Mensalão - José Dirceu, acusado de “formação de quadrilha”, está de olho no ritmo de trabalho de Lewandowski. E nós também!

Publicado em 20/03/2012 08:30 e atualizado em 31/07/2013 17:39
por Reinaldo Azevedo,de veja.com.br

O chefe de quadrilha (segundo o procurador-geral da República) José Dirceu está de olho no trabalho de Ricardo Lewandowski, ministro do Supremo Tribunal Federal e revisor do processo do mensalão. O país também está. Por razões diferentes, é claro! O ministro andou dando entrevistas sobre a necessidade de moralizar a política, defendendo que aqueles que tiveram contas de campanha rejeitadas no passado não possam se candidatar — a imprensa, de modo, com direi?, imp(r)ensado, deu ampla acolhida à sua tese (direi depois por que as coisas podem não ser como parecem).

Muito bem! A mim também me encanta, como a todos, esse lado moralizador da atuação de Lewandowski. Por isso mesmo, pergunto: “E o processo do mensalão, ministro?”

Eis um bom jeito de moralizar a política, não é mesmo? Enquanto aquelas práticas criminosas restarem impunes e enquanto restar a sensação de que aquela lambança toda pode ser admitida na política, a moral está correndo um sério risco. Ah, sim:  boa parte daquela turma certamente é “ficha limpa” e “conta limpa”. Não obstante…

Por que falo de Lewandowski? Porque ele é o revisor do processo do mensalão. O relator, Joaquim Barbosa, ainda não entregou o seu voto final — que se pode, em boa parte, presumir, dado o andamento dos trabalhos até aqui. O processo todo — quase 50 mil páginas — já está à disposição do ministro revisor. Mas há no Supremo a mais absoluta escuridão sobre os caminhos que Lewandowski pode seguir. Uma coisa é certa: ou esse processo é julgado no primeiro semestre, ou as coisas começarão a ficar complicadas. Mais: há certa feitiçaria correndo nos bastidores de Brasília, segundo a qual um processo dessa natureza não poderia ser julgado em ano eleitoral porque prejudicaria o… PT! É mesmo? A ser assim, matérias polêmicas, que podem ter — e isso não depende da vontade do tribunal — desdobramentos eleitorais só seriam julgadas em anos ímpares.

Por que é preciso que esse processo seja julgado no primeiro semestre? Cezar Peluso, que preside o tribunal até 18 de abril — no dia 19, assume o ministro Ayres Britto, que ficará pouco tempo no cargo (já chego lá) faz 70 anos no dia 3 de setembro e, por lei, tem de deixar a Corte. A escolha da ministra Rosa Weber — que levou quatro longos meses — já deixou claro não se tratar de um procedimento muito simples. É consenso que um processo com essa importância terá de contar com os 11 membros do tribunal. Assim, caso o mensalão não seja julgado até agosto, terá de ser adiado ainda mais. Duvido que se tenha o tribunal completo até as eleições de outubro. E pronto! O desejo nada secreto do PT estará se cumprindo.

Mas não é só:  caso fique tudo para depois das eleições, aí será  a vez de o próprio Ayres Britto, que faz 70 anos no dia 18 de novembro, se aposentar. De novo, então, voltará a questão: “Temos de ter o tribunal completo… Por que não se deixa tudo para 2013?” E assim vamos seguindo para as calendas…

Estima-se que o julgamento não dure menos de um mês. São 38 réus. O advogado de cada um deles tem uma hora para fazer a defesa de seu cliente — ou seja, 38 horas apenas de sustentação oral da defesa. Não se sabe se o recesso de julho terá de ser ou não suspenso — porque Lewandowski, até agora, não dá pistas do que tem em mente. Dá-se de barato que só as sessões plenárias das quartas e quintas serão insuficientes para dar conta do recado até, reitero, o fim de agosto, quando Peluso deixa o tribunal.

Zé Dirceu, o chefe da quadrilha (segundo a Procuradoria Geral da República), e, parece, de alguns indivíduos disfarçados de jornalistas, também está de olho nessa aposentadoria porque se estima que Peluso não está entre aqueles dispostos a condescender com as práticas criminosas de quadrilheiros e ladrões do dinheiro público.

Já estamos no terço final de março e, até agora, nada! Aos olhos de boa parte do mundo civilizado, já deve ser um escândalo que um processo com essa importância, que resume alguns emblemas da má prática política, esteja já no seu sétimo ano. A revista VEJA que trouxe a reportagem sobre a cobrança de propina nos Correios, que levou à denúncia do mensalão, chegou aos leitores no dia 14 de maio de 2005!!! No dia 6 de julho daquele ano, Roberto Jefferson botava a boca no trombone numa entrevista à Folha e expunha as entranhas do modo petista de governar. Sete anos!!! E, até agora, nada vezes nada!

Os advogados, por seu turno, é evidente, também têm lá o seu estoque de ações procrastinadoras. E, obviamente, tentarão fazer uso delas. Márcio Thomaz Bastos, por exemplo, que defende José Roberto Salgado, executivo do Banco Rural, pede que o caso de seu cliente seja enviado para a primeira instância, já que este não tem prerrogativa de foro (o que chamam de foro privilegiado). Argumenta que, por isso, não pode ser julgado pelo STF.  E assim vai. Os outros 37 farão também as suas tentativas. Não há o risco da prescrição de crimes, entende a maioria dos juristas, antes de 2015 ao menos (para o caso de formação de quadrilha). Os interessados podem ler uma boa explicação técnica aqui. A questão mais urgente não é essa. O fato é que, a depender do ritmo de Lewandowski, o julgamento acabará ficando para 2013… E será difícil convencer a sociedade de que não foi por influência do calendário eleitoral.

Com a palavra, Ricardo Lewandowski. É claro que José Dirceu, o quadrilheiro (segundo a Procuradoria Geral da República) está de olho nele. E a sociedade brasileira também.

Conto com vocês para fazer apenas comentários que incentivem o ministro Lewandowski a acelerar os trabalhos! Força, ministro!Parafraseando aquele melô breganejo, “liga pro Brasil/ não, não liga pra ele/ Não chore por ele…”

Por Reinaldo Azevedo

 

20/03/2012 às 6:27

De novo Lewandowski, os “contas-sujas”, o TSE como tribunal discricionário e o risco da burrice propositiva dos que se querem síndicos do país

A imprensa, como regra geral — com as excepcionalidades habituais —, precisa ser um pouquinho mais responsável quando lida com as leis se não quiser que, um dia, uma lei feita segundo a mesma irresponsabilidade que, de hábito, defende venha a tentar disciplinar o seu trabalho. Como assim?

Vocês certamente acompanharam a cobertura mais do que simpática àqueles procuradores doidivanas que decidiram que podiam rever a Lei da Anistia. E eles não podiam. E não podem!. A tese tinha furos legais escandalosos — na verdade, envergonhariam qualquer estudante que ainda esteja no nível “Massinha I” do direito. “Ah, mas a causa é justa! Somos contra torturadores!” Não me digam! E quem é a favor? Ainda que houvesse um só, ele certamente não diria.

A questão não está em ser a favor do bem e contra o mal. Até o capeta se declara assim — ou não conseguiria conquistar ninguém… O inferno está cheio de chifrudos bem-intencionados.

Leiam um post que escrevi ontem sobre um manifesto que Albert Camus escreveu em 1939 sobre liberdade de imprensa. Os deveres de um jornalista são “a lucidez, a recusa (rebeldia), a ironia e a obstinação”. Em 1939, era preciso recusar tanto a “racionália” nazista como a stalinista. Em 2012, é preciso afastar a viseira do politicamente correto, que é “democraticida”.

Ora, um jornalista que advoga que se possam ignorar leis democraticamente instituídas — ou que compuseram o cerne do moderno regime democrático (como é a Lei da Anistia) — está botando uma corda à volta do próprio pescoço.

Ainda não cheguei ao ponto deste post. Eu comecei a escrevê-lo por causa da decisão do TSE segundo a qual candidatos que tiveram contas de campanha rejeitadas em eleições passadas não poderão se candidatar. Praticamente todos os partidos recorreram da decisão. Será reexaminada pelo TSE. Mas não tardou para que os bravos jornalistas, tomados daquele espírito de síndico dimensteiniano, já setenciassem: “É a luta da moralidade contra os ‘contas-sujas’”. Ou ainda: “Vejam como governistas e oposicionistas se juntam nessa matéria”. Vênia máxima, trata-se de mais uma tolice, de mais um flerte com teses autoritárias.

Em primeiríssimo lugar — E ISTO É FUNDAMENTAL —, a Lei Eleitoral simplesmente não autoriza o TSE a tirar essa conclusão. Trata-se de uma interpretação mais do que elástica e arbitrária da lei, com a qual condescendeu alegremente o ministro Ricardo Lewandowski. LAMENTO, MAS O TSE ESTÁ LEGISLANDO, E ISSO É UM PÉSSIMO SINAL.

Em segundo lugar, e não menos importante, Lewandowski concedeu uma entrevista ao sempre excelente Heraldo Pereira sobre o tema. Ora, candidatos podem ter suas contas rejeitadas pelos mais variados motivos — vai do recebimento ilegal de recursos, o que é grave, a erros técnicos na apresentação dos dados; se querem saber, é a maioria dos milhares de casos.

E aí, como fica?, quis saber Pereira. Com o ar grave, mas a fala titubeante — e nem poderia ser diferente porque ele deve saber intimamente que a tese é ruim —, Lewandowski disse que cada caso é um caso e terá de ser avaliado individualmente. É? Então a eleição vai se dar no mais absoluto escuro, é isso? O eleitor pode acabar votando em “A”, mas elegendo “B” — isso, em parte, acontece hoje em dia, mas por outros motivos. Mais: no fim das contas, então, o TSE criou uma regra que o transforma num tribunal discricionário, que acaba decidindo, por critérios muito particulares e não-estabelecidos em lei, quem pode e quem não pode ser candidato.

Essa é uma daquelas doces propostas que parecem feitas para moralizar e que transforma meia-duzia de cidadãos em verdadeiros déspotas — ou em coisa ainda pior. No caso do Ficha Limpa, por exemplo, imaginem quanto passou a valer — só para o caso dos desonestos, é claro —, no mercado paralelo, um “sim” ou um “não” de membros de tribunais de contas e até de conselhos de entidades profissionais. Não tem jeito, minhas caras e meus caros, é fatal: quando se ignoram os fundamentos do regime democrático — e seguir as leis é um deles — para fazer justiça, o que se tem é ainda mais injustiça; além, claro, do mal em si que é violação da lei.

É… Defender a liberdade de imprensa em tempos de guerra, como fez Camus, certamente era uma tarefa mais difícil do que a minha. Estou defendendo as leis em tempos de paz contra o assalto promovido pelo oportunismo somado à burrice propositiva de certos candidatos a síndico do processo democrático.

Por Reinaldo Azevedo

 

20/03/2012 às 6:25

Ainda o ataque os judeus na França. E o que está escrito

Eu sei muito bem o que escrevo, e os arquivos estão aí. No post que fiz ontem sobre o atentado à escola judaica na França, não responsabilizei os islâmicos porcaria nenhuma! Até porque, quando quero dizer alguma coisa, eu digo… a coisa! Não sou do tipo que bate na cangalha por burro entender. É que alguns burros não entendem a lingaugem escrita… Fazer o quê?

Mesmo quando recorro à ironia, como defendia Camus, prefiro a caricatura ao risco da ambiguidade. E destaquei, de resto, o fato de que há indícios de ligação com assassinatos de soldados. Pode ser coisa da xenofobia e do chauvinismo delirantes, por exemplo? Pode! Critiquei foi certa linha de “raciossímio” que logo resolveu sugerir que Israel precisa mudar a sua política, ou judeus continuarão a morrer etc. Isso é justificativa do terrorismo! E também dei destaque à coincidência infeliz de o Conselho dos Direitos Humanos da ONU ter feito um convite a uma alta autoridade do Hamas.

Com isso, liguei o Hamas ao atentado? A esse em particular, não! O grupo terrorista já pratica outros cotidianamente, disparando foguetes contra o Sul de Israel. Lembrei uma coisinha básica: o assassino que matou quatro judeus — três delas crianças — realizou o que o Hamas tenta fazer todos os dias: matar judeus indiscriminadamente, caia o foguete onde cair. Quem faz isso merece estar na cadeia, não visitando o Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Se bem que — seria ironia ou linguagem crua demais o vem agora? — um monte de membros daquele conselho também deveria estar na cadeia…

Por Reinaldo Azevedo

 

19/03/2012 às 23:01

Oposição quer CPI para investigar fraude na saúde; líder do governo no Senado diz que isso não é necessário

No Portal G1:
Parlamentares da oposição defenderam a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)  para apurar esquemas de corrupção envolvendo licitações e compras em hospitais do país após uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, exibida no domingo (17), mostrar como as fraudes ocorrem. O senador Álvaro Dias (PSDB) disse vai recolher as assinaturas necessárias para tentar abrir uma CPI mista sobre esquemas. Para ele, a atitude dos empresários e gerentes demonstrada na reportagem é criminosa e indica que o problema da saúde pública no Brasil não é falta de dinheiro. “Precisamos urgentemente instalar uma CPI da Saúde no Congresso Nacional. Já tentamos, e quem sabe com estes fatos revelados agora no Fantástico, conseguamos realizar uma CPI para que nós apresentemos um diagnóstico da realidade da saúde no Brasil”, disse.

“CPI não”
O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), afirmou na tarde desta segunda-feira (19) que considera que não é necessária a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar esquemas de corrupção envolvendo licitações e compras em hospitais do país.
(…)
“Não seria uma CPI que modificaria essa situação. Já houve CPI no passado sobre esse tema. O que nós precisamos efetivamente é punir de forma exemplar aqueles que foram pegos praticando o malfeito”, disse o líder do governo. O líder não quis comentar se dissidências, como o PR, que anunciou que foi para a oposição ao governo, podem ajudar na conquista de assinaturas para a instalação de uma CPI. “São especulações. A gente não pode falar pelo que não está definido”, afirmou.

“Função espinhosa”
O líder do governo, que esteve reunido com a presidente Dilma Rousseff nesta segunda, afirmou que a pauta do encontro não incluiu a situação do PR, partido que passou a integrar o grupo de oposição. Braga afirmou que, mesmo com os problemas enfrentados, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, tem espaço para negociar no Senado. “A ministra é muito esforçada. Já foi senadora da República, conhece a Casa, conhece como funciona o Senado da República, tem uma boa interlocução com seus pares, mas é uma função espinhosa fazer a interlocução institucional do Parlamento”, disse.

Lembrando o caso
Em uma reportagem especial feita por Eduardo Faustini e André Luiz Azevedo, o Fantástico mostra como funciona um esquema para fraudar licitações de saúde pública, feito entre empresas fornecedoras e funcionários públicos. Com o conhecimento do diretor e do vice-diretor do hospital pediátrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o repórter Eduardo Faustini fingiu ser o novo gestor de compras da instituição. Todos os outros funcionários acreditavam que ele era mesmo o responsável pelo setor de compras, onde pôde acompanhar livremente todas as negociações e contratações de serviços.

Duas das empresas apresentadas na reportagem não se manifestaram. Outra afirmou que afastou o diretor, que é investigado e que negou ao Fantástico conhecimento das fraudes. Eles não sabiam que estavam sendo filmados. “Todo comprador de hospital, a princípio, é visto como desonesto. Acaba que essa associação do fornecedor desonesto com o comprador desonesto acaba lesando os cofres públicos. E a gente quer mostrar que isso não é assim, em alguns hospitais não é assim que funciona”, disse Edmilson Migowski, diretor do hospital.

As negociações foram todas filmadas de três ângulos diferentes e levadas até o último momento antes da liberação do pagamento. Nenhum negócio foi concretizado, nenhum centavo do dinheiro do contribuinte foi gasto.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

19/03/2012 às 22:37

Procuradoria denuncia Carlinhos Cachoeira e mais 80 pessoas

Por Fernando Mello, na Folha Online:
O Ministério Público Federal em Goiás ofereceu denúncia à Justiça Federal contra Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e mais 80 pessoas, por envolvimento em uma suposta quadrilha desarticulada pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.

Segundo a Procuradoria, o grupo era encabeçado por Carlinhos Cachoeira e explorava direitos dos pontos de jogos caça-níquel em Goiânia e no entorno de Brasília, onde as máquinas estavam clandestinamente instaladas. O negócio se mantinha com apoio de policiais militares, civis e federais.

“Esses agentes organizavam pseudoatuações, simulações de trabalhos policiais, tudo para conferir impressão de enfrentamento ao crime, ou, em outros casos, eram utilizados para eliminação de concorrentes e desarticulação de pessoas que se afastavam do controle e orientação do grupo, viabilizando um domínio territorial rígido, de longo prazo e cartelizado da atividade, monopolizando-a em todo o estado”, aponta a denúncia.

Com 205 páginas, a peça acusatória trata de crimes como formação de quadrilha armada, corrupção, peculato e violação de sigilo perpetrado por servidores públicos federais, estaduais e municipais.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

19/03/2012 às 22:27

A coragem de porre: E o PT, ora vejam, não quer ser nem contra nem a favor a liberação do álcool nos estádios

O misto de covardia e esperteza malandra do PT atinge, de vez em quando, o estado da arte. O Apedeuta prometeu à Fifa que o país daria um jeito de mudar suas leis para fazer a Copa do Mundo. A da meia-entrada para estudantes (a que me oponho, diga-se), por exemplo, vai para o vinagre, ainda que pareça que não. Como a UNE é pelega e nada na bufunfa, não vai mover uma palha. O bicho está pegando é com a questão da venda de bebida alcoólica nos estádios, o que o Estatuto do Torcedor proíbe.

Os petistas estão dando um jeito de não ser nem contra nem a favor e jogar a batata quente no colo dos estados. Num país em que o alcoolismo é um problema sério — o tema quase rende a expulsão de um correspondente estrangeiro, né? —, um partido associado à beberagem não chega a ser exatamente uma conquista. O consumo de álcool é uma dessas práticas que encontram mais praticantes do que defensores. “Ah, isso, então, é hipocrisia”! Pode até ser. O fato inegável é que o álcool está na raiz de muitas manifestações de violência — individual e coletiva.

Leiam trecho da reportagem de Nathalia Passarinho, no Portal G1:
Após mais de três horas de reunião, a bancada do PT na Câmara decidiu nesta segunda-feira (19) apoiar uma versão do texto da Lei Geral da Copa que não contenha autorização expressa da liberação da venda de bebidas alcoólicas nos jogos do Mundial de 2014. A previsão da presidência da Câmara é votar o texto em plenário nesta semana. O texto do relator da matéria, deputado Vicente Cândido (PT-SP), aprovado no mês passado na comissão especial da Lei da Copa, autoriza expressamente a venda de bebidas.

O texto original, enviado pelo Executivo ao Congresso, não libera nem proíbe a venda de álcool nos estádios. Apenas suprime a validade, durante o período da Copa do Mundo, do trecho do Estatuto do Torcedor que proíbe “portar” bebidas nos estádios. Na semana passada, o Ministério do Esporte divulgou nota dizendo que a venda de bebidas nos estádios é um compromisso do Brasil com a Federação Internacional de Futebol (Fifa) e que a autorização constaria do projeto a ser votado. De acordo com o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (PT-SP), Cândido preferia manter seu relatório, mas, diante da posição da maioria, segundo relatou Tatto, afirmou que mudará o texto, se o regimento permitir.

“No mérito, ninguém é a favor da liberação de bebidas. Ninguém concorda. Vamos defender o texto original”, disse Tatto. O governo vai avaliar se é melhor o próprio relator suprimir o artigo que libera bebidas da versão aprovada na comissão especial ou se será apresentado destaque (proposta de alteração) à matéria no plenário. Vicente Cândido criticou a posição da bancada do PT, mas disse que acatará a decisão da maioria. Para o deputado, apenas com a liberação explícita em lei federal haveria o cumprimento do compromisso do Brasil com a Fifa, já que só assim os estados deixariam de ter autonomia para proibir a comercialização.

“Ficou decidido, contra a minha vontade, que o item das bebidas seria modificado, provavelmente através de emenda. Acho que essa solução não cumpre integralmente o acordo com a Fifa”, disse. O relatório de Cândido prevê que “a venda e o consumo de bebidas, em especial as alcoólicas, nos locais oficiais de competição, são admitidos desde que o produto esteja acondicionado em copos de plástico, vedado o uso de qualquer outro tipo de embalagem”.
(…)
Para Chinaglia, com o retorno ao texto original, os estados teriam autonomia para negociar a comercialização ou não de bebidas. “A bancada decide que prefere a redação original do governo. O relator é do governo, estava presente e ele admite. Mas nós vamos auferir com as outras bancadas. Se necessário, ele mesmo altera”, afirmou Chinaglia.

Voltei
Pois é… Caso prevaleça essa tese covarde, a pressão se desloca para os estados, e o governo federal e os petistas se livram de uma questão espinhosa. A Lei Geral da Copa, é bom notar, deveria ter sido a primeira coisa aprovada nesse processo. Mas foi ficando para o fim, como todo o resto.

“E você, Reinaldo, é contra ou é a favor?”

Também nesse caso, sou a favor do cumprimento da lei. “Ah, mas o Brasil prometeu…” Quem é o Brasil? Lula não tinha autorização para “prometer” que o Congresso mudaria a lei.

Sei que anda muito influente, até entre jornalistas, esse negócio de que o Executivo, desde que clarividente, deve decidir os caminhos do Legislativo. Não gosto da ideia. Nem para clarividentes nem para obtusos. Um Executivo que rouba prerrogativas do Legislativo será sempre obscurantista. Por princípio.

Por Reinaldo Azevedo

 

19/03/2012 às 20:46

PR, PTB e PSC reavaliam apoio ao governo nesta terça

Por Gabriel Castro, na VEJA Online:
A crise do governo com a base aliada no Congresso terá novos capítulos nesta semana. Já na terça-feira, as bancadas de três partidos na Câmara têm encontros marcados para reavaliar a posição diante do Planalto. Todos têm queixas a fazer: perda de espaço no governo, congelamento de emendas parlamentares, falta de diálogo da parte do Executivo. A proximidade das eleições municipais também influencia o cenário.

Os deputados do PR se encontrarão às 18 horas e, fazendo jogo de cena ou não, falam abertamente na possibilidade de sair da base governista. A decisão dos senadores do partido, que aderiram à oposição na semana passada, influencia. O PR tem 36 deputados. A ala que defende uma guinada para a oposição conta com ao menos 12 parlamentares — a maior parte ligados a Anthony Garotinho (RJ). Com a decisão do Senado, os deputados dificilmente poderão ignorar o tema.

Garotinho tem comprado brigas com o governo federal por causa de temas que desagradam a bancada evangélica, como a nomeação de Eleonora Menicucci para a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, por causa de suas opiniões controversas com relação à legalização do aborto. Mais do que isso: aliado do DEM nas eleições municipais fluminenses, o ex-governador tem afinado o discurso com os oposicionistas como uma forma de se preparar para o embate com o grupo político do prefeito Eduardo Paes (PMDB), parceiro da presidente Dilma Rousseff.

Atualmente, a bancada do PR na Câmara tem adotado uma postura que define, na teoria, como “independente”. Na prática, acompanha o governo em todas as votações importantes. Integrantes do partido contrários à ida para a oposição argumentam que o rompimento só atrapalharia a obtenção das benesses do Executivo. O outro grupo, por sua vez, lembra que as ameaças do partido não surtiram efeito até agora. A sigla tem endossado queixas públicas contra o Planalto desde que perdeu o Ministério dos Transportes, em julho do ano passado, quando Alfredo Nascimento deixou o cargo depois que VEJA revelou irregularidades na pasta.

Novo foco
Pouco antes do encontro do PR, às 14 horas, outros dois partidos podem rever a posição de apoio a Dilma Rousseff: o PSC e o PTB. As legendas, que formam um bloco informal na Câmara com o objetivo de somar forças, farão uma reunião conjunta. Líder dos 21 deputados do PTB, Jovair Arantes (GO) diz que o rompimento com o governo não é o tema principal do encontro. “Não é esse o objetivo. Mas o assunto pode surgir”, reconhece.

Para além do discurso moderado do líder, a verdade é que a dupla PTB-PSC pode se transformar em mais um foco de insatisfação. Os dois partidos não têm ministérios e brigam por cargos menores - geralmente sem sucesso. O posto mais importante do PTB, a presidência da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), saiu das mãos do partido por causa de denúncias de corrupção mostradas por VEJA.

Sem ministérios, o PSC se queixa porque praticamente não tem cargos no governo. O principal deles talvez seja o de Antônio Borges dos Reis, cujo tamanho do título é inversamente proporcional à importância dele: diretor do Departamento de Políticas de Acessibilidade e Planejamento Urbano da Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos do Ministério das Cidades. “Nós temos uma bancada com um número interessante, como o PCdoB e o PDT”, argumenta o líder do partido, Ratinho Júnior (PR). “O que a gente busca é ter o mesmo tratamento. Quem ganha a eleição quer governar junto. Nós temos quadros para isso”. O filho do apresentador Ratinho não está de todo errado. O PRB, que agora tem Marcelo Crivella no Ministério da Pesca, conta com dez deputados. O PSC tem 17.

Insatisfação
O clima de rebelião atinge também outros partidos da base aliada. O principal deles, o PMDB, ajudou a derrubar na semana passada a indicação de Bernardo Figueiredo para a presidência da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) no Senado. No governo Dilma, os peemedebistas perderam ministérios que funcionam como vitrines, como o da Saúde. Agora, com a proximidade das eleições municipais, temem ser escanteados pelos petistas, que têm a máquina federal nas mãos.

O PDT, que perdeu o comando do Ministério do Trabalho e agora tenta reassumir a pasta, também já ensaiou movimentos de rebeldia diante do governo. As ameaças recentes de aliados motivaram Dilma Rousseff a trocar o líder do governo na Casa. Saiu Romero Jucá, entrou Eduardo Braga. Na Câmara, outra troca: Arlindo Chinaglia assumiu o lugar de Cândido Vaccarezza.

Por Reinaldo Azevedo

 

19/03/2012 às 20:13

Camus e um texto sobre liberdade de imprensa, escrito há 73 anos! Ele sentia o fedor que emanava do JEG!

Queridos, demorei um pouco para voltar, mas é por uma boa causa, como vocês verão. Abaixo, trato de um texto sobre jornalismo, escrito por Albert Camus há 73 anos. Vejam como ele já sentia, naqueles dias, o fedor que emanava do JEG!

*
Albert Camus (1913-1960), filósofo e escritor francês nascido na Argélia, escreveu em 1939 um manifesto em favor da liberdade de imprensa mesmo em tempos de guerra. A França vivia o temor da invasão nazista, e não eram poucos os jornalistas, intelectuais e políticos que já se dispunham a colaborar. O artigo foi escrito para a edição do dia 27 de novembro do Le Soir républicain, jornal diário de uma única página que circulava só na Argélia, mas foi censurado. Camus tinha, então, 26 anos e já havia sido militante do Partido Comunista, de onde tinha sido expulso três anos antes. Desde 27 de agosto, a imprensa francesa estava sob censura. Le Soir républicain, diga-se, deixou de circular por ordem do governador da Argélia em 10 de janeiro de 1940, depois de 117 números.

Deve-se a Macha Séry, colaboradora do Le Monde, o resgate do texto, escondido nos escombros do tempo. A íntegra do manifesto, em francês, está aqui. E já começa com uma ironia e tanto:
“É difícil hoje em dia defender a liberdade de imprensa sem ser tachado de extravagante acusado de ser uma Mata-Hari ou de se comportar como um sobrinho de Stálin”.

Para Camus, a liberdade de imprensa é a expressão da própria liberdade. Sem ela, diz, não há como ganhar a guerra. Um trecho demonstra com clareza seu repúdio à censura:
“Le fait qu’à cet égard un journal dépend de l’humeur ou de la compétence d’un homme démontre mieux qu’autre chose le degré d’inconscience où nous sommes parvenus.”
“O fato de um jornal depender do humor ou da competência de um homem demonstra mais do que qualqueer outra coisa o grau de loucura a que chegamos”

“Mesmo em tempos de guerra”, ele diz, são quatro os deveres do jornalista, por meio dos quais a liberdade será não apenas conservada, mas também manifestada: “la lucidité, le refus, l’ironie et l’obstination” — ou: a lucidez, a recusa (rebeldia), a ironia e a obstinação.

A lucidez
A lucidez supõe “a resistência aos mecanismos do ódio e ao culto da fatalidade”. Basta conhecer, afirma, a história europeia dos últimos anos para saber que a guerra tem causas óbvias. E é peremptório: “UM JORNALISTA, EM 1939, NÃO SE DESESPERA E LUTA POR AQUILO QUE ELE CRÊ VERDADEIRO COMO SE SUA AÇÃO PUDESSE INFLUIR NO CURSO DOS ACONTECIMENTOS”. Há um momento magistral no texto, em que trata do conceito de liberdade negativa.

A recusa
Segundo Camus, é fácil comprovar a autenticidade de uma notícia, e um jornalista livre deve pôr nisso toda a sua atenção porque, “SE NÃO PODE DIZER TUDO O QUE PENSA, PODE DEIXAR DE DIZER O QUE NÃO PENSA E AQUILO QUE ACREDITA FALSO”. E afirma: “Cette liberté toute négative est, de loin, la plus importante de toutes, si l’on sait la maintenir” - ou: “Essa liberdade negativa é, de longe, o mais importante de tudo se soubermos mantê-la”.

Vejam vocês… Em 1939, Camus já dava “un coup de pied aux fesses” de vigaristas que dizem fazer isso ou aquilo porque obrigados. Vale para o Brasil: vagabundos que estão por aí hoje posando de “progressistas” e que foram apologistas da ditadura no passado, que fique claro, o foram porque quiseram.VAMOS COMBINAR QUE ERA PROIBIDO FALAR MAL DO REGIME, MAS NÃO ERA PROIBIDO NÃO ELOGIAR O REGIME, ENTENDERAM?

A Ironia
Camus afirma que os autoritários não têm o gosto pela ironia. E cita o caso de Hitler, que não recorre à “ironia socrática”. E ela passa a ser uma arma sem precedentes contra os poderosos porque permite “não apenas recusar o que é falso, mas dizer o que é verdadeiro”. Há um trecho interessante no manifesto porque junta bom humor, pessimismo e certo pragmatismo. Em defesa da ironia, escreve:
“Um jornalista livre, em 1939, não aposta muito na inteligência daqueles que o oprimem. É pessimista no que se refere ao homem. Uma verdade anunciada num tom dogmático é censurada 9 entre 10 vezes; a mesma verdade, se dita em tom jocoso, não mais do que cinco entre dez… Essas são as possibilidades da Inteligência humana…”

A obstinação
Por fim, Camus sustenta que é preciso ter obstinação para enfrentar “a constância da estupidez, a covardia organizada e a ignorância agressiva”. Uau! Estava antevendo os petralhas no Brasil e “Los K” na Argentina na Internet…

Camus emenda:
“Aqui está um conjunto de regras para manter a liberdade mesmo dentro da servidão. “‘E depois?’, indagará alguém. Depois? Não sejamos tão apressados. Se cada francês, em seu próprio mundinho, quiser conservar o que considera verdadeiro e justo; se quiser dar a sua pequena contribuição à manutenção da liberdade, resistir à desolação e expressar a sua vontade, então, e só então, essa guerra será vencida no sentido mais profundo do termo”.

Depois da guerra, ele escreve, será preciso testar um método novo, baseado na “generosidade e na justiça”. Mas esses elementos só se exprimirão nos “corações já livres” e nos “espíritos clarividentes”. “Formar esses corações e esses espíritos — ou melhor: revelá-los — é a tarefa a um só tempo modesta e ambiciosa que cabe ao homem independente. Devemos nos entregar a ela sem olhar muito adiante”.

Se Camus não tivesse sido quem foi, não tivesse exercitado o pessimismo prudente, encerraria seu texto afirmando que esse é o caminho que fatalmente libertaria o homem e mudaria a história. Mas era quem era. E mandou ver:
“L’histoire tiendra ou ne tiendra pas compte de ces efforts. Mais ils auront été faits.”
“A história levará ou não levará em conta esses esforços. Mas [ao menos] eles terão sido feitos”.

Encerro
Acrescentei um “ao menos” nas palavras finais do texto em português para aproximá-lo do sentido original. Camus não atribui à liberdade de imprensa — e à liberdade ela-mesma — um sentido instrumental, um meio para se atingir um determinado fim, já estabelecido. Nossa tarefa, nesse particular, não é lutar na certeza de que a história reconhecerá os nossos esforços — isso não é fatal; é falso que os bons sempre vencem. Temos é de ter a certeza, na reta final de nossa própria jornada, de que os esforços terão, ao menos, sido feitos. Porque a liberdade é um bem em si.

Observem que ele escreve um texto em tempos de guerra. E trata de um valor caro aos existencialistas — não confundi-los com o Sartre que aderiu depois ao comunismo, do qual Camus havia se desligado aos 23 anos — que é o exercício da liberdade individual mesmo nas piores condições. Ou por outra: deve-se exercitar a liberdade até o limite em que ela pode ser exercitada.

Há 73 anos, Camus escrevia um texto que dá conta, ainda uma vez, da indigência intelectual, moral e existencial disso que chamo JEG (Jornalismo da Esgotosfera Governista), que exerce seu trabalho de joelhos para o poder — e olhem que vivemos tempos de paz. Boa parte de seus porta-vozes fez genuflexão também para a ditadura. Poderiam dizer: “Fomos obrigados!” Não foram, não! Era uma vocação!

Reitero: criticar o regime nos piores tempos da ditadura, com efeito, não era permitido. MAS ELOGIAR NÃO ERA UMA OBRIGAÇÃO. E a canalha agora “progressista” elogiou! Em tempos de guerra ou de paz, só sabem fazer seu trabalho de joelhos. E uns dois ou três nem precisam se ajoelhar, é bom que se diga.

Por Reinaldo Azevedo

 

19/03/2012 às 17:19

PPS deve formalizar ação contra proibição de Twitter em pré-campanha

No Estadão Online:
O presidente do Partido Popular Socialista (PPS), Roberto Freire, reiterou nesta segunda-feira, 19, em seu perfil no Twitter, que a sigla entrará com Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) contra a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de proibir o uso do site para a promoção de campanha dos pré-candidatos antes do início da campanha eleitoral, no dia 6 de julho. Segundo Freire, a ação será enviada ainda nesta segunda ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Para o presidente nacional do PPS, a decisão viola o direito de livre pensamento previsto na Constituição. Ele classificou a decisão de “equivocada” e espera que o STF derrube a medida. Roberto Freire já havia dito, também na rede de micro blogs, que a ditadura iraniana tentou proibir twitter depois das eleições fraudadas. “Nossa democracia quer proibir antes!”, ironizou.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

19/03/2012 às 16:40

Netanyahu: “No dia em que crianças judias são assassinadas, Conselho de Direitos Humanos da ONU convida para conversar um representante do Hamas”

“Tivemos hoje um ataque selvagem na França, que matou a tiros judeus franceses, entre eles, crianças. É cedo para saber o que está por trás desses assassinatos, mas acho que não dá para descartar uma forte motivação antissemita. (…) Eu não ouvi até agora uma condenação ao ataque de nenhum dos órgãos da ONU, mas ouvi dizer que um deles, o Conselho de Direitos Humanos, convidou, justamente hoje, para uma conversa um representante do Hamas — neste dia, quando tivemos um assassinato selvagem, eles optaram por convidar um membro do Hamas”.

A afirmação acima é de  Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel. Como ele mesmo diz, e é fato, não dá para saber ainda os responsáveis pelo ataque terrorista. Há indícios que ligam os crimes de agora a outros dois, cometidos contra soldados. Mas Netanyahu está absolutamente certo em expressar a sua estupefação com o convite feito a um representante do Hamas. Qual é a pauta desse grupo? O item número um é destruir Israel. O resto é consequência.

Leiam os comentários de leitores de sites e blogs do Brasil e do mundo. Até no jornal israelense Haaretz, como informou Marcos Gutterman em seu blog, há leitores concluindo que as crianças “pagaram o preço das políticas de Israel”. O substrato (i)moral desse tipo de raciocínio é o seguinte: enquanto não se resolver a questão do território palestino, a morte de inocentes é uma consequência óbvia, natural e, no fundo, justificável.

É um primado terrível. Isso significa que não são poucos, no Ocidente — refiro-me, se me permitem, ao “Ocidente democrático”, uma geografia política, não física —, os que se deixaram sequestrar pela lógica do terrorismo.

Não há escapatória: quando um conselho da ONU — por ironia, o de Direitos Humanos, coalhado de defensores de tiranos tarados — convida um representante graduado do Hamas, algo está sendo dito ao mundo: em certas circunstâncias, o assassinato de judeus faz parte do jogo político. Aliás, essa ideia criminosa está se consolidando também em relação aos cristãos, que hoje são assassinados como moscas mundo afora, sob o silêncio cúmplice da imprensa ocidental, da ONU e de bandos de autoproclamados “progressistas” que dizem lutar por um mundo melhor.

Por Reinaldo Azevedo

 

19/03/2012 às 15:30

Vaticano e comunidades judaicas condenam atentado

No Estadão Online:
O Vaticano lamentou, nesta segunda-feira,19, o ataque contra uma escola judaica na França, que provocou a morte de ao menos quatro pessoas. Em mensagem divulgada pela Rádio Vaticana, o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, classificou o acontecimento como “um ato horrível e vergonhoso”, que suscita “profunda indignação e desconcerto e a mais resoluta condenação, inclusive pela idade e pela inocência das pequenas vítimas, e porque ocorreu em uma pacífica instituição educativa judaica”.

O primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, também expressou sua “profunda indignação de desconcerto” pelo ataque. “O antissemitismo, como a xenofobia e a intolerância, são totalmente estranhos aos princípios fundadores da nossa convivência civil e do patrimônio de valores sobre os quais se apoia toda a humanidade”, atestou Monti.

A Conferência dos Rabinos Europeus (CER), com sede em Bruxelas, também lamentou o ataque. “Este ato horrível é indicativo de uma sociedade onde, para a intolerância, é permitido espalhar os seus venenos”, disse o rabino Pinchas Goldschmidt, presidente da CER. Ele também destacou que a entidade “pede às autoridades francesas para fazerem todo o necessário para garantir que o autor desse ato seja encontrado e enviado à Justiça”.

O atentado foi condenado, ainda, pela Comunidade judaica brasileira. “É inadmissível que testemunhemos um ato de tamanha violência e covardia”, avaliou Claudio Lottenberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

19/03/2012 às 15:02

Ataque a escola judaica na França deixa 4 mortos

Na VEJA Online:
Três crianças e um adulto foram mortos a tiros nesta segunda-feira em um ataque a uma escola judaica na cidade de Toulouse, no sul da França. As crianças tinham três, seis e dez anos de idade. A confirmação das mortes foi anunciada pelo procurador Michel Valet. De acordo com a agência de notícias Associated Press, três vítimas são da mesma família: um pai de 30 anos e seus dois filhos.

O primeiro balanço informava três mortos e duas pessoas gravemente feridas pelos tiros de um homem que circulava em uma moto e utilizou duas armas. Uma das armas era do mesmo calibre da utilizada no assassinato de dois soldados de um regimento de paraquedistas em Toulouse e Montauban.

“Existem elementos para que se imagine seriamente um vínculo entre esta matança e os recentes assassinatos de militares”, afirmou  Valet. O criminoso abriu fogo contra todas as pessoas que estavam diante do colégio Ozar Hatorah de Toulouse, segundo o procurador. “Ele atirou contra tudo o que tinha pela frente, crianças e adultos. As crianças foram perseguidas até dentro da da escola.”

Por Reinaldo Azevedo

 

Apareceu o vídeo de quando Paulo Henrique Amorim, o ultrapetista, ultragovernista, ultraesquerdista e ultralulista ainda não tinha a alma… vermelha! Lula era o seu alvo!

Quem vê ou lê o hoje ultrapetista, ultragovernista, ultraesquerdista e ultralulista Paulo Henrique Amorim, cuja página na Internet recebe generoso patrocínio de estatais, não diria que, na campanha eleitoral de 1998, ele foi um implacável algoz de Luiz Inácio Lula da Silva. Amorim era o chefão do Jornal da Band e liderou uma verdadeira campanha contra o então candidato petista à Presidência, que disputava o cargo pela terceira vez.

Lula teve de recorrer à Justiça e ganhou direito de resposta (ver post abaixo deste). Já escrevi um texto a respeito e perguntei se algum leitor, por acaso, teria uma fita gravada daquela memorável jornada antipetista deste valente, que agora chama a imprensa de “golpista”, descobrindo que o PT é a salvação do Brasil e da civilização. E não é que um desses aficionados por jornalismo na televisão tinha tudo guardadinho?

Vejam uma das reportagens. Volto em seguida para alguns esclarecimentos.

Voltei
Como vocês viram, na reportagem acima, Paulo Henrique Amorim já informa que Lula ganhara na Justiça o direito de resposta. O vídeo é significativo porque o agora ultrapetista, ultragovernista, ultraesquerdista e ultralulista faz uma reconstituição de sua denúncia. O esforço da investigação de Amorim buscava demonstrar que o apartamento de cobertura em que morava Lula era fruto de uma maracutaia envolvendo Roberto Teixeira, seu compadre, e o dono da construtora que levantou o edifício, que teria obtido um benefício ilegal na Prefeitura de São Bernardo quando o petista Djalma Bom era o prefeito. Existe o vídeo em que este incansável perseguidor da verdade apresenta a reportagem específica, contra Teixeira. Vocês terão a chance de vê-lo também.

Os filmes demonstram que Amorim pode mudar de opinião sobre o objeto de seus afetos e ódios, mas não muda o estilo. Em 1998, Lula era um pato manco. FHC o venceu pela segunda vez no primeiro turno. O PT tinha feito a besteira de combater o Real — do qual Paulo Henrique Amorim era, obviamente, um grande admirador. Mas também é o caso de louvar a coerência do Colosso de Rhodes do jornalismo: ele nunca muda de lado! É sempre governista e não abre mão de ser implacável com quem está fora do poder.

Entendam melhor a denúncia que ele fazia contra o Roberto Teixeira. Retomo depois.

Retomando
Atenção! Não há um só — e a Internet está aí, aberta à pesquisa — desses governistas fanáticos que não tenha sido governista fanático em qualquer tempo. E isso inclui o passado mais remoto, o regime militar. Nesse particularíssimo sentido, são todos mais espertos do que este escriba. Como comecei cedo na militância política, fui crítico de todos os governos, de Geisel pra cá. No post abaixo, há um outro momento especialíssimo do jornalismo e da política.

Que fique a lição a alguns bobalhões que saem por aí reproduzindo denúncias de alguns, como direi?, “ícones” de certo jornalismo. Ontem, o alvo era Lula — um representante da oposição. Hoje, os alvos são outros… Também da oposição! E tudo feito sempre com a mesma convicção. Enviaram-me um post em que Paulo Henrique Amorim se jacta de ganhar muito dinheiro, acusando seus eventuais críticos de inveja ou algo assim. Também exibe sinais dessa riqueza, expondo seus hábitos caros e supostamente refinados.

Sei lá a quem está respondendo. Eu nunca vi nenhum de seus críticos acusando-o de ser mal remunerado ou pouco esperto. Burros são os que reproduzem de graça as acusações que ele faz.

Por Reinaldo Azevedo

 

19/03/2012 às 6:57

O confronto entre Lula e Paulo Henrique Amorim num direito de resposta. Ou: O choque de suas éticas formidáveis

No post acima, vocês viram duas das reportagens de 1998 do Jornal da Band, que estava sob o comando de Paulo Henrique Amorim. Pois bem. Lula obteve direito de resposta, que reproduzo abaixo. É um momento raro da história porque, como vocês verão, dois gigantes da ética se encontram — em lados opostos. Mas, de algum modo, ali já estava a semente que germinaria mais tarde e que levaria os Correios e a Caixa Econômica Federal a patrocinar o colosso do jornalismo. Toda a  imprensa chapa-branca — que, segundo Agamenon Mendes Pedreira, tem a alma marrom — conta hoje com o patrocínio de estatais.

O vídeo é um pouco longo: 9min40s. Mas vale cada segundo. Vejam. Volto depois.

A ética de Lula
Lula reclama, como viram, do que considera ataque injusto contra ele, construído com inverdades. E como faz isso? Pontuo alguns momentos.
1min - Notem que ele sugere saber alguma coisa sobre a vida pessoal de Fernando Henrique Cardoso, mas, generoso que é, decidiu não usar na campanha. Nota: se a denúncia de Paulo Henrique Amorim tivesse fundamento, não se tratava de problema pessoal coisa nenhuma!

2min29s - Lula saca o argumento que ficou internacionalmente conhecido por “Minha mãe nasceu analfabeta”. Usa, para não variar, a sua origem humildade como atestado prévio de honestidade. O que é, evidentemente, uma mistificação.

3min08s - Vejam ali o chefão do PT, o partido dos dossiês, a reclamar que os jornalistas não pensam na sua família, nos seus filhos, que vão à escola. Quando foi que os petistas levaram isso em consideração? Sempre moeram a reputação dos adversários sem piedade.

4min - Para se defender, Lula sai atacando o governo FHC e saca a denúncia estupidamente mentirosa sobre o Proer. O homem que reclamava das injustiças de que era vítima atacava o muito bem-sucedido programa de reestruturação de bancos, que preparou o país para enfrentar crises. Anos depois, na Presidência, dada o estouro da bolha nos EUA, o Apedeuta sugeriu a Obama que adotasse o… Proer!

4min30s - Ataca a imprensa, que acusa de privilegiar o candidato do governo. Expoente hoje do jornalismo chapa-branca e “de alma marrom”, segundo Agamenon, Paulo Henrique acusa a imprensa de privilegiar os candidatos da oposição…

5min25s - Lula anuncia que vai processar seus acusadores. Não sei no que deu o processo. Se descobrir, eu conto.

A ética de Paulo Henrique Amorim
Vocês sabem que Paulo Henrique Amorim resistiu a cumprir o acordo judicial em que se obrigava a publicar, sem comentários adicionais, uma retratação em que reconhecia a idoneidade do jornalista Heraldo Pereira. Muito bem! Vejam, a partir de 6min19s, o que o valente faz com o direito de resposta de Lula. Encerrado o pronunciamento do outro, sem nem um intervalo, ele reitera as denúncias e ainda acrescenta supostos elementos novos.

Vale dizer: ele decidiu cumprir, muito à sua maneira, a decisão judicial. É evidente que jornalistas e veículos não são obrigados a gostar do direito de resposta nem precisam se calar depois dele. Mas há um modo ético de conduzir a questão. E, evidentemente, não é esse.

Cumpre um esclarecimento: Paulo Henrique Amorim era fanaticamente antilulista, mas não trabalhava para o governo FHC. Certamente a Band, a exemplo de todas as emissoras, tinha anúncio de estatais, mas o Colosso de Rhodes não contava com patrocínio pessoal de empresas públicas. A prática, como se conhece hoje, é criação do lulo-petismo — foi uma das inovações do modelo petista de comunicação.

Lula pedia mais responsabilidade da imprensa. Hoje, com dinheiro público, seus áulicos fazem o que se vê.

Por Reinaldo Azevedo

 

19/03/2012 às 6:47

Petistas e dirigentes do Banco Rural dizem que partido pagou suposto empréstimo; se STF aceitar a “prova”, mensaleiros vão se dar bem…

Depois de criterioso levantamento, a Procuradoria Geral da Repúbica chegou à conclusão de que falsos empréstimos feitos pelo PT para financiar o mensalão — o dinheiro tinha origem ilícita (”recursos não-contabilizados”, como poetizou Delúbio Soares) — somaram R$ 75 milhões. Pois é… O Banco Rural era um dos operadores do mensalão —  o outro era o BMG.  Pois bem. Leiam o que informa Ricardo Brito, no Estadão:
*
Às vésperas do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), o Partido dos Trabalhadores inseriu no processo uma declaração de que quitou uma milionária dívida que tinha contraído no Banco Rural, uma das instituições financeiras envolvidas no escândalo de compra de apoio político de parlamentares no governo Lula.

No dia 2 de março, a defesa de José Genoino, um dos réus da ação e ex-presidente do PT, comunicou ao ministro Joaquim Barbosa, relator do mensalão, que o partido pagou integralmente um empréstimo que havia tomado no Rural.

O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, cuja defesa também subscreve o documento, sempre sustentou que os empréstimos tiveram origem lícita e serviram para pagar dívidas do partido e de aliados da campanha de 2002. Em suas alegações finais no processo do mensalão, Genoino disse ter assinado os contratos das transações tidas como fraudulentas por “obrigação estatutária”. Era uma forma, complementou, de o PT atenuar as dificuldades financeiras por que diziam passar os diretórios regionais do partido após aquela eleição.

Ao atestar a quitação do débito, Genoino e Delúbio, em conjunto com os ex-dirigentes do Rural, reforçam a estratégia jurídica de que os recursos foram tomados dentro das normas de fiscalização do Banco Central. Se essa tese for aceita, todos vão se livrar das acusações feitas pelo ex-procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza de formação de quadrilha, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

19/03/2012 às 6:45

Dilma quer definir nome do PDT para o Trabalho

Por Vera Rosa, no Estadão:
Após uma semana conturbada por rebeliões na base do governo no Congresso, a presidente Dilma Rousseff quer mexer em mais uma cadeira da Esplanada antes da viagem à Índia, prevista para domingo. Na tentativa de conter a insatisfação no PDT, que em São Paulo namora os tucanos, Dilma deve nomear nos próximos dias o deputado Brizola Neto (RJ) para o Ministério do Trabalho.

 

A indicação, nesse momento, tem o objetivo de apaziguar o PDT, outro partido aliado que ameaça apoiar o provável candidato do PSDB à Prefeitura, José Serra, embora o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, tenha entrado na corrida paulistana.

Brizola Neto tem bom relacionamento com Dilma desde que ela era do PDT e conta com o respaldo das centrais sindicais. Não foi nomeado ainda por causa das resistências da bancada do partido na Câmara. Na quarta-feira, porém, o presidente do PDT e ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi, fez um gesto para acabar com as intrigas.

Desafeto de Brizola Neto, Lupi assinou nota negando veto a qualquer nome do PDT para ocupar sua antiga cadeira, ainda hoje com um interino. Não foi uma manifestação espontânea. Na prática, Lupi foi pressionado a tomar a iniciativa para não perder a pasta, cobiçada pelo PTB.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

18/03/2012 às 6:11

Os truques dos esquerdistas para iludir eleitores e de parte da imprensa para iludir leitores. Ou: A Internacional Comunista se funde ao “Freak Le Boom Boom”, de Gretchen, a Marilena Chaui do rebolado! Ou: “Precisamos achar uma pauta para Haddad!”

Queridos, abaixo vai um longo texto sobre o modo como as esquerdas, especialmente a petezada, com a colaboração da imprensa, tentam dar um truque no eleitor — e nos leitores. Também demonstrarei que os figurões do PT se pelam de medo de que a população se lembre de quem são os petistas e do que é o PT. A operação para tentar blindar Fernando Haddad dos temas polêmicos é gigantesca e já mobiliza os apparatchiki da academia e do jornalismo. Uma coisa curiosa: até agora, o pré-candidato tucano à Prefeitura, José Serra, não tocou em temas como o kit gay para as escolas, por exemplo. Os petistas, no entanto, não falam em outra coisa e insistem: tratar do assunto em campanha seria baixaria… Fazem isso agora para mobilizar os “progressistas” do miolo mole e a imprensa, tentado criar precocemente um cordão sanitário em torno do tema, intimidando os adversários. Quem está orientando essa estratégia? João Santana, o publicitário.  Chegarei lá. Antes, uma viagem (da razão, é claro, sem matinho…).

O leitor e eleitor que não é de São Paulo não tem como acompanhar no detalhe a realidade que abordo, mas certamente saberá do que falo porque “eles” são iguais em toda parte. Como tratarei do que, de fato, é uma falha — ou uma conformação, se quiserem — de caráter, não há diferença entre “acadêmicos” de esquerda de São Paulo, Salvador, Porto Alegre ou Xiririxa da Serra do Sul…

As editorias de política dos grandes jornais de São Paulo estão um pouco desesperadas, Por quê? Porque é preciso, afinal de contas, noticiar alguma coisa sobre Fernando Haddad, o pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo. Mas o quê? O “nosso” (delas) candidato é ruim de doer! Até Gabriel Chalita parece munido de mais dote… intelectual. O neopeemedebista é, ao menos, corajosamente cafona para vir com aquela conversa “do amor”. Desassombrado, sem medo do ridículo, conta em entrevistas que bastou uma senhora rica lhe pedir “escreve aí”, e logo nasceu um novo livro. Sem qualquer noção remota de pudor intelectual, conta que pode fundir a perseguição aos albinos da Tanzânia com o poema “Navio Negreiro”, de Castro Alves, para dar à luz uma nova obra. Chalita não pretende que gente que se leva a sério o leve a sério. Seu mundo é aquele das tias encantadas com o talento dos sobrinhos — pouco importa se o rapaz vira cambalhota ou declina todos os afluentes das margens direita e esquerda do Amazonas… Em qualquer caso, é um prodígio.

Haddad, por enquanto, nem isso. Não desenvolveu essa habilidade pra fingir talento ou esconder a falta dele. Tem-se mostrado — e não foi diferente no Ministério da Educação — um notório trapalhão. Se vai vencer ou não, isso é com o eleitorado. Na democracia, desde que não opte pela destruição das instituições, o povo sempre está certo — o que não quer dizer que sempre acerte. A consideração é mais complexa do que parece. Sigamos.

Como Lula, que o inventou como candidato, está um pouco afastado do dia a dia da política, Haddad não consegue gerar notícia. Então é preciso corrigir, com o, como posso chamar?, enfoque editorial a ausência de lead — e de ideias.

Haddad, mandam avisar os petistas, decidiu que vai agora explorar o que considera as fragilidades da Prefeitura e dos tucanos. Não!!! Que danado e criativo esse moço! Foi num insight como esse que Arquimedes pulou da banheira e gritou: “Eureca!” A primeira ideia bacana ele já teve: vai manter a inspeção veicular, mas não vai cobrar taxa! Vocês acreditam que as redações — aquelas…, loucas para bombar a pauta de Haddad — convocaram politicólogos para saber o que acharam da sugestão. Afetando a gravidade dos pensadores, eles disseram: “Haddad está tentando demonstrar que é contra impostos …” — ou qualquer cerda do gênero. Esses politicólogos, no caso,  necessariamente afinados com a esquerdopatia, só se esqueceram de dizer que, nessa hipótese, quem não tem carro pagaria por quem tem. É o que se chama socialismo moderno, que consiste em tirar de quem não tem para financiar quem tem!

Os mesmos “companheiros jornalistas” que não podem ver um ciclista passando maquiagem em outro sem que sintam palpitar seus instintos mais cicloafetivos não disseram uma virgulazinha, nada!, sobre esse benefício que Haddad quer dar aos carros. Gilberto Dimenstein, que chamou os motoristas de “idiotas sobre quatro rodas” — ele refina seu estilo a cada dia! —, que eu saiba, nada disse sobre a proposta idiota de Haddad. Aliás, chegou a hora de fazer cobranças: pode reivindicar que o Haddad garante. Se ele desconfiar que existe um grupo influente contra a Lei da Gravidade, ele prometerá revogá-la.

Os “inteliquituais”
Na busca desesperada por uma pauta virtuosa para Haddad, merecem os “inteliquituais” de esquerda, que estariam voltando ao PT. Alguns teriam ficado indignados com o mensalão, mas já passou. Esquerdista com prurido moral é cabeça de bacalhau.  Alguém que continua de esquerda depois de Stálin, Mao, Pol Pot e Fidel Castro não dá bola a pelo menos 100 milhões de mortos. Por que se incomodaria com “os recursos não-contabilizados” de Delúbio Soares? Passam a ser até um troco bem-vindo. Aliás, se a gente for investigar alguns dos que saem por aí falando, é quase certo que vamos encontrá-los pendurados em alguma bolsa disso e daquilo, longe da sala de aula e mamando nas tetas do estado — tomando vinho chique com o dinheiro dos desdentados. Mas seu coração palpita pelos pobres.  Adiante. No Estado de ontem, Vera Rosa informava o que segue em vermelho - comento em azul.

A campanha de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo vai resgatar intelectuais afastados da política e principalmente do PT desde o escândalo do mensalão, em 2005. O programa de governo do ex-ministro da Educação terá participações especiais de renomados pesquisadores e professores universitários, que se distribuirão em comissões temáticas para discutir os principais problemas da capital paulista.
Bem, o trecho me faz supor que a “dor do mensalão” já passou, certo? Os “renomados pesquisadores e professores universitários” fizeram o seu próprio tribunal e chegaram à conclusão de que operar caixa dois, comprar o Congresso, usar estatais num esquema sujo, pagar campanha eleitoral em dólares, com dinheiro ilícito, no exterior, tudo isso é coisa normal, que merece ser abençoada pela “intelligentsia”.

O diagnóstico será somado a pesquisas encomendadas ao publicitário João Santana, responsável pela propaganda de TV do candidato, com o objetivo de verificar as prioridades da população. “O que se observa, hoje, é um divórcio entre a sociedade e a administração. A ideia é que a campanha de Haddad crie um movimento suprapartidário para um processo de reflexão sobre a cidade”, resumiu o cientista político Aldo Fornazieri, coordenador técnico do programa de governo.
Eba! “Movimento suprapartidário!” Entendi! Tentarão demonstrar que Haddad não é exatamente petista. Parece que alguém roubou do PT as duas últimas eleições. A tese de fundo é a seguinte: quando a maioria vota no “partido”, há um casamento entre povo e administração; quando não vota, divórcio! De sorte que a democracia só é legítima quando os petistas vencem. Se não é assim, então alguma distorção está em curso.  Essa gente tem a coragem de entrar numa sala de aula e falar como especialista, como cientista político!

Há uma semana, cerca de 100 intelectuais - entre pesquisadores e professores da USP, Unicamp, Unifesp e Fundação-Escola de Sociologia e Política - reuniram-se com Haddad. Muitos afastados da política partidária, decidiram colaborar com a campanha e se reaproximar do PT. Na lista constam nomes como Olgária Matos, Ruy Fausto, Leda Paulani, Ricardo Carneiro e Walquíria Leão Rego. O primeiro seminário temático da plataforma de governo, sobre educação, está marcado para hoje e será coordenado pelo professor Mário Sérgio Cortella.
O único aí que não é um petista — ou ainda mais à esquerda! — do calcanhar rachado é Cortella — mas também não está muito distante da turma, não! Algumas de suas generalidades — é, assim, um Chalita com mais leitura — servem para conferir certa aparência pluralista ao grupo. Olgária Matos? Bem, o meu arquivo está aí. Cadê Marilena Chaui, a Gretchen do rebolado petista? Só ela pode unir o pensamento de Spinoza com o caixa dois de Dlúbio; só ela pode cantar o hino da Internacional Comunista ao ritmo do “Freak Le Boom Boom”. Posso imaginar:

De pé, ó vítimas da fome
De pé, famélicos da terra
Da ideia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra.

Boom boom, freak le boom boom,
Only you, you better all, I shake it up, cause awh!l
I need a man and my body is for you, oh, yes
Oh I, I love you baby, all the time
I want you, baby, in my mind

Cortai o mal bem pelo fundo
De pé, de pé, não mais senhores
Se nada somos em tal mundo
Sejamos tudo, ó produtores

Oh, yes
Oh it’s all right, I love you baby, all the time
I want you, baby, in my mind
I need, te quiero, Je t’aime, oh
boom boom, freak le boom boom
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Sigamos com a matéria no Estadão.
“Ponho minha mão no fogo pelo Fernando, mas, se ele estivesse com Kassab e Meirelles no palanque, ia votar quietinha, mas não participaria”, disse Leda Paulani, professora titular do Departamento de Economia da USP, numa referência ao prefeito Gilberto Kassab (PSD) e ao ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. “Seria contraditório com tudo o que escrevi.”
Esta senhora dá aula de economia? Já ouvi falar porque a reputação precede as aulas. Fazer o quê? Se Haddad estivesse com Kassab e Meirelles, ela votaria quietinha. A professora Leda deve ensinar a seus alunos — tentar ao menos; se a turma da FEA caísse na dela, estaria invadindo reitoria —  que a pior parte dos oito anos do governo Lula foi o Banco Central… Mas isso nem é o mais interessante. Boa esquerdista, ela estaria preocupada em não parecer “contraditória”. Fosse dada a ela a tarefa de resumir um lema para a mulher de César, parece que seria este: “Ela não tem de ser honesta, mas tem de parecer…”
Mais: esta senhora alimenta o mito de que tudo o que pode haver de errado nos governos petitas é obra de aliados. Pelos “companheiros”, ela põe a mão no fogo. A síntese moral de pensamento tão elevado é a seguinte: não importa com quantos maus (segundo a ótima esquerdopata) os petistas se unam, eles serão sempre bons.

Integrante do PSD de Kassab, Meirelles chegou a ser cotado para vice de Haddad, mas a aliança com o PT naufragou depois que o ex-governador José Serra (PSDB) entrou no páreo. Paulani respirou aliviada e promete ajudar no programa. Ela se desfiliou do PT depois da crise do mensalão e diz estar feliz por voltar a “lutar de novo” na política.
Ah, entendi. Aquela “coisa” do mensalão já passou, né? Ela deve achar que, agora, está tudo bem. Mais curioso ainda: ela acha que Kassab macularia a honra de seu partido, mas José Sarney e Renan Calheiros, para citar apenas dois patriotas, certamente a dignificam!

“Sabemos como o Fernando pensa e ele tem a capacidade de aglutinar as pessoas. Se fosse outro candidato do PT, seguramente não teria”, afirmou a economista. Para a professora Walquíria Leão Rego, titular do Departamento de Ciência Política da Unicamp, os intelectuais de esquerda estão dispostos a resgatar a militância política.
O “Fernando…” Ah, essa intimidade é tão “cute“, quero dizer, tão cute-cute!!! Opa! Agora veio a Leão do Rego! Preparem-se:

“Chegou o momento crucial, e há o sentimento de que temos de fazer alguma coisa, mesmo sem tribuna. Não podemos deixar que o Serra faça com o Haddad o que fez com a Dilma em 2010″, argumentou Walquíria, numa alusão ao confronto religioso que marcou a campanha entre o ex-governador e a petista Dilma Rousseff, eleita presidente. “Para os tucanos, o combate em São Paulo é de vida ou morte”, disse a socióloga, que tem vários estudos sobre o programa Bolsa Família.
***Oh, coitadinha da Dilma! O que será que o Serra fez com ela? Serra uma ova! Quem cobrou as opiniões da então candidata sobre o aborto foi a sociedade. Aliás, com serenidade, lembro a Vera Rosa que sua síntese do acontecido é imprecisa além do aceitável. Faz supor que o então candidato tucano à Presidência liderou alguma pregação de cunho religioso. E isso é simplesmente falso. Desafio alguém a demonstrar que ele sequer tocou no assunto - só quando foi indagado a respeito. Aliás, foi um erro! Deveria ter tratado do assunto, sim! Quem falta com a verdade nesse assunto pode fazer o mesmo em outros. Aliás, Dilma já desistiu da instalação das UPPs, por exemplo. Também não construiu as creches nem fez as UPAs…

Concluindo…
O cavalo dessa Walquíria não é grande coisa, coitado! Existe, sim, um movimento de “volta ao sectarismo” da esquerda universitária, que está preocupada — como Gilberto Carvalho deixou claro no Fórum Social Mundial — com os valores que considera “reacionários” da classe média, especialmente disso que os deslumbrados chamam “nova classe média” (que é só o pobre que não passa fome, mas que mora mal, por exemplo).

Os filminhos do kit gay de Haddad, se exibidos para essa faixa da população, o liquidariam eleitoralmente. Não porque essa “nova classe média” seja burra, não porque ela seja reacionária, não porque ela seja desinformada, mas porque eles são mesmo absurdos.

Assim, antes que alguém tenha ideia de exibi-los às massas, eles gritam: “Baixaria! Isso não!” GOSTARIA QUE ALGUM COLEGUINHA ESCREVESSE UM TEXTO EXPLICANDO POR QUE “ISSO NÃO”. Quer dizer que o ministro pode preparar aquelas peças para os filhos dos eleitores, mas eles mesmos estariam proibidos de conhecê-las? O pré-candidato já andou se posicionando até sobre o aborto. Apressou-se em dizer que, “como homem”, é contra! Sei. E como vegetal? E como mineral? Se fosse mulher, seria a favor?

Eis aí. O esforço para achar uma pauta virtuosa para Haddad - inclusive nas redações - é imenso. E noto que a mobilização dos ditos “inteliquituais” de esquerda, que já superaram o trauma do mensalão, busca proteger  o “Fernando” da obra de “Haddad”. Como disse aquela, “não podemos deixar Serra fazer com Haddad o que fez com Dilma”. O que foi mesmo que ele fez? Ah, disputou com ela a eleição! Onde já se viu uma coisa dessas? Isso é inaceitável!

Por Reinaldo Azevedo

 

18/03/2012 às 6:07

Tio Rei imita o estilo do esguicho do pato

Caramba!

Um leitor me mandou umas coisas muito interessantes sobre um notório amigo do regime. Um verdadeiro puxa-saco.

Trata-se de alguém que, à primeira vista, passa a impressão de estar de joelhos.

Mas ele não está.

Exerce seu trabalho de adoração em pé mesmo!

É um espanto!

Por quê?

Porque o seu herói de agora era o seu inimigo não faz muito tempo!

Ele é o único assim?

É o único que hoje é pago para amar o que antes era pago para odiar?

Claro que não!

Mascatear simpatias e antipatias é a profissão dessa gente.

Um pergunta: “Quer pagar quanto para eu odiar?”

O outro emula: “Quer pagar quanto para eu amar?”

O dinheiro, leitor, é sempre seu.

Há imbecis que caem na conversa.

Pois é… Os covardes todos se converteram ao lulo-petismo a partir da reta final de 2002.

Os decentes continuaram a defender a democracia. Elogiam quando é o caso. Criticam quando necessário.

Vocês saberão de tudo.

Por que estou escrevendo assim, aos esguichos, mais ou menos como o pato defeca?

Porque tenho senso de humor e sei imitar um idiota.

Mas um idiota é incapaz de imitar seu antípoda.

Seria preciso saber, ao menos, trabalhar com pronomes relativos e as conjunções integrantes.

Seria preciso contar com leitores que não tivessem os dois pés no chão — e as duas mãos também (como diria Ivan Lessa).

Aguardem.

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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