre foi o verdadeiro socialismo. Agora a prova aritmética

Vocês sabem que a tirania chinesa é o grande farol do petismo. Os companheiros são fascinados por aquele misto de estatismo, ditadura, elite pistoleira e, ora veja, crescimento econômico.  Se há um lugar onde o capitalismo exibe a sua face realmente selvagem — sem, vamos dizer, os requintes civilizatórios dos direitos sociais —, esse lugar é a China. Fez-se uma sociedade de mercado para uns 400 milhões de pessoas, mantém-se uns 900 milhões debaixo de chicote, e a vida continua.

- Os petistas são obcecados pela “ditadura que funciona”.
- Alguns plutocratas nativos são obcecados pela “parceria” lá existente entre estado e iniciativa privada. Chamam  ”parceria” a mais pura pistolagem.
- Alguns que se querem “pragmáticos” são obcecados pelo, como chamarei?, “produtivismo”.

Como todo mundo sabe, a China só pode fazer o dumping clássico e exportar ao mundo a preço de banana porque faz um outro dumping, o de vidas humanas. Até alguns que se querem da minha turma, liberais, acham aquilo lindo! Lixo! Não são da minha turma. O liberalismo que não supõe o exercício das liberdades individuais e de organização é só a pistolagem dos mais fortes. Assim como o comunismo original era a pistolagem dos mais fracos. É claro que não poderia dar em nada.

Por que isso tudo? NoRadar Econômico do Estadão Online, Sílvio Guedes Crespo traz uma informação espetacular, veiculada pela agência Bloomberg. Leiam trechos:

Um levantamento da agência Bloomberg a partir de dados da Hurun Report, instituição que mede riqueza na China, mostrou que a elite política do país asiático tem um patrimônio dezenas de vezes superior ao das autoridades americanas. Em reportagem intitulada “Congresso bilionário chinês faz seus pares americanos parecerem pobres”, a Bloomberg informa que os 70 delegados mais ricos do Congresso Popular da China (que tem no total 3 mil membros) possuem, juntos, uma fortuna de US$ 89,8 bilhões. Enquanto isso, nos Estados Unidos, os 535 membros do Congresso, o presidente, os secretários (equivalente a ministros) e os nove membros da Suprema Corte - 660 pessoas no total - detêm, juntos, um patrimônio de US$ 7,5 bilhões.

A Bloomberg acredita que isso seja uma amostra de como o crescimento econômico chinês tem ocorrido de forma desequilibrada. É muito provável que seja verdade, mas, para não deixar dúvida, a agência poderia ter mostrado a evolução desses números ao longo do tempo. “É extraordinário ver esse grau de casamento entre riqueza e política”, disse à Bloomberg um analista do Brookings Institution, em Washington.

Na China, vários bilionários têm cargo público. Por exemplo, Zong Qinghou, segundo homem mais rico do país de acordo com a lista mais recente da Hurun Report, é um delegado do Congresso. Zhang Yin, a mulher mais rica da China, é membro da Conferência Consultiva Política Popular da China. Segundo a Bloomberg, o ex-presidente chinês Jiang Zemin promoveu a inclusão de empresários privados no Partido Comunista.

Essa diferença entre o patrimônio das autoridades americanas e o das chinesas ocorre porque na China parte considerável da elite econômica é ligada diretamente ao governo ou ao partido. Já nos EUA, as autoridades e os legisladores não são necessariamente bilionários.
(…)

Encerro
A democracia liberal é o único regime que permitiu, até hoje, a efetiva participação do homem comum no processo político: não precisa ser um plutocrata nem um membro do “partido”. Tudo aquilo que os comunas sempre pregaram é garantido, ora vejam, pelo capitalismo — desde que exercido sob a tutela democrática. Verdade insofismável: existe capitalismo sem democracia, mas não há democracia sem capitalismo. Se livres, é claro que a tendência dos homens será em favor da redistribuição da riqueza. O verdadeiro “socialismo”, pois, é a democracia capitalista. Sob ditaduras, o que se terá sempre será a concentração da riqueza.

O PT só não consegue ser “chinês” porque é incompetente. No mais, aquele modelo os inspira. O partido também ama o estado, a ditadura e vive de braços dados com espertalhões subsidiados, convertidos em grandes esteios da economia nacional.

Não se esqueçam jamais, meus queridos: o verdadeiro confronto de posições hoje em dia se dá entre “a direita” (como eles chamam) que trabalha para arrecadar impostos e “a esquerda” que vive pendurada nas tetas do estado, com seus plutocratas agregados.

Voltando ao centro: aquela desproporção entre a concentração de riqueza dos políticos chineses e dos homens de Estado nos EUA é ainda mais eloqüente se nos lembrarmos que os EUA têm um PIB de US$ 15 trilhões para uma população de 300 milhões de habitantes, e a China, de US$ 7 trilhões para a uma população de 1,3 bilhão! Os EUA, nação mais rica do planeta, tem o 15º PIB per capita do mundo (US$ 48.147); a China, o 90º (US$ 5.184). Só para vocês terem uma idéia, o PIB per capita de Banânia (US$ 11.177) é mais do que o dobro do chinês, o que nos coloca em 71º no ranking.

De novo: o modelo chinês, tão admirado pelos “companheiros”, consegue ter o 90º PIB per capta do mundo e concentrar nas mãos de 70 políticos a estratosférica quantia de US$ 89,8 bilhões. Em 15º lugar, toda a elite política americana tem apenas o correspondente a 1/12 desse total.

Ah, sim: o comunismo, o tal “regime da igualdade” tão apreciado pela petezada, é o chinês, tá, pessoal? Do modelo americano, os companheiros não gostam. Acham que ele é muito concentrador de renda…

Essa é uma das razões por que esses homens justos me encantam tanto. É por isso que os JEG (Jornalistas da Esgotosfera Governista) os defendem tanto!

Por Reinaldo Azevedo

 

No comando do metrô de Fortaleza, a maquinista-presidenta de chanchada vai de encontro ao desejo da população

CELSO ARNALDO ARAÚJO

Dizem que Dilma adora a imitação grosseira ─ao nível de palavrões cabeludíssimos ─ que dela faz na internet o humorista mineiro Gustavo Mendes. Mas sua meninona dos olhos, no perigoso terreno da galhofa, é a comediante Fabiana Karla, que interpreta a personagem Dil Maquinista no quadro “Metrô Zorra Brasil” ─ o ponto alto (no caso baixo) do programa Zorra Total, chanchada cativa das noites de sábado na Globo.

Celso Kamura, o samurai de aplique que cuida das madeixas presidenciais, confessou outro dia à revista Época que foi ele quem introduziu sua mais ilustre cliente à imitação de Fabiana. “Dilma morreu de rir e disse que é igual mesmo”, disse o coiffeur, sem revelar quem é a original.

Depois de assistir a este vídeo ─ com o triunfal discurso de Dilma na futura Estação Virgílio Távora, do metrô de Fortaleza, que deve começar a funcionar mais ou menos na mesma época em que correr o primeiro trem da Transnordestina e a primeira gota d´água da Transposição do Rio São Francisco ─ quem costuma ver o Zorra ficará em dúvida sobre quem imita quem. Dilma Rousseff não será uma sátira de Fabiana Karla?

Todos os 16 minutos do vídeo — que começa com um estranhíssimo pedido de licença da presidente ao governador Cid Gomes para “comprimentar esse povo fantástico do meu Ceará”, como se o povo pertencesse a ele ─ têm aquele diapasão de agonia característico da fala de Dilma, no qual as palavras erradas, para expressar pensamentos completamente sem nexo, vão saindo aos solavancos, escoltadas pateticamente por mímicas de esforço e esgares atônitos, como se estivessem sendo trazidas a fórceps de um arquivo morto que há anos não é consultado. Espremendo-se tudo, escorre a pataquada de sempre: antes de Lula/Dilma, o Brasil não tinha água, televisão, casa própria, muito menos metrô.

Não recomendaria a audição do discurso inteiro nem aos espectadores fiéis do Zorra ─ ao contrário de Dil Maquinista, a maquinista desgovernada não tem graça nenhuma. Mas destaco este trecho, que começa aos 9:14 do vídeo, como síntese de um esquete típico do Dilma Total:

“E isso significa que ela tem de ter uma estrutura de transporte de massa, que faça, que faça, mais do que jus, mais do que…… que vá de encontro ao desejo da população, mas que ela garanta pra Fortaleza que ela possa crescer sem ter aqueles problemas que hoje nós vemos ocorrer nas grandes cidades que cresceram antes no Brasil”.

Massa, que faça, que faça: não seria uma solução para o transporte em Fortaleza ou em qualquer das cidades “que cresceram antes” – mas talvez uma boa rima para Caetano.

“Mais do que jus, mais do que…”: está com jeito de desfecho de poesia concreta ─ se bem que, da família Campos, Dilma prefira Eduardo. Mas o mergulho da presidente num mundo sem palavras, por intermináveis nove segundos, entre “mais do que” e “que vá de encontro ao desejo da população” soa como o prenúncio silencioso do desastre de quem ainda confunde “ao encontro de” com “de encontro a”.

No fim do túnel do metrô de Fortaleza havia uma luz – mas era o trem do Zorra vindo de encontro a Dilma.

(por Augusto Nunes)

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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