Chega de conversa mole! Matando a charada: “Carlinhos” é só um dos “Cachoeiras” da Delta.

Publicado em 21/05/2012 14:21 e atualizado em 09/03/2020 09:16
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Chega de conversa mole! Matando a charada: “Carlinhos” é só um dos “Cachoeiras” da Delta. Pergunto: “Quem é o ‘Cachoeira’ do Rio, por exemplo?”

Caras e caros, acho que este post põe os pingos nos devidos “is” no que diz respeito à CPI. Se acharam que ele vai ao ponto que interessa, cuidem de ajudar a espalhá-lo por aí. Vamos lá.

Os fragmentos de narrativa e de conversas que vão vazando das escutas feitas pela PF nas operações Vegas e Monte Carlo vão nos fazendo perder a noção do todo. Aos poucos, os vários pedaços da verdade vão contribuindo para construir o que tem tudo para ser uma grande mentira e um elogio à impunidade. Pensemos.

“Será que Fernando Cavendish, o dono da Delta, está envolvido com jogo do bicho, caça-níqueis, essas coisas?” Não há, até agora, nenhum sinal, certo? Não existem evidências, pois, de que Cavendish seja sócio de Cachoeira na contravenção, mas há indícios de sobra de que este era parceiro daquele em alguns empreendimentos. Estão acompanhando?

Outra questão relevante. Ainda que não existisse uma Delta, Cachoeira seria quem é no mundo da contravenção. Essa sua atividade específica independe de contratos com o governo, licitações, obras públicas etc. Assim, ele tem de ser investigado e, dado o que já se sabe, punido por suas ações no jogo. Atenção para isto: o contraventor já existia antes de a Delta ser o que é. Haveria a obrigação de investigá-lo ainda que ele não tivesse contato com construtora nenhuma.

O que estou querendo dizer é que a investigação tem de ser dividida em dois grupos: num deles, encontramos Cachoeira, os caça-níqueis, a exploração do jogo etc. É coisa séria, que merece atenção? É, sim! Afinal, ele contava até com parlamentares que atuavam como despachantes de seus interesses, a exemplo do que se depreende de seus diálogos com o senador Demóstenes Torres. Restringir, no entanto, a investigação a Cachoeira, como quer o PT — defendeu essa posição até numa resolução nacional —, corresponde a fraudar de forma espetacular a verdade.

Quem é Cachoeira mesmo?
Cachoeira é um contraventor que tem de ser punido na forma da lei, independentemente de seus vínculos com Cavendish. MAS ELE TAMBÉM ERA O HOMEM DA DELTA NA REGIÃO CENTRO-OESTE. E agora chegamos ao ponto: Cavendish não aparece nas conversas de Cachoeira sobre jogo porque, de fato, não tem nada com isso! O bicheiro era o seu operador e intermediário em assuntos no Centro-Oeste. Seu raio de ação não ia muito além dessa região, especialmente Goiás e o Distrito Federal.

Assim, insisto: duas investigações precisam ser feitas: a) a que envolve as ações ilegais do bicheiro como bicheiro; b) a que envolve as ações do bicheiro como parceiro da Delta. E é nesse ponto que a coisa fica interessante: Cachoeira era apenas um dos, digamos, “escritórios” que cuidavam do interesse da empresa. Cavendish, que já declarou ser possível comprar um senador por R$ 6 milhões, ESTABELECEU UMA PARCERIA COM ELE EM ASSUNTOS LOCAIS. Mas certamente não era o bicheiro que atuava como procurador da Delta no Rio, por exemplo.

Quando Cândido Vaccarezza mandou aquele torpedo amoroso para o governador Sérgio Cabral (PMDB), já sabia que o nome do governador do Rio não frequenta as conversas do bicheiro com sua turma. ORA, NEM PODERIA! Tanto no jogo ilegal como no assalto ao erário, a região de Cachoeira, insisto, é o Centro-Oeste.

O leitor esperto já se tocou, não? Cumpre perguntar: quem é o braço operativo de Cavendish no Rio, por exemplo? O bicheiro pode ser hábil, poderoso e tal, mas aquela não era uma área que ele dominasse. Podem virar do avesso os contratos de R$ 1,1 bilhão do estado do Rio com a Delta, e duvido que se encontre por ali o dedo de Cachoeira. A construtora, está claro como a luz do dia, tinha operadores regionais. No Centro-Oeste, ficamos todos sabendo, parece difícil fazer um negócio sem se molhar na fonte do contraventor, mas não fora dali. Tendo a achar que isso explica aquele rasgo vaccarezzo-shakespeariano. O petista dirceuzista estava dando garantias a Cabral de que a CPI vai se limitar ao Centro-Oeste e não quer saber dos outros “Cachoeiras” espalhados Brasil afora.

Quem não se lembra?
A Polícia Federal e a Controladoria Geral da União (CGU) acusaram maracutaias da Delta no Ceará, em 2010!!! A operação Mão Dupla identificou de tudo por lá: propina, fraudes em licitações, desvio de verbas, superfaturamento, pagamentos irregulares e emprego de material de qualidade inferior ao contratado em obras comandadas pelo Dnit. Um diretor local da Delta, Aluizio Alves de Souza, e o superintendente no Dnit no Estado, Joaquim Guedes Martins de Neto, foram presos. Mesmo assim, o governo celebrou com a construtora outros 31 contratos, no valor de quase R$ 800 milhões. Pergunto: o Ceará estava sob a jurisdição de Cachoeira??? Não! O “homem” da construtora no Estado era outro.

Pergunto outra vez: “Quem será, hein, o ‘Cachoeira’ de Cavendish no Rio? Assim como, no Centro-Oeste, foi preciso recorrer ao estado paralelo cachoeirístico para viabilizar negócios, quem terá, nas terras fluminenses, feito pela Delta o que fazia Cachoeira na região central do Brasil? Entenderam o busílis? Uma coisa é apurar a infiltração da contravenção no estado etc. e tal… É grave? É grave! Mas isso, convenham, para os cofres públicos, beira a irrelevância quando se pensa, só para ficar nas obras do PAC, em R$ 4 bilhões! A INVESTIGAÇÃO QUE MAIS INTERESSA É OUTRA: QUAIS SÃO OS BRAÇOS QUE OPERAM O ESQUEMA DELTA NO BRASIL? Esse é o ovo de Colombo. E parece que é isso o que a CPI quer esconder. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que deixou por um tempos a militância em favor da descriminação da maconha para cuidar de outros baratos na CPI, chama a possibilidade de investigar a Delta em escala nacional de “devassa”!!! Esse é um dos que preferem perseguir a imprensa a ficar no encalço de larápios, que roubam os cofres públicos.

Agora, sim!
Agora, sim!, as coisas parecem mais claras. Misturar no mesmo imbróglio a jogatina — que tem de ser investigada e punida! — e o esquema Delta corresponde a mentir de forma asquerosa para os brasileiros. No Centro-Oeste, em razão das atividades preexistentes de Cachoeira, essas duas coisas se cruzaram. Cachoeira ainda é um contraventor local, com aspirações de estender nacionalmente a sua influência. A Delta, nesse sentido, lhe era um canal e tanto. A teia verdadeiramente nacional é outra: chama-se Delta. E é preciso saber o nome dos outros “cachoeiras”. PARA QUE TODOS SEJAM PUNIDOS POR SEUS EVENTUAIS CRIMES.

Punir apenas Carlinhos Cachoeira, Demóstenes e mais um, dois ou três não é injusto, não, no que diz respeito à turma e às suas ações. Punir apenas essa gente é injusto com o Brasil! E se trata de mais uma aposta na impunidade, que está na raiz de toda essa lambança.

Se a CPI não investigar para valer a Delta no Brasil inteiro, estará mandando um recado aos demais “Cachoeiras” do esquema:
“Vocês são nossos, nós somos seus, e o Brasil e os brasileiros que se danem”.

Texto publicado originalmente às 4h27 desta segunda

Por Reinaldo Azevedo

 

Eloquentes na CPI, tudo indica, serão apenas os silêncios de Cachoeira

 “Assiste a qualquer pessoa regularmente convocada para depor perante Comissão Parlamentar de Inquérito, o direito de se manter em silêncio, que representa direta consequência fundada na prerrogativa constitucional contra a autoincriminação”.

Essas são palavras da decisão do ministro Celso de Mello, que obriga o bicheiro Carlinhos Cachoeira a comparecer hoje à sessão da CPI, cujo início está marcado para as 14h. Mello rejeitou um segundo pedido de adiamento feito pela equipe de defesa, liderada por Márcio Thomaz Bastos. Mas fez o óbvio, conforme já se havia advertido aqui: lembrou que ele tem, sim, a obrigação de responder o que lhe for perguntado, a menos que avalie que se vá autoincriminar.

Essa questão, nestes tempos de valores um tanto tumultuados, tende a se mal compreendida. Embora sejao desejável que ele conte tudo, esse princípio é um dos fundamentos da democracia e do estado de direito. Sabem aquela fala tradicional dos filmes americanos: “Você tem o direito de permanecer calado; tudo o que disser pode e será usado contra você etc”? Pois é. O fundamento é o mesmo. Nas democracias, quem tem de apresentar provas são a polícia e o Ministério Público.

Ora, é evidente que o silêncio não é inócuo quando se tem em mãos uma porção de indícios, evidências, provas. Os parlamentares dispõem de um grande arsenal em mãos. Poderão indagar o que lhe der na telha. Se Cachoeira decidir não responder, o silêncio também é cheio de significados, não é?

Por Reinaldo Azevedo

 

22/05/2012 às 3:47

Na Folha, militante do PSTU é chamado apenas de “professor da USP” ao defender palavra de ordem do partido. Ou: Crime contra a inteligência

Eu faço um convite aos leitores! Ou melhor: eu lhes dou uma dica. Sempre que aparecer algum “professor universitário” opinando em favor de alguma tese, especialmente se for de esquerda, recorra ao Google para saber se ele não é um militante partidário. O caso de que vou tratar aqui é até besta e se refere a uma quase-bobagem, mas ilustra um método.

Escrevi ontem um post sobre a redação de um candidato da Fuvest que mandava um recadinho em letras em negrito. Nem me estendi muito sobre a coisa em si porque é uma bobagem. Lamentei, isto sim, a qualidade do texto, que foi, não obstante, considerada exemplar pelo examinador. Tanto é assim que estava no site da Fuvest entre os textos de destaque. O(a) estudante mandava um recado: “Fora Rodas” e “Fora PM”. A fundação, numa atitude correta, tirou o texto do ar — seja em razão do proselitismo fora de lugar, seja por causa da baixa qualidade, jamais deveria ter estado lá.

Muito bem. A Folha noticiou o assunto e decidiu ouvir um “especialista”. Por que não o professor Ruy Braga, do Departamento de Sociologia da USP? É mesmo, né? Por que não? Ele defendeu a postura do (a) estudante e ainda criticou a Fuvest. Leiam trecho. Volto em seguida.
*
O professor do Departamento de Sociologia da USP Ruy Braga elogiou a redação que trazia mensagens subliminares contra o reitor João Grandino Rodas e criticou o fato de a Fuvest ter suprimido o texto do seu site. “Se existe um mantra que é sistematicamente repetido pela Fuvest, é o de que eles desejam estudantes com formação crítica, que saibam pensar com a própria cabeça”, disse Braga. “Quando um jovem se manifesta politicamente, exatamente com base nesses parâmetros, eles tiram a redação do ar? Isso não faz sentido”, afirma o docente.

Braga criticou ainda a atitude da Fuvest, que qualificou o protesto presente na redação como uma “brincadeira indesejável” e retirou o texto de seu site. “Não é uma brincadeira, é uma atitude política. A Fuvest não pode simplesmente tapar os olhos, como se isso não tivesse acontecido.”
(…)

Voltei
Ruy Braga é um dos mais conhecidos militantes do PSTU na USP. É editor da revista “Outubro”, do partido. “Fora Rodas” e “Fora PM”, como ele mesmo diz, são, sim, “mantras”… do PSTU, também repetidos pelo PSOL. O que o ilustríssimo chama “pensar com a própria cabeça” se traduz em “pensar com a cabeça do PSTU”. Não é fabuloso?

Nem vou entrar no pensamento desses dinossauros. O que me incomoda é que o mestre, tudo indica, desconhece também o sentido das palavras. Quem repete um “mantra” — e esta é sua razão de ser — está fazendo tudo, menos “pensar com a própria cabeça”. Aliás, se Braga tivesse um pouco mais de apreço por seu ofício (e isso significaria uma ionstrução compatível com a função), saberia que os mantras representam justamente o momento de suspensão do juízo e da consciência. Seu objetivo é limpar a mente de todo pensamento para o ser se integrar ao “Todo Universal”, tá ligado???

Logo, senhor professor, quem repete mantras não pensa! Ou alguém continuaria a ser do PSTU se pensasse um pouco? O repórter Dario de Negreiros poderia ter feito direito o seu trabalho. Bastaria informar: “Ruy Braga, professor da USP e militante do PSTU, partido que adotou o “Fora Rodas” e o “Fora PM”, disse que…” E pronto! Tudo estaria no seu lugar. O leitor teria mais elementos para se posicionar.

Apresentar um militante ligado à causa que está na raiz da notícia só como um especialista corresponde a enganar o leitor. Infelizmente, e isto é cada vez mais comum na imprensa brasileira, militantes políticos são apresentados como analistas independentes, voluntários de redes sociais, cidadãos com vontade participar…

“Por que, Reinaldo, o cara não pode ser militante do PSTU e professor da USP ao mesmo tempo?” Sim. Só que os leitores têm o direito de saber, e o jornalista, o dever de informar.

Nota - O meu “sim” acima diz respeito à questão legal apenas. Poder, ele pode. Mas acho que não deve. Tenho certas idéias românticas a respeito. Por mais que um mestre tenha uma posição política, uma ideologia, um conjunto de valores, uma moral, um aporte ético, jamais deveria ter um partido. Ou sua inteligência para ENSINAR estará, a meu ver, tisnada. Um mestre tem de pensar com desassombro. Se é procurador de um projeto de poder, por mais inviável que seja, seu lugar é a militância, não a sala de aula. Se milita em sala de aula, comete um crime contra a inteligência, o saber e, obviamente, os estudantes.

Por Reinaldo Azevedo

 

22/05/2012 às 3:03

Cachoeira se recusa a falar em processo contra Demóstenes

Por Gabriela Guerreiro, na Folha:
O empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, não vai prestar depoimento ao Conselho de Ética do Senado, inicialmente marcado para amanhã. Ele era uma das testemunhas de defesa do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) no processo que o parlamentar responde por quebra de decoro, mas decidiu suspender o depoimento para evitar a produção de provas contrárias a ele no processo criminal a que responde na Justiça.

Cachoeira é acusado de comandar um esquema de exploração de jogo ilegal e de corromper agentes públicos, dentre outros crimes. “Ele não vai porque isso pode resvalar no processo penal que ele responde”, disse à Folha Dora Cavalcanti, da equipe de Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça no governo Lula Márcio e advogado de Cachoeira.

Com a decisão, Demóstenes fica sem sua principal testemunha no processo que pode resultar na cassação do seu mandato. Diferentemente de uma CPI, que tem poderes similares aos de polícia, o Conselho de Ética não pode obrigar testemunhas a depor. Na noite de ontem, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que houve tempo hábil para a defesa de Cachoeira acessar os documentos da acusação, e o empresário deve comparecer hoje à CPI. Demóstenes é investigado por usar seu mandato para supostamente beneficiar os negócios do empresário no Congresso e por ter mentido aos senadores sobre sua ligação com Cachoeira.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

22/05/2012 às 3:00

Presidente da CPI emprega assessora fantasma no Senado em troca de artigos elogiosos do pai dela!!!

Por Andreza Matais e Felipe Coutinho, na Folha:
O presidente da CPI do Cachoeira, Vital do Rêgo (PMDB-PB), contratou como funcionária fantasma em seu gabinete Maria Eduarda Lucena dos Santos, que se diz coautora do hit “Ai, Se Eu te Pego”, cantado por Michel Teló.

O emprego foi arrumado pelo pai de Maria Eduarda, o jornalista Adelson Barbosa, que admitiu à Folha que a filha foi contratada para receber pelos trabalhos que ele e outros dois jornalistas executariam: publicar reportagens favoráveis ao senador na imprensa local. Barbosa, que trabalha no jornal “Correio da Paraíba”, disse que partiu do senador a sugestão para burlar as normas do Senado.

“Quem faz o trabalho sou eu e meus outros dois colegas. Ele [senador], quando convidou a gente para fazer o trabalho, disse que não poderia nomear três pessoas. Ele sugeriu colocar uma pessoa e a gente divide o valor”, contou Barbosa. “Poderia ser no meu nome, ou no de um dos outros dois. Só que eu não podia, porque o Senado exigia não ter outro vínculo [de trabalho]. Minha filha é estudante e sugeri que fosse no nome dela.”

Maria Eduarda, 20, também disse à reportagem que o pai é quem responde pelo cargo. Ela foi contratada em fevereiro de 2011 como assistente parlamentar com salário de R$ 3.450. E é dispensada de comprovar presença.

Estudante universitária, ela diz ter criado o “Ai, se eu te pego” numa viagem com colegas à Disney em 2006. A Justiça concedeu liminar em favor dela e das amigas bloqueando o dinheiro arrecadado com a música até que se decida a autoria. A contratação de funcionários fantasmas pode gerar ação por improbidade. O presidente da CPI também emprega no gabinete parentes de políticos e aliados. Ele contratou uma filha do ex-governador peemedebista José Maranhão, a mãe do deputado federal Hugo Motta (PMDB-PB), uma prima do ex-senador Ney Suassuna e uma cunhada de seu primeiro-suplente, Raimundo Lira, com salários que variam de R$ 2 mil a R$ 12,8 mil. O senador emprega ainda a mulher de Carlos Magno, coordenador de comunicação de sua campanha em 2010.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

21/05/2012 às 21:55

Com PIB magro, governo reduz IPI para carros e incentiva área de bens de capital em novo pacote

Por Gabriel Castro e Anna Carolina Rodrigues, na VEJA Online:
O Ministério da Fazenda anunciou nesta segunda-feira um pacote de medidas para aquecer o consumo e combater os efeitos da crise financeira internacional. Entre as medidas, que beneficiam o setor automotivo e a produção de bens de capital, está uma redução de até sete pontos porcentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a venda de carros. As medidas valem até 31 de agosto (veja tabela).

Como continua valendo o regime automotivo especial, que beneficia a maior parte dos veículos fabricados no país com um corte de 30 pontos percentuais no IPI, um carro 1.0 nacional, que tinha IPI de 7%, passa a ter isenção da taxa.

Sem considerar o regime especial, o IPI de carros de até 1.000 cilindradas (1.0) passará de 37% para 30%; na faixa de 1.000 (1.0) a 2.000 (2.0) cilindradas, a redução é de 43% para 36,5% (carros a gasolina) e de 41% para 35,5% (bicombustíveis). Para os utilitários, o corte é de 34% para 31%. A renúncia fiscal prevista é de 1,9 bilhão de reais no período.

O pacote foi discutido com os bancos e com as montadoras. As fábricas se comprometeram a reduzir o preço dos automóveis. Para veículos de até 1.000 cilindradas, haverá redução de 2,5%. Os carros entre 1.000 e 2.000 cilindradas terão o preço cortado em 1,5%. Para os utilitários, redução será de 1%. As companhias também devem realizar promoções especiais no período.

“O resultado esperado para essas medidas é a redução do custo do investimento. Em segundo lugar, a redução do preço dos veículos ao consumidor. É mais uma medida para garantir a continuação do crescimento econômico num momento de crise na economia internacional, onde o governo tem que tomar mais medidas de estímulo para rebater a influência dos problemas”, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante entrevista coletiva.

Crédito
 De acordo com Mantega, os bancos públicos e privados se comprometeram a aumentar o volume de crédito para o financiamento de veículos, além de elevar o número de parcelas e reduzir o valor da entrada e dos juros dos empréstimos. Como contrapartida, Banco Central vai liberar parte do valor compulsório recolhido pelos bancos, o que deve facilitar a concessão de crédito. Essa medida não tem prazo de encerramento.

Outra medida do pacote é a redução no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para o crédito para pessoa física: de 2,5% para 1,5%, o que provocará uma renúncia fiscal de 900 milhões até o fim de agosto.

Incentivo
A segunda parte do pacote trata de incentivos à aquisição e à exportação de bens de capital. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai reduzir as taxas de juros cobradas no pré-embarque de empresas exportadoras (9% para 8% ao ano), as taxas cobradas para aquisição de máquinas e equipamentos por empresas (de 7,3% para 5,5% ao ano) e as taxas cobradas por participantes do programa Pró-Engenharia (de 6,5% para 5,5%). O prazo de financiamento para a compra de caminhões por pessoas físicas também será estendido. O custo dessa parte do pacote está previsto em 619 milhões de reais. Essas medidas também valem até 31 de agosto.

“As medidas são o resultado de um compromisso assumido entre o setor privado, o setor produtor e o setor financeiro. Cada um deles se juntou e nos unimos para estabelecer medidas para que cada um desse a sua contribuição no sentido de reduzir o custo dos produtos”, disse Mantega.

PIB
Apesar do pacote, o ministro Mantega admitiu que o Produto Interno Bruto (PIB) dificilmente crescerá em 2012 os 4,5% previstos pelo governo. “É mais difícil agora crescer 4,5% no ano como um todo. Porém, a aceleração da economia virá, porque nós tomamos várias medidas que demoram a fazer efeito”, disse ele. Nesta segunda-feira, um novo relatório divulgado pelo Banco Central mostrou que a perspectiva dos economistas para o resultado do PIB caiu ainda mais e chegou a 3,09%.

Por Reinaldo Azevedo

 

21/05/2012 às 20:59

Ministro do Supremo autoriza depoimento de Cachoeira à CPI

Por Marcelo Parreira, no Portal GT1:
O ministro Celso de Mello autorizou o depoimento de Carlos Augusto Ramos, oCarlinhos Cachoeira, à CPI mista que investiga as relações do contraventor com políticos, autoridades e empresários . Com isso, fica mantida a previsão de que Cachoeira seja ouvido pelos parlamentares na audiência marcada para esta terça na comissão. A decisão de Celso de Mello é mais um capítulo na série de embates jurídicos que se desenrolaram ao longo da última semana entre a defesa de Cachoeira e a CPI.

Primeiro, os advogados argumentaram que a comissão havia negado o acesso aos dados das investigações sobre o contraventor que estão em posse dos parlamentares, provocando o chamado “cerceamento da defesa”.

O argumento convenceu o ministro, e na decisão proferida na última segunda-feira, Celso de Mello criticou a restrição. “A unilateralidade do procedimento de investigação parlamentar não confere, à CPI, o poder de negar, em relação ao indiciado, determinados direitos e certas garantias que derivam do texto constitucional”, dizia o texto. Celso suspendeu o depoimento até análise do pedido pelo plenário do Supremo Tribunal Federal ou caso algum fato novo relativo ao tema ocorresse.

Como resposta, a comissão aprovou no dia seguinte - quando seria realizada originalmente a audiência com Cachoeira - o acesso da defesa aos dados, mas no mesmo formato permitido aos parlamentares integrantes da CPI: por meio dos computadores colocados à disposição em uma sala de acesso restrito no Senado Federal. A comunicação do fato foi feita ao ministro, que se mostrou disposto a reanalisar a decisão.

Os advogados de Cachoeira, no entanto, utilizaram a sala por menos de três horas na última semana, o que levou o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), a liberar o acesso deles também durante o fim de semana. Não foi suficiente.

“Não adianta entrar na sala no fim de semana. Não dá para examinar na CPI. Teríamos que passar anos na sala. Não tem ferramenta de busca. Os próprios deputados e senadores sabem a dificuldade em acessar”, afirmou na última sexta Dora Cavalcanti, uma das advogadas do contraventor.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

21/05/2012 às 20:26

A redação da Fuvest que trazia “mensagem subliminar” e o desastre da qualidade no ensino universitário

Como vocês já devem ter lido, a Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular), que realiza o vestibular da USP,  mantém em seu site aquelas que considera as melhores redações. Uma delas trazia uma mensagem nem tão subliminar assim, como se nota abaixo. O candidato ou candidata reforçou  letras de palavras que compunham dois acrósticos vagabundos: “Fora Rodas” e “Fora PM”. Por que vagabundos? Porque nem recorreu às primeiras letras de cada vocábulo. Essas são palavras de ordem que mobilizam a extrema esquerda uspiana e maconheiros militantes, que querem queimar mato dentro da universidade sem incômodos. São os filhos radicalizados da geração Toddynho com sucrilho, que não se sentem obrigados a seguir a termo as leis que valem para a pobrada brasileira…

Quando o caso virou notícia, a Fuvest tirou a redação do site. Já há orelhudos falando em censura. A fundação diz que não tinha percebido o truque — é o caso de demitir o falso distraído, não? — e que decidiu excluir o texto porque não quer estimular manifestações dessa natureza. Vejam parte da redação antes que eu prossiga.

 redacao-fuvest

Voltei
A coisa em si é uma tolice e nem merecia figurar aqui não fosse um particular: a Fuvest considera essa maçaroca de abstrações um texto exemplar??? Mesmo para um estudante que acabou de concluir o ensino médio, isso é ruim de doer. Se atende aos princípios gerais da correção gramatical (nem tanto: há ali um ” permite-se que (…) decisões afete“), o que se tem acima é um pastel de vento, um apanhado contraditório de tolices e generalidades. Em 20 linhas de texto, não há um miserável argumento.

Atropelar a regência de modo miserável constitui redação exemplar, ainda que o autor seja um aluno que acaba de concluir o segundo grau? Leiam isto:
 “Mas o que muitas vezes não é percebido é que a crescente campanha de reavivamento do interesse pela política poderia ser considerada como mais uma artimanha para introduzir e absorver cada vez mais os indivíduos para um senso de pseudocoletivismo, uma falsa sensação de estar contribuindo (…)”

Heeeinnn? O quê? “Introduzir e absorver o indivíduo para???” O candidato, apesar de erros evidentes, expressa-se de forma razoavelmente ordenada. O chato é perceber as consequências da tal “educação crítica” exercida nas escolas. Notem aí: o indivíduo é tratado como vítima passiva do “sistema”. Isso é fruto do proselitismo de professores em sala de aula, mais ocupados em demonizar os meios de comunicação e em pregar a resistência ao “famigerado capitalismo” do quem em… ensinar a parte que lhes cabe.

Esse negócio do “Fora Rodas” e “Fora PM” é uma tolice sem importância. Espanta-me saber que a Fuvest, que realiza o vestibular mais concorrido do país, considere esse troço um modelo a ser seguido. Isso,  se querem saber, é evidência de um desastre que está em curso no ensino universitário. É cedo para saber quanto vai custar. Mas será caríssimo.

Por Reinaldo Azevedo

 

21/05/2012 às 19:09

Ok, também falarei sobre Xuxa no Fantástico. Só não sei se é o que esperam ler…

Ai, ai… Vou mesmo ter de falar sobre a Xuxa? Vou! Então tá.

Começo pelo aspecto que mais chamou a minha atenção nessa história toda: o ataque de subcelebridades (inclusive  as do subjornalismo e da Internet) ao Fantástico — mero pretexto para atacar a Rede Globo — , que teria optado pelo sensacionalismo etc. e tal. Que sensacionalismo? Nesse particular, tudo foi muito sóbrio.

Vamos ver. Se uma pessoa nacionalmente conhecida como Xuxa está disposta a revelar que foi vítima de abuso quando criança, isso é ou não é notícia? Isso merece ou não espaço num programa como o Fantástico? Que emissora no mundo se recusaria a levar a declaração ao ar? Criticar a Globo por isso é, com efeito, a manifestação de sempre de rancor e ressentimento com quem é líder de audiência. “Ah, mas estava querendo ibope…” E daí? Jornalistas querem ser lidos, programas de TV querem ser vistos etc. Desde que não se recorra a expedientes antiéticos para conseguir esse intento — e não parece que tenha sido o caso —, qual é o problema?

Agora a coisa em si
Isso não significa que eu tenha gostado do que vi. Se a Globo tinha até a obrigação de ter levado a coisa ao ar, a decisão de Xuxa me parece equivocada — ainda que tenha vindo junto com a revelação de que ela dá apoio a crianças vítimas de abuso e que sua mensagem possa conter um sentido de alerta.

Eu não gosto desse tipo de exposição. Em 2002, quando Lula chorou diante das câmeras de Duda Mendonça, contando a morte de sua primeira mulher e do bebê no parto, eu o censurei severamente. Tenho claro que uma coisa é a dor que se sente, outra, diferente, a dor que se exibe diante de uma câmera, por mais decorosa que a pessoa seja. Xuxa foi um pouco mais do que Lula. Ela chora com mais dificuldade do que ele… Curiosamente, a dor dele comoveu milhões; a dela resultou numa corrente na Internet que traz grande carga de ressentimento. Recorrendo a uma imagem infeliz de Lula, gente loura e de olhos azuis também pode sofrer, ora essa! O ponto é outro.

Não compreendo a que tipo de apelo interno ou necessidade atendeu a confissão de Xuxa. Se ela é, como é sabido, uma das celebridades mais protegidas por um impressionante aparato de segurança, que a mantém distante da vigilância do grande público, por que a revelação agora? Por que essa brutal exposição da intimidade? Deveria, a meu ver, ter sido convencida a tempo, por amigos e familiares, a não fazê-lo.

Quanto ao Fantástico em si, não há nada de errado. Fez o que tinha de fazer. E fim de papo. Eu não gostei, na noite de ontem, foi de outra coisa, infinitamente mais importante. Depois que o “aquecimento global” (ou “mudanças climáticas”) caiu em desuso, a repórter Sônia Bridi e seu marido, o cinegrafista Paulo Zero, resolveram aderir a outra tese do terrorismo ecochato: a suposta superpopulação do planeta. O malthusianismo voltou com tudo, agora vestindo nova roupagem. Antes, o mundo chegaria ao colapso por causa da falta de alimentos; agora, do esgotamento dos recursos naturais. A perspectiva continua reacionária. Mas cuidarei disso em outro post.

Voltando ao caso Xuxa: é impressionante que até um depoimento como aquele vire pretexto, em determinadas áreas, para malhar a Globo. Também acho impossível tecer considerações sobre a qualidade do relato, se convincente ou não. No meu tribunal pessoal, coisas dessa natureza têm de ser tratadas em outro ambiente, distante das câmeras. Xuxa considerou que não. E a única coisa que havia a fazer era levar seu depoimento ao ar.

Por Reinaldo Azevedo

 

COMISSÃO DA VERDADE: Marighella arrancou a perna dele! Indenização: R$ 500 por mês. Chefão terrorista foi homenageado pela Comissão da Anistia; terrorista que largou a bomba no local recebe o triplo! Rosa Maria, Paulo Sérgio Pinheiro e Maria Rita Kehl aplaudem?

Seja para tratar de CPI, seja para tratar da história do Brasil, as esquerdas, em associação com o JEG e a BESTA, escrevem mentiras deliberadas para enganar trouxas. Não é que elas ignorem os fatos. Ao contrário: porque os conhecem muito bem e porque sabem que são incômodos, preferem a farsa. O coro dos idiotas satisfaz plenamente as suas ambições.

A dita “Comissão da Verdade” está instalada. Contra a letra explícita da lei que a criou, Rosa Maria Cardoso da Cunha, ex-advogada da presidente Dilma, acena com a revisão da Lei da Anistia e diz que os crimes da esquerda não serão nem devem ser investigados, com o que concordam Paulo Sérgio Pinheiro e Maria Rita Kehl, que também integram o grupo. Na história perturbada dos três, não existe um homem como Orlando Lovechio, cuja história narrei aqui no dia 5 de dezembro do ano passado.

No dia 19 de março de 1968, o jovem Orlando, com 22 anos, estacionou seu carro na garagem do Conjunto Nacional, na avenida Paulista, em São Paulo, onde ficava o consulado americano. Viu um pedaço de cano, de onde saía uma fumacinha. Teve uma ideia generosa: avisar um dos seguranças; vai que fosse um reator com defeito… É a última coisa de que ele se lembra. Era uma bomba. A explosão o deixou inconsciente. Dias depois, teve parte de uma das pernas amputada.

Era o primeiro atentado terrorista da Ação Libertadora Nacional (ALN), organização chefiada pelo “patriota” Carlos Marighella. ATENÇÃO! O AI-5, QUE SERVIU DE PRETEXTO PARA AÇÕES VIOLENTAS, SÓ SERIA DECRETADO EM DEZEMBRO DAQUELE ANO. Ele se preparava para ser piloto. Marighella não deixou porque, afinal, queria mudar o mundo, não é? A Comissão de Anistia já fez uma homenagem ao líder terrorista e decidiu indenizar a sua família.

E Lovecchio? Conseguiu uma pensão, atenção!, de R$ 500 por mês!!! Foi o que a Comissão de Anistia achou justo por sua perna. É que a comissão, sabem?, não previa benefícios para as vítimas dos esquerdistas! As regras só protegem as “vítimas” do regime militar. Já Diógenes Carvalho de Oliveira, um dos que deixaram a bomba no local, recebe, por decisão da mesma comissão, três vezes mais. E isso não é piada.

Luiz Inácio Lula da Silva, que ficou preso 40 dias no começo dos anos 1980, sem que ninguém lhe tenha encostado um dedo, recebe quase R$ 7 mil por mês! Ziraldo e Jaguar, fundadores do jornal “O Pasquim”, foram beneficiados com pagamento retroativo de mais de R$ 1 milhão cada um e uma indenização mensal de R$ 4.375 (em valores de 2010). Sinto vergonha até de escrever isso! Como foi que nós permitimos que isso acontecesse?

O jovem Lovecchio não era de direita. O jovem Lovecchio não era de esquerda. Era só um brasileiro, com futuro, que estava no lugar errado, na hora errada. Como escreveu um leitor deste blog, a culpa deve ter sido do regime militar, né?, que obrigava a ALN a explodir bombas, tadinha! Marighella é aquele senhor que fez o tal “Minimanual da Guerrilha Urbana”, em que ensinava, de modo meticuloso, como e por que matar inocentes.

O Filme
O corajoso cineasta Daniel Moreno, hoje com 36 anos, fez um filme a respeito, intitulado “Reparação”. Abaixo, segue um trailer. Fica fácil saber quem é Lovecchio. Falam, entre outros, o professor Marco Antonio Villa, do Departamento de História da Universidade de São Carlos (o que afirma que tanto a esquerda como a direita eram golpistas), e o sociólogo Demétrio Magnoli, o que lembra que uma significativa parte da esquerda “ainda não aprendeu que Stálin era Stálin”.

Esses são apenas fatos.
É mais uma contribuição à Comissão da Verdade!
É mais um alerta contra o photoshop da história!

Vejam trecho do filme. Volto em seguida.

Voltei
Assim que Maria Rosa Cardoso da Cunha, Paulo Sérgio Pinheiro e Maria Rita Kehl tornarem públicos seus e-mails de trabalho, a gente pergunta o que eles têm a dizer a Orlando. Como ele, são mais de 120 pessoas assassinadas pelas esquerdas. As indenizações e pensões já passam a casa dos R$ 5 bilhões — é isso mesmo! Não errei na conta, não!

Para encerrar este post — ainda escreverei outro nesta segunda falando sobre o filme “Reparação”. É mentira que todos os esquerdistas responsáveis por atentados terroristas tenham sido punidos de uma maneira ou de outra.

Será que eles suportam mesmo a verdade?

Texto publicado originalmente às 5h07 de hoje

Por Reinaldo Azevedo

 

21/05/2012 às 6:37

Mano Brown, o maior intelectual da esquerda contemporânea, celebra Marighella, o arrancador de perna e defensor do assassinato de inocentes

E por falar em Carlos Marighella — o terrorista arrancador de perna e que escreveu um Minimanual da Guerrilha em que defende abertamente o terrorismo, inclusive com o assassinato de inocentes e a sugestão de ataque a hospitais —, vejam com que mimo nos brindam Laura Capriglione (a minha eterna Musa das Galochas; este ano, sem enchentes, senti falta do seu estilo) e Marlene Bergamo, na Folha. Leiam trechos. Volto depois.
*
Tudo era muito simbólico. Um dos maiores porta-vozes da periferia de São Paulo, o cantor e compositor de rap Mano Brown, dos Racionais MCs, escolheu gravar o clipe da música “Marighella” na chamada Ocupação Mauá, encravada no meio da cracolândia paulista. Ali, a prefeitura tem realizado ações visando a valorizar a região e construir um polo de tecnologia e alta cultura, chamado Nova Luz. A música é homenagem ao guerrilheiro Carlos Marighella, fundador da Aliança Libertadora Nacional, morto pela ditadura em 1969.

A gravação foi na noite de terça, dia 15. O cenário do clipe, um antigo hotel no centro da cidade, vizinho à prestigiosa Sala São Paulo, da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, e defronte à Estação da Luz, foi invadido há cinco anos por pobres, cortiçados e moradores de rua do centro. Hoje, 1.300 pessoas, segundo o movimento dos sem-teto, ocupam o imóvel. Por pouco tempo, esperam os proprietários Mendel Zyngier, Sara Zyngier e Abram Zyngier, que conseguiram há 15 dias na Justiça uma sentença favorável à reintegração de posse imediata.

Ratazanas
O edifício Mauá é um imóvel de seis andares com um grande pátio no meio — vários apartamentos têm janelas para esse fosso. Há 17 anos, os proprietários não usam o imóvel para nada. Há cinco, o prédio estava cheio de lixo e habitado só por ratazanas. Foi quando se deu a invasão. No pátio, hoje limpo e com as paredes decoradas por murais coloridos, foi que os Racionais evocaram a lembrança de Marighella.

“Quem é que disse que esta cidade tem que ter lugar demarcado para morarem só pessoas do tipo A, B ou C? Quem é que disse que pobre só pode morar na periferia?”, perguntou Brown a uma plateia de jovens sem-teto que sabia de cor as imensas letras das músicas dos Racionais. Fãs mesmo.
(…)

Voltei
O estilo de Laura — Marlene faz as fotos — é sempre encantador pela tentativa malsucedida de ser sutil. Notem que a Prefeitura quer “valorizar a região” e incentivar empresas de “tecnologia” e “alta cultura”, coisas que parecem em oposição aos pobres. Marighella era só um “guerrilheiro morto pela ditadura”. Orlando Lovecchio (ler post) que o diga. Pagou com a própria perna para que Laura exercitasse o seu estilo seco, na luta sem classe das palavras.

Ao descrever o prédio antes e agora, a gente nota um certo desprezo por um dos Direitos Universais do Homem: o direito à propriedade — garantido também por aquele livrinho ridículo: a Constituição.

E Mano Brown? Esse rapaz e seu grupo perceberam que a imprensa que eles adoram detestar adora amá-los e transformá-los em grandes pensadores. Quem exalta Marighella numa música, sendo aquele facínora quem era, está obrigado a dividir os próprios bens com os pobres que servem de massa de manobra para suas rimas sem-teto e sem-verso.

Certa vez esse sujeito foi ao Roda Viva. Disse lá as suas barbaridades. Na plateia, fingindo-se de entrevistadora, Maria Rita Kehl — aquela que está na Comissão da Verdade e não quer apurar os crimes de Marighella, que seu ídolo agora idolatra. Vejam como tudo se encaixa na Lei da Barbárie.

Brown concedeu uma entrevista à Folha Online, em que fala como urbanista e analista político. Leiam um trechinho. Volto depois.
(…)
E a prisão do rapper Emicida em Belo Horizonte?
O Brasil está em transição. O Brasil não sabe se é um país moderno ou se ainda está em 1964. Essa geração da direita… eles falam que não existe direita, mas existe direita. Kassab é de direita, Alckmin é de direita, certo? Eles falam que não, mas têm o mesmo modus operandi dos caras da antiga, de usar a força, de usar o poder e de passar para frente o B.O. para outro resolver.
(…)
O que acha da Comissão da Verdade?
Tem que fazer justiça mesmo. Tem que buscar o pé da fita mesmo, como dizem lá na minha quebrada, e tem que punir quem tem que ser punido. Se é que eles estão vivos ainda. Vai punir quem? Quem tá vivo para ser punido? Igual o [ditador chileno Augusto] Pinochet, que foi preso com oitenta e tanto. Vive bem, dorme bem, come bem, aí vive 90 anos. E o trabalhador mesmo…

Voltei
Por que o tal rapper Emicida foi preso em Belo Horizonte (nem Kassab é prefeito da cidade nem Alckmin é governador de Minas), no dia 13? A própria Folha explica:
“Aos 47min58seg, quando Emicida entra no palco, ele manifesta apoio à ocupação Eliana Silva, localizada na mesma região do show. Na sexta-feira (11), a PM de Minas Gerais cumpriu uma liminar de reintegração de posse e despejou as famílias que ocupavam o local.
‘Antes de mais nada, somos todos Eliana Silva, certo? Levanta o seu dedo do meio pra polícia que desocupa as famílias mais humildes. Levanta seu dedo do meio pros políticos que não respeitam a população e vêm com nóis nessa aqui, ó. Mandando todos eles se foder, certo BH? A rua é nóis’, disse o rapper antes de começar a cantar ‘Dedo na Ferida’.”

Viram que rapaz delicado e prudente, incitando a massa presente contra a polícia? A propósito: por recorrer a linguagem e incitação semelhantes, a cantora Rita Lee foi presa, e por justíssimos motivos, pela polícia de Sergipe, estado governado pelo PT. Mais: os policiais decidiram recorrer à Justiça pedindo indenização por danos à honra. É o PT de direita, diria Mano Brown, este monumento do pensamento contemporâneo!

Encerro
Escrevi um post há alguns anos sobre as bobagens que fala o já coroa Mano Brown, embora se fantasie de garotinho rebelde. Não há dia em que não cheguem comentários que apelam à linguagem mais agressiva e ao mais baixo calão. Na última, um sujeito prometeu me matar com fuzil. Desta vez, chegando algo semelhante, mandarei para a polícia. Afinal, sou “de direita”, certo?

Ora, eles se sentem nesse direito! Peguem o conjunto da obra. O pacote aponta para a glamorização da ilegalidade e da violência, cantando-se, de quebra,  as glórias de Marighella, que aleijava quando não matava — um pobre “guerrilheiro de esquerda morto pela ditadura”, como escreve Laura.

Tudo faz um sentido danado! Mano Brown é hoje o mais sofisticado pensador da esquerda brasileira. Roberto Schwarz está contestando só agora um livro que Caetano Veloso escreveu há 15 anos! E Marilena Chaui ainda não terminou a defesa de Delúbio Soares…

Texto publicado originalmente às 6h17 desta segunda

Por Reinaldo Azevedo

 

Leiam! Escandalizem-se! Esse cara é um anistiado e um indenizado. Que mentira a Comissão da Verdade dirá a respeito?

Muitos leitores já conhecem a história, mas vale revisitá-la à luz das declarações de pelos menos três membros da Comissão da Verdade. Os novos leitores do blog talvez a ignorem e vão ficar espantados. Contei o caso aqui no dia 20 de maio de 2011. Trata-se da história, e de um depoimento, de Carlos Eugênio da Paz, o homem que cuidava da inteligência militar da ALN, o grupo terrorista de Carlos Marighella, aquele que Mano Brown, do baixo de sua ignorância arrogante, exalta em uma música, para delírio dos esquerdopatas da “imprensa burguesa”. Carlos Eugênio FOI INDENIZADO - !!! - PELA COMISSÃO DE ANISTIA. Abaixo, ele conta como matou um empresário que era acusado de financiar um grupo que combatia terroristas. E ficamos sabendo também por que ele matou um amigo seu de militância, “companheiro de luta”. É que havia a suspeita, SEM PROVAS, de que ele pudesse ter passado informações para a polícia. Nos tribunais da esquerda, na dúvida, dá-se um tiro na cabeça. Mano Brown deve gostar — daí ter cantado as glórias do bandido que chefiava essa gangue. CARLOS EUGÊNIO TAMBÉM DEIXA CLARO QUAL É A DIFERENÇA MORAL ENTRE UM TORTURADOR E UM TERRORISTA: NENHUMA!!!

Não obstante, o torturador é considerado lixo pelas Comissões da Anistia e da Verdade — e eu acho isso justo. Já o terrorista vira um santo. E isso é asqueroso! Leiam. Escandalizem-se.
*
“Eu, atrás [do banco do carro] com um fuzil Mauser 762, que é um fuzil muito bom para execução, de muita precisão. E quando ele [a vítima] chega na esquina da alameda Casa Branca, ele tinha de parar porque tinha uns dois carro (sic) na frente (…). Ele teve que parar. Quando ele parou, eu tava no banco de trás do carro e falei ‘Vou dar um tiro nele’. Peguei o fuzil, o companheiro que tava na frente, no Fusca, baixou a cabeça e já dei um primeiro tiro de fuzil. Não acertei de cheio porque eu sou destro; eu atiro nessa posição [ele mostra a maneira; notem o verbo no presente], como eu tava atrás, no Fusca, eu tive que inverter e atirei assim, então pegou aqui, de cabeça, no occipital dele, mas já começou a sangrar. Ele abre a porta do carro e sai do carro. Nós saímos. Só o motorista que não sai porque o motorista tem que ficar ali, assegurando a fuga. Saímos eu e outro companheiro. Ele sai com a metralhadora, eu saio com o fuzil. Ele [a vítima] saiu correndo em direção à feira, o companheiro metralhando ele, e eu acertando com dois, três, quatro [tiros], acertei três tiros nas costas dele, e o companheiro, com a metralhadora, acertou vários. Aí, de repente, ele caiu; quando ele caiu, eu me aproximei, e, com a última bala, a gente (sic) sempre dá o último tiro de misericórdia, que é para saber que a ação realmente foi cumprida até o fim.

O que é isso? Algumas considerações prévias. Depois volto ao testemunho do herói que fala acima.

O SBT exibia uma novela chamada “Amor e Revolução”. O didatismo bucéfalo do texto e o desempenho melancólico dos atores, tudo amarrado numa direção primária, transformam o que pretendia ser um drama com muito sangue — “revolucionário” — numa comédia involuntária. Silvio Santos trocou “A Semana do Presidente”, programa com que puxou o saco de sucessivos governos, por “O Passado da Presidenta”. O resultado não poderia ser pior.

Ao fim de cada capítulo, ex-revolucionários prestam um depoimento, contando a sua história. José Dirceu esteve lá. Uma das pessoas que deram seu testemunho sobre o período foi Carlos Eugênio da Paz, ex-chefão da ALN (Ação Libertadora Nacional), comandada por Marighella.

No vídeo abaixo, de onde extraí o depoimento que vai em vermelho, Carlos Eugênio conta, com riqueza de detalhes, como assassinou o empresário Henning Albert Boilesen (1916-1971), então presidente do grupo Ultra, que era acusado de organizar a arrecadação de dinheiro entre empresários para financiar a Operação Bandeirantes (Oban), que combatia os terroristas de esquerda. Notem bem: não estou fazendo juízo de valor neste momento. Deixo qualquer questão ideológica de lado. Peço que vocês avaliem com que desenvoltura, precisão e até entusiasmo Carlos Eugênio fala da morte. Assistam ao vídeo. Volto em seguida.

Voltei
O que mais impressiona na fala deste senhor é que ele, com todas as letras, justifica a violência que era cometida, naquele período, pelo estado, que prendeu e matou pessoas ao arrepio das leis do próprio regime militar. Carlos Eugênio deixa claro que ele próprio fazia o mesmo. Leiam este outro trecho:

“Um Tribunal Revolucionário da Ação Libertadora Nacional do qual eu fiz parte, um grupo de dez ou 12 pessoas decidiu que, se a pessoa faz parte da guerra e está do outro lado, ele merece ser executado”.

E aí se segue aquela narrativa macabra. Não há a menor sombra de arrependimento, constrangimento, pudor. Boilesen, para Carlos Eugênio, era alguém que merecia morrer - e, como se nota, com requintes de crueldade. Os torturadores do período pensavam o mesmo sobre as esquerdas. A diferença é que eles foram parar na lata de lixo da história - o que é muito bom. Já o senhor que fala acima é tido, ainda hoje, como um homem muito corajoso e um gênio militar. Atenção: sem jamais ter sido preso ou torturado, assassino confesso, Carlos Eugênio é um dos anistiados da tal Comissão de Anistia. Isso quer dizer que ainda teve direito a uma indenização, reconhecida numa das caravanas lideradas por Tarso Genro, em 13 de agosto de 2009.

Observem que quando fala sobre o modo como atira, o homem põe o verbo no presente. Parece que ainda é um apaixonado pelo fuzil Mauser, que, segundo ele, é um “fuzil muito bom para execução”. Evidenciando que nada entende da ética da guerra, mas sabe tudo sobre a morte, afirma:

“Quando ele [Boilesen] caiu, eu me aproximei, e, com a última bala, a gente (sic) sempre dá o último tiro de misericórdia, que é para saber que a ação realmente foi cumprida até o fim.”

Percebam: “A gente sempre dá [verbo no presente] o último tiro…” Atenção! Tiro de misericórdia, como o nome diz, é aquele disparado para encerrar o sofrimento da vítima, mesmo inimiga, não para “saber se a missão foi realmente cumprida”. É asqueroso!

O “anistiado” e indenizado Carlos Eugênio deixa claro que ele era apenas a outra face perversa da tortura. Leiam:

“Em tempo de exceção, você tem tribunal de exceção. Eles não tinham o deles lá, que condenava a gente à morte, informalmente? A gente nunca condenou ninguém à morte informalmente. Nós deixamos um panfleto no local dizendo por que ele tinha sido condenado à morte, o que é que ele fazia…”

Viram? Para ele, um tribunal da ALN nada tinha de “informal”! Reconhece, ao menos, que era de exceção. Aí está o retrato da democracia que teriam construído se tivessem vencido a guerra. Com esse humanismo, com essa coragem, com essa ética.

Mais um assassinato
Foi seu único crime? Não! Ele já confessou num texto que tem sangue pingando das mãos - sem arrependimento. Aquele era o seu trabalho. O “Tribunal Revolucionário” de Carlos Eugênio também matava companheiros. No dia 19 de novembro de 2008. Augusto Nunes narrou, no Jornal do Brasil, um outro assassinato cometido pelo valentão. A vítima era Márcio Leite de Toledo, membro da cúpula da ALN. Reproduzo um trecho:

“Márcio Leite de Toledo tinha 19 anos quando foi enviado a Cuba pela Aliança Libertadora Nacional para fazer um curso de guerrilha. Ao voltar em 1970, tornou-se um dos cinco integrantes da Coordenação Nacional da ALN. Com 19 anos, lá estava Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz. Em outubro, durante uma reunião clandestina, os generais garotões souberam da morte de Joaquim Câmara Ferreira, que em novembro do ano anterior substituíra o chefe supremo Carlos Marighela, assassinado numa rua de São Paulo. Márcio propôs uma pausa na guerra antes que fossem todos exterminados.

Já desconfiado de Márcio - não era a primeira vez que divergia dos companheiros - Carlos Eugênio convenceu o restante da cúpula de que o dissidente estava prestes a traí-los e entregar à polícia o muito que sabia. Montou o tribunal que aprovou a condenação à morte e ajudou a executar a sentença no fim da tarde de dia 23 de março de 1971, no centro de São Paulo. Antes de sair para o encontro com a morte, o jovem que iria morrer escreveu que “nada o impediria de continuar combatendo”. Não imaginava que seria impedido por oito tiros.

O assassino quase sessentão admite que o crime foi um erro, mas não se arrepende do que fez. Na guerra, essas coisas acontecem, explica o justiceiro impiedoso. Depois do crime, ele se tornou muito respeitado pelos companheiros, que o conheciam pelo codinome: Clemente.”

Carlos Eugênio, acreditem, responde a Augusto, nestes termos:

“A lembrança dessa época, para mim, é lembrança de uma luta que não me arrependo de ter travado. Era uma luta armada, era dura, precisamos todos, humanistas que éramos, aviltar nossas entranhas, nosso sentimentos, nossas convicções. (…)Tenho sangue em minhas mãos? É claro que tenho. Não era pra lutar? Não era pra fazer uma guerra de guerrilhas? Dá para medir quem estava mais certo? Todos estávamos errados, pois fomos todos derrotados. (…)Mas não se esqueçam também que o sangue que escorre de minhas mãos escorre das mãos de todos aqueles que um dia escolheram o caminho das armas para libertar um povo. E que defenderam a luta armada, mesmo sem ter dado nenhum tiro (…)

Numa coisa, ao menos, ele está certo, não é? Se a pessoa integrou um bando armado, que matava, traz sangue nas mãos, ainda que não tenha dado um tiro…

Retomo
Vocês conhecem alguém mais “clemente” do que Carlos Eugênio? Não é a primeira vez que a gente assiste a um vídeo em que os terroristas de esquerda justificam os métodos que eram empregados pelos torturadores e paramilitares, deixando claro que faziam e fariam o mesmo, evidenciando que compartilhavam a mesma lógica perversa. Já exibi aqui o filme em que Franklin Martins - aquele - e seus amigos deixam claro que teriam, sim, matado o embaixador americano Charles Elbrick se o governo militar não tivesse cedido às exigências dos sequestradores. E o fez dando gargalhadas e justificando a decisão.

Carlos Eugênio escreveu um livro chamado “Viagem à Luta Armada”, publicado em 1997. Sabem quem fez um prefácio elogioso e quase emocionado? Franklin Martins!

Marighella, o ídolo de Carlos Eugênio, escreveu até um Minimanual da Guerrilha Urbana. Lá está escrito:

“Hoje, ser “violento” ou um “terrorista” é uma qualidade que enobrece qualquer pessoa honrada, porque é um ato digno de um revolucionário engajado na luta armada contra a vergonhosa ditadura militar e suas atrocidades.”

E mais adiante:
“Esta é a razão pela qual o guerrilheiro urbano utiliza a luta e pela qual continua concentrando sua atividade no extermínio físico dos agentes da repressão, e a dedicar 24 horas do dia à expropriação dos exploradores da população.
(…)
A razão para a existência do guerrilheiro urbano, a condição básica para a qual atua e sobrevive é a de atirar. O guerrilheiro urbano tem que saber disparar bem porque é requerido por este tipo de combate.

Tiro e pontaria são água e ar de um guerrilheiro urbano. Sua perfeição na arte de atirar o fazem um tipo especial de guerrilheiro urbano - ou seja, um franco-atirador, uma categoria de combatente solitário indispensável em ações isoladas. O franco-atirador sabe como atirar, a pouca distância ou a longa distância e suas armas são apropriadas para qualquer tipo de disparo.

O sobrenome de Carlos Eugênio é “da Paz”. E seu codinome no terrorismo era “Clemente”. Essa é a paz dos clementes. Nada mais a acrescentar neste post.

Por Reinaldo Azevedo

 

21/05/2012 às 17:42

Para criar mistificações e mitos oficiosos, já existe a Comissão da Anistia; a da Verdade, agora, pelo visto, vai se dedicar à mentira oficialista

A Comissão da Verdade está assentada numa farsa inicial, que sempre pautou a Comissão da Anistia — daí que alguns poucos milhares de anistiados já tenham tido direito a indenizações e pensões que passam dos R$ 5 bilhões: de um lado da contenda, estariam os heróis; de outro, os bandidos. De um lado, esquerdistas bondosos e românticos querendo democracia; de outro, direitistas raivosos e cínicos defendendo a ditadura. Isso, como tenho escrito há anos, é só má literatura.

“Ah, então era o contrário?” Não! Também não era o contrário. Trata-se de uma história sem heróis, sem bonzinhos. Mas algumas farsas não podem e não devem prosperar. A mais influente, repetida exaustivamente por aí, sustenta que a luta armada foi a opção desesperada daqueles que não viam outro modo de enfrentar o regime que decretara o AI-5. O atentado que vitimou Orlando Lovecchio (ver posts abaixo) prova que não. A ação ocorreu em março, e o ato que consolidaria a ditadura só em dezembro. Alguns grupos já haviam decidido que o caminho para instaurar o socialismo no Brasil era a luta armada antes mesmo do golpe de 1964.

O grande aparato repressivo montado no país para enfrentar a esquerda armada matou 424 pessoas — 133 desse grupo são consideradas “desaparecidas”. As esquerdas, em número muito menor dos que as Forças Armadas e as forças policiais, assassinaram pelo menos 120. Sim, eram minoritárias, amadoras, precariamente armadas (na comparação com o estado), mas, como se vê, notavelmente violentas.

Vamos, então, ao que interessa. Ora, para “reparar” os eventuais males que o estado causou aos indivíduos, já existe a Comissão da Anistia. É justo indenizar pessoas (ou seus familiares) que tenham sido comprovadamente prejudicadas pelo regime ou que foram torturadas e mortas? Eu acho que sim! Ocorre que a Comissão de Anistia se transformou num grupo de concessão de privilégios e prebendas com base em critérios puramente ideológicos. E muitos vagabundos e espertalhões já foram injustamente “reparados”… De todo modo, reitero, para cuidar das compensações, já existe essa turma.

Que sentido faz criar uma outra comissão, a “da Verdade” se não for para contar “a verdade” — ainda que eu repudie, por princípio, grupos estatais que definam a verdade oficial? E isso, está posto, não será feito. Mais uma vez, assistiremos, podem apostar, à construção de uma narrativa que vai se dedicar à hagiografia daqueles santos terroristas, que passarão para a “história oficial” como guerreiros da liberdade. Não! Alguns eram notórios assassinos. E eu vou evidenciar isso de uma forma constrangedora.

Por Reinaldo Azevedo

 

21/05/2012 às 16:53

Para a Comissão da Verdade renunciar à mentira: O filme “Reparação”

O filme “Reparação”, do cineasta Daniel Moreno, está no Youtube, na íntegra. Assista quando tiver um tempo. Não se trata, é evidente, da defesa da ditadura, da tortura ou da violência do estado. Ao contrário: o que se tem ali, na voz de todos os entrevistados, é a defesa enfática da democracia. Só que ele optou, à diferença do que se costuma fazer quando se retratam os embates entre as esquerdas e o regime militar, pelo rigor histórico. O fio condutor do debate é a história de Orlando Lovecchio (veja post nesta manhã), que perdeu a perna num atentado praticado pela ALN, de Carlos Marighella. O terrorista foi saudado como herói pela Comissão de Anistia. Bilhões foram concedidos em indenização. Lovecchio recebe um pensão de R$ 500 — um dos que ajudaram a pôr a bomba no Conjunto Nacional, em São Paulo, que o vitimou, é um “anistiado” e recebe pelo menos o triplo.

O filme é sereno, rigoroso, sem proselitismo. Não obstante, foi absolutamente ignorado pela imprensa, como se nunca tivesse existido. O vídeo tem quase uma hora e meia. Veja tão logo possa. Há aí vasto material para reflexão.

Por Reinaldo Azevedo

 

21/05/2012 às 15:37

Mau começo — Comissão da Verdade inicia trabalho com apoio da Comissão de Anistia

Por Priscilla Mendes, no Portal G1:
O coordenador da Comissão da Verdade, Gilson Dipp, disse nesta segunda-feira (21) que a prioridade inicial do grupo é trabalhar em conjunto com outras duas comissões já existentes e que tratam de crimes cometidos durante a ditadura, as comissões de Anistia e a de Mortos e Desaparecidos.

Dipp conversou com a imprensa após a segunda reunião do colegiado desde que seus sete membros tomaram posse, na quinta-feira (16) passada. A Comissão da Verdade vai apurar violações aos direitos humanos cometidas entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar.

“A própria lei diz que a comissão trabalhará em conjunto com duas comissões previamente constituídas desde 1995 e 2002, que são a Comissão de Anistia e a Comissão de Mortos e Desaparecidos. Esse é o foco inicial para nós iniciarmos nossos trabalhos”, afirmou.

Na reunião desta segunda-feira, o grupo não estava completo. Participaram, além de Dipp, Cláudio Fonteles, Rosa Maria Cardoso da Cunha e José Carlos Dias. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também estava presente. Ficou acertado que o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, iria se reunir à tarde com o colegiado.

“O ministro da Justiça ficou de falar com ele [Paulo Abrão], se ele estaria pronto para nos dar indicativos do que a Comissão da Anistia tem de documentação, de pedidos, enfim, de material disponível”, afirmou Dipp.

“O Ministério da Justiça tem vários órgãos que podem apoiar a Comissão da Verdade. Agora, quando forem os membros da comissão decidir sobre quem presta depoimentos, sobre qual a estratégia de investigação, [a comissão] é absolutamente autônoma e nenhum membro do governo irá participar dessas reuniões”, disse José Eduardo Cardozo.

Na reunião desta segunda-feira, disse Dipp, o grupo definirá a estrutura da comissão (número de salas, computadores, funcionários). O grupo foi instalado no Centro Cultural Banco do Brasil, local que já foi utilizado pela Presidência da República durante a reforma do Palácio do Planalto, entre 2009 e 2010.
(…)

Voltei
Trabalhar com a Comissão de Anistia?

A Comissão de Anistia é aquela que decidiu dar R$ 500 de pensão para Orlando Lovechio, que perdeu a perna num atentado praticado pela ALN, de Carlos Marighella, e o triplo para o terrorista que armou a bomba no prédio.

A Comissão de Anistia é aquela que fez uma solenidade em homenagem a Marighella, que definiu, no seu Minimanual da Guerrilha, que matar soldados fardados, só porque fardados, era um ato revolucionário. E que deixou claro que hospitais poderiam ser alvos da ação “revolucionária”.

A Comissão de Anistia é aquela cujo presidente prega abertamente a revisão da Lei da Anistia e deixa claro que crimes da esquerda não podem ser investigados porque os grupos terroristas estariam lutando pela democracia.

Começou bem a Comissão da Verdade, não?

Por Reinaldo Azevedo

 

Tesoureiro do PT terá que pagar dívida da Bancoop

Por Fernando Mello, na Folha:
Um dia após ser reconduzido a diretor da usina de Itaipu, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi citado pela Justiça como responsável por uma dívida de R$ 128 mil.  A dívida é resultado de processo movido por um ex-cooperado da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), que afirma ter pago por um imóvel que não foi entregue pela entidade. Além do petista, outras duas pessoas respondem pelo valor a ser devolvido.

Na sexta, o Diário de Justiça paulista informou que Vaccari não foi localizado pelo oficial de Justiça. Um dia antes, o Diário Oficial da União havia publicado sua recondução ao cargo em Itaipu. De acordo com a Justiça, a cooperativa, mesmo devedora, “encerrou irregularmente as suas atividades e não deixou bens suficientes” para honrar suas dívidas. Por esse motivo, o juiz da 1ª Vara Cível de São Paulo determinou que Vaccari e outros dois ex-dirigentes respondam pessoalmente. No âmbito criminal, o tesoureiro é acusado pelo Ministério Público de desviar recursos da entidade. A Folha deixou recado ontem para o advogado do tesoureiro, mas não obteve retorno.

Por Reinaldo Azevedo

 

21/05/2012 às 6:33

LUTA SEM CLASSE — Prévia do PT em Recife para na Comissão de Ética

No Globo:
Diante de vaias, troca de tapas e murros, acusações mútua e guerra de liminares, o PT realizou ontem em Recife prévias para escolha do candidato à prefeitura. O prefeito João da Costa ganhou com 51,9% dos votos, mas o resultado só será proclamado no próximo dia 28, depois que o processo for submetido à Executiva Nacional e à Comissão de Ética do partido.

O secretário-geral do PT, Eloy Pietá, voltou a questionar os métodos adotados na prévia, que foi realizada sob divergências quanto ao número de filiados aptos a votar. Ele disse que a prévia “fugiu às regras e costumes do partido”, e que vai propor à direção nacional uma auditoria para analisar o resultado do pleito. Pietá é da Construindo um Novo Brasil, corrente majoritária no partido e que deu suporte à candidatura do deputado Maurício Rands - apoiado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em clima de vitória, o prefeito foi recebido em seu escritório político com fogos, aplausos e lágrimas. Ele deu entrevista dizendo que vai trabalhar agora para reconstruir a unidade do PT recifense. “Depois de hoje essa militância vai lutar com unhas e dentes para ganhar a eleição. Eu não queria prévias, porque sabia que seria um desgaste para todo mundo no partido. Mas entrei para ganhar”, disse João da Costa.

Ele não quis comentar a iniciativa do partido, de só proclamar os resultados no final do mês. A discussão sobre o número de filiados que votaram também está na Justiça. ” A maioria dos filiados decidiu, e isso é inquestionável”, afirmou João da Costa.

Além da disputa da militância — que ontem estava em clima de batalha — a prévia enfrentou uma série de problemas, quanto ao número de votantes. O assunto terminou indo parar na Justiça, que expediu três liminares, uma revogando a outra. O principal problema referia-se aos militantes que estavam em dia com as contribuições financeiras do partido. Eles tiveram até o dia 5 para regularizar a situação. Também houve grupos cuja quitação foi coletiva e esses poderiam ter efetuado o pagamento até o dia 10. Com a correria, muitos nomes não constavam ontem na lista de votação.

Comissão vai analisar conduta dos candidatos
Os dois candidatos terminaram apelando à Justiça, mas segundo Pietá, houve até quem mentisse para tirar vantagem de um maior número de votantes. “O que mais provocou indignação foi a atitude com informações falsas daqueles que foram buscar liminar na Justiça, e portanto essas pessoas vão ser avaliadas na comissão de ética do PT”, acusou Pietá, sem citar nomes.

Por Reinaldo Azevedo

 

21/05/2012 às 6:31

Para Lewandowski — Protestos cobram que Supremo julgue o mensalão

No Estadão:
O mutirão para recolher assinaturas pelo julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) mobilizou manifestantes em várias cidades brasileiras ontem. Segundo um dos fundadores do Movimento 31 de Julho, o engenheiro e empresário Marcelo Medeiros, cerca de 15 mil assinaturas foram coletadas em pelo menos nove cidades do País, sendo sete capitais.

No Rio, o 31 de Julho se reuniu em frente ao Posto 9, na Praia de Ipanema, e, de acordo com Medeiros, foram recolhidas no local cerca de 1.200 assinaturas. “Gostaria que fossem 1 milhão. Teria um peso maior. Mas não desapontou. A repercussão mostra que foi um ato de cidadania muito forte.” Até a tarde de ontem, 19.323 pessoas tinham aderido à petição colocada na internet.

O grupo criticou o ex-ministro petista José Dirceu e cobrou do governador Sérgio Cabral (PMDB) explicações sobre “quem pagou a farra parisiense”, em referência à viagem de Cabral à capital francesa e sobre o que chamaram de “irmandade” do governador com o empresário Fernando Cavendish - dono da Delta, suspeita de envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira.

Em São Paulo, a coleta, encabeçada pelo movimento Revoltados ON LINE, mobilizou cinco ativistas em busca de assinaturas na Avenida Paulista. Os organizadores pretendiam colher as firmas no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), mas decidiram percorrer a avenida porque no local funcionava uma feira de antiguidades.

Segundo Marcello Rios, integrante do movimento, das 9h30 às 11h30, tempo que durou a coleta, 1.373 pessoas firmaram o documento que pede celeridade no julgamento do mensalão. Os organizadores esperavam colher 500 assinaturas. “A mobilização superou as expectativas. Não teve nenhuma pessoa que recusou. Falou de julgar o mensalão, todo mundo quer assinar o papel”, contou Rios.

Por Reinaldo Azevedo

 

21/05/2012 às 6:29

Crise põe em dúvida futuro político de Cabral

Por Wilson Tosta, no Estadão:
A dificuldade do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), em reagir ao caso Carlinhos Cachoeira com algo além de notas oficiais, respostas curtas ou simplesmente o silêncio gera dúvidas sobre o futuro político do governador. Políticos se questionam sobre a capacidade de Cabral influir nas eleições de outubro e mesmo de fazer de seu vice, Luiz Fernando Pezão, seu sucessor em 2014.

Há cerca de 10 dias, em sua primeira declaração após a divulgação de imagens de suas viagens aos exterior com o empresário Fernando Cavendish, dono da Delta — acusada de ligações com o contraventor Carlinhos Cachoeira —, Cabral respondera a poucas perguntas de forma vaga e saíra com rapidez. Até então, se manifestara por escrito.

Dirigentes do PMDB ouvidos pelo Estado reconhecem que Cabral sofreu desgaste pessoal com o episódio. Segundo os peemedebistas, o caso gerou, apenas na capital, uma perda de avaliação positiva entre 300 mil a 400 mil eleitores. O estrago, porém, teria sido maior na classe média da capital. “Na classe média mais informada, certamente teve um impacto, hoje somos um País de classe média”, avalia o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social.

Até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um aliado e amigo a quem Cabral deve o pacote de obras de seus governos, parece convencido do enfraquecimento político do governador — e o demonstrou em conversa recente com o prefeito Eduardo Paes (PMDB).

Segundo testemunhas, na entrega de títulos de doutor honoris causa ao ex-presidente, Paes e Lula conversavam quando o senador Lindbergh Farias (PT), potencial candidato ao governo do Rio, passou pelos dois. “Vai dar trabalho em 2014″, disse Paes, apontando para o senador. Lula concordou e acrescentou: “É, mas o Pezão está superado”.

O PMDB, contudo, aposta na boa avaliação de Paes na capital (estável em cerca de 50%) e na proximidade de inaugurações de obras para tentar obter um bom resultado na eleição de outubro. Já a capacidade de Cabral de eleger seu sucessor, avaliam os peemedebistas, dependerá muito mais desse resultado que da repercussão do caso Cachoeira.

Decepção. O governador foi arrastado para o escândalo por sua amizade com Cavendish. Até agora, não apareceu nenhuma evidência de um possível envolvimento seu com Cachoeira, mas a empresa do amigo empresário somou contratos de R$ 1,49 bilhão em obras com o Estado.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

21/05/2012 às 6:27

Investimento do governo federal tem queda em 2012

Por Dimmi Amora e Natuza Nery, na Folha:
Em um cenário de desaceleração econômica, o governo federal reduziu o ritmo dos seus investimentos e trava, por falta de decisão, obras que podem ser realizadas pelo setor privado. O primeiro quadrimestre registrou queda de 5,5% nos gastos com novas obras públicas, compras de equipamentos e bens permanentes em relação ao mesmo período do ano passado, que já havia sido considerado fraco. O valor caiu de R$ 11,1 bilhões em 2011 para R$ 10,5 bilhões.

No governo, as previsões são pessimistas. Interlocutores da presidente Dilma Rousseff temem que as reduções de juros e as medidas para alavancar o crédito não deem conta, sozinhas, de impulsionar o crescimento. Reservadamente, já se fala em um PIB abaixo dos 3% em 2012 — semelhante ao projetado pelos Estados Unidos, um dos países mais atingidos pela crise internacional.

A depender dos números até dezembro, Dilma chegará ao terceiro ano de mandato com taxa de crescimento semelhante à média do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), de 2,3%. A performance do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) também segue aquém do desejado. Os investimentos caíram 24% no quadrimestre — R$ 5,5 bilhões contra R$ 4,2 bilhões em 2011. Os principais responsáveis pela redução nos gastos federais são órgãos ligados ao Ministério dos Transportes, onde a queda nos pagamentos de obras chegou a 55%.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

20/05/2012 às 7:11

O que o PT escreve e o que o PT faz. E o caso curioso do navio que abandona os ratos

Na quinta-feira, dia 17, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), membro da CPI do Cachoeira, violentou a língua e o decoro e mandou aquela mensagem ao governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio, que já se tornou um clássico: “A relação com o PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe, você é nosso, e nós somos teu”. Vai figurar nos próximos livros aprovados pelo MEC, ao lado de “nós pega os peixe, mas proteje (com “j”, claro!!!) os tubarão”. No dia seguinte, o Diretório Nacional do PT, reunido em Porto Alegre, aprovou uma “Resolução Política”. Pode-se ler o seguinte trecho:
“(…) A organização criminosa comanada pelo contraventor Carlos Cachoeira atuava dentro das estruturas do Estado de Goiás, governado por Marconi Perillo, espalhando seus tentáculos nas instituições dos poderes constituídos de outros estados do Brasil.
Os fatos revelados pelas citadas operações da PF reforçam a urgência de reformas de fundo no sistema político e nas instituições nacionais, especialmente o financiamento público das campanhas eleitorais, com mais fiscalização e transparência em todas as esferas da política. A CPMI, ao levar a bom termo sua missão, dará sua contribuição ao incessante combate à corrupção travado pelos presidentes Lula e Dilma.”

A resolução, por óbvio, não fala em Agnelo Queiroz (PT), governador do Distrito Federal, e em Sérgio Cabral. Enquanto era redigida, PT e PMDB acertavam os ponteiros para tirar a Delta nacional e Fernando Cavendish do centro das investigações. Também ao ainda dono da Delta se poderia disparar um torpedo: “Não se preocupe; você é nosso, e nós somos teu”. A edição da VEJA desta semana explicou os cuidados com o empresário: ele mandou alguns emissários seus recomendar prudência aos digníssimos parlamentares e partidos. Segundo contas que circulam em seu mundo, a Delta doou R$ 100 milhões para campanhas eleitorais nos últimos anos. E tudo por aquele método consagrado pelo grande moralista Delúbio Soares: “recursos não contabilizados”.

Mas, como diria aquele príncipe chatinho, o essencial no trecho acima da resolução é quase invisível aos olhos. Notem que, a exemplo do que fez com o mensalão, o PT está a considerar que as safadezas do esquema Delta-Cachoeira também se limitam a caixa dois de campanha. E aproveita para voltar à tese vigarista do financiamento público. Pela ordem: há, sim, caixa dois de campanha, e os emissários de Cavendish resolveram lembrar isso a alguns “patriotas”. Mas é evidente que não há só isso (como se fosse pouco!). Há indícios de superfaturamento, de licitações de meia-tigela, de pagamento de propina pura e simples… de ASSALTO AOS COFRES PÚBLICOS.

Uma das mentiras do PT
Uma das mentiras do PT em sua resolução é atribuir ao financiamento privado de campanha a lambança do esquema Cachoeira-Delta. Mesmo que fosse público, o que impediria o grupo de fazer o que fez? Estivesse o Tesouro a arcar com o custo das eleições (indiretamente, em período eleitoral, mais de R$ 600 milhões vão para os partidos), a Delta, com seus métodos, não seria a campeã das obras do PAC, por exemplo? O financiamento público, como quer o PT, só vai aumentar o assalto ao erário sem coibir minimamente o caixa dois. Aliás, qualquer pessoa que tenha frequentado o nível “Massinha I” das aulas de lógica vai concluir que, garantida a impunidade (como querem muitos na CPI) e proibidas as doações privadas, os ditos “recursos não contabilizados” vão é aumentar, certo? Ou os lobistas, movidos pelo mais severo civismo, decidirão: “Não, gente! Agora há financiamento público de campanha. Vamos ficar fora das eleições”?.

Impunidade, sem-vergonhice e leis frouxas é que estimulam a fraude. O ex-senador democrata John Edwards, dos Estados Unidos, corre o risco de pegar bem uns 15 anos de cadeia caso fique provado, como tudo indica, que pagou pensão a uma filha que teve fora do casamento e à mãe da menina com recursos arrecadados para campanha política. Entenderam o ponto? O financiamento de candidaturas nos EUA é privado, mas o sujeito não pode fazer o que bem entende com o dinheiro. A Justiça funciona, e a sociedade não aceita lambança. No Brasil, o petismo quer coibir o caixa dois incentivando o… caixa dois!

Não foi a única…
Não foi a única vigarice da resolução. Num outro trecho, que vem destacado em negrito no original, encontramos estas belas palavras:
“É fundamental mobilizarmos a sociedade em defesa de uma ampla apuração de todas as denúncias relatadas nas operações da PF, bem como de todas as ramificações da organização criminosa, doa a quem doer, pois ninguém, seja na área pública ou privada, pode situar-se acima da lei. Entre as denúncias que precisam ser apuradas a partir de elementos probatórios em mãos da CPMI estão as relações entre o crime organizado e alguns órgãos de imprensa. O que está em jogo é a apuração de fatos criminosos, não os ataques à liberdade de expressão, como tentam confundir setores da mídia conservadora. Quanto aos meios de comunicação, reafirmamos a resolução aprovada no 4º. Congresso do PT: “Para nós, é questão de princípio repudiar, repelir e barrar qualquer tentativa de censura ou restrição à liberdade de imprensa”.

Como? É uma pena para o PT e uma sorte para o Brasil que os petistas não possam enviar a seguinte mensagem à imprensa independente: “Você é nossa, e nós somos teus” (corrijo a língua de Vaccarezza, já que é impossível corrigir os hábitos). Dado o espetáculo que se ensaia na CPI, os petistas resolveram — e quem está surpreso? — atacar o jornalismo!!! “Relação entre o crime organizado e alguns órgãos de imprensa?” Quais? Jornalistas que se prezam recorrem, sim, muitas vezes, a fontes do submundo — com o qual alguns políticos fazem negócios, inclusive  os do PT — para denunciar o assalto aos cofres públicos. Querer intimidar a imprensa é fazer o jogo dos bandidos… Não! Errei! Querer intimidar a imprensa é trabalho de bandido que se beneficia dessa promiscuidade.

Recorrendo às mesmas acusações que Goebbels fazia à “imprensa dos judeus” na Alemanha hitlerista, o PT deixa claro que quer perseguir apenas o mau jornalismo, sem agredir a liberdade de imprensa. Ah, bom! E qual é o “mau jornalismo”? Necessariamente aquele que denuncia também as falcatruas de petistas. Ora, se fosse bom, só exaltaria as qualidades do petismo, certo?

Como cinismo é matéria farta por ali, retomam afirmação de um texto anterior e mandam ver:
“Para nós, é questão de princípio repudiar, repelir e barrar qualquer tentativa de censura ou restrição à liberdade de imprensa”.
Uma ova! Questão de princípio nunca foi. Quiseram expulsar um correspondente estrangeiro que contou uma grande mentira, não é? Lula gosta de umas cachaças. Tentaram impor o Conselho Federal de Jornalismo — que, na prática, funcionaria como um Conselho de Censura, com poderes até para cassar licença de jornalista. Propuseram mecanismos explícitos de controle da informação no Plano Nacional (Socialista) de Direitos Humanos. Já tinham apresentando proposta semelhante na Conferência de Comunicação. A verdadeira questão de princípio do petismo é outra: é controlar a imprensa.

Não podendo impor a censura (não por enquanto), o partido atua na outra ponta. Por intermédio do governo e de estatais (com o nosso dinheiro!), financia revistas, blogs, sites e TV que praticam um troço semelhante ao jornalismo — está para o setor como o uísque paraguaio está para um scotch. Pode não parecer, mas se trata de uma agressão não só à imprensa: também ao regime democrático e ao estado de direito! Quando o logotipo de um banco estatal ilustra uma página cujo propósito é atacar a oposição — um trabalho partidário — e instituições da República, o que se tem é apropriação de dinheiro de todos para defender as causas de um grupo. É de uma obviedade escandalosa!

Falhou mais uma tentativa de intimidar o jornalismo. Os que insistem nessa tecla começam a falar sozinhos, abraçados a seu rancor. Assistiu-se, assim, a um caso curioso em que navio acabou abandonando os ratos.

Por Reinaldo Azevedo

 

20/05/2012 às 7:09

Bodas bárbaras. Ou: Na era do politicamente cretino

Leiam este texto. Volto depois.
*
O marxismo é uma variante da preguiça. Se você acredita que a base material condiciona mudanças na cultura, na forma de pensar e nas relações intersubjetivas, basta fazer como os romanos do poema “À Espera dos Bárbaros”, de Kafávis: sentar na calçada e esperar a banda passar. E há os que resolveram acelerar a história para que o inexorável chegasse antes: Lênin, Stálin, Mao, Pol Pot. O resultado se mede em crânios.

O truque da chamada Escola de Frankfurt — de que Habermas é caudatário, embora infinitamente mais chato porque escreve mal — já é mais divertido do que o marxismo clássico. O que em um é consequência vira, no outro, causa, e a cultura é vista como o motor das mudanças materiais. É uma bobagem que alimenta intelectuais cuja profissão é contestar o regime — que lhes garante a liberdade de contestação. Mas muito influente.

O velho marxismo morreu de falência múltipla dos órgãos. A sua realização prática eram as economias planificadas, que não resistiram à globalização — descrita ou antevista, como queiram, pelo próprio Marx no “Manifesto Comunista”. Já ali se podia supor que o socialismo buscava represar o mar. O neomarxismo pretendeu fazer a crítica à ortodoxia esquerdista sem ceder à razão burguesa. Deu em quê?

Da maçaroca de esquerdismos não-dogmáticos nasceu uma vulgata virulenta: o pensamento politicamente correto. Tanto se dedicaram os intelectuais da dita nova esquerda à desconstrução do suposto eixo autoritário das democracias burguesas que a política militante degenerou, nos países ricos, no que Robert Hughes chama de “cultura da reclamação” e, nos pobres, de “excluídos militantes”, que rejeitam os valores universais da igualdade e o Estado de Direito. Querem que suas demandas particularistas sejam tratadas como reparação histórica.

Negros, feministas, homossexuais, índios, sem-terra, sem-teto, sem eira nem beira… Todos anseiam que a História seja vivida como culpa, e a desculpa se traduz na concessão de algum privilégio. Isso que já é uma ética coletiva supõe que todos são vítimas de alguém ou de alguma coisa. De quem ou do quê? Ninguém sabe. “Da sociedade” talvez. A hipótese é interessante. Poderíamos zerar a História, dissolver os contratos e voltar ao estado da natureza. O Brasil já tem um novo “negro” ou um novo “índio”: é o macho branco, pobre, heterossexual e católico. É um pobre coitado, um discriminado, um sem-ONG. Nem os padres querem saber dele.

As “minorias” se profissionalizam, e a luta sempre continua. Não temos uma política pública digna desse nome que se ocupe, por exemplo, da qualidade do ensino fundamental e médio, mas se faz, com cotas e ProUni, suposta justiça social na universidade, onde o único critério cabível de seleção é o saber — que mascararia as diferenças de classe e traria consigo um contencioso de injustiças históricas. Eis o desastre: competência e justiça, nesse raciocínio perturbado, passam a se opor, viram uma disjuntiva. Nas TVs, e até nos cadernos de cultura dos jornais, “manos” do rap e “MCs” fazem-se porta-vozes de uma nova metafísica, oposta àquele saber universal, formalista e reacionário. Padre Pinto é o santo padroeiro dessa guerra à ortodoxia.

Igualdade? Justiça? Reparação? Nada disso. Consolida-se é o divórcio entre os partidários desse igualitarismo — que, de fato, é um particularismo que corrói as bases do Estado de Direito — e os da universalidade. O “novo homem” do antigo marxismo — que era, sim, uma utopia liberticida e homicida — foi substituído pelos bárbaros, cujo mundo ideal é aquele disputado por hordas, tribos, bandos, de que entidades do “terceiro setor” são proxenetas bem remuneradas.

Os tais mercados não dão a menor bola para isso. A plateia que vi mais incomodada e, até certo ponto, indignada com a crítica severa que faço ao PT e a seu viés totalitário era composta de pessoas ligadas ao mercado financeiro. A democracia, como a defendiam os antigos liberais, é a eles irrelevante. Trata-se de dinheiro novo. Assistimos ao casamento entre os hunos e essa gente muito prática. As bodas bárbaras.
*
Voltei
Esse meu texto saiu publicado no dia 3 de junho de 2006 no jornal “O Globo”, de que eu era colunista antes de meu blog se hospedar na VEJA. Está no livro “O País dos Petralhas”, que eu estava folheando nesta madrugada. Na segunda, conto por quê. É provável que muitos dos novos leitores não o conheçam. Poderia ter sido escrito há alguns minutos, não?

Por Reinaldo Azevedo

 

19/05/2012 às 18:01

300 mil cristãos, no mínimo, fazem “Marcha para Jesus”, no Rio, sob a liderança de Silas Malafaia

Marcha para Jesus reuniu milhares de fiéis no Centro do Rio (Foto: Alexandre Durão/ G1)

Marcha para Jesus reuniu milhares de fiéis no Centro do Rio (Foto: Alexandre Durão/ G1)

 

Por Bernardo Tabak, no Portal G1:
A Marcha para Jesus do Rio de Janeiro começou às 14h40 deste sábado, com sete trios elétricos e milhares de fiéis percorrendo ruas e avenidas do Centro da cidade. O percurso começou na Central do Brasil e se estende até a Cinelândia. Neste ano, de acordo com o pastor Silas Malafaia, a marcha ressalta os temas: as liberdades de expressão e religiosa, a vida e a família tradicional.

Os fiéis e os trios, onde se apresentam diversos cantores e grupos evangélicos, percorrem as avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, além da Praça Mahatma Gandhi, na Cinelândia. No início da festa gospel houve chuva de papel picado e explosão de fogos de artifício.

“O bacana desta marcha é ser uma festa do povo evangélico de tudo que é igreja. Não tem gente só da minha igreja, mas de várias, e todos os fiéis estão com muita vibração”, ressaltou Malafaia, que participa há 17 anos da Marcha para Jesus.

Este ano, de acordo com organizadores, mais de 300 ônibus trouxeram evangélicos de vários bairros do Rio, da Baixada Fluminense e das regiões dos Lagos e Serrana.

Discurso e orações
Ao longo do trajeto, um grito cantado por milhares de fiéis ecoou no Centro do Rio: “Governador, autoridades, é Jesus Cristo quem comanda essa cidade”. Durante o percurso, membros de igrejas evangélicas fizeram discursos contra a corrupção, adultério, pedofilia e prostituição.

Na chegada à Cinelândia, o pastor Silas Malafaia criticou o Projeto de Lei 122, que criminaliza atos discriminatórios contra homossexuais. Apesar de ser contrário ao projeto que tramita no Congresso Nacional, o pastor enfatizou que “não tem nada contra a prática do homossexualismo” e que “cada um segue o que quer ser”.

“A marcha está fazendo um protesto contra a PL 122, a dita lei da homofobia, mas que, para nós é uma lei do privilégio. É uma lei para botar mordaça na sociedade para ninguém expressar opinião contra os homossexuais. Esse projeto de lei fere a constituição afirmando que, se um homossexual se sentir constrangido, filosoficamente ou ideologicamente, pode levar a pessoa que o constrangeu a pegar cinco anos de cadeia”, falou Malafaia.

Por Reinaldo Azevedo

 

19/05/2012 às 17:55

250 maconheiros dão início a marcha na avenida Paulista

Leiam texto no Estadão Online. O título é meu, claro!

Por Gheisa Lessa:
Integrantes da Marcha da Maconha saem em passeata, por volta das 15h30 deste sábado, 19, ocupando apenas a calçada da Avenida Paulista, no sentido Consolação, segundo informações da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Os manifestantes ocuparam vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), a partir das 13h deste sábado, de acordo com a Polícia Militar. Os agentes ainda não têm um número exato de pessoas no local. A Marcha protesta pela legalização da maconha no País.

Cerca de 250 pessoas iniciaram a concentração no Masp, na Avenida Paulista, por volta das 13h e às 14h30 os organizadores do evento começaram a se revezar em discursos sobre o consumo, as consequências, os males e as vantagens da droga. Todos os membros da manifestação aguardavam sentados o momento da passeata. Segundo a Polícia Militar, o grupo sai em passeata pela Avenida Paulista em direção à Praça da República.

O porta-voz da PM, Genivaldo Antônio, destaca que a Polícia Militar decidiu, em reunião com os organizadores do evento, que o consumo da droga deve ser evitado durante a Marcha. As ordens da polícia é de intervir caso algum manifestante for flagrando fazendo uso da droga. Os organizadores do evento esperam que cerca de 5 mil pessoas compareçam na Avenida Paulista para o protesto.

Por Reinaldo Azevedo

 

19/05/2012 às 17:39

Record: R$ 100 milhões de prejuízo em 2012; Macedo sob pressão na emissora e na igreja, que perde fiéis e espaço para concorrente

Leiam uma nota de Lauro Jardim, na VEJA desta semana. Voltei.

“O bispo Macedo foi informado recentemente de que o prejuízo estimado para a Record será de cerca de 100 milhões de reais em 2012. A previsão é da própria diretoria da emissora. No ano passado, o vermelho foi de R$ 60 milhões de reais, depois de sete anos no azul”

Voltei
E os números são esses mesmo com a Igreja Universal do Reino de Deus sendo um dos principais “clientes” da emissora, “comprando” horários noturnos por um preço que ninguém mais pagaria, muito acima do que cobram as demais emissoras pelo mesmo horário — incluindo a Globo, líder de audiência. Não é preciso ter má vontade para entender que isso pode caracterizar uma forma de subsídio da emissora pela igreja, o que é ilegal, já que os recursos de entidades religiosas são isentos de impostos.

A Record tem investido há muito tempo num núcleo de dramaturgia. O que parecia ser uma tática esperta — imitar a Globo — tem-se mostrado contraproducente: é caro e nunca consegue chegar lá. Atende mais à vaidade e a uma obsessão do que a um plano de negócios. A Record não percebeu, por exemplo, os caminhos sutis pelos quais se operaram mudanças na emissora líder. Querem um exemplo?

A Globo tem hoje duas novelas no ar — a das 19h e a das 21h — que trazem a classe C para a ribalta. Fez isso sem apelar para o popularesco. O que há de eventualmente estereotipado evita, no entanto, o grotesco. Os dramas humanos, no fim das contas, são sempre os mesmos. É preciso ver com que roupagem e com que linguagem chegam ao público. O chato de perseguir obsessivamente quem está na frente é não saber nunca que rumo o outro pode tomar.

A Record também investiu numa área semelhante ao jornalismo. O item nº 1 da imprensa é credibilidade, o que, por várias razões, a emissora não conseguiu, levando ao ar, muitas vezes, coisas parecidas com reportagens, que poderiam ser veiculadas em qualquer um desses blogs de aluguel que andam por aí, onde o ódio substitui o compromisso com os fatos. Muito dinheiro gasto para pouco retorno. A criação do canal exclusivo de notícias, a Record News, foi um dos maiores fiascos da história da televisão no Brasil.

Na seara propriamente religiosa, a Igreja Universal do Reino de Deus, de Macedo, enfrenta o crescimento espantoso da Igreja Mundial do Poder, liderada por Valdemiro Santiago, que saiu das hostes macedianas para ter o seu próprio empreendimento. Enquanto a Universal, vamos dizer assim, “aburguesou-se” um tanto e descobriu as atrações da vida mundana na Record — com suas quase-peladas e seus quase-pelados do reality show “A Fazenda” —, Santiago decidiu recuperar a linguagem primitiva da Universal, falando “aos simples”. No meio evangélico, há um consenso: Valdemiro cresce na seara de Macedo, daí a existência de uma verdadeira guerra entre ambos — e é o dono da Universal e da Record que está na defensiva.

Por Reinaldo Azevedo

 

19/05/2012 às 16:48

CAMPANHA PATRIÓTICA: “Conta tudo, Cavendish”. Ou: Os recados que o empresário mandou a políticos e a outras empreiteiras

Temos de dar início a uma campanha de natureza patriótica. Ela pode ser assim sintetizada: “Conta tudo, Cavendish!”.

Estou me referindo, claro!, a Fernando Cavendish, o dono da construtora Delta. O que parecia ser, inicialmente, um caso grave de associação de um político — Demóstenes Torres — com um contraventor — Carlinhos Cachoeira — está se revelando uma das mais fabulosas arquiteturas jamais descobertas de:
a) financiamento ilegal de campanha:
b) superfaturamento de obra;
c) compra — pura e simples — de parlamentares;
d) pagamento de propina.

A teia é extensa, intricada e cobre praticamente todo o território nacional, nas três esferas de administração: municipal, estadual e federal — nesta, em particular, há contratos de R$ 4 bilhões. Depois que José Dirceu — apontado pela Procuradoria Geral da República como o “chefe da quadrilha do mensalão” — prestou consultoria à Delta, a empresa teve um crescimento espetacular. Em parceria com Cachoeira (ainda não se conhecem detalhes dessa associação), tem-se uma certeza: o esquema é ecumênico, suprapartidário.

Lula e a ala mensaleira (ou a seu serviço) do PT imaginaram, inicialmente, que uma “CPI do Cachoeira” — E ELA É NECESSÁRIA, SIM, SE TRABALHAR DIREITO — reunia elementos para destruir a oposição, macular figuras do Supremo, pôr sob suspeita a Procuradoria Geral da República e intimidar a imprensa. Jornalistas que faziam o seu trabalho de apuração dos fatos ou tiveram conversas grampeadas ou seus nomes citados pelo contraventor e auxiliares. Foi o bastante para criar o mito, a farsa, a escandalosa falácia, de que o jornalismo estaria envolvido com o crime.

A VERDADE E OS RECADOS
Não! O jornalismo, felizmente, estava e está limpo nessa história! Mas o establishment político se mostra gravemente comprometido com o esquema Delta-Cachoeira. E está ocorrendo o óbvio: manobras, das mais escancaradas às mais sutis, estão em curso para limitar o poder explosivo que, descobriu-se, tem a CPI.

Cavendish não é do tipo dado a rompantes, mas mandou seus recados por intermédio de interlocutores. Reportagem de VEJA desta semana, de Otávio Cabral e Daniel Pereira, trata do assunto. Leiam um trecho. Volto em seguida.

(…)
Nos bastidores, Cavendish tem falado. E muito. Ele usou interlocutores de sua confiança para divulgar suas mensagens. Uma delas foi endereçada aos políticos. Seus soldados espalharam a versão de que a empreiteira destinou cerca de 100 milhões de reais nos últimos anos para o financiamento de campanhas eleitorais — e que o dinheiro, obviamente, percorreu o bom e velho escaninho dos “recursos não contabilizados”. Uma informação preciosa dessas deveria excitar o ânimo investigativo da CPI do Cachoeira. Os mensageiros de Cavendish também procuraram solidariedade na iniciativa privada. A arma foi ressaltar que o caixa dois da Delta, que serviu para financiar campanhas, segue um modelo idêntico ao de outras empreiteiras, inclusive usando os mesmos parceiros para forjar serviços e notas fiscais frias. A mensagem é: se atingida de morte, a Delta reagiria alvejando gente graúda. Como o navio nazista Bismarck, a Delta afundaria atirando. Faria, assim, um bem enorme ao interesse coletivo, mas seria mortal aos interesses privados. Os mensageiros de Cavendish têm espalhado que a mesma empresa fornecedora de notas frias da qual sua construtora se servia abastecia outras duas grandes empreiteiras.
(…)
Lula patrocinou a criação da CPI do Cachoeira ao considerá-la uma oportunidade de desqualificar instituições que descobriram, divulgaram e investigaram o esquema do mensalão, como a imprensa, o Ministério Público, o Judiciário e a oposição. Logo após a abertura da CPI, Fernando Cavendish passou a negociar a empresa com o grupo J&F, cujos donos eram parceiros preferenciais do governo Lula. A venda foi orquestrada pelo ex-presidente. O papel de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central nos oito anos de mandato do petista e atual CEO do J&F, na manobra ainda não está claro. Meirelles não comenta, mas sabe-se que ele, desde os tempos de BC, não assina nada que não tenha a chancela de seus advogados particulares.

O J&F tem 35% de suas ações nas mãos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Mais que isso. Tomou emprestados mais de 6 bilhões de reais no banco. É, portanto, uma empresa semiestatal. Por meio de assessores, a presidente Dilma Rousseff deixou claro que seu governo não apoia a encampação da Delta pelo grupo J&F. A contrariedade de Dilma foi explicitada pela decisão das estatais de tirar a Delta de obras do Dnit e da Petrobras. Dilma determinou à Controladoria-Geral da União (CGU) que declare a empreiteira inidônea e, portanto, proibida de fechar contratos com a União. “O governo fará tudo o que estiver a seu alcance para esse negócio não sair”, diz um auxiliar da presidente.
(…)
Leia a íntegra na revista e veja quadro com os negócios da Delta Brasil afora.

Por Reinaldo Azevedo

 

Lewandowski, o “mensalão ainda este ano” e o que está em jogo: a reputação do próprio Supremo

O ministro Ricardo Lewandowski, do STF, revisor do processo do mensalão — sem que ele entregue o seu trabalho, não pode haver o julgamento —, deu ontem uma péssima declaração. Segundo ele, o processo será julgado “ainda neste ano”. O que quer dizer “este ano”? Novembro, por exemplo? Todos sabem, e Luiz Inácio Lula da Silva não escondeu isso de ninguém, que o PT “exige” que o julgamento se dê depois das eleições de outubro — na verdade, gente graúda do PT tem assegurado em conversas privadas que vai ficar mesmo para 2013. Estaria “tudo certo”!

Houve um primeiro momento de indignação de parcelas consideráveis da opinião pública, que não entendem a demora do ministro. Afinal, ele não está com um processo novo nas mãos. A poeira assentou um pouco, e Lewandowski se saiu com a estranha conversa de ontem.

Entranha por quê? Vocês sabem que Tio Rei não deixa vocês na mão, né? No dia 20 de março (há exatos dois meses), expliquei aqui tudo direitinho, num texto intitulado Mensalão — José Dirceu, acusado de “formação de quadrilha”, está de olho no ritmo de trabalho de Lewandowski. E nós também!. Transcrevo um trecho em azul. Volto depois:

Por que é preciso que esse processo seja julgado no primeiro semestre? Cezar Peluso, que preside o tribunal até 18 de abril — no dia 19, assume o ministro Ayres Britto, que ficará pouco tempo no cargo (já chego lá) —, faz 70 anos no dia 3 de setembro e, por lei, tem de deixar a Corte. A escolha da ministra Rosa Weber — que levou quatro longos meses — já deixou claro não se tratar de um procedimento muito simples. É consenso que um processo com essa importância terá de contar com os 11 membros do tribunal. Assim, caso o mensalão não seja julgado até agosto, terá de ser adiado ainda mais. Duvido que se tenha o tribunal completo até as eleições de outubro. E pronto! O desejo nada secreto do PT estará se cumprindo.
Mas não é só: caso fique tudo para depois das eleições, aí será  a vez de o próprio Ayres Britto, que faz 70 anos no dia 18 de novembro, se aposentar. De novo, então, voltará a questão: “Temos de ter o tribunal completo… Por que não se deixa tudo para 2013?” E assim vamos seguindo para as calendas…
Estima-se que o julgamento não dure menos de um mês. São 38 réus. O advogado de cada um deles tem uma hora para fazer a defesa de seu cliente — ou seja, 38 horas apenas de sustentação oral da defesa. Não se sabe se o recesso de julho terá de ser ou não suspenso — porque Lewandowski, até agora, não dá pistas do que tem em mente. Dá-se de barato que só as sessões plenárias das quartas e quintas serão insuficientes para dar conta do recado até, reitero, o fim de agosto, quando Peluso deixa o tribunal.

Voltei
Entenderam o busílis? Se o julgamento não se der até setembro, Peluso tem de sair, e começa a novela para a indicação do substituto. Em novembro, é a vez de Britto. Mas não é só isso. Eu não sei qual é o voto de Peluso, mas boa parte dos petistas diz saber: eles o consideram um voto certo pela condenação da maioria dos acusados. Logo, preferem esperar que deixe o Supremo. Quando Lewandowski afirma que o julgamento se dará ainda neste ano, pode estar pensando em, sei lá, novembro, com Peluso já substituído e Britto eventualmente fora do tribunal. Embora, em muitos aspectos, ele seja o ministro mais à esquerda do plantel, os petistas  não “confiam” muito no seu voto também…

Conclamemos, com o devido respeito, o ministro Lewandwski a concluir a sua revisão e a realizar logo o julgamento do mensalão. A procrastinação fica parecendo combinação de resultado, ainda que não seja. Os mensaleiros já tentaram jogar lama no Supremo o que chega. É hora de pensar também na reputação do tribunal, uma instituição que tem de ficar a salvo de chicanas. As instituições contam com Vossa Excelência, ministro Lewandowski!

Ai de um país que restar com um bando impune e uma Suprema Corte desmoralizada!

Texto publicado originalmente às 4h28 deste sábado

Por Reinaldo Azevedo

 

19/05/2012 às 5:33

Não tenho mais dúvida: no caso da apreensão de jornais do PR no Rio, o que se tem é um caso escancarado de censura aplicada pela Justiça Eleitoral. Decisão é inconstitucional

Escrevi um post às 21h58 desta sexta sobre a apreensão, determinada pela Justiça Eleitoral do Rio, de um jornal do PR do estado, sob o comando do deputado Anthony Garotinho. O material traz as fotos da intrépida trupe cabralina em suas folias parisienses, procura ligar o governador ao escândalo da Delta e tenta envolver, de quebra, o prefeito Eduardo Paes. Afirmei que não conhecia o material, mas que sentia no ar o fedor da censura. Muito bem. Leitores me enviam a reprodução digital do jornal. Se eu tinha alguma dúvida sobre ser ou não censura, ela se dissipou totalmente: É CENSURA!!! E é também lamentável. Parece que juízes eleitorais não se inteiraram da decisão do Supremo a respeito.

Sim, o material segue o estilo Garotinho: linguagem agressiva, acusações contundentes, contrastes com certo apelo populista… E daí? Foi feito para o seus partidários. Se Cabral e Paes não gostaram, e duvido que tenham gostado, têm as Justiças criminal e cível à sua disposição. O QUE NÃO É POSSÍVEL É A JUSTIÇA ELEITORAL MANDAR RECOLHER O JORNAL SOB O PRETEXTO DE QUE É CAMPANHA ANTECIPADA. Suponho que Garotinho, ora vejam!, está se articulando para tentar impedir que Paes de reeleja neste ano e para impedir que Cabral faça o sucessor em 2014. Assim fazem as oposições, não? É do jogo!

Se o padrão no Rio ou em qualquer lugar for o empregado pela juíza, quem está no governo ficará lá pelos próximos 200 anos. Afinal, como a campanha não começou, o governador pode, por exemplo, levar o prefeito para inaugurações. Campanha eleitoral antecipada, meritíssima??? Além de aplicar uma censura que considero inconstitucional, a juíza Ana Paula Pontes Cardoso, da 192ª zona eleitoral, está impedindo a oposição de fazer oposição. E isso é um péssimo precedente.

A Justiça Eleitoral no Brasil não pode ser uma espécie de AI-5 dos direitos fundamentais. Até porque, reitero, ela tem se mostrado impotente para impedir que o governante de turno use o mandato para cuidar da própria reeleição ou da eleição de um aliado. Se há crimes no jornal de Garotinho, que sejam punidos. A Justiça Eleitoral decidir ter a tutela da liberdade de expressão, com recolhimento de jornal, aí não! Até porque o material não toca em eleição. “Ah, mas estão pensando nisso!” Não me digam! Só faltava a oposição estar apostando na vitória da situação…

Texto publicado originalmente às 2h30 deste sábado

Por Reinaldo Azevedo

 

19/05/2012 às 5:31

Zé Dirceu, acreditem!, já se apresenta como o sucessor de Lula; por isso precisa desesperadamente ser absolvido no Supremo. Isso explica a tramoia contra a imprensa, o Judiciário e a Procuradoria-Geral da República

Mandam-me aqui um link de um desses delírios que andam por aí. Não é de todo imprestável. Trata-se de um site que funciona como porta-voz do José Dirceu — uma coisa, assim, de parceria mesmo, semelhante à relação entre Carlinhos Cachoeira e a Delta…

O texto trata José Dirceu como o homem mais importante do PT depois de Lula!!! Como não sai nada ali que não conte com a aprovação do Zé, isso é que ele pensa de si mesmo e o que anda espalhando na praça.

Viram só? Acreditem em mim! No dia 11 deste mês, publiquei aqui um post intitulado José Dirceu, acreditem!, prevê massas nas ruas se for condenado pelo STF!!! Ou: na raiz da pantomima do Zé está a briga pelo espólio do PT. A lenta sucessão no partido já começou. Nesse texto, eu indagava por que Lula e Dirceu estavam tão desesperados para centrar fogo na imprensa e melar o processo do mensalão. E respondi (volto depois):
“Lula e Dirceu se uniram nessa batalha por motivos diferentes. O primeiro não quer que seu governo fique com a marca de ter protagonizado o maior escândalo da história republicana. Se for superado, será pelo próprio petismo - algo me diz que, bem investigada, as relações do governo federal com a Delta pode disputar o primeiro lugar. Lula já reescreveu o passado, fez com o presente o que bem quis - porque boa parte da crítica política houve por bem suspender o juízo - e agora pretende aprisionar o futuro. Tem alma de ditador, mas contida por uma institucionalidade que nunca foi de seu agrado. De todo modo, está de olho na história.
Dirceu não! Dirceu está mesmo é de olho num, como direi, futuro mais próximo, que já começa a ser presente.  Lula, é fato, perdeu muito de seu vigor. Ainda que venha a recobrar  a saúde possível, já não é mais aquela força da natureza. Poucos se deram conta de que o PT começa a ensaiar os primeiros passos da sucessão - não sucessão formal, claro! Esta é irrelevante. O partido começa a dar os primeiros passos em busca da nova força unificadora. A máquina é gigantesca, e esse é um processo muito lento.”

Voltei
Viram só? O Zé já se apresenta como o sucessor de Lula. Afinal, o que acontece com o “mais importante” depois do primeiro quando esse primeiro começa a sair de cena?

O Zé sabe que, para que isso seja possível (não que seja fácil; há setores do próprio petismo que o abominam), ele não pode contar com o peso de uma condenação nas costas. A primeira condição é não ser um condenado. Daí a campanha de difamação contra a imprensa, o STF e a Procuradoria-Geral da República.

Tudo está mais claro que nunca! E, vocês sabem, descobri primeiro, certo?

Texto publicado originalmente às 20h20 desta sexta

Por Reinaldo Azevedo

 

19/05/2012 às 5:14

Membros da CPI querem Vaccarezza fora da comissão

Por Eugênia Lopes e Denise Madueño, no Estadão:
Surpreendidos com o flagrante da troca de mensagens via celular entre Cândido Vaccarezza (PT-SP) e o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira defenderam ontem o afastamento do deputado petista, ex-líder do governo, do colegiado.

O comportamento de Vaccarezza, de tentar blindar Cabral na CPI, irritou os aliados, em especial os petistas que, em conversas reservadas, consideraram “insustentável” a permanência do ex-líder do governo como um dos integrantes da comissão. O envio da mensagem, em que o parlamentar avisa ao governador que a relação entre o PT e o PMDB pode azedar na CPI, mas insinua que ele será protegido, foi flagrado por um cinegrafista da emissora SBT anteontem.

A CPI decidiu não convocar para depoimento nenhum dos governadores que supostamente teriam ligações com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Ao poupar governadores, instalou-se uma suspeita de clima de “pizza” na CPI.

O PT não vai, no entanto, pedir a cabeça de Vaccarezza em praça pública. Apesar de irritadas, lideranças do partido adotaram uma postura de defesa de Vaccarezza. Esperam que o próprio deputado decida deixar a CPI. “Espero que no bom senso dele ele avalie o que é melhor”, resumiu o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA).

Publicamente, o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), também defendeu Vaccarezza, tentando minimizar a troca de mensagens entre o deputado e o governador peemedebista. “A mensagem é a opinião que ele (Vaccarezza) pode ter. Não é motivo (de substituição na CPI), porque a opinião dele não tem efeito prático nenhum. O Cabral não está sendo objeto de convocação. É mais uma prestação de serviço de forma desnecessária”, disse o líder petista. “Não vejo razão para ele sair”, emendou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que tem feito dobradinha com Vaccarezza na CPI.

Mas enquanto o PT evita apregoar o desejo de ver Vaccarezza fora da CPI, o mesmo não ocorre com outros integrantes da Comissão. “A CPI não é o Vaccarezza”, observou o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). “Mas há a violação do princípio da impessoalidade. Acho que ele pode se declarar impedido de participar da CPI”, defendeu.

Assim como o PT, o PMDB tentou minimizar o flagra da troca de mensagens entre Vaccarezza e Cabral. “Não tem nada contra o Cabral: não tem uma gravação em que ele aparece, não tem um malfeito dele. O Cabral não passa nem de raspão pela CPI”, disse o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN).

Os governistas calcam a defesa em torno de Cabral na falta de qualquer prova ou ligação direta entre o peemedebista e Cachoeira.

O próprio Vaccarezza rebate as acusações de que estaria blindando Cabral com o argumento de que não há nada contra o governador. E aproveita para atacar o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), que, segundo investigações da Polícia Federal, teria ligações com o esquema de Cachoeira. “Não estou blindando o Cabral porque ele não faz parte dos investigados.”
(…)

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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