O mensalão, o Supremo e as baixarias dos petistas em favor da impunidade

Publicado em 18/04/2012 11:34 e atualizado em 29/08/2013 15:21

“Ele não tem esse direito”.

Essa foi a sentença expedida pelo petista Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo e um dos braços operativos de Lula, diante da hipótese de que Dias Toffoli, ministro do Supremo, possa se declarar suspeito para participar do julgamento do mensalão. Ex-advogado do PT e tendo uma namorada que atuou na defesa de um dos mensaleiros, não falta gente de bom senso que lhe recomende — ainda bastante jovem (44 anos) e com uma longa carreira pela frente no Supremo ou fora dele — que se inclua fora dessa. Ele diz não ver óbices à sua participação. Não parece um posicionamento muito sensato, já digo por quê.

Toffoli tem se comportado com bastante correção nos julgamentos. Até agora, gostei de todos os votos que proferiu. Fico bastante à vontade para dizê-lo porque fui um duro crítico de sua indicação, como todos sabem. E acho que os meus critérios estavam corretos. Justamente porque sei distinguir o certo do errado, destaco a correção de sua atuação. Por isso mesmo, ele tem de tomar cuidado. Ainda que visse motivos técnicos para inocentar este ou aquele (ou todos), ninguém acreditaria neles. Comprometeria sua trajetória no Supremo até aqui (curta, mas respeitável) e seu futuro. A um ministro do Supremo, como naquele clichê sobre a mulher de César, não basta ser honesto. É preciso parecer também. Se Toffoli parecerá honesto apenas condenando e se parecerá desonesto absolvendo, ainda que esteja atendendo apenas ao império de sua consciência, então é forçoso concluir que as circunstâncias — muitas delas de sua própria escolha — lhe tiraram a independência nesse caso.

A fala de Luiz Marinho, diga-se, é a evidência do cuidado que Toffoli deve tomar. Ao afirmar que o ministro “não tem o direito” de se declarar impedido, Marinho está dando o voto do outro como favas contadas, numa evidência escandalosa de desrespeito. O ministro já deu um mau passo recebendo em audiência o mensaleiro João Paulo Cunha (PT-SP) — ver post abaixo. Certo, certo… O deputado é presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (o que é uma piada grotesca!), mas é também um dos peixões do processo. Não basta ser. Tem também de parecer!

Ayres Britto, o novo presidente do Supremo, garante que o mensalão será julgado neste ano, pouco importa se em período eleitoral ou não. É o que veremos. Em setembro, Cezar Peluso deixa a Corte porque faz 70 anhos. Em novembro, quem se aposenta é o próprio Britto. Digamos que Toffoli decida não participar. Há o risco de que o tribunal esteja reduzido a apenas oito pessoas. E não faltarão almas extremosas para sustentar que um processo com essa importância não pode ser julgado com quórum tão baixo.

Isso só evidencia a necessidade de o ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo, entregar logo o seu trabalho. Indagado quando este seria concluído,  saiu-se mal num gracejo: “Essa é a pergunta de US$ 1 milhão”. Num momento da vida pública brasileira em que tudo parece ter um preço, muito especialmente as convicções, é o tipo de piada infeliz, que parece escarnecer de uma justíssima demanda de amplos setores da sociedade brasileira, que já não aguentam mais tanta esculhambação.

A movimentação dos petistas para tentar melar o processo é digna da turma que protagonizou o maior escândalo de corrupção da história republicana. Caberá aos ministros do Supremo decidir se mantêm aceso o lume da esperança ou se o apagam de vez.

O tiro petista saiu pela culatra. Foi de tal sorte desavergonhada a mobilização, foram tantos os argumentos ridículos, foi tão escandalosa a pressão — de que a fala de Luiz Marinho é uma evidência — que amplos setores da sociedade despertaram para a questão.

Lewandowski tem de concluir o seu trabalho de revisão. Ou tem de dizer por que não conclui. Em suas mãos, está a reputação de um dos Poderes da República.

Por Reinaldo Azevedo

 

18/04/2012 às 6:25

O mensaleiro João Paulo Cunha já procurou cinco ministros do Supremo

Por Carolina Brígido e Roberto Maltchick, no Globo:
Réu no processo do mensalão, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) bateu pessoalmente à porta do Supremo Tribunal Federal (STF). Pediu audiência a cinco ministros. Por enquanto, foi recebido por Dias Toffoli em seu gabinete na semana passada. O ministro confirmou o encontro, mas alegou que o parlamentar o procurou na condição de integrante da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Teria ido apenas para entregar o relatório final da comissão de juristas que estuda mudanças no Código Penal. Porém, João Paulo não relata a comissão, nem recebeu missão para representá-la no STF.

Perguntado se trataram do mensalão, Toffoli garantiu que não. Disse que o interlocutor sequer puxou o assunto. Questionado sobre o motivo do encontro, João Paulo reagiu como se o conteúdo da conversa não devesse ser divulgado. O GLOBO perguntou se fora tratar de algum projeto de lei, João Paulo Cunha respondeu com uma gargalhada: “Para esse assunto (o julgamento do mensalão), o GLOBO não me ouve. Sobre esse assunto eu não vou falar. Não tenho razão. Posso falar de outra coisa”, disse o deputado, após ser insistentemente questionado sobre o motivo da visita ao gabinete de Toffoli.

O parlamentar tem uma audiência marcada com o ministro Celso de Mello. A assessoria do ministro não divulgou quando será. Nesta terça-feira à tarde, a assessoria de João Paulo telefonou ao gabinete de Carlos Ayres Britto para pedir uma audiência. O ministro assumirá a presidência do tribunal na quinta-feira - e, espera-se, presidirá o julgamento do mensalão. Por falta de disponibilidade na agenda, o encontro não foi marcado. Mas não houve recusa em agendá-lo para adiante.

Recentemente, a assessoria do deputado também procurou o gabinete de Marco Aurélio Mello. A audiência não foi marcada por falta de horário disponível. O mesmo ocorreu no gabinete de Luiz Fux. As assessorias dos gabinetes informaram que o parlamentar não revelou o motivo do encontro. Questionados pelo GLOBO, os demais ministros ou suas respectivas assessorias negaram ter sido procurados pelo parlamentar para o mesmo fim.

Às vésperas do julgamento do mensalão, que deve ocorrer ainda neste semestre, ainda é uma incógnita a participação de Dias Toffoli na votação. Isso porque, entre seus colegas, paira a certeza que ele estaria impedido para julgar o caso. Há dois motivos. Um deles, porque à época do suposto mensalão, Toffoli era assessor jurídico na Casa Civil, subordinado do então ministro-chefe da pasta, José Dirceu, um dos 38 réus no processo. Toffoli e Dirceu eram amigos e costumavam frequentar as casas um do outro em eventos festivos.

O outro motivo é que a companheira de Toffoli, a advogada Roberta Rangel, atuava na defesa do ex-deputado Professor Luizinho, para quem fez sustentação oral no STF quando foi julgada a denúncia do Ministério Público contra os acusados, em agosto de 2007. À época, Roberta e Toffoli atuavam no mesmo escritório de advocacia. Hoje, Roberta não defende mais nenhum réu no processo. Mesmo diante dos fatos, Toffoli não declarou ainda se participará ou não do julgamento.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

18/04/2012 às 6:19

Cristina e seu jovem inspirador de costeletas grandes…

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, começou a flertar com a derrocada. Vamos ver quanto tempo vai demorar até a desmoralização. O discurso anti-imperialista costuma ser o último refúgio de quem não tem mais nada a dizer — ou a fazer. A sessão no Senado de ontem, quando a área econômica do governo explicou a nacionalização da YPF, foi uma patuscada, uma pantomima. E o vice-ministro da economia, Axel Kicillof, este senhor que vocês veem abaixo, comandou o show. O Brasil também foi tungado. Já chego lá.

kicillof

Camisa aberta ao peito, cabelos em desalinho (que esconde um prenúncio de calvície), olhos azuis de galã de folhetim e costeletas de milongueiro, eis Kicillof. Consta que Cristina está inteiramente entregue a seus cuidados… E até a suas ideias.

Só os tolos ignoram a aparência quando ela se faz tão eloquente. Imaginem se alguém exibindo essas costeletas e se comportando no Senado da República como se estivesse num boteco pode ditar os rumos da economia. E, no entanto, Kicillof, de 41 anos, egresso da “juventude kirchnerista” — esse negócio de “juventude” dedicada a um líder nunca resulta em boa coisa — dá hoje as cartas. Entusiasta da reestatização, é ele o principal interlocutor da presidente e arquiteto da retomada da YPF.

Os espanhóis querem US$ 10,5 bilhões pela empresa. Kicillof disse que o governo não vai pagar. Em sua exposição, a que não faltou murro na mesa, afirmou: “Não pagaremos à Repsol aquilo que eles querem. São imbecis os que pensam que o Estado argentino deve ser tonto e cumprir aquilo que a empresa deseja”. Deixou claro, também com o vocabulário, o padrão em que passou a operar o governo argentino. A canalha dita anti-imperialista chega aos estertores do prazer, baba de satisfação. Segurança jurídica pra quê? A empresa e o governo espanhóis dizem que vão recorrer à arbitragem internacional. Uma coisa é certa: investir na Argentina passou a ser uma operação de risco.

Petrobras
O Brasil não está fora do furor nacionalista da dupla Cristina-Kicillof. O governo argentino cancelou, sem mais nem menos e sem prévio aviso, uma concessão da Petrobras na província de Neuquén. Ao mesmo tempo, exorta a empresa a investir mais no país, entenderam? O governo brasileiro, até agora, está mudo. Edison Lobão, ministro das Minas e Energia, limitou-se a reconhecer a “soberania” dos argentinos para tomar suas decisões, como se isso estivesse em debate. E, no entanto, não está.

Até agora, só um “líder” emprestou seu apoio irrestrito ao governo argentino: Hugo Chávez! Néstor, marido e antecessor de Cristina, era conhecido por seu temperamento mercurial. Muitos desconfiavam que não batesse bem dos pinos. Começa a se ver agora que era ele a parte moderada do casal…

Por Reinaldo Azevedo

 

18/04/2012 às 6:17

Foco da CPI, construtora teria rede de laranjas para lavar quase R$ 26 milhões

Por Alana Rizzo e Fábio Fabrini, no Estadão:
Foco das investigações da CPI do Cachoeira, prestes a ser instalada no Congresso, a Delta Construções é suspeita de montar uma rede de laranjas para lavar dinheiro numa triangulação com outra construtora, a Alberto e Pantoja Construções e Transporte Ltda. Análise da lista de beneficiários de pagamentos realizados pela Alberto e Pantoja indica que a Delta pode ter abastecido contas bancárias em nomes de pessoas que negam, publicamente, ter recebido as quantias registradas na perícia da Polícia Federal.

Destino de R$ 26,2 milhões da Delta, a Alberto e Pantoja fez pagamentos até a um cabeleireiro. Outras transferências tiveram como destino empresas que não funcionam no endereço registrado. O modelo da operação e as negativas reiteradas dos supostos beneficiários indicam, segundo o Ministério Público, prática de lavagem de dinheiro nas operações que movimentaram mais de R$ 25,8 milhões entre 2010 e 2011.

Entre os principais destinatários do dinheiro do esquema está Pedro Batistoti Júnior, tecnólogo e ex-funcionário da Delta em MS. Laudos da PF atestam que ele teria recebido R$ 300 mil. “Se tivesse R$ 300 mil não precisaria pedir R$ 20 para comprar almoço. Não tenho nada com isso”, disse. Há nove anos trabalhando em um salão de beleza em Goiânia, o cabeleireiro Jefferson Dirceu Santos aparece na lista de destinatários dos recursos. “Que? R$ 60 mil? Nunca recebi nada desse valor e muito menos dessas pessoas. Só podem ter usado o meu nome.”

Dona da Serpes, empresa de pesquisas de opinião em Goiás, Ana Cardoso de Lorenzo, que teria recebido R$ 56 mil da Pantoja, se espantou ao ser questionada pelo Estado: “Você está doido? Nem conheço!” Um dos responsáveis pela empresa, o marido dela, Antônio Lorenzo, disse nunca ter ouvido falar na construtora investigada pela PF. “Os valores, para mim, são exageradamente altos. Prestamos serviços de R$ 5 mil, R$ 7 mil. De cifra assim eu me lembraria”, disse, prometendo fazer uma pesquisa ampla dos negócios anteriores para desvendar o “enigma”.

As relações da Delta com a organização criminosa comandada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira vieram à tona na Operação Monte Carlo. Segundo as investigações, Cachoeira era ligado ao então diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu. Eles negociavam contratos com o poder público. Suspeita-se que subornavam servidores públicos e que tenham participado da arrecadação ilegal para campanhas eleitorais. Constam ainda na relação empresas de Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Minas e Pará. Em São Paulo, a Camarada Confecção Ltda., que teria recebido R$ 303 mil, não foi encontrada no endereço em que está registrada no Brás. “Não tem essa empresa aqui. Há mais de 20 anos funciona a Santar, de importação de queijos e vinhos,” disse a atendente.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

18/04/2012 às 6:15

Demóstenes negociou verba para beneficiar empreiteira do PAC, sustenta MP; prefeito petista nega

Por Fernando Mello e Leandro Colon, na Folha:
O senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) usou o cargo para negociar um projeto de R$ 8 milhões em favor da Delta Construções, apontam gravações telefônicas e relatório do Ministério Público Federal obtidos pela Folha. De acordo com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, há evidências de que Demóstenes atuava como “sócio oculto” da Delta, empresa que desde 2007 é a que mais recebe recursos do governo federal, principalmente por obras do Programa de Aceleração do Crescimento.O procurador-geral se baseia principalmente em gravação em que o senador indica condicionar o envio de recursos para uma obra em Anápolis (GO) à escolha da Delta para tocar o projeto. O negocio se daria por intermédio do empresário Carlinhos Cachoeira, que teria relações com a empresa e que está preso desde fevereiro sob acusação de comandar esquema de jogo ilegal.
(…)
A Polícia Federal gravou a conversa telefônica entre Demóstenes e Cachoeira em 9 de julho de 2011.  No diálogo, o senador relatou o encontro que acabara de ter com o prefeito de Anápolis (GO), Antônio Gomide (PT), que lhe pediu ajuda para construir um parque ecológico, orçado em R$ 8 milhões. Como senador, Demóstenes tem direito a direcionar verbas para esse tipo de obra por meio de emendas ao Orçamento federal. No telefonema, o senador relata que teria dito ao prefeito ser possível enviar a verba para a cidade, mas que era para ele dar “preferência” ao grupo de Cachoeira.
(…)
Outro lado
(…) O prefeito de Anápolis, Antônio Gomide (PT), confirmou o encontro com Demóstenes. Disse que procurou o senador para conseguir recursos para construir um parque na cidade. “O Demóstenes acenou que poderia fazer uma emenda parlamentar.”

O petista negou que o senador tenha pedido “preferência” à Delta, conforme indica a gravação. “Nunca conversei com Demóstenes sobre Delta. Ele falou que queria ter preferência para fazer o parque com emenda dele.”
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

18/04/2012 às 6:11

Governador de Goiás nega que Cachoeira influencie sua gestão

Por Estelita Hass Carazzai, na Folha:
Em encontro de governadores do PSDB ontem em Curitiba, o governador de Goiás, Marconi Perillo, recebeu apoio dos colegas diante de suspeitas de envolvimento com Carlos Cachoeira e negou influência do empresário em seu governo.  Cachoeira, que é de Goiás, está preso desde 29 de fevereiro sob acusação de comandar esquema de jogo ilegal. Ontem, Perillo disse que “não há omissão” de seu governo em relação à contravenção. Citou ainda que, sob sua gestão, a Polícia Civil fez 400 operações no Estado para combater jogos ilegais. Três funcionários do alto escalão do governo goiano já foram exonerados após serem citados em gravações da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que prendeu Cachoeira.

Há suspeitas ainda sobre contrato do governo com a construtora Delta -investigada pela PF- e sobre eventual influência de Cachoeira em nomeações na gestão. Em gravações divulgadas anteontem pelo “Jornal Nacional”, por exemplo, o ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcez (PSDB), aliado de Perillo há mais de 20 anos, diz a Cachoeira que “o governador liberou os negócios” e que há “mais quatro pedidos”, sendo que um deles será “lotado nas nomeações”. Perillo disse ter investigado a suspeita e que não há irregularidades. “Os cargos no governo de Goiás são preenchidos por critérios de competência técnica”, afirmou.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

17/04/2012 às 22:31

Julian Assange: a última do delinquente com máscara de herói

Coloquem ali no mecanismo de procura do blog o nome de Julian Assange, o homem do WikiLeaks, e você verão o resultado. Esse delinquente nunca me enganou. Há uma enorme, uma gigantesca, uma brutal diferença entre divulgar informações que chegam a jornalistas e patrocinar ilegalidades para obtê-las; entre denunciar crimes e violar sigilos que, muitas vezes, protegem pessoas. Assange é a perversão da transparência. Ele patrocina práticas criminosas sob o pretexto de cuidar do interesse público; ele ignora prerrogativas dos estados democráticos em nome da democracia.

Leiam o que informa a VEJA Online. Volto em seguida.

Em estreia na TV russa, Assange entrevista líder do Hezbollah

A emissora estatal russa de TV Russia Today estreiou nesta terça-feira The World Tomorrow (O mundo amanhã, em tradução literal), programa de entrevistas encabeçado por Julian Assange, fundador do Wikileaks, responsável pelo vazamento de milhares de documentos secretos de empresas e governos. A escolha do primeiro convidado do programa - Hassan Nasrallah, líder do grupo terrorista Hezbollah, em atividade no Líbano - deixou claro que Assange está disposto a abraçar qualquer companhia para dar vazão a seu antiamericanismo.

O programa foi gravado na Grã-Bretanha, onde Assange é mantido em prisão domiciliar à espera de uma decisão sobre sua extradição à Suécia, país que o requer para interrogá-lo por quatro supostos crimes sexuais. Ele disse que esperava ser tratado como um “combatente inimigo, traidor, que dorme na cama do Kremlin e conduz entrevistas com terríveis (militantes) radicais”, segundo o site da Russia Today. É mais ou menos a esse papel que ele se prestou mesmo.

Em sua estreia, o fundador se limitou a criticar os Estados Unidos e optou por se calar quanto aos problemas enfrentandos pela própria Rússia. Em nenhum momento o fundador do Wikileaks deflagrou comentários sobre os altos índices de corrupção do país ou sobre a fortuna secreta de Vladimir Putin, citada em documentos da organização em 2010.   

Para Luke Harding, colunista do jornal britânico The Guardian, a relação de Assange com a estatal Russia Today e a escolha do terrorista Nasrallah para a estreia do programa deve ser vista com desconfiança. O representante do Hezbollah foi oportunista ao aproveitar a chance e a repercussão da transmissão para reafirmar o seu apoio ao regime sírio, que reprime há mais de um ano um movimento de contestaçao. Não por coincidência, a Rússia defende a mesma posição. 

“A estreia do fundador do Wikileaks na TV russa não concede a Assange o título de revolucionário destemido. Apenas comprova o contrário: ele não passa de um idiota útil”, afirma Harding na coluna.
(…)

Voltei
Eis aí. Isso é Assange. No dia 12 de janeiro de 2011, escrevi um texto sobre este senhor chamado “Herói dos esquerdopatas”. Leiam:

Vocês precisariam ficar um tantinho do lado de cá do laptop para perceber: Julian Assange se tornou o herói da corja que se quer “antiimperialista”, aquela gente esquisita e burra que chama os americanos de “estado-unidenses” para deixar claro que a “América pertence a todos nós” - vale dizer: a vocês, a mim, a Hugo Chávez e a Daniel Ortega… Aliás, catei um “estado-unidense” dia desses num livro didático de história de uma das minhas filhas, que abri por acaso. Fui ler com mais atenção o resto. Lixo esquerdopata em escola particular “dazalite”… Entendo. Quando não queimam livros, tentam queimar o cérebro das crianças.

Chega a me surpreender que alguns tantos bípedes, que andam com a coluna ereta e dão uma boa destinação ao cérebro, ainda não tenham percebido qual é a do tal Julian e o confundam com um paladino de uma sociedade “verdadeiramente democrática”, que seria aquela onde não há segredos.

Vênia máxima, isso não passa de uma grande bobagem. Sociedades sem segredos são as totalitárias. Quem ainda não compreendeu que o sigilo, dentro das regras pactuadas, também serve à proteção das liberdades públicas e individuais não sabe o que é democracia. O estado americano está submetido ao controle democrático, o que não é o caso de Assange.

Um delinquente, que vive sendo chutado daqui - mas volta sempre -, esquerdopata assumido, resolveu bordar suas boçalidades em defesa de Assange com uma frase que ele deve ter acariciado mais ou menos como Michelangelo fez com o seu Moisés, ao mirar a perfeição: “Liberdade só serve se for irrestrita”. Ulalá! Vai ver é por isso que ele se alinha com um governo que passa a mão na cabeça dos tiranos: já que a liberdade não pode ser irrestrita mesmo, então vamos dar vivas às ditaduras!

Assange e liberdade de imprensa não se confundem. Os jornalistas continuam a publicar o que ele vaza, sem restrições. Mas um estado que não se ocupasse de tentar punir a cadeia criminosa que resultou no vazamento teria de ser dissolvido. Ai dos americanos - e do mundo! - se o governo dos EUA desse de ombros para o fato!

Há mais: Assange usa as informações, de que se tornou monopolista - é mentira que o WikiLeaks seja hoje só um site de vazamentos, sem filtros -, para fazer uma espécie de chantagem branca. Ora anuncia que tem informações sobre um grande banco, ora promete acelerar os vazamentos, depois recua um pouquinho… O megalômano se quer o adversário nº 1 da Casa Branca, o “outro” a quem o governo americano deveria, de algum modo, se reportar em suas decisões.

Não dá! Assange faça um site para divulgar os segredos das ditaduras, e renderei a ele a minha homenagem. Enquanto ele servir para fazer com que os EUA pareçam um lugar pior do que a China, eu continuarei a tratá-lo segundo aquilo que acho que ele é: um vigarista que estimula outros vigaristas a cometer crimes contra a ordem democrática.

Não por acaso, tornou-se o herói dos esquerdopatas que pretendem derrotar os “estado-unidenses”….

Por Reinaldo Azevedo

 

17/04/2012 às 21:44

Câmara do Distrito Federal decide criar CPI para investigar arapongagem do governo Agnelo; no horizonte, o impeachment

A maioria dos deputados distritais do Distrito Federal aprovou a criação da CPI da Arapongagem, que vai investigar um esquema de espionagem ilegal montado pelo governo de Agnelo Queiroz (PT), em Brasília. Segundo a deputada Celina Leão (PSD), nada menos de 80 pessoas já foram ilegalmente investigadas pela Casa Militar. Entre os alvos, estão jornalistas, procuradores e parlamentares. Celina disse à Folha que “mais da metade dos deputados distritais tiveram seus sigilos violados”.

Leia post publicado ontem neste blog. Volto depois:

O caso Cachoeira já não é o mais recente escândalo que envolve Agnelo. Ou: governo petista do DF montou estrutura ilegal para espionar adversários

Uma pesquisa de novembro do ano passado demonstrou que, se a eleição para o governo do Distrito Federal se desse naquele mês, o petista Agnelo Queiroz perderia até para Joaquim Roriz e José Roberto Arruda, que deixou o poder de maneira humilhante. Imaginem o desespero do eleitorado!!! Dez meses bastaram para que a população percebesse o que estava e está em curso. De novembro pra cá, não houve nenhuma mudança de qualidade na gestão. Mas a lista de suspeitas e acusações envolvendo o nome do governador cresceu muito.

O mais recente escândalo de que é um dos protagonistas é o Caso Cachoeira. Ou melhor: era! Reportagem de Rodrigo Rangel na VEJA desta semana informa que o Ministério Público descobriu que o governo petista de Brasília criou uma repartição para investigar aliados, adversários políticos, promotores e jornalistas. Eis Agnelo dando curso ao modo petista de governar e de praticar a democracia. Leiam trecho da reportagem de VEJA. Volto em seguida.

(…)
A ação ilegal de arapongas a serviço do governador está sob investigação do Ministério Público do Distrito Federal. Policiais militares formalmente lotados no palácio do governo, a poucos metros de seu gabinete, violaram sistemas oficiais de informações, inclusive da Receita Federal, para levantar dados sobre alvos escolhidos pelo gabinete do governador. A bisbilhotagem, até onde os investigadores já descobriram, começou no fim do ano passado e teve como vítima o deputado federal Fernando Francischini, do PSDB do Paraná. Delegado da Polícia Federal, Francischini tornou-se inimigo de Agnelo depois de defender publicamente a prisão do governador com base em documentos que comprovariam uma evolução patrimonial incompatível com os vencimentos do petista. A partir daí, começaram a circular em Brasília dossiês com detalhes da vida privada do deputado, que registrou queixa na polícia. O Ministério Público, então, passou a investigar a origem das informações que constavam nos dossiês. Para identificar os responsáveis, foram feitos pedidos de informações a órgãos que gerenciam os bancos de dados oficiais.

As primeiras respostas vieram do Ministério da Justiça, que mantém sob sua guarda o Infoseg, sistema que reúne informações sobre todos os brasileiros - desde números de documentos pessoais até endereços e pendengas com a Justiça. Abastecido pelas polícias do país e protegido por sigilo, o sistema só pode ser aberto por funcionários autorizados em investigações formais. Cada acesso deixa registrada a senha de quem fez a consulta. Seguindo esse rastro, os investigadores descobriram o nome de dois policiais militares de Brasília que haviam consultado informações sobre o deputado Francischini no fim do ano passado, justamente no período em que o parlamentar fez as denúncias contra o governador. Responsáveis pela arapongagem, o subtenente Leonel Saraiva e o sargento Itaelson Rodrigues estavam lotados na Casa Militar do Palácio do Buriti, a sede do governo do Distrito Federal. Detalhe: as consultas haviam sido feitas a partir de computadores do governo localizados dentro do palácio. Identificados os dois militares, o passo seguinte foi conferir no sistema as outras fichas consultadas por eles. Descobriu-se que os policiais haviam violado informações sobre mais de 20 indivíduos, todos desafetos do governador. Uma das vítimas foi o promotor de Justiça Wilton Queiroz de Lima, coordenador do Núcleo de Inteligência do Ministério Público de Brasília e responsável por algumas das principais investigações que envolvem a gestão de Agnelo”
(…)

Leiam a íntegra na revista.

Voltei
Nem aliados escaparam da arapongagem. O peemedebista Tadeu Fillipelli, vice-governador, foi investigado. O chefe da polícia da capital, Jorge Xavier, foi seguido e filmado.

O coronel Rogério Leão, chefe da Casa Militar e especialista em Inteligência (trocou a Presidência da República pelo governo do DF), é apontado como o mandachuva da turma. Partilhava o comando com Cláudio Monteiro, chefe de gabinete do governador até a semana passada. Teve de se demitir depois que seu nome apareceu nos diálogos da gangue que serve a Cachoeira. Segundo os interlocutores, ele recebeu “luvas” de R$ 20 mil do esquema e é premiado com uma “pensão” mensal de R$ 5 mil, o que nega. À reportagem de VEJA, Leão admitiu que foram feitas algumas pesquisas sobre o deputado Francischini…

O governador - e ninguém tem o direito de ficar surpreso - afirma que não sabia de nada e diz que cobrará apuração rigorosa. Claro que sim!

Alguém preferir tipos como Arruda ou Roriz a Agnelo fala muito, convenham, sobre… Agnelo!!! Nas altas esferas petistas, a renúncia do governador voltou a ser defendida. 

Comento
Comprovado que o governo está ligado à espionagem ilegal de parlamentares, um destino se anuncia para Agnelo no horizonte: o impeachment.

Por Reinaldo Azevedo

 

17/04/2012 às 19:42

Hillary e o combate à corrupção no Brasil: um óbvio exagero. Ou: Os antiamericanos petralhas em estado de graça com o elogio da… americana!

A petezada está fazendo a maior festa e coisa e tal. Os de sempre já vieram com suas patinhas nervosas: “E agora? O que você diz?” Tudo por causa de uma declaração de Hillary Clinton, secretária de Estado dos EUA. Leiam trecho de reportagem do Estadão. Volto em seguida.

A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, disse nesta terça-feira que a presidente Dilma Rousseff está estabelecendo um “padrão mundial” na questão de transparência e luta contra a corrupção. O comentário foi durante a abertura da Primeira Conferência Anual de Alto Nível da Parceria Para Governo Aberto, que está sendo realizado em Brasília.

A Open Government Partnership (OGP), ou Parceria do Governo Aberto, foi lançada em setembro passado nos Estados Unidos como um esforço conjunto na luta contra a corrupção e na promoção de transparência na gestão pública. O Brasil e os Estados Unidos lideram a iniciativa.

“Não há um parceiro melhor para iniciar esse esforço do que o Brasil e, particularmente, a presidente (Dilma) Rousseff. O compromisso dela com abertura, transparência, sua luta contra a corrupção está estabelecendo um padrão mundial”, disse Hillary.
(…)
Comento
EUA e Brasil lideram a tal iniciativa, então o elogio constitui, antes de mais nada, parte do decoro. Fossem levadas a sério as palavras, é evidente que se trata de um óbvio exagero. Aliás, trata-se de um escandaloso exagero. Dilma demitiu, é verdade, seis ministros por suspeita de corrupção. Seguiu a trilha de apurações feitas pela imprensa. Agiu bem ao demitir, sim, mas o fez premida pelas circunstâncias. E colheu dividendos com isso. A população, é evidente, não gosta de corruptos.

“Padrão mundial de combate à corrupção”? Não quando o TCU constata que boa parte das obras do PAC está superfaturada. Culpa pessoal de Dilma? Nunca o governante é pessoalmente culpado, não é mesmo? É sempre o “sistema”. Mas o que seu governo fez para aprimorar, então, “o sistema”? Tome-se o exemplo das obras da Copa do Mundo. Aprovou-se uma lei só para regulá-las. A despeito de muita conversa mole, diminuiu o poder que a sociedade tinha de vigiar os gastos.

Não há padrão mundial de combate à corrupção num governo que tem quase 25 mil funcionários exercendo cargos de confiança na administração federal. Com 100 milhões de habitantes a mais do que o Brasil, os EUA de Hillary contam com 9 mil — e olhem que já é bastante para as democracias avançadas. Na Gra-Bretanha, são 300!!!

Que padrão mundial é esse que loteia áreas da administração com partidos políticos, que usam cargos da administração direta, indireta, de estatais e de autarquias para fazer caixa de campanha? Dilma inventou esse modelo? Não! Ela apenas dá sequência. E daí? Pode não ser a sua promotora, mas, eleita por esse esquema, é sua beneficiária. E certamente não serve de referência.

Mas entendo que os antiamericanos petralhas fiquem tão satisfeitos com o elogio feito pela secretária de estado… americana.

Por Reinaldo Azevedo

 

17/04/2012 às 19:14

A CPI e o pior que pode acontecer. Ou: Cachoeira com a mão no botão vermelho

O pior que poderá acontecer ao país e às instituições é a instalação de uma CPI sob o signo do medo, que acabará não investigando porcaria nenhuma! Do clima de guerra, com a faca nos dentes e os olhos injetados de sangue, chegar-se-ia, para recorrer a uma palavra que caiu em desuso como conceito político, à CPI da “détente“, da inimizade cordial. Ninguém se atreveria a detonar primeiro o, digamos assim, artefato nuclear. Escolher-se-iam alguns bodes expiatórios, e pronto! Mas quem seria servido em postas apenas para fazer as honras da casa? Cachoeira aceitaria ir para o matadouro sem levar junto a Delta? Demóstenes iria para o sacrifício, preservando outros tantos íntimos do esquema Cachoeira?

O que há de governistas furiosos com Dirceu e seu estafeta, Rui Falcão, não está escrito! Avaliam que, para tentar salvar a própria pele e melar o processo do mensalão, ele não mediu consequências. Pode parecer incrível, senhoras e senhores, mas é  nas mãos do satanizado Carlinhos Cachoeira que está o botão vermelho. Se ele decidir apertar, manda boa parte da República pelos ares.

Imaginem uma CPI que teria de, a um só tempo, detonar e preservar o bicheiro. Por R$ 15 milhões, ele contratou um advogado e conselheiro bastante experiente: Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça e petista de comprovada autenticidade. Já sabemos o quanto custou. Vamos ver o que isso vai lhe valer.

Por Reinaldo Azevedo

 

17/04/2012 às 18:22

A CPI E OS MEDOS DE CADA UM - No mundo do crime, não importa a origem dos ratos, o importante é que eles se organizem para comer os gatos

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso esteve na Câmara dos Deputados nesta terça para participar da cerimônia de lançamento do documentário “A Construção de Fernando Henrique”, do diretor Roberto Stefanelli. E falou sobre a CPI, segundo informa o Portal G1: “Eu acho que o Brasil precisa passar a limpo as questões com serenidade. Nós cansamos de ver o grau de corrupção existente que, infelizmente, atinge a quase todos os partidos. Acho que o Brasil cansou, então, talvez, seja o momento de o Congresso crescer, fazermos uma CPI que vá à raiz da questão. O Congresso, nesse momento, tem que fazer [a CPI]“.

É isso mesmo! Só que há um porém nessa história toda. A CPI mista do caso Cachoeira contará com 30 membros — 15 deputados e 15 senadores. É tal a desproporção de poder entre governo e oposição que a base aliada indicará 24 membros, e os oposicionistas, apenas 6. Esse espírito ao qual apela FHC — o Congresso, como um Poder, empreender uma investigação republicana — está mais no terreno da fantasia do que no da realidade.

O espírito que inicialmente moveu a criação da comissão não tem nada a ver com justiça, investigação, apuração, punição de culpados, nada disso… Lembrem-se do vídeo gravado por Rui Falcão, presidente do PT; lembrem-se da operação desencadeada por José Dirceu no JEG; lembrem-se da interferência direta de Lula na articulação da comissão. A ideia é usar os 24 para esmagar os 6. A banda podre do PT quer esconder seus próprios vínculos com o esquema Cachoeira e usar a comissão como palco para destruir o que resta de oposição. Não por acaso, Jilmar Tatto (SP), líder do PT na Câmara, já saiu em defesa do deputado Rubens Otoni (PT-PR), o único parlamentar, até agora, que é protagonista de um vídeo, junto com Cachoeira, em que se discute caixa dois de campanha. Parece que o bicheiro é chegado em documentar suas peripécias. Deve haver outros. Mas o que está na praça, por ora, é este. E os petistas já estão dizendo que isso não tem a menor importância.

Há um ano, reportagem de VEJA informava o fantástico crescimento da construtora Delta, que saltou para o centro do caso Cachoeira. Segundo os empresários José Augusto Quintella Freire e Romênio Marcelino Machado, que foram sócios de Fernando Cavendish (chefão da Delta) num empreendimento, José Dirceu foi um dos magos dessa milagrosa evolução. Pergunta óbvia para resposta que também parece ser tristemente óbvia: os dois empresários e Dirceu serão convocados para depor?

Operação arriscada
Mesmo com maioria tão esmagadora, no entanto, a Operação Esmagamento imaginada por Lula, Dirceu e banda podre petista não deixa de ser tarefa arriscada. Já deu para perceber que a malha de influências de Carlinhos Cachoeira não obedece a um desenho convencional, não tem uma trama regular. Nunca se sabe que parte do tecido cada um dos fios soltos move. Pegue-se o caso do tal Idalberto Matias Araújo, o notório Dadá.

Não há tramoia, espionagem ou falcatrua envolvendo o mundo das sombras e da espionagem em que ele não esteja presente: 1) atuava como homem graduado no esquema de Cachoeira, 2) apareceu prestando serviços aos petitas que tentaram montar um dossiê fajuto contra o tucano José Serra em 2010 e 3) colaborou com as ilegalidades praticadas por Protógenes Queiroz na Operação Satiagraha. A quantos senhores, afinal de contas, ele prestava serviços? Vai saber…

O que quero dizer com isso? O sonho lulo-dirceuzista de passar o trator sobre a oposição e provar que todos são canalhas para livrar a cara da canalha mensaleira pode não dar assim tão certo, como já percebeu o Planalto. No mundo dos Cachoeiras e dos Dadás, as clivagens partidárias ou ideológicas não têm a menor importância. Para eles, não importa a origem dos ratos, o importante é que eles se unam para comer os gatos.

Por Reinaldo Azevedo

 

17/04/2012 às 17:07

Oposição faz ato de apoio a CPI no Congresso

Por Marcelo Parreira, no Portal G1:
Deputados e senadores da oposição ao governo fizeram uma ato simbólico na tarde desta terça-feira (17) de apoio à CPI mista que vai investigar as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e empresários. Representantes de PSDB, PPS e DEM se reuniram na Câmara dos Deputados para assinar o requerimento de criação da comissão. Segundo o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), 12 senadores da oposição já assinaram o requerimento. Ele disse que Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que costuma votar contra o governo, também assinou e deve assumir uma das vagas de suplente da CPI.

Mais cedo, o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), anunciou que 28 senadores aliados ao governo já haviam assinado o requerimento. Para criar a comissão, é preciso o apoio de 27 senadores. Confirmadas as assinaturas, já haveria apoio mais que suficiente do Senado para instalar a comissão. Na Câmara, são necessárias outras 171 assinaturas. Na Câmara, a oposição conta que todos os seus deputados apoiem a comissão. De acordo com os líderes, não assinaram ainda apenas os parlamentares que não chegaram a Brasília.

O PSDB já tem mais de 30 assinaturas, mas o líder do partido, Bruno Araújo (PE), garantiu que os 52 parlamentares da bancada em atividade - um está de licença médica - assinarão o documento até as 18h desta terça. A expectativa é que o requerimento seja protocolado em seguida, e a comissão instalada esta semana. No DEM, já são 23 das 27 assinaturas da bancada. O PPS, com onze deputados, apoiou integralmente o requerimento, e garantiu uma das vagas entre os titulares da comissão. Ela será ocupada pelo líder do partido na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR). A suplência ficará com Sarney Filho, do PV, com quem o PPS forma um bloco.

Pressão
“Este ato é mais um motivo para pressionar a base governista para que cumpra o seu compromisso, porque também é importante salientar que existe da parte do governo setores que não querem a instalação desta CPI”, afirmou o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP).
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

A investigada Ideli monta a equipe de… investigação

É…

A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), a “Ideli das Lanchas”, aquela cuja atuação está sendo investigada pela Comissão de Ética, está cuidando pessoalmente da composição da CPI do Cachoeira.

Que coisa!

O que se viu em Santa Catarina? O Ministério da Pesca encomendou a uma empresa de petista, sem licitação, algumas lanchas inúteis. Como senadora, Ideli participou da celebração de um contrato; como ministra, mandou pagar a fatura. Entre uma coisa e outra, foi candidata ao governo do estado e recebeu doação justamente da empresa contratada.

Em essência, ainda que não em escala, isso é muito diferente das maracutaias de Carlinhos Cachoeira? Num caso, o dinheiro privado, do jogo, compra funcionários púbicos. No outro, é o dinheiro público que compra a colaboração privada.

Nojo!

Por Reinaldo Azevedo

 

Mensalão – Assim não, ministro Marco Aurélio! Ou: A linguagem que serve aos mensaleiros

É…  As palavras fazem sentido, né? E também podem falar nas entrelinhas. Então vamos ver. Leio na coluna de Mônica Bergamo, na Folha, estas três notas (os vermelhitos são meus). Volto em seguida.

VOZ DISSONANTE
Mais divergências no STF (Supremo Tribunal Federal) em relação ao mensalão: o ministro Marco Aurélio Mello diz que é “terminantemente contra” a convocação da corte em julho apenas para apressar o andamento do processo, como defendem alguns de seus colegas. “Entre as coisas extravagantes que tenho visto, esta é a maior de todas”, diz ele.

CRAVO
Mello diz que o mensalão “é um processo como outros 700 que temos que apreciar. Por que pinçar este para julgar a toque de caixa?”. Ele diz que o STF não deve “ceder à turba, que quer justiçamento, e muito menos à pressão política”, que tenta adiar o julgamento.

FERRADURA
Neste sentido, ele refuta os argumentos que atrasariam o caso. Entre eles, o de que o mensalão não deve ser julgado no segundo semestre, no meio das eleições. “E eu com isso? Não estamos engajados em política partidária.” O fato de que o STF terá apenas dez ministros, já que Cezar Peluso vai se aposentar, também não seria impedimento. “Em caso de empate, o voto do presidente conta duas vezes.”

Voltei
Em primeiro lugar, pergunto o que quer dizer “apenas para apressar o andamento do processo”, como se lê no texto. “Apressar”??? A denúncia de Roberto Jefferson completa seis anos em junho. Depois dela, já houve duas eleições presidenciais, e o mesmo partido que protagonizou o mensalão tentou armar dois dossiês fajutos contra adversários (sem contar aquele contra FHC na Casa Civil) — na verdade, contra o mesmo adversário: José Serra. “Apenas para apressar”, como está na redação da nota, quer dizer exatamente o quê?

Agora vamos a Marco Aurélio. O ministro é, sem dúvida, um homem preparado, mas parece ter desenvolvido o gosto de falar “pour épater le bon sens”, para escandalizar o bom senso, na melhor das hipóteses. Então o mensalão é um “processo como outro qualquer”? Eu diria, infelizmente, que essa afirmação já corresponde a uma primeira forma, ainda que branda e oblíqua, de diminuir a gravidade daqueles episódios. Não é, não, ministro! Em certa medida, essa é a tese do PT: “Agimos como agiram outros quaisquer”. É mentira! Uma quadrilha formada para assaltar os cofres públicos e para comprar votos no Congresso, de maneira sistemática, organizada pelo próprio aparelho de estado, era e é coisa inédita no país, não importam quantas falcatruas tenha havido antes ou depois.

Eu também acho que o STF não deve, como regra, “ceder à turba que quer justiçamento”. Mas cadê “a turba”, ministro? Onde está ela? A única turba que atua, no caso do mensalão, é a canalha vendida do subjornalismo, regiamente paga com dinheiro público — ou da administração direta ou das estatais.

Caso nada aconteça até setembro, Cezar Peluso deixa o tribunal, dando início ao sempre complicado e longo processo de indicação de um novo nome. Em novembro, será a vez de Ayres Britto. É evidente que os novos indicados, por mais competentes que fossem, não teriam a devida intimidade com o processo.

Nessas três notas, há, infelizmente, de forma voluntária ou não — não julgo intenções —, muito mais lobby em favor dos mensaleiros do que parece. Ninguém estará “apressando” nada. É uma vergonha para a justiça brasileira que um processo como esse se prolongue por tanto tempo. Não há justiçamento nenhum — ao contrário: foi garantido o mais amplo e irrestrito direito de defesa. Tampouco há “turba” nas ruas — a menos que o ministro Marco Aurélio diga onde ela está. Se há algo parecido, os “barulhentos” a soldo estão na rede. Em suma: a defesa do roubo do dinheiro público é financiada pelo… dinheiro público!

Encerro
Toda essa conversa só existe porque, no fim da contas, até agora, Ricardo Lewandowski não cumpriu a sua parte e não entregou o trabalho que cabe ao revisor do processo. Por que não entrega? Ninguém sabe ao certo. Nenhuma resposta possível para essa pergunta é boa.

Por Reinaldo Azevedo

 

CONVOCO UMA TESTEMUNHA PARA AJUDAR A MANDAR OS MENSALEIROS PARA A CADEIA: LULA!

Convoco uma testemunha de acusação para mandar para a cadeia os mensaleiros.
Chama-se Luiz Inácio Lula da Silva.
Convoco um petista para atestar as falcatruas cometidas pelos mensaleiros.
Chama-se Luiz Inácio Lula da Silva.
Convoco um protagonista daquela quadra da história para chamar pelo nome os mensaleiros.
Chama-se Luiz Inácio Lula da Silva.

No dia 12 de agosto de 2005, dois meses depois da entrevista concedida pelo então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) à Folha, denunciando o esquema do mensalão, o presidente da República houve por bem se manifestar oficialmente a respeito na abertura da reunião ministerial, ocorrida na Granja do Torto. Segue um vídeo com pequenos trechos. Retomo em seguida.

Voltei
No post anterior, vocês encontram a íntegra do discurso. Sim, já havia ali, como você vão perceber, certa malandragem retórica ao destacar as “conquistas” do governo, como a sugerir certo mecanismo de compensação; como se a alegada eficiência da administração pudesse desculpar as falhar éticas. Afinal de contas, era um petista falando… Uma coisa, no entanto, resta inequívoca: o próprio Lula atestava a existência das lambanças. E, por isso mesmo, ele se desculpou. Mais ainda: no esforço — bem-sucedido, diga-se — de se livrar de um processo de impeachment, alegou que não sabia de nada e se disse… traído!

Assim se manifestava o Lula de 12 de agosto de 2005:
“Estou indignado pelas revelações que aparecem a cada dia e que chocam o país. O PT foi criado justamente para fortalecer a ética na política e lutar ao lado do povo pobre e das camadas médias do nosso país. Eu não mudei e, tenho certeza, a mesma indignação que sinto é compartilhada pela grande maioria de todos aqueles que nos acompanharam nessa trajetória.”

Já o Lula de abril de 2012 lidera uma pressão gigantesca sobre os ministros do Supremo para adiar o julgamento para 2013 — se possível, para que ele jamais seja julgado. A decisão, hoje, cabe a um único homem: Ricardo Lewandowski, o ministro revisor, em cujas mãos está a reputação do próprio tribunal, que pode ser desmoralizado.

O Lula de 12 de agosto de 2005 se dizia, além de indignado, empenhado em punir os responsáveis pelos crimes que “apareciam a cada dia e que chocavam o país”. Assim:
“Esta é a indignação que qualquer cidadão honesto deve estar sentindo hoje diante da grave crise política. Se estivesse ao meu alcance, já teria identificado e punido exemplarmente os responsáveis por esta situação.”

Já o Lula de abril de 2012 está indignado é com o eventual cumprimento da lei e aposta todas as suas fichas na impunidade. Antes mesmo da manifestação dos ministros do Supremo, o Apedeuta fez, sim, o que estava a seu alcance para passar a mão na cabeça dos criminosos. Os que deixaram o partido estão de volta à legenda. Os que permaneceram continuaram prestigiados.

Tão logo se deu o esfriamento da crise, o governo federal, com o concurso de Franklin Martins, armou uma operação para hostilizar a imprensa e acusá-la de golpismo. O Lula indignado, que pedia desculpas e se dizia traído cedeu lugar à personagem arrogante, que passou a tratar popularidade como sinônimo de inocência ou de absolvição.

O Lula de 12 de agosto de 2005 já exercitava a tese vigarista de que o mensalão era um mal decorrente do sistema político, que tinha de ser corrigido. Ainda assim, falava na necessidade de punir corruptos e corruptores. Relembro:
“O Brasil precisa corrigir as distorções do seu sistema partidário eleitoral, fazendo urgentemente a tão sonhada reforma política. É necessário punir corruptos e corruptores, mas também tomar medidas drásticas para evitar que essa situação continue a se repetir no futuro.”

Já o Lula de abril de 2012 pretende usar a CPI destinada a investigar gangue de um bicheiro e suas conexões com o Poder Público para esconder os crimes de outra gangue, justamente a dos mensaleiros — aquela que o levou a pedir desculpas e a a dizer que se sentia traído. Há nove anos no poder, o partido pouco se moveu em favor da reforma política — e o pouco que fez apontava para um modelo ainda pior do que o  que temos hoje.

O Lula de 12 de agosto de 2005 acenava para um Brasil livre de larápios:
“Queria, neste final, dizer ao povo brasileiro que eu não tenho nenhuma vergonha de dizer ao povo brasileiro que nós temos que pedir desculpas. O PT tem que pedir desculpas. O governo, onde errou, tem que pedir desculpas, porque o povo brasileiro, que tem esperança, que acredita no Brasil e que sonha com um Brasil com economia forte, com crescimento econômico e distribuição de renda, não pode, em momento algum, estar satisfeito com a situação que o nosso país está vivendo.”

Impressionante! Trezes meses e três dias depois desse discurso, os aloprados foram flagrados pela Polícia Federal tentando comprar um dossiê fajuto para incriminar o então candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra. Eram os tais “aloprados”, como o próprio Apedeuta os designou. Participaram da operação pessoas do círculo de confiança do então presidente:
- Jorge Lorenzetti - compadre de Lula e seu churrasqueiro;
- Freud Gody - segurança pessoal de Lula e seu faz-tudo;
- Oswaldo Bargas - sindicalista da CUT e amigo pessoal de Lula;
- Ricardo Berzoini - presidente do PT, indicado por Lula;
- Expedito Veloso - militante petista, membro do grupo de campanha de Lula e diretor do Banco do Brasil. Hoje, vejam que coisa!, ele trabalha no governo do Distrito Federal, do notório Agnelo Queiroz.
- Hamilton Lacerda - assessor pessoal de Aloizio Mercadante (que disputava o governo com Serra) e homem que carregava a mala com o dinheiro. Já está de volta ao partido e vai concorrer a vaga na Câmara Municipal de São Caetano;
- Valdebran Padilha - militante do PT. Em 2010, foi preso em outra operação da Polícia Federal.

Menos de quatro anos depois, em 2010, outro grupo de petistas é flagrado tentando montar um novo dossiê contra Serra. Na turma,  ninguém menos do que Idalberto Matias Araújo, o tal Dadá, homem de Carlinhos Cachoeira, o que nos traz de volta a 2012.

Encerrando
Chegou a hora de pôr um fim a esse capítulo da história, com a punição dos culpados, segundo o testemunho do próprio Lula. Que o ministro Ricardo Lewandowski cumpra a tempo a sua obrigação para que aquele pedido de desculpas de 2005 encontre a devida correspondência na esfera jurídica.

Chega de mistificação!

Que Lewandowski honre logo a disposição para a justiça daquele presidente de 2005!!!

Por Reinaldo Azevedo

 

Íntegra do discurso em que Lula pede desculpas pela existência do mensalão

Granja do Torto, 12 de agosto de 2005

Meus amigos,
Minhas amigas.
Boa tarde,
Meu querido companheiro José Alencar, vice-presidente da República e ministro da Defesa,
Minhas companheiras ministras e ministros, que participam desta reunião.

Fiz questão de que as minhas palavras neste encontro de trabalho fossem abertas à população brasileira. Temos assuntos importantes a discutir que dizem respeito a toda sociedade. Mas, antes de mais nada, quero saudar em especial os novos ministros que vêm reforçar a nossa capacidade de ação nesta segunda metade do meu mandato. Vocês estão entrando num governo, que apesar de todas as dificuldades, fez o Brasil retomar o caminho do progresso e da justiça social.

Voltamos a crescer, mas desta vez de maneira sustentável, com a inflação baixa e, o que é mais importante, gerando milhões de empregos no campo e nas cidades. Tenho certeza de que o povo sente a diferença, o país está mudando para melhor.

A inflação é a menor dos últimos cinco anos, a produção industrial registra aumentos sucessivos. Na balança comercial as exportações ultrapassam a casa dos 110 bilhões de dólares nos últimos doze meses. É o melhor resultado da nossa história.

Mas o que mais me orgulha, pela minha história e pelo compromisso que tenho com a gente humilde da nossa terra, é a forte retomada da oferta de trabalho. Em 30 meses já criamos 3 milhões, 135 mil novos empregos com carteira assinada. Isso significa 104 mil novas vagas formais por mês, 12 vezes mais que a média dos anos 90, sem falar nos postos de trabalho no mercado informal e na agricultura familiar.

Criamos um ambiente favorável para a volta dos investimentos. Projetos no valor de mais de 20 bilhões de dólares já estão programados para entrar em operação na nossa economia.

Novas frentes de expansão em energia elétrica, transportes, novas fábricas e construções fizeram a produção de bens de capital crescer 10% nos últimos dois meses. Na área social, 7 milhões e 500 mil famílias de brasileiros mais humildes têm garantido o acesso a uma renda mínima através do programa Bolsa Família. Até o final do ano, 8 milhões e 700 mil lares serão beneficiados pelo programa.

Uma revolução está em marcha no mercado de consumo popular no nosso país. Expandimos o crédito com desconto em folha e muitos trabalhadores puderam pagar as suas dívidas e comprar uma geladeira, um fogão ou outro bem desejado por suas famílias.

Por isso, as vendas nesse setor cresceram 21% no segundo trimestre, comparado ao mesmo período de 2004. Este país não pode parar. Tenho certeza de que este é o desejo da sociedade brasileira.

Companheiros, ministros e ministras,

Estou consciente da gravidade da crise política. Ela compromete todo o sistema partidário brasileiro. Em 1980, no início da redemocratização decidi criar um partido novo que viesse para mudar as práticas políticas, moralizá-las e tornar cada vez mais limpa a disputa eleitoral no nosso país.

Ajudei a criar esse partido e, vocês sabem, perdi três eleições presidenciais e ganhei a quarta, mantendo-me sempre fiel a esses ideais, tão fiel quanto sou hoje. Quero dizer a vocês, com toda a franqueza, eu me sinto traído. Traído por práticas inaceitáveis das quais nunca tive conhecimento.

Estou indignado pelas revelações que aparecem a cada dia, e que chocam o país. O PT foi criado justamente para fortalecer a ética na política e lutar ao lado do povo pobre e das camadas médias do nosso país. Eu não mudei e, tenho certeza, a mesma indignação que sinto é compartilhada pela grande maioria de todos aqueles que nos acompanharam nessa trajetória.

Mas não é só. Esta é a indignação que qualquer cidadão honesto deve estar sentindo hoje diante da grave crise política. Se estivesse ao meu alcance, já teria identificado e punido exemplarmente os responsáveis por esta situação. Por ser o primeiro mandatário da nação, tenho o dever de zelar pelo estado de direito. O Brasil tem instituições democráticas sólidas. O Congresso está cumprindo com a sua parte, o Judiciário está cumprindo com a parte dele. Meu governo, com as ações da Polícia Federal, estão investigando a fundo todas as denúncias. Determinei, desde o início, que ninguém fosse poupado, pertença ao meu Partido ou não, seja aliado ou da oposição. Grande parte do que foi descoberto até agora veio das investigações da Policia Federal.

E vamos continuar assim até o fim, até que todos os culpados sejam responsabilizados e entregues à Justiça. Mesmo sem prejulgá-los, afastei imediatamente os que foram mencionados em possível desvio de conduta para facilitar todas as investigações. Mas isso só não basta. O Brasil precisa corrigir as distorções do seu sistema partidário eleitoral, fazendo urgentemente a tão sonhada reforma política. É necessário punir corruptos e corruptores, mas também tomar medidas drásticas para evitar que essa situação continue a se repetir no futuro.

Quero dizer aos Ministros que é obrigação do governo, da oposição, dos empresários, dos trabalhadores e de toda a sociedade brasileira não permitir que esta crise política possa trazer problema para a economia brasileira, para o crescimento deste país, para a geração de empregos e para a continuidade dos programas sociais. Temos que arregaçar as mangas e redobrar esforços. Peço que aumentem, ainda mais, a sua dedicação. Se atualmente vocês,

Ministros e Ministras, trabalham até 11 h da noite, trabalhem um pouco mais, até meia noite, uma hora da manhã, porque nós sabemos que muito já fizemos, mas muito mais temos que fazer porque o Brasil precisa de nós.

Queria, neste final, dizer ao povo brasileiro que eu não tenho nenhuma vergonha de dizer ao povo brasileiro que nós temos que pedir desculpas. O PT tem que pedir desculpas. O governo, onde errou, tem que pedir desculpas, porque o povo brasileiro, que tem esperança, que acredita no Brasil e que sonha com um Brasil com economia forte, com crescimento econômico e distribuição de renda, não pode, em momento algum, estar satisfeito com a situação que o nosso país está vivendo.

Quero dizer a vocês: não percam a esperança. Eu sei que vocês estão indignados e eu, certamente, estou tão ou mais indignado do que qualquer brasileiro. E nós iremos conseguir fazer com que o Brasil consiga continuar andando para frente, marchando para o desenvolvimento, para o crescimento da riqueza e para a distribuição de renda. E eu tenho certeza que posso contar com o povo brasileiro.

Muito obrigado.

Por Reinaldo Azevedo

 

Mensalão precisa ser julgado logo, diz Peluso

Por Felipe Seligman, na Folha:
Prestes a deixar a presidência do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, o ministro Cezar Peluso, 69, diz que o caso do mensalão precisa ser julgado rapidamente por três razões: para não interferir nas eleições, não correr risco de prescrição e porque “a opinião pública pressiona muito”. Ele disse que, se fosse o ministro Ricardo Lewandowski, revisor da ação, “procuraria ser o mais expedito possível para me livrar desse constrangimento”.

Folha - Na presidência, o sr. teve de lidar com a ausência de ministros. Isso atrapalhou?
Cezar Peluso -
De algum modo sim, porque a gente em alguns casos muito sensíveis sempre tinha o temor do eventual empate em uma situação que demandasse outro tipo de solução: um impasse que, se resolve de um jeito é ruim, se resolve de outro é ruim também.

O STF não tem como pressionar a presidente a nomear…
Claro. Fica completamente embaraçado. Jamais fiz qualquer gesto, disse palavra alguma que pudesse significar tentativa de induzir a presidente a apressar a nomeação. Seria uma indelicadeza.

Neste ano, dois ministros deixam o tribunal. O sr. e Ayres Britto. Seria recomendável mais rapidez nas indicações?
Eu acho, como mera opinião, sem que seja uma crítica, que o Supremo ganharia muito se as nomeações fossem mais rápidas. Não apenas o Supremo ganharia, mas a sociedade. Porque o STF vai se defrontar com a mesma situação que eu me defrontei.
(…)
O sr. quer participar do julgamento do mensalão?
Nem gostaria nem desgostaria. Se estiver aqui, participarei, se não, não lamentarei.

Já começou a pensar no voto?
Mais do que pensar.
(…)
O sr. avalia que o julgamento tem que acontecer logo?
Sim. Primeiro, por um motivo político. Estamos em ano eleitoral e não convém que esse julgamento seja próximo das eleições para não interferir no curso da campanha. Também é preciso prevenir o risco de eventual prescrição. Além disso, a opinião pública pressiona muito. É uma demanda de uma boa parcela da sociedade que esse caso seja esclarecido mais rápido.

Então convém ao ministro Lewandowski liberar o voto o mais rápido possível?
Não sei o que convém e o que não convém a ele. Se fosse comigo, procuraria ser o mais expedito possível para me livrar desse constrangimento.

É consenso entre os ministros de que precisa ser logo agora o julgamento?
Sem dúvida. Estão todos de acordo com isso.

Por Reinaldo Azevedo

 

Da coluna Direto ao Ponto, de Augusto Nunes:

Se o mensalão foi uma farsa, por que Lula e Dilma não reconduziram ao ministério o acusado de comandar a quadrilha?

Se o mensalão foi uma farsa, como ensina o Grande Pastor e repete o rebanho, então também não existiu nenhuma quadrilha. Se não existiu quadrilha, então também não houve chefe de quadrilha. Se não houve chefe de quadrilha, então não existiram motivos para que José Dirceu atendesse prontamente à ordem de Roberto Jefferson ─ “Sai daí rápido, Zé!” ─ e caísse fora da Casa Civil. Se o pai de todos os escândalos não passou de invencionice da oposição e da imprensa golpista, então a Procuradoria Geral da República embarcou num embuste. Se tratam como caso sério o que é só uma farsa, então os ministros do Supremo Tribunal Federal são farsantes também.

Encadeadas, tais as deduções berram que Lula e seus devotos nunca tiveram motivos para  condicionar ao desfecho do processo dos mensaleiros a reparação devida ao mais injustiçado dos companheiros. Essa constatação convida a duas perguntas. Por que Lula, que jura ter enxergado a pérfida trama dos inimigos ainda em 2005, não reconduziu Dirceu ao ministério? E por que Dilma Rousseff teima em manter o camarada de armas longe do grupo de “articuladores políticos” que aceita até um Gilberto Carvalho ou uma Ideli Salvatti? Uma só resposta liquida a dupla interrogação: porque nem os chefes supremos acreditam na versão que apaga da história a ladroagem colossal.

Os fabricantes da teoria da farsa sabem que os farsantes são eles.

(por Augusto Nunes)

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo, de VEJA

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