Dirceu pode ser condenado ou absolvido na semana da eleição

Publicado em 19/09/2012 09:14 e atualizado em 10/06/2013 15:37
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Saí para tomar um suco, no fim da tarde, e, na volta, Joaquim Barbosa estava fatiando o Capítulo VI da denúncia. Eu havia entendido que ele deixaria para esta quinta o grupo de réus da corrupção ativa, no qual se incluem José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. Mas não! Já corrigi o post em que havia feito essa afirmação. Barbosa conclui amanhã a votações dos réus por corrupção passiva e passa a palavra para o revisor, Ricardo Lewandowski, que deve começar a ler seu voto depois do intervalo. Se os ministros fossem mais rápidos, eu teria menos sede, hehe… Adiante. Lewandowski teria dito ao presidente, Ayres Britto, que pode esgotar essa parte do seu voto amanhã mesmo, coisa de que duvido. Na sequência, votam os demais ministros.

Vamos ver. Se Lewandowski levar as mesmas duas sessões e meia (eles tem empregado sempre o mesmo tempo de Barbosa), vai até quarta da semana que vem. Só na quinta, dia 27, os demais ministros votariam. Na segunda, dia 1º, Barbosa se encarregaria, então, de Dirceu e dos demais acusados de corrupção ativa. Nesse caso, as coisas são mais simples. Quanto tempo? Em tese ao menos, na pior das hipóteses (Lewandowski também consumir duas sessões e meia para os réus de corrupção passiva), será possível saber no dia 4 de outubro a situação de Dirceu, Genoino e Delúbio. O tesoureiro do PT não tem saída — é condenação certa. Nos outros dois casos, existe espaço para firulas retóricas. Dirceu teria, assim, selado seu destino na quinta. No sábado, dia 7, os brasileiros vão às urnas.

Não é um despropósito lógico o fatiamento do fatiamento, mas é uma desnecessidade. E não deveria ter sido feito, especialmente num dia em que o Supremo foi alvo de um ataque bucéfalo, antidemocrático, fascistoide mesmo!, do PT. De todo modo, reitero, há tempo hábil para julgar Dirceu — que, ao lado de Lula, comanda uma verdadeira campanha contra o Supremo — antes que qualquer manobra seja tentada.

De todo modo, teremos emoções interessantes. Se os ministros condenarem a turma da corrupção passiva, isso faz supor que houve alguém praticando a ativa… “Ah, foi tudo coisa do Delúbio”, dirão alguns. Pois é. Vamos ver quantos ministros do Supremo vão aderir à interessante tese de que o tesoureiro é que era o chefe do partido.

Por Reinaldo Azevedo

 

Para relator, Jefferson também era mensaleiro

Por Laryssa Borges e Gabriel Castro, na VEJA.com

Denunciante do maior escândalo político do governo Lula, o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, foi colocado nesta quarta-feira no mesmo patamar dos mensaleiros e condenado pelo relator, Joaquim Barbosa, por corrupção passiva. Embora tenha delatado o mensalão, o deputado cassado nunca admitiu ter se valido do esquema de compra de votos de deputados.

Apesar de ter recebido 4 milhões de reais diretamente das mãos do publicitário Marcos Valério, Jefferson afirmou que o montante não era propina, e sim recursos acertados com o PT nas eleições municipais de 2004. Para Joaquim Barbosa, no entanto, Jefferson é tão mensaleiro quanto os políticos do extinto PL (atual PR) e do PP – todos já condenados pelo relator em seu voto.

“A partir de dezembro de 2003, o próprio Jefferson aceitou receber recursos pagos pelo PT para conduzir o apoio de seus correligionários em projetos de interesse do governo”, disse o ministro. Em voto, deixou claro: assim como os demais partidos, o PTB acertou sua participação no esquema criminoso em troca de propina.

“Os repasses e as promessas de pagamento feito pelo PT exerceram forte influência sobre a fidelidade dos deputados do PTB, tendo em vista a importância das somas envolvidas e o consequente desejo de receber o dinheiro em troca de apoio político”, disse o ministro. A “soma elevadíssima” – foi acertado repasse total de 20 milhões de reais, embora nem tudo tenha sido pago – acarretou, conforme explicou Barbosa, no crescimento exponencial de deputados filiados ao PTB.

Em seu voto, Joaquim Barbosa fez um relato histórico dos apoios políticos do PTB nas últimas eleições – em 2002, os petebistas se aliaram ao então candidato do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes. E lembrou que, com a vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, a legenda foi uma das primeiras a aceitar o mensalão.

“Embora em 2002 o PTB tenha apoiado o candidato do PPS às eleições presidenciais, Ciro Gomes, concorrente do candidato do PT, o presidente do PTB foi em 2003 um dos primeiros beneficiários de pagamentos periódicos em espécie”, disse o ministro. “Quando passou ele próprio a ser beneficiário, Jefferson tinha consciência de que os pagamentos eram feitos em troca da consolidação da base parlamentar”, completou.

Conforme o ministro, Roberto Jefferson tinha conhecimento de longa data da distribuição de recursos por vias criminosas – prática acertada, em um primeiro momento, pelo então presidente petebista, José Carlos Martinez, já morto, e sabia da sistemática de corrupção para o pagamento de mesadas a congressistas.

A denúncia do Ministério Público Federal aponta que Jefferson e o tesoureiro informal do PTB, Emerson Palmieri, receberam 4 milhões de reais pessoalmente de Valério em duas parcelas. Os pacotes de dinheiro, envoltos em fitas do Banco Rural e do Banco do Brasil, seriam parte de uma promessa de 20 milhões de reais do mensalão. Ainda conforme a Procuradoria-Geral da República, Palmieri foi incumbido de negociar o pagamento dos 16 milhões de reais restantes e acompanhou Marcos Valério em uma viagem a Portugal para reuniões com executivos da Portugal Telecom. Palmieri foi condenado hoje por Barbosa por corrupção passiva.

“Trata-se de recursos com claro potencial para determinar a continuidade do apoio do PTB na Câmara e juntamente o apoio da maior parte dos parlamentares do partido. Impensável admitir-se que repasses efetuados dessa forma, por meio da estrutura criminosa, seriam harmonizáveis com o sério exercício da função parlamentar pelos beneficiários”, disse o relator.

Romeu Queiroz – Ao analisar a participação do PTB no mensalão, o ministro Joaquim Barbosa também considerou o ex-deputado Romeu Queiroz culpado por corrupção passiva. O ex-parlamentar, que conseguiu se livrar da cassação ao auge do escândalo, admitiu ter recebido pouco mais de 100 000 reais, mas alegou tratar-se de doação da empresa Usiminas à campanha de 2004 “para repasse segundo os interesses partidários”.

Para Barbosa, no entanto, existem provas contundentes de que Queiroz vendeu seu apoio político no Congresso Nacional “em troca dos recursos que o PT vinha oferecendo aos aliados”.  

Na hierarquia do mensalão, o Ministério Público diz que coube a Romeu Queiroz indicar o assessor José Hertz, do PTB mineiro, para sacar dinheiro do valerioduto e negociar a continuidade da distribuição de propina após a morte de José Carlos Martinez.

Por Reinaldo Azevedo

 

Sob o comando de Lula, petistas tentam intimidar o STF e dizem que transmissão do julgamento pela TV põe em risco a democracia; o partido exibe a sua cara: odeia a imprensa livre, odeia a Justiça livre, odeia os homens livres, odeia a liberdade! Ou: O bolivarianismo da boca do caixa

Ontem, parlamentares petistas, na Câmara e no Senado, obedecendo ao grito de guerra lançado pela Executiva do PT, sob a inspiração de Luiz Inácio Stálin da Silva, assumiram a tribuna para defender o partido. Acusaram a existência de uma suposta conspiração contra o partido. Dela fariam parte, como sempre, as tais elites e a imprensa. O partido que mais arrecada recursos de campanha junto a indústrias, empreiteiras e bancos não disse exatamente a que elite se referia — quem sabe estivesse a falar sobre a elite dos homens de espírito livre, que não aceitam se submeter às vontades de um partido, de um candidato a tiranete, de alguém que acredita ser Deus. O deputado André Vargas (PR), secretário de Comunicação da legenda, não teve dúvida: afirmou que a transmissão ao vivo do julgamento, pela TV Justiça, põe em risco a democracia.

Viva! Eis, finalmente, sem máscara, a verdadeira cara do PT. Ao longo de 32 anos, a legenda se apresentou com várias faces. Já foi o partido “do socialismo”, da “terra, trabalho e liberdade”, da “ética na política”, da “sociedade organizada”, das “minorias”, da “democracia”. Um dos truques mais antigos do demônio — a rigor, é seu único recurso — é se apresentar por aquilo que não é.

Do socialismo, o PT só herdou o autoritarismo.
Da luta por igualdade e justiça, só conservou os burocratas da militância.
Da pregação em favor da ética, restou a construção de uma moral coletiva que só serve ao partido, a transformar seus bandidos em heróis e em bandidos aqueles que a ele se opõem, sejam ou não culpados.
Da sociedade organizada, fez uma máquina de aparelhar o estado, submetendo o bem coletivo aos interesses de um grupo.
Da luta das minorias, organizou as suas micropolícias do pensamento, de inspiração fascistoide.
Era fatal que chegasse, então, ao repúdio claro, escancarado, arreganhado, sem subterfúgios, à democracia. O secretário de Comunicação do PT disse ontem, com todas as letras, que uma Justiça que se exerce à luz do dia e ao alcance de uma parcela ao menos do povo é uma… ameaça a ordem democrática. Vamos ver.

No dia 2 de outubro, não se esqueçam, eu espero leitores de São Paulo na Livraria Cultura da Avenida Paulista para assinar “O País dos Petralhas II – O inimigo agora é o mesmo”. No dia 4, espero os do Rio na Livraria Argumento, do Leblon. Já há outras datas agendadas. Informo amanhã. Eu me orgulho de ter escrito o Volume I. Eu me orgulho de ter escrito o Volume II. E escreverei quantos livros se mostrarem necessários para denunciar o autoritarismo, a vigarice política, as tentações totalitárias, o ódio à democracia, a apologia dos “bons ladrões”. Eles não se cansam de mentir sobre si mesmos e sobre nós? Eu não me canso de fazer o contrário. Talvez um dia escreva “Como nos livramos deles”, mas não sou um finalista, não me proponho tarefas dessa natureza.

Denuncio as tentações totalitárias do PT bem antes de essa gente chegar ao poder. Conheço de perto seu repúdio à democracia. O ódio contra a Justiça e a defesa da censura decorre do fato de que essa turma não acredita na existência de culpados e inocentes. O mundo de Lula e de seus comandados obedece a outra clivagem: eles só enxergam aliados e adversários. Tudo o que serve aos propósitos do partido e a seu fortalecimento é bom; tudo o que se mostra um empecilho à expansão de seus domínios é mau. Afinal, não é esse mesmo Lula que, em menos de dois anos, tanto satanizou o clã Sarney em palanque como o classificou de paladino de democracia? Em solenidade recente, Marta Suplicy, ministra da Cultura (!), chamou o presidente do Senado de “estadista”.

O título dos meus livros, noto, nem sempre é bem compreendido. “O País dos Petralhas” não é o Brasil, onde também há milhões de pessoas decentes.
O país dos petralhas é aquele em que o compadrio toma o lugar das leis.
O país dos petralhas é aquele em que a impunidade dos companheiros é chamada de justiça.
O país dos petralhas é aquele em que o bem coletivo é tratado como propriedade privada de um partido.
O país dos petralhas é aquele em que um partido vigia a sociedade, em vez de a sociedade, por meio de suas leis democráticas, vigiar os partidos.
O país dos petralhas é aquele que quer censurar a imprensa livre.
O país dos petralhas é aquele que financia pistoleiros disfarçados de jornalistas.
O país dos petralhas é aquele que quer transformar o Supremo Tribunal Federal numa repartição de um partido.

Denuncio o país dos petralhas porque acredito no país dos homens livres, que não devem obediência a aiatolás e a aiatolulas; que podem pensar sem peias, que podem opinar sem medo, que se deixam intimidar pela policia do pensamento.

Espantoso atrevimento
É espantoso o atrevimento dessa gente! Nas conversas que manteve com seus interlocutores, Marcos Valério deixou mais do que claro: ele havia recebido dos petistas a garantia de que não seria molestado pela Justiça. Os ministros do Supremo que têm vergonha na cara — e, hoje, eles são uma maioria esmagadora — não aceitam ser tutelados por Lula porque, de fato, no estado de direito, essa tutela pertence à Constituição e às leis.

Aqueles aos quais é dado ter a última palavra no que concerne às leis são primariamente indicados para o cargo pelo presidente da República porque este é um dos ofícios do chefe do Executivo, constitucionalmente definido. Ao Senado cabe indicar ou reprovar o nome. O ministro que chega à Corte não está investido nem da vontade do presidente nem da vontade dos senadores. Sua investidura decorre da origem popular do mandato daqueles dois outros Poderes. Ministros do Supremo, senhor Luiz Inácio Lula da Silva, servem ao povo, dentro dos parâmetros da Constituição e dos demais códigos legais.

Ministros do Supremo, em suma, não são corruptos passivos que praticam atos de ofício em benefício de um corruptor ativo — ainda que em nome da ideologia ou de um partido.

Lula jamais vai entender isso. Não porque lhe falte instrução formal. Ele é mais autoritário do que propriamente ignorante. E é também um sem-limites. A Brasília e a corredores do STF já chegaram seus ódios e seus vitupérios, sua desmesura no uso de palavrões — comum, diga-se, mesmo em conversas amenas —, suas iras santas. Porque ele próprio nunca se reconheceu como um devedor das instituições, estava firmemente convencido de que os ministros que nomeou deviam vassalagem a ele, não ao estado democrático e de direito. É o que leva o deputado André Vargas a fazer aquela declaração boçal. A sociedade com a qual Lula sonha não é muito diferente da de Chávez. O petismo só escolheu outro método: o da boca do caixa.

O PT está em seu terceiro mandato presidencial. A oposição no Brasil é a menor — acreditem! — da América Latina (e de todo o mundo democrático). Até Chávez, Rafael Correa, Cristina Kirchner e Evo Morales têm mais adversários nos respectivos Parlamentos do que o PT. Mesmo assim, os petistas alimentam um permanente sentimento de derrota. Para que experimentassem mesmo a sensação de vitória, seria preciso ter juízes e imprensa debaixo do chicote. 

E não terão. O Brasil que se preza, acreditem, já derrotou o país dos petralhas. 

Texto originalmente publicado às 5h06

Por Reinaldo Azevedo

 

Genoino compara jornalistas a torturadores. Uau! Vai que Maria Rita Kehl leve a sério…

Os petistas são mesmo seres singulares. Acima, ficamos sabendo que o deputado André Vargas (PT-PR), que é secretário de Comunicação do PT, acha que julgamentos transmitidos pelo Supremo ameaçam a democracia. Huuummm… Abaixo, informa-nos Catia Seabra, José Genoino, que presidia o PT e foi avalista de empréstimos picaretas feitos ao PT, compara a imprensa a… torturadores! Entendo. Já relatei aqui ser ele aquele petista que, no programa Roda Viva, negou até mesmo a existência de caixa dois no partido. Depois chorou falando sobre seu passado. Leiam trecho da reportagem da Folha. Volto depois:

O preso político no regime militar, o ex-presidente do PT José Genoino comparou a experiência do mensalão à da ditadura. Só que, em vez de pau de arara, disse, o instrumento de tortura é a caneta. Irritado com reportagem da Folha segundo a qual seu estado de ânimo preocupa os petistas, Genoino fez seu desabafo pouco antes de passar por um cateterismo no InCor (Instituto do Coração): “O que estou vivendo hoje eu passei durante a ditadura. Os torturadores usavam pau de arara. A tortura hoje é a da caneta. É a ditadura da caneta”.

Assessor especial do Ministério da Defesa, Genoino ficou contrariado com a informação -relatada por petistas e confirmada por sua assessoria jurídica- de que pedira aos advogados que preparassem uma procuração permitindo que a mulher administre suas contas caso seja condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Na conversa, Genoino disse que teria de trabalhar com a hipótese de prisão -ideia rechaçada por seu advogado, Luiz Fernando Pacheco. Ontem Genoino voltou a negar a existência da procuração. Segundo ele, a reportagem causou tristeza e a ruptura entre ele e o suspeito de ser a fonte da informação: “Quero que você esqueça que existo, que me esqueçam.”

Segundo o InCor, após um cateterismo para avaliação das coronárias, foi descartada necessidade de angioplastia: “O resultado do exame foi considerado normal para a faixa etária do paciente”.
(…)

Voltei
Folgo em saber que Genoino está bem do coração ao menos. Pelo visto, as ideias é que não andam no lugar — um risco quando se é assessor do Ministério da Defesa. Especialmente porque o ministro é Celso Amorim.

Jornalistas como torturadores, é? Que medo! Vai que Maria Rita Kehl resolva investigar a imprensa na Comissão da Verdade!!!

Entendi. Os petistas descobriram os dois males do Brasil: a Justiça e a imprensa. Sem eles, o partido exerceria a “verdadeira democracia”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Barbosa vota o caso de Roberto Jefferson. Deve condená-lo; daqui a pouco, debate na VEJA.com

Joaquim Barbosa condenou o núcleo do PL por corrupção passiva. Agora vota o núcleo do PTB, de que a estrela é Roberto Jefferson. Deu a entender que o crime de corrupção ativa fica para amanhã — isto quer dizer: José Dirceu. Como é a parte final do Capítulo VI, suponho que deva concluir nesta quinta esta parte da denúncia. Vamos ver.

Daqui a pouco, debate na VEJA.com. Procurem o link aqui.

Por Reinaldo Azevedo

 

E tudo segue a toque de caixa para nomeação de novo ministro do Supremo

Por Gabriela Guerreiro, na Folha Online:
O Senado vai votar na semana que vem a indicação do ministro Teori Zavascki para ocupar uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal). Como a Casa vai realizar votações na terça e quarta-feira para análise da MP do Código Florestal, também será incluída na pauta a votação da indicação de Zavascki.

O ministro será sabatinado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) na terça-feira. No mesmo dia, a comissão vota a sua indicação. Em seguida, é a vez do plenário da Casa votar o nome de Zavascki, o que vai ocorrer até quarta.

“Eu tinha feito o compromisso de que, se houvesse a convocação do Senado para a votação do Código Florestal, eu iria fazer a sabatina do ministro. Falei com ele por telefone e confirmamos a sabatina na terça-feira”, disse à Folha o presidente da CCJ, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE).

A votação abre caminho para que Zavascki participe do julgamento do mensalão no STF, embora o ministro tenha declarado que ainda vai “decidir o assunto”. A análise do processo deve acabar só em novembro.

Questionado na semana passada se é comum a participação de juízes em julgamentos já iniciados nos tribunais superiores, ele disse que existem casos. “Nós temos muitos casos em que em tese é possível, mas não conheço o regimento interno do Supremo”, disse.

O artigo 134 do Regimento do STF determina que não pode participar da votação ministros que não acompanharam a leitura do relatório e os debates, mas abre uma brecha ao permitir a participação daqueles que se acharem “esclarecidos” sobre o tema.

“Não participarão do julgamento os ministros que não tenham assistido ao relatório ou aos debates, salvo quando se derem por esclarecidos”, afirma o texto do regimento.

PRESSA

A orientação do Palácio do Planalto aos governistas é acelerar a votação da indicação no Senado para evitar que o STF fique com apenas 10 ministros durante o julgamento – o que permite casos de empate.

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), relator da indicação de Zavascki na CCJ, apresentou em tempo recorde o seu parecer na semana passada recomendando a aprovação do nome do ministro.

Renan levou apenas um dia para elaborar e apresentar seu relatório à comissão. Como o relatório foi apresentado na última quarta-feira (12), os senadores não podem mais pedir o adiamento da votação quando entrar em pauta.

A agilidade na apresentação do relatório é incomum na Casa. Última ministra indicada pelo governo, Rosa Weber teve que aguardar 23 dias da sua indicação até a leitura do relatório favorável ao seu nome na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça do Senado).

No caso de Zavascki, a presidente Dilma Rousseff levou onze dias para fazer a indicação em substituição a Cezar Peluso, que deixou o STF ao completar 70 anos.

Na semana passada, Zavascki visitou senadores no tradicional corpo a corpo para a sabatina. Ele é ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), conhecido por colegas pela discrição e rigor no respeito aos ritos processuais 

Por Reinaldo Azevedo

 

Andrea Matarazzo tentou remover a favela do Moinho; os petistas e parte da imprensa resolveram sufocar os pobres com seu amor. E com a fumaça dos incêndios! São os responsáveis morais pela tragédia!

Espalhem esta história. Nada é mais exemplar do bem que as esquerdas do miolo mole fazem aos pobres

Andrea Matarazzo, meu candidato a vereador (PSDB), quando secretário de Subprefeituras, tentou remover a Favela do Moinho, que sofreu o segundo incêndio em menos de um ano nesta semana. Um rapaz brigou com o namorado e decidiu botar fogo no objeto do seu desejo e do seu rancor. Segundo reportagem da Folha, o sinistro só aconteceu porque o programa da Prefeitura de combate a incêndios teria falhado (já trato disso). Antes, algumas outras considerações.

Por que Matarazzo queria remover a favela de lá? Em razão do risco a que estão submetidos os moradores — inclusive de incêndio. Mas esse nem é o maior. Uma linha de trem passa no meio da favela, a meio metro das casas, onde brincam crianças. Há ainda problemas de contaminação do solo.

Foi um Deus nos acuda! Todos os supostos “amigos do povo” se mobilizaram em favor do “direito” que as pessoas teriam de morar no local. Esquerdistas da PUC-São Paulo montaram um núcleo de estudantes de direito e sociologia para se organizar contra a remoção. Seguiram todos pra lá, para ver de perto a pobreza redentora e fazer o estágio Massinha I do curso do bom burguês que reconhece que a luta de classes move a história. Abaixo, há dois vídeos espantosos. O primeiro retrata aquela mobilização contra a remoção. Notem quanta poesia há no olhar desses patriotas. Seguem, depois, para seus lares confortáveis, pouco se  importando que crianças tenham como quintal a linha de trem. A redenção do povo supõe a existência de alguns mártires, certo?

O segundo já foi feito depois do incêndio desta semana.

O primeiro
 

O segundo
Muito bem! Ocorrida uma nova tragédia, os valentes não se dão por achado. No vídeo abaixo, a gente vê uma suposta “especialista” a atribuir o incêndio à “especulação imobiliária” — já se sabe o nome do incendiário. Na raiz do seu gesto, uma questão passional. A moça não quer nem saber. Aproveita, claro!, para acusar também a “mídia”. A ideologia a impede de ver a realidade. Eis o resultado do trabalho de doutrinação das nossas escolas. Assistam. Volto depois.

Voltei
Isso é uma tentativa de jornalismo?
– NÃO HÁ UM SÓ INDÍCIO DE INCÊNDIO CRIMINOSO! É MENTIRA!
– A PREFEITURA ESTÁ PAGANDO O ALUGUEL SOCIAL ÀS VÍTIMAS!  

“Nada de remoção! Isso é higienismo social”, gritavam e gritam os discípulos morais do padre Júlio Lancelotti, um homem que não pode ver um carente que logo cai de joelhos. Por ocasião do primeiro incêndio, sabem quem foi à favela dar a sua contribuição solidária aos moradores? Ele! O senador Suplicy. Vejam. 

 

A favela não foi e não será removida. Os poetas da miséria alheia não deixam. Os petistas, por óbvio, compraram a causa. Assim, os que impediram a remoção daquela favela é que são, por óbvio, responsáveis morais pelas tragédias havidas e por haver. A “responsabilidade moral” não está prevista no Código Penal. Ela é, antes de mais nada, uma questão ética. E política!

Os incêndios
Já escrevi aqui umas 500 vezes e repito. Acho que os jornalistas e o jornalismo podem ter opinião. Mas ela há de ser instruída pelos fatos e por um compromisso com a verdade. O incêndio na favela do Moinho, vejam que coisa!, acabou caindo nas costas da Prefeitura. Pois é… A Prefeitura tem desenvolvido um trabalho de prevenção a incêndio nessas áreas, e isso não quer dizer que consiga evitá-los sempre. Mais: prevenção não é combate.

O programa tem funcionado? Isso, sim, não é matéria de opinião, mas de fato. Vamos os números de incêndios desde 2001:
Gestão Marta
2001 – 224
2002 – 169
2003 – 200
2004 – 185

Gestão Serra
2005 – 151
2006 – 156

Gestão Kassab
2007 – 120
2008 – 130
2009 – 129
2010 – 31
2011 – 79
2012 – 69

Voltei
São dados objetivos, factuais. Como se verifica, desde a gestão da petista Marta Suplicy, que pertence ao partido desses notórios humanistas, o número de ocorrências caiu espantosamente. Parece haver aí um indício de que os programas de prevenção estão dando resultado, além, claro!, do trabalho de urbanização de favelas e regularização das instalações elétricas.

Mas e daí? Esses são apenas os fatos. E eles são favoráveis a uma gestão que a média da imprensa paulistana decidiu detestar. Ah, sim: ela também comprou a causa dos “amigos do povo”. Não se enganem: onde houver um pobre, um miserável, haverá sempre um progressista por perto disposto a sufocá-lo com o seu amor — ou com a fumaça de incêndios.

Por Reinaldo Azevedo

 

É o conteúdo do voto dos mensaleiros que determina se houve corrupção passiva? A resposta é “não!” Mensaleiro pode ter sido corrupto até votando contra o governo; esse debate é ridículo e ignora a lei

O deputado Odair Cunha (PT-MG), hoje relator da CPI do Cachoeira, é coautor de um estudo demonstrando não haver correspondência entre o recebimento de dinheiro e o voto dos mensaleiros. A síntese é a seguinte: os petistas não se alinhavam com o governo por dinheiro, uma vez que era o partido do poder. As demais legendas ora votavam, ora não, e é impossível estabelecer uma correspondência entre a dinheirama e o voto.

Reitero: isso é absolutamente irrelevante! Todos os parlamentares tinham a expectativa do ato de ofício. A rigor, o ponto terminal da atividade representativa é mesmo esta: o voto. O recebimento de qualquer vantagem, especialmente por meios ilícitos, como foi o caso, se dá em razão da expectativa desse ato de ofício. Se o deputado ou senador que levou a grana cumpriu ou não a expectativa de quem pagou, isso é, no que diz respeito à essência do crime, irrelevante. Só tem importância para se definir se a pena terá ou não agravante. No caso de o voto ter sido efetivamente dado, então a punição tem de ser aumentada.

Nunca será demais lembrar o Artigo 317 do Código Penal, que define e pune a corrupção passiva:
Art. 317 – Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
§ 1º – A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
§ 2º – Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

Como se nota, todos os parlamentares mensaleiros podem e devem ser punidos pelo caput do Artigo 317. Todos estão sujeitos a penas de 2 a 12 anos. Caso fique evidente que eles efetivamente deram um voto — praticaram, além da expectativa, o ato de ofício — em troca de dinheiro, aí a pena de tem de ser aumentada em um terço.

Assim, é pura pilantragem teórica e exercício de direito criativo essa história de que é preciso provar que o parlamentar votou em troca de dinheiro. Não é! A única coisa que precisa ser provada — e está provadíssimo! — é que aquela turma recebeu benefícios ilegais. Afinal, quando o fez, estava investida da expectativa do ato de ofício. Ponto final!

Absolver os então parlamentares de corrupção passiva nesse caso significa uma coisa só: aposta na impunidade. Até porque, relembro, um parlamentar pode receber o dinheiro ilegal e até trair o seu financiador. E daí? O fato de ser infiel e enganar o seu patrono não faz dele um homem decente, não é mesmo? O que o caput do Artigo 317 pune não é o larápio fiel. Pune o larápio. Sem adjetivo.

A propósito: um parlamentar eleito que não tenha nem mesmo tomado posse pode praticar corrupção passiva, como deixa claro o Artigo 317. Logo, essa conversa — se votou ou não votou em razão do dinheiro — é puro diversionismo. Ministro que levar a sério aquele levantamento do PT estará apostando na impunidade.

Por Reinaldo Azevedo

 

Barbosa condena Valdemar Costa Neto e Jacinto Lamas por corrupção passiva; todo o núcleo do ex-PL deve segui-los

O ministro Joaquim Barbosa trata, neste momento, dos réus então ligados ao PL, acusados de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Nesse ritmo e dadas as minudências, sabe-se lá quando isso vai acabar. A expectativa é que chegue aos acusados de corrupção ativa — José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, além da turma do núcleo de Valério  — só amanhã, quando se espera que conclua seu voto sobre o Capítulo VI. Ricardo Lewandowski certamente ocupará as três sessões da semana que vem.

Barbosa vota pela condenação de Valdemar Costa Neto, hoje no PR, por corrupção passiva (e o mesmo deve ocorrer em relação à lavagem). Condena também Jacinto Lamas, então tesoureiro do PL, e o deve fazer o mesmo nos casos de Antônio Lamas e Bispo Rodrigues. Rodrigues era bispo da… Universal do Reino de Deus!

Por Reinaldo Azevedo

 

São Paulo entre a experiência que inova e as novidades reacionárias

Todos sabem que vou votar em José Serra para a Prefeitura de São Paulo. Jamais escondi isso. E é honesto dizê-lo com clareza aos leitores. Inaceitável, aí sim, é esconder uma escolha em supostas análises objetivas. Prefiro fazer o contrário: praticar a objetividade e deixar claro que fiz uma escolha.

Há uma manifesto em defesa de sua candidatura. Se você quiser assiná-lo, clique aqui. Segue o texto. Depois dele, três vídeos.
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A cidade de São Paulo vai escolher nestas eleições um de dois caminhos: o da inovação, que tem a seu favor a experiência e exemplos concretos de mãos limpas, ou o das ideias velhas, mirabolantes e ultrapassadas, somadas à inexperiência e a aventuras.

Estamos com Serra porque ele sempre soube pôr o interesse publico acima das divergências pessoais, dos confrontos ideológicos e das rinhas partidárias. E fará isso novamente nos seus quatro anos na Prefeitura.

Estamos com Serra porque, na sua biografia, não há casas de papel, não há creches de saliva, não há trens-bala de festim, não há universidade de propaganda. As obras de Serra têm nome e endereço, têm benefícios concretos, têm verdade.

Estamos com Serra para cuidar de São Paulo por quatro anos. Pelo menos! Com nosso apoio!

Estamos com Serra porque aceitou defender os interesses da cidade quando foi chamado a concorrer ao governo do Estado para que este não caísse em mãos de aloprados, tendo sido o primeiro governador de São Paulo eleito no primeiro turno desde a instituição das duas etapas de votação. Serra honrou os votos que recebeu investindo como nunca na nossa cidade.

Combatemos de forma clara e decidida quem, não encontrando nenhuma mancha na biografia de Serra, o acusa de fazer da cidade trampolim para cargos futuros.

Estamos com Serra porque combatemos a turma do preconceito, do autoritarismo, do obscurantismo, das falsas promessas e dos que usam o poder para fazer negócios e negociatas, muitos já sendo condenados pela mais alta Corte da Justiça.

Estamos com Serra porque não aceitamos o que é velho na política. Velho é explorar as dificuldades do nosso povo só para conquistar votos. Velho é fazer promessas que não vão se cumprir.

Serra é o novo porque não trapaceia para ganhar votos, porque respeita a população – constrói AMAs em vez de explorar os doentes. São Paulo merece a experiência que inova, não a novidade que remete ao velho autoritarismo e ao velho populismo.

Estamos com Serra porque acreditamos nas suas ideias e nos valores éticos que ele representa e porque sua notável trajetória de homem público protegerá a cidade contra projetos autoritários de poder.

Estamos com Serra em nome da democracia, da transparência e do progresso de São Paulo e de seu povo

Três depoimentos

“Honestidade, ética e competência”

“Um homem honrado, de família, do povo”

“Ninguém tem o direito de calar”

Texto originalmente publicado às 3h19

Por Reinaldo Azevedo

 

Haddad recorre sem sucesso à Justiça para tentar esconder que tem o apoio de Dirceu e Maluf; diz que ser associado aos dois é… “degradante”!

O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, pelo visto, quer disputar o cargo com o apoio de José Dirceu e Paulo Maluf, mas pretende esconder isso do eleitor. O primeiro fez parte do grupo que montou o comando de sua campanha. O outro pertence à coligação e certamente terá uma fatia de poder caso o petista vença. Sabem o que é mais curioso? Haddad também acha esses apoios… “degradantes”. Leiam o que informa Daniela Lima, na Folha

A campanha de Fernando Haddad (PT), candidato à Prefeitura de São Paulo, declarou à Justiça Eleitoral ser “manifestamente degradante” para ele ser associado aos colegas de partido José Dirceu e Delúbio Soares e ao deputado federal Paulo Maluf (PP), que integra sua chapa. Dirceu e Delúbio encabeçam a lista de réus políticos do processo do mensalão. Maluf responde a ações por desvio de recursos públicos.

A declaração foi feita para justificar ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) um pedido para que a corte proibisse a exibição de uma propaganda produzida pela campanha de José Serra (PSDB), seu rival. A peça tucana vincula o petista aos três personagens. Nela, Haddad aparece ao lado de fotos de Dirceu, Delúbio e Maluf. “Sabe o que acontece quando você vota no PT? Você vota, ele volta”, repete o narrador a cada personagem exibido.

“A publicidade é manifestamente degradante porque promove uma indevida associação entre Fernando Haddad e pessoas envolvidas em processos criminais e ações de improbidade administrativa”, afirmam os advogados do petista, Hélio Silveira e Marcelo Andrade. Na ação, a campanha ressalta que Haddad não é réu do mensalão.

“Haddad não é réu naquela ação penal originária do Supremo. (…) Não pode por isso ter sua imagem conspurcada por episódios que são totalmente estranhos à sua esfera de responsabilidade.” O texto diz ainda que “sempre que teve poder de nomeação”, quando era ministro, Haddad “nunca nomeou Delúbio, Maluf ou Dirceu”.
(…)
A Justiça negou o pedido do PT. O juiz Manoel Luiz Ribeiro afirma que “não se há que falar em degradação e ridicularização quando se estabelece a ligação entre o candidato e outros filiados a seu partido ou a partido coligado, ligação esta de conhecimento público e notório”.

“Da mesma forma que um candidato pode ser beneficiado pelo apoio de correligionários bem avaliados pela população, pode ele ser prejudicado pela associação feita a políticos não tão bem avaliados”, conclui o juiz.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

PT cobra mudança no marketing de Haddad

Por Catia Seabra e Bernardo Mello Franco, na Folha:
A estratégia de comunicação de Fernando Haddad (PT) virou objeto de desavença entre o núcleo político e o marketing da campanha. Petistas cobram “resposta à altura” aos ataques de José Serra (PSDB) e ofensiva para “desconstruir” o líder Celso Russomano (PRB). O coordenador de comunicação, José Américo, defendeu um tom mais emotivo na TV em reunião ontem. Paulo Alves, da equipe do publicitário João Santana, discordou. Segundo participantes, ele foi voto vencido, mas ainda não há consenso sobre as mudanças necessárias, que terão que ser submetidas ao ex-presidente Lula.

A principal cobrança é por uma linha mais agressiva nas inserções de TV, onde Haddad tem sido mais atacado por Serra com referências ao mensalão. Os petistas não devem mencionar o escândalo, mas vão preparar o candidato para contra-atacar. Também há pressão para contestar as credenciais de Russomanno em defesa dos eleitores mais pobres. A performance de Haddad no debate de anteontem na TV Cultura foi considerada ruim. Ele ouviu críticas por abrir brecha para Serra acusar o governo de entregar o Ministério da Cultura a Marta Suplicy para socorrê-lo. A política de comunicação não é a única fonte de divergência na campanha. A centralização de poder nas mãos de João Santana e do coordenador Antonio Donato contraria os petistas. Américo e Donato negam divergências.
(…) 

Por Reinaldo Azevedo

 

Russomanno, vejam que coisa!, exige encontro com Dom Odilo para participar de debate promovido pela Arquidiocese… E o rapaz ainda é apenas um candidato…

Por Diógenes Campanha, na Folha:
Principal líder católico de São Paulo, o cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano, recusou-se a receber Celso Russomanno (PRB) antes do debate que a arquidiocese vai promover entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, amanhã. A audiência com o religioso era uma tentativa de Russomanno para encerrar a recente polêmica entre sua campanha e a igreja. Ele pediu ontem a conversa com Scherer para discutir a recente ofensiva da Arquidiocese de São Paulo contra sua candidatura, condicionando a ida ao debate promovido pela arquidiocese ao encontro com o cardeal.

No final da tarde, o arcebispo respondeu ao deputado estadual Campos Machado (PTB), coordenador político da campanha de Russomanno, que está com a agenda “muito carregada” e que estudaria uma data para recebê-lo “nos próximos dias”. A resposta foi mal recebida no comitê de Russomanno, que não deve ir ao debate. “Se ele ainda vai estudar, esse atraso vai impedir que a verdade venha à tona. A gravidade do fato merecia que a gente se reunisse o quanto antes”, disse Machado.

Cerca de uma hora antes da resposta de dom Odilo, Russomanno havia dito que só iria ao debate depois de falar com o cardeal. “Minha equipe acha prudente eu não ir para um debate onde não sei o que vai acontecer, então vai depender de o dom Odilo me receber”, afirmara o candidato.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Delator do mensalão do Distrito Federal diz que Temer participou do esquema

Na Folha:
O delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa, envolveu o vice-presidente da República Michel Temer no suposto esquema de compra de apoio político ao ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. Em depoimento prestado à Justiça do DF ontem, Barbosa disse que ouviu de Arruda que conseguiu em 2007 o apoio do PMDB nacional pagando R$ 1 milhão por mês a Tadeu Filippelli, então deputado federal e atual vice-governador. Durval disse que, segundo Arruda, parte deste dinheiro era destinado a Temer –Arruda nega participação no esquema.

No depoimento, Durval Barbosa não dá detalhes de como seria essa suposta entrega de dinheiro. À época, o PMDB distrital era controlado pelo ex-governador Joaquim Roriz, adversário de Arruda. Roriz então saiu do PMDB e o partido passou a apoiar Arruda. A assessoria do vice-presidente Michel Temer rechaçou as afirmações de Barbosa. ”É completamente fantasiosa a versão divulgada hoje pelo depoente. O vice-presidente repudia com veemência e indignação essas calúnias. E acrescenta que esse assunto jamais chegou aos seus ouvidos.”
(…) 

Por Reinaldo Azevedo

 

Versão da MP aprovada na Câmara protege produtores médios de delírio ambiental

Um acordo da maioria dos partidos permitiu na noite desta terça a aprovação da Medida Provisória 571, que complementa o Novo Código Florestal. A questão principal da MP era a recuperação das matas às margens dos rios. O que estava na MP original, cuja íntegra pode ser lida aqui? Isto (em azul):

§ 1o Para os imóveis rurais com área de até 1 (um) módulo fiscal que possuam áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo de cursos d’água naturais, será obrigatória a recomposição das respectivas faixas marginais em 5 (cinco) metros, contados da borda da calha do leito regular, independentemente da largura do curso d´água.

§ 2o Para os imóveis rurais com área superior a 1 (um) módulo fiscal e de até 2 (dois) módulos fiscais que possuam áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo de cursos d’água naturais, será obrigatória a recomposição das respectivas faixas marginais em 8 (oito) metros, contados da borda da calha do leito regular, independente da largura do curso d´água.

§ 3o Para os imóveis rurais com área superior a 2 (dois) módulos fiscais e de até 4 (quatro) módulos fiscais que possuam áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo de cursos d’água naturais, será obrigatória a recomposição das respectivas faixas marginais em 15 (quinze) metros, contados da borda da calha do leito regular, independentemente da largura do curso d’água.

§ 4o Para os imóveis rurais com área superior a 4 (quatro) módulos fiscais que possuam áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo de cursos d’água naturais, será obrigatória a recomposição das respectivas faixas marginais:

I – em 20 (vinte) metros, contados da borda da calha do leito regular, para imóveis com área superior a 4 (quatro) e de até 10 (dez) módulos fiscais, nos cursos d’água com até 10 (dez) metros de largura; e

II – nos demais casos, em extensão correspondente à metade da largura do curso d’água, observado o mínimo de 30 (trinta) e o máximo de 100 (cem) metros, contados da borda da calha do leito regular.

Voltei
E o que foi aprovado na MP? Bem, nada muda nas propriedades até 4 módulos, variando a área de mata de 5 a 15 metros. A mudança se deu mesmo é para as chamadas propriedades médias — que nada têm a ver com “latifundiários”, viu, leitor amigo?

Reparem que o texto do governo cria uma categoria: a das propriedades acima de 4 módulos. Dentro dela, há uma subcategoria, que poderíamos chamar de “propriedade média” — aquela de 4 a 10. Nesse caso, a recuperação era de 20 metros às margens dos rios para cursos d’água de até 10 metros. Nos outros casos, haveria de ser a metade da largura do rio, desde que um mínimo de 30 metros e um máximo de 100.

Pois bem: os congressistas mudaram o texto e estabeleceram uma nova margem para as propriedades acima de 4 e até 15 módulos: 15 metros às margens dos rios de até 10 metros de largura. Quando tiverem mais e 10, a escala vai de 20 metros a 100 metros. Estas mesmas metragens valem para as propriedades acima de 15 módulos, e a definição ficaria por conta de cada estado, dentro do Programa de Regulamentação Ambiental (PRA). Por que o estado? Porque a União não terá mesmo como fiscalizar se a lei estará sendo cumprida.

A base governista aceitou votar o texto com a mudança, que segue para o senado. O DEM foi contra porque queria a garantia de que o governo aceitaria as mudanças, o que não obteve. Na versão aprovada pela Câmara, os proprietários médios estão mais protegidos do delírio ambiental, embora qualquer “recuperação” implique, obviamente, redução da área plantada, destinada à produção.

Por Reinaldo Azevedo

 

PT golpista – Um dia depois de nota do partido combinada com Lula, dirigente da sigla diz que STF ameaça a democracia

Um dia depois de a Executiva Nacional do PT ter divulgado uma nota conclamando os recionários a defender o partido, os parlamentares do PT foram à luta. Um dirigente do partido, acreditem, afirmou que a transmissão do julgamento dos mensaleiros pela TV é uma ameaça à democracia. É isto mesmo: os membros do partido que tentou criar um Congresso paralelo agora sustentam que a corte suprema do país ameaça a democracia. Leiam o que informa o Estadão. Na madrugada, escrevo mais a respeito.

Por Eduardo Bresciani e Rosa Costa, no Estadão:
Parlamentares petistas usaram a tribuna do Congresso Nacional para fazer ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo julgamento do processo do mensalão. Eles rebateram a tese defendida pelo relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, de que houve compra de votos. Fizeram ainda protestos contra a revista Veja e o publicitário Marcos Valério pela reportagem em que o operador do esquema implicaria o ex-presidente Lula. Os oposicionistas também aproveitaram para cobrar explicações de Lula e exaltar o posicionamento do STF.

Secretário de Comunicação do PT, o deputado André Vargas (PR) fez um discurso inflamado. Classificou como “risco para a democracia” o julgamento ser transmitido ao vivo pela imprensa. “Acho um risco para a democracia que nós tenhamos, envolvendo quem quer que seja, um julgamento criminal on-line, quase um Big Brother da Justiça, no qual as questões técnicas nem sempre são levadas em conta, no qual há tentativa de linchamento moral de pessoas e partidos”.

O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), foi outro a protestar da tribuna. “Não vamos aceitar essa ideia de que aqui, neste plenário, deputados do PT compraram ou venderam votos”. Ele reverberou declaração que o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), tinha feito à imprensa. “Me chamou muita atenção o fato de voltar a essa tese com muita força do mensalão. Eu, por exemplo, acho isso uma grande falácia”, disse Maia.

Os ataques petistas se dirigiram também à revista Veja e a Valério. “Todo mundo sabe que o presidente Lula jamais se reuniu com esse senhor, jamais falou com esse senhor, jamais conversou com esse senhor. Mas a revista Veja faz questão de colocar uma matéria que não tem a fonte, não tem a fita, não tem a prova, que não fala, só tem espuma pra acusar o presidente Lula”, protestou Tatto. Sem fazer menção direta, o deputado Zeca Dirceu, filho do ex-ministro José Dirceu, réu do processo, também fez rápido discurso que os adversários fazem uso de “mentira, calúnia e difamação”.

O tema foi debatido por petistas também no Senado. Jorge Viana (AC) desafiou Valério a falar o que sabe sobre o esquema. Já o líder tucano no Senado, Alvaro Dias (PR), afirmou que Lula mantém um “silêncio ensurdecedor” sobre a acusação de Valério e afirmou que o mensalão mineiro também precisa ser julgado, “se é que ocorreu”.

Por Reinaldo Azevedo

 

O tal fragmento sustentando que Jesus teve mulher não tem importância e, vênia máxima, cheira a pesquisa militante

Sei que fica parecendo pretensão declarar a desimportância de um troço que mobiliza o mundo, como o tal pedaço de papiro que estaria a sugerir que Jesus Cristo teve uma mulher… Transcrevo trecho da reportagem de Ricardo Carvalho e Guilherme Rosa, na VEJA Online. Volto depois.

Um pedaço de papiro de apenas quatro por oito centímetros pode reacender o debate — e as teorias da conspiração — sobre a vida de Jesus Cristo e, em especial, sobre a possibilidade de ele ter sido casado. Uma historiadora especializada nos primeiros anos do cristianismo recebeu um papiro, que seria fragmento de um evangelho apócrifo, com uma frase nunca antes vista em nenhuma documento antigo: “Jesus disse a eles, ‘Minha mulher (…)’.” Embora outros evangelhos apócrifos façam referência a um Jesus que teria se relacionado, em especial,  com Maria Madalena, nunca nenhum deles trouxe a palavra ‘esposa’.

O papiro é escrito em copta, um antigo idioma egípcio que usa caracteres gregos. A peça, trazida a público por Karen King, historiadora eclesiástica da Universidade Harvard, em um encontro de especialistas em copta em Roma, nesta terça-feira, teria sido escrita no século IV, mas provavelmente é uma cópia de um texto anterior feito por volta de 150 d.C. 

Não é prova
Karen já se antecipou à principal discussão que seu estudo provocará: em um texto publicado no site de Harvard, ela afirma que a referência não constitui prova de que Jesus Cristo tinha uma esposa. No entanto, se de fato datar do século 2 d.C., o fragmento indica que o debate sobre se aquele que é considerado filho direto de Deus pela cristandade era ou não celibatário era uma realidade 150 anos após a sua morte.

No artigo publicado no site de Harvard, Karen King batizou o achado de The Gospel of Jesus’s Wife (O Evangelho da Mulher de Jesus, em tradução livre). O texto apócrifo, composto por oito linhas, está totalmente fragmentado, o que dificulta qualquer tentativa de interpretação, segundo a própria historiadora. Mas ela é enfática ao comentar a quarta – e mais importante – linha, na qual se lê claramente: “Jesus disse a eles: ‘Minha mulher’.”

“Essas palavras não podem significar nada diferente”, disse Karen King ao jornal The New York Times. A quinta linha prossegue: “Ela estará preparada para ser minha discípula”, mas é incerto se Jesus estaria se referindo àquela que seria sua esposa ou a outra mulher. A historiadora tampouco acredita na tese de que a esposa em questão fosse Maria Madalena. Em entrevista publicada na Harvard Magazine , ela disse que nos textos antigos as mulheres eram sempre definidas pelo seu vínculo com homens (como na fórmula “Maria, esposa de José”). Jesus e Maria Madalena não são mencionados dessa forma em nenhum documento conhecido. “Toda a informação mais antiga e confiável sobre o Jesus histórico se cala a esse respeito”, diz a pesquisadora.
(…)

Voltei
Reproduzo trecho do que disse à VEJA Online André Chevitarese, professor do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Comento em seguida:
“A professora Karen King é uma cientista da religião, muito respeitada na área. Mas ela é uma pesquisadora do tempo presente, cujas interpretações também falam do nosso tempo. Suas pesquisas destacam a presença e importância das mulheres no início do cristianismo, gozando de primazias no interior das igrejas antigas. Essas reivindicações antigas são transplantadas para os dias de hoje, quando as mulheres são excluídas da igreja. São as feministas que retomam essa experiência antiga, para usá-las em apoio às suas posições.”

“Usar esse fragmento para dizer que Jesus era casado é sensacionalismo. Seria fazer algo parecido com o que Dan Brown fez em O Código Da Vinci, onde usou trechos do Evangelho de Felipe em copta para dizer que Jesus beijou Maria Madalena. De novo, esse evangelho diz mais sobre as vivências dessa comunidade do que sobre o Jesus real.”

Comento
Karen King não é besta. Ela sabe que tem uma reputação acadêmica e que seu achado, ainda que verdadeiro, é amplamente insuficiente para atestar qualquer coisa sobre a relação de Jesus com as mulheres. Também não dá para ignorar que ela é justamente uma pesquisadora que lida com as questões de gênero na Igreja, especialmente fascinada, diga-se, por… Maria Madalena! É realmente uma sorte grande, não é mesmo?, ter encontrado um pedacinho de um papiro que vai ao encontro de suas curiosidades, de suas pesquisas, de sua, digamos, militância acadêmica.

Mas isso não é tudo, não! O celibato sacerdotal, como é sabido, não é um dogma da Igreja católica. E o celibato de Jesus também não está nessa categoria. Há vários indícios na Bíblia de que Jesus fosse celibatário, sim, e de que essa era uma orientação entre os primeiros divulgadores da fé cristã. Que importância tem isso? Vamos ver. A esterilidade, o “ventre seco” e a falta de filhos eram encarados como uma maldição. Lembrem-se como, a rigor, tudo começou: Deus concedeu a Sara, finalmente, a graça de um filho: Isaac.

Nesse contexto, o celibato se torna, antes de mais nada, uma decisão de caráter sacrificial, de renúncia voluntária àquilo que é considerado um grande bem, de entrega absoluta à Igreja. Mas que fique claro: a divindade de Cristo não tem nenhuma relação com o seu celibato ou não, ainda que o tal fragmento de papiro fosse suficiente para combater as evidências em contrário.

Assim, o pedacinho de papel é algo que não teria importância central ainda que se lhe pudesse dar fé histórica.

Por Reinaldo Azevedo

 

Mensalão: Banco Rural pagou “cala-boca” a ex-funcionário

Por Hugo Marques e Gabriel Castro, na VEJA.com:
O Banco Rural pagou por dois anos um “cala-boca” para que seu ex-superintendente Lucas da Siva Roque não revelasse fraudes na agência da instituição em Brasília, central de repasses de recursos do mensalão. Roque, que também falou à edição desta semana de VEJA, tinha uma função institucional no banco: a de captação de clientes de grande porte. Até que ficou sabendo de detalhes do esquema e colaborou com a Justiça.

O site de VEJA teve acesso a uma ação que Lucas impetrou na Justiça Trabalhista, em Belo Horizonte, em que ele denuncia sua dispensa “simulada” do banco, sem justa causa, em 2010. Roque disse que, após a demissão, passou a receber 70% do salário em espécie. No cargo, ganhava 23 000 mensais. O “cala-boca” correspondia a 16 000 por mês. 

Roque é o personagem que ajudou a PF a desbaratar o esquema do Rural, apontando para a Polícia Federal onde estavam as caixas de documentos com os saques da SMP&B de Marcos Valério. Segundo a ação impetrada pelos advogados do ex-superintendente, o pagamento de parte do salário e do plano de saúde até junho último foi uma “tentativa de encobrir o arquivo vivo que se tornou o reclamante, um ‘cala-boca’”.

Como prova de que continuou recebendo benefícios do Banco Rural, Lucas exibiu ao site de VEJA um cartão do plano de saúde do banco, que expirou em 30 de junho desse ano. Ele pede na Justiça do Trabalho a imediata reintegração ao emprego antigo e o pagamento de diferenças salariais mês a mês, corrigidas, além de gratificações relativas ao cargo. O ex-superintendente diz que o pagamento era feito mensalmente pela cúpula do Rural. Roque diz que, além de pagar o “cala-boca”, a diretoria do banco tentou forçá-lo a mudar seu depoimento na Justiça. 

Em 2005, ao apontar onde estavam as caixas de documentos, durante a operação de busca e apreensão, ele ajudou a implodir o esquema. “Eles tentaram me orientar, por um freio. Eu falei: ‘Não preciso de orientação de vocês, eu sei o que vou falar’”, diz Lucas. Na Justiça e na PF, no entanto, ele diz que se limitou a responder somente o que as autoridades perguntavam. “Eu não queria ser taxado de dedo-duro e tinha uma certa convicção de que o Ministério Público, o Supremo Tribunal Federal e a Polícia Federal teriam competência de chegar onde chegaram sem eu ter que dedurar”, diz Roque.

O ex-superintendente foi enviado para Brasília em 2003 pelo então presidente do Rural, José Augusto Dumont, que morreu em 2004. Lucas também quer indenização por perdas e danos. Ele diz que nunca se envolveu com o esquema do mensalão, nunca assinou nenhum documento do banco relacionado ao escândalo, mas que toda a sua família sofreu muito, com perdas materiais e sentimentais. “Se eu não tivesse personalidade, teria me suicidado. Com os vexames, as humilhações, eu tinha entrado em depressão. As pessoas gritavam: “Mensaleiro, está rico?’”. 

Resposta
O Banco Rural nega o pagamento dissimulado ao ex-funcionário e diz que nunca tentou comprar o silêncio de Lucas Roque. A instituição afirma ainda que a manutenção do benefício do plano de saúde após a demissão é comum e segue os termos da convenção coletiva de trabalho. 

Por Reinaldo Azevedo

 

FHC diz que Serra é a “recuperação moral” da política

Por Daniela Lima, na Folha:
Em ato nesta terça-feira (18) com artistas e intelectuais, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) fez um discurso repleto de ataques velados ao mensalão e à corrupção no Brasil para defender a candidatura de José Serra (PSDB) à Prefeitura de São Paulo como sinônimo de “recuperação da moral” na política. ”Serra é o candidato que representa um reencontro do Brasil com a sua história de luta pela democracia. Uma democracia que não é para favorecer a corrupção, mas para favorecer a cidadania”, disse o ex-presidente. Participaram do encontro, em uma sala de cinema na avenida Paulista, reitores de universidades, atores, historiadores e integrantes do governo FHC.

“Não é difícil perceber que vivemos hoje um desses momentos de densidade histórica. Depois de vários anos que o Brasil conquistou a democracia, conseguiu avanços econômicos e avanços socias, essa mesma democracia começa a ser minada por dentro pela falta de crença nela”, afirmou o ex-presidente, no início de sua fala. “E a falta de crença advém da decepção que existe no país de práticas correntes e recorrentes na política. Não preciso me referir a quais”, completou. “O momento vai além do banal, além do usual. Mas nós temos, ao mesmo tempo, uma possibilidade de recuperação. É também o momento da recuperação moral. Isso tem que ser dito”, concluiu.

FHC chamou os participantes a “irem a luta” pela eleição de Serra. O candidato tucano falou depois do ex-presidente. Apresentou um relato do que fez como prefeito e governador e enfatizou que “infelizmente as outras opções [de candidatos] com viabilidade que se apresentam são opções da desarrumação da cidade de uma maneira dramática”. ”Em grande medida, minha decisão [de ser candidato] foi tomada pela responsabilidade. E também por gosto, por prazer. E quanto mais difícil as coisas são, mais tentação eu tenho”, afirmou.
(…) 

Por Reinaldo Azevedo

 

Partidos de oposição estranham “silêncio ensurdecedor” de Lula sobre acusações de Valério

Por Gabriel Castro, na VEJA.com:
Os presidentes dos três principais partidos de oposição divulgaram nota nesta terça-feira cobrando explicações imediatas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva depois de VEJA revelar que Marcos Valério, o operador do mensalão, aponta o petista como chefe do esquema. “Estranhamos o silêncio ensurdecedor do ex-presidente Lula, que deveria ser o maior interessado em prestar esclarecimentos sobre fatos que o envolvem diretamente”, diz a nota.

Sérgio Guerra (PSDB), José Agripino Maia (DEM) e Roberto Freire (PPS) se reuniram nesta terça-feira para discutir a reação da oposição após as revelações de VEJA. Em um trecho da nota, o trio exige resposta do petista: ”O ex-presidente já não está mais no comando do país, mas nem por isso pode se eximir das responsabilidades dos oito anos em que governou o Brasil, ainda mais quando há suspeitas que pesam sobre o seu comportamento no maior escândalo de corrupção da história da República”.

Os três partidos prometem ir ao Ministério Público Federal para pedir que a suposta atuação de Lula no mensalão seja investigada. Mas só após o fim do julgamento no STF: “A oposição fará a sua parte e, encerrado o julgamento em curso no STF, cobrará a investigação dos fatos ao Ministério Público”, diz o texto.

A reportagem de capa de VEJA desta semana mostra como o publicitário Marcos Valério atribuiu a Lula o papel de chefe do esquema. O operador do esquema afirma ainda que o caixa do mensalão era o triplo do conhecido até hoje; segundo Valério, o valor movimentado chegou a 350 milhões de reais.

Por Reinaldo Azevedo

 

Caio Blinder escreve sobre “O País dos Petralhas II”

Reproduzo post publicado no blog de Caio Blinder sobre “O País dos Petralhas II”:

Primeira Impressão (O País dos Petralhas II)

Antes de tudo, Reinaldo Azevedo é meu amigo. Falar bem ou mal de amigo em público me constrange. E, depois de tudo, eu poderia sair ferrado se me atrevesse a um duelo com o Reinaldo. Ele é muito bom polemista, excelente. Melhor o ferro do Reinaldo naquela gente no poder no Brasil nada varonil e na esgotoesfera e não contra mim, Aquela gente merece, e ainda bem que temos o Reinaldo pontiagudo na tropa de choque.

Não tenho medo de brigas e tenho minhas brigas por aí, mas não sou fanático por briga. Não endosso todas as brigas do Reinaldo brigador (aborto, gays, política americana, “inverno” na primavera árabe e Corinthians), mas endosso sua independência intelectual, sua integridade ética (e falo isto com integral conhecimento de causa, pois ele foi meu chefe na querida, saudosa e finada revista Primeira Leitura) e brilho jornalístico. Eu endosso “O País dos Petralhas II”, a obra que reúne seus textos publicados entre 2009 e 2011 no blog supercampeão e na edição impressa de VEJA.

Também com conhecimento de causa, eu posso assegurar que Reinaldo não tem clones. Ele é capaz daquela inesgotável produção que faz os “coleguinhas” ficarem com inveja ou raiva. Sei, é claro, de muita gente que tem raiva do Reinaldo pela qualidade do que ele escreve e não pelo mero número de linhas. Mas como ter raiva do essencial do Reinaldo? É aquilo que ele destaca na introdução do livro: ”A defesa dos fundamentos da democracia política, das liberdades individuais e da economia de mercado”.

Eu estou um pouco distante, confesso, em termos geográficos e emocionais das desgraças brasileiras, como o petralhismo. Mas o Reinaldo diminui o meu distanciamento e alarga minha raiva. Quero terminar destacando algo muito próximo de mim e que me aproxima intimamente do Reinaldo: a denúncia sem tréguas do antissemitismo e a defesa do estado de Israel (aliás, estamos na virada do ano judaico; que 5773 seja um bom ano!).

Portanto, leitores, ótima releitura do Reinaldo e, para quem não conhece (será que existe esta pessoa no site?), uma primeira leitura essencial.

Por Reinaldo Azevedo

 

Barbosa e Lewandowski, os senhores do tempo. Ou: Dirceu, Genoino e Delúbio e a aposentadoria de Ayres Britto

Não! Joaquim Barbosa não termina a leitura do seu voto nem nesta quarta-feira. Precisará também da quinta — no mínimo. Isso significa que Ricardo Lewandowski deve ocupar toda a semana seguinte. E lá terá ido o mês de setembro. Ayres Britto, que se aposenta obrigatoriamente no dia 18 de novembro porque faz 70 anos, tem, a partir de outubro, mais 21 sessões pela frente.

Então vamos ver.

Não há como José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares não serem julgados por corrupção ativa antes que ele deixe o tribunal. Imaginar que o STF possa usar o resto de setembro, as 14 sessões de outubro e mais as sete de novembro (de que Britto pode participar) só com o Capítulo VI é uma sandice. Não vejo ninguém por ali, nem os suspeitos de sempre, dispostos a se cobrir de tal ridículo.

Esse Capítulo VI (o quarto que está sendo julgado) é o maior da denúncia, segundo a íntegra da ementa publicada. Com ele, 60% pelo menos, indo para 70%, do processo terão caminhado. A rigor, ficam faltando três capítulos.

Mesmo que Joaquim tome mesmo mais duas sessões, e Lewandowski, as três seguintes, há quem assegure haver tempo para concluir a votação em outubro. Ficam faltando a dosimetria e a redação do acórdão. Existe o risco de que o tempo atropele Ayres Britto? É claro que sim!

Acho que Joaquim Barbosa se lembra de que é o próximo presidente do Supremo. Seria impossível conciliar a função com a de relator de um processo com essa complexidade. Caso se licenciasse, o substituto natural seria o vice, Ricardo Lewandowski, que vem a ser o revisor. 

Por Reinaldo Azevedo

 

O Brasil investe em educação um percentual do PIB de Primeiro Mundo e colhe um resultado de Terceiro. É dinheiro que falta? Não! É competência mesmo! Mas não se diga isso na era petista…

Ainda ontem, com o rosto — e, possivelmente, o pensamento — paralisado pelo botox, Carlos Giannazi, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL (o partido em que Caetano & Chico vão votar no Rio), defendia, num debate, que o governo passe a investir 10% do PIB em educação… É uma boçalidade! As coisas são simples assim: esse dinheiro não existe. Se existisse, dada a atual estrutura, seria o mesmo que jogá-lo pela janela. Aliás, é bem provável que, nessa hipótese, ele fosse mais bem aproveitado.

O Brasil é a sétima economia do mundo e investe na área 5,7% do PIB. É muito dinheiro. Só que é mal aproveitado, e o resultado é pífio. Entre outras razões, há um permanente boicote a todo e qualquer esforço feito em favor da qualidade. Em São Paulo, o então governador José Serra instituiu um sistema de promoção de professores por mérito e de qualificação dos profissionais. A Apeoesp, comandada pelo PT, foi à greve. Opôs-se até mesmo à definição de um currículo mínimo para as escolas. Livros foram queimados em praça pública. Os esquerdopatas querem mais salário, mas recusam qualquer programa que avalie seu desempenho. Os prejudicados são os alunos.

Aí aparecem, então, as soluções miraculosas — as “chalitices” e “mercadantices” da vida, como “escola em tempo integral”, “escola da família”, “escola com tablet”… Só não se fala numa escola com professor capacitado e submetido a uma avaliação constante do seu trabalho, que premie a competência e puna a incompetência, como em qualquer área da vida. Os sindicatos, tomados por petistas e esquerdistas ainda piores, não deixam.

Pois bem. Reproduzo abaixo uma nota publicada na Exame.com. Em relação à porcentagem do PIB, o Brasil investe em educação mais do que muitos países superdesenvolvidos. Mas está lá atrás na fila da qualidade. Leiam.
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Tramita no Congresso Nacional uma proposta para fazer o volume de recursos para a educação chegar a 10% do PIB nacional. Hoje, o Brasil investe 5,7% — um dos índices mais altos entre os 42 países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a frente de Reino Unido, Canadá e Alemanha, por exemplo. Na semana passada, a organização lançou um relatório sobre os gastos em educação de várias nações. Investir um décimo de toda a riqueza produzida no país deixaria o Brasil em primeiro lugar no ranking, acima da Islândia, que investe assombrosos 7,8% do PIB em educação hoje.

Esse número considera, além dos investimentos nas instituições de ensino, gastos governamentais com bolsas e programas de apoio aos alunos. Apesar do investimento brasileiro ser próximo da média dos países da OCDE, o país se encontra somente em 53º lugar — de um total de 65 — no Pisa, um programa de avaliação da qualidade da educação da mesma organização.

Ou seja, maiores investimentos não necessariamente acompanham, na mesma proporção, uma melhora no desempenho dos estudantes. O Brasil é o 15º que mais investe o PIB na área na lista da OCDE. Os lanternas no ranking foram Indonésia (investimento de 3% do PIB), Índia (investimento de 3,5%), Japão (3,8%), Eslováquia (4,1%) e República Tcheca (4,4%).

Os investimentos em educação de 20 países

Por Reinaldo Azevedo

 

“A Queda”, de Diogo: 100 mil exemplares no Brasil e versão italiana em curso

Reproduzo nota da página “Radar”, de Lauro Jardim. Volto em seguida.

Menos de um mês depois de ter sido lançado no Brasil, A Queda, de Diogo Mainardi, começa a fazer carreira internacional. Mainardi vendeu ontem os direitos de sua publicação para a Itália, para a editora Giulio Einaudi. Lá, A Queda sai em 2013. Aqui, já vendeu 100 000 exemplares.

 

Tito com Diogo: a grande obra da vida vivida

Voltei
O Brasil ainda respira. O livro é das melhores coisas publicadas no país em muitos anos. Da vida vivida, Diogo fez uma obra-prima. Ainda devo a vocês um texto mais alentado e cuidadoso sobre “A Queda”.

Poderia ser só a história de uma superação, e o livro já estaria eticamente justificado. Mas é provável que Diogo não o tivesse escrito porque ele é pudoroso demais para se apresentar como um bom exemplo. “A Queda” trata do amor incondicional que humaniza a razão e da razão que instrui o afeto.

Por Reinaldo Azevedo

 

Se José Genoino não parar de tentar me comover, eu ainda acabo chorando de emoção… Ele precisa estudar Aristóteles! Ou: Lágrimas para o tribunal!

Há coisas que são mesmo do balacobaco. José Genoino, que era presidente do PT quando veio à luz o escândalo do mensalão, resolveu trilhar o caminho oposto ao de José Dirceu, apontado pela Procuradoria Geral da República como o “chefe da quadrilha”. O Zé, como a gente sabe, faz o estilo “É preciso endurecer sem perder a dureza”: convoca as forças militantes, quer o povo na rua, encarrega-se ele próprio de vazar suas movimentações de bastidores, embora, em tese, esteja recluso em Vinhedo, só ouvindo o canto dos pássaros. Genoino escolheu outro estilo.

Ainda me lembro de sua entrevista no programa Roda Viva, em 2005. Negou de pés juntos que houvesse algo de errado com o partido — não admitiu nem mesmo a existência de caixa dois. Sim, ao falar de seu passado — foi preso na guerrilha do Araguaia —, chorou.  Ele endurece, mas não perde a ternura.

Agora, leio na Folha que ele se prepara para a prisão. Reproduzo trecho da reportagem de Catia Seabra.

Numa demonstração de que não descarta a hipótese de condenação e até prisão, o ex-presidente do PT José Genoino pediu que sua assessoria jurídica deixasse pronta uma procuração para que sua mulher, Rioco Kayano, pudesse administrar suas contas em caso de detenção. Assessor especial do Ministério da Defesa, Genoino tem direito a aposentadoria pela Câmara de Deputados. Ele afirmou a aliados que tem que se preparar para a possibilidade de prisão em caso de condenação pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão.

Genoino só não fez a procuração porque foi desaconselhado por seu advogado, Luiz Fernando Pacheco. “Essa procuração não foi feita porque eu disse que, se necessário, haveria um momento certo”, disse o advogado. O abatimento de Genoino é alvo de preocupação entre petistas, que tentam reanimá-lo. Já durante o julgamento no Supremo, ele passou um dia na casa do ex-ministro José Dirceu, em Vinhedo (SP). Dias antes, foi prestigiado num jantar oferecido pela presidente Dilma Rousseff.
(…)

Voltei
Chega! Já está bom! Ai, ai… Quando operei a cabeça, em 2006, também tomei providências legais. O prognóstico não era nada bom — felizmente, não cumprido —, e era preciso ter um mínimo de objetividade. Mas, claro, fiz isso ali na reta final de entrar na faca (ou no serrote). Genoino, pelo visto, é mais previdente. Ainda que ele viesse a ser preso, o que é improvável, isso não aconteceria antes do ano que vem, como deve saber seu advogado.

Deixar uma procuração para a mulher não é um processo, é um ato. O advogado redige o documento, e você assina. Ponto! Não é um estado de espírito, um ânimo, uma decisão que vai sendo tomada aos poucos, um caminhar em direção a algum lugar… Mais: é quase tão íntimo quanto sexo: a pessoa não sai comentando isso por aí. Passada a história, vá lá, a gente redige então as memórias.

Genoino está chorando em público, como chorou no programa Roda Viva. E, possivelmente, com a mesma verdade. Ele é acusado de dois crimes: corrupção ativa e formação de quadrilha. Ainda que condenado, dificilmente vai para a cadeia. Isso tudo, lamento a crueza, é conversa mole para tentar cortar o coração dos ministros do Supremo.

Já vivi o bastante para entender o fundo das narrativas. A ideia é esta: “Oh, Genoino, que foi preso durante a ditadura, corre o risco, agora, de ser preso durante a democracia”. Corolário: democracia e ditadura estão sendo, pois, injustas com esse herói. Fato: Genoino foi preso com arma na mão durante o regime militar. Mesmo as democracias têm a obrigação de fazê-lo. Fato na hipótese: se Genoino fosse preso durante a democracia, teria sido (reparem no tempo de verbo que uso) porque tentou fraudá-la.

Genoino precisa estudar um pouco a mimese aristotélica. O drama, como representação da realidade — é preciso tomar cuidado com a palavra “imitação” —, tem de ser verossímil, crível, não pode desafiar o bom senso. Eu, por exemplo, não levei a sério aquelas suas lágrimas do programa Roda Viva. E, como se vê, eu estava certo.

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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1 comentário

  • Maurício Carvalho Pinheiro São Paulo - SP

    O PT vem encomendando pesquisas de opinião desde a eleição de Lula. Um voto Cacareco ! A cada escândalo saiu uma dizendo que êle era o cara e o povão estava com êle. Evitando o impeachment.Tentaram reeleger a Marta com esse subterfugio. Não colou. Ganhava com 8 pontos à frente a 3 dias do 1º turno, do 2º, Alkmin e perdeu do Kassab 3º(vice do Serra, até com folga (61%0 nos 2 turnos. O Lula e a Dilma ganhariam no 1º turno, tinham mais de 60% das intenções. Ganharam só no 2º e em 2010 a Dilma perdeu para o Serra nos 5 maiores estados inclusive SP.

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