Por que se instalou só agora a CPI e por que já há muita gente arrependida na base do governo

Publicado em 03/05/2012 16:50 e atualizado em 06/09/2013 15:36
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

POR QUE SE INSTALOU SÓ AGORA A CPI E POR QUE JÁ HÁ MUITA GENTE ARREPENDIDA NA BASE DO GOVERNO

De Gaulle dizia que a velhice é um naufrágio — uma visão pessimista de mundo. Lucrécio (99 a.C.- 55 a.C.), um materialista, afirmava que, se a alma fosse imortal, não nos desfaríamos em lágrimas ao constatar que morremos. Huuummm… Tivesse eu sido contemporâneo de ambos (quando De Gaulle morreu, em 1970, eu tinha só 9 anos…) e privado de sua intimidade, recomendaria que cultivassem a memória como antídoto contra a morte — a verdadeira morte é o esquecimento — e que (cito Drummond) procurassem o próprio queixo no queixo dos filhos (também dos netos, sobrinhos…). A memória, felizmente, não me abandona. Recomendo vivamente: cultivem-na. Faço, assim, um introdução algo grandiloquente (não me conformo com o fim do trema…) para assunto até mesquinho, vulgar mesmo — em muitos aspectos, até vagabundo. Tento tornar esse mundo mais interessante…

Recuem — na área de pesquisa deste blog ou de qualquer site noticioso — a agosto do ano passado. Lembram-se da CPI do Dnit? Eu lembro!!! A oposição chegou a conseguir o número necessário de assinaturas para instalá-la. Mas aí o governo fez um trabalho intenso de retirada de assinaturas, como vocês verão abaixo, e conseguiu matá-la no nascedouro. O Planalto entrou com tudo. Curioso, não é?, que, enquanto isso, a Polícia Federal continuasse ali, com o sistema Espião ligado, ouvindo as maiores barbaridades… Tivesse topado, então, a investigação, talvez a área já estivesse mais limpa. Vamos recapitular algumas coisas. Transcrevo trecho de uma reportagem de João Domingos, no Estadão, do dia 4 de agosto do ano passado. Leiam com atenção. Volto em seguida.
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Tendo à frente a própria presidente Dilma Rousseff, que contou ainda com a ajuda de ministros e líderes na Câmara e no Senado, o governo conseguiu enterrar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Transportes requerida pela oposição. Para abortar a CPI, o Planalto prometeu acelerar obras, apoiar um candidato ao Tribunal de Contas da União (TCU) e até garantir a presença de Dilma na inauguração de uma ponte.

O governo conseguiu que dois senadores da base aliada retirassem suas assinaturas a favor da CPI. Como a oposição havia coletado 27 assinaturas - número mínimo para a instalação de comissão parlamentar no Senado -, as duas baixas inviabilizaram a iniciativa. Com apenas 25 assinaturas, o requerimento foi mandado pelo presidente José Sarney (PMDB-AP) diretamente para o arquivo. Se quiser abrir uma CPI, a oposição terá que recomeçar a coleta de assinaturas. O objetivo da CPI era investigar as irregularidades no setor de transportes, que já resultaram na demissão de 27 pessoas, entre elas o ex-ministro Alfredo Nascimento e o ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura Rodoviária (Dnit) Luiz Antonio Pagot.

O senador João Durval (PDT-BA), o primeiro a retirar a assinatura, recuou em troca da promessa do governo e do PT de apoiar a candidatura de seu filho, o deputado Sérgio Barradas Carneiro (PT-BA), para vaga de ministro do TCU. Até então, Dilma mostrava-se simpática à candidatura da deputada Ana Arraes (PSB-PE), mãe do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Carneiro conseguiu da bancada de 86 deputados do PT a promessa de que cada um buscará o voto de um colega a seu favor na disputa pelo TCU. O cargo de ministro do tribunal é vitalício.
(…)
Durval teria recebido ainda a promessa de que, enfim, será construído um anel viário em Feira de Santana, núcleo de sua base eleitoral, reivindicação que ele faz há cinco anos ao governo. Como Alfredo Nascimento prometia o anel viário e não o fazia, Durval vingou-se assinando o requerimento da CPI. Mas recuou para não prejudicar o filho.

“O governo operou mesmo para impedir a CPI”, disse ontem o líder do governo no Senado, senador Romero Jucá (PMDB-RR). “A CPI não vai servir de instrumento de açoite do governo pela oposição.” Já o líder do governo no Congresso, deputado Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS), afirmou que trabalhou nas últimas 24 horas para acabar com a CPI antes mesmo que ela começasse. Também retirou a assinatura o senador Reditário Cassol (PP-RO), suplente e pai do titular Ivo Cassol (PP). O próprio filho ajudou o governo a levar o pai ao recuo. De acordo com parlamentares da base, o filho lembrou ao patriarca que os Cassol são empresários do setor de geração de energia elétrica e fazem negócios com o governo.
(…)

Voltei
Sim, não se conheciam ainda detalhes do esquema de Carlinhos Cachoeira, mas o que as reportagens de VEJA havia mostrado provavam que algo de muito podre se passava no Ministério dos Transportes e no Dnit. Como se nota pela confissão dos líderes governistas, a ordem era não instalar a CPI. Ponto!

E por que, agora, a CPI do Cachoeira andou tão depressa? Porque a oposição topou imediatamente a investigação e, desta vez, uma parte do petismo aderiu, toda assanhada, à proposta. Havia a crença, FUNDADA EM INFORMAÇÕES FALSAS E NA PURA FOFOCA, de que a tal “mídia” — sabem, né?, “mídia” é jornalismo decente, que os petralhas odeiam — estaria comprometida com o esquema criminoso de Carlinhos Cachoeira. Alimentou-se a fantasia, certamente baseada em leituras apressadas e fragmentadas, de que as revelações da Polícia Federal destruiriam o jornalismo independente, o que era, obviamente, do interesse dos mensaleiros.

Mais: num primeiro momento dos vazamentos, a anti-estrela solitária da lambança era o senador Demóstenes Torres (GO), até então uma das figuras mais vistosas da oposição — era respeitado até por quem não comungava dos valores ideológicos que alardeava. Desmoralizar a oposição e a “mídia” pareceu a Lula e a Zé Dirceu uma chance de ouro. Mais:  vazamentos seletivos indicavam que a confusão iria bater às portas, e foi mesmo!, do tucano Marconi Perillo, governador de Goiás, detestado pelo Apedeuta. Bom demais para ser verdade, devem ter pensado os que sempre sonharam com o Partido Único. Seriam aniquiladas num só golpe a oposição e a… mídia!

Tiro n’água
A acusação contra a imprensa foi desmoralizada de maneira até vexaminosa. Subsiste hoje apenas na pena de alguns aloprados, que têm de continuar a fazer o serviço pelo qual são pagos — com dinheiro público! E, ora vejam, surgiu uma Delta no meio do caminho, com a sua, digamos assim, força avassaladora. Na mesma corrente em que o PT sonhou arrastar Marconi Perillo, também podem rodar Agnelo Queiroz (PT), governador do Distrito Federal (e esse é apenas um de seus problemas), e a figura até então ascendente da política (eu, ao menos, nunca entendi por quê…) Sérgio Cabral (PMDB), governador do Rio. E isso pode ser apenas o começo. Imaginem, então, se Luiz Antônio Pagot (ver post abaixo) resolver falar.

Os que se assanharam na esperança de “destruir a mídia” — e se destaque, em nome da precisão, que esse ímpeto foi de Lula e José Dirceu, não do Planalto (embora se ligue à chicana, sim, já digo como) — certamente ignoravam o grau de intimidade entre a Delta e o esquema de Carlinhos Cachoeira. Aí tudo ficou, de fato, enrolado demais! PT e PMDB fecharam ontem uma espécie de pacto para deixar os governadores fora da investigação — e o PSDB  não vai reclamar se as coisas caminharem por aí. Ficariam, assim, fora da CPI Marconi Perillo, Agnelo Queiroz e Sérgio Cabral. Com isso, pretende-se, também, afastar Fernando Cavendish, o dono da Delta, dão imbróglio. Nota à margem: o governo se liga à chicana à medida que órgãos públicos e estatais financiam a pistolagem na Internet. Sigamos.

Para onde vai a CPI? Sabendo o que sabem, Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres aceitarão arcar sozinhos com a punição? Vamos ver quais instruções lhes darão seus respectivos advogados, dois criminalistas experimentados: Márcio Thomaz Bastos e Antônio Carlos de Oliveira Castro, respectivamente. Parece-me que tudo caminha para a chamada estratégia de redução de danos. Se decidiram botar fogo no circo, arrastando meio mundo político junto, eles próprios sabem que o futuro não lhes será leve. Entre se danar muito danando a muitos e se danar menos preservando alguns parceiros de viagem, a racionalidade lhes apontaria o segundo caminho.

Quando o Planalto percebeu — e tarde! — o tamanho do rolo, já não dava mais tempo de recuar. Lula e Zé Dirceu, por sua vez, viram frustrado o intento de mandar a imprensa para o banco dos réus. Anos de gravação flagraram o jornalismo fazendo o seu se trabalho, buscando notícias que eram do interesse público, como aquela que levou à demissão de 27 valentes do Ministério dos Transportes — inclusive, sim, Luiz Antônio Pagot (ver post abaixo).

E a tentativa de negar a existência do mensalão, origem da fúria da turma? O tiro saiu pela culatra. Em vez de jogar areia nos olhos da população, chamou a atenção para a tentativa de golpear a moralidade. A pressão para que o ministro Ricardo Lewandowski conclua a revisão do processo só cresceu. PODE ATÉ SER QUE O SUPREMO INOCENTE TODO MUNDO, MAS NÃO SERÁ POR CAUSA DESSA CHICANA.

Pois é… Lula e Zé Dirceu quebraram a cara desta vez: a) a imprensa independente sai limpa dessa história; b) muita gente que estava alheia acordou para o mensalão; c) é a base governista quem se articula mais freneticamente para esfriar a CPI. De quebra, o jornalismo financiado pelo estado mostrou a cara como nunca. O Zé forçou a amizade, e a turma teve de se ajoelhar no ridículo. Não há quadrilha na Internet que consiga mudar os fatos, as gravações, o conteúdo do inquérito. O Brasil ainda não é a Venezuela, a Argentina ou o Equador.

E, se depender dos brasileiros e da imprensa livres, não será!

Por Reinaldo Azevedo

 

03/05/2012 às 7:05

O CASO PAGOT - Mais uma farsa inventada pelo JEG e pela BESTA contra a VEJA vai por água abaixo

Aos poucos, depois de muita espuma feita pela canalha que pretendia usar o caso Cachoeira para se vingar da imprensa independente, as coisas vão se tornando mais transparentes. Uma das mentiras estúpidas contadas pelo subjornalismo a serviço dos mensaleiros — o JEG e a BESTA — é a de que VEJA ajudou a derrubar a pobre Luiz Antônio Pagot do Dnit, naquela enxurrada de demissões que o governo fez no Ministério dos Transportes. Como já escrevi aqui, fica até parecendo que o Planalto pôs todo mundo na rua porque constatou que nada havia contra a turma… Só isso, um simples exercício de lógica, bastaria para desmoralizar a cretinice. Mas há muito mais, como veremos.

Pagot saiu por aí acusando que foi demitido graças a um complô da construtora, que teria tido seus interesses contrariados — embora os números do Dnit, sob a sua gestão, desautorizem isso. As penas alugadas pelo chefe dos mensaleiros, proclamavam que VEJA — que publicou, em maio do ano passado, a primeira grande reportagem sobre a Delta — havia atuado para ajudar o esquema que liga Cachoeira à construtora.

Pois bem. Reportagem de Julio Mosquera, que foi ao ontem no Jornal da Globo, põe os fatos no seu devido lugar. Leiam. Volto depois.

Áudio flagra bicheiro tentando evitar que Pagot revelasse esquema

Gravações feitas pela Polícia Federal flagraram o bicheiro Carlinhos Cachoeira tentando evitar que o ex-diretor do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Luiz Antônio Pagot, que perdeu o cargo acusado de irregularidades, revelasse parte do esquema do grupo. O bicheiro Carlinhos Cachoeira temia que Pagot revelasse em depoimento a senadores o esquema montado para favorecer a Construtora Delta e que incluiria o senador Demóstenes Torres.

Segundo a polícia, Pagot havia participado de um jantar com Fernando Cavendish, então presidente da Delta, Demóstenes Torres e o próprio Cachoeira e poderia expor todo o esquema. Cachoeira teria pedido ao senador Blairo Maggi, do PR do Mato Grosso, para acalmar os ânimos de Pagot.

DEMÓSTENES - Você teve notícia?
CARLINHOS - Não, Blairo mandou falar que não tem nada, não. Blairo que manda nele, uai
DEMÓSTENES - Mas o Blairo falou que tá tudo ok?
CARLINHOS - Falou… Mandou falar.
DEMÓSTENES - Ah, então tá bom. Então beleza. Então falou. Até mais.

Em outra conversa, agora com o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, Carlinhos Cachoeira se mostra tranquilo.

CARLINHOS - Ele não vai falar nada, não. Senão o cara fala que jantou lá, tal, com…com Fernando, com ele. Não vai falar isso, não, porque tá dando tiro no pé também, né?
CLÁUDIO - É, positivo. Tem nada a ver.

Segundo a Polícia Federal, “Fernando” é Fernando Cavendish, ex-presidente da Delta. Um dia depois, Cachoeira e Demóstenes comemoram o silêncio de Pagot.

CARLINHOS - Doutor, deu certo aí?
DEMÓSTENES - Uai! Deu. O homem não me falou nada, não. Tudo tranquilo.

A oposição pressiona para a CPI do Cachoeira convocar Pagot para depor. Os governistas argumentam que ele não é prioridade do momento. Em nota, o senador Blairo Maggi diz que não recebeu ligação de nenhum dos citados na reportagem e que está à disposição para qualquer novo esclarecimento.

Voltei
Eis aí. As reportagens de VEJA sobre o Ministério dos Transportes ajudaram, isto sim, a demonstrar que havia uma quadrilha atuando dentro da pasta, que desviava milhões — bilhões? — de recursos públicos e não entregava as obras, o que chegou a ser motivo de um quase ataque de fúria da própria presidente da República. Foi inteiramente desmontada? Ainda atua naquele ministério e em outros? Bem, os métodos da Delta começaram a ser revelados por VEJA em maio do ano passado, naquela reportagem (aqui e aqui) em que Fernando Cavendish aparece dizendo que, com alguns milhões, dá para comprar um senador… Como é a empresa privada que mais recebe recursos do PAC, creio que só uma investigação rigorosa sobre a sua atuação pode responder.

O que se vê acima é que Cachoeira, Demóstenes e o próprio Cavendish se mobilizaram para assegurar o silêncio de Pagot. Ora, só pode silenciar quem tem o que dizer. E o que Pagot teria dizer? Tudo o que sabia sobre o órgão que dirigia. Como Cachoeira afirma, Pagot teria decidido “não dar um tiro no pé”.

Na ânsia de atacar a imprensa independente, os subjornalistas alugados pelos mensaleiros ensaiaram transformar Pagot num herói. Herói de quem? Os diálogos acima o provam.

Por Reinaldo Azevedo

 

03/05/2012 às 7:03

CPI aprova quebra de sigilos de Cachoeira

Por Laryssa Borges e Gabriel Castro, na VEJA Online:
A CPI do Cachoeira aprovou nesta quarta-feira dois requerimentos que determinam a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do contraventor Carlinhos Cachoeira, preso sob a acusação de explorar um esquema ilegal de jogos de azar. As informações confidenciais de empresas ligadas a ele também deverão ser objeto de análise da Comissão Parlamentar de Inquérito, mas deputados e senadores ainda têm de colocar em votação o pedido para a liberação dos dados empresariais.

A comissão tem autonomia para determinar a quebra de sigilo sem a anuência do Judiciário (só em casos de dados de parlamentares, há a necessidade de o STF ratificar a decisão). Segundo o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), a Receita Federal deverá encaminhar à comissão dados fiscais dos últimos dez anos envolvendo o CPF de Cachoeira. “A quebra do sigilo bancário e fiscal é essencial para compreendermos melhor tudo que ele fez nos últimos anos”, disse o parlamentar. Nos próximos dias, a CPI deverá elencar quais empresas ligadas ao contraventor poderão ter seus sigilos quebrados.

Os integrantes da CPI também aprovaram o plano de trabalho sugerido para o mês de maio pelo relator Odair Cunha (PT-MG), que prevê depoimentos dos principais envolvidos nas denúncias, mas deixa de fora os governadores citados na investigação. O depoimento de Cachoeira foi antecipado do dia 17 para o dia 15. Confira o cronograma:

Dia 8
Raul Alexandre Marques, delegado da Polícia Federal

Dia 10
Matheus Mela Rodrigues, delegado da Polícia Federal, e os procuradores Daniel de Rezende Salgado e Léa Batista de Oliveira

Dia 15
Depoimento de Carlinhos Cachoeira

Dia 17
Reunião administrativa

Dia 22
Depoimento José Olímpio de Queiroga, Gleyb Ferreira da Cruz, Geovani Pereira da Silva, Wladimir Garcêz e Lenine de Souza, integrantes do grupo de Cachoeira

Dia 24
Depoimento de Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, e Jairo Martins, integrantes do grupo de Cachoeira

Dia 29
Depoimento Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta no Centro-Oeste

DIa 31
Depoimento do senador Demóstenes Torres.

Por Reinaldo Azevedo

 

03/05/2012 às 6:59

Na Cabralândia - George Sadala tem contrato com estado e viajou com Cabral

Por Carla Rocha, Chico Otávio e Maiá Menezes, no Globo:
RIO - Mais um empresário com negócios com o governo do estado aparece ao lado do governador Sérgio Cabral em fotos feitas durante viagem a Paris, em 2009: Georges Sadala, dono da GelPar, que faz parte do consórcio AgilizaRio, responsável pelo programa Rio Poupa Tempo, que oferece mais de 400 serviços ao cidadão fluminense. Apontado como novo milionário desde o início dos anos 2000, Sadala tem 25% de participação no consórcio, que recebeu em quatro anos R$ 56,8 milhões do estado.

Dono de pelo menos nove empresas, a maioria com atuação no mercado financeiro, Sadala diz ser amigo e vizinho no condomínio Portobello (Mangaratiba) de Sérgio Cabral. Ambos são amigos do empreiteiro Fernando Cavendish, afastado recentemente do comando da Delta Construção depois que a empresa passou a ser investigada na CPI do Cachoeira. Cavendish é outro personagem das fotos de Paris.

Sadala disse que esteve em Paris, com outros 150 empresários, convidado pelo governo do Rio, para dois eventos oficiais: a cerimônia de entrega da medalha de honra da Legião D’Honneur, concedida pelo Senado francês ao governador, e o lançamento do Guia Michelin Rio de Janeiro. Algumas imagens mostram Cabral, Sadala, Cavendish e integrantes do primeiro escalão do governo num restaurante de luxo. O governador disse que pagou as suas despesas

Sadala já foi dono de outras seis empresas, entre comércio de roupas e vendedoras de discos, que faliram, antes de entrar para o ramo do factoring. Depois que seus negócios cresceram, ele foi morar na Avenida Vieira Souto, em apartamento que pertencia a Cavendish. Segundo o empresário, ele comprou o imóvel em 2008 por R$ 4,6 milhões. A transação foi feita um ano depois do seu casamento com Ana Paula, em festa que reuniu cerca de 800 convidados no Copacabana Palace. Um dos padrinhos do casal foi então governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), e um dos pajens era o filho de Sérgio Cabral.

Sadala, correspondente bancário do BMG no Rio, opera principalmente na área dos empréstimos consignados. Ele afirma que se limita a atuar no setor privado. O BMG, no entanto, é líder de empréstimos consignados a servidores do estado, ficando a frente até mesmo do Bradesco, banco oficial que tem lojas na maioria das repartições estaduais.

Em março, o BMG tinha cerca de 25% do total de empréstimos consignados feitos a servidores do estado, o equivalente a R$ 35,7 milhões dos R$ 142 milhões descontados em folha naquele mês. O banco também se destaca como um dos sete que operam em uma outra modalidade de empréstimo consignado, feito em cartão de crédito, com taxas que chegam a 6%. Ficou em primeiro lugar em março com R$ 6,7 milhões descontados em folha de pagamento de servidores. Esta operação é alvo de uma ação civil pública movida pelo defensor Fábio Schwartz, do Núcleo de Defesa do Consumidor da Defensoria Pública do Rio.

Georges Sadala ou “Ge”, como é chamado, venceu em 2009 a primeira licitação para o Poupa Tempo. De 2009 até este ano, os negócios dele evoluíram no estado: recebeu R$ 3,3 milhões em 2009, R$ 22,4 milhões em 2010, R$ 24,2 milhões em 2011 e, este ano, R$ 6,9 milhões. Segundo Sadala, o consórcio administra pontos de atendimento público em shoppings de Bangu, São João de Meriti e São Gonçalo. O programa, segundo ele, é liderado pelo Shopping Cidadão, de São Paulo. Ele também é dono da GGS Empar Empreendimentos e Participações e da Lavoro Factoring. Esta última chegou a apoiar projetos do Rio Solidário, entidade presidida pela primeira-dama, Adriana Ancelmo.

Sadala disse que foi apresentado a Cabral por amigos. Ele anunciou que pretende processar o ex-governador Anthony Garotinho, que divulgou as fotos de Paris, por danos morais. Cabral disse por meio de sua assessoria que Sadala é seu amigo.

Por Reinaldo Azevedo

 

03/05/2012 às 6:57

Demóstenes Torres quis contato em banco de paraíso fiscal

Por Roberto Maltchik, no Globo:
Gravações feitas pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo revelam que o contraventor Carlinhos Cachoeira intermediou contato do senador Demóstenes Torres com uma representante de um banco em Liechtenstein, conhecido paraíso fiscal europeu. Os contatos entre a mulher, apontada como executiva da instituição financeira,  o grupo de Cachoeira e o senador ocorreram entre junho e agosto de 2011. A agente, identificada como brasileira nascida em Anápolis, seria conselheira financeira de artistas famosos no Brasil e no exterior. O grupo cita até mesmo a popstar inglesa Lady Gaga como uma de suas supostas clientes.

Cachoeira busca saber de Gleyb Ferreira da Cruz, integrante da organização, o que descobriu sobre a mulher. “É 150 anos de banco. É o que ela representa. (…) Algumas das boas fortunas do mundo estão nesse banco”, diz Gleyb. De posse das informações, Cachoeira telefona para Demóstenes, no dia seguinte: “Eu quero te apresentar uma pessoa, que é anapolina. Que o Gleyb trouxe e é do principal banco lá de um principado dentro da Suíça. Ela é a segunda pessoa do banco e ela tá aqui no Brasil”, diz Cachoeira. “Maravilha. E cadê ela?”, pergunta Demóstenes. “Às quatro e pouquinho ela vai tá aqui. Aí, eu vou dar um pulo aí”, conclui Cachoeira.

Segundo as interceptações telefônicas, a agente financeira, identificada no inquérito como Deise, teria sido apresentada por um terceiro. Esse contato venderia fundos de previdência estrangeiros e “põe o seu dinheiro lá fora”, explica o aliado do contraventor. Em 16 de agosto, a própria agente aparece em conversas telefônicas com Gleyb.

Por Reinaldo Azevedo

 

03/05/2012 às 6:55

Peemedebista do TO atuaria para esquema

Por Alfredo Junqueira, no Estadão:
Eleito senador por Tocantins em 2010, mas impedido de tomar posse por decisão judicial, Marcelo Miranda (PMDB-TO) foi preparado para ser mais um braço da organização liderada por Carlinhos Cachoeira, no Senado. Gravações da Polícia Federal feitas durante a Operação Monte Carlo indicam que, ao lado de Demóstenes Torres (sem partido-GO), Miranda atuaria em favor do interesses do contraventor e da Delta Construções.

Registros de conversas telefônicas feitos no dia 4 de maio de 2011 mostram Miranda chamando Cachoeira de “chefe”. O senador eleito diz que o contraventor pode contar com ele e ainda informa: “Tô aí pra somar”. Um outro diálogo entre o contraventor e o então diretor da Delta Construções para o Centro-Oeste, Claudio Abreu, revela a euforia deles diante da possibilidade de Miranda tomar posse no Senado.

‘Procurador’. “Foi bom demais, né? Você ligou pra ele?”, pergunta Cachoeira. “Não. O bom é que eu sei que ele vai ser procurador seu e meu, né?”, afirma Abreu. “É bom demais. É um cara bom, viu? Coração bom”, conclui Cachoeira. No mesmo dia, Cachoeira liga para Demóstenes para falar sobre Miranda: “O Marcelo Miranda está louquinho para falar com você, para te agradecer. Liga pra ele aí”, diz.

Os diálogos ocorreram logo após Miranda sair vitorioso de longa batalha judicial na qual tentou assumir o mandato no Senado. O peemedebista, no entanto, nunca foi empossado. Acusado de abuso de poder econômico e político nas eleições de 2006, quando ganhou a disputa pelo governo do Estado, Miranda foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2009 e considerado inelegível por três anos.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

03/05/2012 às 6:53

Investigação indica que Cachoeira agiu em SC

No Estadão:
Investigações da Polícia Federal mostram que a organização de Carlinhos Cachoeira tinha conexões no governo de Santa Catarina e negociava uma obra com integrante do primeiro escalão da equipe do governador Raimundo Colombo (PSD, ex-DEM). O secretário de Comunicação, Ênio Branco, aparece nas escutas como elo entre o Estado e o grupo do contraventor, que recorreu a ele com o objetivo de obter contrato para a construção de uma rodoviária em Florianópolis (SC).

O inquérito da Operação Monte Carlo revela que houve negociações entre Branco e emissários de Cachoeira em várias ocasiões, ao longo de 2011. Além de ter participado de reuniões de interesse do contraventor, intermediadas pelo senador Demóstenes Torres, o secretário teria acertado com a organização uma parceria público-privada (PPP) para erguer o terminal.

À época, Branco comandava a SC Participações (SCPar), estatal catarinense que cuida justamente dessas parcerias. Segundo as gravações, Cachoeira trabalhava para que a Artec, construtora sediada no Distrito Federal e responsável pela rodoviária de Brasília, obtivesse o contrato. A empresa diz ter sido sondada pela Delta Construções, ligada a Cachoeira, para a reforma de um terminal no Estado.

Num grampo de 8 de agosto do ano passado, às 15h04, Cachoeira diz a um de seus aliados, o ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcez, que o acerto para a obra já estaria costurado com Branco: “É pra procurar urgentemente o Ênio, tá? O Ênio quer fazer um negócio lá, a rodoviária. Já falou com o governador, o governador já liberou e o trem tá com ele”, explicou. “Nossa Senhora, beleza! Vou ligar pra ele aqui, tá?”, comemora Garcez.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

03/05/2012 às 6:51

Pai de Brizola Neto, novo ministro, denunciou na CPI dos Bingos conluio de governo do PT do RS com jogo do bicho

Por Paulo Celso Pereira, no Globo:
Se José Vicente Brizola comparecer nesta quinta-feira à posse de seu filho Brizola Neto como novo ministro do Trabalho, no Palácio do Planalto, o constrangimento será geral entre os petistas presentes. Filho de Leonel Brizola, José Vicente denunciou entre 2004 e 2005 um esquema do governo do PT no Rio Grande do Sul com o jogo do bicho. Vicente presidiu a empresa de loterias do estado (Lotergs) no governo Olívio Dutra e disse ter sido pressionado a levantar recursos junto aos empresários de jogos para as campanhas do PT a senador e a governador.

“Propuseram a mim que eu angariasse recursos, para a campanha majoritária do PT, perante esses concessionários de serviços públicos e, eventualmente, outros operadores de jogos, legais ou ilegais. Como me recusei, pediram-me, então, que eu apenas apresentasse as pessoas. Foi feito isso. Posteriormente, tive a notícia de que a empresa que geria o jogo Totobola teria contribuído com algo entre R$ 100 mil e R$ 150 mil”, contou na CPI dos Bingos no Congresso, em 2005.

A suposta relação entre o governo Olívio Dutra com a contravenção já havia sido explorada em uma CPI estadual, em 2001. No entanto, o Ministério Público rejeitou as acusações contra Olívio Dutra e a maioria dos citados. O depoimento de José Vicente já tratava do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Ele afirmou que uma empresa do contraventor ganhara uma licitação de forma “estranha”. O governo gaúcho havia aberto concorrência para terceirizar produtos lotéricos. A empresa de Cachoeira ganhou a licitação, que acabou revogada. O bicheiro entrou na Justiça e obteve ganho de causa em primeiro grau. O estado não recorreu.

Por Reinaldo Azevedo

 

03/05/2012 às 6:49

Mudança na poupança pode se limitar a novas aplicações

Por Valdo Cruz, Sheila D’Amorim e Natuza Nery, na Folha:
O governo deve anunciar hoje mudanças na regra de correção das cadernetas de poupança para facilitar a queda dos juros. O novo modelo poderá valer apenas para novos depósitos nas cadernetas, evitando assim a crítica de que haverá quebra de contratos já estabelecidos. O assunto foi discutido ontem pela presidente Dilma Rousseff com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Dilma convocou para hoje reuniões com sindicalistas, líderes da base aliada e empresários para debater medidas econômicas e buscar apoio à mudança.

No encontro, a presidente também deve anunciar uma estratégia do governo para redução do spread bancário -diferença entre os juros que os bancos cobram dos clientes e o que eles pagam para captar recursos. Na reunião de ontem, várias ideias foram apresentadas. Entre elas, a que prevê que a remuneração da poupança será equivalente a um percentual da Selic, a taxa básica de juros da economia. Esse percentual poderia ser único ou escalonado, dependendo do nível da Selic.

Outra possibilidade, que neste caso valeria para aplicações velhas e novas, é a cobrança de Imposto de Renda. Hoje o ganho das cadernetas é isento. Em 2009, o governo tentou taxar a aplicação, mas recuou diante da repercussão negativa da medida. Também foi proposta a correção com base num índice de preços.

Determinada a criar uma marca para sua gestão, a presidente definiu que entrará em campanha para atingir o que chama de “juros de Primeiro Mundo” -ou seja, na casa dos 2% reais (descontada a inflação). Para tanto, a politicamente difícil mudança na poupança é necessária. Com remuneração fixada em lei, a aplicação mais popular do país passou a ser um piso para a Selic, que serve de base para definir o custo dos empréstimos e o rendimento das demais aplicações financeiras. Com a Selic muito baixa, quem investe em fundo de investimento ou títulos públicos poderia migrar para a poupança -gerando problemas para o governo se financiar, por exemplo.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

03/05/2012 às 6:47

Após pressão de Dilma sobre juros, ações de bancos despencam

Por Vinícius Neder, no Globo:
As ações dos bancos voltaram a sofrer na Bolsa de Valores de São Paulo na quarta-feira, primeiro dia de negociação após o pronunciamento em cadeia nacional no qual a presidente Dilma Rousseff atacou as altas taxas de juros cobradas em financiamentos. Enquanto o Ibovespa, índice de referência do mercado, subiu 0,98%, todos os bancos viram suas cotações cair. O Banco do Brasil, cujas margens de lucro poderão ser diretamente afetadas pela redução nas taxas anunciadas no início do mês passado, teve o maior recuo: suas ações ordinárias (ON, com voto) caíram 2,71%, a R$ 22,94. Em seguida vieram as quedas de Itaú Unibanco PN (2,48%, a R$ 29,24), Bradesco PN (1,4%, a R$ 30,20) e Santander (0,19%, a R$ 15,51). Em abril, as quedas acumuladas foram de 3,9% (Bradesco PN) a 14,08% (Itaú Unibanco PN).

A discussão pública entre bancos privados e governo sobre o spread bancário (diferença entre o custo de captação e as taxas cobradas dos clientes), iniciada em março, ajudou a derrubar as ações desde então. O incômodo do Planalto começou após o Banco Central (BC) cortar a taxa básica de juros (Selic, hoje em 9%) para 9,75%, em 7 de março. Para o governo, os bancos não estavam repassando ao consumidor os cortes na Selic. Ainda em março, o presidente da Febraban, Murilo Portugal, reuniu-se com a equipe econômica em Brasília. Na saída do encontro, Portugal declarou que “a bola estava com o governo”. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reagiu e, no início de abril, Banco do Brasil e Caixa reduziram suas taxas. Com isso, as ações dos bancos caíram no mês passado de 3,9% (Bradesco PN) a 14,08% (Itaú Unibanco PN).

Setor espera avanço menor do crédito
Além do temor de diminuição dos lucros com os cortes nas taxas, os resultados financeiros do primeiro trimestre do ano não foram bem recebidos. Segundo Hersz Ferman, gestor da Yield Capital, resultados de Bradesco, Itaú e Santander apontaram aumento da inadimplência. O balanço do Banco do Brasil está previsto para sair nesta quinta-feira.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

02/05/2012 às 20:29

Lewandowski a milhares de quilômetros do processo do mensalão

No post anterior, informa-se que o ministro Ricardo Lewandowski não votou na questão da área de litígio na Bahia porque está na Suíça, representando o STF. Certo!

Mesmo com a tarefa que tem pela frente, que é entregar a revisão do processo do mensalão, não se pensou em ninguém menos ocupado para a missão? Então tá. O mensalão pode esperar. Já a Suíça…

Sejam comedidos nos comentários. Nosso dever é estimular o ministro.

Por Reinaldo Azevedo

 

02/05/2012 às 20:24

Sem surpresas - Supremo decide que área de conflito na Bahia é uma reserva indígena

Deu o óbvio. Os índios levaram a melhor no Supremo. Leiam o que informa Felipe Seligman na Folha Online. Volto em seguida.

Diante do agravamento no conflito entre índios e fazendeiros no sul da Bahia, o STF (Supremo Tribunal Federal) retomou o julgamento de uma ação que envolve a área em disputa e reconheceu, por 7 votos a 1, que o local é uma área indígena, determinando a anulação dos títulos de terras existentes no local. Os fazendeiros terão de deixar o local, mas a forma como será a retirada ficará a cargo da União, que definirá, inclusive, se eles poderão receber indenizações por perderem o registro de suas propriedades. A ação julgada nesta quarta-feira (2) foi proposta pela Funai (Fundação Nacional do Índio) em 1982, pedindo a declaração de nulidade de todas as propriedades de não índios que estivessem dentro da chamada Reserva Indígena Caramuru/Catarina/Paraguaçu.

A área, localizada no Sul da Bahia, tem 54 mil hectares e abriga os índios pataxós hã hã hãe. Na época em que entrou com a ação, há 30 anos, a Funai pediu a anulação que 396 propriedades. Um laudo feito por técnicos do STF, no entanto, constatou que boa parte daqueles registros estaria fora da reserva e a validade não estaria, portanto, em questão. O caso começou a ser julgado em 2008, quando o relator do caso, o hoje aposentado Eros Grau, votou pela nulidade dos títulos de terra. Ontem, o caso foi retomado com o voto da ministra Cármen Lúcia. Além de Eros e Cármen, votaram pela anulação dos títulos concedidos dentro da reserva indígena os ministros Joaquim Barbosa, Rosa Weber, Cezar Peluso, Celso de Mello e Carlos Ayres Britto.

Apenas Marco Aurélio Mello votou contra o pedido da Funai, por entender que os atos de concessão das terras foram feitos em “boa fé”. Ele também argumentou que boa parte dos índios que vivia lá deixou, com o passar do tempo, a região. Luiz Fux, por ter substituído Eros Grau, não pode votar, enquanto Gilmar Mendes e José Antonio Dias Toffoli estavam impedidos por terem atuado na causa quando ocuparam o cargo de advogado-geral da União. Já o ministro Ricardo Lewandowski não participou do julgamento por estar na Suíça, representando o tribunal. O voto vencedor foi liderado pela ministra Cármen Lúcia. Ela afirmou que o processo era composto de 25 volumes repletos de “sofrimento, lágrimas, sangue e morte”.
(…)

Voltei
O mesmo destino que se cumpriu em Raposa Serra do Sol se mostrará fatal nessa área da Bahia. Os fazendeiros terão de sair; a produção agrícola levará um tombo; o desemprego vai crescer; índios, brancos, mestiços e negros perderão seus empregos e povoarão alguma favela da cidade mais próxima. Em vez de o país produzir riquezas, vai aumentar o dispêndio com a assistência aos índios.

Não é que eles sejam sem-terra, não! Só não têm a extensão que reivindicam. Alguém se ocupou de comparar o que produzem nas áreas que já dominam com o que se produz nas áreas onde estão as fazendas? Não! Isso não importa! Sabem como é essa história de “solo sagrado” e de ligações “telúricas”, né?,  para lembrar vocábulo empregado por Ayres Britto no caso de Raposa Serra do Sol…

Mais uma decisão a favor da demagogia politicamente correta e contra a produção. É simples assim.

Por Reinaldo Azevedo

 

02/05/2012 às 19:57

Um enigma para a CPI. Ou: “Decifra-me ou me devora!”

A programação da CPI não prevê, em princípio, nem a convocação de Fernando Cavendish, dono da Delta, nem dos governadores Marconi Perillo (PSDB), Agnelo Queiroz (PT) e Sérgio Cabral (PMDB).

Uma comissão de inquérito, no entanto, tem a função de investigar. Mas investigar o quê?

Ora, há enigmas ainda sem solução. O publicitário Enio Mainardi (sim, sim, pai do querido Diogo), publicitário brilhante, é autor de um que entrou para a história, rivalizando com a famosa questão sobre o ovo e a galinha:
“Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?”

A CPI poderia tentar decifrar esse enigma. Imagino um parlamentar olhando para o biscoito, que, então, diria: “Decifra-me ou me devora”.

Por Reinaldo Azevedo

 

02/05/2012 às 19:20

Cabral, o português, era um “otário”

Da série “Não venham me dizer que estou inventando…”

Uma faxineira do Palácio da Guanabara acaba de me mandar por seu iPhone a foto de um bilhetinho encontrado na mesa de trabalho do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).

“O meu xará era um otário, coisa de português… Ele descobriu o Brasil, e eu descobri Paris”.

Por Reinaldo Azevedo

 

02/05/2012 às 19:03

STJ nega prisão de Agnelo. O tribunal está certo?

O STJ (Superior Tribunal de Justiça) rejeitou pedido de prisão preventiva do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), apresentado pela deputada distrital Celina Leão (PSD). Vamos ver. Se eu fosse o JEG ou a BESTA com sinal trocado, estaria aqui, agora, a pôr em dúvida a lisura o tribunal, como eles fazem na esgotosfera quando não gostam de uma decisão judicial. Vocês sabem como são: as coisas com as quais concordam são naturalmente boas; aquelas de que discordam são, é evidente, más!

A deputada tinha o direito de se mobilizar. E cabe ao tribunal julgar com base nos dados de que dispõe. Qual é o busílis. Montou-se uma máquina de espionagem no governo do Distrito Federal. As evidências são muitas. Espiona adversários, aliados, procuradores, jornalistas… Uma CPI foi criada na Câmara Distrital para apurar o caso.

O ministro Cesar Asfor Rocha, relator do inquérito que apura fraudes no Ministério dos Esportes, do qual Agnelo foi titular, considerou sobre a espionagem: “Os indícios de autoria e materialidade colhidos ainda não são suficientes para fundamentar o decreto de prisão preventiva, considerando a fase atual das investigações”. Três outros ministros opinaram que a deputada não tem legitimidade para esse tipo de pedido.

Vamos ver. Que o esquema foi criado, isso é indubitável. Mas é preciso ter a prova provada de que a ordem partiu de Agnelo e a evidência de que está praticando intimidação. O estatuto da prisão preventiva não pode e não deve ser banalizado.

Não vou descer ao nível da chicana daquela gente que desprezo. Não é porque considero Agnelo um flagelo — especialmente para o futuro do DF — que vou ficar aqui me esgoelando, a pedir a prisão preventiva. Militância cega é com a o JEG e com a BESTA. Nós, por aqui, tentamos manter os olhos bem abertos.

Por Reinaldo Azevedo

 

02/05/2012 às 18:41

“Chefe de quadrilha” (segundo a PGR) dá dicas de leitura e diz qual é a boa emissora de TV. Faz sentido!

O ex-deputado José Dirceu, cassado por corrupção e “chefe de quadrilha”, agora também dá dicas de leitura. Seus seguidores, ele orienta, devem ler os blogs ditos “progressistas” porque só eles trariam informações isentas sobre o caso Cachoeira, entenderam? Os blogs progressistas são aqueles que pertencem ao JEG — ou à BESTA, na denominação de Fábio Pannunzio.

Trata-se, sustenta o Zé, de resistir ao que ele chama “velha mídia”. No que diz respeito às emissoras de TV, o “chefe de quadrilha” (segundo a PGR) recomenda apenas uma: a TV Record.

Assim, se você considera o Zé um bom orientador de educação moral e cívica e um bom juiz da mídia, faça o que ele recomenda. Do seu ponto de vista, está certo: se eu fosse ele, escreveria a mesma coisa.

O Zé está ficando, à sua maneira, transparente. No mesmo post em que recomenda os blogs do JEG (ou da BESTA) e a TV Record, também pede a seus seguidores que leiam um artigo de Marcos Coimbra, publicado na Carta Capital (!!!), sustentando que o brasileiro não está nem aí para o julgamento do mensalão (cuja existência ele nega) e que isso não tem a menor importância.

Entenderam? Não são os críticos do deputado cassado por corrupção que ligam as chicanas do caso Cachoeira ao mensalão. É o Zé!

Por Reinaldo Azevedo

 

02/05/2012 às 18:10

CPI do Cachoeira: plano não prevê convite a dono da Delta nem aos governadores Agnelo Queiroz, Marconi Perillo e Sérgio Cabral

Por Maria Lima, no Globo:
No plano de trabalho sugerido nesta quarta-feira pelo relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), não há previsão de convocar para depor o dono da Construtora Delta, Fernando Cavendish. O plano confirma a estratégia dos governistas de limitar as investigações às operações da empresa no Centro-Oeste e no esquema de Cachoeira, deixando de fora os governadores Marconi Perillo (PSDB-GO), Agnelo Queiroz (PT-DF) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ). Odair sugeriu, por enquanto, a oitiva de Cláudio Abreu, gerente da Delta Centro-Oeste, no dia 29 de maio.

O advogado José Luís de Oliveira Lima, advogado da Delta e de Fernando Cavendish, presidente afastado do Conselho de Administração da empresa, disse que seus clientes prestarão depoimentos à CPI do Cachoeira, que teve sua primeira reunião na tarde desta quarta-feira, caso sejam convocados. “Se forem convocados, irão falar.” Lima disse que não daria mais declarações sobre as interceptações telefônicas da Polícia Federal que ligam a Delta ao empresário Carlinhos Cachoeira. “Vamos esperar o desdobramento dos trabalhos da CPI. Por enquanto não vou me pronunciar.”

O relator Odair Cunha sugere que os primeiros a serem ouvidos sejam os delegados responsáveis pelas operações Monte Carlo e Vegas, dois procuradores da República também responsáveis pelas investigações, Carlinhos Cachoeira dia 17 de maio, outros integrantes do seu esquema dia 22 e Dadá dia 24.

Mas o senador Fernando Collor (PTB-AL) continuou insistindo na convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, alegando que não há nenhuma regra que o impeça de comparecer à CPI. “Sua vinda aqui daria peso a Comissão, que iniciaria seus trabalhos ouvindo alguém que ofereceu a denúncia”, insistiu Collor. “E para dizer por que o inquérito pernoitou anos e anos em sua gaveta sem que nenhuma providência fosse tomada”, completou Collor. O plano de trabalho sugerido por Odair Cunha está agora sendo debatido pelo plenário da CPI. Há questionamentos sobre a legalidade de convocar os procuradores.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

02/05/2012 às 17:03

Ai, ai… Vamos a um debate em que todos falam, e ninguém tem razão? Ou: Sigilos, vazamentos selecionados e crimes

O senador Fernando Collor (PTB-AL) entrou numa altercação com seus colegas de CPI por conta do sigilo do inquérito e das informações que circulam e vão circular na comissão. Reproduzo trechos do que relatam Gabriela Guerreiro e Rubens Valente na Folha Online. Volto em seguida.
*
O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) cumpriu nesta quarta-feira (2) a promessa de agir na CPI do Cachoeira como uma espécie de “guardião” do sigilo do inquérito que investiga o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), encaminhado hoje à comissão. Ao falar na CPI, Collor disse que o presidente, o relator e todos os integrantes da comissão podem ser responsabilizados judicialmente se houver vazamento do inquérito - apesar do seu conteúdo estar disponível na internet.  Collor trocou farpas com o senador Pedro Taques (PDT-MT), ex-procurador de Justiça, que defendeu a abertura de todos os documentos. “Estamos em brincadeira da carochinha. Esse inquérito inteiro está na internet. A Constituição afirma que o sigilo é a exceção. A regra é a publicidade”, disse Taques.

Collor, por sua vez, afirmou que a decisão foi tomada pelo presidente da mais alta Corte do país, por isso não podem ocorrer vazamentos. “Não é uma decisão de juiz de primeira instância. Vossa Excelência, bem como o senhor relator, são responsáveis primeiros por qualquer vazamento que haja, e estarão passíveis de receberem punição pelo rigor da lei.” Taques e o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) pediram ao presidente da CPI, senador Vital do Rego (PMDB-PB), para solicitar ao STF o fim do sigilo –uma vez que o inquérito está público na internet.
(…)
Ao rebater a posição de Taques, Collor afirmou que o Supremo foi “taxativo” ao determinar o sigilo. “O presidente do STF é presidente de um Poder. O Ministério Público, diferentemente do que alguns achem, pensem ou idealizem, não se constitui um quarto Poder. Fala pelo Judiciário o presidente daquela mais alta Corte de Justiça do país.” (…) Num ataque à imprensa e a colegas, o senador disse que “hipócritas são aqueles que fornecem informações por debaixo dos panos a alguns confrades, e fazem dessas informações o uso que lhes convier”. Ao criticar a atuação de jornalistas, Collor disse que existe uma “coabitação criminosa entre confrades e alguns parlamentares” do Congresso que fornecem informações “em troca da publicação de notícias favoráveis”.

Na defesa da posição de Taques, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) disse que manter o sigilo do inquérito seria proteger o investigado –no caso, o empresário do ramo de jogos ilegais Carlos Cachoeira. “Pode vir o despacho da mais ilustre autoridade do planeta, mas a minha posição está subordinada à Constituição”, afirmou Teixeira.
(…)

Voltei
Eita! Collor também já me processou. A Justiça não acolheu o seu pleito. Assim, deixo claro, de saída, que não somos da mesma enfermaria, como costumo brincar. Estivéssemos debatendo questões de mérito, qualquer advogado minimamente informado diria que ele tem razão. Se a Justiça determinou o sigilo do inquérito, sigiloso ele tem de ser. Se há vazamento, quem vazou cometeu um crime. Também é verdade essa espécie de conluio que ele apontou. Vazamentos são sempre selecionados e atendem aos interesses dos vazadores. Mas aqui cabe uma ressalva importante: jornalistas não são guardiões de sigilo. Sua obrigação é publicar o que sabem, não esconder. Quem tem autoridade funcional de preservar o segredo de Justiça que o faça. Os repórteres tentarão sempre furar a couraça.

É evidente que, também nessa área, o país vive numa baita esculhambação. Sigilos não duram cinco minutos. Sua decretação, por incrível que pareça, em vez de proteger a investigação e torná-la imune a pressões, acaba servindo ao banditismo. Se a fala de Collor (não ele necessariamente) tem razão no mérito, não a tem na ordem prática das coisas. O que estou dizendo? Sigilo praticamente não existe. O melhor mesmo é dar um fim oficial a essa prática. Pronto! Ou, caso seja preservada, que o estado brasileiro se organize para punir vazadores — deixando os jornalistas fora de qualquer ação restritiva. Sua função será sempre tentar saber!

O caso do inquérito de Demóstenes Torres é um exemplo de sigilo pernicioso. Por mais de um mês, antes do vazamento da íntegra do inquérito, prosperou na esgotosfera (no “JEG” e na “BESTA”) a fantasia mentirosa — a partir de vazamento de trechos de diálogos fora de qualquer contexto — segundo a qual jornalista da VEJA estaria mancomunado com Cachoeira etc e tal.

Agora que se conhece a íntegra do inquérito, tem-se o quê? Nada! Ou melhor: tudo! Tem-se um atestado de correção profissional. VALE DIZER: UMA ALA DOS VAZADORES ESTAVA INTERESSADA APENAS EM ATACAR A IMPRENSA INDEPENDENTE. Nada mais! A íntegra do inquérito trouxe a evidência de que o esquema Cachoeira tentou foi abafar uma reportagem da VEJA que começava a desvendar o enigma Delta.

O SIGILO PRECÁRIO E NÃO GARANTIDO É MUITO PIOR DO QUE SIGILO NENHUM! A fala de Collor traz um fundamento que deveria, com efeito, ser seguido. Não haveria jurista no país que pudesse dizer o contrário. Enquanto o sigilo existir, ele tem de ser preservao. Mas chegou a hora de mudar: exceção feita a inquéritos que digam respeito, eventualmente, à segurança nacional e cuja divulgação poderia pôr em risco a segurança da coletividade, não vejo por que decretar sigilo. Vamos parar de fingir! Mas noto no arremate: também nesse caso, não defendo impunidade, não! A lei ainda não mudou. E os vazadores têm de ser identificados e punidos — o que não vai acontecer.

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo

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