Apareceu o vídeo de quando Paulo Henrique Amorim ainda não tinha a alma… vermelha! Lula era o seu alvo!

Publicado em 18/03/2012 16:30 e atualizado em 09/03/2020 22:07
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Quem vê ou lê o hoje ultrapetista, ultragovernista, ultraesquerdista e ultralulista Paulo Henrique Amorim, cuja página na Internet recebe generoso patrocínio de estatais, não diria que, na campanha eleitoral de 1998, ele foi um implacável algoz de Luiz Inácio Lula da Silva. Amorim era o chefão do Jornal da Band e liderou uma verdadeira campanha contra o então candidato petista à Presidência, que disputava o cargo pela terceira vez.

Lula teve de recorrer à Justiça e ganhou direito de resposta (ver post abaixo deste). Já escrevi um texto a respeito e perguntei se algum leitor, por acaso, teria uma fita gravada daquela memorável jornada antipetista deste valente, que agora chama a imprensa de “golpista”, descobrindo que o PT é a salvação do Brasil e da civilização. E não é que um desses aficionados por jornalismo na televisão tinha tudo guardadinho?

Vejam uma das reportagens. Volto em seguida para alguns esclarecimentos.

Voltei
Como vocês viram, na reportagem acima, Paulo Henrique Amorim já informa que Lula ganhara na Justiça o direito de resposta. O vídeo é significativo porque o agora ultrapetista, ultragovernista, ultraesquerdista e ultralulista faz uma reconstituição de sua denúncia. O esforço da investigação de Amorim buscava demonstrar que o apartamento de cobertura em que morava Lula era fruto de uma maracutaia envolvendo Roberto Teixeira, seu compadre, e o dono da construtora que levantou o edifício, que teria obtido um benefício ilegal na Prefeitura de São Bernardo quando o petista Djalma Bom era o prefeito. Existe o vídeo em que este incansável perseguidor da verdade apresenta a reportagem específica, contra Teixeira. Vocês terão a chance de vê-lo também.

Os filmes demonstram que Amorim pode mudar de opinião sobre o objeto de seus afetos e ódios, mas não muda o estilo. Em 1998, Lula era um pato manco. FHC o venceu pela segunda vez no primeiro turno. O PT tinha feito a besteira de combater o Real — do qual Paulo Henrique Amorim era, obviamente, um grande admirador. Mas também é o caso de louvar a coerência do Colosso de Rhodes do jornalismo: ele nunca muda de lado! É sempre governista e não abre mão de ser implacável com quem está fora do poder.

Entendam melhor a denúncia que ele fazia contra o Roberto Teixeira. Retomo depois.

Retomando
Atenção! Não há um só — e a Internet está aí, aberta à pesquisa — desses governistas fanáticos que não tenha sido governista fanático em qualquer tempo. E isso inclui o passado mais remoto, o regime militar. Nesse particularíssimo sentido, são todos mais espertos do que este escriba. Como comecei cedo na militância política, fui crítico de todos os governos, de Geisel pra cá. No post abaixo, há um outro momento especialíssimo do jornalismo e da política.

Que fique a lição a alguns bobalhões que saem por aí reproduzindo denúncias de alguns, como direi?, “ícones” de certo jornalismo. Ontem, o alvo era Lula — um representante da oposição. Hoje, os alvos são outros… Também da oposição! E tudo feito sempre com a mesma convicção. Enviaram-me um post em que Paulo Henrique Amorim se jacta de ganhar muito dinheiro, acusando seus eventuais críticos de inveja ou algo assim. Também exibe sinais dessa riqueza, expondo seus hábitos caros e supostamente refinados.

Sei lá a quem está respondendo. Eu nunca vi nenhum de seus críticos acusando-o de ser mal remunerado ou pouco esperto. Burros são os que reproduzem de graça as acusações que ele faz.

Por Reinaldo Azevedo

 

19/03/2012 às 6:57

O confronto entre Lula e Paulo Henrique Amorim num direito de resposta. Ou: O choque de suas éticas formidáveis

No post acima, vocês viram duas das reportagens de 1998 do Jornal da Band, que estava sob o comando de Paulo Henrique Amorim. Pois bem. Lula obteve direito de resposta, que reproduzo abaixo. É um momento raro da história porque, como vocês verão, dois gigantes da ética se encontram — em lados opostos. Mas, de algum modo, ali já estava a semente que germinaria mais tarde e que levaria os Correios e a Caixa Econômica Federal a patrocinar o colosso do jornalismo. Toda a  imprensa chapa-branca — que, segundo Agamenon Mendes Pedreira, tem a alma marrom — conta hoje com o patrocínio de estatais.

O vídeo é um pouco longo: 9min40s. Mas vale cada segundo. Vejam. Volto depois.

A ética de Lula
Lula reclama, como viram, do que considera ataque injusto contra ele, construído com inverdades. E como faz isso? Pontuo alguns momentos.
1min - Notem que ele sugere saber alguma coisa sobre a vida pessoal de Fernando Henrique Cardoso, mas, generoso que é, decidiu não usar na campanha. Nota: se a denúncia de Paulo Henrique Amorim tivesse fundamento, não se tratava de problema pessoal coisa nenhuma!

2min29s - Lula saca o argumento que ficou internacionalmente conhecido por “Minha mãe nasceu analfabeta”. Usa, para não variar, a sua origem humildade como atestado prévio de honestidade. O que é, evidentemente, uma mistificação.

3min08s - Vejam ali o chefão do PT, o partido dos dossiês, a reclamar que os jornalistas não pensam na sua família, nos seus filhos, que vão à escola. Quando foi que os petistas levaram isso em consideração? Sempre moeram a reputação dos adversários sem piedade.

4min - Para se defender, Lula sai atacando o governo FHC e saca a denúncia estupidamente mentirosa sobre o Proer. O homem que reclamava das injustiças de que era vítima atacava o muito bem-sucedido programa de reestruturação de bancos, que preparou o país para enfrentar crises. Anos depois, na Presidência, dada o estouro da bolha nos EUA, o Apedeuta sugeriu a Obama que adotasse o… Proer!

4min30s - Ataca a imprensa, que acusa de privilegiar o candidato do governo. Expoente hoje do jornalismo chapa-branca e “de alma marrom”, segundo Agamenon, Paulo Henrique acusa a imprensa de privilegiar os candidatos da oposição…

5min25s - Lula anuncia que vai processar seus acusadores. Não sei no que deu o processo. Se descobrir, eu conto.

A ética de Paulo Henrique Amorim
Vocês sabe que Paulo Henrique Amorim resistiu a cumprir o acordo judicial em que se obrigava a publicar, sem comentários adicionais, uma retratação em que reconhecia a idoneidade do jornalista Heraldo Pereira. Muito bem! Vejam, a partir de 6min19s, o que o valente faz com o direito de resposta de Lula. Encerrado o pronunciamento do outro, sem nem um intervalo, ele reitera as denúncias e ainda acrescenta supostos elementos novos.

Vale dizer: ele decidiu cumprir, muito à sua maneira, a decisão judicial. É evidente que jornalistas e veículos não são obrigados a gostar do direito de resposta nem precisam se calar depois dele. Mas há um modo ético de conduzir a questão. E, evidentemente, não é esse.

Cumpre um esclarecimento: Paulo Henrique Amorim era fanaticamente antilulista, mas não trabalhava para o governo FHC. Certamente a Band, a exemplo de todas as emissoras, tinha anúncio de estatais, mas o Colosso de Rhodes não contava com patrocínio pessoal de empresas públicas. A prática, como se conhece hoje, é criação do lulo-petismo — foi umadas inovações do modelo petista de comunicação.

Lula pedia mais responsabilidade da imprensa. Hoje, com dinheiro público, seus áulicos fazem o que se vê.

Por Reinaldo Azevedo

 

19/03/2012 às 6:47

Petistas e dirigentes do Banco Rural dizem que partido pagou suposto empréstimo; se STF aceitar a “prova”, mensaleiros vão se dar bem…

Depois de criterioso levantamento, a Procuradoria Geral da Repúbica chegou à conclusão de que falsos empréstimos feitos pelo PT para financiar o mensalão — o dinheiro tinha origem ilícita (”recursos não-contabilizados”, como poetizou Delúbio Soares) — somaram R$ 75 milhões. Pois é… O Banco Rural era um dos operadores do mensalão —  o outro era o BMG.  Pois bem. Leiam o que informa Ricardo Brito, no Estadão:
*
Às vésperas do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), o Partido dos Trabalhadores inseriu no processo uma declaração de que quitou uma milionária dívida que tinha contraído no Banco Rural, uma das instituições financeiras envolvidas no escândalo de compra de apoio político de parlamentares no governo Lula.

No dia 2 de março, a defesa de José Genoino, um dos réus da ação e ex-presidente do PT, comunicou ao ministro Joaquim Barbosa, relator do mensalão, que o partido pagou integralmente um empréstimo que havia tomado no Rural.

O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, cuja defesa também subscreve o documento, sempre sustentou que os empréstimos tiveram origem lícita e serviram para pagar dívidas do partido e de aliados da campanha de 2002. Em suas alegações finais no processo do mensalão, Genoino disse ter assinado os contratos das transações tidas como fraudulentas por “obrigação estatutária”. Era uma forma, complementou, de o PT atenuar as dificuldades financeiras por que diziam passar os diretórios regionais do partido após aquela eleição.

Ao atestar a quitação do débito, Genoino e Delúbio, em conjunto com os ex-dirigentes do Rural, reforçam a estratégia jurídica de que os recursos foram tomados dentro das normas de fiscalização do Banco Central. Se essa tese for aceita, todos vão se livrar das acusações feitas pelo ex-procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza de formação de quadrilha, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

19/03/2012 às 6:45

Dilma quer definir nome do PDT para o Trabalho

Por Vera Rosa, no Estadão:
Após uma semana conturbada por rebeliões na base do governo no Congresso, a presidente Dilma Rousseff quer mexer em mais uma cadeira da Esplanada antes da viagem à Índia, prevista para domingo. Na tentativa de conter a insatisfação no PDT, que em São Paulo namora os tucanos, Dilma deve nomear nos próximos dias o deputado Brizola Neto (RJ) para o Ministério do Trabalho.

 

A indicação, nesse momento, tem o objetivo de apaziguar o PDT, outro partido aliado que ameaça apoiar o provável candidato do PSDB à Prefeitura, José Serra, embora o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, tenha entrado na corrida paulistana.

Brizola Neto tem bom relacionamento com Dilma desde que ela era do PDT e conta com o respaldo das centrais sindicais. Não foi nomeado ainda por causa das resistências da bancada do partido na Câmara. Na quarta-feira, porém, o presidente do PDT e ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi, fez um gesto para acabar com as intrigas.

Desafeto de Brizola Neto, Lupi assinou nota negando veto a qualquer nome do PDT para ocupar sua antiga cadeira, ainda hoje com um interino. Não foi uma manifestação espontânea. Na prática, Lupi foi pressionado a tomar a iniciativa para não perder a pasta, cobiçada pelo PTB.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Chegou a hora de a oposição dar um chute no próprio traseiro. A tradução é ruim, mas o conselho é bom!

Não adianta a oposição insistir! Ela não vai conseguir me matar de tédio. Assunto é o que não falta — os temas estão aí, dados pela sociedade. E lamento não haver tempo para cuidar de todos eles.

Assim, a oposição pode continuar nesse seu eloquente mutismo que nós vamos cuidar de outras coisas, certo? Onde anda Sérgio Guerra? Cadê Aécio Neves, que é agora “o homem”?

Eu nunca vi — e ninguém nunca viu porque isso não existe — uma política que se caracteriza pela… negação da política! Naquela que foi, sem dúvida, a pior semana vivida pelo governo Dilma — superando em muito as Tensões Pré-Demissão (TPDs) dos ministros acusados de corrupção —, ficamos todos com a impressão de que este é um país onde só há governo. O outro lado sumiu do noticiário. E não venham dizer que é só má vontade da imprensa. Um partido de oposição tem de render ao menos um lead.

Que nada! Se você quiser encontrar descontentes com o governo, procure-os na base aliada. Há ali peemedebistas em penca que são “um pote até aqui de mágoa”. Mais surpreendente: não são raros os magoados também entre os petistas. O nome de Ideli Slavatti foi parar na boca do sapo. Ontem, num ato de quase desespero, o novo líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), correu para tirar uma foto ao lado de Lula. Afrouxem os cintos, o governo sumiu (às vezes, acho que é melhor sem ele…). Essa algaravia toda, esse ritmo buliçoso no Congresso, esse ranger de dentes nos bastidores… Tudo coisa da base aliada!

Há tempos não se via em Brasília uma patetice como a da Lei Geral da Copa! Quer dizer que o governo não havia definido ainda uma linha de ação em algo tão simples: liberar ou não bebida nos estádios? Isso dá uma medida de como anda o resto. A cúpula do Planalto se mobilizou para passar uma orientação e teve de recuar menos de 24 horas depois! E se ouvem muitos resmungos e até ameaças de resistência vindos da… base aliada! “São todos chantagistas!”, gritará alguém. São? Fazer o quê? Eis os parceiros de caminhada de Lula e da Soberana.

Não estou aqui afirmando que a oposição deveria necessariamente fechar questão contra esta ou aquela propostas só para “pegar no pé” do governo. Mas é evidente que há nisso tudo uma questão que é de natureza institucional. O país tem leis. Não pode ficar fabricando outras, ad hoc, a cada vez que decidir sediar um evento. Se a base aliada não vai dar bola pra isso porque entende que seu papel é dizer “sim” ao Planalto, que as oposicionistas se encarreguem, então, dessa defesa institucional.

Não há nada de surpreendente nisso que digo! É assim em todo o mundo. As forças que estão no governo tendem a fazer do pragmatismo seu único Deus. Se seus adversários não reagem, elas caminham para o despotismo até na Dinamarca! É por isso que lembro sempre que é a existência da oposição a prova da democracia — afinal, também existe governo nas tiranias. Mas os nossos oposicionistas — como voz institucional, reitero, não como vozes isoladas deste ou daquele — não querem saber de nada. Ausentam-se do debate.

Na semana passada, Dilma Rousseff mandou para o lixo, por exemplo, uma de suas principais promessas de campanha: a criação de UPPs Brasil afora! No 15º mês de governo, ela descobriu que não bastaria construir prédios (não que o governo seja bom nisso ao menos; não é!). Seria preciso também treinar milhares de homens para a tarefa. Para que o serviço funcionasse, teria de ser operado em conjunto com os estados. Seria um trabalho gigantesco. Tratar a violência como questão federal é uma obrigação, sim. Afinal, há mais de 50 mil homicídios por ano no país. Acreditar, no entanto, que o governo federal pudesse tocar esse megaprograma de instalação de unidades de polícia era uma tolice formidável. Mas parecia divertido prometer que o modelo do Rio se espalharia — como se ele tivesse sido massificado lá, o que é mentira. Indiretamente, fazia-se um ataque a São Paulo. Não tem mais UPPs financiadas pelo governo federal, não!  Também não saíram do papel as creches, as quadras, as UPA… E sabem o que disse a oposição? Se souberem, me contem!

Hoje, como se vê, a principal fonte de críticas ao governo é o próprio governismo. Faltassem os temas administrativo-institucionais — e não faltam! —, há os outros, que mobilizam e dividem a sociedade, alguns ligados ao governo, outros nem tanto. Fico com a impressão de que os candidatos a líderes da oposição — e, por enquanto, não passam disso! — vivem a ilusão de que, caso não opinem sobre nada, caso jamais entrem numa bola dividida, conseguirão angariar a simpatia de todos. Engraçado… A minha impressão é outra: por omissos, acho que acontece o contrário: granjeiam é a antipatia de todos. Eleonora Menicucci voltou a disparar barbaridades sobre o aborto; valores importantes da sociedade brasileira — sim, os religiosos também — estão sofrendo o assédio do laicismo ignorante; pipocam manifestações de desrespeito ao estado de direito…

Não estou dizendo que as oposições deveriam, necessariamente, abraçar esses temas todos. Não faço agenda pra ninguém. Não me cabe. Só estou lembrando que a sociedade brasileira está muito mais viva do que essa oposição cartorial e burocrática. Sei que muita gente torce o nariz para a bancada evangélica, por exemplo, porque há mesmo aqui e ali manipuladores da fé, que criam dificuldades para vender facilidades. Mas há aqueles que levam a sério seus princípios. Cito o grupo só para lembrar que sua mobilização obrigou o governo a vir a público para se explicar sobre alguns temas.

Parlamentares que fazem um trabalho esforçado e decente — e existem! — não devem se zangar com a minha crítica. Reitero que estou aqui a cobrar o que chamei de “voz institucional” da oposição, que tenha a coragem de vir a público para afrontar, quando necessário, um governo popular, sim. Popular e ruim!

Chegou a hora de a oposição “se donner un coup de pied aux fesses”!

Por Reinaldo Azevedo

 

17/03/2012 às 5:07

Reage o Brasil real - Magistrados criticam fim de crucifixos no Judiciário; desembargadores dizem que manterão signo em suas respectivas salas

Por Felipe Bächtold, na Folha:
A retirada de crucifixos de salas do Judiciário gaúcho, decidida na semana passada, causou controvérsia pelo Estado e já desperta reações, da igreja ao meio político. Dois desembargadores declararam oposição à medida e anunciaram que não vão retirar o símbolo religioso de suas salas até que haja decisão definitiva sobre o caso. No último dia 6, o Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul decidiu atender a pedido da ONG Liga Brasileira de Lésbicas e mandou tirar os crucifixos de todas as salas da Justiça do Estado. O desembargador que relatou o caso argumentou que a presença do objeto religioso pode levar o julgador a não ficar de modo “equidistante” dos valores em conflito.

Cidadãos comuns e a Associação de Juristas Católicos mandaram representações ao tribunal solicitando a reconsideração da medida. O arcebispo de Porto Alegre, Dadeus Grings, disse que a atitude não foi democrática. Anteontem, Grings se encontrou com o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Paulo Brossard, também crítico da decisão, e conversou sobre o assunto. Em artigo, Brossard citou a medida como sinal de “tempos apocalípticos”.

O deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM) disse que irá enviar representação ao Conselho Nacional de Justiça contra a medida e prometeu levar o debate ao Congresso. Um dos desembargadores que se opõem à decisão, Carlos Marchionatti, diz que o Conselho da Magistratura não é a instância adequada para tratar do assunto e que a separação entre Igreja e Estado não é absoluta no país. “A maioria tem sentimento religioso, o hino nacional tem referência à divindade. Cristo, no âmbito do Judiciário, representa a Justiça”, diz.

Por Reinaldo Azevedo

 

17/03/2012 às 5:01

O mundo encantado de Haddad – Universidade cobra mensalidade maior de universitário financiado pelo governo e ainda repassa uma parte para igrejas que indicarem estudantes!

Por Vanessa Correa e Fábio Takahashi, na Folha:
Um dos maiores grupos de ensino de São Paulo, a Uniesp tem assinado convênios em que se compromete a pagar um dízimo a igrejas que lhe indicarem universitários. A verba provém de repasses dos governos federal e estadual. No contrato, obtido pela Folha, a Uniesp diz que repassará 10% do que receber do Fies (financiamento federal estudantil) por aluno indicado que aderir ao programa da União. Além de igrejas, podem participar assembleias e congregações. De acordo com a própria Uniesp, 2.000 estudantes já foram matriculados por meio desse convênios. No total, 12,5 mil dos 65 mil estudantes do grupo têm o Fies. A instituição afirma que faz convênios com igrejas para criar envolvimento com essas entidades, o que ajudará a chamar alunos pobres (leia mais em texto ao lado). A faculdade também se compromete a pagar dízimos por indicados que aderirem ao programa Escola da Família, do governo de São Paulo. No projeto, o Estado banca 50% das mensalidades de alunos que ajudem as escolas públicas de ensino básico. A Uniesp tem 2.850 alunos no Escola da Família.

A Secretaria Estadual da Educação informa que o programa “não prevê terceirização de serviços nem repasse de recursos para entidades não credenciadas”. Disse ainda que vai apurar o caso. Já o Ministério da Educação disse que investigará o manuseio que a escola faz das verbas do financiamento. Segundo a pasta, há indícios de irregularidades, uma vez que a Folha verificou também que as mensalidades dos beneficiários do Fies são até três vezes superiores às dos demais estudantes -prática vetada pela lei.

No Fies, as mensalidades dos alunos são bancadas pela União. Os beneficiários devem devolver o montante apenas após a formatura.  (…) A diferença de mensalidades varia entre as suas 43 faculdades da instituição. Na unidade do Brooklin (capital), a dívida do aluno do Fies será calculada com base em mensalidade de R$ 969,10, para o curso de administração. A mensalidade para os demais alunos chega a R$ 280, caso paguem no primeiro dia útil do mês. Para o mesmo curso na unidade de Itu (interior), o preço para beneficiários do Fies é R$ 914. Dependendo do dia do pagamento, para os demais pode cair para R$ 650.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

17/03/2012 às 4:55

Soldados do Exército são hostilizados no Alemão; é o narcotráfico armando a resistência. Alguma surpresa?

No Globo Online:
Apanhei durante tanto tempo por desconfiar do modelo mágico de segurança de Sérgio Cabral e José Mariano Beltrame que, ao constatar que eu tinha razão, poderia sentir alguma satisfação. Mas sinto é tédio pelo triunfo do óbvio. Leiam o que vai abaixo e assistam aqui ao filme a que alude a reportagem .

A mudança na estratégia de policiamento do Exército nos complexos da Penha e do Alemão vem gerando hostilidade por parte de crianças e de jovens contra as tropas. Desde que os militares intensificaram o patrulhamento a pé nos becos e vielas de áreas mapeadas como pontos de venda de drogas, houve aumento na quantidade de entorpecentes apreendidos. Até ecstasy, droga que não havia sido encontrada nas favelas pelo Exército, foi encontrado nas incursões feitas a partir de fevereiro. Com a perda de drogas e de território, os traficantes partiram para o contra-ataque. Segundo o serviço de inteligência do Exército, bandidos dão ordens a moradores para que provoquem os soldados que patrulham a região.

Como numa brincadeira de gato e rato, crianças usam as mãos para formar as iniciais de uma facção criminosa, e fogem quando os militares avançam na sua direção. Imagens do Exército obtidas pelo GLOBO revelam como garotos agem. Em casos mais extremos, jovens pulam entre as lajes para atirar garrafas, pedras e até lançar rojões.

“Sabemos que estamos incomodando. O nosso serviço de inteligência nos informou que as ações de hostilidade são orquestradas pelo tráfico. Afinal, estamos estragando o “negócio” deles. A finalidade do Exército aqui é proteger a população”, disse o comandante da Força de Pacificação, general Tomás Miguel Paiva.

Nos complexos desde o dia 26 de janeiro, os 1.800 militares da 11 Brigada de Infantaria Leve, de Campinas (SP), e da 6ª Divisão de Exército de Porto Alegre (RS) já apreenderam 300 unidades de ecstasy, cerca de cinco quilos de cocaína e dois quilos de maconha. A quantidade de cocaína representa mais do que o dobro do volume encontrado em patrulhas anteriores. Para driblar a vigilância, segundo o general, os bandidos criaram mecanismos que vão além de radiotransmissores e celulares.

Os traficantes não só reposicionaram barricadas feitas com sofás e restos de obras, como instalaram campainhas. Quando acionadas por olheiros, elas dão o alarme a mais de 300 metros de distância. À noite, o sistema que os bandidos adotaram é o de fazer ligações clandestinas na iluminação pública. Ao avistarem os militares, eles piscam as luzes nos postes.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

17/03/2012 às 4:53

MP decidirá se investiga Mantega por improbidade

Por Ricardo Brito, no Estadão Online:
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, enviou à Procuradoria da República no Distrito Federal um pedido feito por seis senadores para investigar se o ministro da Fazenda, Guido Mantega, cometeu improbidade administrativa por causa das suspeitas que levaram à demissão do ex-presidente da Casa da Moeda Luiz Felipe Denucci. No dia 14 de fevereiro, seis senadores pediram a Gurgel que apurasse se Mantega teria sido omisso em manter Denucci no cargo, mesmo diante de denúncias de corrupção levantadas contra ele pela Receita e pela Polícia Federal.

O ex-presidente da Casa da Moeda foi demitido no final de janeiro no momento em que a Folha de S.Paulo preparava uma reportagem sobre ele. O jornal revelou depois que Denucci teria uma conta em offshore por meio da qual receberia propina. Mantega sempre disse que não sabia das suspeitas que pairavam sob seu ex-subordinado, sustentando que a sugestão do nome coube ao PTB em 2008. O partido nega tê-lo indicado.

Gurgel repassou a representação para a Justiça de primeira instância porque é o foro competente para julgar casos de improbidade supostamente cometidos por ministros de Estado. Segundo o procurador-geral, ele só tem competência para investigar Mantega criminalmente, o que não é o caso. Caberá a um procurador da República avaliar a representação. Entre os caminhos, ele poderá decidir se abre inquérito civil contra o ministro, move ação de improbidade (o que pode, em caso de condenação, suspender seus direitos políticos) ou arquivar o pedido.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

16/03/2012 às 22:47

PPS diz que vai recorrer contra a restrição do TSE ao Twitter. Veja por que ela beneficia o PT

O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), afirmou que vai entrar com um mandado de segurança no próprio TSE contra a decisão do tribunal, que liberou o uso de twitter para candidatos e partidos só a partir de 6 de julho, quando começa oficialmente a campanha.

Com o devido respeito, trata-se de uma decisão ou asnal ou petistófila, vocês escolham. Por que afirmo isso? Leiam este notícia publicada na Folha, no dia 18 de outubro do ano passado. Volto em seguida:

PT treina “patrulha virtual” para atuar em redes sociais

O PT vai montar uma “patrulha virtual” e treinar militantes para fazer propaganda e criticar a mídia em sites de notícias e redes sociais como Twitter e Facebook. O partido quer promover cursos e editar um “manual do tuiteiro petista”, com táticas para a guerrilha na internet. A ideia é recrutar a tropa a tempo de atuar nas eleições municipais de 2012. “Vamos espalhar núcleos de militantes virtuais por todo o país”, promete o petista Adolfo Pinheiro, 36, encarregado de apresentar um plano de ação amanhã ao presidente da legenda, Rui Falcão.

Os filiados serão treinados para repetir palavras de ordem e usar janelas de comentários de blogs e portais noticiosos para contestar notícias “negativas” contra o PT. “Quando sai algo contra um governo petista, a mídia faz escândalo, dá página inteira no jornal. Temos que ir para cima”, diz Pinheiro. “Nossa única recomendação é não partir para a baixaria e manter o nível do debate político”, afirma ele. A criação dos chamados MAVs (núcleos de Militância em Ambientes Virtuais) foi decidida no 4º congresso do partido, em setembro.

O encontro foi marcado por ataques à imprensa e pela defesa da “regulamentação dos meios de comunicação”. O militante à frente do projeto atuou na campanha de Aloizio Mercadante ao governo paulista em 2010.
(…)

Voltei
É isso aí. Ricardo Lewandowski, Aldir Passarinho, Marcelo Ribeiro e Arnaldo Versiani,  Os quatro ministros que decidiram proibir o uso de Twitter “aos candidatos”, estão, na prática, colaborando com essa máquina que o PT decidiu montar. “Ah, mas a intenção não é essa…” E daí?

Já recebi comentários assim: “Os outros partidos que também montem seus esquemas…” É mesmo? A proposta evidencia, então, que a decisão do TSE, em vez de coibir a a suposta propaganda ilegal, acaba por generalizá-la. E que se considere: nem todas as legendas têm os recursos ilimitados do PT.

Por Reinaldo Azevedo

 

16/03/2012 às 20:10

A prisão de George Clooney, a omissão criminosa da imprensa e a cristofobia

A imprensa ocidental corre o risco de morrer de inanição moral — já que não morrerá de vergonha. A prisão do ator George Clooney (já está solto), que fazia um protesto em frente à embaixada do Sudão, em Washington, chama a atenção para a dramática situação daquele país, sim, e isso não deixa de ser positivo. Mas só uma parte da história está sendo contada sobre o país — e o principal está sendo omitido.

Quem pratica os assassinatos em massa no país são milícias islâmicas a serviço do ditador Omar al-Bashir. E os mortos, atenção!, são cristãos!

Na edição de 13 de fevereiro, a Newsweek trouxe uma reportagem da somali Ayann Hirsl Ali, que teve de fugir do seu país, intitulada “O crescimento da cristofobia”. O texto (íntegra aqui) evidencia as perseguições que sofrem os cristãos no mundo inteiro. Há um trecho dedicado ao Sudão:

“O governo autoritário, sunita, do Norte do país há décadas persegue cristãos e minorias animistas do Sul. O que é habitualmente descrito como uma guerra civil é, na prática, perseguição promovida pelo governo sudanês às minorais religiosas. Essa perseguição culminou com o infame genocídio de Darfur, que começou em 2003. Ainda que o presidente Omar al-Bahsir tenha sido indiciado pelo Tribunal Penal Internacional de Haia, que tem contra ele três acusações de genocídio — e apesar da euforia com a semi-independência que ele garantiu em julho do ano passado ao Sudão do Sul —, a violência continua. No [estado] de Kordofan do Sul, cristãos ainda são alvos de bombardeios aéreos, assassinatos seletivos, sequestros de crianças e outras atrocidades. Relatórios da ONU indicam que entre 53 mil e 75 mil civis inocentes foram expulsos de seus lares; casas e edifícios foram incendiados”.

Ainda voltarei a esse tema. Cristãos morrem como moscas hoje em dia em vários cantos do planeta.  Os mortos de Darfur passam de 400 mil — eu escrevi 400 mil!!! Estima-se que possam morrer outras 250 mil. Atenção! É por perseguição religiosa! Não é só ali, não! O glorificado Egito da “revolução democrática” assiste a massacres frequentes de cristãos.

É justa toda a indignação que há no mundo com a situação na Síria. Mas cabe uma pergunta: por que tão poucos se importam com os cristãos do Sudão? A tese de Ayann Hirsl Ali faz sentido: o nome disso é “cristofobia”! O massacre de cristãos no Sudão passa pelos filtros do lobby islâmico no Ocidente — que sequestra a má consciência de intelectuais de esquerda, da academia e da imprensa. Chamar a coisa pelo nome que ela tem pode ser classificado de “islamofobia”.

O resultado, então, é uma inversão moral fabulosa: os cristãos, hoje perseguidos mundo afora por milícias islâmicas, desaparecem do noticiário porque, afinal, o islamismo tem de aparecer na imprensa sempre como vítima da discriminação do Ocidente.

A cobertura dispensada à prisão de George Clooney mundo afora oscilou entre a fofoca de celebridades e a mais vergonhosa omissão. Obra da cristofobia.

Por Reinaldo Azevedo

 

16/03/2012 às 19:09

Juiz resiste à patrulha e decide conforme a lei. Salve!

A Justiça Federal recusou a denúncia contra o major Curió. Isso significa que o juiz federal João César Otoni de Matos o considera inocente ou tem simpatia por torturadores? As duas hipóteses são ridículas. Isso significa que a ação proposta por aquele grupo de procuradores amostrados é inepta. Cabe recurso? Cabe. Duvido que sejam bem-sucedidos tais as leis e fundamentos que decidiram ignorar.

A decisão de Otoni de Matos é exemplar. Fico especialmente satisfeito com ela — e isso nada tem a ver com o tal Curió, com quem nunca falei — porque constatei que os argumentos que desenvolvi aqui tinham fundamentação técnica. Se vocês lerem a decisão (íntegra) —  não é longa —,  encontrarão coisas assim:

“Pretender, depois de mais de três décadas, esquivar-se da Lei da Anistia para reabrir a discussão sobre crimes praticados no período da ditadura militar é equívoco que, além de desprovido de suporte legal, desconsidera as circunstâncias históricas que, num grande esforço de reconciliação nacional, levaram à sua edição”.
Acho que escrevi bastante a respeito dessa questão aqui, não? Enfatizei muitas vezes que é uma estultice confundir “anistia”, que quer dizer esquecimento, com “absolvição”.

O juiz lembra também a Lei 9.140, evocada neste blog: “os desaparecidos mencionados na denúncia do Ministério Público Federal foram oficialmente reconhecidos como mortos pelo artigo 1º da Lei nº 9.140, de 04.12.1995, data que seria, então, o termo inicial do prazo prescricional relativamente ao delito do artigo 148 do CP [sequestro], cuja pena máxima, na forma do seu parágrafo 1º, é de oito anos”.

Até aí, eu diria que o meritíssimo cumpriu a sua obrigação funcional e técnica, que é decidir de acordo com a lei. A sua decisão se torna mesmo maiúscula quando enaltece as circunstâncias histórias em que se deu a aprovação da Lei da Anistia.

Ao ler o que escreveu o juiz Otoni de Matos, paro para pensar um tantinho na realidade destes dias. Os procuradores que moveram a ação sabem que existe um aparato legal no país, no qual se sustenta o estado democrático e de direito, e que seu papel é zelar pela sua integridade. O mesmo vale para a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário. E não deveria agir de modo diferente a imprensa. Se as leis que temos não são boas, que se usem os caminhos que a própria democracia faculta para mudá-las. Inaceitável é que se tente ignorá-las, apelando ou ao clamor público — que, nesse caso, nem existe — ou à mobilização de setores ditos formadores de opinião.

Operadores do direito e jornalistas medianamente informados sabiam que aquela ação não poderia prosperar porque ela agride, sob o pretexto de fazer justiça, os fundamentos do próprio direito. Mas a maioria preferiu se calar. Ou por covardia ou porque acreditam que o grande juiz do direito é mesmo a ideologia, para “inocentar os nossos e punir os deles”. São os “tiranos do bem”.

Por Reinaldo Azevedo

 

16/03/2012 às 18:17

Juiz federal recusa denúncia contra major Curió e critica Ministério Público por tentar driblar Lei da Anistia

Do site da Justiça Federal do Estado do Pará. Volto em seguida.
 O juiz federal João César Otoni de Matos, de Marabá, rejeitou no início da tarde desta sexta-feira (16) denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o coronel da reserva Sebastião Rodrigues de Moura, que ficou conhecido como major Curió, pelo crime de sequestro qualificado contra cinco militantes, capturados durante a repressão à guerrilha do Araguaia, na década de 70, e até hoje desaparecidos. A denúncia foi distribuída para a 2ª Vara Federal de Marabá, pela qual o magistrado, que é titular da 1ª, está respondendo. 

Como fundamento para a rejeição (veja a íntegra) da denúncia, o magistrado valeu-se da Lei da Anistia, em vigor desde 1979, e que anistiou os supostos autores de crimes políticos ocorridos de 02 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, período que abrangeu a ditadura militar instaurada a partir do golpe militar de 1964. 

“Pretender, depois de mais de três décadas, esquivar-se da Lei da Anistia para reabrir a discussão sobre crimes praticados no período da ditadura militar é equívoco que, além de desprovido de suporte legal, desconsidera as circunstâncias históricas que, num grande esforço de reconciliação nacional, levaram à sua edição”, diz o juiz João César Matos. 

Na denúncia, o MPF relata que cinco pessoas - Maria Célia Corrêa (Rosinha), Hélio Luiz Navarro Magalhães (Edinho), Daniel Ribeiro Callado (Doca), Antônio de Pádua Costa (Piauí) e Telma Regina Cordeira Corrêa (Lia) - foram sequestradas por tropas comandadas pelo major Curió entre janeiro e setembro de 1974 e, após levados às bases militares coordenadas por ele e submetidos a grave sofrimento físico e moral, nunca mais foram encontrados. 

O juiz federal João César Matos ressalta que o MPF não fez referência, na denúncia, “a documento ou elemento concreto que pudesse, mesmo a título indiciário, fornecer algum suporte à genérica alegação de que os desaparecidos a que se refere teriam sido - e permaneceriam até hoje - seqüestrados.” 

Para o magistrado, no caso objeto da denúncia do MPF, não basta, para configurar o crime de seqüestro previsto no artigo 148 do Código Penal Brasileiro, apenas o fato de os corpos dos desaparecidos não terem sido localizados. 

“Aliás, dada a estrutura do tipo do seqüestro, é de se questionar: sustenta o parquet [Ministério Público] que os desaparecidos, trinta e tantos anos depois, permanecem em cativeiro, sob cárcere imposto pelo denunciado? A lógica desafia a argumentação exposta na denúncia”, diz o juiz federal. 

João César Matos acrescenta ainda que até mesmo se for admitida, apenas por hipótese, a presença de indícios do crime de sequestro supostamente praticado pelo Major Curió, a pretensão punitiva já estaria prescrita, ou seja, o Estado não poderia mais puni-lo. Isso porque, segundo o magistrado, “diante do contexto em que se deram os fatos e da extrema probabilidade de morte dos desaparecidos, haveria mesmo de se presumir a ocorrência desse evento morte.” 

Além disso, ressalta o juiz federal, “os desaparecidos mencionados na denúncia do Ministério Público Federal foram oficialmente reconhecidos como mortos pelo artigo 1º da Lei nº 9.140, de 04.12.1995, data que seria, então, o termo inicial do prazo prescricional relativamente ao delito do artigo 148 do CP [sequestro], cuja pena máxima, na forma do seu parágrafo 1º, é de oito anos”. 

João César Otoni de Matos também rebateu os argumentos segundo os quais o julgamento proferido pelo Corte Internacional dos Direitos Humanos teria a força para afastar a aplicação da Lei de Anistia em casos como os relatados na denúncia oferecida contra o Major Curió. 

O magistrado sustentou que a Lei da Anistia “operou, para situações concretas e específicas, efeitos imediatos e voltados para o passado”. Referiu-se ainda a entendimento do ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Eros Grau, para quem a Lei da Anistia “tratou de uma lei-medida, não de uma regra genérica e abstrata para o futuro”. 

Desse modo, afirma João César Matos, não poderia mesmo um julgamento posterior, como o da Corte Internacional dos Direitos Humanos, “fundado em convenção internacional, pretender retroagir mais de 30 anos para desfazer os efeitos produzidos e exauridos na esfera penal pelo mencionado ato normativo”.

Por Reinaldo Azevedo

 

16/03/2012 às 17:59

Blatter se encontra com Dilma e, em entrevista, deixa claro que entidade pode dar um pé no traseiro do Brasil e fazer a Copa na Inglaterra

Se o Brasil não der um grande vexame na Copa do Mundo de 2014, um dos principais responsáveis será o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke! Ele percebeu tudo com aguda vista!  Ao afirmar que as autoridades brasileiras precisavam “se donner un coup de pied aux fesses”, provocou os brios dos brazucas. A tradução errada pode nos ter feito bem. Nem mesmo os franceses, com a sua disposição para explicar em 5 mil palavras o que poderia ser dito em 500, seriam capazes de explicar como alguém conseguiria dar um chute no próprio traseiro, um pé no próprio rabo. Traduzir literalmente a expressão palavra a palavra é uma estupidez.

É claro que se trata de uma expressão idiomática. O problema é que o ministro Aldo Rebelo, que “está tendo de descascar um abacaxi”, coitado!, “has a chip on his shoulder”, entendem? Como? Assim como ele não descasca abacaxis (mas enfrenta problemas) e não tem “uma lasca no ombro” (é um pouco esquentado!), também não foi convidado a dar um chute no próprio traseiro, mas a se mexer, a se mover, a “levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima”, na música imortalizada por Noite Ilustrada. Não se pode dizer que Valcke tenha recorrido a um francês de salão. Mas é verdade que decidiram fazer “tempestade em copo d’água” no Brasil.  Acabei me alongando nesse assunto. Vou para o principal.

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, esteve com a presidente Dilma. Está selada a paz. Basta o Brasil fazer tudo o que a entidade quer, e não haverá conflitos. O país cede em algumas questões — e nas outras também — e pronto!

Sem chance de haver erro de tradução desta vez, Blatter, sim, ameaçou o país com um pé no traseiro. Depois do encontro com Dilma, afirmou:
“Tem algumas pessoas que dizem que até a Inglaterra poderia sediar essa próxima Copa, mas um país como o Brasil, que é do futebol, que vive e respira futebol… É muito importante haver essa Copa aqui, e temos a certeza de que será um grande evento”.

Entenderam? Ou é como quer a Fifa, incluindo a venda de bebidas alcoólicas nos estádios, ou a entidade dá um pé no traseiro do Brasil.

E as autoridades brasileiras ficaram e ficarão de bico fechado. Querem saber? Melhor assim! Hora dessa gente toda “se donner un coup de pied aux fesses” e “parar de pisar no próprio saco”.  Agora vertam isso para o francês clássico!

Por Reinaldo Azevedo

 

16/03/2012 às 17:13

Depois de Dilma dar “un coup de pied aux fesses” em Jucá e Vaccarezza, novo líder do governo no Senado corre para o colo de Lula!

Vejam esta imagem, de Ricardo Stuckert, do Instituto Lula.

eduardo-braga-e-lula

Lembro sempre que o câncer do ex-presidente já é o mais documentado da história da humanidade. Como a imagem é produzida por uma entidade política, estamos diante da enésima manifestação de politização do câncer. Adiante. Este que está aí grudado ao ex-presidente, com o rosto esticadíssimo e os cabelos mais negros do que os de Iracema, é Eduardo Braga (PMDB-AM), nomeado novo líder do governo no Senado.

Lula não pode ainda entrar pra valer no jogo político. Consta que estará liberado para uma “vida normal” em 30 dias. Então é o caso de ir explorando, enquanto isso, a estética “United Colors of Benetton”. O ex-presidente ainda não anda pra lá e pra cá, endeusando aliados e satanizando adversários, como gosta de fazer, mas já participa da costura política.

Assim como, em São Paulo, Lula deu “un coup de pied aux fesses” de Marta Suplicy e nomeou Fernando Haddad candidato, ele tenta dar outro pé no traseiro dos dirigentes municipais e estaduais do PSB, que decidiram apoiar a candidatura do tucano José Serra. O petista ligou para o presidente nacional da legenda, o governador Eduardo Campos, governador de Pernambuco, e sugeriu: “O Dudu, dá aí um coup de pied aux fesses da turma. Mas com boa tradução!”

Incrível! Braga nem foi ainda reconhecido como interlocutor habilitado do governo pela própria base aliada. Mas já está lá agarrado a Lula. Cadê aqueles “especialistas” que costumam dar plantão na editoria de Política do Estadão, em São Paulo, para afirmar que o PT precisa de “renovação”???

Por Reinaldo Azevedo

 

16/03/2012 às 16:39

Eleonora Menicucci volta a atacar: agora ela mira nos médicos que não praticam aborto por objeção de consciência!

Atenção, “companheiro” médico que se nega a praticar aborto, ainda que legal, por objeção de consciência! Você precisa fazer um estágio de Educação Moral e Civismo com a ministra Eleonora Menicucci (Mulheres). Ela tem muito a lhe ensinar. E é melhor fazê-lo antes que as bruxas comecem a caçar as fadas, não é? Tudo saindo como quer esta notável humanista, médicos que alegarem “objeção de consciência” —- um direito que lhes é assegurado — para não praticar o aborto terão de ser substituídos.

Leiam trecho de reportagem de Lígia Formenti, no Estadão. Volto em seguida:
A ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para Mulheres, criticou a falta de médicos nos serviços que fazem aborto legal no País. Ela observou que muitos centros funcionam apenas na teoria porque profissionais se recusam a fazer o procedimento, alegando objeção de consciência. “É preciso que esses serviços coloquem outra pessoa no lugar”, disse Eleonora nesta quinta-feira, durante reunião do Conselho Nacional de Saúde (CNS). A lei permite que gestações que coloquem a mulher em risco ou resultem de violência sexual possam ser interrompidas. Atualmente, existem no País 63 centros cadastrados para realização desse tipo de atendimento. Além de considerar o número insuficiente, grupos feministas relatam que, com frequência, mulheres não conseguem ser atendidas nos serviços, sobretudo em instituições administradas por grupos religiosos.
(…)
Eleonora também citou resultados de pesquisas realizadas demonstrando a falta de qualidade nos serviços de atendimento às vítimas.Além da melhoria da qualidade, a ministra defendeu a ampliação do acesso aos serviços. Algo que, em sua avaliação, pode ser alcançado com descentralização do atendimento.
(…) Atualmente, são 557 centros para atendimento das mulheres e 63 capacitados para fazer o aborto. De acordo com ministério, outros 30 estão sendo capacitados para também fazer a interrupção da gestação nos casos permitidos pela lei. “Esse número de 63 centros é insuficiente. Basta ver as estatísticas de estupro. No Rio, por exemplo, esse número chega a 20 casos por dia”, acrescentou a secretária de enfrentamento à violência contra a mulher, Aparecida Gonçalves.
(…)

Voltei
Caros “companheiros” médicos com objeção de consciência, mirem-se no exemplo da ministra, que, naquela notável entrevista concedida em 2004, trazida à luz por este blog, definiu-se, cheia de orgulho, como “avó do aborto” — revelando ter feito dois. Sua dedicação pessoal à causa não parou aí, fornecendo ela mesmo dois fetos. Contou que foi aprender a fazer aborto em clínicas clandestinas da Colômbia. A ideia era capacitar as mulheres para o “faça você mesma o seu aborto”. Menicucci experimentou quase todas as variações da palavra: foi abortante, abortista, aborteira… Só pôde ser assim porque não foi vítima do agente da voz passiva: não foi abortada! Relembro trecho.

Eleonora -  Dois anos Aí, em São Paulo, eu integrei um grupo do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde. ( ). E, nesse período, estive também pelo Coletivo fazendo um treinamento de aborto na Colômbia.
Joana - Certo.
Eleonora - O Coletivo nós críamos em 95.
Joana - Como é que era esse curso de aborto?
Eleonora - Era nas Clínicas de Aborto. A gente aprendia a fazer aborto.
Joana - Aprendia a fazer aborto?
Eleonora - Com aspiração AMIU.
Joana - Com aquele…
Eleonora - Com a sucção.
Joana - Com a sucção. Imagino.
Eleonora - Que eu chamo de AMIU. Porque a nossa perspectiva no Coletivo, a nossa base…
Joana -  é que as pessoas se auto auto-fizessem!
Eleonora - Autocapacitassem! E que pessoas não médicas podiam…
Joana - Claro!
Eleonora - Lidar com o aborto.

Como se percebe, essa é mesmo uma mulher desassombrada. Só uma nota à margem antes que siga com Eleonora. É preciso ver direito aquele número de 20 estupros por dia “no Rio”. Além de não ficar claro se é uma referência à cidade ou ao estado, é bom lembrar que várias modalidades de crimes sexuais passaram a ser caracterizadas como estupro para efeitos legais. Adiante.

Não tem jeito! Dona Menicucci não enxerga nada além de sua militância — daí a confissão horrorosa que fez acima. Imaginem um bando — a palavra é essa! — de leigas em medicina e no funcionamento do corpo humano “aprendendo” a fazer aborto. A cada vez que leio isso, junto com a indignação, vem-me um profundo nojo. Não vou escrever que essa ministra deveria ser proibida para menores porque pareceria ironia…

O governo quer mudar também, informa o Estadão, a coleta de provas de estupro “e outros tipos de violência sexual”, bastando as evidências colhidas pelo médico que primeiro atende a vítima, sem exame no Instituto Médico Legal. Parece bom? Parece bom! Mas abre as portas para falsas denúncias do crime — uma vez que um não-especialista em medicina legal nem sempre tem critérios para avaliar. Mas isso fica para outra hora. Quero destacar aqui uma fala da ministra ao defender medidas que reduzam a violência contra as mulheres:
“O estupro virou presente de aniversário, embalado com fita de celofane.Não podemos conviver com isso?”

Heeeinnn???

“Estupro como presente de aniversário?” Quais são os delírios que povoam a mente desta senhora? Ela se referia, vocês devem se lembrar, a uma barbaridade acontecida na cidade de Queimados, na Paraíba. Amigos simularam um assalto a uma festa para possibilitar que o aniversariante estuprasse algumas convidadas. Era o seu “presente de aniversário”. Duas vítimas reconheceram os agressores e foram assassinadas.

Nas palavras de dona Eleonora, tal prática parece corriqueira no Brasil. Este parece ser um país de estupradores. Inferir, a partir desse caso, que “estupro virou presente de aniversário” corresponde a afirmar que esfaquear a mãe virou uma forma de argumentação de jovens no Brasil…

Lamento! Fica evidente, mais uma vez, que dona Eleonora Menicucci não tem aporte intelectual, cultivo ético-moral e serenidade para ocupar o cargo que ocupa.

PS - Sim, sei que alguns supostos moderados dirão: “Como esse Reinaldo é agressivo!” Que coisa! Uma ministra de estado decide arbitrar sobre objeções de consciência de profissionais da saúde, e o agressivo sou eu!?  Como costumo dizer, “as palavras fazem sentido”. Se ninguém se escandaliza com as barbaridades que esta senhora fala, traduzindo o seu pensamento torto, eu ainda me reservo esse direito.

Por Reinaldo Azevedo

 

16/03/2012 às 15:20

Decisão do TSE sobre Twitter é ridícula, autoritária e privilegia máquinas partidárias que têm militantes a soldo na Internet

Por quatro votos a três, o Tribunal Superior Eleitoral proibiu ontem pré-candidatos de se manifestar sobre as eleições no Twitter antes de 6 de julho. Trata-se de uma decisão ridícula, autoritária, que abre a janela para o arbítrio e a subjetividade. Mais: vai privilegiar máquinas partidárias fortes, como a… petista, por exemplo!, e pode inundar de ações a Justiça Eleitoral. Votaram contra a proibição os ministros Dias Toffoli, Carmen Lúcia e Gilson Dipp. Ficaram a favor da tese, que me parece obviamente errada, Ricardo Lewandowski (para não variar), Aldir Passarinho, Marcelo Ribeiro e Arnaldo Versiani.

O Twitter, bem argumentou a ministra Carmen Lúcia, é uma “mesa de bar virtual”. E é mesmo. Por que o TSE tem de meter o bedelho em algo assim? Toffoli lembrou que é uma espécie de bate-papo telefônico. Também é verdade. Para Dipp, conversa sobre eleição no Twitter, no máximo, “constitui propaganda eleitoral lícita, doméstica, caseira, entre interessados”. Estão todos certos. Mas prevaleceram o erro e a fúria legiferante do TSE. A piada é que essa decisão ainda decorre de uma ação movida pelo Ministério Público Eleitoral contra Índio da Costa em… 2010! Que bom se tivéssemos uma Justiça Eleitoral mais ágil e menos dada a se meter na comunicação entre os indivíduos!

Se os quatro preclaros que votaram contra não se deram conta, eu lembro. Uma simples pesquisa na Internet informa que o PT decidiu contratar pessoas para “monitorar” as redes sociais, sites e blogs. Trata-se de um grupo profissionalizado, QUE JÁ ESTÁ FAZENDO CAMPANHA, SENHORES! E não tem como ser evitada. O mesmo acontece no Facebook e nas demais páginas do gênero.

Muito bem! Se um pré-candidato recebe um ataque organizado de uma súcia, ele está impedido de reagir? Faz o quê? Recorre à Justiça Eleitoral para pedir direito de resposta? Mas direito de resposta contra quem? O argumento mais ridículo foi mesmo o de Lewandowski. Não seria cerceamento à liberdade de expressão porque as pessoas não-envolvidas em eleições podem se manifestar à vontade. É mesmo? Isso inclui os cabos eleitorais contratados, não é mesmo? Acontece que eles estão “envolvidos” nas eleições.

Ora, no Twitter, “seguir” alguém é um ato de vontade. Se você não gostar do que aparece na sua tela, basta bloquear.  Ninguém precisa da ajuda de Lewandowski para isso. No momento, nós precisamos dele é para outra coisa. Digo já qual é.

Por Reinaldo Azevedo

 

Os truques dos esquerdistas para iludir eleitores e de parte da imprensa para iludir leitores. Ou: A Internacional Comunista se funde ao “Freak Le Boom Boom”, de Gretchen, a Marilena Chaui do rebolado! Ou: “Precisamos achar uma pauta para Haddad!”

Queridos, abaixo vai um longo texto sobre o modo como as esquerdas, especialmente a petezada, com a colaboração da imprensa, tentam dar um truque no eleitor — e nos leitores. Também demonstrarei que os figurões do PT se pelam de medo de que a população se lembre de quem são os petistas e do que é o PT. A operação para tentar blindar Fernando Haddad dos temas polêmicos é gigantesca e já mobiliza os apparatchiki da academia e do jornalismo. Uma coisa curiosa: até agora, o pré-candidato tucano à Prefeitura, José Serra, não tocou em temas como o kit gay para as escolas, por exemplo. Os petistas, no entanto, não falam em outra coisa e insistem: tratar do assunto em campanha seria baixaria… Fazem isso agora para mobilizar os “progressistas” do miolo mole e a imprensa, tentado criar precocemente um cordão sanitário em torno do tema, intimidando os adversários. Quem está orientando essa estratégia? João Santana, o publicitário.  Chegarei lá. Antes, uma viagem (da razão, é claro, sem matinho…).

O leitor e eleitor que não é de São Paulo não tem como acompanhar no detalhe a realidade que abordo, mas certamente saberá do que falo porque “eles” são iguais em toda parte. Como tratarei do que, de fato, é uma falha — ou uma conformação, se quiserem — de caráter, não há diferença entre “acadêmicos” de esquerda de São Paulo, Salvador, Porto Alegre ou Xiririxa da Serra do Sul…

As editorias de política dos grandes jornais de São Paulo estão um pouco desesperadas, Por quê? Porque é preciso, afinal de contas, noticiar alguma coisa sobre Fernando Haddad, o pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo. Mas o quê? O “nosso” (delas) candidato é ruim de doer! Até Gabriel Chalita parece munido de mais dote… intelectual. O neopeemedebista é, ao menos, corajosamente cafona para vir com aquela conversa “do amor”. Desassombrado, sem medo do ridículo, conta em entrevistas que bastou uma senhora rica lhe pedir “escreve aí”, e logo nasceu um novo livro. Sem qualquer noção remota de pudor intelectual, conta que pode fundir a perseguição aos albinos da Tanzânia com o poema “Navio Negreiro”, de Castro Alves, para dar à luz uma nova obra. Chalita não pretende que gente que se leva a sério o leve a sério. Seu mundo é aquele das tias encantadas com o talento dos sobrinhos — pouco importa se o rapaz vira cambalhota ou declina todos os afluentes das margens direita e esquerda do Amazonas… Em qualquer caso, é um prodígio.

Haddad, por enquanto, nem isso. Não desenvolveu essa habilidade pra fingir talento ou esconder a falta dele. Tem-se mostrado — e não foi diferente no Ministério da Educação — um notório trapalhão. Se vai vencer ou não, isso é com o eleitorado. Na democracia, desde que não opte pela destruição das instituições, o povo sempre está certo — o que não quer dizer que sempre acerte. A consideração é mais complexa do que parece. Sigamos.

Como Lula, que o inventou como candidato, está um pouco afastado do dia a dia da política, Haddad não consegue gerar notícia. Então é preciso corrigir, com o, como posso chamar?, enfoque editorial a ausência de lead — e de ideias.

Haddad, mandam avisar os petistas, decidiu que vai agora explorar o que considera as fragilidades da Prefeitura e dos tucanos. Não!!! Que danado e criativo esse moço! Foi num insight como esse que Arquimedes pulou da banheira e gritou: “Eureca!” A primeira ideia bacana ele já teve: vai manter a inspeção veicular, mas não vai cobrar taxa! Vocês acreditam que as redações — aquelas…, loucas para bombar a pauta de Haddad — convocaram politicólogos para saber o que acharam da sugestão. Afetando a gravidade dos pensadores, eles disseram: “Haddad está tentando demonstrar que é contra impostos …” — ou qualquer cerda do gênero. Esses politicólogos, no caso,  necessariamente afinados com a esquerdopatia, só se esqueceram de dizer que, nessa hipótese, quem não tem carro pagaria por quem tem. É o que se chama socialismo moderno, que consiste em tirar de quem não tem para financiar quem tem!

Os mesmos “companheiros jornalistas” que não podem ver um ciclista passando maquiagem em outro sem que sintam palpitar seus instintos mais cicloafetivos não disseram uma virgulazinha, nada!, sobre esse benefício que Haddad quer dar aos carros. Gilberto Dimenstein, que chamou os motoristas de “idiotas sobre quatro rodas” — ele refina seu estilo a cada dia! —, que eu saiba, nada disse sobre a proposta idiota de Haddad. Aliás, chegou a hora de fazer cobranças: pode reivindicar que o Haddad garante. Se ele desconfiar que existe um grupo influente contra a Lei da Gravidade, ele prometerá revogá-la.

Os “inteliquituais”
Na busca desesperada por uma pauta virtuosa para Haddad, merecem os “inteliquituais” de esquerda, que estariam voltando ao PT. Alguns teriam ficado indignados com o mensalão, mas já passou. Esquerdista com prurido moral é cabeça de bacalhau.  Alguém que continua de esquerda depois de Stálin, Mao, Pol Pot e Fidel Castro não dá bola a pelo menos 100 milhões de mortos. Por que se incomodaria com “os recursos não-contabilizados” de Delúbio Soares? Passam a ser até um troco bem-vindo. Aliás, se a gente for investigar alguns dos que saem por aí falando, é quase certo que vamos encontrá-los pendurados em alguma bolsa disso e daquilo, longe da sala de aula e mamando nas tetas do estado — tomando vinho chique com o dinheiro dos desdentados. Mas seu coração palpita pelos pobres.  Adiante. No Estado de ontem, Vera Rosa informava o que segue em vermelho - comento em azul.

A campanha de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo vai resgatar intelectuais afastados da política e principalmente do PT desde o escândalo do mensalão, em 2005. O programa de governo do ex-ministro da Educação terá participações especiais de renomados pesquisadores e professores universitários, que se distribuirão em comissões temáticas para discutir os principais problemas da capital paulista.
Bem, o trecho me faz supor que a “dor do mensalão” já passou, certo? Os “renomados pesquisadores e professores universitários” fizeram o seu próprio tribunal e chegaram à conclusão de que operar caixa dois, comprar o Congresso, usar estatais num esquema sujo, pagar campanha eleitoral em dólares, com dinheiro ilícito, no exterior, tudo isso é coisa normal, que merece ser abençoada pela “intelligentsia”.

O diagnóstico será somado a pesquisas encomendadas ao publicitário João Santana, responsável pela propaganda de TV do candidato, com o objetivo de verificar as prioridades da população. “O que se observa, hoje, é um divórcio entre a sociedade e a administração. A ideia é que a campanha de Haddad crie um movimento suprapartidário para um processo de reflexão sobre a cidade”, resumiu o cientista político Aldo Fornazieri, coordenador técnico do programa de governo.
Eba! “Movimento suprapartidário!” Entendi! Tentarão demonstrar que Haddad não é exatamente petista. Parece que alguém roubou do PT as duas últimas eleições. A tese de fundo é a seguinte: quando a maioria vota no “partido”, há um casamento entre povo e administração; quando não vota, divórcio! De sorte que a democracia só é legítima quando os petistas vencem. Se não é assim, então alguma distorção está em curso.  Essa gente tem a coragem de entrar numa sala de aula e falar como especialista, como cientista político!

Há uma semana, cerca de 100 intelectuais - entre pesquisadores e professores da USP, Unicamp, Unifesp e Fundação-Escola de Sociologia e Política - reuniram-se com Haddad. Muitos afastados da política partidária, decidiram colaborar com a campanha e se reaproximar do PT. Na lista constam nomes como Olgária Matos, Ruy Fausto, Leda Paulani, Ricardo Carneiro e Walquíria Leão Rego. O primeiro seminário temático da plataforma de governo, sobre educação, está marcado para hoje e será coordenado pelo professor Mário Sérgio Cortella.
O único aí que não é um petista — ou ainda mais à esquerda! — do calcanhar rachado é Cortella — mas também não está muito distante da turma, não! Algumas de suas generalidades — é, assim, um Chalita com mais leitura — servem para conferir certa aparência pluralista ao grupo. Olgária Matos? Bem, o meu arquivo está aí. Cadê Marilena Chaui, a Gretchen do rebolado petista? Só ela pode unir o pensamento de Spinoza com o caixa dois de Dlúbio; só ela pode cantar o hino da Internacional Comunista ao ritmo do “Freak Le Boom Boom”. Posso imaginar:

De pé, ó vítimas da fome
De pé, famélicos da terra
Da ideia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra.

Boom boom, freak le boom boom,
Only you, you better all, I shake it up, cause awh!l
I need a man and my body is for you, oh, yes
Oh I, I love you baby, all the time
I want you, baby, in my mind

Cortai o mal bem pelo fundo
De pé, de pé, não mais senhores
Se nada somos em tal mundo
Sejamos tudo, ó produtores

Oh, yes
Oh it’s all right, I love you baby, all the time
I want you, baby, in my mind
I need, te quiero, Je t’aime, oh
boom boom, freak le boom boom
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Sigamos com a matéria no Estadão.
“Ponho minha mão no fogo pelo Fernando, mas, se ele estivesse com Kassab e Meirelles no palanque, ia votar quietinha, mas não participaria”, disse Leda Paulani, professora titular do Departamento de Economia da USP, numa referência ao prefeito Gilberto Kassab (PSD) e ao ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. “Seria contraditório com tudo o que escrevi.”
Esta senhora dá aula de economia? Já ouvi falar porque a reputação precede as aulas. Fazer o quê? Se Haddad estivesse com Kassab e Meirelles, ela votaria quietinha. A professora Leda deve ensinar a seus alunos — tentar ao menos; se a turma da FEA caísse na dela, estaria invadindo reitoria —  que a pior parte dos oito anos do governo Lula foi o Banco Central… Mas isso nem é o mais interessante. Boa esquerdista, ela estaria preocupada em não parecer “contraditória”. Fosse dada a ela a tarefa de resumir um lema para a mulher de César, parece que seria este: “Ela não tem de ser honesta, mas tem de parecer…”
Mais: esta senhora alimenta o mito de que tudo o que pode haver de errado nos governos petitas é obra de aliados. Pelos “companheiros”, ela põe a mão no fogo. A síntese moral de pensamento tão elevado é a seguinte: não importa com quantos maus (segundo a ótima esquerdopata) os petistas se unam, eles serão sempre bons.

Integrante do PSD de Kassab, Meirelles chegou a ser cotado para vice de Haddad, mas a aliança com o PT naufragou depois que o ex-governador José Serra (PSDB) entrou no páreo. Paulani respirou aliviada e promete ajudar no programa. Ela se desfiliou do PT depois da crise do mensalão e diz estar feliz por voltar a “lutar de novo” na política.
Ah, entendi. Aquela “coisa” do mensalão já passou, né? Ela deve achar que, agora, está tudo bem. Mais curioso ainda: ela acha que Kassab macularia a honra de seu partido, mas José Sarney e Renan Calheiros, para citar apenas dois patriotas, certamente a dignificam!

“Sabemos como o Fernando pensa e ele tem a capacidade de aglutinar as pessoas. Se fosse outro candidato do PT, seguramente não teria”, afirmou a economista. Para a professora Walquíria Leão Rego, titular do Departamento de Ciência Política da Unicamp, os intelectuais de esquerda estão dispostos a resgatar a militância política.
O “Fernando…” Ah, essa intimidade é tão “cute“, quero dizer, tão cute-cute!!! Opa! Agora veio a Leão do Rego! Preparem-se:

“Chegou o momento crucial, e há o sentimento de que temos de fazer alguma coisa, mesmo sem tribuna. Não podemos deixar que o Serra faça com o Haddad o que fez com a Dilma em 2010″, argumentou Walquíria, numa alusão ao confronto religioso que marcou a campanha entre o ex-governador e a petista Dilma Rousseff, eleita presidente. “Para os tucanos, o combate em São Paulo é de vida ou morte”, disse a socióloga, que tem vários estudos sobre o programa Bolsa Família.
***Oh, coitadinha da Dilma! O que será que o Serra fez com ela? Serra uma ova! Quem cobrou as opiniões da então candidata sobre o aborto foi a sociedade. Aliás, com serenidade, lembro a Vera Rosa que sua síntese do acontecido é imprecisa além do aceitável. Faz supor que o então candidato tucano à Presidência liderou alguma pregação de cunho religioso. E isso é simplesmente falso. Desafio alguém a demonstrar que ele sequer tocou no assunto - só quando foi indagado a respeito. Aliás, foi um erro! Deveria ter tratado do assunto, sim! Quem falta com a verdade nesse assunto pode fazer o mesmo em outros. Aliás, Dilma já desistiu da instalação das UPPs, por exemplo. Também não construiu as creches nem fez as UPAs…

Concluindo…
O cavalo dessa Walquíria não é grande coisa, coitado! Existe, sim, um movimento de “volta ao sectarismo” da esquerda universitária, que está preocupada — como Gilberto Carvalho deixou claro no Fórum Social Mundial — com os valores que considera “reacionários” da classe média, especialmente disso que os deslumbrados chamam “nova classe média” (que é só o pobre que não passa fome, mas que mora mal, por exemplo).

Os filminhos do kit gay de Haddad, se exibidos para essa faixa da população, o liquidariam eleitoralmente. Não porque essa “nova classe média” seja burra, não porque ela seja reacionária, não porque ela seja desinformada, mas porque eles são mesmo absurdos.

Assim, antes que alguém tenha ideia de exibi-los às massas, eles gritam: “Baixaria! Isso não!” GOSTARIA QUE ALGUM COLEGUINHA ESCREVESSE UM TEXTO EXPLICANDO POR QUE “ISSO NÃO”. Quer dizer que o ministro pode preparar aquelas peças para os filhos dos eleitores, mas eles mesmos estariam proibidos de conhecê-las? O pré-candidato já andou se posicionando até sobre o aborto. Apressou-se em dizer que, “como homem”, é contra! Sei. E como vegetal? E como mineral? Se fosse mulher, seria a favor?

Eis aí. O esforço para achar uma pauta virtuosa para Haddad - inclusive nas redações - é imenso. E noto que a mobilização dos ditos “inteliquituais” de esquerda, que já superaram o trauma do mensalão, busca proteger  o “Fernando” da obra de “Haddad”. Como disse aquela, “não podemos deixar Serra fazer com Haddad o que fez com Dilma”. O que foi mesmo que ele fez? Ah, disputou com ela a eleição! Onde já se viu uma coisa dessas? Isso é inaceitável!

Por Reinaldo Azevedo

 

18/03/2012 às 6:07

Tio Rei imita o estilo do esguicho do pato

Caramba!

Um leitor me mandou umas coisas muito interessantes sobre um notório amigo do regime. Um verdadeiro puxa-saco.

Trata-se de alguém que, à primeira vista, passa a impressão de estar de joelhos.

Mas ele não está.

Exerce seu trabalho de adoração em pé mesmo!

É um espanto!

Por quê?

Porque o seu herói de agora era o seu inimigo não faz muito tempo!

Ele é o único assim?

É o único que hoje é pago para amar o que antes era pago para odiar?

Claro que não!

Mascatear simpatias e antipatias é a profissão dessa gente.

Um pergunta: “Quer pagar quanto para eu odiar?”

O outro emula: “Quer pagar quanto para eu amar?”

O dinheiro, leitor, é sempre seu.

Há imbecis que caem na conversa.

Pois é… Os covardes todos se converteram ao lulo-petismo a partir da reta final de 2002.

Os decentes continuaram a defender a democracia. Elogiam quando é o caso. Criticam quando necessário.

Vocês saberão de tudo.

Por que estou escrevendo assim, aos esguichos, mais ou menos como o pato defeca?

Porque tenho senso de humor e sei imitar um idiota.

Mas um idiota é incapaz de imitar seu antípoda.

Seria preciso saber, ao menos, trabalhar com pronomes relativos e as conjunções integrantes.

Seria preciso contar com leitores que não tivessem os dois pés no chão — e as duas mãos também (como diria Ivan Lessa).

Aguardem.

Por Reinaldo Azevedo

 

18/03/2012 às 6:03

A educação, o Fies e a lei do supermercado

Leio na Folha de São Paulo o seguinte. Volto em seguida:
O Ministério da Educação informou que as denúncias contra o grupo educacional Uniesp poderão levar ao fechamento das faculdades. Já a Polícia Federal deve apurar o caso civil e criminalmente. Conforme a Folha revelou, a Uniesp fecha convênios com entidades religiosas, que indicam novos estudantes. Em troca, o grupo repassa 10% do que receber do Fies (financiamento estudantil federal) por indicado. O mesmo vale para bolsista do governo de SP. A Folha constatou ainda, com atendentes das faculdades, que a mensalidade para aluno do Fies é mais alta.A Uniesp nega os valores diferentes. Sobre repasses, diz que busca encontrar aluno pobre para atendimento.

É o fim da picada? Claro que é, pouco imposta se o convênio é com igrejas ou com monges budistas. O fato é que a Uniesp foi longe nessa prática. Encontrei no site da faculdade a seguinte página. Volto em seguida:

uniesp-promocao1

Como se vê, promete-se uma grana, uma bufunfa — de R$ 300 a R$ 500 —, para um aluno que indica outro, mas só se for pelo Fies, entenderam? Fora do programa, nada feito. Por quê? A resposta é tristemente óbvia: porque é dinheiro do governo. A universidade decidiu “investir” parte da verba — que, inicialmente, é pública e depois vira dívida do estudante — numa forma enviesada de publicidade e marketing.

Um dia, caso os nossos “inteliquituais” restituam a vergonha acadêmica na cara, o bilionário esquema de repasse de verbas públicas para mantenedoras privadas será etudado e esmiuçado. E quem sabe alguém se lembre de verificar o que isso representou efetivamente de qualificação da mão de obra no Brasil.

Na era petista, as leis de mercado viraram uma espécie de… supermercado. Vai ver é por isso que aqueles “inteliquituais” petistas se mostram tão assanhados para entrar na campanha do “Fernando”…

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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