Dilma e Amorim mandam punir 150 militares da reserva. Seria um belo exemplo de “amor à disciplina” se punição não fosse ilegal.

Publicado em 29/02/2012 16:48 e atualizado em 26/06/2013 16:29
por Reinaldo Azevedo, em veja.com.br

Heraldo, a cor e a alma

Leiam um artigo impecável de Demétrio Magnoli no Estadão de hoje.
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A retratação, obtida por meio dos tribunais, circula na imprensa e na internet. Nela o blogueiro Paulo Henrique Amorim retira cada uma das infâmias que assacou contra o jornalista Heraldo Pereira, apresentador do Jornal Nacional e comentarista político do Jornal da Globo. No seu blog, entre outras injúrias, Amorim classificou Heraldo como “negro de alma branca” e escreveu que o jornalista “não conseguiu revelar nenhum atributo para fazer tanto sucesso, além de ser negro e de origem humilde”.

 

Confrontar o poder, dizendo verdades inconvenientes às autoridades - na síntese precisa do intelectual britânico Tony Judt, é essa a responsabilidade dos indivíduos com acesso aos meios de comunicação. Amorim sempre fez o avesso exato disso. A adulação, reservada às autoridades, e a injúria, dirigida aos oposicionistas, são suas ferramentas de trabalho. Não lhe falta coerência: ao longo das oscilações da maré da política, do governo João Figueiredo ao governo Dilma Rousseff, sem exceção, ele invariavelmente derrama elogios aos ocupantes do Palácio do Planalto e ataca os que estão fora do poder. Às vésperas da disputa presidencial de 1998, no comando do jornal da TV Bandeirantes, engajou-se numa estridente campanha de calúnias contra Lula, que retrucou com um processo judicial e obteve desculpas da emissora. Há nove anos, desde que Lula recebeu a faixa de Fernando Henrique Cardoso, o blogueiro consagra seu tempo a cantar-lhe as glórias, a ofender opositores e a clamar contra o jornalismo independente. Funciona: a estatal Correios ajuda a financiar o blog infame.

Amorim não tem importância, a não ser como sintoma de uma época, mas a natureza de sua injúria racial tem. “Negro de alma branca”, uma expressão antiga, funciona como marca de ferro em brasa na testa do “traidor da raça”. No passado serviu para traçar um círculo de desonra em torno dos negros que ofereceram seus préstimos interessados ao proprietário de escravos ou ao representante dos regimes de segregação racial. Hoje, no contexto das doutrinas racialistas, adquiriu novos significados e finalidades, que se esgueiram em ruelas sombrias, atrás da avenida iluminada da resistência contra a opressão. Brincando com a Justiça, Amorim republica no seu blog um artigo do ativista de movimentos negros Marcos Rezende que, na prática, repete a injúria dirigida contra Heraldo. Custa pouco girar os holofotes e escancarar o cenário que a infâmia almeja conservar oculto.

O líder africânder Daniel Malan, vitorioso nas eleições de 1948, instituiu o apartheid na África do Sul. Amorim e Rezende certamente não o classificariam como “branco de alma negra”, pois uma “alma negra” não seria capaz de fazer o mal e, mais obviamente, porque Malan não traiu a sua “raça”. Sob a lógica pervertida do pensamento racial, eles o designariam como “branco de alma branca”, embutindo numa única expressão sentimentos contraditórios de ódio e admiração. Como fez o mal, o africânder confirmaria que a cor de sua alma é branca. Entretanto, como promoveu os interesses de sua própria “raça”, ele figuraria na esfera dos homens respeitáveis. William Du Bois (1868-1963), “pai fundador” do movimento negro americano, congratulou Adolf Hitler, um “branco de alma branca”, pela promoção do “orgulho racial” dos arianos.

Confiando numa suposta imunidade propiciada pela cor da pele ou pelo seu cargo de conselheiro do Ministério da Justiça, Rezende converteu-se na voz substituta de Amorim. No artigo inquisitorial de retomada da campanha injuriosa, ele não condena Heraldo por algo que tenha feito, mas por um dever que não teria cumprido: o jornalista é qualificado como “um negro da Casa Grande da Rede Globo”, que “não dignifica a sua ancestralidade e origem” pois “nunca fez um comentário quando a emissora se posiciona contra as cotas”. No fim, os dois linchadores associados estão dizendo que Heraldo carrega um fardo intelectual derivado da cor de sua pele. Ele estaria obrigado, sob o tacão da injúria, a subscrever a opinião política de Rezende, que é a (atual) opinião de Amorim.

O epíteto lançado contra Heraldo é uma ferramenta destinada a policiar o pensamento, ajustando-o ao dogma da raça e eliminando simbolicamente os indivíduos “desviantes”. O economista Thomas Sowell produziu uma obra devastadora sobre as políticas contemporâneas de raça. Ward Connerly, então reitor da Universidade da Califórnia, deflagrou em 1993 uma campanha contra as preferências raciais nas universidades americanas. José Carlos Miranda, do Movimento Negro Socialista, assinou uma carta pública contra os projetos de leis de cotas raciais no Brasil. Sowell é um conservador; Connerly, um libertário; Miranda, um marxista - mas todos rejeitam a ideia de inscrever a raça na lei. Como tantos outros intelectuais e ativistas, eles já foram tachados de “negros de alma branca” pela Santa Inquisição dos novos arautos da raça.

A liberdade humana é a verdadeira vítima dos inquisidores do racialismo. Mas, e aí se encontra o dado crucial, essa forma de negação da liberdade opera sob o critério discriminatório da raça, não segundo a regra do universalismo. Se tivesse a pele branca, Heraldo conservaria o direito de se pronunciar a favor ou contra as políticas de preferências raciais - e também o de não opinar sobre o tema. Como, entretanto, tem a pele negra, Heraldo é detentor de uma gama muito menor de direitos - efetivamente, entre as três opções, só está autorizado a abraçar uma delas.

Sob o ponto de vista do racialismo, as pessoas da “raça branca” são indivíduos livres para pensar, falar e divergir, mas as pessoas da “raça negra” dispõem apenas da curiosa liberdade de se inclinar, obedientemente, diante de seus “líderes raciais”, os guardiões da “ancestralidade e origem”. Hoje, como nos tempos da segregação oficial americana ou do apartheid sul-africano, o dogma da raça prejudica principalmente os negros.

Por Reinaldo Azevedo

 

Dilma e Amorim mandam punir 150 militares da reserva. Seria um belo exemplo de “amor à disciplina” se punição não fosse ilegal. Militares devem cumprir a lei; a presidente e o ministro também! Ou: Uma péssimo antecipação da “Comissão da Verdade”

A presidente Dilma Rousseff e o ministro da Defesa, Celso Amorim, determinaram que os comandantes das Três Forças Armadas — Exército, Marinha e Aeronáutica — punam os até agora 150 militares da reserva que assinaram um documento que reafirma os termos de um manifesto redigido no dia 16 do mês passado pelos três clubes militares. Estaria tudo no seu devido lugar SE A PUNIÇÃO NÃO FOSSE ILEGAL. MAS É. Na democracia, que é o regime em que vivemos, presidentes da República e ministros também estão obrigados a seguir a lei. Já chego lá. Antes, uma contextualização.

Naquele primeiro texto, os reservistas criticavam opiniões expressas pelas ministras Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Eleonora Menicucci (Mulheres) e cobraram coerência de Dilma, lembrando um discurso seu no dia em que foi eleita. Mas o que haviam dito aquelas notáveis patriotas? Contrariando decisão do STF, que reiterou a validade da Lei da Anistia, Rosário havia afirmado que a Comissão da Verdade pode criar condições para que algumas pessoas sejam processadas criminalmente. Não pode! É mentira! No discurso de posse, Eleonora fez críticas ao regime militar e referiu-se a seu próprio passado comunista como período de luta pela democracia. Mentira! Ela lutava por uma ditadura comunista. Como revelou este blog, isso nem é o pior que ela já fez.

O que diz a lei
O texto dos clubes, que foi retirado do ar por pressão de Dilma e Amorim, critica as duas ministras e lembra que a presidente prometeu governar para todos os brasileiros. Tivesse o desabafo ficado lá onde estava, não haveria conseqüências. O Planalto decidiu, no entanto, intervir com mão pesada, o que gerou o novo protesto. Agora, a presidente e seu ministro da Defesa querem a punição dos 150 signatários (por enquanto) — até anteontem à noite, havia 13 generais entre eles. Alguns dirão: “Como é firme esta Dilma! Muito bem!” E também hão de elogiar Celso Amorim, a quem apelidei, quando ainda estava no Itamaraty, de “megalonanico”, dada a sua mania de grandeza sem lastro, como fica evidente mais uma vez.

Vamos ver. Clubes militares são entidades de caráter associativo e se manifestam sobre temas políticos e institucionais desde que existem. Conviveram sem maiores conflitos com todos os presidentes civis desde a redemocratização: José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Não têm armas. “Militares da reserva também estão submetidos à hierarquia e não podem incitar a indisciplina”. É verdade! Mas nem a primeira nem a segunda notas avançam nesse terreno. E há, de resto, uma questão essencial.A Lei nº 7524, de 17 de julho de 1986, faculta aos militares da reserva a manifestação sobre temas políticos, a saber:

Lei nº 7.524, de 17 de julho de 1986
Dispõe sobre a manifestação, por militar inativo, de pensamento e opinião políticos ou filosóficos. Citado por 2

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Art 1º Respeitados os limites estabelecidos na lei civil, é facultado ao militar inativo, independentemente das disposições constantes dos Regulamentos Disciplinares das Forças Armadas, opinar livremente sobre assunto político e externar pensamento e conceito ideológico, filosófico ou relativo à matéria pertinente ao interesse público.
Parágrafo único. A faculdade assegurada neste artigo não se aplica aos assuntos de natureza militar de caráter sigiloso e independe de filiação político-partidária.
Art 2º O disposto nesta lei aplica-se ao militar agregado a que se refere a alínea b do § 1º do art. 150 da Constituição Federal.
Art 3º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art 4º Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 17 de julho de 1986; 165º da Independência e 98º da República.
JOSÉ SARNEY
Henrique Saboia
Leônidas Pires Gonçalves
Octávio Júlio Moreira Lima

Voltei
Essa lei não foi revogada. Está ainda em vigor. Tanto no primeiro como no segundo documentos, militares da reserva nada mais fizeram do que“independentemente das disposições constantes dos Regulamentos Disciplinares das Forças Armadas, opinar livremente sobre assunto político e externar pensamento e conceito ideológico, filosófico ou relativo à matéria pertinente ao interesse público.”

Se houver a punição, não restará aos clubes militares e aos atingidos outra saída que não recorrer à lei. Se preciso, que se chegue ao Supremo, que é onde se devem resolver questões que dizem respeito à liberdade de expressão e direitos fundamentais.

Algo parecido, se querem saber, jamais aconteceria no governo Lula, um experimentado sindicalista, que sabe que não se deve esticar muito a corda em determinados casos. Lula tinha a auxiliá-lo Nelson Jobim, que tinha bom trânsito entre os militares e não era dado a aos rompantes de megalonaniquece (até porque seria fisicamente impossível…) de Celso Amorim. A dupla, na verdade, deve estar pouco se lixando para o que de fato acontece. Trata-se apenas de um teste de autoridade. Ocorre que essa autoridade não poderá ser exercida contra a lei. Qual é a o pretexto para punir os militares? Sob que argumento? O que eles fizeram que não esteja plenamente abrigado pela lei 7.524/86?

Comissão da Verdade
Estamos diante de um péssimo sinal. Vem por aí a tal “Comissão da Verdade” — como se a “verdade” pudesse nascer no aparelho do estado! Tenham paciência! Temo que na tal comissão Eleonora Menicucci passe como uma fiel repórter da história ao afirmar que o seu POC (Partido Operário Comunista), quando praticava assaltos para financiar a revolução, lutava por democracia… De fato, essa sanha persecutória corresponde a uma espécie de ensaio do que vem pela frente. É um sinal de que a Comissão da Verdade poderá mentir à vontade.

A petralhada pode enfiar a viola no saco e ir cantar lá no território do JEG (Jornalismo da Esgotosfera Governista). Este texto não incentiva indisciplina. Ao contrário: este texto incentiva o respeito às leis, inclusive à 7.524/86.

E a Lei 7.524/86 faculta aos reservistas manifestar-se sobre o que lhes der na telha, desde que não incitem a violência e o rompimento da ordem legal, exigência que está em outros códigos. Isso vale para todo mundo, não é? Inclusive para Dilma e Amorim.

Por Reinaldo Azevedo

 

Quem está apostando em tensão militar e afrontando a lei são Dilma e Celso Amorim, o Megalonanico, não eu! Eu só aposto na lei

Para não variar, as hostes do petismo e do JEG (Jornalismo da Esgotosfera Governista) estão empenhados na inversão dos fatos e da lógica.

As Forças Armadas da ativa são disciplinadas e não se manifestam sobre temas políticos. Silenciam, em nome da disciplina, até mesmo sobre aquilo que lhes diria respeito de perto, já que a comandante-em-chefe, legalmente, é a presidente Dilma Rousseff. Isso faz com que suportem como superior imediato um Celso Amorim, que tem com a área militar a mesma intimidade que Marcelo Crivella tem com a piaba, nomeado que foi ministro da Pesca. É, a propósito, aquele ministério que, depois de criado, viu o déficit do setor explodir. Superávit mesmo, só o de contratação de companheiros para a repartição, inclusive a mulher de um terrorista, levada para a pasta pelas mãos da então ministra Dilma Rousseff, pessoalmente. Os companheiros são sempre muito fiéis aos seus…

Os dois textos em que militares da reserva se manifestam não têm nada de indisciplina ou de ilegalidade. Eles estão amparados na lei. Se decidirem levar a coisa adiante e recorrer da punição, a questão pode ir parar no Supremo. E então vamos ver se a lei vale ou não no país. Se os militares de farda não podem falar essa obviedade, eu, que não uso farda, posso. É de lei que querem falar? Então vamos lá.

1: A ATUAÇÃO DE MARIA DO ROSÁRIO
Ao afirmar que a Comissão da Verdade pode levar à condenação criminal deste ou daquele, Maria do Rosário, ministra dos Direitos Humanos dada a fazer juízos singulares sobre uma porção de coisas (é aquela que não viu agressão aos direitos humanos em Cuba…), desrespeita a Lei da Anistia, cuja validade foi explicitada pelo Supremo. Pergunto: por que uma ministra, justamente aquela diretamente relacionada com a Comissão da Verdade, pode fazer uma afirmação contra a ordem jurídica e confessar que tem um interesse subterrâneo no assunto, a saber: condenar pessoas à revelia da lei? Maria do Rosário afrontou o texto da lei e a decisão do Supremo, não os militares da reserva.

A sempre excelente Dora Kramer comete hoje, em sua coluna no Estadão, o que considero um desvio de análise. É crítica à manifestação dos reservistas — até aí, opinião dela, um direito sagrado —, acusando a sua ociosidade, sob o argumento de que o Supremo barraria mesmo ações judiciais e de que só o Congresso poderia alterar a Lei da Anistia, o que não vai acontecer. Contraponho duas coisas às observações de Dora:
a - quem finge ignorar a Lei da Anistia e a decisão do Supremo é Maria do Rosário; os militares da reserva apenas apontaram esse aspecto deletério da atuação da ministra;
b - nem o Congresso pode rever a Lei da Anistia porque:
b1 - uma lei não retroage para aplicar punições;
b2 - Não é só a Lei da Anistia, a 6683, de 1979, que garante a anistia ampla, geral e irrestrita para crimes políticos e “conexos”. A própria Emenda Constitucional nº 26, de 1985, QUE É NADA MENOS DO QUE AQUELA QUE CONVOCA A ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE, incorporou, de fato, esse fundamento. Está no artigo 4º da emenda (em azul):
Art. 4º É concedida anistia a todos os servidores públicos civis da Administração direta e indireta e militares, punidos por atos de exceção, institucionais ou complementares.
§ 1º É concedida, igualmente, anistia aos autores de crimes políticos ou conexos, e aos dirigentes e representantes de organizações sindicais e estudantis, bem como aos servidores civis ou empregados que hajam sido demitidos ou dispensados por motivação exclusivamente política, com base em outros diplomas legais.
§ 2º A anistia abrange os que foram punidos ou processados pelos atos imputáveis previstos no “caput” deste artigo, praticados no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979.

Assim, minha cara Dora, a anistia está inscrita na própria lei que marca, formalmente, o fim da ditadura militar no Brasil. Declarar a sua invalidade seria declarar inválido o próprio processo constituinte. Não! Nem o Congresso pode mudar isso.

Por que dona Maria do Rosário não instala logo a tal comissão?
Por que dona Maria do Rosário não decide atuar nos limites da lei e pronto?
Por que dona Maria do Rosário não cumpre o seu papel institucional e pára de fazer marola inútil?

2: A ATUAÇÃO DE ELEONORA MENICUCCI
Eleonora Menicucci, ministra das Mulheres, tem todo o direito de julgar heróica a sua própria atuação, e as demais pessoas têm todo o direito de submeter a sua visão particular de história aos fatos. Em seu discurso de posse, depois de ter dito à imprensa uma impressionante penca de bobagens, exaltou aqueles seus dias de militância no Partido Operário Comunista como “luta pela democracia”. Lá vou eu com um daqueles desafios que não vivem a fase do confronto porque as pessoas correm: Dona Eleonora me envie uma só evidência histórica de que o POC quisesse “democracia”, e eu nunca mais escrevo; vou criar a galinhas. O mesmo se diga das organizações terroristas às quais Dilma pertenceu.

Amparados na lei
Amparados na Lei 7.524, os militares da reserva fizeram um análise dos fatos, e é o texto legal que lhes garante, “respeitados os limites estabelecidos na lei civil (…), independentemente das disposições constantes dos Regulamentos Disciplinares das Forças Armadas, opinar livremente sobre assunto político e externar pensamento e conceito ideológico, filosófico ou relativo à matéria pertinente ao interesse público”.

Fim de papo!
- Dilma e seus ministros estão obrigados a se subordinar à Lei da Anistia;
- Dilma e seus ministros estão obrigados a se subordinar à própria lei que criou a Comissão da Verdade, que não prevê a revanche;
- Dilma e seus ministros estão obrigados a se subordinar à Lei 7.524

Os imbecis parem de onda. Eu estou defendendo o triunfo das leis. Quem está apostando em tensão militar, sabe-se lá com que propósito, são Dilma Rousseff e Celso Amorim, o Megalonanico, não eu!

Eu estou, como sempre, apostando na legalidade.

Por Reinaldo Azevedo 

 

Dilma e Amorim querem que Forças Armadas punam reservistas que assinaram manifesto. “Ó glória de mandar! Ó vã cobiça!”

 

Ai, ai… Vou ter de lembrar trecho da Estrofe 95 de Os Lusíadas, de Camões, quando O Velho do Restelo recomenda cuidado aos portugueses… Assim:

“Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C’uma aura popular, que honra se chama!”

A presidente Dilma Rousseff e o ministro da Defesa, Celso Amorim, continuam tomados pela “glória de mandar”, um “fraudulento gosto”, como definia o Velho… Os dois decidiram mandar as três Forças — Exército, Marinha e Aeronáutica — punir os militares da reserva que assinaram um novo texto de protesto. Dilma é a primeira presidente a arrumar confusão com os clubes militares e com reservistas. Por quê? Por causa da “glória de mandar”, da “vã cobiça”.
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O ministro da Defesa, Celso Amorim, decidiu nesta quarta-feira, em conversa com os três comandantes militares, que os cem oficiais da reserva que assinaram o manifesto “Alerta à Nação - eles que venham, aqui não passarão” serão repreendidos por suas respectivas forças. A punição pela indisciplina depende do regulamento de cada um, do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, e varia de uma simples advertência até a exclusão da força. Mesmo militares da reserva podem ser excluídos.

Nesse texto, os militares da reserva criticaram a interferência do governo no site do Clube Militar e o veto a um texto ali publicado que critica a presidente Dilma Rousseff e duas ministras. Nesse “Alerta à Nação”, os oficiais afirmam não reconhecer “qualquer tipo de autoridade ou legitimidade” de Celso Amorim.

“Em uníssono, reafirmamos a validade do conteúdo do Manifesto publicado no site do Clube Militar, a partir do dia 16 de fevereiro, e dele retirado, segundo o publicado em jornais de circulação nacional, por ordem do Ministro da Defesa, a quem não reconhecemos qualquer tipo de autoridade ou legitimidade”, diz o documento.

Como no manifesto vetado no site do Clube Militar, o documento de terça-feira também critica a criação da Comissão da Verdade. “A aprovação da Comissão da Verdade foi um ato inconsequente, de revanchismo explícito e de afronta à Lei da Anistia com o beneplácito, inaceitável, do atual governo”.

O texto publicado no site do Clube Militar atribuía à ministra da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Maria do Rosário, e à ministra da Secretaria Especial de Política para as Mulheres, Eleonora Menicucci, declarações que estariam a serviço do que classificaram de “minoria sectária”, disposta a reabrir feridas do passado. O primeiro manifesto polêmico foi assinado pelos presidentes do Clube Militar, Renato Cesar Tibau Costa; do Clube Naval, Ricardo Cabral; e do Clube da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista, todos já na reserva.

No texto, dizem que Rosário vem apregoando a possibilidade de apresentação de ações judiciais para criminalizar agentes da repressão, enquanto Eleonora teria usado a cerimônia de posse - em 10 de fevereiro - para tecer “críticas exacerbadas aos governos militares”, sendo aplaudida por todos, até pela presidente. Eleonora foi presa durante a ditadura militar e, na cadeia, conheceu Dilma.

O texto diz ainda que o Clube Militar não se intimida e continuará atento e vigilante e diz que as Forças Armadas são a instituição com maior credibilidade na opinião pública.

Por Reinaldo Azevedo

 

O WikiLeaks, os franceses, a “aposentadoria” de Lula e o JEG (Jornalismo da Esgotosfera Governista)

Já deveria ter comentado texto publicado na VEJA Online na segunda-feira sobre um dos vazamentos do WikiLeaks. Olhem aqui: eu não costumo mudar de opinião sobre isso ou aquilo a depender de quem esteja sendo prejudicado ou beneficiado. Não tenho simpatia pelo WikiLeaks, não! Já escrevi a respeito algumas vezes. Não aprovo os métodos a que o site e sua turma recorrem. Leiam ou releiam o que foi publicado na segunda. Volto em seguida.

WikiLeaks: compra de aviões seria ‘aposentadoria’ de Lula

Um dos milhões de e-mails divulgados nesta segunda-feira pelo site WikiLeaks da empresa de inteligência e análise estratégica Stratfor diz respeito à compra de equipamentos militares pelo Brasil durante o governo Lula. Um funcionário do governo americano alocado no Brasil conversa sobre o negócio com um Stratfor chamado Marko Papic.

Um dos milhões de e-mails da empresa de inteligência e análise estratégica Stratfor que o site WikiLeaks começou a divulgar nesta segunda-feira diz respeito a negócios para a aquisição de equipamento militar pelo Brasil durante o governo Lula.

Em outubro de 2010, um funcionário do governo americano alocado no Brasil conversa sobre o negócio com um consultor da Stratfor chamado Marko Papic. Embora afirme não ter provas, ele é devastador no seu parecer: “A compra de submarinos é tão sem sentido que só pode ter a ver com propina. Lula provavelmente está cuidando do seu plano de aposentadoria. E veja só: a compra acontece ‘curiosamente’ no fim de seu mandato. O mesmo vale para os jatos. Nosso Departamento do Tesouro é vingativo quando se depara com subornos. Não podemos fazer nenhum negócio real num lugar corrupto como o Brasil. Os franceses não têm esses problemas”.

O servidor americano finaliza: “Desculpe-me não ter mais informações no que diz respeito à estratégia brasileira. A nossa avaliação é de que isso é puramente suborno. A única diferença é que agora o Brasil tem dinheiro, muito dinheiro, e pode de fato adquirir os equipamentos. Quero dizer, seria mera coincidência eles comprarem tanto equipamento militar da França? Os franceses sabem como realizar subornos”.

Estratégia
Ambos os negócios representam a disposição do governo brasileiro de modernizar suas Forças Armadas. A decisão envolve diplomacia e questões de estratégia militar. Em dezembro de 2008, por exemplo, o Brasil e a França firmaram acordo para construção de quatro submarinos da classe Scorpène, uma base naval e um estaleiro dedicado à produção das embarcações. O tratado de 6,7 bilhões de reais também previa a transferência de tecnologia para a produção do primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear. Em julho do ano passado, a presidente Dilma Rousseff participou da cerimônia em Itaguaí (RJ) que marcou o início da construção dos submarinos. O primeiro modelo deve ficar pronto em 2016 e ser entregue em 2017. Os demais serão disponibilizados entre intervalos de um ano e seis meses. O estaleiro e a base naval devem ser inaugurados em 2014 e o submarino nuclear, ficar pronto apenas em 2023.

O processo de aquisição de caças para a Força Aérea Brasileira, avaliado entre 4 bilhões e 6,5 bilhões de dólares, ainda está aberto. O assunto voltou a ganhar fôlego em 2012 depois de anos de avanço lento e adiamentos. Na “batalha dos caças”, os fabricantes têm oferecido ao Palácio do Planalto diferentes combinações de preço e políticas de transferência de tecnologia. Há cerca de dois anos, a Saab, fabricante do Gripen, foi a companhia que obteve a melhor avaliação da Força Aérea Brasileira (FAB).

Só que a opinião do órgão não se mostrou determinante. A venda quase foi fechada em 2009 para a francesa Dassault, que produz o Rafale, porque o ex-presidente Lula vivia uma lua de mel diplomática com o presidente Nicolas Sarkozy. No final de 2010, depois da data em que ocorreu a troca de e-mails entre o consultor da Stratfor e um funcionário do governo americano, as conversas entre ambos azedaram - e os franceses foram parar no ‘fim da fila’.

A Boeing, que participa da licitação com seus F-18 Super Hornet, intensificou seu lobby desde então. Neste ano, outra reviravolta. Em 31 de janeiro, a notícia da negociação para venda de 126 Rafales à Índia, por 12 bilhões de dólares, desviou o foco novamente para Paris. Desde então, fontes do Palácio do Eliseu e do Planalto dão como certo o fechamento do negócio com os franceses. Depois de dezesseis anos de adiamento, a presidente Dilma Rousseff parece estar disposta a fechar o negócio neste primeiro semestre.

Vazamento
A mensagem faz parte de Os Arquivos de Inteligência Global, com mais de 5 milhões de e-mails da companhia Stratfor, no Texas, EUA, divulgados nesta segunda-feira pelo WikiLeaks. Os e-mails datam de julho de 2004 a dezembro de 2011. Entre os clientes da Stratfor estão o Departamento de Segurança Pública dos Estados Unidos, a Marinha americana e grandes empresas.

Voltei
É evidente que o que se tem é quase nada para dar curso à desconfiança de que Lula recebeu propina dos franceses, como afirma o tal funcionário. Por mais que as negociações com os franceses tenham trilhado caminhos um tanto heterodoxos — eu mesmo escrevi bastante a respeito —, é o suficiente para dar início à campanha “Lula recebeu bola dos franceses”? Acho que não.

Mas agora peço que vocês ponderem: imaginem o que o JEG — Jornalismo da Esgotosfera Governista — não estaria fazendo, E COM PATROCÍNIO DE ESTATAIS, se os alvos da desconfiança fossem FHC, Serra ou outro tucano qualquer… Ora, fariam o que se pode ver todos os dias em suas páginas — os que têm estômago para aquilo ou são tolos o bastante para acreditar em penas de aluguel.

Chamo atenção, insisto, para este aspecto do problema: quem patrocina a campanha que esses caras fazem contra lideranças da oposição, autoridades do Judiciário e jornalistas e veículos de comunicação independentes são as estatais. Usa-se descaradamente o Estado para financiar uma guerra suja de natureza política.

Eles, que gostam tanto do WikiLeaks, silenciaram desta vez. Não só eles, é bom destacar. A própria grande imprensa, que se registre, teria dado muito mais visibilidade à acusação se o alvo não fosse Lula.

Por Reinaldo Azevedo

 

Tio Rei contesta um cientista político que ganhou uma matéria no Estadão Online com uma tese furada. Vamos ler?

As pessoas têm o direito de revelar simpatias políticas. Eu tenho as minhas e as revelo. Leitor nenhum entra neste blog enganado. Também não revisto minhas análises e opiniões de glacê científico. Não gozo do status de “cientista político”. Mas Carlos Melo, professor de sociologia e colaborador freqüente do Estadão, sim. E, no entanto, eu vou demonstrar que, sob o glacê da ciência, ele opina contra os fatos. Com todo o respeito, é claro!

Melo não simpatiza com o tucano José Serra. Uma rápida pesquisa o revela. É um direito dele. Mas, de novo, achismo não pode vir disfarçado de ciência, ainda que “ciência política” — muitas vezes menos precisa do que quiromancia, tarô e outras “ciências adivinhatórias. Ele não gostou da pré-candidatura de Serra à Prefeitura de São Paulo. Ok. Como dar a isso um sotaque técnico? Lançando uma tese geral na qual o objeto de sua censura não se encaixe. Mas qual? Melo acha que é preciso haver “renovação”. Como Serra é muito conhecido, bingo! Ele não renova. Logo, sua pré-candidatura não é boa. A restrição pessoal pode ser oferecida como categoria de pensamento.

Leiam este trecho da reportagem que Gustavo Uribe, do Estadão Online, em intensa campanha anti-Serra, escreve (em vermelho). Comento em azul.
O Brasil necessita renovar os seus quadros políticos, e um dos caminhos para se chegar nessa realidade são as eleições municipais, que funcionam como uma porta de entrada para os novos nomes. Com base nesta premissa, era de se esperar que a eleição para a maior prefeitura do País, a de São Paulo, tivesse foco no novo, como chegou a ser anunciado. Neste sentido, a escolha do nome do ex-governador tucano José Serra, que, a despeito de ser uma liderança já consolidada, representa um retrocesso, uma aposta na mesmice porque não é um projeto novo, uma novidade. Além disso, a escolha mostra a enorme incapacidade do PSDB em se renovar. A avaliação foi feita pelo cientista político e professor de sociologia e política do Insper Carlos Melo.

Sem qualquer maldade, há uma certa repetição de idéias e vocabulário que infla um pensamento pequeno, a saber: “renovar é bom, e Serra não renova”. De saída, noto que a tese é furada. Dilma, a presidente da República, nunca se elegeu nem vereadora. Antes dela, Lula — QUE DISPUTOU CINCO ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS —, teve um único e medíocre mandato de deputado federal. A regra de que eleições municipais significam renovação não é regra coisa nenhuma, mas achismo.

Melo destaca que há 16 anos, o PSDB paulista disputa as eleições para os executivos municipal e estadual com apenas dois nomes: Serra e o atual governador Geraldo Alckmin. “Em 1996, o candidato do PSDB à Prefeitura foi José Serra, em 2000 foi Geraldo Alckmin, em 2004 foi Serra novamente, ano em que foi eleito prefeito, em 2008 foi o Alckmin e, agora, em 2012, será Serra de novo”, argumenta o sociólogo, questionando: “Será que os tucanos não têm outros quadros? Será que virou um feudo de apenas dois nomes que se revezam nas eleições?”
No seu entender, São Paulo e o próprio PSDB mereciam novos nomes, com novas perspectivas. Ele lembra que uma das críticas contundentes dos tucanos ao seu maior adversário, o Partido dos Trabalhadores, é com relação ao chamado ‘patriarcalismo’ de Lula na legenda. “O PSDB faz uma crítica, com propriedade, ao certo patriarcalismo do Lula no PT. E o que dizer dos dois patriarcas tucanos (Serra e Alckmin) que se revezam no poder em São Paulo? Em vez da consolidação de um patriarca, como é o caso do PT, o PSDB tem dois que se revezam.”

Bem, nesse caso, Melo é o principal adversário de Melo. Lula disputou todas as eleições presidenciais de 1989 a 2006 e decidiu, olimpicamente, quem seria a candidata do partido à sua sucessão. Eu desconheço a tal crítica do PSDB ao “patriarcalismo” de Lula. Se Melo puder indicar algum texto de referência dos tucanos que trate do assunto, será bom. Só falta agora um partido se meter na organização interna do adversário, recomendando: “Não vá por aí, isso não é bom!”. Mas o melhor vem agora.

Em contrapartida, Melo destaca que a opção do PT pelo nome do ex-ministro da Educação Fernando Haddad foi uma aposta acertada. E lembra que desde 2000 o PT vinha jogando suas fichas na senadora Marta Suplicy, que é também uma liderança consolidada, mas enfrenta um processo de desgaste junto ao eleitorado da cidade. Ele cita também o PMDB, que traz o deputado federal Gabriel Chalita como pré-candidato, um outro nome novo nesse tipo de embate. “Era de se esperar que o PSDB também fosse nessa linha, trazendo um nome novo para a disputa, como por exemplo o do secretário do Meio Ambiente, Bruno Covas”, reitera Melo.
Por que “era de se esperar”? Segundo qual lei ou determinação da natureza? Só se a regra for esta: “Ah, já que eles estão trazendo nomes que nunca disputaram cargo executivo, então vou fazer o mesmo”. Em política, NOVIDADE NÃO É UM FETICHE. Eu indago ao sociólogo e professor Carlos Melo — e espero uma resposta de alcance acadêmico — o que há de NOVO no modo como Lula decidiu quem seria o candidato do PT? O que é “novo”, Melo?
- Atropelar a democracia interna do partido?
- Minar as bases de apoio do nome preferido?
- Massacrar, com o peso de sua liderança nacional, aquela que a maioria dos petistas queria como candidata?

Então, professor Melo, o senhor dá tal valor ao “nome novo” que considera irrelevante a forma velha, coronelesca, brutal mesmo — e Marta sabe disso — com que a candidata foi obrigada a renunciar à sua postulação? O que é novo, Melo? O partido ter decidido fazer eleições prévias — e tinha decidido —, e Lula dar um murro na mesa e decretar: “Prévias uma Ova! Aqui mando eu!” Isso é novo? A “novidade”, agora, segundo a ciência política, é um fetiche? Ora, a ser assim, peço que o cientista político demonstre, deixando o preconceito de lado, que Tiririca não é uma “novidade”. É ou não é?

Agora vamos a Chalita. O que há de “novo” nesse rapaz? Ele era tucano. Depois se descobriu “socialista”. Passados alguns meses, vendo insatisfeitas as suas aspirações no PSB, migrou para essa novidade fabulosa da política brasileira que é o PMDB, muito especialmente o PMDB de Michel Temer. É dali que ele promete um discurso “novo” na disputa: a “política do amor”. Vênia máxima, é a ciência política — e podemos recorrer a alguma bibliografia se necessário — que me diz: a forma como Haddad e Chalita se tornaram pré-candidatos em seus respectivos partidos é das coisas mais velhas da política brasileira. Um nasceu do neocoronelismo lulista, e o outro, do oportunismo descarado e, vamos dizer, da máquina milionária do PMDB. Mas aceito ler os contra-argumentos de Melo, claro! Sigamos com o texto do Estadão.

Além da crítica com relação à falta de renovação na chapa tucana, o cientista político também adverte sobre a falta de discussão sobre os reais problemas da cidade de São Paulo nesta fase de pré-campanha na Capital. “A última coisa que está se discutindo é a funcionalidade de São Paulo, que enfrenta graves problemas, já que não conseguem nem mesmo organizar uma apuração de carnaval. Não é legítimo usar a cidade de São Paulo, simplesmente como um instrumento, enquanto uso da máquina e recursos da cidade, para se discutir 2014 porque um grupo quer tirar o outro do poder. É preciso tratar o cidadão e a cidade com mais respeito”.
Bem, aqui vou ser um pouco mais duro: isso é bobagem! Nem existe pré-campanha ainda. Isso é puro chute. Serra é pré-candidato faz três dias. Haddad mal começou a se mexer. Chalita ainda está na fase de fazer biquinho doce na televisão. Esse negócio de que a cidade não consegue nem “organizar apuração de Carnaval”, perdoem-me, é só um modo de pensamento que tem pouco de ciência e muito de senso comum brutalizado, de conversa de comadres. É como afirmar que a cidade é um verdadeiro paraíso porque paga os salários mais altos do país para os professores.  Nem uma coisa nem outra.

Ah, sim, o último parágrafo do texto é dedicado à contestação da tese, feita por Pedro Tobias, presidente do diretório estadual do PSDB. É aquele “outro lado” que tenta disfarçar o caráter do texto: uma reportagem com a opinião de um único indivíduo, que dá a seus preconceitos um sotaque de ciência.

Serra, uma liderança de fato histórica do PSDB, decidiu disputar prévias, submetendo-se ao crivo das bases do partido. Isso me parece mais novo do que um coronel decidir quem é e quem não é candidato, como fez Lula, e do que o PMDB agir como um clube de futebol comprando passe de jogadores.

Sim, claro, estou disposto a ouvir bons contra-argumentos, como sempre.

PS - Reitero: as pessoas têm o direito de dizer o que lhes dá na telha. Eu também! Mas chamemos opinião de opinião, sem pedigree científico. O leitor tem o direito de não ser enredado.

Por Reinaldo Azevedo

 

Crivella, o Ministério da Pesca, a tentativa de atrair evangélicos, Edir Macedo e o aborto

Hora de entender a notícia, que hora tão feliz! Esses posts sempre acabram demorando um tantinho porque requerem pesquisa no arquivo do próprio blog etc. Mas acho que vale a pena. A memória e a história são duas das coisas que nos distinguem dos bichos.

O governo anunciou que o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), bispo da Igreja Universal e sobrinho de Edir Macedo, que é dono da igreja e da Rede Record, é o novo ministro da Pesca. Faz sentido: é cantor gospel e já fez um curso de engenharia. É tão habilitado para cuidar da pasta quanto Ideli Salvatti e Luiz Sérgio, os dois que o antecederam.

O Ministério da Pesca poderia ser considerado um símbolo da eficiência petista. Segundo o IBGE, quando a pasta foi criada, em 2003, o superávit do setor pesqueiro era de US$ 222.804.451. No ano seguinte, esse saldo positivo já havia caído para US$ 175.330.847. Depois foi para US$ 103.576.102… Em 2006, começou o déficit, que foi crescendo, até chegar ao resultado negativo de US$ 757.169.796 em 2010. Viram? O PT não brinca em serviço. Se quiser detalhes sobre essa involução, clique aqui.  Se vocês lerem o texto a que remete o link, verão que o crescimento da pesca extrativa foi ridículo e que houve QUEDA na produção de organismos marinhos cultivados. Ministério pra quê? Ora, para abrigar aliados. NOTA À MARGEM: o Ministério da Pesca é aquele onde a então ministra Dilma Rousseff empregou a mulher do terrorista Olivério Medina — e em Brasília! Agora que as Farc decidiram pôr um fim a seqüestro de civis (ao menos promete), o jeito é seqüestrar tubarão no Largo Paranoá.

Ao anunciar a nomeação, o porta-voz da Presidência lembrou que o PRB é o partido do “inesquecível” José Alencar, ex-vice-presidente da República. Ô!!! “Nem me digue!”, como afirmava um antigo vizinho… O PRB tem apenas 10 deputados e um senador, justamente Crivella.  Então vamos ver.

Dilma já tem a fidelidade dessa turma. Não precisa dar um ministério para o grupo, que é pequeno. Crivella pra quê? Nos bastidores do Planalto, ninguém disfarça: trata-se de uma tentativa de atrair a bancada evangélica — e também os eleitores. Duas questões recentes criaram atrito entre o governo e essa fatia do Congresso.

Na palestra que fez no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, o ministro Gilberto Carvalho, hoje a pessoa mais influente no PT depois de Lula, anunciou a disposição do seu partido de disputar com os evangélicos a chamada “classe C”. Ele defendeu que o governo invista bastante em mídia estatal para que se possa fazer o confronto de valores. Já escrevi bastante a respeito. Explico aqui por que o partido fará um dia, fatalmente, esse confronto.

O segundo episódio que indispôs os evangélicos com o governo foi a nomeação de Eleonora Menicucci para o Ministério das Mulheres. Nem havia tomado posse, saiu em defesa do aborto. Como revelou este blog, numa entrevista concedida em 2004, contou ter aprendido em clínicas clandestinas da Colômbia a fazer abortos, como aborteira mesmo, metendo a mão na massa… de sangue. Crivella, que tem bom trânsito na bancada evangélica, vem para tentar pacificar a área. Mas será o caso?

Ele já se manifestou contra o aborto. Certo! Mas o que pensa Edir Macedo, seu tio, guia espiritual, grande mestre da Igreja? Macedo é o principal responsável pela projeção que o agora ministro teve como pastor, o que catapultou a sua carreira política. O dono da Igreja Universal e da Rede Record é um abortista fanático, talvez o mais fanático de todos, já que faz o que até hoje não vi ninguém fazer: recorrer à Bíblia para justificar a prática.

Numa entrevista concedida à Folha em 13 de outubro de 2007, Macedo dizia por que é favorável ao aborto. Leiam:
“Sou favorável à descriminalização do aborto por muitas razões. Porém, aí vão algumas das mais importantes:
1) Muitas mulheres têm perdido a vida em clínicas de fundo de quintal. Se o aborto fosse legalizado, elas não correriam risco de morte;
2) O que é menos doloroso: aborto ou ter crianças vivendo como camundongos nos lixões de nossas cidades, sem infância, sem saúde, sem escola, sem alimentação e sem qualquer perspectiva de um futuro melhor? E o que dizer das comissionadas pelos traficantes de drogas?
3) A quem interessa uma multidão de crianças sem pais, sem amor e sem ninguém?
4) O que os que são contra o aborto têm feito pelas crianças abandonadas?
5) Por que a resistência ao planejamento familiar? Acredito, sim, que o aborto diminuiria em muito a violência no Brasil, haja vista não haver uma política séria voltada para a criançada.”

Atenção! Respondeu por e-mail. Ele teve tempo de refletir. Na mesma entrevista, outra pergunta e outra resposta chamam a atenção. Leiam:
FOLHA - Alguns políticos então da base da Igreja Universal, como o bispo Rodrigues, foram atingidos em cheio pelos escândalos do primeiro mandato de Lula. A corrupção não é um pecado imperdoável?
MACEDO - Jesus ensina que o único pecado imperdoável é a blasfêmia contra o Espírito Santo. Para os demais, há perdão se houver arrependimento.

Agora juntem a resposta sobre o aborto com esta. É inescapável concluir que o Deus de Macedo perdoa os corruptos, mas é implacável com os fetos inocentes, não é?, que ainda não roubaram ninguém. Ele defende essa posição em livro. O dono da Record recorre a este trecho do Eclesiastes — “Se o homem gerar cem filhos, e viver muitos anos, e os dias dos seus anos forem muitos, e se a sua alma não se fartar do bem, e além disso não tiver sepultura, digo que um aborto é melhor do que ele — para inferir que a Bíblia admite o aborto. Falso como nota de R$ 3. Na passagem, o aborto é visto como o extremo da fealdade, só superado pela infidelidade a Deus.

 

Num vídeo em que diz “adorar falar sobre o aborto” e em que trata a criança “como um empreendimento”, Macedo diz o que pensa a respeito. Se quiserem ver, segue aí.

Tragédia recente acontecida no Brasil, o desabamento de três prédios no Rio, também mereceu as luzes da turma de Macedo. No vídeo abaixo, ficamos sabendo que quem derrubou aqueles prédios foi o demônio. Sabem por quê? Porque haveria lá dentro ex-obreiros e pastores, que desertaram da Universal e, parece, estavam dispostos a voltar…

Encerro
Por que lembrar tudo isso? Porque não é a expertise de Crivella com o setor pesqueiro que o leva para o ministério. Ninguém esconde no governo que é a questão, vamos dizer, “religiosa”. Se é, cumpro aqui a minha obrigação ao tratar do assunto em sua devida extensão. Crivella é expressão de um partido, de uma igreja e de uma emissora que têm dono. E esse dono tem um pensamento. E esse pensamento não hesita nem mesmo em atribuir à Bíblia o que lá não está e em fazer uma leitura muito particular de uma desastre ocorrido no Estado de origem do ministro agora nomeado.

Plenamente informado, com todas as variáveis, o leitor pode formar um juízo mais qualificado. Como vêem, acima, o único a fazer juízos de valor é Macedo. Eu só lido com fatos, digam respeito a peixinhos ou a peixões, e ponho minha razoável memória a serviço dos leitores.

Por Reinaldo Azevedo

 

Pereirinha, o rei dos robalos, no Ministério da Pesca? Coisa da “imprensa covardista e crapulenta”!!!

pereirinha

Não passa de intriga da imprensa “oposicionenta, safadista, crapulenta e covardista”, como diria Odorico Paraguaçu, essa história de que o primeiro nome para o Ministério da Pesca era o de Pereirinha, o rei do “robalo”, de Fina Estampa.

Por Reinaldo Azevedo

 

O racismo que dá lucro

Deixem que eu lhes diga uma coisa: não sou hiena, não ataco em bando. Eu não faço parte de grupo nenhum — de “progressistas”, “reacionários”, “centristas”, o que for… Sou católico, por exemplo. A esmagadora maioria me apóia na minha crítica severa, sem concessões, ao abortismo. Quando me digo, no entanto, favorável à união civil de homossexuais — o que não quer dizer que concorde com a absurda decisão do Supremo, tomada contra a letra da Constituição —, muitos lamentam e dizem que minhas convicções são fracas. Fazer o quê? Defendo até mesmo que pares homossexuais (e não “casais”, né?) adotem crianças, satisfeitas algumas condições (que considero também exigíveis dos héteros), mas acho a tal lei que pune a homofobia facistóide. O mundo não é plano. Eu escolho, em suma, um mundo de liberdades individuais sem violação da ordem legal e institucional — que tem, quando é o caso, de ser mudada.

Alguns cretinos do que passei a chamar JEG (vou mudar a definição: de agora em diante, “Jornalismo da Esgotosfera Governista”) acusam-me de integrar a tal imprensa golpista. Pois é… Se o JEG ataca sempre em bando, e ataca, não somos assim. Há gente demonizada pelos “jeguistas” que também me detesta — e a recíproca é verdadeira. Se existe um fato sobre os jornalistas que não estão submetidos ao tacão governista, o fato é este: CADA UM É LIVRE À SUA MANEIRA. Ou liberdade não há.

Se um dia resolver contar a minha vida sem importância, um fato merecerá destaque. Uma professora disse que eu levava jeito pra escrever quando, ainda menino, fiz uma redação contestando o slogan publicitário: “Liberdade é uma calça velha, azul e desbotada”. Argumentei que, se liberdade era aquilo, então liberdade não era. Afinal, as pessoas deveriam ser livres para não usar a calça. A mestra gostou. Huuummm… Comprei o meu primeiro jeans há uns quatro anos, já aos 46! Antes disso, só usava calça de alfaiataria, mesmo quando era pobre pra chuchu. Uma tia costurava. Tenho uma foto, num dia meio frio, posando (Emir Sader escreveria “pousando”) numas pedras no meio de um riacho, em Visconde de Mauá, no estado do Rio. Aquela maconheirada meio esculhambada à volta, e eu ali, de calça de tecido e… botina!!! Deixei de usar colarinho fechado, sempre sem gravata, mesmo em casa, não faz muito tempo. A gente tem de ser livre até pra ser ridículo se é essa a nossa vontade.  Avanço.

Tenho amigos com quem comungo, por exemplo, a visão sobre política interna; se o assunto é, no entanto, Oriente Médio, aí, sem trocadilho, a discordância pode ser explosiva. Com outros, o bicho pega quando o assunto é Obama. Com outros ainda, a coincidência é quase total, mas basta que se debata o tal “aquecimento global” — aquela religião estranha —, e a confusão se instaura. Há até aquele que beira os 100% de concordância… Ocorre que ele é bicicleteiro, e eu o acuso de achar que está ajudando a salvar o mundo com suas pedaladas. Na última altercação, afirmei que, “se selim fosse categoria de pensamento, ficaria na cabeça, não perto da bunda”. Era um chiste. Ele se zangou e está sem falar comigo há uns 15 dias (deixe disso, ô sensível!!!). Espero que esteja andando de bicicleta no Ibirapuera, não nas ruas. Zelo pela segurança dos meus amigos, hehe (lá vai ele ficar ainda mais bravo…).

O mundo não é plano. O mundo só é plano para mentalidades intelectualmente delinqüentes, que pretendem lucrar com teorias conspiratórias, oferecidas, muitas vezes, a poderosos que não tiveram tempo de elaborar uma leitura consistente do mundo. Assim, agarram-se a algumas facilidades e pagam por elas. Adiante.

Abaixo, reproduzo um trecho de um post publicado no Blog do Pannunzio, do jornalista Fábio Pannunzio. Não é meu amigo. Não o conheço. Jamais nos falamos. Já li coisas dele de que discordei radicalmente — e tenho a certeza absoluta de que a inversa é verdadeira. Ele não é o representante do “meu grupelho” atacando o representante do “grupelho adversário”. Reproduzo aqui parte do seu post porque as palavras me parecem sensatas. Quando gosto, digo “sim”; se não, então “não”. Ao texto, notavelmente bem-escrito, o que, hoje em dia, já é uma distinção.
*
O racismo que dá lucro

Paulo Henrique Amorim, blogueiro autoproclamado progressista e apresentador da TV do bispo Edir Macedo,  teve lucro com suas injúrias racistas. No blog dele está estampada a manchete “Heraldo aumenta a audiência do CAf em 42%”. O blogueiro “progressista” se ufana de sua obra: “Tem publicidade melhor do que essa?”

Para o caso dele, não deve haver.

Se o que PHA queria era ficar estigmatizado como o último racista assumido da imprensa brasileira,  conseguiu. Se seu objetivo era a auto-desmoralização, ele conseguiu. Se o objetivo era sanar dúvidas sobre seu caráter, também conseguiu. E, no fim das contas, ainda saiu lucrando 42%.

Não foram poucas tentativas de produzir esse resultado. Ele já havia lançado mão do jargão racista quando chamou Paulo Preto de “Paulo Afro-Descendente”. Heraldo foi a segunda vítima do estratagema.

PHA já havia pedido perdão a Bóris Casoy numa situação humilhante - e, da mesma forma, zombou do acordo assinado às pressas para evitar uma condenação. O arauto da nova censura, chamada agora de Ley de Medios, desconhece o Código Civil e o Código Penal. E faz troça do que ele mesmo propôs e acordou em juízo.

Nos delírios veiculados em seu Der Angriff eletrônico, PHA não tem o menor constrangimento de inventar e repetir inverdades  escancaradas - com aquela em que afirmou que Heraldo havia dito que ele não é racista (se não leu, clique aqui e aumente o lucro do blogueiro). Na Ata de Sentença que encerrou esse capítulo do caso, é ele quem declara que foi “infeliz” ao usar a expressão negro de alma branca, e que não teve intenções racistas. O ofendido jamais declarou a ninguém que PHA não é racista. Até porque ele não pensa assim.

Se PHA é ou não racista  quem vai decidir é a Quinta Vara Criminal do DF. É onde tramita o processo crime aberto pelo Ministério Público para apurar e punir as mesmas ofensas. Condenado, Paulo Henrique, que se gaba de figurar como réu em mais 40 processos, pode pegar de dois a cinco anos de reclusão. Se vai ou não para a cadeia é outra história. Mas, nessas circunstâncias, perder a condição de réu primário seria desastroso para ele.

Enquanto contabiliza o lucro de seu retumbante sucesso de audiência na internet, PHA certamente não considera o passivo que só faz aumentar no capital volátil de sua desgastada reputação. Jornalistas, salvo algumas exceções indecentes, vivem do que apuram e publicam. Vivem, enfim, de sua capacidade de informar de maneira correta e honesta. Nesse caso, a deplorável atuação do blogueiro pôs a nu um profissional que, na ausência de fatos, inventa; na ausência de argumentos, injuria;  quando faltam palavras para injuriar, recorre ao jargão abjeto dos racistas. Para arrematar, ainda tem a coragem e a cara de pau de alardear que lucrou com o episódio. Faça-me o favor!
(…)

Texto publicado originalmente às 20h11 desta terça

Por Reinaldo Azevedo

 

Militares da reserva redigem novo documento com críticas ao governo: “Eles que venham. Por aqui não passarão”

A presidente Dilma Rousseff — e algo me diz que o fez estimulada por Celso Amorim, ministro da Defesa — resolveu escolher a desnecessidade. E fez bobagem! No dia 16, os três clubes militares divulgaram uma nota protestando contra intervenções da ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Eleonora Menicucci (Mulheres). Consta que a soberana não gostou e, em nome da subordinação que mesmo o militares da reserva devem aos respectivos comandos — e, pois, a ela própria e a Amorim —, cobrou que o texto fosse retirado do ar. Foi…

Ocorre que os clubes militares são entidades associativas que têm o direito de protestar contra o que bem entender, nos limites da lei. Opinião de uma entidade que reúne reservistas não é sublevação — um exagero à altura de Amorim, que é chegadito a dar demonstrações ociosas de autoridade. Mas foi tratada como se fosse. Naquele texto (íntegra aqui), os militares destacam um trecho do discurso de Dilma Rousseff, tão logo eleita, e o contrastaram com intervenções das duas ministras. Leiam trechos:

“Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles. De minha parte, não haverá discriminação, privilégios ou compadrio. A partir da minha posse, serei presidenta de todos os brasileiros e brasileiras, respeitando as diferenças de opinião, de crença e de orientação política.”

No dia 31 de outubro de 2010, após ter confirmada a vitória na disputa presidencial, a Sra Dilma Roussef proferiu um discurso, do qual destacamos o parágrafo acima transcrito. Era uma proposta de conduzir os destinos da nação como uma verdadeira estadista.
(…)
Ao completar o primeiro ano do mandato, paulatinamente vê-se a Presidente afastando-se das premissas por ela mesma estipuladas. Parece que a preocupação em governar para uma parcela da população sobrepuja-se ao desejo de atender aos interesses de todos os brasileiros.
(…)
Na quarta-feira, 8 de fevereiro, a Ministra da Secretaria de Direitos Humanos concedeu uma entrevista à repórter Júnia Gama, publicada no dia imediato no jornal Correio Braziliense, na qual mais uma vez asseverava a possibilidade de as partes que se considerassem ofendidas por fatos ocorridos nos governos militares pudessem ingressar com ações na justiça, buscando a responsabilização criminal de agentes repressores, à semelhança ao que ocorre em países vizinhos. Mais uma vez esta autoridade da República sobrepunha sua opinião à recente decisão do STF, instado a opinar sobre a validade da Lei da Anistia. E, a Presidente não veio a público para contradizer a subordinada.

Dois dias depois tomou posse como Ministra da Secretaria de Política para as Mulheres a Sra Eleonora Menicucci. Em seu discurso a Ministra, em presença da Presidente, teceu críticas exacerbadas aos governos militares e, se auto-elogiando, ressaltou o fato de ter lutado pela democracia (sic), ao mesmo tempo em que homenageava os companheiros que tombaram na refrega. A platéia aplaudiu a fala, incluindo a Sra Presidente. Ora, todos sabemos que o grupo ao qual pertenceu a Sra Eleonora conduziu suas ações no sentido de implantar, pela força, uma ditadura, nunca tendo pretendido a democracia.”
(…)

Voltei
Nunca apoiei, não apóio e não apoiarei insubordinação militar. Mas reitero que os três clubes militares (do Exército, da Marinha e da Aeronáutica) têm caráter associativo e, antes de mais nada, lembre-se, não dispõem de armas. Acima, vai uma análise de caráter político, concernente à categoria, que está perfeitamente adequada ao regime democrático. Em tempo: no mérito, o texto está certo nas duas coisas:
a) a fala de Maria do Rosário, com efeito, afronta decisão do Supremo;
b) Eleonora pertenceu a um grupo terrorista que nunca quis saber de democracia.
Que mal há em lidar com a verdade?

Dilma e Amorim não tinham de bulir com os clubes. Mas sabem como é a tentação do mando… Pressionaram para que a nota fosse retirada do ar. Agora, em novo texto, divulgado nesta terça, 98 militares da reserva reafirmam os termos daquele primeiro manifesto e publicam um protesto ainda mais duro, intitulado: “ELES QUE VENHAM. POR AQUI NÃO PASSARÃO” (leia íntegra). O documento está na Internet, à espera de adesões (íntegra aqui). Seguem trechos:

Este é um alerta à Nação brasileira, assinado por homens cuja existência foi marcada por servir à Pátria, tendo como guia o seu juramento de por ela, se preciso for, dar a própria vida. São homens que representam o Exército das gerações passadas e são os responsáveis pelos fundamentos em que se alicerça o Exército do presente.

Em uníssono, reafirmamos a validade do conteúdo do Manifesto publicado no site do Clube Militar, a partir do dia 16 de fevereiro próximo passado, e dele retirado, segundo o publicado em jornais de circulação nacional, por ordem do Ministro da Defesa, a quem não reconhecemos qualquer tipo de autoridade ou legitimidade para fazê-lo.

O Clube Militar é uma associação civil, não subordinada a quem quer que seja, a não ser à sua Diretoria, eleita por seu quadro social, tendo mais de cento e vinte anos de gloriosa existência. Anos de luta, determinação, conquistas, vitórias e de participação efetiva em casos relevantes da História Pátria.
(…)
O Clube Militar não se intimida e continuará atento e vigilante, propugnando comportamento ético para nossos homens públicos, envolvidos em chocantes escândalos em série, defendendo a dignidade dos militares, hoje ferida e constrangida com salários aviltados e cortes orçamentários, estes últimos impedindo que tenhamos Forças Armadas (FFAA) à altura da necessária Segurança Externa e do perfil político-estratégico que o País já ostenta. FFAA que se mostram, em recente pesquisa, como Instituição da mais alta confiabilidade do Povo brasileiro (pesquisa da Escola de Direito da FGV-SP).
(…)

Voltei
Pois é. Entre os signatários, estão 13 oficiais generais. Militares da reserva não provocam crise. Já uma Dilma e um Amorim meio destrambelhados… Desde a redemocratização, é a primeira vez que um presidente da República tem esse tipo de comportamento. E foi uma tolice.

Sei não… Acho que estão faltando um pouco de habilidade a Dilma na relação com os militares e, quem sabe?, um tantinho de decoro. Ontem, por exemplo, houve uma cerimônia de homenagens póstumas na Base Aérea do Galeão, no Rio, ao primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos e ao suboficial Carlos Alberto Figueiredo, que morreram no sábado tentando combater o incêndio na Estação Antártica Comandante Ferraz. Estavam lá Amorim, o vice-presidente Michel Temer e o comandante da Marinha.

Dilma tinha outros compromissos. Os dois corpos foram levados ao Rio em um Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB). Os militares foram promovidos ao posto de segundo-tenente, admitidos na Ordem do Mérito da Defesa, e suas respectivas famílias receberam a Medalha Naval de Serviços Distintos.

Mas onde estava Dilma? Em Recife, entregando 480 unidades habitacionais a famílias que foram removidas de palafitas, no bairro de Brasília Teimosa. Estava longe da notícia não-virtuosa. O evento renderia uma fotografia mais alegre. Não foi uma atitude muito decorosa da comandante-em-chefe das Forças Armadas…

PS - Comentem com moderação. Este blog não apóia arroubos de autoritarismo do governo nem manifestações de quebra da ordem legal — em consonância, diga-se, com militares da ativa e da reserva.. Já dei palestra duas vezes no Clube Militar do Exército. Nunca ouvi por ali, nem remotamente, a defesa da indisciplina.

Por Reinaldo Azevedo

 

PT, que governa com o programa alheio, agora decide mudar a Previdência dos futuros servidores públicos federais. Ao menos isso… Mas vejam o que o partido fez em São Paulo, onde é oposição

Minhas caras, meus caros, leiam o que informa Gabriel Castro, da VEJA Online. Volto depois para lembrar algumas coisinhas.
*
Câmara aprova novo fundo para servidores públicos

A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta terça-feira o texto-base da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público (Funpresp). Foram 318 votos a favor, 134 contra e duas abstenções. O projeto, entretanto, ainda pode ser alterado em função de destaques que serão analisados separadamente nesta quarta-feira. A proposta atinge apenas os servidores federais que assumirem o cargo depois da sanção da nova lei, que deve ainda passar pelo Senado.

O novo sistema procurar corrigir parcialmente uma distorção do modelo previdenciário. Hoje, os funcionários públicos contribuem com 11% dos vencimentos para o Regime Próprio da Previdência Social (RPPS), que é o sistema que cobre o funcionalismo, e se aposentam com o salário integral. As entidades empregadoras governamentais entram, por sua vez, com 22%. Se for aprovada no Congresso, a nova política vai requerer contribuções adicionais dos servidores, se quiserem receber aposentadorias com valor acima do teto do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), que hoje é de quase 4 mil reais.

Será necessário, neste caso, destinar até 7,5% do salário ao Funpresp, ao passo que outros 8,5% ficarão a cargo da entidade governamental pagadora. Caso não decida pelo novo fundo, o servidor que for admitido já sob a vigência das novas regras ficará apenas com o RPPS e terá sua remuneração limitada ao teto do INSS.

A proposta, que recebe críticas de sindicatos, tem o objetivo de amenizar um potencial aumento no rombo da Previdência, que, somente neste ano, deve chegar a 60 bilhões de reais. A economia com a implementação do Funpresp é estimada em 30 bilhões de reais ao ano dentro de 35 anos - prazo em que os novos funcionários públicos começarão a se aposentar. Até lá, estima-se que o impacto do novo fundo nas contas públicas será pequeno. Os destaques que serão votados nesta quarta dizem respeito à forma de gestão do Funpresp.

Contexto
A proposta do governo mira um fato há muito tempo conhecido dos especialistas: as dificuldades da seguridade social no Brasil envolvem, em grande parte, as aposentadorias do serviço público. Para se ter ideia, em 2010, o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), que serve os trabalhadores do setor privado, desembolsou 255 bilhões de reais (6,8% do PIB) em benefícios para cerca de 24 milhões de pessoas. No mesmo ano, o RPPS, do funcionalismo, desembolsou 78 bilhões de reais (2,1% do PIB) em benefícios para menos de 3 milhões de pessoas. Diante disso, grosso modo, conclui-se que o valor unitário de uma aposentadoria no RPPS é mais que o dobro de um benefício médio no RGPS. Além disso, na gestão petista, a já inchada máquina pública recebeu milhares de novos profissionais, o que provoca uma despesa permanente para o setor público.

Inversão de papéis
Como já aconteceu outras vezes durante a gestão petista, o tema provocou uma inversão de papeis no Congresso. O PT, que antes acusava o governo tucano de querer privatizar a Previdência, transformou-se em alvo. O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) queixou-se de que seus adversários políticos querem entregar tudo à iniciativa privada: “É de assustar como o PT, o PMDB e outros partidos caminham num sistema de privatização de tudo, não apenas na Previdência. A educação e a saúde estão sendo entregues a entidades e ONGs de forma totalmente irresponsável”. Bruno Araújo (PSDB-PE), líder tucano, também ironizou a postura petista: “Um partido que sonhou com um sistema econômico e teve que acordar adotando o do PSDB”.

Base rachada
Já os governistas adotaram um discurso de austeridade: “A maioria dos trabalhadores brasileiros não pode sustentar um déficit do qual dois terços são causados pelos servidores públicos”, afirmou Edinho Araújo (PMDB-SP). “A proposta não é a discussão do déficit. É a discussão do sistema de aposentadoria sustentada que atenda aos interesses dos trabalhadores do serviço público do país e que não corra riscos”, justificou o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP). O PDT, embora aliado do governo, votou contra o projeto. O PSB se dividiu.

Hoje, há 29 milhões de aposentados pelo regime da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e outros 960 mil aposentados pelo estado. Ainda assim, os servidores públicos são os maiores responsáveis pelo déficit da Previdência.

Voltei
Ser petista é sinônimo de não ter vergonha de nada. O complemento aí é desnecessário. Fiquemos assim: é não ter vergonha. Ponto. Já está de bom tamanho. Há 12 anos se tenta votar uma proposta parecida, sem sucesso. Por quê? Porque o PT nunca deixou. O governo FHC quis reequilibrar essa equação. Não conseguiu. A central sindical petista botou nas ruas os tontons-maCUTs… Como o partido controla os sindicatos de servidores, era fácil investir na baderna. Agora no governo, é fácil manter a tropa de choque aquartelada.

Texto idêntico foi votado para os servidores estaduais de São Paulo na semana passada. O PT, entusiasta da proposta na esfera federal, onde é governo, combateu-a em São Paulo, onde é oposição. Vocês entenderam a natureza desses patriotas? Os tucanos, coerentes, ficaram a favor nos dois casos. Ontem, no Jornal da Globo, Heraldo Pereira entrevistou os deputados Jilmar Tatto (SP), novo líder do PT na Câmara, e Ivan Valente, líder do PSOL. Este último atacou a mudança — e votou contra, junto com o DEM. Tatto cantou as suas glórias. Nem parecia o representante daquele partido que repudiava a reforma no governo tucano e que votou há dias contra a mesma proposta na Assembléia Legislativa de São Paulo.

Eu apóio a medida? Claro que sim! O sistema vigente no Brasil é uma piada macabra, o elogio da irresponsabilidade. Isso começará a ter efeitos concretos só daqui a 30 anos, já que vale apenas para os servidores que entrarem no serviço público depois da aprovação do texto. Dado o buraco, eu duvido que o país vá poder esperar tanto. Nas próximas três décadas, é muito provável que alguma mudança tenha de ser feita para corrigir o descalabro vigente com o funcionalismo que já está aí. Mas a esse grau de evolução o PT ainda não chegou.

Por Reinaldo Azevedo

 

Comissão Especial aprova Lei Geral da Copa. Abaixo a institucionalidade!

A Lei Geral da Copa do Mundo foi aprovada na comissão especial. Há alguns anos, o que vai lá provocaria a indignação de muita gente preocupada com a legalidade. Hoje não! Estamos nos acostumando à informalidade institucional. Voltarei ao assunto de madrugada. Leiam trechos do que informa Nathalia Passarinho, no Portal G1:

A comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (28) o texto-base da Lei Geral da Copa, que estabelece regras sobre a venda de ingressos, comercialização de bebidas e garantias aos patrocinadores do mundial. Os deputados ainda vão analisar os destaques (alterações), que serão votados em separado nesta quarta (29). O projeto ainda deverá passar por votação no plenário da Câmara, antes de ser apreciado pelo Senado. Só depois, vai à sanção presidencial. O texto do relator da matéria na comissão especial, deputado Vicente Cândido (PT-SP), estabelece a venda de meia-entrada apenas para idosos e 300 mil ingressos populares para estudantes e beneficiários de programas de transferência de renda. Pela proposta, pessoas com mais de 60 anos também estão incluídas entre os beneficiários da chamada “categoria 4″, de ingressos baratos (previstos para serem vendidos a este grupo por US$ 25, cerca de R$ 43, na cotação atual). A Copa do Mundo terá quatro categorias de ingressos, sendo que a “categoria 1″ será a mais cara.

De acordo com o deputado Vicente Cândido, a “categoria 4″ terá entradas a US$ 50, mas estudantes, idosos e beneficiários de programas de transferência de renda pagarão metade desse valor. Os ingressos da “categoria 3″, segundo o deputado, custarão cerca de US$ 100, a “categoria 2″ deverá ter entradas a US$ 450, e os ingressos da “categoria 1″ custarão em torno de US$ 900. O novo texto da Lei Geral da Copa estabelece que a Federação Internacional de Futebol (Fifa) deverá sortear os ingressos populares “prioritariamente” entre estudantes, idosos e beneficiários de programas de transferência de renda que se candidatarem. O texto prevê a possibilidade de que mais ingressos, além dos 300 mil, sejam vendidos na “categoria 4″, para qualquer pessoa. Neste caso, porém, o valor subiria para US$ 50 (cerca de R$ 85).

A proposta afasta a incidência de outras leis federais ou estaduais que estabeleçam meia-entrada. Com isso, se for aprovado o Estatuto da Juventude, que prevê meia-entrada para estudantes de todo o país, a legislação não teria validade durante os jogos da Copa do Mundo. O estatuto foi aprovado neste mês na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e ainda precisa passar por três comissões antes de ser apreciado em plenário. “As disposições constantes de lei federal, estadual ou municipal referentes a descontos, gratuidades ou outras preferências aplicáveis aos ingressos ou outros tipos de entradas para atividades esportivas, artísticas ou culturais e de lazer não se aplicam aos eventos”, destaca o texto atual da Lei Geral da Copa.

Indígenas
O texto de Vicente Cândido diz ainda que os “ingressos para indígenas e proprietários de armas de fogo” que aderirem a campanhas de desarmamento serão “objeto de acordo” com a Fifa. Sindicalistas, liderados pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, defendem ingressos gratuitos para os trabalhadores que construíram os estádios da Copa. Apesar dessa previsão não constar no texto, Vicente Cândido disse que a Fifa se comprometeu a dar ingressos gratuitamente para essas categorias.

A proposta aprovada na comissão especial também diz que “os entes federados e a Fifa poderão celebrar acordos para viabilizar o acesso e a venda de ingressos para pessoas portadoras de deficiência, considerada a existência de instalações adequadas e específicas nos locais oficiais de competição.” O texto prevê ainda a exigência de venda de ingressos da “categoria 4″ na Copa das Confederações. “A Fifa colocará à disposição, para as partidas da Copa das Confederações de 2013, no decurso das diversas fases de venda, ao menos, 50 mil ingressos da categoria 4″, diz o texto.

Bebidas
A proposta aprovada pela comissão especial autoriza a venda de bebidas alcoólicas nos estádios durante os jogos da Copa do Mundo. O texto não estende a liberação para outros campeonatos. O Estatuto do Torcedor veta a presença nos estádios de “bebidas ou substâncias proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de violência”. De acordo com o parecer de Cândido, a “venda e o consumo de bebidas, em especial as alcoólicas, nos locais de oficiais de competição, são admitidos desde que o produto esteja acondicionado em copos de plástico, vedado o uso de qualquer outro tipo de embalagem.” A liberação de álcool na Copa do Mundo é uma das exigências da Fifa, já que alguns patrocinadores do campeonato são empresas fabricantes de bebidas.
(…)

Férias escolares
O texto aprovado pela comissão especial altera ainda o período de férias escolares em 2014 para que não haja aulas durante a Copa do Mundo. “Em 2014, os Sistemas de Ensino deverão ajustar os calendários escolares de forma que as férias escolares decorrentes do encerramento das atividades letivas do primeiro semestre do ano, nos estabelecimentos de ensino das redes pública e privada, abranjam todo o período entre a abertura e o encerramento da Copa do Mundo FIFA 2014 de Futebol”, diz a proposta.

Por Reinaldo Azevedo

 

Eliana Calmon diz ser preciso atuar contra “meia-dúzia” de vagabundos para proteger juízes sérios, “a maioria”

Por Felipe Recondo, no Estadão:
A corregedora-nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, afirmou nesta terça-feira, 28, que é preciso expor as mazelas do Judiciário e punir juízes “vagabundos” para proteger os magistrados honestos que, ela ressaltou, são a maioria.

“Faço isso em prol da magistratura séria e decente e que não pode ser confundida com meia-dúzia de vagabundos que estão infiltrados na magistratura”, disse em sessão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, para discutir a proposta de emenda constitucional que amplia e reforça os poderes correcionais do CNJ.

No ano passado, declarações da ministra de que a magistratura brasileira enfrentava “gravíssimos problemas de infiltração de bandidos, escondidos atrás da toga” gerou crise entre o Judiciário e o CNJ. Na ocasião, Eliana Calmon defendia o poder de o órgão investigar magistrados supeitos de cometer irregularidades.

Nessa terça, a ministra afirmou ser necessário retomar a investigação que começou a ser feita no ano passado nos tribunais de Justiça para coibir pagamentos elevados e suspeitos a desembargadores e servidores. A investigação iniciada pelo CNJ no tribunal de Justiça de São Paulo e que seria estendida a outros 21 tribunais foi interrompida por uma liminar concedida no último dia do ano judiciário pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski. O processo hoje está sob relatoria do ministro Luiz Fux e não há prazo para que seja julgado.

Por Reinaldo Azevedo

 

Estados Unidos cancelam compra de Super Tucano; Embraer contesta motivos

Na VEJA Online:
A Força Aérea dos Estados Unidos informou nesta terça-feira que cancelará o contrato de 355 milhões de dólares com a Embraer para fornecimento de 20 aviões Super Tucano, citando “problemas com a documentação”. O negócio, que deve ser interrompido, seria o primeiro contrato da fabricante brasileira com a Defesa americana.

De acordo com a Força Aérea, a licitação, que havia sido contestada na Justiça do país pela americana Hawker Beechcraft, será refeita. A fabricante dos EUA entrou com ação judicial em janeiro após sua aeronave, a AT-6, ser excluída da competição. Com a disputa judicial, o processo de aquisição havia sido suspenso.

“Apesar de buscarmos a perfeição, nem sempre atingimos nosso objetivo. Por isso, temos de adotar medidas de correção”, disse o secretário da Força Aérea, Michael Donley, em comunicado. “Uma vez que a compra ainda está em litígio, somente posso dizer que o principal executivo de aquisições da Força Aérea, David Van Buren, não está satisfeito com a qualidade da documentação que definiu o vencedor.” Sem entrar em detalhes, o porta-voz do órgão afirmou que o comandante da área de materiais da Força Aérea dos Estados Unidos, Donald Hoffman, ordenou uma investigação sobre o caso.

O contrato, anunciado no final de 2011, provocou resistências nos Estado Unidos, principalmente no estado do Kansas, onde fica a sede da Hawker. Congressistas da região cogitaram entrar com um pedido de investigação internacional para apurar eventual subsídio do Brasil à Embraer. A avaliação dos americanos é que um contrato deste porte, em um setor tão sensível e num momento de crise econômica no país, não poderia ficar com uma companhia estrangeira.
(…)
Embraer contesta
A fabricante de aeronaves Embraer divulgou nesta terça-feira nota em que rebate os argumentos da Força Aérea americana que fundamentaram a decisão de cancelar um contrato de 355 milhões de dólares para aquisição de 20 aviões Super Tucano. A companhia brasileira lamentou a decisão e disse que não desistirá do negócio. “A Embraer permanece firme em seu propósito de oferecer a melhor solução para a Força Aérea dos Estados Unidos e aguardará mais esclarecimentos sobre o assunto para (…) decidir os próximos passos”, afirma no documento.

De acordo com a Força Aérea americana, a licitação foi cancelada por insatisfação com a “qualidade da documentação que definiu o vencedor”. . A Embraer contesta a justificativa apresentada. Diz que participou - junto com sua parceira nos Estados Unidos, a Sierra Nevada Corporation (SNC) - do processo de seleção para o projeto Light Air Support (LAS) disponibilizando, sem exceção e no prazo acordado, toda a documentação requerida. A licitação será refeita.

O processo já se encontrava suspenso porque a fabricante Hawker Beechcraft, baseada no estado do Kansas, havia entrado com ação na Justiça do país, em janeiro, após sua aeronave, a AT-6, ser excluída da competição vencida pela Embraer.

A companhia brasileira garante que a decisão a favor do Super Tucano, divulgada em 30 de dezembro, foi uma escolha pelo melhor produto. O desempenho da aeronave, segundo a Embraer, foi atestado e mostrou-se capaz de atender com maior eficiência às demandas apresentadas pela Força Aérea dos Estados Unidos.

Por Reinaldo Azevedo

 

Serra entrega carta ao Diretório Municipal em que admite pré-candidatura e diz que eleição será disputa “entre duas visões distintas de Brasil”

O tucano José Serra entregou à direção municipal do PSDB, nesta terça-feira, a carta em que anuncia a sua disposição de disputar as prévias para ser o candidato do partido à Prefeitura de São Paulo. Nesta quarta à tarde, ele concede uma entrevista coletiva para tratar do assunto.

Serra lembra que, logo depois das eleições presidenciais de 2010, anunciou que se dedicaria ao debate de temas nacionais e nota que cumpriu o prometido por meio da militância partidária, do diálogo com outros representantes da oposição e de artigos. E emenda: “Para mim, a política não é uma atividade privada, objeto apenas da vontade e do desejo pessoal, ou fruto de ambição íntimo (…) Eu aprendi a reconhecer que o interesse coletivo se sobrepõe sempre aos planos pessoais daqueles que abraçaram de fato a causa pública”. Explica, assim, a sua decisão de se candidatar, que obedeceu também, afirmou, a um chamado de sua consciência.

O agora pré-candidato afirma que a disputa na cidade de São Paulo tem importância nacional e, referindo-se indiretamente ao PT, sustenta que háverá ”uma disputa entre duas visões distintas de Brasil, duas visões distintas de administração dos bens coletivos, duas visões distintas de democracia, duas visões distintas de respeito aos valores republicanos.”

Na referência direta aos oponentes externos, afirma: “Respeitamos, como sempre, nossos adversários, mas temos clareza de que o nosso partido e os nossos aliados representam o melhor para esta cidade”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Golpistas vão tentar adiar de novo eleição na USP porque sabem que vão perder; cadê o Ministério Público? Hora de ter vergonha na cara!

Os extremistas de esquerda, que formam a extrema minoria da USP, teriam perdido as eleições para a chapa não-esquerdista Reação se a disputa tivesse se realizado na data prevista. Então deram um golpe e formaram a Junta Paramilitar que usurpa o poder no DCE.

Para todos os efeitos, os estudantes da universidade estão em greve. É mentira! Não estão! As eleições deveriam ter sido realizadas entre os dias 22 a 24 de novembro. Foram adiadas. A data prevista agora é de 27 a 29 de março. Ocorre que a Reação continua a ser a favorita.

Os golpistas já inventaram de tudo e, fiéis à tradição esquerdista, tentaram difamar e desmoralizar seus adversários de todas as maneiras. Em vão! Boa parte dos mais de 80 mil estudantes da USP acordou para a rotina de desmandos, de violência e de autoritarismo desses caras e os quer fora dos postos de comando da entidade estudantil. E o que eles pretendem fazer? Leiam o que informa Cedê Silva no Estadão:
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O grupo Território Livre, que apóia a chapa 27 de Outubro, pode propor novo adiamento das eleições para o DCE da USP. Segundo Murilo de Souza, estudante de Geografia de 22 anos, como as eleições foram adiadas por causa da greve de alunos, deverão ser postergadas mais uma vez caso a próxima assembléia geral decida pela continuidade da greve. A reunião acontecerá em 8 de março  (quinta-feira), na FAU.

“Não dá para achar que vivemos uma normalidade do funcionamento das eleições diante do tamanho das assembléias que tivemos no ano passado”, diz Murilo, ele mesmo membro do comando de greve. “Caso a greve continue, não há necessidade nenhuma de eleições, porque a gestão é substituída pelo comando de greve e pelas assembleias”. Murilo ressalta, porém, que os delegados que compõem o comando são eleitos por assembleias de seus respectivos cursos.

Voltei
“Tamanho das assembléias”? É uma piada”! Nunca reuniram mais de 3% dos estudantes da USP! Pior! Há naquele meio muita gente que não tem qualquer vínculo com a universidade. Percebam a natureza do golpe:
a) Uma minoria declara greve;
b) a greve não existe;
c) forma-se o comando da greve inexistente;
d) o comando da greve que não existe assume também o controle da Junta Provisória Paramilitar que toma o DCE.

Atenção! A universidade é autônoma, mas não é soberana. A USP é uma instituição pública, e a representação estudantil tem uma dimensão também pública porque de caráter sindical. Lida, aliás, com recursos e aparelhos que pertencem à comundiade uspiana. Hora de o Ministério Público ter vergonha na cara e agir para resguardar direitos coletivos que estão sendo agravados.

Por Reinaldo Azevedo

 

Goebbels decidia quem era e quem não era judeu; pergunto se algumas lideranças reivindicam o direito de decidir quem é e quem não é negro

Sim, volto a Paulo Henrique Amorim. Suas considerações sobre o trabalho do jornalista Heraldo Pereira são racistas. Aquele senhor interpretou decisões profissionais tomadas por Heraldo (corretas, diga-se, mas que ele reprovava) como derivação da cor da sua pele. Fica patente em seus textos que, tivesse Heraldo outra cor, agiria de modo diferente e teria outra trajetória na Rede Globo.

Fosse HP branco, PH não poderia ter recorrido àquela ironia. E que se registre: as matérias que foram objeto de sua asquerosa abordagem nada tinham a ver com questão racial. Não é a primeira vez que aquele senhor evoca a cor da pele do alvo de sua crítica para evidenciar a sua desafeição. Referindo-se a Paulo Vieira de Souza, conhecido como “Paulo Preto”, chamou-o “Paulo Afro-Descendente”, fazendo blague, note-se, da terminologia politicamente correta com o intuito de ridicularizar o outro. A Justiça o condenou por isso.

Racismo, sim! Em sua defesa, PH e alguns de seus colegas dos JEG (Jornalistas da Esgotosfera Governista) alegam que sua crítica é mais ampla, dirigida à Rede Globo, ao sistema de radiodifusão no Brasil, à “mídia” — vocês conhecem a cascata. Ora, entendo isso como mais uma evidência do racismo. Heraldo, com efeito, não é seu único alvo. Paulo Henrique nunca procurou relacionar o trabalho de seus desafetos brancos à cor da pele. Mas não teve dúvida em evocá-la no caso do único negro agredido. Tenham paciência!

Silêncio constrangedor
Noto o silêncio constrangedor das lideranças de movimentos negros. Onde estão? Dia desses, Frei Davi, da ONG Educafro, veio a público, na própria Rede Globo, para acusar um policial de racismo num entrevero havido na USP. Um policial se desentendeu com um invasor de uma área da universidade e o pegou pelos colarinhos. Foi punido por isso. O frei afirmou que havia ali racismo porque o rapaz seria o único negro do grupo — o que, como evidencia filme do YouTube, é uma afirmação falsa. Segundo os critérios dos racialistas, havia outros negros ali.

Desta vez, sim, Frei Davi. Heraldo é o único negro do grupo de jornalistas atacado por Paulo Henrique. E é o único cuja cor da pele virou motivo de proselitismo. Racismo, sim! No auge da abjeção, fica patente que Paulo Henrique relaciona a atuação supostamente servil de Heraldo — o que é de uma estupidez inominável! — à cor de sua pele.  Os representantes dos JEG não têm resposta para essa evidência. Então preferem ignorá-la e proclamar a suposta fidelidade de Paulo Henrique à causa dos negros.

Ao silenciar sobre o episódio, as lideranças de movimentos negros estão escolhendo um caminho perigoso, danoso para a sua própria causa: estão afirmando, por vias oblíquas, que algumas pessoas têm o direito de se comportar de modo racista, e outras não. Não serei eu a pautar as lideranças desses movimentos. Façam como achar melhor. Eu me reservo o direito da análise, da crítica e da memória histórica.

Joseph Goebbels, o facinoroso ministro da Propaganda de Hitler, queria que o grande Fritz Lang fosse diretor da estatal de cinema nazista, embora o regime tivesse proibido “O Testamento do Dr. Mabuse”. Lang foi falar com o todo-poderoso e ouviu o convite. Respondeu que não poderia aceitar a oferta porque sua mãe tinha origem judaica. E teria ouvido uma frase que fez história e milhões de mortos: “Nós decidimos quem é e quem não é judeu”. Lang se mandou da Alemanha. Há quem diga que tal encontro nunca existiu. De todo modo, é fato: Goebbels reivindicava o “direito” de decidir quem era e quem não era judeu…

Pergunto às lideranças negras se, agora, são elas e os JEG (Jornalistas da Esgotosfera Governista) a decidir quem é e quem não é negro.

PS - Em tempo: Paulo Henrique move uma verdadeira campanha contra Heraldo Pereira — além, claro, de atacar a Globo, outros jornalistas, o ministro Gilmar Mendes, qualquer líder remotamente identificado com a oposição etc. E, no mesmo passo, canta as glórias da presidente Dilma Rousseff, convertida na Oitava Maravilha.  A estatal da hora a financiar o seu blogo são os Correios. Mas há um revezamento. O que não falta aos JEG é dinheiro. Público! Por isso todos eles são grandes admiradores do modelo Hugo Chávez de comunicação.

Por Reinaldo Azevedo

 

Será que os judeus também devem pedir para recolher os dicionários ou para censurar Shakespeare?

Há um procurador do Ministério Público Federal que quer recolher o dicionário Houaiss porque considera ilegal — imaginem só — um dos registros da palavra “cigano”. Ocorre que a obra deixa claro que se trata de um uso pejorativo. Pessoas de outras origens poderiam reclamar. Lê-se na acepção nº 9 do vocábulo “judeu”, por exemplo: “pessoa usurária, avarenta”. De novo: uma coisa é um dicionarista cumprir a sua obrigação e publicar que a palavra tem esse registro pejorativo, nascido certamente do preconceito, outra é endossá-lo.

Quando o Ministério da Educação, sob as luzes de Fernando Haddad, queria pôr uma tarja vermelha em Monteiro Lobato, escrevi aqui:
Deverá agora “O Mercador de Veneza” vir com a advertência: “Cuidado! Obra anti-semita, só recomendável para quem está devidamente instruído sobre este assunto”? Ou, do mesmo Shakespeare, sobrepor à capa de “Othelo” algo assim: “Cuidado! Sugere-se que o temperamento emocional e desequilibrado do protagonista pode estar relacionado à sua origem racial e mesmo à cor de sua pele”? Vai-se proibir Alexandre Herculano, em Portugal ou em qualquer lugar, ou apensar um tratado a seus livros advertindo para a possível manifestação de preconceito contra a fé islâmica? É o fundo do poço moral, a que não se chega sem uma dose cavalar de ignorância, preconceito às avessas, estupidez e, obviamente, patrulha ideológica.

Imaginem o próprio Tio Rei… Cansei de ver os cientistas sociais a apontar a “miopia histórica” deste ou daquele… Eu aqui, com os meus muito graus cultivados com denodo, deveria me sentir humilhado? Hão de protestar agora os gordos quando os defensores da responsabilidade fiscal atacam o “estado obeso”? É preciso ter senso de ridículo.

Atenção! Se alguém pretender usar a peça de Shakespeare como evidência de que judeus são naturalmente avarentos e usurários, aí será racismo, sim — mas o bardo não terá culpa do cartório. Do mesmo modo, Othelo não poderá ser empregado como evidência de que os mouros são naturalmente propensos à irracionalidade…

“Ah, isso que você está falando também vale para Paulo Henrique Amorim?” Claro que sim! É por isso tudo, aliás, que sustento que suas manifestações contra Heraldo Pereira foram racistas. E não! Não vou desistir deste tema, ainda que ele propagandeie que sua conversa mole nunca foi tão acessada. O episódio expôs de maneira insofismável o caráter dos JEG (Jornalistas da Esgotosfera Governista).

Por Reinaldo Azevedo

 

Luta de classes na USP – Os filhos de empresários e desembargadores chamam de “reacionária” a estudante de origem pobre. Ou: A saudável reação dos estudantes que… estudam!!!

Eu não tinha lido, daí o destaque dado com atraso. Quantas almas vão se salvar? Eis que um veículo da grande imprensa brasileira publica uma reportagem sobre estudantes universitários que não são de esquerda! E SEM AGREDIR OS MOÇOS. O autor é Cedê Silva. Foi publicada no Estadão Online de ontem. Cedê é um bom repórter, e o tema certamente renderia muito mais e mereceria mais destaque no jornal liberal de antes. Nas mãos da Musa das Galochas, os jovens não-esquerdistas seriam tratados como bandidos. O repórter do Estadão os tratou como o que são: gente de bem, que procura fazer direito aquilo a que se propõe: ESTUDAR! Leiam trechos da reportagem.
*
“Não! Não! Não nos representa!”, repetem estudantes em coro. Registrado em vídeo no Youtube, o grito de guerra começou segundos após a vitória da chapa Aliança pela Liberdade nas eleições para o DCE da UnB, em outubro. A recusa de radicais em aceitar o resultado de eleições definidas pelos estudantes que eles dizem representar ilustra um desafio do universitário brasileiro: enfrentar a esquerda mais estridente.

Irina Cezar, de 22 anos e prestes a concluir o curso de Ciências Sociais na USP, conta que não fala mais nas assembléias estudantis. “Uma vez peguei o microfone e defendi o fim da greve na frente de umas 1.500 pessoas. Os militantes ficaram loucos, vaiaram. Eles se dizem a favor da liberdade de expressão, mas se você pensar diferente eles são os primeiros a jogar pedra”, reclama ela, que também se considera de esquerda.

Certo dia, Irina deixou no saguão um cartaz anunciando um evento da empresa júnior. À noite, flagrou uma menina do grupo radical LER-QI tentando tirar o cartaz. “Eu não deixei, aí ela me xingou e chamou mais dois rapazes. Disseram que eu era reacionária”, conta. “É engraçado, porque vim para a USP por ser bolsista numa escola particular. Eles me xingam mas são filhos de empresários, desembargadores.”
(…)
Mariana Sinício, de 19 anos, conta que já teve sua época de querer salvar o mundo. “Na escola tive um professor de esquerda, que dizia ‘isso é ruim’, ‘isso é bom’. Aí você cresce e vê que as coisas não são bem assim.” Hoje integrante do DCE da UnB, ela acredita que os termos esquerda e direita não se aplicam mais. Gosta de Adam Smith e Keynes: “Todos têm algo a acrescentar.”

Fábio Ostermann, de 27 anos, é diretor do Instituto de Estudos Empresariais (IEE), que organiza em Porto Alegre o Fórum da Liberdade. Mas, segundo ele próprio, fazia a linha “esquerdista ingênuo” no começo do curso de Direito na UFRGS. “Tive a sorte de fazer amigos que começaram a ler Milton Friedman, Frédéric Bastiat (economistas). Aos poucos fui me convencendo que eles faziam mais sentido do que (o linguista Noam) Chomsky, Boaventura (de Sousa Santos, autor português), esses cânones do Fórum Social Mundial”, relata. Foi o evento de 2005, aliás, o divisor de águas para Fábio. “Percebi que não era para mim. Sempre fui cético em relação a ditaduras, e lá havia gente louvando Cuba e a URSS.”
(…)
Marina Gladstone, de 22, apóia a chapa Reação para as eleições do DCE da USP, que serão realizadas de 27 a 29 de março. “Quando entrei na faculdade, não tinha a menor motivação para participar do movimento estudantil”, conta ela, que estuda Ciências Atuariais. Até que perdeu um colega de sala - Felipe Paiva, morto com um tiro no câmpus em 2011. “Era uma tragédia anunciada, havia muitos seqüestros e roubos na época. Eu fazia o mesmo curso, usava o mesmo estacionamento. Pensei: se não fizer nada, posso ser a próxima.”

A Reação é a única chapa a favor da presença da PM na universidade. “Quando você é de direita e vai a uma assembléia, é uma grande vaia, não há respeito pela opinião diferente”, diz. Mesmo assim, Marina persiste. “Se você não cuida do que é seu, quem vai cuidar?”

Por Reinaldo Azevedo

 

A censura a um dicionário, o que o livro diz sobre “direita e esquerda” e, de novo, o preconceito racial e os JEG

Uma notícia que me enviaram ontem, publicada no Portal Terra, me deixou de queixo caído. Reproduzo trechos:
“O Ministério Público Federal (MPF) em Uberlândia (MG) entrou com uma ação contra a Editora Objetiva e o Instituto Antônio Houaiss para a imediata retirada de circulação, suspensão de tiragem, venda e distribuição das edições do Dicionário Houaiss, que contêm expressões pejorativas e preconceituosas relativas aos ciganos. Segundo o MPF, também deverão ser recolhidos todos os exemplares disponíveis em estoque que estejam na mesma situação.”

E por quê? A reportagem explica:
“O objetivo da ação é obrigá-los a suprimir do dicionário quaisquer referências preconceituosas contra uma minoria étnica, que, no Brasil, possui hoje mais de 600 mil pessoas. Para o MPF, os significados atribuídos pelo Dicionário Houaiss à palavra ‘cigano’ estão carregados de preconceito, o que, inclusive, pode vir a caracterizar crime. ‘Ao se ler em um dicionário, por sinal extremamente bem conceituado, que a nomenclatura ‘cigano’ significa aquele que trapaceia, velhaco, entre outras coisas do gênero, ainda que se deixe expresso que é uma linguagem pejorativa, ou, ainda, que se trata de acepções carregadas de preconceito ou xenofobia, fica claro o caráter discriminatório assumido pela publicação’, diz o procurador Cléber Eustáquio Neves. O procurador explica que ‘o direito à liberdade de expressão não pode albergar posturas preconceituosas e discriminatórias, sobretudo quando caracterizada como infração penal’. Segundo ele, a significação atribuída pelo Houaiss violaria o artigo 20 da Lei 7.716/89, que tipifica o crime de racismo.

Voltei
É um escândalo! Está faltando serviço ao doutor Cleber. Na versão online do dicionário, não se encontram as tais expressões, publicadas apenas na versão impressa. Como atesta o próprio procurador, o referido dicionário chama a atenção para o fato de que aquelas definições têm caráter pejorativo — e, pois, não podem ser tomadas como expressão da verdade.  O que me escandaliza em casos assim é que isso tudo custa dinheiro ao contribuinte. O doutor Cleber é pago — e muito bem-pago — com o nosso dinheiro. Sua ação mobiliza funcionários públicos e a estrutura do estado. O que ele está pedindo, de maneira aberta, desabrida, sem receios, atende por “censura”. Em nome da SUPOSTA preservação dos direitos de uma minoria, quer impor uma canga na linguagem. UMA COISA É INFORMAR O SENTIDO PEJORATIVO QUE ASSUMIU UMA DETERMINADA PALAVRA OU EXPRESSÃO; outra, distinta, é tomar esse sentido como expressão da verdade, o que o dicionário não faz. Basta ler.

Fui chamado por um tal Leandro Fortes —  consta que é jornalista — de “Exu”; ele pretendia, assim, me atacar. O “Exu” como sinônimo de demônio é, informei aqui, a distorção a que colonizadores submeteram uma entidade religiosa que tem origem na África negra. Isso tudo tem história. Padre Anchieta, por exemplo, fazia o seu trabalho de catequese recorrendo a peças de teatro. No “Auto de São Lourenço”, que vocês encontram na Internet, o Bem e o Mal disputam a alma dos índios. Não por acaso, os demônios bebem cauim e cultivam os valores… indígenas! Já a salvação é cristã.

Os idiotas diriam sem pestanejar sobre o padre: “Era preconceituoso e racista”. Os que têm algo entre as orelhas além do nariz entenderão que nem se pode ver o “outro” hoje em dia como Anchieta o via, com os valores do século 16, nem se pode voltar ao século 16 para julgar o jesuíta com os olhos de hoje. É por isso que não faz sentido censurar Monteiro Lobato por conta do que escreveu sobre Tia Nastácia. É por isso que cumpre que não se trate hoje uma mulher negra como Lobato tratou Tia Nastácia. Entendeu, Paulo Henrique Amorim? Ainda volto a você, rapaz! Não com a esperança de civilizá-lo, mas de evidenciar a sua estupidez.

Distorções
Dicionários têm distorções? Aos montes! Devemos censurá-los por isso, retirá-los de circulação, queimá-los em praça pública? Ora… Eu jamais havia procurado, por exemplo, os termos “direita” e “esquerda” no mesmo Houaiss que aquele procurador quer, estupidamente, ver recolhido. Decidi fazê-lo. É de estarrecer. Reproduzo as acepções políticas dos dois vocábulos:

Direita
o conjunto dos diversos agentes políticos de uma sociedade (parlamentares, imprensa, setores organizados etc.) que adotam pensamentos e práticas refratárias a transformações na ordem social, especialmente as que implicam a instauração de igualdade política e/ou econômica entre os cidadãos.
5.1 - parte da população que defende as mesmas idéias e crê nos mesmos pressupostos que os parlamentares de direita, que geralmente consistem na oposição a mudanças na ordem estabelecida que venham a favorecer as classes populares e, às vezes, na defesa de governos autoritários; reação.
Ex: a direita votou nas últimas eleições contra os trabalhadores.
5.2 - cada um dos partidos conservadores

E então? Ficamos sabendo, segundo o Houaiss, que De Gaulle, Churchill e Adenauer eram contra a “igualdade política e econômica entre os cidadãos”. O que lhes parece?

Vejamos o que o mesmo dicionário diz da esquerda:
Esquerda
conjunto de membros de uma assembléia parlamentar que lutam por idéias avançadas, em oposição aos conservadores [Originariamente, à época da Revolução Francesa, a bancada representativa dessas tendências ficava à esquerda do presidente; na câmara e no senado dos E.U.A., os democratas (menos conservadores) sentam-se à esquerda, e os republicanos (mais conservadores), à direita.]
4- conjunto dos indivíduos de uma nação, ou mesmo de uma comunidade supranacional, que acreditam na superioridade dos regimes socialistas ou comunistas sobre outras formas de organização econômico-políticas, especialmente o capitalismo, com sua fé no mercado como regulador de tudo, atribuindo, portanto, ao Estado o dever de intervir na economia, e que advogam o dever do Estado em prover o bem-estar dos cidadãos, tendo ainda como uma de suas principais metas acabar com as desigualdades sociais inerentes ao regime capitalista.

Publiquei ontem um post, vejam abaixo, sobre os 70 parlamentares mais ricos da China, que têm um patrimônio de quase US$ 90 bilhões. Já toda a elite política do estado americano não chega a ter US$ 8 bilhões. Segundo o Houaiss, Stálin, Mao Tse-Tung, Pol Pot, Kim Jong-Il, Fidel Castro e a canalhada toda queriam “prover o bem-estar dos cidadãos”. Mais: as desigualdades sociais seriam “inerentes ao capitalismo”.

Evidentemente, o tal procurador não vai querer retirar o Houaiss de circulação por isso. Não sei por quê, temo que ele possa concordar com essas óbvias distorções, com o que chega mesmo a ser mentira. Talvez o fato de o dicionarista Antônio Houaiss ter sido um lingüista dedicado, mas também um socialista, o tenha levado a condescender com essa besteira. Mas que se note: de maneira um pouco menos eloqüente, tais bobagens estão também no Aurelião.

É assim em dicionários de outras línguas, de outros países? Não! Estão disponíveis na Internet. Ainda que a direita seja associada ao conservadorismo — e, no terreno dos valores, está correto —, é muito raro que se associem “direitismo” e “conservadorismo” a autoritarismo ou a práticas totalitárias, tanto quanto não se atribui à esquerda esse doce monopólio da virtude e da busca da igualdade.

Eu quero, por isso, cassar e caçar os exemplares do Houaiss? Eu não! Porque entendo que coisas assim têm de ser apontadas, debatidas, confrontadas com os fatos, mas sem esse viés purificador dos novos “inquisidores do bem”.

E de volta ao confronto HP x PH
Heraldo Pereira e Paulo Henrique são mesmo opostos em tudo, como se nota — inclusive nas respectivas trajetórias: uma ascendente, a outra descendente. “Então, Reinaldo, você é contra a censura ao Houaiss, mas quer censurar o Paulo Henrique?” Ao admitir a denúncia oferecida pelo Ministério Público contra este senhor por crimes de racismo e injúria racial, a Justiça já decidiu que não se trata de censura coisa nenhuma! Ao contrário: viu nos ataques indícios de crime.

Paulo Henrique não está no século 16, mas no 21. Ele tem plena consciência do que significa “negro de alma branca”. Se o dicionário de Houaiss, no que concerne aos ciganos, deixa claro que as desqualificações são pejorativas, chamando a atenção para a acepção preconceituosa, Paulo Henrique instrumentalizou, de forma consciente e reiterada, o conteúdo preconceituoso para atingir Heraldo Pereira. Tinha todo o direito de criticar a análise feita pelo jornalista ou sua reportagem, mas preferiu apelar à cor de sua pele, inferindo que ela estava na raiz do seu suposto equívoco.

De resto, flagrado no ridículo de mobilizar meia-dúzia de brancos para ensinar a Heraldo como ser um “negro consciente”, Paulo Henrique decidiu convocar alguns militantes negros ligados às teses racialistas para atingir o jornalista, como a dizer: “Vejam aí, esses negros não se entendem; o meu desafeto não tem lugar nem entre os brancos nem entre os negros”. Na prática, o que PH pretende é que HP não tenha a voz de um jornalista que, no caso e por acaso, é negro. Ele exige que Heraldo, na sua profissão, seja antes um negro para, só então, ser jornalista. Isso tem implicações: brancos podem ser principalmente jornalistas em sua profissão. Negros, como Heraldo, mesmo em sua profissão, teriam de ser principalmente negros. Jornalistas brancos poderiam falar de política, economia, cultura, direito etc. A negros jornalistas ficaria reservado debater os problemas dos negros!

Isso é racismo da pior espécie! Não é assim porque eu quero. É assim porque as palavras fazem sentido — ainda que os dicionários andem a merecer reparos, e as palavras, reparações.

PS - Os “JEG” (Jornalistas da Esgotosfera Governista) perdem tempo em ficar me demonizando. Façam ao menos um esforço para argumentar melhor do que eu. Eu sou diferente de vocês: não quero eliminar meus adversários. Até torço para que eles sejam melhores. O chato de contestar um dos “JEG” é a baixa qualidade do jogo…

Por Reinaldo Azevedo

 

Maria do Rosário, dos Direitos Humanos, critica ameaças a Assad e rejeita idéia de armar rebeldes

Por Jamil Chade, no Estadão:
O Brasil criticou nesta segunda-feira, 28, no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) a forma como potências e países árabes têm pressionado o ditador Bashar Assad. Em discurso em Genebra, a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) condenou a ideia de armar a oposição síria, bem como iniciativas diplomáticas fora do âmbito da entidade - alfinetada indireta no grupo “Amigos da Síria”, formado por americanos, europeus e árabes.

A ministra afirmou que o governo Dilma Rousseff “não aceita” a entrega de armas a rebeldes e pediu que a “política ocupe espaço” na crise, sem indicar como, na prática, isso seria feito.

Sob pressão desse grupo, o CDH deve aprovar na terça uma resolução que exige a abertura de corredores humanitários para socorrer as vítimas dos 11 meses de violência na Síria. O texto ainda acusa o regime Assad de “violações sistemáticas e generalizadas” e exige o fim da violência contra a população civil.

A mobilização na sede da ONU em Genebra ocorreu enquanto, em Bruxelas, autoridades europeias decidiam impor novas sanções unilaterais contra a ditadura síria - outra medida criticada pelo Brasil. O cerco prevê o congelamento de ativos do Banco Central da Síria, na prática inviabilizando transações comerciais com Damasco, segundo explicou o chanceler francês, Alain Juppé. Sete ministros sírios tiveram bens congelados na Europa e empresas da Síria ficaram impedidas de transportar cargas ao continente.

Juppé afirmou que o bloco europeu solicitará ainda que Assad seja julgado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade. Pelo menos dez rodadas de sanções já foram adotadas, com mais de cem pessoas atingidas, entre elas o próprio Assad, e cerca de 40 empresas.

Do lado militar, o governo do Catar somou-se aos sauditas e declarou ontem que é favorável a um plano para armar a oposição. “Como fracassamos no Conselho de Segurança da ONU, temos de fazer o necessário para ajuda-los a se defender, incluindo dando armas”, declarou o primeiro-ministro Hamad bin Jassim al-Thani.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Depósito de R$ 1 mi para ex-vice do BB é investigado

Por Andreza Matais, na Folha:
O ex-vice-presidente do Banco do Brasil Allan Toledo, que até dezembro dirigia uma das áreas mais importantes da instituição, está sendo investigado por ter recebido quase R$ 1 milhão numa conta bancária em 2011. Toledo foi exonerado do banco depois de ser identificado pelo governo como participante de um movimento cujo objetivo seria desestabilizar o presidente do banco, Aldemir Bendine, e ficar com seu cargo, como revelou a coluna “Painel” da Folha. O BB abriu sindicância para apurar o caso por suspeita de lavagem de dinheiro, notificou a Polícia Federal e trocou informações sobre o caso com ela. Toledo era vice-presidente da área de Atacado, Negócios Internacionais e Private Banking do banco.

A investigação só teve início depois da demissão de Toledo pela instituição e teve como origem relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), do Ministério da Fazenda, sobre a movimentação bancária de Toledo no ano passado. O executivo abriu uma conta no Banco do Brasil em janeiro de 2011 e recebeu cinco depósitos mensais no valor total de R$ 953 mil. O dinheiro foi transferido para a conta dele pela aposentada Liu Mara Fosca Zerey, de 70 anos. Antes de fazer as transferências para a conta de Toledo, Zerey recebeu um depósito de R$ 1 milhão numa conta que até então havia movimentado apenas para receber o dinheiro da aposentadoria.

Quem depositou o dinheiro na conta da aposentada foi o empresário Wanderley Mantovani, que atua em vários segmentos e é sócio do dono do frigorífico Marfrig, Marcos Molina, numa usina de biodiesel, a Biocamp. Mantovani afirma que comprou uma casa da aposentada, mas não existe registro oficial da transação em cartório. Toledo diz que atuou no negócio como procurador da aposentada e por isso movimentou o dinheiro em sua conta bancária pessoal. O Marfrig recebeu nos últimos anos vários empréstimos do BB. O irmão do ex-vice-presidente do BB, Alex Toledo, é gerente de comunicação e marketing do Marfrig.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Haddad explica por que gosta da “Elegia”, de John Donne: “Deixa que minha mão errante adentre. Atrás, na frente, em cima, embaixo, entre.” Ou: Uma dica aos “JEG”

Então, gente… “Eu estou convencido de que” — como dizia o apedeuta quando estava prestes a soltar uma de suas reflexões no elevador, hehe — a política só voltará a ser alguma coisa respeitável no Brasil, que não nos obrigue a tapar o nariz, quando estiver um tantinho mais próxima do senso de moral e da realidade do homem comum: eu, você, aquelas pessoas que ficam nas filas de ônibus e metrô e que ganharam o pão do dia de maneira honesta.

Por que digo isso?

Abaixo, vocês lerão trecho de um texto de Uirá Machado, na Folha, informando que o companheiro Fernando Haddad está mais “tranqüilo” com o apoio do prefeito Gilberto Kassab (PSD) ao tucano José Serra. Ele se manifestou nestes termos: “Fico mais tranqüilo de que vou poder representar melhor as idéias em que acredito”.

Deixem Tio Rei ver se entendeu direito o que diz o ex-ministro Gugu Dadá da Educação: caso Serra não tivesse entrado na disputa e caso Kassab apoiasse o candidato do PT, antes mesmo de eventualmente eleito, Haddad já estaria ou enganando o eleitor ou enganando os aliados — quem sabe, bom petista que é, poderia estar fazendo as duas coisas.

Quer dizer que uma aliança com Kassab o obrigaria a fazer coisas nas quais não acredita? É mesmo? Pergunta: o que ele faz para manter, por exemplo, o apoio do PR, do patriota Valdemar Costa Neto? Faz por necessidade ou por gosto? Faz com o ar sofrido do donzelo violado ou com os olhos concupiscentes do pervertido?

Com um pouco mais de experiência, Haddad poderia dizer algo mais ou menos assim — vai a dica aí, ô, novato: “Não importa quem nos apóie, a nossa política será sempre a mesma”. Mas não! Ele admite que, a depender dos acordos que faça, pode ir pra cá, pode ir pra lá, pode ser por baixo, pode ser por cima, exercendo a sua própria versão da bela “Elegia - Indo para o leito” , de John Donne, na tradução de Augusto de Campos: “Deixa que minha mão errante adentre. Atrás, na frente, em cima, embaixo, entre.”…

Segue trecho do texto da Folha. Volto para encerrar:
Pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira que a entrada do ex-governador José Serra (PSDB) na disputa não altera seus planos de campanha, mas reconheceu que fica mais “tranquilo” com o novo cenário. “Eu não via com conforto a possibilidade de uma aliança com a atual administração”, disse Haddad em referência ao prefeito Gilberto Kassab (PSD). Após conversa de Kassab com o ex-presidente Lula, setores do PT passaram a defender uma aliança com o prefeito de São Paulo.

As negociações, que nunca se tornaram oficiais, foram enterradas neste sábado, quando Serra decidiu concorrer à sucessão de Kassab. O prefeito deve sua eleição ao tucano e já anunciou que o apoiará na disputa. Fernando Haddad durante reunião do Conselho Político de sua pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo. Haddad, que não estava entre os defensores da aliança com Kassab, vê no cenário atual mais espaço para criticar a administração da cidade.

“Fico mais tranquilo de que vou poder representar melhor as ideias em que acredito”, afirmou o pré-candidato durante visita ao bairro da Freguesia do Ó (zona norte). “Está mais adequado o candidato ao dicurso”, completou. Sobre a entrada de Serra, Haddad questionou: “Qual a surpresa? Esta é a sexta eleição do século 21. Ele já participou de cinco. Ele tem estado à disposição do partido”. Durante a entrevista, Haddad também afirmou que não vê como necessária uma possível aliança com o PMDB, cujo pré-candidato é o deputado Gabriel Chalita.

“Pode haver entedimento [com o PMDB]? Pode. Mas não vejo como condição necessária”, disse o ex-ministro da Educação, que descartou a possibilidade de ele ceder a cabeça da chapa a Chalita.
(…)

Voltei
Escrevo assim para ensinar aos “JEG” — Jornalistas da Esgotosfera Governista — que jamais se deve descuidar da literatura. Mesmo quando o tema é Fernando Haddad e suas vastas emoções e pensamentos imperfeitos.

PS - Nos comentários, por favor: só observações que honrem a alta poesia de John Donne, não o entendimento que Haddad tem da política.

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo

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