PT quer mensaleiro solto e jornalistas (e juízes) na cadeia…

Publicado em 28/10/2012 16:37 e atualizado em 24/05/2013 17:21
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

PT quer mensaleiro solto e jornalistas e juízes na cadeia…

É isso aí. Alguns bananas da imprensa devem estar felizes, não é mesmo? Outros bananas que não são exatamente da imprensa, mas que a frequentam, idem. Acharam que o tucano José Serra fez muito mal em levar a questão do mensalão para a eleição. Há tontos rematados, se é que não lhes falta mesmo caráter, a hipótese mais provável, atribuem a isso a derrota… Não! Tratava-se apenas de dar tratamento político ao que político era. Ademais, seria preciso conhecer o resultado de uma campanha que ignorasse o mensalão para ter como comparar… Bem, o ponto é o seguinte: nesta quinta, o PT vai vomitar um manifesto contra a condenação dos mensaleiros.

Tanto o mensalão era relevante no debate público — alguém tinha alguma dúvida — que o PT esperou o fim da votação para, então, sair em defesa de seus criminosos, atacando o estado de direito. Em seu “manifesto”, vai acusar o tribunal de ter abandonado “as teses do direito pena que garantem as liberdades individuais”. É mentira! Não houve mudança nenhuma de jurisprudência no Supremo. Ocorre que o PT acha que tribunal e cadeia foram feitos para seus inimigos. Como é sabido, o partido estimula uma cultura do debate que é hostil até a cadeia para bandidos, não é mesmo? O partido gostaria mesmo é de encarcerar adversários políticos e alguns juízes.

O PT, que é um partido muito ético, vocês sabem, tem um estatuto que prevê a expulsão de membros do partido condenados em última instância em processo criminal: está previsto lá, no artigo 231, inciso XII. Não será aplicado desta vez, claro! Ao contrário, o partido quer o mensaleiro Genoino, que foi votar cercado de espancadores, na Câmara Federal.

Individualmente, o partido foi o mais votado do Brasil no primeiro turno — apenas 4% a mais do que em 2008. O eleitorado cresceu bem mais do que isso. Está hoje na Prefeitura de seis capitais; terá quatro. Organizou a máquina para fazer 800 prefeitos; chegou a 634 cidades. PSDB e DEM acabaram levando sete das 15 maiores cidades do Nordeste. No Norte do país, três capitais serão administradas por oposicionistas.

Assim, a absurda arrogância, que leva o PT a afrontar o Poder Judiciário, tem apenas um nome: São Paulo — e um sobrenome: Fernando Haddad. Não tivesse a legenda obtido êxito em São Paulo, o tal manifesto não viria a público. O partido pretende tomar a vitória na maior capital do país — onde foi sufragado por 39% dos eleitores apenas, com abstenção recorde — como absolvição nas urnas.

A se julgar pelas “análises” feitas por alguns especialistas isentos como um táxi, o tucano José Serra não deveria nem mesmo ter tocado no assunto, embora o nome do jogo sempre fosse este: mensalão! Fernando Haddad é a cara mais supostamente inocente de uma tentativa de cercar o Judiciário.

No tal manifesto, os petistas devem pedir também o “controle da mídia”. Vejam que espetáculo: nem mesmo esse jornalismo — com as exceções de praxe — rendido ao partido serve ao PT. O partido quer mais. É próprio dos tiranos e das tiranias: a sujeição do outro lhes assanha o desenho de mais subserviência.

Fico cá a pensar naquele editorial que defendeu que os mensaleiros não sejam enviados para a cadeia…  Os mensaleiros e seus amigos, por sua vez,  não desistiram de pedir cadeia para os jornalistas e para os juízes. Mas fiquem tranquilos: só para os que escreverem coisas erradas e não julgarem do modo certo…

Por Reinaldo Azevedo

 

Regioes Norte-Nordeste, reduto de Lula, fortalecem oposição, com vitorias do PSDB e DEM em Manaus, Belem, Salvador, Fortaleza, Aracaju, Maceio' e Teresina...

Por Maria Lima e Guilherme Voitch, no Globo:
O mito Luiz Inácio Lula da Silva, que em 2006 foi reeleito com 60,8% dos votos de seus conterrâneos nordestinos, e em 2010 ajudou a presidente Dilma Rousseff a fazer 70,5% dos votos na região, nestas eleições não teve forças para impedir que o Nordeste se transformasse no novo bunker do bloco PSDB/DEM. Juntas, as duas legendas levaram sete das 15 maiores cidades da região. Entre elas quatro capitais: Salvador, Aracaju, Maceió e Teresina. O mesmo fenômeno se repetiu no Norte, onde Lula teve 65,5% dos votos em 2006, e Dilma obteve 57,4% em 2010. Nas eleições de domingo, a oposição passou a controlar três capitais, com a vitória do PSDB em Manaus e Belém, e do PSOL em Macapá.

Além disso, o PSB, que já fala em alianças com os tucanos, consolidou-se nas duas regiões, com vitórias sobre o PT em Fortaleza e Recife, e em Porto Velho.

“O declínio do prestígio de Lula no Nordeste nestas eleições é um fato novo, relevante, que deve ser analisado. Ele foi a Salvador duas vezes. Em Fortaleza, foi uma vez. Gravou para o candidato do PT em Recife e não conseguiu virar as situações negativas. O que parece é que as pessoas se cansaram dessa coisa de mito, de deus. É um exagero dizer que ele foi o grande derrotado, porque ganhou São Paulo. Mas há um declínio de Lula, quer ele queira, quer não”, avaliou o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que apoiou a candidatura de Geraldo Júlio, do PSB de Eduardo Campos.

Bolsa Família deixa de ser recurso eleitoral
Fora São Paulo, Lula centrou fogo no Nordeste, em comícios, carreatas e gravações para seus candidatos. Para a oposição, as derrotas de Lula se devem ao fato de grande fatia do eleitorado, beneficiada pelo o Bolsa Família, considerar o benefício uma política pública consolidada: “Lula perdeu força nessa eleição porque se exauriu um pouco essa coisa da Bolsa Família como fidelização do eleitorado”, avalia o diretor da CEF Geddel Vieira Lima (PMDB), que apoiou ACM Neto, do DEM, em Salvador.

Em Salvador, Lula usou o discurso do Bolsa Família e chamou ACM Neto de mentiroso:
“É uma mentira sórdida dizer que o avô dele (Antônio Carlos Magalhães) criou o Bolsa Família”, disse Lula no palanque de Nélson Pelegrino. Animado com a conquista de Aracaju e Salvador, o presidente do Democratas, senador Agripino Maia (DEM-RN) afirma: “Lula era uma fortaleza inexpugnável em Pernambuco, sua terra natal, uma potência no Nordeste. O exemplo mais emblemático do fim desse mito é Salvador. Ele desembarcou lá com Dilma, era Bolsa Família de ponta a ponta. Tinham obrigação de eleger o candidato deles lá. O pobre do Bolsa Família aprendeu a votar e votou em quem quis. O messianismo de Lula morreu”, disse Agripino.

No PSDB, o senador Aécio Neves (MG) ressalta o fortalecimento da oposição no Norte e Nordeste, onde estava praticamente aniquilada. E minimiza a liderança da dupla Lula/Dilma. “Com exceção de São Paulo, onde estiveram no palanque de Haddad, com um discurso muito raivoso, Dilma e Lula perderam todas. Não tem mais esse negócio de Lula ser o dono da cocada preta não! Voltamos para o jogo com muita força no Norte e Nordeste”, disse Aécio Neves.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Os erros das pesquisas de intenção de voto, o número recorde dos que não votaram em ninguém e a arrogância

Houve uma abstenção inédita em São Paulo, como todo mundo sabe: 19,99% dos que podiam votar simplesmente não compareceram às urnas no segundo turno. Somados aos que votaram em branco (4,34%) e aos que anularam o seu voto (7,26%) — e hoje ninguém mais anula sem querer —, tem-se a soma fabulosa de 31,59%. De um eleitorado composto de 8.619.170, nada menos de 2.722.795 pessoas preferiram não votar em ninguém: ou não compareceram às urnas (a maioria), ou disseram que tanto fazia um como outro (a minoria do grupo) ou que nem um nem outro (o grupo intermediário). Muito bem. Dito isso, avancemos um pouco com outro dado.

Computadas as urnas, Serra obteve 44,43% dos votos válidos, contra 55,57% de Fernando Haddad, uma diferença de 11,14 pontos percentuais. No dia da eleição, o Estadão estampou a pesquisa Ibope, com margem de erro de três pontos para mais ou para menos: o petista venceria o tucano por 59% a 41%. Sim, senhores! O Ibope errou. Errou mais feio do que parece. Segundo o instituto, o mínimo que o petista teria seria 56% — e ele teve 55,57%; o máximo que tucano teria seria 44% — e ele teve 44,43%.

Mas não é só: Serra, como sempre, ficou, de fato, acima da banda superior da margem de erro; o candidato do PT, como sói acontecer com um petista, ficou abaixo da banda inferior. Notem bem: uma diferença que, segundo o Ibope, seria de 18 pontos foi, na verdade, 11,14 — 38% menor!

Segundo o Datafolha divulgado no dia 28 , o resultado seria de 58% a 42% para o petista, com margem de erro de dois pontos para mais ou para a menos. Serra, também nesse caso, ficou acima da banda superior, e Haddad, abaixo da banda inferior.  Atenção! Quatro dias antes do pleito, no dia 24, o Datafolha havia apontado uma diferença de nada menos de 20 pontos nos votos válidos — quase o dobro daquela que se viu de fato.

Desmotivação e abstenção
Escrevi ontem que certa desordem partidária — ideológica e conceitual também — provocada pelo fator Kassab certamente responde por boa parte daquelas quase 32% que preferiram não escolher ninguém. Os motivos estão lá expostos. Não vou repisar argumentos. Mas é claro que não pesou só esse elemento.

Ora, quando jornais afirmam, a quatro dias da eleição, que há uma diferença de enormes 20 pontos entre os candidatos, tenho como certo que provocam também a deserção de muitos eleitores do candidato que será fatalmente derrotado. Muitos se perguntaram — e eu mesmo ouvi essa indagação retórica de quem preferiu usar o domingo para passear: “Votar pra quê? Já está decidido mesmo!”

Os institutos têm as tais margens de erro justamente para acomodar a possibilidade do… erro! Se as extrapolam, alguma explicação tem de ser dada. Mas não se viu uma só — nem no primeiro nem no segundo turnos. Mais: quando um candidato é beneficiado pela extrapolação do limite superior, e o outro, prejudicado pelo rompimento do limite inferior, outra explicação tem de ser dada. E só se ouviu mesmo o silêncio.

O erro de São Paulo não foi o único, mas pode ter sido o mais importante. Não é segredo pra ninguém que pesquisas ruins disparam uma espiral de eventos negativas: há desmobilização de militantes, fuga de apoiadores, bate-bocas internos, jogo de empurra para saber quem está errando mais etc.

Quero ver o resultado das urnas por seções eleitorais para saber onde a abstenção foi maior. De toda sorte, é claro que as pesquisas podem ter tido peso importante nesse resultado. Uma diferença de 11 pontos tem um determinado impacto. Ainda permite articular a resistência. Uma de 20 é francamente desmobilizadora. Além de, infiro, interferir na disposição de milhares de pessoas, pode fazer com que outras tantas escolham o barco vitorioso. Todos já cansamos de ouvir histórias de pessoas que confessam não gostar de “perder”…

Arrogância
Não estou dizendo, porque não acho isto, que os institutos decidiram a derrota de Serra. O fator decisivo foi a gestão Kassab — que já começou a ser reabraçada pelo petismo a partir desta segunda-feira; afinal, como afirmou Rui Falcão, o prefeito, agora, é um aliado…  Mas estou afirmando, sim, que erros dessa magnitude podem ter interferido no resultado de maneira importante.

Não obstante, notem que os institutos acham que não têm rigorosamente nada a dizer. Acham que não têm explicações a dar. Ser dono de um instituto de pesquisa, nessas condições, sem o compromisso do acerto, passa a ser um bom negócio. A minha sugestão para os que se aventurarem na área é regular seus números — mesmo sem ter entrevistado ninguém — pela margem de erro dos figurões do setor. Um diz que o sujeito terá 34 pontos, com margem de erro de dois para mais ou para menos? Chute 33 e estabeleça margem de erro de três… Tende a dar certo. Se o número do que serviu de referência estiver estupidamente errado, o neófito que deu o truque estará em boa companhia… Pesquisas são instrumentos de medição privados. Pesquisas eleitorais, no entanto, dizem respeito à coisa pública, ainda que feitas por particulares. Continuaremos a fingir que tudo se deu de acordo com os conformes?

Texto publicado originalmente às 4h23

Por Reinaldo Azevedo

 

‘Uma hegemonia tropical’, por Fernando Gabeira

PUBLICADO NO ESTADÃO EM 26 DE OUTUBRO

FERNANDO GABEIRA

“Ideologia, eu quero uma para viver”. Se Cazuza estivesse vivo, talvez se interessasse por uma palavra que rima com ideologia e ocupa novo espaço no cenário político brasileiro. Hegemonia é um termo que assusta os adversários do PT e preocupa seus aliados. Embora ninguém se tenha dedicado a defini-la, todos temem perder a independência.

Que tipo de hegemonia está em jogo? A palavra, na teoria leninista, significa a tomada do poder político e a instalação da ditadura do proletariado. Na versão de Antonio Gramsci, a hegemonia faz-se por um processo cultural, implica concessões e tem como perspectiva a introjeção pela sociedade das ideias do partido revolucionário.

Não creio que o PT trabalhe com essas duas perspectivas de hegemonia. Na verdade, pouquíssimos leram Lenin, não só pela distância no tempo, mas pela aridez do seu estilo. O próprio Gramsci é muito mais conhecido por citações esparsas.

Dentro da simplicidade que rege o pensamento do militante comum, a ideia de hegemonia nasce da definição do papel da classe operária. Se, por força teórica, essa classe deve ser hegemônica, nada mais razoável do que ser hegemônico também o partido que a representa.

Essa coreografia fantasmagórica não teria palco em outros países onde não se vê a classe operária com potencial hegemônico e se tem consciência das próprias transformações que ela viveu, com o crescimento do trabalho intelectual. Para ser mais simples: já no início do exílio, quando perguntávamos aos operários suecos por seus correspondentes russos, eles suspiravam, não de admiração, mas de pena por suas precárias condições de vida e, sobretudo, de liberdade.

Mas se o tema volta à cena no Brasil, é porque tem importância. As constantes vitórias eleitorais do PT e a ocupação de cada milímetro da máquina estatal fortalecem o medo. O avanço da esquerda latino-americana sobre a imprensa e a Justiça nutrem a impressão de que estamos diante de uma nova onda histórica.

Mas será que estamos mesmo diante de uma nova onda histórica ou é apenas ilusão de ótica de quem tem uma visão parcial do mundo? A classe operária brasileira, assim como a dos outros países, quer basicamente melhoria de vida. E contempla com seu voto, como o fez com a social-democracia, os partidos que trabalham para isso quando assumem o governo.

A sede de poder do PT deve produzir uma nova frente anti-hegemônica, composta por aliados e adversários do partido, uns querendo derrotá-los, outros apenas buscando uma relação mais favorável. Isso talvez ajude a pôr as coisas num patamar mais realista. Em primeiro lugar, a classe operária não é idêntica à fantasia militante. Em segundo lugar, numa sociedade complexa como a nossa, a palavra cooperação tem um alcance maior do que hegemonia.

Será um trágico erro histórico tentar aplicar no Brasil critérios do século passado, pensar em governá-lo com estruturas fechadas e hierárquicas num momento em que a sociedade tende a se organizar em redes. Não só o desempenho das redes se choca com a ideia de hegemonia. Os partidos políticos, num regime democrático, devem denunciar as intenções do parceiro quando sua visão teórica aponta para a hegemonia.

Não sabemos o nível de intimidade do PT com a obra de Gramsci. Ele falava de uma hegemonia ética política. O PT jogou esse primeiro termo no lixo e adotou a perspectiva dos fins justificando os meios. Também não há uma ampla divisão de mundo em que o PT busque a hegemonia.

Teses como casamento gay e descriminalização de drogas, constantemente apresentadas como cavalos de Troia do socialismo, na verdade não foram criadas por ele. E no íntimo são repudiadas por muitos dos seus líderes. Em Havana, no início dos anos 1970, um militante gay perguntou sobre o tema ao embaixador norte-coreano e ele respondeu: “Homem com homem? Isso não existe”.

Gramsci vivia num país católico e pensava em saídas para o comunismo que acabaram, de certa forma, inspirando mais tarde a proposta de compromisso histórico entre Partido Comunista e Democracia Cristã. As grandes lutas ideológicas no exterior estão hoje mais concentradas em impor limites e mais racionalidade ao capitalismo. Não têm muito que ver com Gramsci. E, creio, nada têm com Lenin, que previa pura e simplesmente a ditadura do proletariado. Essa os próprios chineses foram obrigados a desmontar no campo econômico, mantendo-a no político.

Não quero dizer que as pretensões hegemônicas de um partido sejam tão anti-históricas que não valha a pena combatê-las. Adversário ou aliado, o PT está no poder pelo poder. Lenin e Gramsci não tinham problema de eleições de dois em dois anos. Se o tivessem, entenderiam a força da máquina e da grana. Lenin faria uma nova revolução se lhe apresentassem a conta de uma produção de TV. Gramsci voltaria de bom grado para o cárcere se lhe dissessem que as ideias agora se produzem no departamento de marketing.

As forcas que se opunham ao PT foram sendo enfraquecidas pelas constantes derrotas eleitorais e, naturalmente, pelo crescente distanciamento da máquina e da grana. Nunca foram realmente forças de oposição, mas atuavam como um governo no exílio, à espera de voltar ao poder. Fazer oposição dá mais trabalho e traz inúmeros riscos.

Ao contrário do que possa se imaginar, a ascensão do PT e a queda dos adversários não significam o fim da história. As eleições municipais no Brasil, sobretudo nas grandes cidades, mostraram que milhões de pessoas não se identificam nem com o PT, desfigurado pela corrupção, nem com seus adversários. A distância entre a política tradicional e os eleitores abre um caminho de reflexão. Ela pode crescer até os limites da legitimidade. Ou pode ser superada por forças que tenham uma resposta para esse desencanto.

Quem falará aos ausentes e aos que votaram sem entusiasmo? O que dizer a eles?

(por Fernando Gabeira)

 

Cuidado, governador Alckmin, com a aliança objetiva entre o governo federal, setores da imprensa e o PCC. A campanha eleitoral de 2014 já começou!

A campanha do governo federal para desestabilizar o governo de Geraldo Alckmin (PSDB), à esteira do processo eleitoral, já está em curso. Como os petistas sabem que é muito fácil plantar conversa mole na imprensa porque jornalistas entendem de lógica elementar um pouco menos do que entendem de física quântica, qualquer mentira cola; qualquer plantação rende frutos.

A última patacoada influente é de José Eduardo Cardozo, este impressionante ministro da Justiça, que, num dia aparece na imprensa fazendo proselitismo político-partidário — como fez em favor de Fernando Haddad — e, no outro, afirmando que ofereceu ajuda para o governo de São Paulo para conter a violência. Numa democracia convencional, seria chutado pela imprensa. No Brasil, dão-lhe um megafone. 

É mesmo, é? O governo federal quer ajudar São Paulo? Que bom! Faço uma pausa para citar um texto. Volto depois.

Leitores me enviaram um texto de Clóvis Rossi, jornalista da Folha, que é de estarrecer. Leiam este trecho:
A julgar pelas aparências, o Brasil ou, ao menos, o Estado de São Paulo caminha para “mexicanizar-se” em termos de violência.
O que a Folha chamou, adequadamente, de “explosão de assassinatos” ocorrida em setembro tem como uma das explicações “o acirramento do confronto entre policiais e criminosos”, sempre segundo a Folha.
É a explicação que o governo mexicano sempre dá quando cobrado sobre a violência no sexênio de Felipe Calderón, prestes a se encerrar: das 55 mil mortes ocorridas no país, 80% pelo menos se deveriam ou a confrontos com as forças repressivas ou a ajuste de contas entre os carteis do narcotráfico.
O subtexto dessa explicação é sinistro: o cidadão comum, que nem veste farda nem é bandido, não tem por que ter medo porque suas chances de ser vítima são reduzidas.
Tolice pura. O medo se instalou no México, como em São Paulo, porque a violência é parte indissociável do cotidiano.
Aliás, o número de vítimas de homicídio dolosos e de latrocínio no Estado de São Paulo, de janeiro a setembro, dá 3.826. Se se pudesse extrapolar para um período de seis anos, teríamos 30 mil vítimas só em um Estado, quando, no México inteiro, foram 55 mil – o que torna os dados desgraçadamente comparáveis.
Quando se transformam os números brutos em assassinatos por 100 mil habitantes, dá um infernal empate entre México e São Paulo (10 por 100 mil, com a diferença apenas depois da vírgula). Se se tomar o Brasil inteiro, piora para o Brasil: dados do Banco Mundial para 2011 apontavam, no Brasil, 26 mortes/100 mil habitantes, contra 11/100 mil no México.

Voltei
É espantoso que alguém escreva um troço desses e depois diga de alguma contradita que lhe façam ser “tolice pura”. São Paulo, segundo Rossi, estaria a se mexicanizar, entre outras coisas, porque apresenta o mesmo índice de homicídios: 10 por 100 mil. Uau! Ele próprio lembra que o do Brasil é de 26 por 100 mil — quase o triplo.

O dado intelectualmente vigarista desse debate é que, com esse índice, São Paulo ainda está em último lugar no ranking dos homicídios — a capital também. Não é impressionante? O Estado que tem o melhor desempenho nessa área estaria a precisar de auxílio federal, entenderam? Já os demais não precisam de nada.

Rossi quer fazer contas? Eu também! Se o Brasil tivesse o índice de homicídios de São Paulo, salvar-se-iam por ano 30 mil vidas. Não! Não se trata de negar a realidade. É claro que há um recrudescimento da violência e que o crime organizado, DE OLHO NA PAUTA DA IMPRENSA, resolveu participar do processo político. Como decidiu no México, diga-se. Aliás, o terrorismo também costuma fazer isso. A sorte do México é que a maioria do eleitorado, a despeito da dor, preferiu eleger um governo que enfrenta o narcotráfico a outro que faça acordo com ele.

Polícia X bandidos
A imprensa paulistana começou a fazer uma estranha leitura do mundo, segundo a qual ninguém ganha na guerra entre polícia e bandido, como se estivéssemos falando de duas forças antagônicas, porém legítimas. Se ninguém ganha na guerra entre esses lados, supõe-se que todos ganhem na não-guerra — os bandidos também. O sonho dourado do PCC, e não é de hoje, é derrotar o PSDB em São Paulo. O governo do estado comete um único erro nessa história toda: não reconhecer a existência do crime organizado e sua influência. Existe no mundo inteiro e também aqui. A questão é saber se o crime será enfrentado ou se vai se buscar um pacto com ele.

Periferia e crime organizado
Na periferia de São Paulo, crime organizado e política se misturam de maneira escandalosa, como sabem todos os candidatos que passaram por lá — os derrotados e os vitoriosos. A decisão do PSDB tem sido, felizmente, a de confrontar os bandidos. Outras forças pretendem fazer uma aliança objetiva com o crime, que hoje já se transformou numa cultura, que tem até uma estética — eu ousaria dizer que tem até uma “poética”. A rima é ruim, o som é de lascar! Mas eles estão cheios de amanhãs sorridentes!

Rossi, vejam lá, aponta o “infernal empate” entre México e São Paulo, mas nada diz do Brasil, com um índice de quase o triplo, a exemplo do Rio; em Pernambuco, do incensado Eduardo Campos, mais do que o quádruplo… E assim vai. Basta consultar o Mapa da Violência. Rossi deveria parar de opinar a partir “das aparências”, como confessa fazer, e procurar os dados — além de se ater à lógica.

De volta a Cardozo
Agora vamos voltar a Cardozo. À Folha, este impressionante senhor afirmou que o governo federal fez uma parceria com Alagoas, estado governado pelo PSDB, e que “o projeto, em 90 dias, reduziu em 50% o índice de violência nas cidades mais perigosas…”

Que bom, né, ministro?, poder falar uma tolice como essa e não ser contradito pela lógica e pelos fatos!

Alagoas tem mais de 60 mortos por 100 mil habitantes. Algumas cidades estão tomadas por pistoleiros. Em casos assim, ações pontuais têm mesmo um efeito imediato porque espantam ou desmobilizam gangues. Isso nada tem a ver com um combate efetivo e permanente da violência. Mais: assim como o recrudescimento da violência em 90 dias não significa um dado permanente, a queda também não implica uma situação definitiva. Por que este senhor não vai combater o tráfico de armas e drogas na fronteira? Não! O governo federal prefere financiar a estrada da coca na Bolívia com dinheiro do BNDES!!!

O ministro José Eduardo Cardozo está fazendo campanha eleitoral com dois anos de antecedência. E, lamento afirmar, o crime organizado passa a ser “parceiro objetivo” — parceiro objetivo não quer dizer, necessariamente, conluio ou formação de quadrilha, mas também não quer dizer o contrário… — nessa empreitada.

Para encerrar: se um dia São Paulo tiver os mesmos 26 mortos por 100 mil do resto do Brasil, aí Clóvis Rossi pode dizer: “Pronto! Já não é mais igual ao México; agora São Paulo está igual ao Brasil!” É o que o PT promete se um dia conquistar o poder no Estado.

Por Reinaldo Azevedo

 

Os puxa-sacos estão errados! Não foi a influência de Lula em SP que elegeu Haddad

Ontem, uma senhora de inteligência aparentemente avantajada cantava as glórias de Lula na televisão! Nunca antes na história destepaiz teria havido um vitorioso como ele! Ele seria o grande responsável pela eleição de Fernando Haddad em São Paulo; ele teria demonstrado a grandeza de sua influência em São Paulo, ele, ele, ele… O que posso dizer? Trata-se de uma opinião contra os fatos!

Sim, Lula tirou Fernando Haddad do bolso do colete, afastou Marta e o fez candidato. Como Haddad está eleito, a consequência vira a causa, e se pode apontar a genialidade de Lula. Vá lá… Mas terá mesmo o eleitorado paulistano votado no candidato petista porque o Apedeuta mandou? Vou fazer uma provocação: Lula foi derrotado (vou citar as cidades às quais ele especialmente se dedicou) em Manaus, Salvador, Recife, Belo Horizonte, Campinas, Diadema, Porto Alegre, Taubaté e, se querem saber, também em São Paulo!

O tamanho da influência do ex-presidente na cidade está na votação que Haddad obteve no primeiro turno. Não foi a influência positiva de Lula que o elegeu; foi a influência negativa de Kassab que deixou de eleger Serra. Fosse Lula assim tão poderoso também na capital paulista, seu candidato teria disparado, COMO JURAVAM TODOS OS ANALISTAS ISENTOS, PARTIDÁRIOS DE HADDAD, logo no primeiro turno. Não fosse a forte campanha de desconstrução da imagem de Celso Russomanno e a mobilização da máquina federal — como nunca antes… —, o rapaz não teria passado nem para o segundo turno, como todo mundo sabe.

O tamanho da influência de Lula em São Paulo, se querem saber, é MENOR — vejam como sou herético — do que o tamanho da influência do próprio PT na cidade e no estado, onde costuma ter um terço dos votos. Haddad ficou com 28,98% dos votos válidos.

Esse negócio de que Lula faz e acontece já é parte de uma estratégia eleitoral que está em curso — da qual também falarei oportunamente (vejam quantas pautas!): a disputa pelo governo de São Paulo. É claro que, no atual arranjo, Alexandre Padilha, ministro da Saúde, sai com alguma vantagem na disputa interna petista. Seria, para usar a metáfora do apedeuta, o novo “poste” com que ele pretende “iluminar o país”. O ministro, anotem aí, já é o pré-candidato predileto dos mesmos setores da imprensa que aderiram à candidatura Haddad.

Ocorre que Alckmin tem um governo aprovado pela maioria. A rejeição a seu nome é bem menos do que o eleitorado que tradicionalmente vota no PT. Por isso é preciso começar a demonizá-lo desde já. E a área escolhida é a segurança pública (também escreverei sobre isso; não vai faltar assunto, e não lhes vão faltar textos, hehe).

A tarefa número um da imprensa “pogreçista” agora é elevar a rejeição ao governador, tentando destruir a sua gestão, como destruída foi a de Kassab. Uma diferença positiva, no entanto, é que, até onde se sabe, Alckmin não está empenhado em ser base de apoio do PT…

Por Reinaldo Azevedo

 

Mais a petralhada grita, mais animado eu me sinto para a batalha da razão!

Já me referi aqui ao enxame de vespas assassinas que tentaram invadir o blog: “Aí, hein? E agora?” E agora o quê? Agora eu vou continuar a escrever. E, como se pode notar, em quantidade até superior ao que vinha fazendo porque eventos assim me estimulam. Quando algo me desagrada — como é o caso da eleição de Fernando Haddad e da pletora de análises cretinas que li, ouvi e a que assisti —, sou mais produtivo do que quando me agrada. Aliás, acho esse um bom princípio, que faz a humanidade avançar. Há sempre um quê de ocioso, de improdutivo e até de reacionário nas celebrações, não é? O seu extremo negativo é o saque, a depredação, a razia. O seu extremo positivo é a orgia dionisíaca. Em qualquer dos dois casos, falta a razão severa que contém os apetites e o saudável pessimismo que conduz à prudência. A vida sem contratempos seria um gozo permanente e, intuo, aborrecido. Acho que as virtudes de uma existência assim se esgotam quando abandonamos o seio materno. Depois disso, queridos, é só luta renhida.

Escrevo, sim, e escrevo com gosto, na contramão de certos consensos porque não tenho satisfações a prestar àqueles que se pretendem meus juízes, ora bolas! Tampouco me deixo patrulhar pelo sentimento de culpa que os petistas pretendem inculcar nos grandes veículos de comunicação, permanentemente acusados de ter preconceito contra o partido. Intimidados pelo clamor militante, alguns deles resolvem provar, então, que seus detratores estão errados, fazendo-lhes a vontade. Comigo, esse tipo de coisa não funciona porque não reconheço a legitimidade daquele tribunal — e os petralhas, até onde se sabe, não reconhecem a legitimidade do STF, não é mesmo? Eu faço o contrário: provo que eles estão errados atuando contra a sua vontade.

Assim, além de não reconhecer a autoridade daqueles juízes e de não me sentir compelido a provar a minha “inocência”, declaro, adicionalmente, que não alimento preconceito nenhum contra o PT. Eu discordo mesmo é dos conceitos, ora essa! Rejeito é a visão de mundo do partido. Por que não posso fazer as minhas escolhas sem ter de me desculpar por isso? Em que mundo vive essa gente?

Recuso o seu entendimento do que seja Justiça, e os episódios ligados ao mensalão — incluindo a pancadaria promovida pelos fascistoides de José Genoino — deixam claro de maneira eloquente os motivos. Na sua visão de mundo, um tribunal pode se orientar de acordo com a Constituição e com os códigos legais desde que não condene seus partidários. Se o fizer, eles passam a gritar: “Tribunal de exceção!”

Rejeito o seu modo de disputar eleições, que só entende a linguagem da sujeição dos aliados e da destruição do adversário, que pode passar a ser um amigo no dia seguinte (como ocorre agora com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab) — desde que faça tudo direitinho e que reze segundo a cartilha da hegemonia elaborada pelo partido. Excomungo o seu jeito de entender as alianças políticas. A exemplo de outras legendas, pouco importa a identidade ideológica, de propósitos, de anseios. Não inova nisso. Mas só o petismo tenta transformar esses arreganhos fisiológicos numa categoria política superior: tudo seria feito tendo em vista os mais altos propósitos do Brasil, dos brasileiros e da humanidade. Repilo a sua concepção de democracia, que entende que o partido não tem de servir à sociedade, mas o contrário. Já escrevi aqui: eles querem uma OAB do PT, um sindicalismo do PT, uma economia do PT, uma cultura do PT, uma arte do PT… Execro sua visão autoritária e intolerante, incapaz de conviver com a crítica — de longa tradição da imprensa brasileira que se respeita — e sempre ocupada em buscar mecanismos oblíquos de censura. Abomino o uso descarado que faz o partido dos bens públicos em benefício dos seus e do seu projeto de poder, como se viu outra vez nesta eleição.

Publico na homepage um texto sobre este incrível José Eduardo Cardozo, que dizem, para escândalo do bom senso, ser pré-candidato a uma vaga no Supremo Tribunal Federal. De maneira desabrida, sem limites, sem pejo, sem meios-tons, usa episódios de recrudescimento de violência em São Paulo para fazer política partidária. Afirma que o estado vem recusando ajuda federal, o que é mentira, como mentirosas eram as afirmações de Fernando Haddad, que acusava a gestão Kassab de ter se negado a fazer parcerias. Isso valia, claro, até o dia 27… No dia 28, o PT já dava tratos à sua aliança com… Kassab — que já se desenhava nos bastidores.

Política e políticos assim não me servem e não servem ao país — estejam em que partido estiverem, é bom deixar claro! Se o petismo ocupa mais o meu tempo nas críticas, é porque, reitero, só essa turma tenta transformar a sem-vergonhice explícita numa categoria superior de pensamento. O fato de outros deixarem explícito o seu oportunismo não muda a sua qualidade, é evidente; o fato de o PT tentar enobrecê-lo só acrescenta hipocrisia ao que é ruim em si.

Eu me pergunto: que tipo de gente, que tipo de mentalidade, que tipo, em suma, de caráter usa um caso tão grave e tão dramático como a violência para fazer puro proselitismo e para começar a jogar o xadrez da sucessão estadual? Estamos falando de vidas humanas; estamos falando da tranquilidade (ou desassossego) das famílias; estamos falando da vida de milhares de policiais, da de seus filhos, mulheres, mães… Cardozo acha mesmo que tem o que oferecer aos paulistas? Não é pelos jornais que ele deve fazer esse debate. O PT está no poder há 10 anos. Qual é o seu grande programa, afinal, de combate à violência?

É com esse tipo de gente que alguns esperam que eu condescenda? Não há o menor perigo de isso acontecer! E eu critico, sim! Sem culpa, sem trégua, sem pedir desculpas. Para os petistas, o mundo se divide em duas categorias: os que estão com eles e se subordinam a seus desígnios e os inimigos. E eu, definitivamente, não estou com eles porque não me subordino a partido nenhum nem reconheço seus tribunais, eles sim, de exceção!

Eles podem tirar o cavalo da chuva! De onde tirei este texto, posso tirar outros 200 mil, outros 200 milhões, deixando claro por que repudio a sua física e a sua metafísica do poder.

Texto publicado originalmente às 5h53

Por Reinaldo Azevedo

 

Genealogia de uma derrota e desrespeito à inteligência

É claro que o tucano José Serra sofreu uma derrota importante na disputa pela Prefeitura de São Paulo. E ela precisa ser pensada.

Desde o começo
Sempre achei — e há textos a respeito — a sua candidatura uma operação de altíssimo risco. Como a memória, até agora, graças a Deus, nunca me falhou, sei bem o que escrevi no dia 19 de janeiro deste ano. Leiam (em azul):
Na verdade, nunca achei que [Serra]  cometeria a sandice de sê-lo [candidato à Prefeitura]. É evidente que [Serra] dispõe de todos os predicados para o cargo e fez uma excelente gestão quando prefeito – tanto é assim que se elegeu, pela primeira vez na história, governador no primeiro turno, em 2006. “Sandice” por quê? Porque seus adversários passariam a campanha cantando o samba de uma nota só: “Se for prefeito, vai renunciar para se candidatar à Presidência…” Ocupar-se-iam menos em dizer por que eles próprios deveriam estar na Prefeitura do que em dizer por que o outro não deveria. E estariam, ainda que com más intenções, vocalizando o sentimento de boa parte dos paulistanos, que acham que seu lugar é a Presidência. Uma pesquisa bem-feita e honesta revelaria esse dado, estou certo.”

Eis aí o que eu pensava e, obviamente, penso ainda. No mesmo texto, eu notava duas outras coisas:
1 – O jeito Kassab de negociar:
Negociando com os tucanos de um modo muito peculiar, o prefeito se encontrou com Lula e propôs uma aliança: indicaria o candidato a vice na chapa de Fernando Haddad. E ainda teria anunciado que levaria consigo uma penca de vereadores. Uma guinada e tanto na carreira do prefeito, não é?, que se elegeu com os votos dos não-petistas em São Paulo. Uma parte do PT reagiu mal, mas Lula mandou estudar a proposta, e o comando do Diretório Estadual diz que é preciso ver a possibilidade sem preconceitos. Imaginem só: Haddad candidato com o apoio de Kassab, restar-lhe-ia fazer oposição aos, bem…, aos tucanos do governo do Estado, suponho.”

2 – O risco PT
O cenário confuso de agora sugere, para muita gente, uma chance real de o PT vencer a eleição na cidade, o que não seria bom para ninguém – inclusive para o futuro presidenciável do PSDB, seja ele Serra, Aécio ou J. Pinto Fernandes…

De volta a outubro de 2012
Eu tenho compromisso com o que escrevo, ora! Posso ser surpreendido por decisões erradas ou insensatas deste ou daquele, mas o que interessa, para os leitores, é a natureza do jogo — e é isso que eles vêm buscar aqui. Por isso, passaremos dos 4 milhões de visitas neste mês. Adiante.

A decisão de Serra de se candidatar, dado o alinhamento, então, dos astros políticos, era arriscada e, em si, errada. Como se nota, não estou dizendo isso agora, não é? Não faço análise de ocasião. Mas Gilberto Kassab não lhe deixou outra saída. Emparedou-o com a decisão de apoiar Fernando Haddad à Prefeitura — a menos que o candidato fosse… o próprio Serra em razão da lealdade pessoal e coisa e tal… Para não ver fraturado o bloco que vinha governando a cidade o estado, lá foi o tucano para a operação arriscada, que chamei de “sandice” no dia 19 de janeiro. A questão é saber se havia alternativa. Não havia. O prefeito não aceitava nenhum outro nome do PSDB.

Então vejam que fantástico acontecimento se deu: os petistas, com o auxílio da imprensa amiga, ressuscitaram aquela cretina questão da renúncia (que só fazia sentido porque dela, supostamente, teria originado o poder de Kassab, o que é falso) e a juntaram com a rejeição ao prefeito. E passaram a atribuir a Serra um papel impossível: ele seria a um só tempo “guru” do prefeito — jornalistas usaram a palavra como informação referencial, como se fosse um dado da natureza — e continuador do pupilo; criador e criatura ao mesmo tempo… Lula impôs Fernando Haddad na base do dedaço, e esses mesmos iluministas saudaram: “Viva a novidade!”.

A armadilha
Muito bem! A decisão de Kassab de apoiar o PT a menos que Serra fosse o candidato empurrou o tucano para a disputa, que foi perdida justamente por causa do… fator Kassab! Aquele que levou Serra a se candidatar está na raiz de sua derrota. Tudo consumado, no dia, seguinte, já está negociando com…, Fernando Haddad, o vitorioso. Kassab encontrou um lugar na política que é o do “ganha ou ganha”.

Agora o futuro
Ontem, li e ouvi muitas manifestações as mais desrespeitosas sobre o futuro de Serra. Desrespeito menos à pessoa do político do que à inteligência de leitores e telespectadores. Muitos decidiram lhe dedicar um réquiem, como dedicaram a Arthur Virgílio há dois anos, quando foi derrotado na disputa por uma vaga ao Senado. Acaba de se eleger prefeito de Manaus com uma votação consagradora.

Não sei qual será o futuro político de Serra. Sei que ele continua a ser uma das cabeças mais lúcidas do país — afirmei isso no debate na VEJA.com e reitero agora — e que a propalada “renovação da política”, que teria sido revelada agora pelas urnas, é uma dessas soberbas tolices que só interessam às raposas que não renovam nada. Ainda escreverei a respeito.

O PSDB levará em conta o quadro que tem ou cairá na cascata da “renovação”? Considerando o histórico, a resposta pode não ser a mais lúcida. Ontem, não faltaram manifestações estúpidas. Há quem esteja vendo com bons olhos, sinal de enraizamento nacional do partido, a vitória em Manaus, Teresina, Maceió e Belém… Duas capitais na Região Norte, duas na Nordeste e nenhuma na Sudeste… Então tá!

Confrontando, como sói acontecer, o consenso, vejo menos renovação do que reiteração de certos arcaísmos no resultado das urnas. Terei a chance de expor os meus motivos. Afinal, se é para ler o que todo mundo anda dizendo por aí — o jornalismo brasileiro inventou o pool noticioso e o pool de opinião!!! —, por que entrar aqui, não é? Se todos têm a dizer a mesma coisa, por que haver tantos?

Por Reinaldo Azevedo

 

Conforme afirmei no debate de ontem (ver vídeo abaixo), presidente do PT já anuncia aliança duradoura com… Kassab!!!

Então, leitor…

Entre abstenções (19,99%), brancos (4,34%) e nulos (7,26%), quase 32% (31,59%) dos eleitores paulistanos deixaram de votar num candidato à Prefeitura de São Paulo. Nunca se viu algo assim na cidade. Faz sentido? Ô, se faz!

Eu lhe forneço um primeiro elemento para entender o que NÃO É um fenômeno no sentido que essa palavra pode assumir: o do evento surpreendente.

Rui Falcão, presidente do PT, já veio a público hoje. Com aquele seu modo de ser — ninguém é tão friamente indecoroso como ele —, anunciou que o PT pretende fortalecer a aliança com o PSD de… Gilberto Kassab!

Sim, a gestão Kassab foi o grande espantalho no programa eleitoral do PT. Ao prefeito se atribuiu até ter-se recusado a fazer parcerias com o governo federal, que teria oferecido recursos para projetos na cidade, supostamente recusados. Tudo isso é falso. Tudo isso é mentiroso. Essas coisas não aconteceram.

Não obstante, Falcão já está anunciando a parceria porque o PSD certamente fará parte da base de apoio de Haddad na cidade. Também estará na base no governo federal e, provavelmente, vai levar um ministério. É isto mesmo: tanto o petismo como o próprio prefeito estão a anunciar que quem perdeu ontem em São Paulo foi Serra; Kassab ganhou!!!

Falcão usa como exemplo o caso de Ribeirão Preto. Nessa cidade, Dárcy Vera, do PSD, disputou o segundo turno com Duarte Nogueira, do PSDB. Ela ganhou com margem apertada: 51,97% a 48,03%. Pois bem!

Dárcy teve o apoio do PT e, conta-nos Falcão, o que é verdade, isso se deu em troca da garantia de que ela estará no palanque de Dilma em 2014. Então vejam que coisa fabulosa: enquanto Kassab era o alvo fixo aqui em São Paulo, fazia acordo para apoiar Dilma em 2014 em Ribeirão — e, a rigor, em qualquer lugar.

De volta à abstenção
Por que tantos deixaram de votar? Em muitos casos, descrença da política, saco cheio mesmo! Vou tentar saber as zonas eleitorais de São Paulo em que a abstenção foi maior. É bem provável que seja nos bairros onde Serra e os tucanos costumam ter mais votos.

É indecoroso que Rui Falcão, o que batia, e Kassab, o que apanhava, apareçam no dia seguinte de mãos dadas, fazendo planos para o futuro, decidindo como eles continuarão no poder, a despeito do que diziam para os eleitores até o dia anterior. Fica parecendo que se tratava de uma combinação, em que um entrava com o soco, e o outro, com a cara. A recompensa viria depois.

Esse tipo de política, com essa desfaçatez e com essa falta de caráter partidário, não existe em lugar nenhum do mundo. Serra perdeu menos para Haddad do que para aqueles que deixaram de escolher um candidato em razão do tédio e da recusa de participar de um jogo que não reconheciam como válido.

Podem anotar aí: cessam as críticas de Fernando Haddad à gestão Kassab. A cada vez que anunciar um novo e miraculoso programa para a cidade, o “outro” que será permanentemente atacado será o PSDB, o governo estadual.

Por Reinaldo Azevedo

 

Ao lado de 7 ministros, Maluf cantava: “Olê, olê, olê, olá, Lu-la; Lu-la…” Afinal, eram 47 anos de renovação!

O prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad, ao ler no teleprompter o seu discurso, estava cercado de sete ministros de Estado, além de Gabriel Chalita e Paulo Maluf: José Eduardo Cardozo (Justiça); Ideli Salvatti (Relações Institucionais), Aguinaldo Ribeiro (Cidades), Alexandre Padilha (Saúde), Marta Suplicy (Cultura), Aloizio Mercadante (Saúde) e Eleonora Menicucci (Mulheres). Uau!

Na celebração do apedeutismo de terceiro grau, a plateia cantou o famoso “Olê, olê, Olá, Lu-la, Lu-la”.

E sabem quem era um dos cantores mais entusiasmados? Paulo Maluf! Não foi citado no discurso da vitória, mas sabe que terá o seu quinhão.

O renovador Haddad manda de volta para a Prefeitura o grupo do homem que, entre idas e vindas, está metido na administração municipal desde quando foi prefeito indireto pela primeira vez, entre 1969 e 1971. Não se pode desprezar uma renovação que completará 47 anos em 2016 e alguns milhões de problemas — ou de solução, para ele ao menos — nas Ilhas Jersey.

Ah, sim: Maluf estava junto com Marta, que o chamou de “pessoa nefasta” em 2000. Agora ele é um homem bom, um “grande administrador, um engenheiro”, segundo Marilena Chaui.

Por Reinaldo Azevedo

 

Fiquem tranquilos, petralhas! Não me furtarei a lhes dar motivos para babar!

Este pequeno texto, aqui no alto, é uma espécie de provocação para começar o dia. Vamos lá. A petralhada, claro! — afinal, sou o autor de “O País dos Petralhas I e II (depois falo dos próximos lançamentos) —, decidiu invadir o blog como um enxame de vespas. Os estranhos acham que estou arrasado, imobilizado, incapaz de escrever palavra. Bem, os posts que vão abaixo falam por si.

Não me conhecem! Em momentos assim, fico ainda mais animado. É uma pena que me faltem tempo e mãos para escrever de uma só vez tudo o que tem de ser escrito. Há muito a produzir a partir desta segunda e dias seguintes afora sobre essas eleições. Com tudo o que escrevi abaixo, não tive tempo ainda de me ater a questões importantes como:
– o desempenho de José Serra e a forma como foi tratado durante a campanha e no noticiário de ontem nas TVs e sites;
– a incrível situação de Gilberto Kassab, usado pelos petistas como espantalho e já o mais cobiçado futuro aliado;
– os mais de 30% de paulistanos que não votaram em ninguém;
– os tucanos que já começaram a falar bobagem sobre o passado e sobre o futuro;
– a conversa mole sobre a renovação;
– as apostas erradas sobre Eduardo Campos;
– o estranho jeito de errar sempre em favor dos mesmos das pesquisas em São Paulo;
– o dissabor de certo jornalismo com a vitória do DEM na Bahia…;
- a sonhada marcha rumo ao “Palácio de Inverno” (o dos Bandeirantes…);
- a aliança objetiva entre PCC e setores da imprensa de olho em 2014… 

E isso é só o começo. Vai aí a pauta que eu mesmo fiz para mim. E que, como sempre, vou cumprir.

É quando não gosto de um resultado, petralhas, que fico ainda mais produtivo! O contentamento é que é meio preguiçoso. De certo modo, vocês também são assim… Notem como não conseguem articular um discurso. Contentam-se com zurros de satisfação!

Fiquem tranquilos! Não lhes deixarei faltar motivos para a baba irracional costumeira!

Por Reinaldo Azevedo

 

Se urna em SP é tribunal, então mensaleiros foram condenados de novo por 60,7% dos eleitorado; afinal, Haddad, o do teleprompter, foi eleito por apenas 39,3%

O prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), veio mesmo para inovar. Não fez o tradicional discurso da vitória. Ele o leu num teleprompter. Um político de qualquer outro partido que assim procedesse seria alvo de ironia da imprensa vigilante e isenta. Não com o petista. Considera-se um sinal de profissionalização da campanha — afinal, o que importa é conteúdo… O professor universitário, mestre em direito, doutor em filosofia, não pode correr o risco de falar cinco minutos por sua conta e risco. É prudente! Na última vez em que pensou de improviso, considerou que um facínora que mata depois de ler livros e moralmente superior ao que mata sem lê-los. Teremos, enfim, um pensador na Prefeitura de São Paulo.

Ontem, o PT se manifestou de várias maneiras. Houve o discurso supostamente inclusivo e “moderno” de Haddad (está na home; leiam ali); houve a fala da vendeta de Marta Suplicy, que resolveu, acreditem!, criminalizar o tucano José Serra. Ela o acusou de “traiçoeiro”. Entendo! Onde já se viu vencê-la nas urnas em 2004? Isso não se faz! E houve a tropa fascista de José Genoino (ver post a respeito), que foi devolvido pela condenação sofrida no Supremo à sua real natureza. Agora dá para entender que tipo de sociedade este herói tinha na cabeça quando aderiu à guerrilha do Araguaia.

Tudo isso é PT: aquele que faz discurso “thutchuca”, lido no teleprompter, e o que saúda a suposta destruição de um adversário, como fez Marta; o que diz que vai atuar para diminuir a desigualdade e o que joga no chão uma senhora de 82 anos em sua fúria fascistoide.

Vamos ver quantas horas vai demorar para o partido divulgar uma nota oficial em que proclamará, ainda que por vias tortas, a absolvição dos mensaleiros, que teria sido dada pelo resultado nas urnas em São Paulo. Trata-se, obviamente, de uma falácia. Dos números ao mérito. O petista obteve na cidade 3.387.720 votos no segundo turno, para um eleitorado de 8.619.170 pessoas. É o legítimo prefeito eleito de São Paulo, dentro das regras do jogo, mas foi votado por apenas 39,3% dos que têm direito de participar do pleito. Isso significa que 60,7% dos eleitores paulistanos não votaram no candidato petista.

Se o PT pretenda que urna é tribunal, então é o caso de a gente pedir vênia, antes de dar uma botinada no traseiro teórico dos vigaristas, e lembrar que, fosse assim, os mensaleiros teriam sido condenados por uma ampla maioria: 60,7% a 39,3%. Aplicada a proporção a um grupo de 11 (número de ministros do), tem-se uma nova condenação 7 a 4…

Além da cascata mensaleira, também assistiremos ao triunfalismo, como se o partido houvesse logrado, realmente, uma vitória acachapante. Isso é falso! O PT venceu em São Paulo, sim, nas condições acima especificadas; teve um crescimento no número de municípios que vai administrar — de 550 para 634 —, mas cresceu em cidades pequenas e murchou em cidades médias. Tanto é assim que esse aumento de Prefeituras se deu com uma expansão de apenas 4% dos votos no primeiro turno. Hoje, administra seis capitais; ficará com quatro: além de São Paulo (sim, a joia da Coroa), conquistou as prefeituras de Rio Branco, João Pessoa e Goiânia. É bom lembrar que tinha candidatos  cabeças de chapa em 17 capitais.

Quem acompanhou ontem o noticiário da TV e confiou em certos comentários ficou com a impressão de que o partido havia promovido uma verdadeira razia eleitoral Brasil afora, não deixando nem migalhas para os adversários ou aliados de ocasião. Isso é falso como nota de R$ 3.

Finalmente
Finalmente, não sei onde certo jornalismo andou estudando lógica. Talvez o professor seja o mesmo que deu aula de probabilidade para a turma que fez o kit gay de Haddad. Sustentar que o mensalão “não teve peso nenhum” na eleição é uma dessas bobagens que transformam o depois na causa do que veio antes.

Para saber se teve ou não, seria preciso realizar essa mesma eleição sem o tema “mensalão” em pauta. Quem pode assegurar que o resultado nas 13 capitais em que o PT não obteve êxito não seria outro? Quem pode assegurar que o partido não teria tido um desempenho melhor Brasil afora? O PT se organizou para fazer 800 prefeituras. Ficou bem abaixo disso.

De toda sorte, essa é e sempre foi uma pauta mais do PT do que da própria oposição. Foi o partido que se organizou para impedir que o julgamento se realizasse neste ano, justamente com medo das urnas, e que chegou a acusar uma tentativa de golpe…

Tirem a conquista da Prefeitura de São Paulo da conta para ver se a vitória é assim tão maiúscula. Os petistas sabem que podem enganar certo jornalismo, mas que não podem enganar a si mesmos. “Mas São Paulo está na conta, Reinaldo!” Eu sei! Basta, no entanto, atentar para as circunstâncias específicas, muito particulares, que deram a vitória ao partido na capital paulista para perceber que há menos aposta no PT do que expressão de certo desencanto.  Falaremos muito a respeito

A minha disposição de confrontar a metafísica influente e os juízos bucéfalos é imensa. Meu blog terá mais de 4 milhões de acessos neste mês também por isso. O coro dos contentes combina a música e o tom, e eu vou lá e desafino. Com muito gosto, com muito prazer!

Texto publicado originalmente às 4h41

Por Reinaldo Azevedo

 

Um dos homens que socou Oscar Filho, do CQC, e que integrava a tropa fascistoide de Genoino, que até derrubou velhinha, é membro da… Comissão de Ética do PT

De todos os relatos sobre o comportamento dos bate-paus fascistoides que acompanharam José Genoino à urna, dando porrada, empurrado e botando literalmente pra quebrar, o melhor é o de Márcia Abos e Tatiana Farah, no Globo. Leio que houve até cárcere privado. Muito bem! Sabem o que é mais espantoso? Um dos que socaram o humorista Oscar Filho, do CQC, é o advogado petista Danilo Camargo. Ele pertence, imaginem vocês, à Comissão de Ética do PT paulista e já foi coordenador da Comissão Nacional. Foi tesoureiro de várias campanhas eleitorais do partido em São Paulo e é homem de Genoino.

Em 2005, quando um assessor do deputado José Nobre (PT) — irmão do agora mensaleiro condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha — foi preso com a cueca recheada de dólares, a reunião para decidir “o que fazer” foi realizada no flat de Danilo. Entendi. O homem da “ética” do PT sai no braço. Imaginem os que não se sentem especialmente obrigados a ser éticos… Leiam texto de O Globo. Volto depois.
*
Cercado por aproximadamente 50 militantes do PT, o ex-deputado José Genoino votou neste domingo na cidade de São Paulo em meio a um tumulto que terminou em pancadaria e cenas de vandalismo. Os petistas, que xingavam e batiam em jornalistas, além de derrubar eleitores que estavam no local, avançaram pelos corredores da universidade empurrando cadeiras, chutando lixeiras e quebrando vidros de um dos murais da entidade. Usando bengala, a aposentada Jose Bacarácia, 82 anos, foi derrubada no chão durante a passagem da militância petista.

Genoino carregava uma bandeira do Brasil, vestindo-a como uma capa e usando-a em algumas ocasiões para esconder o rosto e evitar ser fotografado. No tumulto, apenas seguiu em direção à seção de votação. Depois de votar, caminhou agitando o braço esquerdo com o punho cerrado, sempre rodeado pelos militantes, que impediram a aproximação ou perguntas dos jornalistas.

O humorista Oscar Filho, do CQC foi agredido repetidas vezes pelos petistas. Ele recebeu socos e foi jogado para dentro de uma das salas de votação. Com machucados na boca e pressão alta, o comediante foi atendido na enfermaria do colégio eleitoral e disse que registraria um Boletim de Ocorrência.

Um dos envolvidos na pancadaria foi o advogado Danilo Camargo, da Comissão de Ética do PT paulista e um dos petistas mais ligados a Genoino. Apesar de ter sido visto agredindo Oscar Filho antes de José Genoino votar, Camargo disse que se atracou com o repórter do CQC depois, ao deixar o colégio eleitoral, porque foi provocado. “Estava com minha mulher, tentando sair com meu carro. Ele estava bloqueando a passagem e disse ‘passa por cima, mensaleiro’. Isso não é jornalismo! Passa por cima, mensaleiro?”, falou o petista, que disse ter empurrado o jornalista.

Danilo disse que participou da votação de Genoino porque é delegado do partido e tem autorização para entrar nas áreas de votação. Mas o advogado admitiu que o grupo perdeu o controle: “Era uma massa de gente. Foi uma loucura. Estava difícil controlar”. Enquanto aguardavam a chegada de Genoino, militantes do PT e do PSDB trocaram ofensas. A polícia foi chamada para apartar a briga, que envolvia cerca de 20 pessoas. Ninguém foi detido. Enquanto os tucanos gritavam “partido dos bandidos” e “malufistas”, os petistas repetiam: “burguesada reacionária, vocês vão ter que nos engolir”.

Encerro
Entendi! Um “delegado” do partido, com direito a ter acesso ao local de votação, se comporta dessa maneira lhana e cordata. Quando se é membro de uma comissão de ética e se ouve um insulto, o óbvio, claro!, é quebrar o nariz de quem se coloca na frente e sair por aí derrubando velhinhas.

No PT, todo mundo faz discurso “tchutchuco”, como o de Haddad. Desde que a brasileirada não abuse, né? Ou vem pancadaria.

Aposta
É bem provável — faz parte do show — que a turma de Haddad procure o CQC para desfazer mal-entendidos, desculpar-se etc e tal. Muito gente até se comove com esse ato de humildade…

Pois é… Só pode se desculpar pelos socos e pontapés deferidos quem desfere socos e pontapés, não é mesmo? É o aspecto mais encantador no comportamento dos brutos. Se eles não se comportam como alimárias, como exercer depois o charme do arrependimento?

Texto publicado originalmente às 5h10

Por Reinaldo Azevedo

 

PT quer Genoino (aquele dos espancadores), condenado por corrupção e formação de quadrilha, com mandato de deputado! Que tal na Comissão de Ética?

Não é que o PT apenas considere o Supremo um tribunal de exceção. O partido, pelo visto, nem mesmo reconhece a existência do Judiciário. Leiam o que informa Bernardo Mello Franco na Folha. Volto depois.

Condenado, Genoino quer assumir vaga de deputado

Condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha no julgamento do mensalão, o ex-presidente do PT José Genoino ganhou apoio do partido para reassumir uma vaga na Câmara dos Deputados a partir do início de 2013. Ele pretende herdar a cadeira do petista Carlinhos Almeida, eleito para a Prefeitura de São José dos Campos, no interior paulista. Na eleição de 2010, Genoino foi candidato a deputado federal, mas não teve votos suficientes e ficou como suplente do partido. A cúpula do PT, que já fez desagravo ao ex-dirigente depois das condenações no STF (Supremo Tribunal Federal), já decidiu dar respaldo à sua posse em Brasília.

“O Genoino é o suplente e vai assumir. Sem problema nenhum”, disse à Folha o presidente do PT, Rui Falcão, na festa da vitória do prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad. Apesar do impacto negativo das condenações na opinião pública, deputados petistas têm manifestado internamente que sairão em defesa da volta do ex-dirigente à vida pública.

“Genoino precisa recuperar a sua cidadania política”, diz Paulo Teixeira (PT-SP), cotado para assumir a vice-presidência da Câmara em 2013, quando a Casa voltar ao comando do PMDB. A hipótese de retorno do ex-deputado vinha sendo tratada com discrição durante a campanha para não prejudicar candidatos petistas. Com a eleição de Haddad garantida, a defesa dos condenados no mensalão volta à pauta do PT, que divulgará uma nota sobre o resultado do julgamento nos próximos dias.

OBSTÁCULOS
Os planos de Genoino ainda podem esbarrar na decisão do STF. Petistas dizem que é preciso aguardar o fim do julgamento para saber se a pena de perda de função pública, aplicada a réus do processo, pode impedir a posse do ex-presidente da sigla. A defesa dele sustenta que as punições só valerão a partir da publicação do acórdão do STF, que ainda pode demorar até seis meses.
(…)

Voltei
A Folha defendeu dia desses, no editorial mais infeliz de sua história, que os mensaleiros tivessem penas alternativas, não de prisão. O PT resolveu levar a proposta a sério: quer José Genoino — aquele que foi visto em companhia de espancadores, inclusive de velhinhas — cumprindo pena como… deputado!

Eles não têm mesmo limites. O STF ainda não definiu a pena de Genoino. Se for condenado a mais de oito anos, tem de ficar em regime fechado — com direito a eventual progressão só depois de cumprir ao menos um sexto.

Aquele que a Justiça pode decidir pôr na cadeia, o PT quer na Câmara. É… Dado o partido, faz sentido.

Imagino a cena:
— Sua excelência o deputado corruptor tem de considerar que…
— Sua excelência o deputado quadrilheiro há de convir…

Mesmo processado pelo STF, o PT fez de João Paulo Cunha (SP) presidente da… COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA! Sugiro Genoino para a Comissão de Ética!

Texto publicado originalmente às 6h19

Por Reinaldo Azevedo

 

Ninguém deveria ter xingado Lewandowski de “bandido, corrupto, ladrão e traidor”. Mas nem isso torna certa a sua fala absurda

É curioso! Há um enorme esforço para demonstrar que a população não está nem aí para o julgamento do mensalão. E até se faz o elogio desse povo supostamente imune às estripulias dos mensaleiros: seria um comportamento maduro, sereno, comedido. Entendi. Ignorar os crimes cometidos por larápios e por assaltantes dos cofres púbicos é agora coisa maiúscula, própria da Idade da Razão. Que nojo, né?

Abaixo, há um relato de Lino Rodrigues, no Globo, dando conta de que o ministro Ricardo Lewandoweski, do STF, foi xingado de “bandido, corrupto, ladrão e traidor” na Escola Estadual Mário de Andrade, no bairro de Campo Belo, em São Paulo,  quando foi votar. Leiam o que segue. Volto em seguida.
*
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, foi vaiado e xingado de ‘bandido, corrupto, ladrão e traidor’ na saída da Escola Estadual Mario de Andrade, em Campo Belo, Zona Sul de São Paulo, local onde vota. Pouco antes de ser reconhecido, ele disse que a reação popular em todo o país tem sido de cumprimentos e pedidos para tirar fotos.

“Votei normalmente. Entrei pela porta da frente e como qualquer cidadão entrei na fila. Tudo na maior tranquilidade. Isso é democracia, liberdade. As reações agora (os xingamentos) são normais. Estou aqui com vocês (jornalistas) e muito exposto”, disse, já nervoso com os gritos e sendo puxado pelos assessores.

O revisor do processo do mensalão afirmou que o julgamento não teve nenhuma influência nas eleições deste ano. Segundo ele, os eleitores brasileiros estão maduros e conscientes para fazer suas escolhas, sobretudo porque o país tem uma imprensa livre “que vem apresentando todos os ângulos das questões em debate no julgamento”. “ Uma coisa é o julgamento. Outra coisa são as eleições. O povo brasileiro está muito maduro para fazer suas escolhas”, disse o ministro.

Sobre o sua atuação no julgamento (…), justificou que esse é o papel do revisor, de trazer contrapontos e uma segunda opinião, outras perspectiva sobre os mesmos fatos. “O papel do revisor foi importante, apresentou contrapontos e muita gente foi absolvida. Creio que cumpri o meu papel e a Corte acatou em muitos aspectos a opinião do revisor”, disse, acrescentado que (…) acabou convencendo seus colegas. “Doze absolvições são pouco? Uma foi para primeira instância por erro processual; algumas dosimetrias foram refeitas em função papel do revisor. Creio que cumpri o meu papel.”
(…)
O presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, considerou uma “conduta de vândalos, com conotação fascista” a manifestação contra o ministro. “Em julgamento de processos, não há juízes heróis nem juízes vilões. Cada um julga de acordo com a prova dos autos e com as suas convicções”, afirmou o presidente da OAB-RJ, em nota divulgada na tarde deste domingo. Damous ainda afirmou que está em curso na sociedade brasileira uma pretensão de coagir o Poder Judiciário, a partir de “clamores condenatórios e prejulgamentos”. Ele disse que espera que Ayres Britto, presidente do STF manifeste repúdio contra esse tipo de manifestação, de caráter “intolerante e fascista, que nada têm a ver com a democracia”.

Voltei
Comecemos pelo óbvio: é evidente que não endosso e que ninguém pode endossar manifestações agressivas contra ministros do Supremo, acompanhadas de xingamentos. Não é correto, não é civilizado, não é útil. Não gosto quando fazem isso com  pessoas que admiro e também reprovo quando o fazem com pessoas por quem não tenho a menor admiração, como é caso do ministro. Atitudes assim só servem para criar falsas vítimas e para passar a impressão, errada, de que é o tal do clamor público que move o STF. E, obviamente, não é.

Antes que comente a fala de Lewandowski, noto que, mais uma vez, o presidente da OAB Rio, Wadih Damous, vai além das suas sandálias, para citar o pintor Apeles, e não o escultor Fídias — não é, ministro? Até hoje aguardo o seu “errei”…

Sr. Damous, uma coisa é censurar a agressividade, e isso é uma obviedade necessária. Outra é apontar os tais “clamores condenatórios” e “prejulgamentos”. Em que caso houve isso? Por que o senhor não aponta? Ou bem o senhor se comporta como presidente da OAB-RJ ou bem se manifesta como advogado de condenados pelo mensalão. O senhor é o que se chama um “operador do direito”. Ou bem evidencia o que diz ou bem se cala. Para a pura chicana, já existem os próprios mensaleiros e seus aliados.

Agora Lewandowski
Sempre destacando que o ministro não deveria ter sido alvo de agressões verbais — a protestos, qualquer homem que exerce cargo público está sujeito —, noto que sua fala sobre a suposta maturidade dos que não teriam levado em conta o mensalão ao votar é estúpida. Ele parece estar feliz com essa suposta irrelevância do escândalo, que não está provada de modo nenhum. Se irrelevante tivesse sido, por que isso seria bom? Então o eleitor, ao sufragar nomes das urnas, não deve considerar o passado do partido a que eles pertencem? Então seria saudável que os brasileiros não estivessem nem aí para a corrupção — alguns corruptos condenados pelo próprio Lewandowski?

Que diabo de juízo é esse, senhor ministro?

Quando à questão do julgamento em si, noto que o caso que foi parar na primeira instância por falha processual se deveu à ação de um defensor público. O revisor não teve nada com isso. Mais: Lewandowski insiste que o papel da revisão é apresentar um juízo alternativo. Ele até pode fazê-lo, mas sua principal atribuição não é essa, não! Sua principal atribuição é justamente averiguar se existem falhas no processo — o que, pelo visto, ele não fez.

Encerro voltando a Damous: espero que ele proteste também contra os “fascistas de José Genoino”. Ou “fascista”,agora, são apenas aqueles que discordam de nós, doutor?

Texto publicado originalmente às 5h45

Por Reinaldo Azevedo

 

Precisava de teleprompter para isso, Haddad? Ou: A conversa intelectualmente vigarista de sempre do lulismo… Eis o “novo”!!!

Abaixo, transcrevo a fala “tchutchuca” de Fernando Haddad, aquela que ele leu no teleprompter ontem. É composta de duas partes: a primeira é a dos agradecimentos; a segunda é o discurso da vitória propriamente. Leiam.  Os negritos (na verdade, vermelhitos) são meus. Volto em seguida.

Agradecimentos
Minhas amigas e meus amigos. Pela vontade soberana dos paulistanos, sou agora o prefeito eleito de São Paulo. Uma alegria imensa e uma enorme responsabilidade dividem espaço no meu peito. O sentimento mais forte, porém, é de gratidão.

Quero agradecer em primeiro lugar aos milhões de homens e mulheres que me confiaram o voto. Minha família, minha mulher, Ana Estela, minha filha, Carolina, e meu filho, Frederico, que fizeram muitos sacrifícios para me ajudar nessa jornada.Quero agradecer do fundo do coração ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Viva o presidente Lula!

Agradeço ao presidente Lula do fundo do coração pela confiança, orientação e apoio, sem os quais seria impossível eu lograr qualquer êxito nessa eleição.Quero agradecer uma outra grande liderança nacional, a presidenta Dilma Rousseff. Agradeço à presidente Dilma pela presença vigorosa na campanha desde o primeiro turno. Pelo estímulo pessoal e o conforto nos momentos mais difíceis dessa campanha.

Quero agradecer os partidos coligados do primeiro turno, nos quais sintetizo minha homenagem na figura valorosa da companheira, minha vice, Nádia Campeão. Quero agradecer aos apoiadores que ampliaram nossa corrente no segundo turno, nos quais sintetizo minha homenagem e meu agradecimento nas figuras do querido deputado Gabriel Chalita e no vice-presidente Michel Temer. Muito obrigado, presidente Michel Temer.

Quero fazer meu agradecimento muito especial ao meu partido, Partido dos Trabalhadores. Partido que se lançou de corpo e alma nessa luta pacífica em favor do povo de São Paulo. Como seria impossível nomear milhares de colaboradores diretos, sintetizo meu agradecimento e minha homenagem na figura decisiva e equilibrada do meu coordenador, Antonio Donato.

Quero agradecer a todos, quero agradecer por último, mas não menos importante, a todos meus opositores, que me obrigaram a extrair o melhor de mim nessa campanha para poder superá-los em uma disputa limpa e democrática. A todos indistintamente o meu muito obrigado.

Discurso da vitória
Fui eleito pelo sentimento de mudança que domina a alma do povo de São Paulo.
 Sei da enorme responsabilidade de todos que são eleitos pelo signo da mudança. Ser eleito pela força da mudança significa não ter tempo a perder.Não ter medo de enfrentar nem ter justificativas a dar para tornar esse sonho realidade. Significa não ter paciência e não pedir paciência. Antes de tudo, traçar prioridades e unir a cidade em torno de um projeto coletivo, de todos os paulistanos, de todos os moradores de São Paulo.

Meu objetivo central está plenamente delineado, discutido e aprovado pela maioria do povo de São Paulo. É diminuir a grande desigualdade existente em nossa cidade, é derrubar o muro da vergonha que separa a cidade rica e a cidade pobre. Somos uma das mais ricas e ao mesmo tempo uma das mais desiguais do planeta. Não podemos deixar que isso siga assim por tempo indeterminado, exatamente no momento em que o Brasil vem passando por uma das mudanças sociais vigorosas do mundo. A prefeitura tem um papel importante nisso, pois é ela que cuida da oferta e da qualidade de alguns dos serviços públicos mais essenciais como a saúde, o transporte, a educação, a habitação, entre outros.

Melhorar esses serviços é também uma forma concreta de distribuir renda, diminuir os desequilíbrios, aumentar e garantir a paz social. Sei que essa não é uma tarefa fácil, dada a complexidade dos problemas que vêm se acumulando nos últimos anos. Mas, se São Paulo não conseguir resolver seus problemas, que cidade no Brasil e no mundo conseguirá fazê-lo? O fracasso de São Paulo seria o fracasso desse genial modelo de convivência que a humanidade desenhou ao longo dos séculos para sobreviver e ser feliz. Essa invenção insuperável do gênio humano, que se chama cidade.

As cidades foram inventadas para unir, não para desunir. Proteger e não fragilizar. Acarinhar e não violentar. Para dar conforto e não sofrimento. São Paulo tem seus grandes problemas, mas tem e terá as próprias soluções. O Brasil moderno nasceu aqui, e o surpreendente Brasil do novo milênio também estará aqui. Se corrigirmos nossos erros, se superarmos a inércia, se quebrarmos o imobilismo, e se recuperamos a alma criativa e o espírito de empreendedorismo que sempre foram a marca de São Paulo.

Voltei
Pus em destaque algumas palavras e trechos pelas mais variadas razões. Vamos lá. Fernando Haddad representa a reciclagem — o prefeito eleito acha que não se deve usar essa palavra… — do lulismo. Ele é tão inovador, mas tão inovador!, que é o velho Lula em nova embalagem e com curso universitário. Já tratei desse tema algumas vezes, como sabem. E o discurso, agora, o prova. Vejam lá! O primeiro agradecimento vai para Lula, a quem ele pede um “Viva!”. Dilma Rousseff vem depois como “uma outra grande liderança nacional”…

O agradecimento aos opositores, obviamente, é conversa mole, como ficará claro na segunda parte da fala. Notem que o petismo está prestes — se os adversários não reagirem, é a visão que vai prevalecer — a repetir a farsa que criaram em escala nacional. Fica parecendo que vão pegar uma cidade arrasada; que nada foi feito; que nunca se tomaram medidas em benefício do social; que uma nova era terá início; que, até agora, só se produziram desigualdade e exclusão na cidade.

É, vênia máxima, uma linguajar para seduzir deslumbrados do Complexo PUCUSP… Trata-se de um discurso politicamente vigarista porque falso. De que “inércia” e de que “imobilismo” fala este senhor? Inércia e imobilismo eram as escolas de lata que o PT deixou para seus sucessores; inércia e imobilismo eram as filas de credores; inércia e imobilismo eram as 60 mil vagas em creches (hoje, há 210 mil); inércia e imobilismo eram as favelas sem ações de urbanização…

Haddad parece disposto a aplicar o mesmo truque de Lula — e ele é, eticamente falando, uma Lula com curso universitário — quando chegou ao poder: inventou um Brasil famélico, que não existia já havia algumas décadas, para poder afirmar, depois, que acabou com a fome no Brasil. Daqui a pouco, Haddad muda o nome do programa “Mãe Paulistana”, põe etiqueta nova, e passa a ser o grande amigo das gestantes… Ou, então, insere as AMAs num programa de reorganização da saúde e também lhe confere apelido novo, como fez Lula com os programas de bolsa da governo FHC, reunidos no Bolsa Família.

É o discurso de quem está preparado mais para o proselitismo político — no que contará com o apoio incondicional de boa parte da imprensa paulistana — do que para a gestão. E daí? Faz tempo que o PT aprendeu que a propaganda é alma do negócio.

Ah, sim: vermilhitei lá no primeiro parágrafo a conjunção adversativa “porém”. É que aprendi com Haddad que “gratidão” está numa relação de oposição com “alegria” e “responsabilidade”. Marilena Chaui promete fazer um ensaio a respeito.

Tenham paciência! Precisava de teleprompter para isso?

Texto publicado originalmente às 6h37

Por Reinaldo Azevedo

 

A tropa de choque fascistoide de Genoino: um democrata da porrada!!!

Vejam que coisa bonita, democrática e edificante o comportamento de José Genoino e dos fascistóides que o acompanham. Mais tarde comento o assunto. Por Matheus Magenta, na Folha Online:

Um grupo de militantes petistas agrediu jornalistas e formou um cordão de isolamento em torno do ex-presidente do PT José Genoino para evitar a aproximação da imprensa enquanto ele se dirigia à sua seção eleitoral, em São Paulo, na tarde deste domingo (28). Genoino chegou ao colégio eleitoral instalado na Universidade São Judas, no bairro do Butantã (zona oeste), por volta das 16h20.

Logo em seguida, ele foi cercado por cerca de 40 militantes do PT. Enquanto gritava palavras de ordem (“partido, partido é dos trabalhadores”; “Genoino, Genoino”; “povo na rua, a luta continua”), o grupo agrediu jornalistas (o integrante do ‘CQC’ Oscar Filho precisou receber atendimento médico) e quebrou equipamentos (a máquina fotográfica da equipe da Folha foi danificada).

Abraçado a militantes, Genoino sorriu, repetiu as palavras de ordem gritadas pelo grupo, mas não concedeu entrevistas. Durante a confusão, Rodrigo Scarpa, o Vesgo do programa “Pânico” (Band), tentou entregar a Genoino maços de cigarro “para o tempo em que ele passar na cadeia”. Após votar, um militante enrolou uma bandeira do Brasil no ex-presidente do PT.

O também ex-deputado federal foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal no caso do mensalão por formação de quadrilha e corrupção ativa (compra de apoio político para a base de sustentação do governo Lula [2003-2010]). As penas ainda não foram definidas pelo Supremo. Militantes do PT, que não quiseram se identificar, disseram que se reuniram neste domingo de forma “espontânea” para evitar o mesmo que o ocorreu no primeiro turno.

Naquela ocasião, José Genoino comparou a imprensa brasileira à ditadura após ser questionado se tinha medo de ser preso após o julgamento. “Vocês são urubus e torturadores da alma humana. Vocês fazem igual aos torturadores da ditadura. Só que agora não tem pau de arara, tem uma caneta”, gritou Genoino, antes de votar no primeiro turno.

Por Reinaldo Azevedo

 

Dilma e Lula são derrotados em Salvador; ACM Neto será prefeito; eleitor diz não a milícias fascistoides do PT

Com 87,02% dos votos apurados, o democrata ACM Neto tem 54,03% dos votos, contra 45,97% do petista Pelegrino Jr. Não dá mais tempo para a virada.

É uma das derrotas mais vexaminosas de Lula e da presidente Dilma Rousseff. Em comício em Salvador, ela chegou a fazer ironia até com a estatura física de Neto.

Em Salvador, o PT montou uma verdadeira milícia para intimidar os adversários — intimidação física mesmo, pancadaria. ão deu erto.

Por Reinaldo Azevedo

 

Pouco importa quem vença, urna nem condena nem absolve corruptores e quadrilheiros

É evidente que o PT já está com o discurso na ponta da língua. Caso seu candidato à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, vença a disputa, o partido tentará transformar essa vitória numa espécie de absolvição dos mensaleiros. Tudo muito de acordo com a moral da tropa: até o último voto ser digitado na urna, cumpre sustentar que eleição e mensalão são como água e óleo e não se misturam. Em caso de vitória, aí é o caso de fazer a mistura homogênea e apontar o dedo para o Supremo…

Vamos ver como decidirá a maioria do eleitorado paulistano. Qualquer que seja o resultado, ele tinha todos os elementos necessários para decidir. Não será o resultado a definir se o tucano José Serra fez bem ou mal em tratar do mensalão na campanha. Fez bem! Tivesse ignorado o tema, alguns eventuais insatisfeitos de agora diriam: “Mais uma campanha despolitizada!”. De resto, não faltaram propostas para os problemas da cidade — às pencas. A questão é bem maior e bem mais ampla do que a campanha na TV. Ao longo dos dias, é certo que voltarei bastante a esse assunto, qualquer que seja o resultado.

Retomo o eixo,

Se uma vitória em São Paulo corresponderia à absolvição dos mensaleiros, as derrotas do partido (de Lula e da presidente Dilma Rousseff), Brasil afora, são, então, o quê? A condenação? Ora… É bom ter princípios. É bom pensar segundo fundamentos. Meu texto de estreia na VEJA, na edição de 6 de setembro de 2006, tem este título: “Urna não é tribunal. Não absolve ninguém”.

Quem absolve e quem condena é a Justiça, não as ruas ou as urnas. Essa Justiça pode estar ou não de acordo com as expectativas de amplas maiorias. Isso é irrelevante. Sim, é saudável que um tribunal tenha ciência de que a percepção média do brasileiro — fundada em fatos — é a de que há impunidade no país. Há muitos motivos, de várias naturezas, que concorrem pra isso. Não vou me ater à questão agora. Ter o tribunal essa consciência, sabedor de que o Poder Judiciário lida com os anseios, aspirações e utopias de milhões de pessoas, é um dever. A Justiça não existe no vácuo nem existe para si mesma. As pessoas é que lhe dão sentido. O Judiciário não é uma celebração de códigos frios, que vivam de reverenciar uns aos outros. É o mais, como direi?, encarnado dos Poderes. É ele que permite que vivamos, efetivamente, em sociedade.

No julgamento do mensalão, vários ministros demonstraram ter clareza de seu papel. Entenderam que a ordem jurídica não pode aceitar que os “marginais do poder”, como os definiu Celso de Mello, assaltem os cofres e a institucionalidade. A maioria dos membros do Supremo parece atenta aos anseios de milhões, que querem um país mais digno, e todas as suas decisões, por isso mesmo, foram pautadas PELAS LEIS.

Decisões do Poder Judiciário nem são referendadas nem são revogadas pelas urnas.

Vença Serra ou vença Haddad, o fato inequívoco é que José Dirceu e José Genoino foram condenados, com base nos autos e nas leis democráticas do Brasil, por corrupção ativa e formação de quadrilha. E ponto!

Tanto é assim que o advogado de Dirceu encaminhou ao Supremo um pedido de pena mais branda para seu cliente em razão de sua suposta relevância social. Fosse como quer o PT, poder-se-ia esperar a eventual vitória de Haddad e encaminhar a solicitação ao eleitorado…

Por Reinaldo Azevedo

 

Marta e FHC ao votar: dois flagrantes que explicam muita coisa

Eu lhes mostro em dois flagrantes qual é a natureza do PSDB e qual é natureza do PT.  Vamos lá. Ambos mostram por que um partido exerce o terceiro mandato consecutivo, e o outro continua a ter o seu patrimônio depredado.

A ex-prefeita Marta Suplicy foi votar neste domingo. É ministra de Estado. Isso quer dizer que deva ter alguma — nem precisa muita… — compostura. Levando os conta os resultados das pesquisas divulgadas ontem, deu a seguinte declaração:
“Desta vez, [Serra] se enforcou com a própria corda (…). Ficaram evidentes as armadilhas que fazia, a pessoa que ele é. Foi bom ver que os paulistanos perceberam e deram o troco”.

É uma fala estúpida!
Quais armadilhas?

Ainda se referindo a Serra, afirmou: “Não é fácil disputar com alguém muito experiente e traiçoeiro”. Entenderam? Serra não seria, assim, um adversário, mas alguém “traiçoeiro”. E por que o tucano a teria “traído”? Suponho que seja porque a venceu em 2004. Em 2008, ela foi derrotada por Gilberto Kassab. Traição também?

Marta, sabe-se, só entrou na campanha de Haddad depois de ter recebido da presidente Dilma um ministério de presente. Enquanto esteve fora da campanha,  contribuía para desgastar a imagem de Fernando Haddad mais do que qualquer adversário.

Fica evidente em sua fala, e isso encontra eco na imprensa paulistana, o esforço de criminalização do adversário. Marta, a gente nota, acha absurdo e ilegítimo que adversários tenham disputado a prefeitura com ela três vezes e que só tenha vencido uma. Para quem disse que Lula é Deus — e ela voltou ao assunto hoje —, não é estranha a concepção de que o poder é um merecimento que só passa acidentalmente pelas urnas.

Eis aí: uma estrela do partido, mesmo se considerando vitoriosa, aproveita para espezinhar aquele que já dá como derrotado. E isso evidencia a sua superioridade moral.

Agora FHC
Agora vamos falar um pouco do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que teve a sua biografia política espicaçada ao longo de, atenção!, 16 anos: durante o seu mandato de oito anos, e durante os oito seguintes, no mandato de Lula. Na gestão Dilma, as coisas melhoraram um pouco — o que não quer dizer que ele seja sempre preservado. Agora mesmo, na campanha em São Paulo, os tucanos voltaram a ser acusados de ter privatizado estatais a preço de banana, e o ex-presidente voltou a ser acusado de ter tentando vender a Petrobras e o Banco do Brasil, o que é mentira.

O que disse FHC neste domingo? Na prática, vênia máxima, aderiu, ainda que de modo oblíquo, à metafísica petista. Fazendo eco ao discurso da “renovação” — como se isso se resumisse a pessoas, não a ideias — afirmou que o PSDB “precisa voltar a ter uma atitude muito mais próxima do que o povo está sentindo (…) Tem de estar alinhado com o futuro.” Não sei o que isso quer dizer, mas concordo. Com isso, com a Lei da Gravidade e com a Terceira Lei de Newton. Foi ainda mais explícito: disse que “o partido vai precisar de renovação”. E mais: “A gente tem que empurrar os novos para ir para a frente”,

Se Marta chama Serra de “traiçoeiro” e usa metáforas de paz como “corda” e “pescoço”, o ex-presidente age de outro modo. Considera, destaca a Folha, “Haddad uma pessoa séria”. Falou também sobre o mensalão e coisa e tal, mas é evidente que isso não iria parar no lead de reportagem nenhuma.

Caminhando para a conclusão
Ainda voltarei a esse tema, claro! Os sinais que estão aí remetem a coisas mais relevantes do que dão entender à primeira vista. Ah, sim: o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, também se pronunciou sobre a eleição anunciando um troço estranho: “a maior derrota municipal da história do PSDB” — seja lá o que isso signifique. Supõe-se que esta mesma derrota já tenha sido do PT, quando, em 2004, perdeu para o PSDB… Com raciocínios assim tão singelos, conduz a educação do país.

Os petistas já não escondem: deram a largada para o que consideram a tomada do “Palácio de Inverno”: o governo de São Paulo. Vão insistir nos próximos dois anos no discurso da “renovação”, como se Geraldo Alckmin estivesse a cometer um crime em disputar a reeleição em 2014. É a turma comandada por Lula, que, amante no novo, disputou a Presidência da República CINCO vezes! E só não disputou uma sexta porque o Senado recusaria a emenda da (re)reeleição.

O caminho para tentar chegar aos Bandeirantes já está dado, e as tropas já estão prontas. Há muitos aliados objetivos na jornada (ver o conceito de “aliado objetivo”): de setores importantes da imprensa ao PCC.

Mas não só: também o PSDB costuma ser um entusiasmado aliado objetivo do PT. O mais impressionante é que, quanto mais o remédio se mostra errado, mais convictos se mostram os tucanos de sua eficácia.

Por Reinaldo Azevedo

 

LIXO MORAL – Homem de Lula começa a pressionar Dilma para conceder indulto a mensaleiros e sugere que Joaquim Barbosa estaria obrigado a inocentar réus porque é negro!

Paulo Vannuchi, ex-ministro dos Direitos Humanos, demonstra que continua com a biruta tão certa como quando aderiu à cartilha terrorista de Carlos Marighella ou tentou censurar a imprensa, extinguir a propriedade privada no campo, legalizar o aborto e perseguir os crucifixos por meio de um decreto — o tal “Plano Nacional-Socialista de Direitos Humanos”.

Como os petistas perceberam que, não importa a barbaridade que digam, vão ser mesmo notícia — e com destaque! —, eles vão perdendo a mão. E a declaração da véspera é sempre menos estúpida do que a do dia seguinte e mais do que a do dia anterior. Há uma escalada.

Leio na Folha que Vannuchi comparou a condenação de José Dirceu e de José Genoino à extradição de Olga Benário para a Alemanha nazista: “Dirceu e Genoino foram condenados sem provas num julgamento contaminado. Isso vai entrar para a galeria de erros históricos do Supremo, ao lado da expulsão de Olga Benário”. É espantoso!

Uma nota antes que continue: Olga Benário não foi aquela heroína sem mácula do livro perturbado do ainda mais perturbado Fernando Morais. Aquilo é pura mistificação! Estava no Brasil a serviço da Internacional Comunista para instaurar aqui a “ditadura do proletariado”. Felizmente, deu tudo errado. Mas é evidente que a extradição de uma judia comunista para a Alemanha nazista correspondia a uma sentença de morte — embora as condições formais para a extradição estivessem dadas. E assim decidiu o STF em 1936. Getúlio poderia ter-lhe concedido o indulto, mas tinha simpatias pelo regime nazista e não o fez. Olga estava grávida de Anita Leocádia, única filha do casal, que nasceu na prisão e foi entregue à avô paterna. Em 1942, foi assassinada no campo de extermínio de Bernburg.

Em 1936, o Brasil ainda não era uma ditadura plena, mas estava a caminho. No ano seguinte, Getúlio dá o golpe do Estado Novo, de óbvia inspiração fascista. É evidente que Olga, ainda que as condições legais estivessem dadas, jamais poderia ter sido extraditada. Era uma pena de morte. Naquele caso, sim, à diferença da comparação intelectualmente delinquente de Vannuchi, o Supremo fez o que queria o protoditador.

Desta feita, no Brasil, deu-se o contrário. Os ministros do Supremo Tribunal Federal tomaram as decisões de acordo com a lei, independentemente de pressões políticas. Agiram segundo a lei, não segundo a vontade do Poder Executivo ou de um partido político.

Fala moral e politicamente dolosa
A fala de Vannuchi é mais moral e politicamente dolosa do que parece. Na verdade, está plantando na militância petista a pressão para que a presidente Dilma conceda indulto aos réus do mensalão, entenderam? Está convidando a presidente a fazer, na sua comparação transtornada, o que Getúlio não fez. A questão nada irrelevante é que o Brasil é uma democracia plena, e Dirceu e Genoino não foram condenados à morte.

Vannuchi disse outra coisa espantosa:
“O Judiciário deve ser um poder contramajoritário. É ele quem segura a multidão que quer matar os judeus, que quer matar os negros. Aqui aconteceu o contrário. Os ministros aderiram a um clamor para condenar”.

Comecemos pelo óbvio. O homem de Lula está se referindo de forma oblíqua, o que é asqueroso, à cor da pele do ministro Joaquim Barbosa, relator do mensalão, que é negro. O que este senhor, que já cuidou da pasta dos Direitos Humanos (!) está a dizer é que o ministro teria a obrigação de absolver os réus. No fim das contas, seria uma “vítima da história” — um negro! — absolvendo outras vítimas: os mensaleiros. Vannuchi, este notável humanista, acha que a cor da pele do relator o impede de ser independente para, seguindo as leis, condenar ou absolver.

De resto, essa história de o Supremo ser um poder contramajoritário é de uma tolice estupenda. O Poder Judiciário não tem de ser nem a favor das vagas de opinião nem contra elas. Tem é de se ater aos rigores da lei. Fosse como quer este senhor, os juízes tomariam a temperatura das ruas antes de decidir e fariam sempre o contrário do que pretende o senso comum. Justamente porque as ruas ora estão certas, ora erradas, cabe fugir do alarido e se ater aos fundamentos inscritos na Constituição e nos códigos legais. Como fez o Supremo.

Quanto mais falam os petistas, mais evidente fica a necessidade de o Supremo deixar claro que não ouve nem a voz rouca das ruas nem a voz estridente dos poderosos. Que ouça apenas a voz clara da lei.

Para arrematar: Vannuchi pode não ser racista, mas a inspiração de suas ilações é. Quando se sugere que a cor da pele de uma pessoa a obriga a tomar uma determinada decisão, é evidente que se está a dizer que uma condição natural a fez, desde sempre, menos livre. Eis o partido que institui cotas raciais nas universidades federais e agora as quer também no serviço público.

É um partido que quer deixar claro que gosta dos negros. Desde que sejam negros disciplinados, obedientes e dóceis!

Essa gente é um lixo moral!

(por Reinaldo Azevedo)

 

Cai o último argumento dos maconheiros: droga é mais prejudicial do que álcool e tabaco, sim!

Um dos lobbies mais organizados, mais influentes e mais aguerridos do Brasil é o dos maconheiros. Não há, já demonstrei aqui — acho que em centenas de textos —, uma só centelha lógica em seus argumentos. Ao contrário: no fim, tudo termina na mais pura irracionalidade. Não repisarei argumentos. O capítulo 3 de “O País dos Petralhas II” chama-se “Das milícias do pensamento” — um dos subcapítulos tem este título “Da milícia da descriminação das drogas”. Como, em certas franjas, o consumo da maconha — e de algumas outras substâncias — se mistura com hábitos próprios dos endinheirados, a descriminação ganhou porta-vozes influentes. Por incrível que pareça, está presente até na eleição do comando da OAB…

Leiam reportagem de Adriana Dias Lopes, que é capa da VEJA desta semana. Cai por terra a mais renitente — embora, em si, seja estúpida, já demonstrei tantas vezes — tese dos defensores da descriminação da maconha: a de que a droga ou é inofensiva ou é menos danosa à saúde do que o tabaco e o álcool, que são drogas legais. Errado! Leiam trecho da reportagem:

(…)
A razão básica pela qual a maconha agride com agudeza o cérebro tem raízes na evolução da espécie humana. Nem o álcool, nem a nicotina do tabaco; nem a cocaína, a heroína ou o crack; nenhuma outra droga encontra tantos receptores prontos para interagir com ela no cérebro como a cannabix. Ela imita a ação de compostos naturalmente fabricados pelo organismo, os endocanabinoides. Essas substâncias são imprescindíveis na comunicação entre os neurônios, as sinapses. A maconha interfere caoticamente nas sinapses, levando ao comprometimento das funções cerebrais. O mais assustador, dada a fama de inofensiva da maconha, é o fato de que, interrompido seu uso, o dano às sinapses permanece muito mais tempo — em muitos casos, para sempre, sobretudo quando o consumo crônico começa na adolescência. Em contraste, os efeitos diretos do álcool e da cocaína sobre o cérebro se dissipam poucos dias depois de interrompido o consumo.

Com 224 milhões de usuários em todo o mundo, a maconha é a droga ilícita universalmente mais popular. E seu uso vem crescendo — em 2007, a turma do cigarro de seda tinha metade desse tamanho. Cerca de 60% são adolescentes. Quanto mais precoce for o consumo, maior é o risco de comprometimento cerebral. Dos 12 aos 23 anos, o cérebro está em pleno desenvolvimento. Em um processo conhecido como poda neural, o organismo faz uma triagem das conexões que devem ser eliminadas e das que devem ser mantidas para o resto da vida. A ação da maconha nessa fase de reformulação cerebral é caótica. Sinapses que deveriam se fortalecer tornam-se débeis. As que deveriam desaparecer ganham força”.
(…)

Leiam a íntegra da reportagem especial na edição impressa da revista e depois cotejem com tudo o que anda dizendo a turma da descriminação, cujo lobby é tão forte que ganhou até propaganda gratuita na TV aberta, o que é um despropósito.

Para encerrar este post, vejam alguns dados cientificamente colhidos sobre os consumidores regulares de maconha:
– têm duas vezes mais risco de sofrer de depressão;
– têm duas vezes mais risco de desenvolver distúrbio bipolar;
– é 3,5 vezes maior a incidência de esquizofrenia;
– o risco de transtornos de ansiedade é cinco vezes maior;
– 60% dos usuários têm dificuldades com a memória recente;
– 40% têm dificuldades de ler um texto longo;
– 40% não conseguem planejar atividades de maneira eficiente e rápida;
– têm oito pontos a menos nos testes de QI;
– 35% ocupam cargos abaixo de sua capacidade.

E, digo eu,  por tudo isso, 100% deles defendem a descriminação…

PS – O lobby da maconha pode desistir. Este blog tem lado nessa questão e não cede a pressões organizadas. Comentários favoráveis à legalização das drogas não serão publicados. Não percam tempo. 

Por Reinaldo Azevedo

 

Dirceu pede clemência ao tribunal que ele despreza. Então precisa ler um poema de Gonçalves Dias, ué!

A defesa de José Dirceu, cassado por corrupção pela Câmara dos Deputados e condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha pelo Supremo Tribunal Federal, encaminhou à Corte um pedido de redução de pena. O argumento principal: o “relevante valor social” do rapaz. O memorial, assinado por José Luís Oliveira Lima e Rodrigo Dall’Acqua, vejam vocês!, traz um série de depoimentos atestando que Dirceu lutou contra a ditadura e ajudou a democratizar o Brasil. Um dos que asseveram os valores do condenado é… Luiz Inácio Lula da Silva — que pode vir a ser, ele próprio, a depender das circunstâncias, um réu do mensalão (ver post de ontem).

Então fica combinado assim: ter lutado contra o regime militar, não importam a qualidade dessa luta e os meios empregados, não só dá direito à Bolsa Ditadura como também a uma espécie de “bônus” penal. Se esses novos varões de Plutarco se tornam corruptores e quadrilheiros, esse passado meritório deve ser levado em conta. É um acinte à inteligência e ao bom senso no mérito e, como diriam os ministros do Supremo, “na espécie”. Ademais, que história é essa de Dirceu pedir clemência a um tribunal que ele despreza? O nome disso é covardia!

Vamos ao mérito. Ao dosar as penas de um condenado, é claro que um juiz pode e deve levar em conta o seu passado, mas isso não se confunde com o viés evocado pela defesa de Dirceu. Se for réu primário — não tiver sido apenado antes —, com bons antecedentes, o condenado tende a receber uma punição mais branda; se o contrário, então mais dura. Com a devida vênia, a defesa de Dirceu tenta perverter esse fundamento, emprestando-lhe um viés militante, ideológico, quiçá partidário. Digam-me aqui: um outro no lugar de Dirceu, sem o seu passado de supostas glórias, deveria, então, receber uma pena maior do que a dele?

Até onde acompanho, o passado distante e o recente de Dirceu, no que concerne à sanção moral ao menos, deveriam ser usados como agravantes. Na juventude, diz-se, lutou contra a ditadura e o estado autoritário. Desde a juventude, pois, entende o significado do embate político e conhece suas balizas. Em tempos mais próximos, foi nada menos do que o segundo homem da República. Bastava estalar os dedos para que a máquina fosse posta à sua disposição. Justamente porque tinha tão grandes e tão graves responsabilidades; justamente porque concentrava tanto poder e podia mover tantas vontades, seus crimes se tornam especialmente graves.

Agora algumas considerações sobre o caso em espécie. José Dirceu — e já conversei com alguns contemporâneos seus — se especializou em adensar a própria biografia. Nunca foi um líder destemido, e disso todo mundo sabe. Mas não quero me perder nesse particular. Uma coisa é certa: a democracia que temos não lhe deve uma vírgula. Quando tentou criar um movimento à cubana no Brasil, com o seu “Molipo” (Movimento de Libertação Popular), estava em busca de democracia? Viria daí a sua “relevância social”?

O curioso é que essa linha de defesa já foi testada no tribunal pelo advogado de José Genoino, condenado por corrupção ativa (9 a 1) por um placar ainda mais amplo do Dirceu (8 a 2). Os ministros deixaram claro que seu passado não estava em julgamento. Alguns até deram a entender que, se estivesse, talvez fosse um bônus. Pegar em armas com o objetivo de instaurar uma ditadura comunista num país é uma dessas glórias que ainda estão para ser demonstradas, não é mesmo?

Agora a covardia
Dirceu já emitiu uma nota pública afirmando ter sido vítima de um julgamento de exceção. Sustenta que o STF o condenou sem provas. Na sustentação oral que fez, seu advogado afirmou que sua eventual condenação seria um “ousado” ataque ao estado de direito. Muito bem! Como é que Dirceu pode pedir clemência a um tribunal de cujos critérios ele desconfia? Como pode pedir clemência a um tribunal que estaria a conduzir um julgamento de exceção? Trata-se de uma contradição inelutável, não é mesmo?

Nessas horas, sempre lembro do Canto VIII do poema “I Juca Pirama”, de Gonçalves Dias. Alguns ex-alunos meus que andam por  aí — de vez em quando, um deles me acha e se manifesta; felizmente, sempre para o bem — devem se lembrar de como eu gostava de dar aula sobre esse texto.

Reproduzo o trecho em que o pai deplora e amaldiçoa o filho que, feito prisioneiro, pediu clemência à tribo inimiga. E olhem que o jovem índio o havia feito por amor ao pai, para cuidar dele na velhice. Mas não se brinca com a honra nesses casos, disse o velho. Sabem cumé… Gonçalves Dias era um poeta romântico…

VIII
“Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
Possas tu, descendente maldito
De uma tribo de nobres guerreiros,
Implorando cruéis forasteiros,
Seres presa de vis Aimorés.

“Possas tu, isolado na terra,
Sem arrimo e sem pátria vagando,
Rejeitado da morte na guerra,
Rejeitado dos homens na paz,
Ser das gentes o espectro execrado;
Não encontres amor nas mulheres,
Teus amigos, se amigos tiveres,
Tenham alma inconstante e falaz!

“Não encontres doçura no dia,
Nem as cores da aurora te ameiguem,
E entre as larvas da noite sombria
Nunca possas descanso gozar:
Não encontres um tronco, uma pedra,
Posta ao sol, posta às chuvas e aos ventos,
Padecendo os maiores tormentos,
Onde possas a fronte pousar.

“Que a teus passos a relva se torre;
Murchem prados, a flor desfaleça,
E o regato que límpido corre,
Mais te acenda o vesano furor;
Suas águas depressa se tornem,
Ao contacto dos lábios sedentos,
Lago impuro de vermes nojentos,
Donde festas como asco e terror!

“Sempre o céu, como um teto incendido,
Creste e punja teus membros malditos
E o oceano de pó denegrido
Seja a terra ao ignavo tupi!
Miserável, faminto, sedento,
Manitôs lhe não falem nos sonhos,
E do horror os espectros medonhos
Traga sempre o cobarde após si.

“Um amigo não tenhas piedoso
Que o teu corpo na terra embalsame,
Pondo em vaso d’argila cuidoso
Arco e frecha e tacape a teus pés!
Sé maldito, e sozinho na terra;
Pois que a tanta vileza chegaste,
Que em presença da morte choraste,
Tu, cobarde, meu filho não és.”

Texto publicado originalmente às 5h52

Por Reinaldo Azevedo

 

O lado “pet bull” do candidato Haddad ataca até o dicionário! E acaba falando bobagem!

O candidato do PT à Prefeitura, Fernando Haddad, gosta de se apresentar como “professor”, como “sabichão”. Já lembrei aqui, vejam em arquivo, algumas de suas glórias intelectuais — como evidenciar o caráter moderno do socialismo soviético ou distinguir homicidas que matam antes e depois de ler livros. Ontem, numa de suas intervenções, o tucano José Serra falou sobre “reciclagem de professores”.

Com a arrogância própria dos ignorantes, mais o viés politicamente correto e autoritário, Haddad tentou ser professoral. Afirmou que Serra não teria intimidade com a área de educação e, por isso, empregava um termo descabido quando se trata de professores. A palavra “reciclagem” seria proibida nesse caso. É só uma bobagem.

Comecemos pelo óbvio. Uma das acepções do dicionário Houaiss para “reciclar” é esta:
“promover a reciclagem (“formação”) de (alguém ou de si próprio); atualizar(-se), requalificar(-se)”
E sabem qual é o exemplo de emprego que dá o dicionário? Este:
“Reciclar professores do ensino fundamental”; “o bom professor recicla-se constantemente”.

Deveria bastar para submeter aquela fala ao ridículo. Mas esse tipo de comportamento me deixa insaciável, né?

No dia 19 de março de 2007, com Haddad no Ministério da Educação, a Agência Brasil, que é oficial, dava uma notícia em que se lia o seguinte parágrafo:
“Sobre a valorização dos docentes, o presidente Lula disse que já havia debatido com o ministro esse assunto, que classificou como preocupação. “Nós temos que ajudar os professores brasileiros a se reciclarem. Com o piso dos professores, a gente, certamente, vai melhorar o nível e a vontade deles de participar”. O texto está no site oficial do Fome Zero — e Haddad é um de seus protagonistas. O link está aqui.

Cláudio de Moura Castro, especialista respeitado em educação, articulista de VEJA, escreveu um artigo em que se lê:
“Há recursos para formação e reciclagem de professores em outras partes do MEC. Não é descabido pensar que poderiam ser utilizados para apoiar programas de qualidade desse tipo.” O texto foi reproduzido no site oficial da Capes, conforme se vê aqui.

Se vocês clicarem aqui, encontrarão no portal do MEC a história de Maria José de Pinheiros. Logo no primeiro parágrafo:
“Professora de turmas pré-escolares há quatro anos numa das localidades com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em todo o Brasil – o município de Santa Luzia do Itanhy, na região sul de Sergipe – Maria José Pinheiro, 30 anos, teria poucas chances de reciclar-se e crescer profissionalmente na comunidade onde vive.”

De novo no Portal do MEC, a agente fica sabendo que, em razão de um determinado convênio, deu-se o seguinte:
“Nustenil explicou que o curso permite além da qualificação uma reciclagem aos agentes multiplicadores timorenses, pois as técnicas utilizadas lá ainda são rudimentares. “O Brasil está dando a esse povo uma oportunidade muito valiosa de investir no setor agrícola”, disse. Além do curso de agricultura, também foi ofertado o curso de zootecnia.”

Encerrando
E parei por aí. Se fosse escarafunchar os textos e falas oficiais, encontraria outras centenas de vezes a palavra, empregada justamente como Serra a empregou, conforme está no dicionário.

Haddad confunde, já disse, falta de educação com assertividade e arrogância com sabedoria. O MEC que ele comandou resolveu abonar a expressão “nós pega o peixe” como variante aceitável. O ministério impôs a compra dessa porcaria para ser distribuída nas escolas. Mas Haddad ainda não consegue mudar o sentido que as palavras têm no dicionário — e, claro, na sociedade!

João Santana treinou Haddad para ser agressivo, uma espécie, assim, de, bem.., “pet bull”, se me permitem o gracejo: arzinho doce, mas “com pegada”. E ele resolveu agredir até o dicionário.

Por Reinaldo Azevedo

 

Serra dá um banho no debate; Haddad se viu na contingência até de elogiar programas criados pelo adversário e confundiu segurança com arrogância

Sim, sim, claro!, eu vou votar no tucano José Serra, como todo mundo sabe. Se alguém achar que isso turva a minha objetividade, basta não levar em conta o que escrevo e acabou. Vamos lá. Serra teve um desempenho muito superior ao do petista Fernando Haddad — creio que o debate da Globo estará na Internet daqui a pouco, e quem não acompanhou o embate pode fazer a sua própria avaliação. Refiro-me ao conteúdo das respostas e ao comportamento dos postulantes. Se isso vai resultar em voto ou não, aí não tenho como prever.

Num encontro que durou apenas uma hora, num ritmo frenético, com intervalo de dois minutos entre um bloco e outro, os detalhes fazem diferença. Chamo a atenção para alguns.

1 – provocado por Serra, o petista se viu na contingência de elogiar dois programas criados pelo adversário — o Mãe Paulistana e o Remédio em Casa;
2 – o petista também se comprometeu, caso eleito, em honrar o compromisso firmado pela atual gestão com os professores, que prevê reajuste de 25%;
3 – Haddad disse também que, se prefeito, vai manter o contrato com as Organizações Sociais que administram aos aparelhos de saúde; isso desmente seu programa de governo;
3 – Visivelmente inseguro, treinado para se mostrar sempre assertivo, Haddad acabou se mostrando, na verdade, agressivo. Serra percebeu e apontou isso. Restou ao petista dizer que sua agressividade era fruto de sua indignação;
4 – nervoso, Haddad se perdeu num dado momento e não sabia se estava respondendo, perguntando ou contraditando o adversário.

Muito bem! O PT tem feito uma campanha subliminar arrogante e preconceituosa, sugerindo que Haddad é o novo e a renovação — na verdade, quer chamar Serra de “velho”, mas evita a expressão mais agressiva. Pois bem: o “velho” não se perdeu no debate; o novo parecia meio aéreo. Ocupava-se menos de fazer propostas do que de atacar o oponente. Não fez uma boa figura a qualquer um que tenha acompanhado o debate com atenção. Será essa a percepção da maioria que assistiu ao embate? Não sei.

No debate, ficou claro que Haddad não tem programa nenhum para a mulher gestante — na verdade, nem mesmo pensou sobre o assunto. Indagado sobre a questão pelo adversário, saiu-se com um truque vexaminoso. Respondeu que o tucano só via a mulher como mãe. Ele, Haddad, veria a mulher de modo integral. E tentou jogar nas costas do oponente até a violência doméstica… Uma piada!

Mensalão
Um dos temas sorteados foi “corrupção”. O tucano pediu a Haddad que explicasse como o mensalão aconteceu. O petista resolveu atacar os tucanos e disse que tudo começou com o PSDB, a resposta manjada de sempre. “Não finja que você não sabe o que aconteceu em Minas Gerais, Serra.” O tucano contra-atacou: “O que aconteceu de certo na Justiça é que José Dirceu e outros dirigentes petistas foram condenados. Se havia algo de errado lá, pior é quem copiou o procedimento”.

Organizações Sociais
Haddad está preocupado com o desgaste provocado pela descoberta de que seu programa de governo propõe o fim do convênio do município com as Organizações Sociais na área de saúde. Cometeu o erro de perguntar a Serra o que ele pensa sobre as parcerias público-privadas. Por que erro? Porque quem responde a uma questão fala por último; tem direito à tréplica. E coube ao tucano lembrar o óbvio: Haddad quer justamente o fim das parcerias na área da saúde. Serra carimbou no adversário o que, no fim das contas, está no programa do petista: a intenção de expulsar as OSs da gestão dos hospitais municipais.

Arrogância
Haddad foi treinado por João Santana para ser arrogante, para jogar sempre na ofensiva, com o peito meio estufado, o queixo projetado, o olhar severo, na linha: “Aqui há alguém pronto para a guerra”.

Nesta sexta, Serra administrou melhor a guerra de imagens — até porque tem mesmo mais conteúdo. Seu olhar esteve sempre sorridente; respondeu e perguntou com segurança; não agrediu o adversário. E ainda teve tempo de ironizar: “Você está muito agressivo…”.

Eu não faço pesquisa de opinião pública, como sabem, e ando cada vez mais desconfiado de quem faz, por razões óbvias. Escrevo o que vi. Assistiu-se em São Paulo ao embate da experiência serena, que tem ideias próprias, com a arrogância quase juvenil de quem mais sabe atacar do que propor. Arrogância juvenil num homem de 50 anos não tem a menor graça.

Por Reinaldo Azevedo

 

Quando acabar o debate, escrevo a respeito

O debate vai num ritmo bastante acelerado, com intervalo curto. Daqui a pouco, começa o terceiro e último bloco. Escrevo um texto quando terminar.

Por Reinaldo Azevedo

 

O DEBATE DESTA SEXTA SOBRE ELEIÇÕES NA VEJA.COM

Por Reinaldo Azevedo

 

José Dirceu, o novo varão de Plutarco da República Brasileira, pede clemência ao STF

Ai, ai… Vocês já devem ter lido a respeito. Deixo aqui o registro porque isso tem de entrar para a história. Voltarei ao tema de madrugada. Por ora, ocorre-me uma imagem. No dia em que um Plutarco brasileiro decidir contar a vida dos homens ilustres da nossa República, certamente José Dirceu há de encabeçar a lista. Leiam o que informa Felipe Seligman na Folha. Mais tarde, eu me ocupo do varão…

*
Numa última tentativa de reduzir os danos da condenação por corrupção ativa e formação de quadrilha no processo do mensalão, a defesa do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, pediu aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) que abaixem sua pena levando em conta seu “relevante valor social” e “compromisso” com o país. Rememorando uma série de testemunhos de pessoas próximas a Dirceu, entre eles o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seus advogados afirmam que sua luta contra a ditadura contribuiu para a redemocratização do país.

Dirceu era o homem forte do presidente Lula e, segundo o entendimento do STF, ele comandou de dentro do Palácio do Planalto o esquema do mensalão, que por meio de recursos públicos e empréstimos fictícios, corrompeu parlamentares para garantir a base de apoio do governo do ex-presidente. A defesa de Dirceu, no entanto, aponta, em memorial enviado na última quarta-feira, que Lula o considera como “um cidadão que lutou pela democratização do Brasil, pagando com o exílio”.

“Independente de qualquer valoração política ou ideológica, é fato incontestável que José Dirceu atuou por décadas em prol de importantes valores da nossa sociedade”, diz o documento obtido pela Folha. “José Dirceu apresenta inúmeros fatos de grande valor social que, no momento da fixação da pena, devem ser vistos como uma causa efetivamente importante de grande valor pessoal e específica do agente”.

O memorial foi assinado pelos advogados José Luís Oliveira Lima e Rodrigo Dall´Acqua e enviado no dia em que os ministros fixam em mais de 40 anos as penas do empresário Marcos Valério, o operador do mensalão.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

DEM atribui apagão a aparelhamento de cargos pelo PT

Na VEJA.com:
O presidente do DEM, senador José Agripino (RN), responsabilizou o aparelhamento dos cargos públicos pelo governo do PT pelos apagões ocorridos no país. Em nota divulgada nesta sexta-feira, Agripino lembra que, desta vez, a falta de energia atingiu o Nordeste e o Norte. “A origem do novo apagão de Dilma está no abandono da meritocracia pelo governo do PT, nas estatais e na ocupação desenfreada e inconsequente de cargos estratégico por critérios exclusivamente partidários”, acusa.

Na avaliação do partido Democratas, a desorganização das empresas de energia nos governos petistas “fragiliza a manutenção e a operação do sistema”. “Some-se a isso a falta de investimento”, acrescenta. A nota lembra que os apagões ocorreram em várias regiões do Brasil, onde as estatais operam no limite da capacidade.

“O alívio de carga não funciona. É o retrato do desprezo pela qualidade técnica”, reitera. “Esses apagões não acontecem por causas naturais ou simples falhas, como procura sistematicamente justificar o governo do PT. Há o uso das empresas estatais de forma irresponsável pelo governo”, afirma a nota.

Marco regulatório
O texto destaca ainda que a sequência de fatos lamentáveis de suprimento de energia elétrica de Norte a Sul no Brasil decorre de um marco regulatório defeituoso que minimizou novos investimentos no setor. “Esse marco foi proposto e pessoalmente defendido pela então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, hoje presidente da República”, lembra ainda a nota do DEM.

O deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) anunciou que pedirá a realização de audiência pública na Câmara dos Deputados para debater a “sequência de apagões”. “Quando incidentes como esse acontecem com frequência, fica evidente a fragilidade do sistema”, disse o deputado, que é membro da Comissão de Minas e Energia da Câmara. Ele lembra que, em pouco mais de um mês, o Nordeste foi atingido por dois apagões de grande proporção.

(com Agência Estado)

Por Reinaldo Azevedo

 

Mais uma prova: panfleto distribuído por petistas anuncia o fim das Organizações Sociais na Saúde se Haddad for eleito

O PT quer acabar com a parceria entre o setor de Saúde na cidade e as Organizações Sociais. Isso significa tirar da gestão de aparelhos de saúde o Albert Einstein, o Sírio-Libanês, as irmãs Marcelinas, as irmãs de Santa Catarina. Isso significa, em suma, o caos. Fernando Haddad nega que assim seja. É um escândalo. A promessa está na página 45 de seu “Programa de governo”. Lá se lê:

“Retomar, sem prejuízo dos condicionantes contratuais legais e após providências administrativas necessárias, a direção pública da gestão regional e microrregional do sistema de saúde (…) reforçar a gestão pública dos serviços públicos municipais de saúde e, gradativamente, a direção das unidades de saúde estatais do município…”

Muito bem! Uma corrente do PT está distribuindo panfletos anunciando justamente o fim das parceiras caso o petista seja eleito. Atenção! É MATERIAL PRODUZIDO POR PETISTAS, COMO ADMITE O PRÓPRIO COMANDO DO PARTIDO EM SÃO PAULO.

Em entrevista à Folha, Antônio Donato, coordenador da campanha do PT, reconhece que o material é, sim, produzido por militantes do partido, mas diz que não representa a opinião de Haddad. Como não? O fim das OSs, como se vê acima, está no seu programa.  Segue o panfleto.

Por Reinaldo Azevedo

 

Os apagões do PT, os pitos da soberana, os raios, os ventos, a conversa mole

No dia 10 de novembro de 2009, um apagão deixou às escuras nove estados, incluindo toda a região Sudeste do país. O problema começou em Furnas. Até hoje, não se conhece o real motivo. O governo federal, como deixa claro o vídeo abaixo, tentou culpar os raios, os ventos e as chuvas. Certo! Não havendo nenhum desses fatores intervenientes, tudo funciona bem. Que bom!

A versão do “raio” foi desmoralizada pelo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). E ficou o dito pelo não dito. Abaixo, segue um vídeo em que a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (pré-banho eleitoral), aparece dando pito em jornalista e tentando explicar o inexplicável. Vinte e uma horas depois! Vejam. Volto depois.

No dia 17 de novembro daquele ano, escrevi um post a respeito. É curtinho. Reproduzo e volto em seguida.

Ah, não foi raio? Não foi curto-circuito? Bem que a gente desconfiava…

Pois é…

Ainda bem que o Tio Rei não entende nada de energia elétrica, como os petralhas disseram. Eu não! Nadica! Mas, de lógica, eu entendo. E tenho certa sensibilidade para identificar quando alguém está mentindo.

O tal Operador Nacional do Sistema (ONS) veio a público para dizer que, bem…, é provável que não tenha sido, não, um curto-circuito o responsável pelo apagão, como disseram Edison Lobão e Dilma Rousseff. Não só isso. Disseram e ainda decretaram: “Caso encerrado!!!” O ministro (ele já sabe a diferença entre uma tomada e Tablete Santo Antônio?) não se conformou só em dar a explicação oralmente: emitiu uma nota!!!

No dia do apagão, sabe-se agora, Itaipu já estava com problema. E não há evidência de curto-circuito em Itaberá. Pois é… Vejam a diferença entre a experiência política — e a esperteza macunaímica — e a patetice. Lula, ele mesmo, não se comprometeu com aquela cascata de raio. É claro que ele vai aproveitar, de algum modo, para atacar a oposição, mas sentiu cheiro de problema. Lobão, para tentar sair da reta, deu a primeira desculpa que encontrou. Sem saber o que dizer, Dilma preferiu endossar  a tese do raio e ainda  dar bronca.

Pois é… Não entendo nada de energia elétrica. Um monte de supostos “engenheiros” petralhas entraram aqui para anunciar: “Ah, claro que é; as características são de curto, e você só está fazendo política”. É??? Vão falar com a ONS. Abaixo, reproduzo um post do dia 13, que remete a um do dia 12, quando sustentei: “O governo está blefando”. É o post em que transcrevia trecho do relatório do INPE, que dizia com todas as letras: não houve raio na região de Itaberá capaz de parar a usina. Pois é. Ao texto:

Que gente cômica, não?
Na madrugada de quarta, Edison Lobão tinha a causa do apagão: um raio.
Na tarde de quarta, depois de 20 horas de silêncio, a resposta oficial: foi um raio mesmo.
Na quinta, Dilma sai do silêncio para voltar a culpar as intempéries. Lula chegou até a evocar Freud – o de Viena, não o de São Bernardo – para tratar da ameaça ancestral que a natureza representa para o homem. Sei lá com quem ele andou conversando…
Na própria quinta, o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), cujos técnicos se respeitam, foi obrigado a dizer: não, raio não pode ter sido. Os havidos, naquele dia, na região de Itaberá, se deram a 10 km da linha de transmissão e a 30 km da subestação. E as ocorrências não teriam força para desligá-la, como aconteceu, ainda que tivessem caído em cima da dita-cuja.
Mais: tivemos um dito curto-circuito que não deixou rastros.
Afirmei ontem aqui: “é blefe”. E, nesta sexta, Lula confirmou: era blefe. Até agora, ninguém tem a mais remota noção, confirma-o o próprio presidente, do que realmente aconteceu. E é por isso que ele sustenta que, se Deus assim o desejar, haverá novo apagão.
Até parece que Deus se mete nessas coisas. Que eu saiba, a frase famosa do Altíssimo é bem outra: “Fiat lux” – ele deve tê-la pronunciado em hebraico ou aramaico, mas ela se tornou universalmente famosa em latim. Sob a gestão do PT, parece, Deus pode optar por outra “Fiat tenebras”. É por isso que o povo diz que Deus só ajuda quem se ajuda.
Desde o primeiro dia, observei que a desculpa era de tal sorte ridícula que escondia ou a mais absoluta ignorância sobre o que aconteceu ou a verdadeira causa, que, não obstante, não pode ser revelada. Essa segunda hipótese não deixa de superestimar essa gente. Acho que é ignorância na cabeça mesmo.
Fiat lux!!!

Volto a 2012
Em 2010, como se vê, Dilma tentou provar que os apagões da gestão petista apagões não eram. Afinal, isso era coisa de FHC… Ela preferia o nome “blecaute”.

Ah…

O que é um “apagão”? É apagar tudo? É! Então se tem é agora, não antes. Em 2001, houve um contenção do consumo — podem até chamar de “racionamento” se quiserem —, mas o país não ficou às escuras. Sim, lamentável, sim! A revista que eu dirigia, “Primeira Leitura” (que os petralhas ajudaram a fechar mobilizando todas as agências de publicidade contra a publicação), deu a primeira capa anunciando o que viria, com meses de antecedência. Na gestão tucana e na petista, só a verdade me interessava e me interessa.

Por Reinaldo Azevedo

 

Brasil

As opções

Dirceu: quer ficar perto de casa

José Dirceu já discute com os mais próximos as opções. Qual é a melhor prisão, a mais adequada? Até agora, a escolha vem recaindo numa penitenciária de Campinas, que fica próxima de sua casa de campo em Vinhedo.

Por Lauro Jardim

 

Brasil

O choro dos condenados

Lula: ajuda aos condenados

Findo o segundo turno, a ala de José Dirceu pressionará Lula o quanto puder para que ele entre de cabeça na campanha que essa turma moverá contra a condenação dos mensaleiros.

Por Lauro Jardim

 

Eleições 2012

Em que pasta

Kassab: cotado para a Esplanada

Dilma Rousseff e Lula têm dito aos mais próximos que Gilberto Kassab será ministro a partir do início do ano que vem. Há boa chance de Kassab parar no Ministério dos Transportes.

A propósito, Gilberto Kassab tem mais planos para 2013. Quer tentar uma fusão do seu PSD com o PP. Se bem sucedida, resultaria no maior partido da Câmara.

Por Lauro Jardim

 

Economia

Questão de segurança

Abílio e Klein: gastos com segurança

O Casino mandou fazer uma auditoria sobre os gastos de segurança no Pão de Açúcar e na Via Varejo (Casas Bahia Extra e Ponto Frio). O resultado foi que, juntas, as famílias de Abílio Diniz e de Michel Klein gastam 98 milhões de reais por ano neste item. Mais de 800 homens participam do esquema. O tema será discutido no conselho de administração do grupo. Promete sair faísca.

Por Lauro Jardim

 

Economia

O naviozão virou um naviozinho

João Cândido: o petroleiro zarpou, mas ainda não foi para valer

Exibido na campanha de Dilma Rousseff como símbolo da retomada da indústria naval brasileira, o petroleiro João Cândido finalmente começou a navegar em maio, com dois anos de atraso.

Foi um alívio para o Estaleiro Atlântico Sul (EAS), que passou meses tentando corrigir as soldas defeituosas e as tubulações que não se encaixavam. Mas o EAS não conseguiu resolver totalmente o problema.

Construído para transportar 1 milhão de barris de petróleo pelos continentes a um custo de 336 milhões de reais (o dobro do valor de mercado), o João Cândido ainda está fora das rotas internacionais da Petrobras.

Até agora, só tem sido usado para a navegação de cabotagem na costa brasileira. E, mesmo assim, transporta apenas 60% de sua capacidade total.

Por Lauro Jardim

 

Direto ao Ponto

Os apagões advertem: Dilma pode presidir a escuridão que Lula fingiu ter revogado

Nomeado ministro de Minas e Energia em janeiro de 2008, Edison Lobão mostrou já no primeiro apagão que o padrinho José Sarney indicara o homem errado para o cargo errado: em vez de anunciar o que faria para tirar da UTI o sistema de distribuição de energia, o agregado da Famiglia rebaixou o que ocorrera a “interrupção no abastecimento de eletricidade”. Há um mês e meio, quando mais uma pane escureceu as regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste, foi a vez de Hermes Chipp, diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, recorrer a malandragens semânticas para desdenhar do perigo.

“O que aconteceu foi um ‘apaguinho’ e não um apagão, como o de 2001″, fantasiou Chipp. “Esse durou pouco tempo”. Por tal critério, tampouco fora apenas um “apaguinho” o blecaute que, dois meses antes, afetara a região Nordeste. Por ordem de Lula, não existe apagão no Brasil Maravilha que o chefe pariu e Dilma Rousseff amamenta. Esse tipo de escuridão foi inventado por Fernando Henrique Cardoso e revogado em 2003 pelo maior dos governantes desde Tomé de Souza.

Alguém esqueceu de avisar o ministro interino Márcio Zimmermann, surpreendido na madrugada desta sexta-feira pelo sumiço da energia elétrica em todos os nove Estados do Nordeste e parte da região Norte. O substituto de Lobão, convém ressalvar, evitou disciplinadamente a palavra proibida: nas entrevistas que concedeu, apagão virou “evento”. Mas pelo menos não fez de conta que a situação é tão boa que, se melhorar, estraga. Já é alguma coisa.

“Há uma diminuição de confiabilidade no sistema elétrico brasileiro”, reconheceu Zimmermann. “O quadro não é normal”. O que o interino qualifica de anormal pode ser a antessala do colapso. Ministra de Minas e Energia entre 2003 e 2007, Dilma Rousseff nunca foi além de remendos. A troca de Dilma por Edison Lobão serviu apenas para reafirmar que, no Brasil, o que está péssimo sempre pode piorar.

Em 2001, Fernando Henrique Cardoso admitiu a existência de carências graves e enfrentou a crise sem malandragens de palanqueiro. Lula e Dilma preferiram varrer o problema para baixo do tapete. Junto com milhões de brasileiros que seguem dormindo o sono dos crédulos profissionais. Dilma pode acordar no meio da escuridão que, embora revogada por Lula, não terá prazo para terminar.

“Um apagão é um problemaço”, escreveu em sua coluna o jornalista Carlos Brickmann. “Três apagões em 34 dias são mais do que três problemaços: são uma indicação de que o sistema brasileiro de energia enfrenta problemas. Pior: o  governo sabe dos problemas, tanto que teme falta de luz quando acaba uma novela; e continua brincando de explicar. A última: “não é apagão, é apaguinho”.

Brickmann endossa o alerta do especialista Ildo Sauer, professor da USP: “Uma parte do sistema é cinquentão e deveria ter passado por um processo de manutenção e substituição. A indicação mais óbvia de que isso não ocorreu são os apagões”. E encerra a nota com a localização do paradeiro de Edison Lobão: “O ministro das Minas e Energia está hospitalizado em São Paulo. Ele sabe o que faz: no Hospital Albert Einstein, há ótimos geradores”.

É isso.

 

Direto ao Ponto

O vídeo do Implicante desmonta a farsa forjada em parceria por Lula e Haddad

Em apenas 2:37, o vídeo produzido pelo Implicante e reproduzido na seção História em Imagens diz sobre Fernando Haddad muito mais do que disseram, somados, todos os programas eleitorais de José Serra. Lula vive recitando que o candidato do PT a prefeito de São Paulo foi “o melhor ministro da Educação que o Brasil já teve”. A fantasia fica em frangalhos depois do cortejo de imagens e informações que resumem a obra devastadora do Terror dos Estudantes.

 

Direto ao Ponto

A piada de salão vai acabar na cadeia

A aproximação de 2012 perturba o sono dos mensaleiros: vem aí o BBB da Bandidagem. Foi esse o título do post publicado em 28 de novembro de 2011, inspirado em mais uma declaração cafajeste de Delúbio Soares. Confiram um trecho:

“Esse julgamento será o maior espetáculo midiático do Brasil”, previu Delúbio no fim de semana. Desta vez, o delinquente enquadrado por formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro acertou. Por mais de dois meses, uma cadeia gigantesca composta por emissoras de rádio e TV,  jornais, revistas, sites e blogs vai transmitir ao vivo uma espécie de Big Brother Brasil da Bandidagem, primeiro reality show inspirado na corrupção engravatada. Os advogados dos mensaleiros tornarão a recitar que o mensalão não existiu. Serão confrontados com as incontáveis provas dos muitos crimes cometidos pela quadrilha.

Neste fim de outubro,  o texto reproduzido na seção Vale Reprise ficou com cara de profecia. Em 6 de novembro de 2006, quando festejou o aniversário numa fazenda no interior de Goiás, Delúbio garantiu que, passado algum tempo, o mensalão seria reduzido a piada de salão. Daqui a dez dias, completará 57 anos sem festa. Em 2013, vai apagar velinhas na cadeia.

 

Direto ao Ponto

35° debate sobre o julgamento do mensalão

Quem não acompanhou a transmissão ao vivo pode conferir o vídeo na seção Entrevista.

 

Direto ao Ponto

Zé de Abreu vence o 1° turno do HSV de outubro e disputa o troféu com Gilberto Carvalho, Zé Genoino e Vagner da CUT

O canastrão de novela foi o vencedor do primeiro turno (veja detalhes na seção Homem sem Visão). A briga de foice pelo título do mês será decidida na enquete. Não deixe de participar da única eleição do mundo que permite votar sem remorso em gente que ninguém merece.

 

Direto ao Ponto

Fica, Celso de Mello!

Indicado pelo então presidente José Sarney, o ministro Celso de Mello assumiu a vaga no Supremo Tribunal Federal em 17 de agosto de 1989. Aos 66 anos, o decano do STF poderia vestir a toga por mais quatro. Mas, afetado por problemas de saúde, anda pensando em antecipar a aposentadoria. “É uma ideia que eu agora acolho com naturalidade”, disse nesta semana.

O país discorda com respeitosa veemência. No julgamento do mensalão, esse paulista de Tatuí lavou a alma dos brasileiros decentes com votos que não se limitaram a reafirmar que ainda há juízes num país em  decomposição moral. O desempenho do ministro mostrou que, enquanto existir um Celso de Mello no Supremo, os liberticidas que lutam pela captura do Estado Democrático de Direito não passarão.

No debate transmitido pelo site de VEJA nesta terça-feira, Marco Antonio Villa lastimou o afastamento prematuro do grande jurista. Imediatamente, Laura Diniz sugeriu, Reinaldo Azevedo lançou e endossei sem ressalvas a campanha resumida numa frase: “Fica, Celso de Mello!” Lula e o PT sonham com um Supremo inteiramente composto por gente como Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli. É preciso impedir que se materialize o pesadelo.

A lista de candidatos ao lugar do ministro Ayres Britto, que se aposentará em novembro, é encabeçada pelo advogado geral da União, Luiz Inácio Adams, e pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A saída do decano garantiria um empregão para os dois. Nesse caso, uma bancada majoritária de togas companheiras deixaria de ser apenas um brilho nos olhos fanatizados da seita lulopetista.

Mesmo com o alto comando do mensalão na cadeia, incontáveis quadrilheiros e milhares de comparsas continuam em ação. Temos de impor-lhes derrotas sucessivas. A mais urgente é a permanência no STF de um jurista que representa a face luminosa do Brasil.

Fica, Celso de Mello!

(por Augusto Nunes)

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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