Quem diria! Até o PMDB está com receio de ser engolido pelo PT! “Cenário não é bom’, avisa Temer sobre aliança PT-PMDB

Publicado em 06/03/2012 11:37 e atualizado em 16/08/2013 14:32
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Quem diria! Até o PMDB está com receio de ser engolido pelo PT! “Cenário não é bom’, avisa Temer sobre aliança PT-PMDB

Por Christiane Samarco, no Estadão:
O presidente em exercício da República, Michel Temer, recebe às 17h de hoje, em seu gabinete na Vice-Presidência, manifesto de deputados do PMDB reclamando do governo e do PT. “Como membro do governo, farei o possível para contornar qualquer espécie de insatisfação, mas o cenário não é bom”, disse Temer ao Estado. Ele admitiu ter ouvido “as mais variadas queixas” dos partidos da base governista - até do PT.

Nas últimas 24 horas, Temer trocou telefonemas com toda a cúpula do PMDB, inclusive o presidente do Congresso, José Sarney (MA), e os líderes no Senado, Renan Calheiros (AL), e na Câmara, Henrique Alves (RN). A um dos deputados que decidiram assinar o manifesto, o vice pediu calma, mas reconheceu que a insatisfação é generalizada.

A queixa maior do partido, expressa no manifesto, é contra “a ameaça do PT, que se prepara, com ampla estrutura governamental, para tirar do PMDB o protagonismo municipalista e assumir seu lugar como maior partido com base municipal”. O PMDB tem hoje 1.177 prefeitos. Os mais alarmistas temem que esse número caia para a metade.
(…)
Nos bastidores, a reclamação mais recorrente é a da ‘tutela’ exercida sobre os ministros peemedebistas por secretários executivos petistas. O líder Henrique Alves admite que ministros sem autonomia frustram a base e que ano eleitoral exige mais cuidado nos compromissos.
(…)
“A presidente Dilma Rousseff deu a impressão de que comandaria um governo plural, mas ao longo de seu primeiro ano na presidência o PT acabou se tornando maior do que era no governo Lula”, diz o senador Vital do Rego Filho (PMDB-PB), que já levou as queixas do partido às ministras de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.

Por Reinaldo Azevedo

 

Os cineastas, a Comissão da Verdade, a entrevista de um general e uma lista de mortos que alguns querem esquecer

Ai, ai…

Já escrevi algumas vezes que o cinema brasileiro tinha um futuro promissor. Refiro-me às chanchadas, lá em meados do século passado. O setor se perdeu quando foi tomado pelos dublês de cineastas e intelectuais. Em vez de fazer filmes, eles resolveram se dedicar a explicar o Brasil para os brasileiros, como se pertencessem a outro país ou tivessem se apoderado da razão crítica para iluminar a bugrada. Aí ele se tornou chato, discursivo, metafórico, cheio de literatices, poesia ruim, condoreirismo barato, nativismo bocó, marxismo chulé. O Cinema Novo, com raras exceções, tinha a velha pretensão das elites ilustradas: civilizar o país. A cada filme, lá estava um dos nossos bravos rapazes, eventualmente moças, mostrando o Brasil do começo ao fim. Boa parte dos cineastas estava mais preocupada em nos salvar do que em nos divertir. Isso ficava para o reacionário cinema americano…

Muito bem! João Batista de Andrade, um dos expoentes daquela geração, resolveu redigir um manifesto em favor da Comissão da Verdade. Ele teve uma idéia:
“Nós, cineastas, mobilizamos a favor de tantas causas. Até mesmo dos cineastas iranianos. E quando o assunto diz respeito à democracia brasileira, não vamos dizer nada?”

Informa o Estadão Online:
“O texto elaborado pelo diretor foi encaminhado nesta segunda-feira, 5, aos ministros Celso Amorim (Defesa), Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Ana de Hollanda (Cultura): “Nós, cineastas brasileiros, expressamos a nossa preocupação com as frequentes manifestações de militares confrontando as instituições democráticas e o próprio Estado de direito. Todos os cidadãos brasileiros têm o direito de conhecer o que foram os 21 anos de ditadura militar instaurada com o golpe de 1964. É preciso que a Comissão da Verdade, instituída para esclarecer fatos obscuros daquele período, em que foram cometidas graves violências institucionais, perseguições, torturas e assassinatos, tenha plenas condições e apoio da sociedade brasileira para realizar essa tarefa histórica. Repudiamos os ataques desses setores minoritários das Forças Armadas brasileiras, que de forma alguma irão obstruir as investigações que devem ser iniciadas o quanto antes. Estaremos atentos para que tal comissão seja composta por pessoas comprometidas com a democracia e com a verdade”.

Justiça seja feita, João Batista tem pelo menos a virtude de não ser hipócrita. Conta uma mentira torpe quando afirma que há “frequentes manifestações de militares confrontando as instituições democráticas e o próprio Estado de direito”. Não há nenhuma! Mas diz a verdade quando afirma que a tal comissão, ao contrário do que reza o texto aprovado, quer mesmo é se fixar nos 21 anos do regime militar. Ele certamente não leu o que foi aprovado: o que se pretende é apurar crimes cometidos entre 1946 e 1988. Andrade inverteu os algarismos e leu“1964″. E é claro que é mesmo essa a intenção nada secreta.

Os destinatários do manifesto não poderiam ser mais certos. Uma fala estúpida eilegalista de Maria do Rosário motivou o primeiro manifesto de militares da reserva. A censura determinada por Celso Amorim gerou o segundo texto; a decisão do ministro de punir os signatários, uma ação ilegal, elevou a coisa à condição de crise. A mais hábil do grupo é a irmã do Chico Jabuti… Pai, afasta de mim esse cálice, paaaiiii!

Informa ainda o Estadão:
“O estopim para a elaboração do manifesto foi a entrevista do general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva, ex-secretário-geral do Exército, à jornalista Miriam Leitão, publicada no jornal O Globo na sexta-feira, 2. A entrevista também foi ao ar na Globo News, no especial Uma História Inacabada, na qual Rocha Paiva questiona a abertura dos arquivos da ditadura e a criação da Comissão da Verdade.
“Isso é um trabalho para historiadores e pesquisadores”, declarou ele, que também levantou dúvida sobre o fato de que Dilma Rousseff ter sido torturada na prisão. “O estopim foi, sim, a entrevista do general. Mas não queríamos ficar só como resposta a ele, e sim dizer que estamos cansados de ver isso se repetir: a reação absurda desses setores minoritários que fazem isso para impedir o real andamento das investigações. Não quisemos colocar pedido de punição, Isso é problema do governo. Queremos que o governo, punindo ou não, faça a comissão andar, que não recue”, declarou João Batista.”

Comento
Cineastas, jornalistas e açougueiros têm o direito de ter opiniões e de ser desinformados. A diferença é que a opinião dos açougueiros desinformados não vai parar nos jornais. Batista está errado. “Punir ou não” não é problema do governo coisa nenhuma! Existem uma Lei da Anistia e uma decisão do Supremo.

Quanto ao general, dizer o quê? Talvez tenha sido ingênuo ao ter concedido a entrevista. Que grande absurdo ele disse? Em essência, lembrou que é falsa como nota de R$ 3 a tese de que todos os que cometeram atos terroristas durante o regime militar foram punidos. Muitos mandantes não foram. Se uma Comissão da Verdade quer estabelecer a cadeia de responsabilidades de um lado, que se faça o mesmo do outro.

Só pode achar isso errado quem insiste na tese de que um lado daquela contenda queria ditadura, e o outro, democracia. É mentira! Brutalidades foram cometidas. Sim! Também pelos supostos libertários. ORA, HÁ NOTÓRIOS ASSASSINOS QUE RECEBERAM INDENIZAÇÃO DO ESTADO, PAGA COM O DINHEIRO DE TODOS OS BRASILEIROS. Não adianta me xingar! Provem que estou mentindo.

O que eu quero?

Como sempre, quero que se cumpra a lei, inclusive a da Anistia. Sempre lembrando que “anistia” não quer dizer “absolvição”, mas “perdão” e “esquecimento”. O processo político brasileiro perdoou Dilma Rousseff, por exemplo, independentemente do resultado do IPM, por ela ter aderido a grupos terroristas que mataram pessoas. Ainda que não tenha puxado gatilho nenhum, participou da decisão dos que puxavam e da organização dos crimes. Outras figuras do governo estão nessa situação.

Ora, caso não tivesse havido “perdão” e “esquecimento”, independentemente de ela ter cumprido uma pena, teríamos de ficar lembrando: “Lá vai a mulher que pertenceu àqueles grupos que mataram Edward Ernest Tito Otto Maximilian Von Westernhagen, Wenceslau Ramalho Leite, José Antunes Ferreira, José do Amaral, David A. Cuthberg, Cidelino Palmeiras do Nascimento, Aparecido dos Santos Oliveira, Kurt Kriegel, para lembrar algumas das pessoas assassinadas pelo Colina e pela VAR-Palmares”. Batista conhece alguma resposta dada às famílias dessas pessoas? Os membros daquelas organizações que hoje estão fazendo política institucional tiveram ao menos a delicadeza de se desculpar com suas respectivas famílias?

Essa questão, como ficou evidente, não esteve presente nas considerações que Miriam Leitão fez na entrevista com o general. Vamos conhecer o passado? Vamos! Uma comissão que começa definindo os mortos que serão esquecidos e os que serão lembrados e os culpados que serão nominados e os que serão ignorados não é da verdade, mas da mentira.

Sei bem como são as coisas. Os bobalhões de sempre vão reclamar ao ver listados nomes de pessoas assassinadas pelos grupos a que Dilma pertenceu: “Como Reinaldo Azevedo é agressivo! Vejam como ele é reaça!” Ora… Um país que quer instalar uma “Comissão da Verdade”, para definir uma história oficial, não suporta os fatos?

Volto aos cineastas. Todos os signatários, eu sei, são pessoas honestíssimas. Falarei em tese. É preciso tomar cuidado com o binômio “cinema-verdade”. Vai que alguém decida algum dia investigar quanto o estado brasileiro já repassou a nossos cineastas para que pudessem nos premiar com suas obras-primas — inclusive e muito especialmente, durante a ditadura. Chegaríamos à conclusão de que foi o setor que mais concentrou renda na história do país. Os filmes podiam ser uma porcaria, mas os apartamentos na orla de Ipanema e Copacabana sempre foram uma beleza!

Viva a verdade!

Por Reinaldo Azevedo

 

DILMA NÃO TEM AUTORIDADE OU LEGITIMIDADE PARA PROIBIR UMA VIÚVA DE TOMAR CHICABON NO PORTÃO! Ou: A tirania, a gravata de bolinhas, a cueca samba-canção e o passeio do Seu Zé! Uma quase-fábula antiga!

Há uma tese ridícula, que circula aqui e ali, segundo a qual os militares da reserva que assinaram aquele texto de protesto estariam contestando a autoridade do ministro Celso Amorim (Defesa). Lê-se lá sobre a censura determinada por Amorim ao primeiro texto dos clubes militares:

“Em uníssono, reafirmamos a validade do conteúdo do Manifesto publicado no site do Clube Militar, a partir do dia 16 de fevereiro próximo passado, e dele retirado, segundo o publicado em jornais de circulação nacional, por ordem do Ministro da Defesa, a quem não reconhecemos qualquer tipo de autoridade ou legitimidade para fazê-lo.”

AS PALAVRAS FAZEM SENTIDO!

Como a lei garante, de modo claro, inequívoco, sem subterfúgios, o direito de manifestação dos militares, eu também não reconheço — e qualquer legalista não reconheceria — nem “autoridade” nem “legitimidade” para Amorim fazer o que fez. Ora, se a lei não lhe faculta tal expediente, faltam-lhe autoridade e legitimidade para tanto.

É óbvio, não!

Pense num Chicabon!
Agora pense na viúva, uma daquelas de Nelson Rodrigues, que decidisse, mal enterrado o marido, tomar um Chicabon de minissaia no portão.
Dilma tem autoridade e legitimidade para muita coisa, mas não pode proibir a viúva de tomar um Chicabon, de minissaia, no portão.

Dilma pode até levar o Brasil à guerra, com a autorização do Congresso. Mas não pode proibir o uso de gravata de bolinhas. Não tem autoridade e legitimidade pra isso.

Dilma pode centralizar o câmbio, causar um tsunami econômico; pode até tomar medidas que levem o país à bancarrota e ferre o nosso futuro. Mas não pode impor cuecas samba-canção porque fazem bem à fertilidade masculina. Faltam-lhe autoridade e legitimidade para tanto.

Dilma pode dar os rumos da política externa brasileira, mas não pode decidir o rumo do Seu Zé, que mantém o direito de ir e vir. Faltam-lhe autoridade e legitimidade para esse fim.

Dilma não pode, infelizmente, proibir a pochete, o Bolero de Ravel, a comida japonesa, gergelim e derivados (sou alérgico, pô!), música eletrônica, gols do Palmeiras…

Tiranos não entendem a democracia. Todos eles, sem exceção, cultivaram e cultivam hábitos exóticos. O prazer do mando acaba se estendendo às coisas mínimas, aos fricotes, aos transtornos obsessivo-compulsivos, de que todos padecemos em algum grau, intuo eu. Como podem tudo, transformam suas manias em leis. É por isso que, ao ler a biografia de um desses, pegamo-nos, num dado momento, algo fascinados pelo crápula. De algum modo, vivemos, ainda que com o devido asco, a fantasia do poder absoluto. Um tirano entende que só tem poder de verdade se puder, de fato, tudo.

Isso está presente em estado mais do que larvar no petismo. Pensem na fúria com que Lula sempre avançou contra o antecessor, FHC, e os tucanos de maneira geral. Não lhe bastava ser um continuador das boas obras do outro e, claro!, um inaugurador da própria obra. Isso significaria não ter poder absoluto também sobre o passado, que é o outro sonho das almas tiranas. Stálin mandou retocar fotos oficiais — e até as não-oficiais — da consolidação do poder bolchevique eliminando seus adversários. O que fez Lula ao longo de oito anos — e faz ainda — a não ser esse photoshop na história? Os intelectuais do petismo atuam do mesmo modo. Mas não quero perder o fio.

Na democracia, um governante é eleito para exercer o poder segundo a lei. Só pode fazer o que ela lhe permite — é para isso que tem legitimidade e autoridade.

Assim, eu, Reinaldo Azevedo, não reconheço a autoridade e a legitimidade de Dilma para:
- meter-se na vida da viúva que toma Chicabon:
- arbitrar sobre gravata de bolinhas;
- obrigar o uso das cuecas samba-canção (que eu recomendo! Liberdade, liberdade!!!);
- decidir o itinerário do Seu Zé.

E não tem autoridade e legitimidade, também, para punir os militares que assinaram aquele texto. A razão é simples: a lei não lhe dá nem uma coisa nem outra.

A democracia, governanta, é esse regime esquisito mesmo, que os esquerdistas nunca entenderam: confere ao governante poderes formidáveis, que podem fazer a felicidade ou a desgraça de um povo, mas não o direito de interferir em escolhas pessoais as mais banais, fazer o que não está na lei ou agir contra a lei.

Nunca é tarde para aprender!

Texto publicado originalmente às 20h57 desta segunda

Por Reinaldo Azevedo

 

HISTÓRIA - UM VÍDEO: O direito de resposta que Lula ganhou contra Paulo Henrique Amorim, na Band, em 1998; 14 anos depois, sob o comando do PT, estatais patrocinam a página do gigante que não mudou de método nem de lado: continua a combater a oposição

Vocês precisam ver o vídeo abaixo. Por quê? Em 1998, Luiz Inácio Lula da Silva concorria à Presidência da República pela terceira vez — faria o mesmo mais duas vezes. Nota à margem: os “especialistas” Carlos Melo, Fernando Abrucio e Marco Aurélio Nogueira não pediam “renovação no PT”. Sigamos. Paulo Henrique Amorim era o chefão do “Jornal da Band”. Como sabe qualquer jornalista, ele combate a oposição desde o governo de João Figueiredo.

Muito bem! Em 1998, empreendeu uma verdadeira campanha para tentar provar que Luiz Inácio Lula da Silva havia cometido uma série de ilegalidades para comprar o apartamento de cobertura em que mora ainda hoje, em São Bernardo. Nada ficou provado.  Paulo Henrique usou contra Lula os mesmos métodos que emprega hoje contra políticos da oposição, especialmente José Serra. Atuava com o mesmo rigor jornalístico…

Lula ganhou um direito de resposta na Band. Estou tentando conseguir o filme — se alguém tiver, avise na área de comentários — com uma das “reportagens” de Amorim só para que vocês vejam o que pensava este coerente patriota sobre Lula há modestos 14 anos, quando o petista estava por baixo. Vejam o filme em que Lula se refere a suas reportagens. Jamais se esqueçam de quem está falando… Volto em seguida.

Voltei
Paulo Henrique Amorim é quem é. E Lula também! Notem que, ao se defender, não deixa de sugerir que lhe fofocaram algo sobre a vida privada de FHC.  A resposta a Paulo Henrique Amorim vem acompanhada de um ataque — para não variar — à imprensa como um todo. Num direito de resposta, aproveita para fazer mais uma crítica irresponsável ao Proer, um dos pilares da estabilidade que tanto bem faria a Lula cinco anos depois. Tanto é assim que, na quebradeira de 2008, ele próprio sugeriu aos EUA que adotassem o nosso… Proer!!!

Não, senhores! Paulo Henrique Amorim, do governo Figueiredo ao segundo governo FHC, nunca foi de esquerda. Ao contrário: o, vá lá, ícone do petismo — Lula — era um de seus alvos permanentes.  E ele o atacava com a mesma convicção e as mesmas armas com que ataca hoje oposicionistas e supostos “inimigos do regime”. O Apedeuta não o suporta até hoje, embore o PT trate muito bem este gigante do jornalismo brasileiro. O vídeo que vai acima vale como um documento de sua coerência.

Insisto: se alguém conseguir uma de suas reportagens de então, é só me enviar. Os leitores têm o direito de saber. Hoje, este patriota faz o seu trabalho com patrocínio estatal. Primeiro foram os Correios — R$ 40 mil por mês! Agora, é a Caixa Econômica Federal que financia a sua página, em que se constata uma implacável campanha contra a oposição e contra um ministro do Supremo. Também é lá que se sustenta que “negro de alma branca” não é uma expressão que ofende os negros. Terá sido por isso que um filme de CEF inventou um Machado de Assis branco?

Por Reinaldo Azevedo

 

06/03/2012 às 15:05

Paulo Henrique Amorim debocha pela segunda vez do juiz Daniel Felipe Machado

Vocês viram ontem aqui que o juiz Daniel Felipe Machado, da 12ª Vara Cível do Distrito Federal, intimou Paulo Henrique Amorim a cumprir os termos de um acordo judicial que o obrigava a publicar em seu blog uma retratação por ter dirigido graves ofensas ao jornalista Heraldo Pereira — entre elas, “negro de alma branca”. Também afirmou que um dos mais competentes e mais bem-preparados jornalistas do país só ocupa posição de destaque na Globo por “ser negro e ter origem humilde”. Muito bem! Faz parte do acordo a publicação dessa retratação em dois jornais: Correio Braziliense e Folha de S.Paulo.

Por que a intimação? Porque Paulo Henrique não vinha cumprindo o que foi acordado: publicou, sim, em seu blog a retratação, mas no corpo de textos em que, para escândalo da Justiça, reiterava, por meio de terceiras pessoas, as mesmas ofensas que motivaram o processo na área civil — e outro movido pelo Ministério Público Federal na área criminal.

Na sua sentença, o juiz Daniel Felipe Machado foi explícito: a publicação da retratação nos jornais não deveria vir acompanhada de quaisquer comentários. Vejam:

retratacao-determinacao-do-juiz 

Pois bem: o que fez Paulo Henrique Amorim? Publicou, sim, a retratação no Correio Braziiense, mas assim:

 retratacao-correio-braziliense

Raramente se viu tamanho deboche!
Paulo Henrique Amorim claramente não havia cumprido o acordo, tanto que foi intimado pelo juiz a fazê-lo.
Ao publicar a retratação, emendou seus comentários, que distorcem de maneira miserável a verdade.
Atua, pois, explicitamente contra a determinação do juiz.

Paulo Henrique insiste na farsa de que Heraldo Pereira “atestou que a expressão negro de alma branca não foi usada com o sentido de ofender, nem teve conotação racista”! Mentira! Essa é a retratação que Paulo Henrique faz; isso é o que ele diz de si mesmo. O acordo judicial só servia para pôr um ponto final na ação — desde que desdissesse o que dissera. Paulo Henrique finge que quem está se retratando é… a vítima das ofensas! Tanto isso é mentira que Heraldo Pereira foi admitido como auxiliar da acusação do processo criminal, movido justamente por “racismo e injúria racial”.

Intuo que o advogado de Heraldo vá denunciar ao juiz Daniel Felipe Machado mais esse deboche. Vamos ver qual será a decisão do meritíssimo. Há uma máxima segundo a qual “decisão de Justiça não se discute”. É um troço autoritário. É claro que se discute. MAS SE CUMPRE!!! E, caso não se concorde com ela, deve-se recorrer se houver essa possibilidade. O que o estado de direito não admite é isso que faz Paulo Henrique.

Não serei eu a dizer o que deve fazer o doutor Daniel Felipe Machado. Sei que, a ficar tudo como está, dentro em breve, ninguém mais estará dando bola para as suas decisões: “Ah, não liga, não! Esse é aquele juiz de quem aquele blogueiro e apresentador de televisão debochou. A gente não precisa dar bola”.

É… Se Paulo Henrique pode mandar o juiz às favas, por que não os outros?

Quanto às ameaças de processar Deus e o mundo, repetida por Paulo Henrique, uma questão central:
ELE PRETENDE RECORRER À JUSTIÇA? À JUSTIÇA CUJA DECISÃO ELE PRÓPRIO NÃO RESPEITA?

Por Reinaldo Azevedo

 

PT decide levar Haddad ao laboratório para estudo

Por Fernando Gallo, no Estadão.

PT contrata equipe para melhorar imagem de Haddad
Ainda desconhecido da maioria do eleitorado e com índices de intenção de voto que não superam 4%, o pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, será alvo de um estudo de imagem. A pedido do publicitário João Santana, contratado para a campanha do ex-ministro, uma equipe de TV começou a gravar os eventos do petista. Um cinegrafista, um operador de áudio e um fotógrafo estiveram ontem na comitiva de Haddad na visita a um seminário em Parelheiros, zona sul da capital. O ex-ministro usou um microfone de lapela, para registrar suas falas e a de seus interlocutores.

Trata-se de um teste para ver como o pré-candidato se porta no vídeo. Santana e a direção da campanha avaliarão como Haddad fala e se movimenta, se tem problemas de dicção, como são suas reações, de que forma manifesta emoções - ou deixa de manifestá-las - e como o povo o recebe nos eventos. Correções. O “ensaio de imagem”, como é chamado, serve para corrigir eventuais erros cometidos pelo ex-ministro, que já teve a atenção chamada pelo próprio Santana há pouco mais de um mês, quando o marqueteiro avaliou que Haddad não saíra bem em fotos nos jornais.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Justiça manda governo petista do RS pagar piso a professores

Por Felipe Bächtold, na Folha:
Em meio a uma ameaça de greve dos professores, a Justiça gaúcha determinou que o governo do Rio Grande do Sul cumpra a lei do piso nacional do magistério.No ano passado, o Ministério Público havia unificado milhares de ações individuais no Judiciário local contra o governo por causa do descumprimento da norma. Hoje, o salário mais baixo para professor no Rio Grande do Sul está em R$ 791 por 40 horas semanais, quase metade da remuneração mínima estabelecida pelo Ministério da Educação (R$ 1.451). Levantamento publicado pela Folha ontem mostra que a remuneração básica gaúcha é a pior dos 25 Estados pesquisados. Na sexta-feira, professores da rede estadual anunciaram estado de greve como forma de protesto.

Ontem, houve nova reunião entre o governo de Tarso Genro (PT) e o sindicato da categoria, mas não se chegou a um acordo. Tarso, na semana passada, chegou a criticar o ministro Aloizio Mercadante por conta da lei do piso -disse que ele tinha uma “opinião furada” sobre o assunto. A decisão da Justiça gaúcha, expedida por um juiz de primeira instância de Porto Alegre, também manda o Estado desembolsar, de modo retroativo, o valor que deixou de ser pago aos profissionais desde 2009. Aposentados foram incluídos na sentença.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

As lições de moral de Chalita, o braço do PMDB de Temer, Sarney e Renan Calheiros em São Paulo. Ou: De ridicularizado a conviva e plantador emérito

O pré-candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo, Gabriel Chalita, ainda não sabe por que quer o cargo — o seu novo partido deve saber. O que ele sabe é que não quer que o tucano José Serra seja prefeito. E anuncia que vai combater o adversário. Novidade? Na Folha Online, é. Tanto que ele ganhou uma materinha. Como Serra lidera a pesquisa, Chalita decidiu ser notícia atacando o outro. Querem ver?

“Uma pergunta que farei ao candidato José Serra é por que ele fechou as escolas em tempo integral. Ele é contra uma criança ficar o dia todo na escola?”

Essa é uma das falácias que este senhor propagandeia por aí, como ainda terei a oportunidade de demonstrar no detalhe. O que interessa é outra coisa, além do impressionismo ridículo de quem pretende apenas falar bem de si mesmo. Existe uma medida objetiva para avaliar a qualidade da educação: o Ideb. Vocês mesmos podem clicar aqui e fazer a pesquisa. São Paulo avançou na avaliação de 2005 (quando Chalita era secretário de Educação) para 2009 (na gestão Paulo Renato), superando as metas estabelecidas pelo governo. Ficou em primeiro lugar ou segundo em todos níveis.

Aproveitando o gancho daquela pesquisa do Datafolha, lembrou que Serra deixou a Prefeitura de São Paulo em 2004 para se candidatar ao governo: “Como se pode usar São Paulo como um trampolim?” É a tese de Gilberto Dimenstein.

É uma crítica vigarista, obviamente. Se Serra não o fizesse, Aloizio Mercadante, do PT, teria se elegido governador. O PSDB quis o então prefeito candidato. E Serra venceu a disputa no primeiro turno com os votos dos paulistanos também — ele venceu a disputa na Capital com folga. Chalita era tucano. Queria Mercadante no governo? Acho que sim! Já se preparava, talvez, para mudar de lado.

E ele próprio?
Elegeu-se vereador pelo PSDB e pulou de galho. Foi para o PSB.
Elegeu-se deputado federal pelo PSB e pulou de galho. Foi para o PMDB.
Mudou de partido(s) e de lado. Fez seu nome como político de oposição ao PT e sentou no colo de Lula e Dilma.
Mobilizou uma fatia do eleitorado católico, especialmente da Canção Nova, e passou a fazer parte da base de um governo que mais do que flerta com a defesa da legalização do aborto. Apoiou abertamente a censura de que foram vítimas os católicos.

O mais impressionante, acho eu, é Chalita ganhar uma reportagem apenas para atacar um adversário, sem qualquer outro fato que a sustente, não se apontando que ele não chega a ser um exemplo de coerência.

Já apontei isso aqui e o faço de novo: quando estava no PSDB, Chalita era impiedosamente ridicularizado por conta das batatadas que escrevia e escreve em seus livros de auto-ajuda, a maior coleção de frases feitas (ou malfeitas) da humanidade… Atribui a eles o fantástico crescimento de seu patrimônio.

Foi só se bandear para o lado do petismo, ganhou o status de fonte respeitável, passou a almoçar e a jantar com o colunismo de fofoca e se fez o maior hortelão da República, sempre plantando suas coisinhas contra esse ou aquele. Espertinho, vive lembrando a sua condição de ex-secretário de Geraldo Alckmin para ver se consegue criar confusão no tucanato.

O que ele é hoje, de fato, é o homem do PMDB de Michel Temer em São Paulo. E isso significa que também é, em São Paulo, o homem do PMDB de Renan Calheiros e de José Sarney, entre outros patriotas. Não! Ele não é o homem do PMDB de Jarbas Vasconcelos, o senador de Pernambuco. Infelizmente, aquele tipo de peemedebismo não existe por aqui.

Então ficamos assim: vote em Chalita e ponha Sarney e Renan Calheiros na Prefeitura de São Paulo.

Por Reinaldo Azevedo

 

Juiz intima “réu” Paulo Henrique Amorim a cumprir acordo judicial e a publicar retratação nos seus devidos termos

imagem-sentenca-heraldo

Eu não publico porque não quero por aqui os partidários do JEG (Jornalismo da Esgotosfera Governista), vocês sabem… Mas todo dia chegam manifestações mais ou menos assim: “Aí, hein… Depois que o Paulo Henrique Amorim ameaçou te processar, você (NR: eles misturam os pronomes, e esta é a menor das porcarias que fazem num texto…) parou de falar do caso Heraldo Pereira!” Parei? Então não fui avisado por mim mesmo. Não parei, não! Havendo novidade, cá estou! Não havendo, mas dando vontade, idem!

Bem, não vou aqui fazer memória longa da história, que vocês conhecem de sobejo. Um acordo judicial obrigava Paulo Henrique Amorim — sim, ele tem obrigações a cumprir — a publicar uma retratação em seu blog e em dois jornais: Folha e Correio Braziliense. Vocês se lembram: ele foi processado por Heraldo na área cível — há um outro processo na criminal, movido pelo Ministério Público Federal e já aceito pela Justiça — por ter afirmado que o jornalista é um “negro de alma branca”, entre outras delicadezas. Também afirmou que seu desafeto não tem outra razão para estar onde está, exceto o fato de “ser negro e de origem humilde”.

Pois bem: Amorim resolveu publicar a retratação no meio de textos que, na prática, reiteram tudo o que havia dito antes — só que, nesse caso, recorrendo a palavras de terceiros, claramente endossadas por ele. Também inventou um troço estapafúrdio: segundo ele, com a retratação — FEITA POR ELE, NÁO PELO OFENDIDO, É ÓBVIO —, Heraldo estaria admitindo que ele não é racista. Falso! O jornalista não admitiu nada. Até porque, advogado que também é, foi admitido como assistente de acusação no processo criminal.

Pois bem! O advogado de Heraldo voltou à Justiça para acusar o descumprimento do acordo judicial. Na imagem lá no alto, vai a sentença do juiz Daniel Felipe Machado, que intima o “réu” (ele é “réu”, o que faz questão de omitir) Paulo Henrique Amorim a:
1) fazer a retratação “ipsis litteris” e sem comentários no mesmo post;
2) publicar a retratação nos jornais que constam do acordo, “sem comentários no mesmo espaço”.

Relembro o conteúdo da retratação:
“Retratação de Paulo Henrique Amorim, concernente à ação 2010.01.1.043464-9:
Que reconhece Heraldo Pereira como jornalista de mérito e ético; que Heraldo Pereira nunca foi empregado de Gilmar Mendes; que, apesar de convidado pelo Supremo Tribunal Federal, Heraldo Pereira não aceitou participar do Conselho Estratégico da TV Justiça; que, como repórter, Heraldo Pereira não é nem nunca foi submisso a quaisquer autoridades; que Heraldo Pereira não faz bico na Globo, mas é funcionário de destaque da Rede Globo; que a expressão ‘negro de alma branca’ foi dita num momento de infelicidade, do qual se retrata, e não quis ofender a moral do jornalista Heraldo Pereira ou atingir a conotação de racismo.”

Jamais se esqueçam: Paulo Henrique escreveu e reiterou aquelas coisas por meio de terceiras pessoas tendo no alto da página a marca dos “Correios”, uma estatal. No momento, a sua homepage remete a ataques a Gilmar Mendes, um ministro do Supremo; a José Serra, um dos líderes da oposição, e, de novo!, a Heraldo Pereira com propaganda da Caixa Econômica Federal.

Isso quer dizer que uma estatal patrocina o ataque a um ministro do Supremo (e o que vai lá é ataque, não crítica); a um adversário do governo federal (e o que vai lá é ataque, não crítica) e, pasmem!, a um jornalista, de quem ele resolveu que poderia fazer certas cobranças porque seu alvo, afinal, é negro (e o que vai lá é ataque, não crítica). A Caixa já inventou um Machado de Assis branco e teve de se retratar. Agora, financia textos que, na prática, dizem que o negro Heraldo Pereira tem alma branca. Fosse uma tentativa de elogio, seria uma ofensa. Como é uma ofensa, então ofensa é.

Por Reinaldo Azevedo

 

Em nome da renovação, parte da imprensa precisa renovar a pauta. Ou: Três “inteliquituais” independentes (!) comportam-se como “apparatchiki” do PT

O Estadão, ainda que eu nem sempre concorde com o jornal, ainda faz os melhores editoriais da imprensa brasileira. No sábado, por exemplo, publicou um texto impecável sobre as eleições em São Paulo. A reportagem, no entanto, pode passar por caminhos estranhos. Prestem atenção!

Na quarta-feira, dia 29, quando ficou claro que José Serra disputaria as prévias do PSDB para se candidatar à Prefeitura de São Paulo, o repórter Gustavo Uribe escreveu uma, vá lá, reportagem no Estadão Online ouvindo um único “cientista político”, Carlos Melo, habitual crítico de Serra nas páginas do próprio Estadão. Até aí, tudo bem. Melo veio com uma tese: o PSDB não se renova, enquanto o PT buscaria a renovação com Fernando Haddad. Eu o contestei num vermelho-e-azul parágrafo a parágrafo, com o respeito e o humor habituais. Indaguei, por exemplo (em azul):
Em política, NOVIDADE NÃO É UM FETICHE. Eu indago ao sociólogo e professor Carlos Melo - e espero uma resposta de alcance acadêmico - o que há de NOVO no modo como Lula decidiu quem seria o candidato do PT? O que é “novo”, Melo?
- Atropelar a democracia interna do partido?
- Minar as bases de apoio do nome preferido?
- Massacrar, com o peso de sua liderança nacional, aquela que a maioria dos petistas queria como candidata?

Então tá! O PSDB pode nem se renovar tanto, mas a reportagem de política do Estadão está esquecendo de inovar a pauta. Eis que abro o jornal nesta segunda e deparo lá com o seguinte título: “Falta de renovação volta à discussão na corrida paulistana”. De novo??? Um dos ouvidos? Acreditem! Melo outra vez! Com os mesmos argumentos e a mesma falta de explicação — desta feita, no entanto, acompanhado de outros “especialistas”. A única coisa que mudou foi o repórter. A pauta de Gustavo Uribe passou para Fernando Gallo. Bem, lá vou eu. Reproduzo o texto em vermelho e faço a contestação em azul, já a partir do título. Acho que vale a pena ler porque o texto ajuda a compreender o exercício da argumentação.
*Falta de renovação volta à discussão na corrida paulistana
“Volta à discussão” onde? Só se for na pauta do Estadão. A matéria do dia 29, que se limita a colher a opinião de um só, está sendo reeditada no dia 4. Prestem atenção para o subtítulo do texto, que se chama “linha fina” no jargão jornalístico:
Enquanto PT aposta em novidade na eleição com Haddad, o PSDB deve lançar Serra, nome já conhecido do eleitorado
Fica evidente aí que se trata de uma abordagem simpática ao PT, que teria escolhido a novidade, e crítica ao PSDB, que escolheu o nome conhecido. Assim, toma-se a “novidade” como uma categoria superior da política. O fabuloso, no entanto, é que o primeiro parágrafo do texto, como verão abaixo, tenta, vamos dizer, disfarçar a tese “petistófila”. Vamos ver.

 

A falta de novas lideranças em seus quadros leva o PT e o PSDB a optarem por caminhos distintos na eleição municipal de 2012, avaliam especialistas consultados pelo Estado. Com a entrada do ex-governador José Serra na corrida eleitoral, os tucanos continuam a apresentar desde 1996 os mesmos dois nomes aos eleitores da capital: Serra e o governador Geraldo Alckmin. Os petistas, por sua vez, optam pelo novato Fernando Haddad, que desbancou a senadora Marta Suplicy (PT-SP) depois de três eleições consecutivas.
Perceberam a contradição? O que se quer mesmo é criticar o PSDB. Para que o texto assuma aquela cara “isenta” e, bem…, disfarce o seu propósito — criticar  PSDB —, então se fala da “falta de novas lideranças” nos “‘quadros do PT e do PSDB”. Ocorre que o próprio texto e a linha fina apontam Fernando Haddad como o “novato” — ou “a novidade”.

O PSDB, dizem os analistas, é vítima de uma armadilha: sem um nome alternativo forte, busca o recall alto de Serra, mas adia o processo de renovação, impedindo o surgimento de novas lideranças. “Como vai haver recall de outros nomes se nunca é dado aos mais jovens a oportunidade de aparecer?”, indaga Carlos Melo, professor do Insper.
Isso é ciência política? A tese do “recall”, tratada dessa maneira, com a máxima vênia, ou é desinformação ou é má fé. Digam-me cá: um “recall” será sempre positivo? Ele não pode ser, também, negativo? Ora, o “recall” embute uma avaliação do eleitorado sobre o trabalho feito pelo político! Orestes Quércia, por exemplo, tentou voltar ao primeiro plano da política muitas vezes depois que deixou o governo de São Paulo, mas o “recall”, Carlos Melo, nunca deixou! Sei, sei… Talvez o PSDB devesse ter inovado em 2006 na disputa pelo governo do Estado, não é?, dando o Palácio dos Bandeirantes a Aloizio Mercadante. Melo certamente estaria aplaudindo: “Vejam o PSDB! Perdeu a eleição, mas se renovou!!!” Ou, então, deveria tê-lo feito em 2010. Alckmin diria: “Ah, não, vamos renovar o partido!” E Mercadante ficaria muito grato. E lá iria Melo: “Pô, gente, o governo de São Paulo é besteira quando se pensa na renovação do partido!” É curioso que a tese da “renovação” não tenha aparecido ao longo das cinco disputas presidenciais de Lula! Nunca! Ao contrário: o único que ousou confrontar o Apedeuta uma vez, Cristovam Buarque, foi esmagado.
Política, agora, é “oportunidade de aparecer”? Melo está confundindo essa atividade com show de calouros? Ora, que apareçam na cidade, no Estado e no país no curso normal dos acontecimentos. A eleição não é exatamente o melhor momento de oferecer uma “novidade”. Mas sigamos.

Ele lembra que Serra, em 1996, e Alckmin, em 2000, concorreram nas eleições municipais, e perderam. “Perder não é pecado, é do jogo. Eleições não são feitas só para ganhar, mas para expor um programa, uma alternativa a ser testada. Você não pode ser o dono da fila.”
É verdade. Eles perderam, mas não havia melhores nomes — do ponto de vista da viabilidade eleitoral — para ganhar. Não foi o ânimo da renovação que contou, não. Fez-se o possível para ganhar, mas não deu.

O cientista político Fernando Abrucio, professor da FGV, avalia que Alckmin não fez pelo deputado Bruno Covas, seu secretário de Meio Ambiente, aquilo que o avô de Bruno, Mário Covas, fez pelo governador ao fomentar sua candidatura à prefeitura em 2000. “O Alckmin é fruto do Covas, que o bancou. Uma liderança pensa no futuro”, alfineta. “Pode ser que Bruno, que foi o deputado estadual mais votado e tem sobrenome forte, perdesse a eleição, mas chegaria a 15% ou 20 % dos votos e seria um PSDB novo.”
Abrucio é capaz de dizer grandes bobagens com o ar solene de quem dá Minerva à luz. E se dedica, nesse caso, à tentativa de criar intriga no tucanato. Vamos pensar um pouquinho sobre sua magistral tese. Em primeiro lugar, note-se que Abrucio é tão partidário da tese da renovação, mas tão partidário — e está tomado de tal ímpeto republicano — que acredita que o neto é herdeiro do que considera a fidelidade devida por Ackmin ao avô do outro! É um troço espantoso! A tese ficaria bem numa Teoria Geral da Aristocracia Política do Segundo Reinado.
Mas não é só isso. Vai implícita na avaliação de Abrucio, este incansável militante da renovação política, a consideração de que o governador Alckmin, em nome da modernização, deveria ter feito como Lula: “O candidato é Bruno Covas! Acabou!” Abrucio se mostra um fanático do cesarismo lulista, que mandou o PT de São Paulo às favas e indicou o candidato no dedaço.
Ainda não terminei. Quando Covas fez Alckmin candidato à Prefeitura, este era mesmo a melhor opção — qual seria a outra? Não foi por boniteza, foi por necessidade. Abrucio é um verdadeiro poeta da derrota tucana: “Pode ser que Bruno, que foi o deputado estadual mais votado e tem sobrenome forte, perdesse a eleição, mas chegaria a 15% ou 20 % dos votos e seria um PSDB novo.”
Entendi: com um PT que exerce uma hegemonia avassaladora no Brasil, Abrucio acha que o PSDB deveria escolher conscientemente a derrota em São Paulo, o seu principal esteio político. MAS COM RENOVAÇÃO!
Trata-se de uma revolução do pensamento político como não se via desde Maquiavel. O objetivo do Príncipe (o da oposição, se isso fosse possível…) seria a renovação, não o poder. O “poder”, aquele, passaria a ser monopólio do Moderno Príncipe: o PT! Trata-se de uma soma fabulosa de bobagens, sem teoria política que as justifique além do achismo. É certo que Melo e Abrucio, “cientistas políticos” que são, podem me surpreender com uma bibliografia que eu não conheça. Sou todo ouvidos e olhos para aprender. Eu adoro aprender coisas novas. Cadê a bibliografia?

Marco Aurélio Nogueira, da Unesp, vê a falta de base partidária como impeditivo à renovação no tucanato. “O PSDB tem ligação precária com a sociedade e um problema grave de reprodução. Não cresce nem se renova porque não é oxigenado pela sociedade”, destaca.
Huuummm… Este, ao menos, não tenta disfarçar… Partido, agora, tem de seguir necessariamente o modelo petista, que aparelha sindicatos, movimentos sociais, até batizado e enterro. Nem parece ser este o partido que governou o país por oito anos, chefia o Executivo em oito estados — mais da metade do PIB — e teve mais de 40 milhões de votos na eleição presidencial passada.
- Partido “de base” é aquele em que Lula diz cinco vezes: “O candidato sou eu”.
- Partido “de base” é aquele em que Lula diz: “A candidata será a Dilma”.
- Partido “de base” é aquele em que Lula diz: “O candidato será Fernando Haddad”.
- Partido “de base” é aquele em que Lula diz: “Nossa candidata no Maranhão é a Roseana” - notória política “de bases” naquele estado.

É uma vergonha que essa gente toda fale em nome da “ciência política” fazendo proselitismo partidário, senão explícito, implícito ao menos. Não é mera coincidência o fato de que a sua “recomendação” ao tucanato resultaria na entrega de São Paulo aos petistas SEM NEM AO MENOS RESISTÊNCIA. Atenção que agora vem um arremedo de crítica ao PT

PT
No caso petista, além do envelhecimento e do desgaste de alguns líderes como Marta Suplicy e o ministro Aloizio Mercadante, houve dirigentes abatidos pela crise do mensalão. “Envelheceram e não é apenas de idade, envelheceram politicamente. O José Dirceu é mais novo que o Serra, mas não tem a mesma força de antes”, diz Abrucio.

Ah… Como é mesmo? A hipocrisia é o tributo que o vício presta à virtude! “Zé Dirceu”??? “Mesma força de antes”??? Desde quando Dirceu é um político que mobiliza massas? Aliás, o PT resiste tanto em se renovar que esse aí jamais deixou de ser um chefão de uma ala do partido. Todos os mensaleiros voltaram. Para renovar!

Mesmo com um nome novo na disputa, o PT não escapa das críticas, dirigidas a escolha de Haddad pelo dedaço do ex-presidente Lula, segunda etapa de um processo de renovação nacional do partido, iniciado em 2010 com a escolha de Dilma.
Vejam que coisa estupefaciente!!! Releiam! A escolha de Haddad seria a “segunda etapa” de um “processo de renovação iniciado com a escolha de Dilma”. O único senão é que se fez com o “dedaço” de Lula!!! Ah, que pena!

“Não é uma renovação natural, de políticos que surgiram na base, foram vereadores, deputados.” Segundo ele, a renovação foi “contingencial”, uma necessidade do projeto nacional de Lula. “O Lula enfrentou uma queda de braço com setores do PT e ganhou. Por isso ocorre a renovação.” Para Abrucio, os nomes foram tirados da burocracia de governo. “Não é necessariamente ruim, embora fosse melhor que nascessem nos partidos. Mas a vida partidária está frágil.”
Ou seja, no fim das contas, o “dedaço” de Lula foi positivo; o partido não queria isso que chamam “renovação”, mas o coronel foi lá e botou o porrete na mesa.
A isso alguns chamam “ciência política”. Nem o stalinismo produziu justificadores dessa qualidade. Stálin era muito menos burro do que a propaganda trostskista anunciava e exigia bons argumentadores. E notem a confusão: um pensador acha que o PT se renova por causa das “bases” - mas o dedaço de Lula desautoriza a tese; o outro acha que o partido “se renova” justamente por causa do “dedaço”, o que, olhem que fabuloso!, IGNORA A VONTADE das tais “bases”, exaltadas pelo primeiro pensador.

Em qualquer dos casos, o PT sempre sai por acima na análise, e ruim mesmo é o PSDB. Este partido, como querem os três, deveria escolher de saída a derrota eleitoral para demonstrar que aposta, sim, na renovação. Enquanto isso, o PT vai sendo dirigido pela vontade olímpica de Lula, mas com muito “movimento social”.

Sinto, ao ler essas coisas, aquela tal vergonha alheia… Isso não é ciência política porcaria nenhuma! Isso é só voz dos apparatchiki do petismo (no plural, é com “i” no fim da palavra).

Em tempo: nada de ficar falando mal de mim por aí, que isso é coisa de gente fofoqueira, alguém sempre me conta, e seu fico, invariavelmente, com preguiça. Acima, eu estou desconstruindo argumentos e apresentando outros. Havendo melhores do que os meus, eu os ouço e os leio com atenção! “Ah, vê lá se a gente vai debater com esse Reinaldo…” Huuummm… Pena! Eu debato até com o capeta se me der vontade.

Mas uma obrigação  os professores, que são “cientistas políticos”, têm: apresentar  a bibliografia. Não para mim, mas para seus alunos. Eu acho que “cientista político”, em certos casos, tem de ser como médico, físico ou engenheiro: se tem uma tese contramajoritária, precisa apresentar as referências técnicas. Imaginem em sala: “Mas professor, quais são as balizas desse pensamento?” Reposta possível: “Eu!” Pode ser? Pode até ser! Mas então é preciso escrever a obra. Aguardo ansioso. Ou vou considerar isso tudo mero proselitismo petista, disfarçado de ciência política e vazado como jornalismo.

“E você, que já disse que vai votar no Serra?” É verdade! Eu já disse! Mas eu, ao menos, disse, né? Não escondo isso de ninguém. E a diferença não é só essa: eu não tento transformar as minhas opiniões em “ciência”. E tenho a humildade de argumentar COM FATOS! 

Por Reinaldo Azevedo

 

Dilma tem uma boa saída: esquecer a punição ilegal dos militares da reserva e demitir Celso Amorim! Seria a vitória da lei e do bom senso

Só os tolos não percebem que eu estou é oferecendo uma saída à presidente Dilma Rosseff, e não extremando um problema, ao lembrar os fundamentos legais das manifestações dos militares da reserva. Quem está criando caso é o ministro Celso Amorim. À medida que tenho demonstrado que os militares não fizeram nada demais nem ao divulgar o primeiro manifesto nem ao tornar público um texto de protesto, estou, como diria Chico Jabuti, contribuindo para que o “barco descreva um arco e evite atracar no cais” da confusão. Agora, se a Soberana e Amorim, o seu “Tersites” (”Tersito” em algumas traduções… Essa eu fui buscar lá na Ilíada!!!), estão dispostos a fazer confusão, quem poderá impedi-los, não é mesmo?

77 oficiais-generais na lista
Dilma mandou punir aqueles 98 que inicialmente haviam, DE ACORDO COM A LEI, assinado um protesto. Havia apenas 13 generais na lista. A tarefa está se agigantando. Quatro dias depois do faniquito comandado por Tersites, segundo a última atualização, já são 609 — 77 deles generais (mais 338 coronéis, 67 tenentes-coronéis, 13 majores, 29 capitães, 36 tenentes, 23 subtenentes, 21 sargentos, 5 cabos e soldados). Endossam ainda o texto 1 desembargador do TJ-RJ e 298 civis.

Como indagaria e responderia o poeta Ascenso Ferreira, “Pra quê? Pra nada!”.

Há, como eu disse, a lei 7.524, que vocês já conhecem. E publico o trecho a cada post para deixar bem claro quem está e quem não está com a institucionalidade nesse caso:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Art 1º Respeitados os limites estabelecidos na lei civil, é facultado ao militar inativo, independentemente das disposições constantes dos Regulamentos Disciplinares das Forças Armadas, opinar livremente sobre assunto político e externar pensamento e conceito ideológico, filosófico ou relativo à matéria pertinente ao interesse público.

Mas não é só isso. Só nas tiranias existe punição sumária, com arremedo de processo, como fazia, por exemplo, Josef Stálin, que já foi um herói do gosto de Dilma Rousseff, mas isso certamente ficou lá no passado, né? A presidente e seu Tersites deveriam saber que NÃO EXISTE ESSE NEGÓCIO DE DAR ADVERTÊNCIA A TODO MUNDO, assim, sem mais nem aquela. Militar não é um ministro, exercendo cargo de confiança, que pode levar bronca, ser desmoralizado, fazer poesia sobre minhoca no anzol, essas coisas, por vontade da chefa…

O bom da democracia é que as Forças Armadas estão submetidas às leis, a uma institucionalidade. A extrema esquerda terrorista lutava, é verdade, por uma ditadura comunista, mas a grande maioria queria o regime que temos hoje: DE-MO-CRA-CI-A! E isso quer dizer que, se a lei permitir as punições — E A LEI NÃO PERMITE —, ainda assim, ela se dá segundo um regulamento.

Pra começo de conversa, não existe punição coletiva: “Pega todo mundo!” As penas têm de ser aplicadas individualmente, segundo um critério, segundo um ordenamento. Isso está claramente expresso, por exemplo, no Regulamento Disciplinar do Exército (a que pertence a maioria dos signatários). Não consultei os respectivos das duas outras Forças, Marinha e Aeronáutica, mas devem ser parecidos. São direitos do “punido”, segundo o Artigo 35:

Art. 35. O julgamento e a aplicação da punição disciplinar devem ser feitos com justiça, serenidade e imparcialidade, para que o punido fique consciente e convicto de que ela se inspira no cumprimento exclusivo do dever, na preservação da disciplina e que tem em vista o benefício educativo do punido e da coletividade.
§ 1º Nenhuma punição disciplinar será imposta sem que ao transgressor sejam assegurados o contraditório e a ampla defesa, inclusive o direito de ser ouvido pela autoridade competente para aplicá-la, e sem estarem os fatos devidamente apurados.
§ 2º Para fins de ampla defesa e contraditório, são direitos do militar:
I - ter conhecimento e acompanhar todos os atos de apuração, julgamento, aplicação e cumprimento da punição disciplinar, de acordo com os procedimentos adequados para cada situação;
II - ser ouvido;
III - produzir provas;
IV - obter cópias de documentos necessários à defesa;
V - ter oportunidade, no momento adequado, de contrapor-se às acusações que lhe são imputadas;
VI - utilizar-se dos recursos cabíveis, segundo a legislação;
VII - adotar outras medidas necessárias ao esclarecimento dos fatos; e
VIII - ser informado de decisão que fundamente, de forma objetiva e direta, o eventual não-acolhimento de alegações formuladas ou de provas apresentadas.

Entenderam?
Fico imaginando agora as Forças Armadas, muito especialmente o Exército, se dedicando a elaborar uns 500 processos de punição — sem contar, claro!, a ilegalidade imanente à coisa, já que os que se manifestaram estão abrigados pela Lei 7.524.

Alguns tolos que tentam fazer proselitismo no blog demonstram disposição para debater 1964, o AI-5, a Lei da Anistia, a decisão do STF… Olhem: já escrevi bastante sobre cada um desses temas. E nenhum deles é pertinente ao caso. Ou, agora, teremos de falar de todas as pessoas assassinadas pela VAR-Palmares a cada vez que falarmos da própria Dilma? Isso é uma insanidade!

Dilma faria melhor se cumprisse a lei e pronto! Ainda que se arranje uma saída negociada e que os militares aceitem alguma forma de admoestação e tal, sobra o caldo da tensão desnecessária, antecipatória, reitero, do que se pretende, de forma confessa (volto ao assunto em outro post), fazer com a Comissão da Verdade.

O melhor que Dilma tem a fazer é recuar da punição e demitir Celso Amorim. Não seria uma vitória dos militares da reserva, não, mas da lei (a 7.524) e do bom senso. Ministro da Defesa que dá conselho ruim pode levar um governante à ruína. É claro que o caso não é pra tanto. Mas o cargo é tão sério que nos cabe perguntar: “E se fosse?”

Imaginem tendo de comandar uma guerra quem não sabe o que fazer nem com a paz!

Por Reinaldo Azevedo

 

Campos diz que PSB não fez promessa de apoio a Haddad

Por Paulo Gama, na Folha Online:
O presidente nacional do PSB, governador Eduardo Campos (PE), disse nesta segunda-feira (5) que o partido não fez uma promessa ao PT de apoiar a candidatura de Fernando Haddad a prefeito de São Paulo. “Meu único compromisso é com o PSB. Nós não temos nenhuma decisão pré-estabelecida em relação a município nenhum no Brasil, muito menos em relação a São Paulo”, afirmou.

O PSB é nacionalmente aliado ao governo petista de Dilma Rousseff, mas integra também o governo paulista do tucano Geraldo Alckmin, com o secretário de Turismo, Márcio França. O apoio da sigla nas eleições municipais de São Paulo é cobiçado pelos duas legendas. Segundo Campos, a decisão do partido sobre qual lado apoiar não deve ser tomada antes de junho. “O PSB vai iniciar ainda os debates sob esse novo contorno que tomou a sucessão em São Paulo nos últimos dias [com a entrada de José Serra na disputa], esse debate nem sequer iniciou na direção municipal.”
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Dicionário “Houaiss” resistirá a patrulhamento, diz coautor

Por Nathalia Goulart, na VEJA Online:
O dicionário Houaiss vai resistir ao assédio das patrulhas ideológicas. Isso é o que garante Mauro Villar, diretor do Instuto Antônio Houaiss, que edita a obra. Na prática isso significa que o IAH pretende recorrer de eventual decisão judicial que o obrigue a apagar do volume acepções pejorativas de verbetes como cigano. Pode parecer absurdo. Mas, de fato, na semana passada, o Ministério Público Federal (MPF) em Minas Gerais entrou com uma ação na Justiça pedindo que sejam recolhidos os exemplares do dicionário porque o tal verbete explica que a palavra cigano pode assumir significados - insultuosos, bem destaca a obra - como “trapaceiro, velhaco, burlador”. Isso, na visão embaralhada do MPF, ajuda a disseminar o preconceito contra os ciganos e a intolerância étnica. “Nos solidarizamos com todos os grupos que se sentem vítima de preconceito e discriminação, mas entendo que os dicionários não são palco para lutas dessa natureza”, diz Villar. “Caso ela (a juíza que analisa o caso) decida acatar o pedido do MPF, acionaremos nossos advogados a iremos defender nossa posição na Justiça.” Leia a seguir a entrevista que ele concedeu a VEJA.

Qual a posição do IAH diante da ação do MPF em Minas Gerais?
Em 2010, recebemos uma notificação por intermédio da Editora Objetiva, que publica nosso dicionário. Analisamos a situação e enviamos à editora uma resposta formal, explicando nossa posição de manter o verbete ciganoexatamente como está.

O que pesou na decisão?
Não vemos razão para qualquer tipo de supressão. Nos solidarizamos com todos os grupos que se sentem vítimas de preconceito e discriminação, mas entendo que os dicionários não são palco para lutas dessa natureza. Dicionários são um espelho da sociedade. Tudo o que existe de bom e de ruim deve estar registrado ali. Nada pode ir para debaixo do tapete. Tudo o que é pejorativo ou mesmo agressivo precisa estar ali, devidamente esclarecido. É como fazem os dicionários modernos em todo o mundo.

Os verbetes cigano e negro foram retirados da versão on-line do Houaiss. Essa decisão partiu do senhor?
Não. Foi uma decisão tomada dentro do Instituto enquanto eu estava fora do país, na semana passada. Assim que retornei, solicitei que fossem inseridos novamente os verbetes. Não vejo sentido nenhum nessa retirada.

O IAH, em parceira com a Objetiva, já prepara uma nova edição do dicionário. Ela trará mudanças?
Era uma mudança já prevista. Não haverá alterações nas acepções. No entanto, haverá uma observação nos usos pejorativos, com explicações mais aprofundadas e o objetivo de contextualizar determinados usos.

E quanto ao andamento do processo na Justiça?
A notícia que tenho é que a juíza da Justiça Federal de Uberlândia está analisando a ação. Caso ela decida acatar o pedido do MPF, acionaremos nossos advogados a iremos defender nossa posição na Justiça. 

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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