CPI da Vergonha – Petista redige um lixo moral e político para fazer a vontade de Lula e Dirceu e resolve atacar Gurgel e a VEJA

Publicado em 20/11/2012 15:23 e atualizado em 24/05/2013 13:22
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

O deputado Odair Cunha (PT-MG) demonstra que, no petismo, quem sai aos seus sempre degenera. Ele até tentou, ao longo da CPI do Cachoeira, afetar um certo ar de seriedade, emprestando à missão o ar grave do homem de estado, preocupado com a moralidade pública e coisa e tal. Mas não resistiu e sucumbiu não propriamente à pressão, mas àquela que é a sua natureza. O deputado deve apresentar hoje o relatório da CPI da Vergonha. E é da vergonha” por quê?

Embora ele tenha decidido redigir um capítulo sobre a construtora Delta e peça o indiciamento do empresário Fernando Cavendish, todo mundo sabe que a empresa, hoje a segunda que mais recebe recursos federais, não foi investigada. Ao contrário: quando o imbróglio apareceu, os petistas bateram em retirada. Citar a Delta e pedir o indiciamento de Cavendish é só uma das vezes em que esta triste figura – que já havia tentado uma firula para livrar a cara dos mensaleiros – recorre a uma falsa virtude para referendar o vício.

No capítulo final da CPI, o senhor Odair Cunha resolveu acertar os alvos que haviam sido inicialmente definidos por Lula: oposicionistas, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e a imprensa independente – representada, no caso, pelo jornalista Policarpo Júnior, da VEJA.

Sim, senhores! Odair Cunha, vejam que homem destemido!, sugere ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) que investigue Gurgel e pede o indiciamento de Policarpo, um dos redatores-chefes da revista. Ao todo, o relator propõe o indiciamento de 46 pessoas. Entre elas, estão ainda o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, e o prefeito de Palmas, o petista Raul Filho. Livrou, no entanto, a cara do graúdo Agnelo Queiroz, governador do Distrito Federal (PT). O prefeito de Palmas é só mais uma homenagem da virtude ao vício. Pretende seduzir um trouxa ou outra com sua pretensa isenção: “Olhem, ele pediu o indiciamento até de um petista…”.

Cunha só não se envergonha do seu texto porque, nas plagas onde transita, não se cuida de coisas dessa natureza. Está cumprindo uma missão e tem a esperança de ser ungido o  candidato do partido ao governo de Minas Gerais, nas mesmas águas da chamada “renovação”. Ninguém ascende ou ambiciona ascender a posição tão importante se não prestar os devidos serviços à máquina de lavar e de sujar reputações em que se transformou o petismo. Se chegou a parecer, alguma vez, que Cunha tinha alguma independência e aspirava a um grão de seriedade, esse relatório desfaz completamente essa equivocada impressão. Nada disso! Ele fez um texto que pode ser definido como uma tentativa de vingança de mensaleiros.

Não! Eu nunca esperei outra coisa. Isso não quer dizer que certas passagens não desafiem o estômago dos decentes. Ao longo de várias páginas, Cunha expõe a sua estupenda ignorância sobre a natureza do jornalismo e a relação de um profissional com as suas fontes e ainda se atreve a dar lições de moral, aproveitando para atacar toda a … “mídia”. “Mídia”, vocês sabem, é como aquela corja de bandidos, financiada por estatais, se refere à imprensa que ousa fazer o seu trabalho. Tenta nos ensinar o mestre Odair Cunha:
“Não se pode confundir a exigência do exercício da responsabilidade ética com cerceio à liberdade de informar. Aliás, é oportuno dizer que, em nossos dias, existe uma profunda cisão entre a mensagem divulgada cotidianamente pela mídia, através dos diferentes meios de informação, e os valores éticos que a sociedade e a civilização ocidental alegam cultivar.”

É por isso que o PT está empenhado, mais uma vez, em “controlar a mídia”: para que ela se adapte àquilo que o partido diz ser a vontade do povo. Nesse mundo ideal, os petistas são sempre inocentes, mesmo quando culpados, e seus adversários são sempre culpados, mesmo quando inocentes.

A cara de pau deste senhor é de tal sorte que uma reportagem de VEJA que causou profundo descontentamento na quadrilha de Cachoeira – aquela que evidencia que José Dirceu é que abriu as portas do governo federal para a Delta – é apresentada como parte de um suposto conluio entre o jornalista da revista e Cachoeira… Chega a ser asqueroso!

Ora, os diálogos transcritos pelo próprio Cunha evidenciam o óbvio: VEJA escreve o que apura, doa a quem doer. O relator, no entanto, cita o caso apenas para ter mais uma oportunidade de defender … Dirceu! Sempre ele!

Raciocínio criminoso
A sanha de Cunha contra Policapo Júnior e a VEJA é de tal sorte que a série de reportagens sobre a roubalheira no Ministério dos Transportes, que resultou em mais de 20 demissões – FEITAS PELA PRESIDENTE DILMA, NÃO PELA REVISTA –, também é apresentada como mera armação de Cachoeira. Vocês entenderam direito: as reportagens que denunciaram um covil de ladrões são atacadas pelo petista. Por quê? Porque, entre as fontes, havia, sim, gente que transitava no mundo Cachoeira. E daí? Será que bandidos nunca têm informações relevantes? E as freiras? Tenham paciência!

Cunha admite que as reportagens publicadas por VEJA fizeram um bem à sociedade, mas isso não o comove. Um petista, né? Leiam:
“Não estamos a discutir aqui os ganhos que a sociedade e o Erário tiveram com a possível descoberta de fraudes que seriam perpetradas na mencionada licitação. O que estamos a ponderar é a relação que mantinha um dos jornalistas mais respeitados no País com os integrantes de uma organização mafiosa e a dedicação com que os interesses destes eram atendidos pela pessoa de Policarpo e sua equipe.”

O próprio relatório evidencia o contrário: a quadrilha frequentemente ficava furiosa com as reportagens publicadas pela revista – muito especialmente aquela que demonstrou que Dirceu abriu as portas do governo federal para Cavendish.

Um lixo
Lixo! Eis a palavra que define com mais propriedade o que produziu o deputado Odair Cunha, aquele que comandou a conspirata para que a Delta não fosse investigada. Trata-se apenas de uma tentativa de acerto de contas com “os inimigos de sempre”.

O deputado petista deve estar contente. Fraudou a verdade, mas ganhou pontos junto à hierarquia petista. Lula, a exemplo de outros chefões de organizações similares que infelicitam a sociedade, deu o “salve”: “Vai lá e pega a oposição, o Gurgel e o Policarpo”. O Cunha meteu o revólver na cinta e saiu atirando.

Trata-se apenas de mais um trabalho de intimidação da imprensa. Que vai dar errado, a exemplo de outros.

PS – Ah, sim: Cunha é um dos autores de um trabalho ridículo, que procurava demonstrar que não havia relação entre o voto dos mensaleiros e o dinheiro que recebiam da quadrilha chefiada por José Dirceu. Fingiu não ter entendido que o crime já estava dado com o recebimento do dinheiro, como demonstrou o Supremo.

Não tem jeito! Ele tem uma natureza…

Por Reinaldo Azevedo

 

Justiça manda soltar Carlinhos Cachoeira

Por Laryssa Borges, na VEJA.com:
O  bicheiro Carlinhos Cachoeira foi libertado à 0h03 desta quarta-feira, depois de passar quase nove meses preso. O contraventor deixou o presídio da Papuda, em Brasília, sem falar com a imprensa, no banco do passageiro de um carro dirigido por seu advogado, Antonio Nabor Bulhões. A juíza Ana Claudia Barreto, da 5ª Vara Criminal do Distrito Federal, determinou na noite de terça-feira a libertação do contraventor, cujas atividades motivaram a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional. O alvará de soltura foi expedido às 19h01.

A expedição do alvará ocorreu após a juíza do Tribunal de Justiça do Distrito Federal ter confirmado a condenação do bicheiro a cinco anos de reclusão pelos crimes de formação de quadrilha e tráfico de influência em regime semiaberto. A sentença se refere às atividades do contraventor em esquemas criminosos no Distrito Federal, investigados pela Operação Saint Michel, desencadeada pela Polícia Civil do DF. Bulhões disse que a defesa pretende recorrer da sentença. “Estamos convictos de que ele não praticou nenhum dos crimes pelos quais foi condenado”, afirmou. “Agora, ele tem o direito de recorrer em liberdade”

A mulher do contraventor, Andressa Mendonça, chegou ao presídio às 22h35 para acompanhar o processo de soltura. “Daqui vamos direto para Goiânia”, disse, antes de entrar na penitenciária.

Para os policiais, o bando de Cachoeira tentou fraudar o sistema de bilhetagem eletrônica do transporte público na capital federal, tentando infiltrar uma empresa sul-coreana na empresa pública de transporte do Distrito Federal e, com isso, obter 50% dos lucros do contrato de bilhetagem.

Paralelamente à decisão de soltar Cachoeira, determinada nesta terça-feira, a defesa do bicheiro já havia impetrado um novo pedido de habeas corpus para garantir sua liberdade. No entanto, um pedido de vista interrompeu a conclusão do caso. Com a autorização de liberdade decretada hoje, na retomada do outro julgamento, a solicitação deve ser declarada prejudicada.

De acordo com o criminalista Antonio Nabor Bulhões, que atua na defesa do contraventor, com a confirmação do alvará, a 5ª Vara encaminhará a decisão judicial ao presídio que, por lei, vai verificar a veracidade do documento. Em seguida, antes da libertação do condenado, é realizado um exame médico para atestar as condições físicas do detento.

Monte Carlo
Carlinhos Cachoeira foi o protagonista da Operação Monte Carlo, que revelou que o esquema de contravenção que atuava para corromper empresas e governos estaduais em proveito do esquema criminoso. Os braços da quadrilha envolviam a construtora Delta, uma das maiores empreiteiras com maior contrato junto ao governo federal.

No périplo judicial do bicheiro goiano, sua principal batalha era tentar anular os grampos telefônicos que desvendaram a relação próxima de governos estaduais, como o de Goiás, e de empresas laranjas no esquema criminoso relevado por escutas da Operação Monte Carlo da Polícia Federal. Se consideradas ilegais as interceptações, feitas com autorização da Justiça, os réus presos seriam libertados por falta de base para acusação. O Tribunal Regional Federal da 1º Região, em Brasília, considerou todos os grampos dentro da lei.

 A partir da denúncia anônima de um esquema ilegal de exploração de jogos, o Juiz de Direito da 1ª Vara de Valparaíso de Goiás havia autorizado a quebra dos sigilos telefônicos de Carlinhos Cachoeira e de seus comparsas, garantindo a investigação.

Por Reinaldo Azevedo

 

Ferreira Pinto deixa Secretaria de Segurança de SP, mas delinquências continuam…

Antônio Ferreira Pinto deixou o cargo de secretário da Segurança Pública. Consta que foi a pedido. Tenha sido ou não, uma coisa é certa: foi alvejado por uma soma de delinquências: a da bandidagem, que percebeu que pode operar em parceria com o jornalismo; a política, que tem sede no governo federal, mais especialmente no Ministério da Justiça, que transforma a própria incompetência em arma para atingir adversários, e a jornalística, que passou a ignorar a realidade da área em favor do alarde e do terrorismo noticioso.

O estado de São Paulo passou a ser visto como terra de ninguém. Todas as ocorrências são tratadas como parte da tal onda de violência. Exibem-se números como se o padrão anterior fosse o da “morte zero”. Há uma média, arredondando (e elevando) os números, de 4 mil assassinatos por ano no Estado – e isso o coloca na condição de unidade da federação em que menos se mata no país. Dividendo-se 4 mil por 365, acontecem, também em média, 11 assassinatos dolosos por dia no estado. Ignorar esses números ao tratar da “onda de violência” é fazer mau jornalismo. Não é só isso. Vejam o noticiário. Todos os mortos são postos no mesmo balaio: bandidos mortos em confronto com a polícia; policiais mortos em confronto com criminosos; acertos de conta entre desafetos, crimes passionais… Tudo isso seria parte da “onda”.

Contabilidade macabra
“Mas que contabilidade macabra é essa, Reinaldo Azevedo?” Macabro é o Brasil, em que são assassinadas cerca de 50 mil pessoas todos os anos, diante de um governo federal, este sim, inerme, incapaz de organizar uma política de segurança pública. Não vou desistir dos fatos. Se, no Brasil, o índice de homicídios fosse o de São Paulo, 30 mil vidas seriam poupadas todos os anos.

São Paulo está sendo alvo de um ataque organizado, que é de natureza política. Ferreira Pinto, que deixa a secretaria, levou o estado à mais baixa taxa de homicídios de sua história. Se, repito o que escrevi em artigo na VEJA, o pior número do estado se repetisse todos os dias – 22 assassinatos -, ainda assim, o estado estaria entre os mais seguros do Brasil.

E é precisamente esse estado que está debaixo de vara. É o resultado da união objetiva entre o PCC, o governo federal e setores da imprensa.

Por Reinaldo Azevedo

 

O Brasil que mata mais resolve escarnecer do Brasil que mata menos. O centro da operação é Brasília, com ramificações na imprensa

São Paulo divulga mensalmente os números da violência no estado — e, claro!, na capital também. É das poucas secretarias a fazê-lo. Nesses casos, dana-se mais quem é mais transparente.

Nesta quarta, tornaram-se públicos os números de outubro. Houve, na comparação com o mesmo mês do ano passado, um grande crescimento no número de homicídios dolosos. Na capital, foram 176 ocorrências contra 82 em outubro de 2011. No estado como um todo, 571 contra 385 — crescimento de 38%.

Existe um surto de violência? É evidente, e nunca se negou isso aqui. A se levar em conta o noticiário, as ruas de São Paulo vivem em clima de faroeste. Vamos fazer contas. Para tanto, é preciso lidar com alguns dados prévios. O estado tem 41.252.160 habitantes. Vou arredondar para 41,3 milhões — ou 413 grupos de 100 mil habitantes.

Muito bem, caros leitores! Digamos que os números de outubro, em São Paulo, tivessem se repetido nos nove meses anteriores (é falso, como sabem!) e se repitam nos dois meses subsequentes. Multiplicaríamos, então, 571 por 12. Chegaríamos a 6.852 homicídios. Para saber quantos são os mortos por 100 mil, você precisa dividir esse número por 413. Chegará a 16,5 motos por 100 mil.

ATENÇÃO! ESTOU JOGANDO COM O PIOR CENÁRIO. SÃO PAULO FICARÁ MUITO LONGE DESTA MARCA EM 2012. Até outubro, houve 4.107 homicídios no Estado. A taxa anual deve ficar pouco acima de 10 por 100 mil. Mas volto ao ponto. Digamos que fosse o cenário de horror e que São Paulo tivesse mesmo 16,5 motos por 100 mil. Abaixo, reproduzo o quadro do Anuário Brasileiro de Segurança Pública com os dados de 2011. ATENÇÃO! MESMO NA CONTA ABSURDA QUE FIZ, SÃO PAULO SERIA O ESTADO COM A MENOS TAXA DE MORTOS POR 100 MIL HABITANTES ENTRE AQUELES CUJOS DADOS TÊM ALTA CONFIABILIDADE.

 

Vale dizer: a segurança pública no estado de São Paulo precisaria piorar muito, mas muito mesmo!, para chegar à de outros estados. Por que os cadáveres do Rio, onde se mata absurdamente mais, não viram notícia? E os da Bahia? E os de Pernambuco?

A cidade
Agora vamos pensar os números da cidade de São Paulo. Foram 176 ocorrências em outubro. Digamos que assim tivesse sido nos meses anteriores (falso!) e que assim seja nos subsequentes. Teríamos, então, na capital, 2.112 homicídios. A cidade tem 11.376.685 habitantes. Arredondo para 11,4 milhões — ou 114 grupos de 100 mil habitantes. Nessa hipótese macabra, a cidade teria 18,52 motos por 100 mil habitantes. Atenção! Deve fechar o ano com pouco mais de 11!!!

Vamos recorrer ao Mapa da Violência (com dados por 100 mil de 2000 a 2010) — o Anuário não tem dados por capitais — para saber em que lugar ficaria a cidade São Paulo mesmo no cenário mais tétrico:

 

Voltei
Sim, leitor, a cidade ficaria, ainda assim, e com folga, em último lugar. Por que os mais de 55 mortos por 100 mil de Salvador, por exemplo, não geram notícia, não vão parar no Jornal Nacional, e não se fala em “crise” na segurança pública? Por que os mais de 80 mortos por 100 mil de João Pessoa não são do interesse da imprensa e do governo federal? Onde estão as ocorrências dos 24,3 mortos por 100 mil do Rio?

Que coisa!

O estado e a capital em que menos se mata no país estão sendo tratados pelo noticiário como terra de ninguém. É vergonhoso! Por que é assim? Tenho algumas pistas. Um leitor me manda o link de uma reportagem que foi publicada no jornal O Globo, do dia 10, que dá pano pra manga. Na madrugada, falarei a respeito.

Revejam os dois quadros acima. Mesmo com o surto de violência, o estado de São Paulo tende, reitero, a fechar o ano com pouco mais de 10 mortos por 100 mil no Estado e pouco mais de 11 na capital. Se todos os dias fossem iguais ao pior dia; se todos os meses fossem iguais ao pior mês, mesmo assim, não haveria ninguém para oferecer uma alternativa virtuosa a São Paulo. 

Se esses índices, numa hipótese absurda, fossem multiplicados por dois, estado e capital estariam, ainda assim, entre os mais seguros do Brasil. E isso só nos informa a escandalosa violência que há no Brasil.

Não obstante, autoridades do governo federal, com o apoio de setores importantes da imprensa (os motivos têm de ser devidamente investigados), decidiram desestabilizar a política de segurança pública da unidade da federação que exibe os resultados mais virtuosos.

O Brasil que mata mais escarnece do Brasil que mata menos e resolve lhe dar algumas lições de moral. O centro da campanha contra São Paulo está em Brasília, e seus braços operativos se espalham na imprensa.

Já estamos em clima de 2014!

Por Reinaldo Azevedo

 

Deputado que sacou dinheiro do Banco Rural oferece almoço em homenagem a Dirceu. Faz sentido…

Por Nelson Barros Neto, na Folha:
Uma semana após ser condenado a dez anos e dez meses de prisão no julgamento do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu recebeu ontem um “ato de solidariedade” de petistas da Bahia, em Salvador. O almoço aconteceu na casa do deputado federal Josias Gomes (PT), que figurou na lista dos sacadores de dinheiro na boca do caixa do Banco Rural na época do escândalo, mas foi absolvido após processo de cassação na Câmara e não virou réu no julgamento do Supremo.

O prato principal foi uma “paella”, “em homenagem ao discurso da presidente Dilma [Rousseff] na Espanha”, disse Gomes à Folha. As dezenas de convidados ainda comeram uma costela de bode.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

No Dia da Consciência Negra, Paulo Henrique Amorim teve de publicar isto

Vocês se lembram — recorram ao arquivo (aqui, há uma seleção de textos) — de todas as coisas asquerosas que Paulo Henrique Amorim já escreveu contra o jornalista Heraldo Pereira. Um acordo judicial obrigou o animador de TV e blogueiro a tornar pública uma retratação por conta das ofensas dirigidas ao jornalista. Ele o fez, mas de modo meio maroto, acrescentando considerações que torciam o sentido da decisão judicial.

Teve de retratar-se de novo — sem firulas. No Dia da Consciência Negra, aquele que chamou Heraldo Pereira de “negro de alma branca” teve de publicar nos jornais a seguinte retratação:

 

Encerro
Paulo Henrique Amorim achou que poderia ensinar a Heraldo como ser um bom negro. Afinal, por que não um branco para fazê-lo, não é mesmo? Heraldo resolveu ensinar-lhe como funciona o estado de direito para brancos, negros, altos, baixos, inteligentes, bobalhões…

Por Reinaldo Azevedo

 

Fala da ministra Maria do Rosário deixa a população refém da bandidagem!

Para satisfação e gáudio da estupidez politicamente correta — e criminosamente correta também —, a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) decidiu pensar. E esse é sempre um momento periclitante para a experiência humana na Terra. Ela esteve ontem com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), para pedir mais rapidez na votação de um projeto que cria um sistema de prevenção contra a tortura nas cadeias. E mandou ver ao vento: “O que as pessoas precisam compreender cada vez mais é que, quanto pior a situação dentro dos presídios, mais violência nós teremos nas ruas. Há uma conexão”.

Qual conexão, minha senhora? Agora prove o que diz. Ela não vai conseguir, é evidente, porque está apenas dizendo uma dessas tolices pomposas, com a qual vão concordar amplos setores da imprensa, não necessariamente muito afeitos ao calor do pensamento. Afinal, sustentar que Maria do Rosário diz uma grossa bobagem pode se confundir com a defesa da tortura nas cadeias… A tolice politicamente correta tem sempre o condão de paralisar a razão.

Então vamos ver. Pra começo de conversa, os chefões que mandam no crime organizado costumam estar em cadeias de segurança máxima, bem longe das agruras enfrentadas por boa parte dos 470 mil  que há no Brasil e que, atenção!, não pertencem a facção nenhuma. Uma coisa é reconhecer a existência de PCC, Comando Vermelho, ADA etc. Outra, distinta, é imaginar que eles realmente comandam um exército de centenas de milhares de pessoas. Mas esse não é o aspecto mais deletério da fala doidivanas desta senhora.

Os presídios precisam melhorar porque há que se seguir a lei no país também para os presos. Precisam melhorar porque não se admite que o estado mantenha milhares de homens em condições abaixo de qualquer dignidade. Trata-se de uma obrigação de quem tem a correta tarefa de tirar do convívio social os que delinquem. Mas não! Os presídios NÃO PRECISAM MELHORAR porque, de outro modo, seremos todos reféns de organizações criminosas. Seremos agora chantageados por presos?

Ao dizer o que disse, Maria do Rosário retirou dos chefes do crime organizado a responsabilidade por atos que intranquilizam milhões de brasileiros e a transferiu para as costas largas da sociedade. Seríamos, então, vejam que maravilha!, os verdadeiros responsáveis por aquilo que nos ameaça.

O que me encanta, adicionalmente, na sua fala é o tom. Vamos reler: “O que as pessoas precisam compreender cada vez mais é que, quanto pior a situação dentro dos presídios, mais violência nós teremos nas ruas. Há uma conexão”. Fica parecendo, como veem, que estamos resistindo bravamente àquilo de que Maria do Rosário quer nos convencer. Dá a impressão de que está nas nossas mãos dar menos ou mais dinheiro para o sistema penitenciário. Nessa fábula, ela é a Fada Boa, aquela que pretende nos conduzir para o caminho do bem!

Mas esperem! O partido a que pertence esta senhora é governo no Brasil há looongos 10 anos! Ainda tem mais dois pela frente, com boas chances, hoje ao menos, de reeleição. ASSIM, QUEM PRECISA COMPREENDER QUE É PRECISO INVESTIR EM PRESÍDIOS É O SEU GOVERNO, É O SEU PARTIDO.

O ministro da Justiça — seu colega de legenda José Eduardo Cardozo — é o chefe do Depen (Departamento Penitenciário Nacional). O Depen responde pelas execuções penais no Brasil inteiro e tem livre acesso a qualquer presídio na hora em que bem entender. Quem “precisa compreender” a gravidade da questão é o próprio ministro — ou como se explica o corte, em 2011, de R$ 1,5 bilhão da verba da Secretaria Nacional de Segurança Pública?

Há outro ângulo a examinar na fala da ministra.Ela faz supor que o crime organizado não cessará seus ataques enquanto não melhorar a situação dos presídios, de sorte que haveria uma relação mecânica entre uma coisa e outra, e os bandidos que organizam ataques o fazem levados por uma espécie de fatalidade. Não poderiam, assim, evitar seus atos. O bandido, na formulação magistral de Maria do Rosário, seria também uma vítima. Como tal, merece reparação.

É claro que a condição dos presídios têm de melhorar. Mas não! Isso, por si, não contribuirá para diminuir a violência na sociedade. Até porque, minha senhora, basta cotejar o número de homicídios dos estados que menos prendem com os dos estados que mais prendem, e nós vamos constatar o óbvio: os que prendem menos têm taxas de homicídios muito maiores.

Reitero: os presídios precisam oferecer condições salubres aos presos porque esse é um dever do estado. Mas sem essa de sugerir que estamos, como sociedade, colhendo o que plantamos. Uma ova! Se o governo federal fosse mais efetivo para vigiar as fronteiras, por exemplo, entrariam no país menos drogas e armas — e isso certamente teria um efeito positivo no combate à violência.

E como Maria do Rosário é petista, não poderia faltar a tentação de jogar a responsabilidade nas costas de outros governos: “Estamos, sim, diante de uma situação de emergência. Ainda que não seja atual, que já venha se arrastando há muito tempo, não basta apenas ampliar o número de vagas.”

É o que ela tem a dizer depois de dez anos no poder!  Pois é… Vamos ver se o PT consegue mais quatro nas urnas. Ao fim de tudo, poderemos dizer com orgulho, depois dos “cinquenta anos em cinco” de Juscelino: “PT: quatro anos em dezesseis”…

Por Reinaldo Azevedo

 

Por que o terrorismo palestino não consegue matar um número suficiente de israelenses para satisfazer a sede de sangue do antissemitismo militante ou envergonhado

O que faz aqui esta imagem?

Explico.

Os foguetes lançados pelo Hamas e por outras organizações terroristas que operam na Faixa de Gaza não costumam, de fato, provocar grandes baixas civis em Israel. É o que basta para que se propaguem alguns juízos intelectualmente delinquentes, segundo os quais qualquer resposta da parte agredida — Israel — caracterizará sempre uma “reação desproporcional”. Os aritméticos da morte acham que os israelenses só serão justos quando houver um número… proporcional de corpos!

Mas por que, então, morrem menos israelenses? Nos últimos 12 anos, já foram lançados, atenção!, 12 mil foguetes de Gaza contra o território Israelense — 650 deles só depois do início da atual crise. É, leitor, você está enxergando bem, sim: DOZE MIL! Você conhece, não é?, aquele jeitinho muito particular que os extremistas têm de buscar a paz. E por que, proporcionalmente, morrem poucos israelenses?

Não é por causa da generosidade dos foguetes do Hamas.
Não é por causa da natural perícia desenvolvida pelos judeus para fugir de foguetes.
Não é por causa da irrelevância dos dispositivos lançados — que podem, sim, matar muita gente.
Não é por causa da imperícia do terror.

Como escreveu Carlos Drummond no poema “Prece de Brasileiro”, referindo-se justamente a Israel, trata-se de “obra do homem e da tecnologia”. Um texto publicado no site das Forças de Defesa de Israel explica o falso mistério.

Informe-se o óbvio. Os foguetes iranianos Fajr-5, usados pelos terroristas, podem, sim, alcançar cidades como Tel Aviv e Jerusalém e provocar grandes estragos. Isso significa que 3,5 milhões de Israelenses estão sob risco permanente. Se o pior não acontece, é porque as forças de segurança se equiparam para proteger a população da sanha terrorista.

Uma das práticas conhecidas da Força Aérea Israelense é impedir o lançamento do foguete com um ataque preventivo. As forças de defesa do país têm mapeada boa parte dos locais onde atuam os terroristas. Desde o início da atual operação, foram identificados nada menos de 1.300 pontos de possível lançamento.

Mas isso não basta. Israel desenvolveu o seu próprio sistema de interceptação de mísseis, o Iron Dome. O site Defesa.net explica como ele funciona:
“Cada bateria possui um radar de rastreamento, um software de controle de tiros e três lançadores, cada um equipado com 20 mísseis interceptores. O sistema, que não tem como ser 100% eficaz, segundo seus próprios criadores, pode atingir em pleno voo projéteis a uma distância de 4 a 70 km. Sua taxa de sucesso oscila entre 75% e 90% desde o início do novo ciclo de violência entre o exército israelense e militantes palestinos de Gaza, de acordo com estatísticas do exército, que explica ter como alvo apenas os projéteis que ameaçam cair em áreas povoadas.
O ex-diretor do programa de pesquisa sobre o “Iron Dome”, Arieh Herzog, acredita que a eficácia do sistema está em constante aperfeiçoamento. “Quando o sistema detecta um foguete, ele calcula seu ponto de impacto. Se ele se dirige para regiões povoadas, ele decide interceptar”, ressalta. De acordo com especialistas militares, um total de 13 baterias serão necessárias para garantir a cobertura completa do território israelense, o que levará vários anos.”

Informa o site das Forças de Defesa de Israel que, desde o início da atual crise, já foram interceptados pelo sistema Iron Dome nada menos de 340 foguetes, muitos deles destinados a Tel Aviiv. Israel dispõe de cinco baterias. O principal problema do sistema é o custo. Cada tiro consome, segundo a imprensa israelense, a bagatela de US$ 50 mil. Só os foguetes interceptados, pois, já teriam consumido US$ 17 milhões! Ou é isso, ou é morte em massa.

E, todos sabem, a população israelense, especialmente a do Sul, é treinada a correr para abrigos a cada vez que soa o alarme de um ataque. Vejam este vídeo e não se esqueçam de que essa pobre gente é sempre apresentada como vilã, nunca como vítima.

Concluindo
Assim vive a população do sul de Israel, dia após dia, ano após ano. Os que só achariam a guerra justa se mais israelenses morressem se esquecem de um particular. A cada vez que o terrorismo faz uma vítima, o governo israelense considera o fato uma perda e uma pequena derrota, não uma vitória que dará à luz — ou às trevas — novos mártires. Por isso, em vez de usar civis como escudos, Israel criou um escudo para proteger os civis.

Não é que os terroristas palestinos não queiram matá-los em penca. Querem, sim! Não é que não disponham de armas para tanto. Dispõem, sim. Mas um governo democrático, como o de Israel, é eleito também para proteger o seu povo, não para mandá-lo para a morte.

Abaixo, o Iron Dome em ação.
 

Texto publicado originalmente às 4h21

Por Reinaldo Azevedo

 

Cotada para a Educação da gestão Haddad é ré em processo que apura desvio de verba em Santo André

Na Folha. Volto depois:
Escolhida pelo prefeito eleito Fernando Haddad (PT)para ocupar a Secretaria da Educação, Cleuza Repulho é ré em um processo que investiga um esquema de desvio de R$ 49 milhões na Prefeitura de Santo André. Cleuza ainda não foi confirmada como parte da futura gestão porque Haddad quer antes conversar com o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT). Atualmente, ela comanda a pasta no município da Grande São Paulo. Os supostos desvios ocorreram entre 2005 e 2008, quando ela era a titular da Educação em Santo André. O ex-prefeito da cidade João Avamileno (PT) também é réu no processo. Os dois negam irregularidades.

Em ocasiões anteriores, Cleuza afirmou que as denúncias eram decorrentes de disputas políticas. De acordo com o Ministério Público, que apresentou ação de improbidade administrativa no ano passado, a Secretaria da Educação repassava verbas para uma ONG que não comprovou a realização dos serviços. O Instituto Castanheira foi contratado para atendimento de adolescentes e qualificação de professores. A primeira presidente da ONG era vizinha de Cleuza, e um idealizador do instituto era ex-namorado dela.

Em sua gestão como secretária em São Bernardo, outro contrato com uma ONG (a Paradigma) também passou a ser investigado pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas. A apuração é se pessoas próximas a ela se beneficiariam do contrato de cerca de R$ 3 milhões. Cleuza enfrenta ainda uma campanha do sindicato dos servidores públicos de São Bernardo que pede sua saída do cargo. A mobilização tem até camisetas com a frase “Fora Cleuza”. O sindicato reclama de uma proposta da secretaria, ainda não formalizada, de realizar concursos públicos apenas para professores, excluindo outras funções como coordenador e orientador pedagógico e diretor de escola.

Post publicado originalmente às 4h41
(…)

Voltei
Costumo tomar cuidado com esse tipo de acusação. Os petistas é que gostam de ser ligeiros nessas coisas. Imaginem se uma gestão tucana indica alguém com esse perfil. Eles fazem passeata… Lambança de petista com ONGs e institutos criados por gente ligada ao próprio partido não chegaria a ser uma novidade. 

Noto que Cleusa Repulho, tudo indica, compõe aqueles quadros do petismo que não têm território. Onde está o partido, lá vai ela. Já serviu em Santo André, em São Bernardo e, agora, está cotada para São Paulo. Quadros da “firma” se deslocam para os entes que vão sendo capturados pelo pelo partido. No passado, o PT já fez isso com o lixo. Agora, faz com a educação.

Por Reinaldo Azevedo

 

A Delta, aquela empresa que o PT se negou a investigar, ainda é a segunda empresa que mais recebe dinheiro da União

A CPI do Cachoeira chegou ao fim sem investigar, como todo mundo sabe, o principal: a construtora Delta. O PT e o PMDB decidiram que assim seria melhor. Motivos não faltam. Leiam o que informa Fernanda Krakovics no Globo:

Além da prisão do bicheiro Carlinhos Cachoeira e da cassação do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), as investigações do suposto esquema de corrupção montado pelo contraventor goiano, feitas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, tiveram pelo menos mais um efeito prático até agora: a queda de 60% neste ano, até outubro, dos recursos repassados pelo governo federal para a construtora Delta em relação ao total pago ao longo de 2011. Mesmo com a redução, a Delta é a segunda empreiteira que mais recebe repasses do governo federal. De acordo com o Portal da Transparência, a Delta recebeu até outubro R$ 341,8 milhões do Orçamento da União deste ano, atrás apenas da Odebrecht, que recebeu, no mesmo período, R$ 795,6 milhões, para a execução de obras federais. No ano passado, a Delta liderou o ranking das empreiteiras com contratos com a União, com R$ 862,4 milhões.

Em meio ao escândalo e à divulgação das relações da Delta com Cachoeira, a Controladoria Geral da União (CGU) declarou a empresa inidônea, em junho. Assim, a sexta maior empreiteira do país ficou proibida de participar de licitações e de assinar novos contratos com o poder público. Quanto aos contratos em andamento, ficou a cargo dos gestores de cada órgão decidir por sua manutenção ou não.

Logo após a decisão da CGU, a Superintendência do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) de Mato Grosso do Sul suspendeu a assinatura de contrato no valor de R$ 30,9 milhões com a Delta. Ela fora vencedora na licitação para executar serviço de recuperação e manutenção de trecho de 108 quilômetros da BR-163 no estado.

O Dnit continua sendo, entretanto, o maior contratante da Delta no governo federal, tendo repassado neste ano, até outubro, 92% do total recebido pela empresa — R$ 314,4 milhões. A Delta é responsável por boa parte das obras rodoviárias do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A assessoria de imprensa do Dnit afirmou ontem que o órgão não rescindiu contratos para não paralisar obras.

Ainda de acordo com a assessoria de imprensa do Dnit, 99 contratos com a Delta estavam em andamento quando a empresa foi considerada inidônea, e agora há cerca de 40, a maioria de manutenção de rodovias. Os contratos não podem ser renovados. Nem podem ser firmados novos.

Entre os contratos ativos do governo federal com a Delta estão o de duplicação e restauração da BR-101, em Sergipe, e o de pavimentação e melhorias do traçado da BR-110, no Rio Grande do Norte.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Quem tomou a iniciativa de repatriar dinheiro roubado de SP, que Jersey diz estar na conta de Maluf. Ou: A Conspiração dos Éticos

A Folha publicou nesta segunda uma reportagem de Diógenes Campanha com o seguinte título: “Secretário de Serra diz ter viabilizado ação contra Maluf”. Ali se lê o seguinte trecho. Volto depois:

Secretário de Negócios Jurídicos em 2005 e 2006, na passagem de José Serra (PSDB) pela Prefeitura de São Paulo, Luiz Antonio Guimarães Marrey afirmou que a gestão do tucano lançou as bases para a repatriação de US$ 22 milhões desviados pelo ex-prefeito Paulo Maluf. A administração municipal propôs em 2009 uma ação para a restituição dos valores bloqueados na ilha de Jersey, um paraíso fiscal britânico.

A seleção do escritório que defendeu a prefeitura no Reino Unido começou no governo da petista Marta Suplicy (2001-2004). “A gestão Marta selecionou, mas não contratou. A gestão Serra contratou e tomou providências para buscar documentos em Jersey e obter o bloqueio do dinheiro”, disse Marrey. Na última sexta, a Corte Real de Jersey determinou que duas empresas atribuídas à família Maluf restituam o valor aos cofres públicos.
(…)

Voltei
Ditas as coisas da maneira como vai no título, fica parecendo que Marrey está dando apenas uma das versões possíveis – a sua – sobre o episódio. Não! Há a matéria de fato. E o fato é este: as providências para repatriar o dinheiro foram efetivamente tomadas pela gestão Serra. No que concerne à ação legal, “selecionar” um escritório de advocacia não se distingue de tomar um Chicabon.

De resto, todo o meio político sabe que Serra teria encontrado mais facilidades em fechar uma composição com o PP de Paulo Maluf nas eleições municipais deste ano se tivesse se comprometido, caso eleito, a dar de ombros para essa ação, a fazer corpo mole, a deixar pra lá. O tucano não aceitou nem conversar sobre o assunto, e o deputado do PP acabou achou mais vantajoso apoiar o petista Fernando Haddad. O acordo foi celebrado no jardim da mansão de Maluf, com a presença de Lula.

O evento ficou conhecido como “A Conspiração dos Éticos”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Ensino médio brasileiro não atinge metas para 2012

Engraçado… A campanha eleitoral em São Paulo deixou no ar a impressão de que a educação brasileira, por obra de Fernando Haddad — eleito prefeito de São Paulo — caminhava mesmo perto da perfeição, faltando um ajuste ou outro. Aí chegam os dados, “a enorme realidade”, como diria o poeta, e se constata que as coisas não são bem assim. Leiam o que informa a VEJA Online.

As metas para o ensino médio brasileiro em 2012 não foram alcançadas, revela relatório do Ministério da Educação publicado nesta segunda-feira no Diário Oficial da União. Tanto o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) como a taxa de frequência escolar para esse ciclo do ensino ficaram aquém do esperado pelo governo. 

A avaliação de desempenho é referente ao período de 1º de novembro de 2011 a 31 de outubro de 2012. Em uma escala de 1 a 10, o governo estabeleceu que o ensino médio brasileiro deveria atingir 3,8 pontos no Ideb, que combina o desempenho em exames nacionais com a taxa de reprovação. Contudo, a nota obtida foi 3,7 pontos.

Também nas séries finais do ensino fundamental (5º a 9º ano), o desempenho ficou ligeiramente abaixo do estabelecido pelo MEC, 4,1 pontos, sendo que o esperado era 4,2 pontos. A única etapa que superou as expectativas foram as séries iniciais do ensino fundamental (1º a 4º ano): nota 5 pontos, ante os 4,8 pontos esperados.

No quesito frequência escolar, as metas para o ensino médio também não foram atingidas, aponta o balando do MEC. Para o período analisado, esperava-se que 86% dos jovens entre 15 e 17 anos estivessem na escola, mas apenas 83,7% estavam matriculados em uma instituição de ensino no período analisado. 

Já a taxa de frequência das outras etapas da educação básica evoluíram dentro do esperado. Atualmente, 20,8% das crianças entre 0 e 3 anos estão matriculadas em creches, superando os objetivos para este ano (20%). A pré-escola abriga 77,4% das crianças entre 4 e 5 anos (a meta era de 76%) e o ensino fundamental está perto da universalização, abrigando 98,2% dos brasileiros entre 6 e 14 anos (a meta era de 98%). 

No ensino superior, as duas metas estabelecidas pelo MEC foram cumpridas. A primeira delas previa um crescimento de 2% das matrículas. De acordo com dados do último censo, esse crescimento ultrapassou os 6%. A pasta do ministro Aloizio Mercadante previa ainda a publicação de 3.000 atos regulatórios e de supervisão dos cursos superiores. O balanço desta segunda-feira aponta que foram mais de 6.000. 

Já os objetivos para o ensino técnico foram negligenciadas. O principal deles previa abertura de 108 novas unidades dos institutos de educação tecnológica e profissional, vinculadas aos Institutos de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifes). No entanto, foram abertas de fato apenas 30 unidades. 

Por Reinaldo Azevedo

 

Nunca antes na história destepaiz um corruptor e formador de quadrilha teve tantos porta-vozes. Ou: “Mídia” faz assessoria de imprensa de graça para José Dirceu

Nunca antes na história destepaiz alguém condenado pela Justiça por corrupção ativa e formação de quadrilha deu tanta opinião como José Dirceu. Basta que se forme um borborigmo em alguma área de seu pensamento, e lá está a imprensa: “Dirceu disse isso, Dirceu disse aquilo…”

O homem opina sobre tudo. Tem o que dizer, claro!, sobre Joaquim Barbosa, o Poder Judiciário, a reforma política, a América Latina (talvez  sobre a crise no Oriente Médio etc.

Agora, informam os portais, ele decidiu se posicionar sobre o suposto processo de “renovação” do PSDB… O condenado opina, e aquilo que os petistas chamam “mídia” se encarrega de anunciar para o mundo.

Jamais se viu um corruptor e formador de quadrilha com tantos porta-vozes. O Zé deve ficar contente. Não precisa de assessoria de imprensa. Por alguma razão, considera-se que aquilo que ele pensa é notícia.

Daqui a pouco vai opinar sobre unha encravada, espinhela caída e o mico da mais velha novela de Glória Perez…

Por Reinaldo Azevedo

 

Mensalão – Texto sustenta que entrevista de jurista alemão foi distorcida e que ele jamais aceitaria atuar na defesa de José Dirceu

Os grupos próximos a José Dirceu — e não são poucos; como os demônios da Bíblia, são uma legião — alardeiam que o jurista alemão Claus Roxin, um dos formuladores da “Teoria do Domínio do Fato”, teria considerado que suas ideias foram mal aplicadas no julgamento do mensalão. E se chegou mesmo a noticiar que ele poderia ser contratado pela defesa de Dirceu.

Pois é. O site Consultor Jurídico publica hoje um texto, de autoria de Luís Grego, Alaor Leite e Augusto de Assis — todos alunos de Roxin —, que vai na contramão do que se andou noticiando por aqui. O texto, que fala em nome do jurista, contesta abertamente a edição que fez a Folha da entrevista por ele concedida. Leiam.

Roxin faz esclarecimento ao público sobre mensalão

É de conhecimento geral que o professor Claus Roxin esteve no Rio de Janeiro para receber um título de doutor honoris causa da Universidade Gama Filho e para participar do Seminário Internacional de Direito Penal e Criminologia ocorrido na Escola da Magistratura entre os dias 30 de outubro e 1º de novembro, em convite formulado por intermédio do professor Juarez Tavares. Por ocasião dessa visita, alguns meios de comunicação pediram a concessão de entrevistas, o que foi feito de bom grado. Em nome do professor Roxin e a pedido dele, na condição de seus alunos, gostaríamos de repassar ao público brasileiro os esclarecimentos feitos pelo professor em relação a alguns fatos divulgados nos últimos dias:

O professor manifesta, em primeiro lugar, o seu desgosto ao observar que a entrevista dada ao jornal Folha de São Paulo, concedida em 29 de outubro de 2012 e publicada em 11 de novembro de 2012, ocasionou grande repercussão, mas em sentido errôneo. As palavras do professor, que se referiam apenas a aspectos gerais da teoria por ele formulada, foram, segundo ele, transformadas, por conta exclusiva do referido veículo, em uma manifestação concreta sobre a aplicação da teoria ao caso conhecido como “mensalão”. O professor declara, ademais, sua mais absoluta surpresa ao ler, no dia 18 de novembro de 2012, notícia do mesmo jornal, em que consta que ele teria manifestado “interesse em assessorar defesa de Dirceu”.[2] O professor afirma tratar-se de uma inverdade.

A redação final dada pela Folha de S.Paulo à referida entrevista publicada em 11 de novembro de 2012 é imprecisa, segundo o professor, as respostas não seriam mais do que repetições das opiniões gerais que ele já defende desde 1963, data em que publicou a monografia sobre “Autoria e domínio do fato” (Täterschaft und Tatherrschaft). A imprecisão deve-se ao título ambíguo conferido à matéria, que faz supor que houvesse uma manifestação sobre o caso ora em curso no Supremo Tribunal Federal brasileiro: “Participação no comando do mensalão tem de ser provada, diz jurista”. O professor não disse a seguinte frase a ele atribuída: “Roxin diz que essa decisão precisa ser provada, não basta que haja indícios de que ela possa ter ocorrido”, que é inclusive juridicamente duvidosa. A entrevista foi concluída com uma declaração posta fora de contexto, a respeito da necessária independência do juiz em face da opinião pública. Essa pergunta foi a ele dirigida não pela Folha de S.Paulo, e sim pelo magistrado aposentado Luiz Gustavo Grandinetti, na presença do professor Juarez Tavares, de Luís Greco e de Alaor Leite, estes dois últimos seus alunos. A Folha já havia terminado suas perguntas quando Grandinetti, em razão de uma palestra em uma escola para juízes (a EMERJ) que Roxin proferiria, indagou se havia alguma mensagem para futuros juízes, que, muitas vezes, sofrem sob a pressão da opinião pública. O professor respondeu a obviedade de que o dever do juiz é com a lei e o direito, não com a opinião pública.

A Folha, contudo, ao retirar essa declaração de seu contexto, criou, segundo o professor, a aparência de que ele estaria colocando em dúvida a própria isenção e integridade do Supremo Tribunal Federal brasileiro no julgamento do referido caso. A notícia do dia 18 de novembro vai além, afirmando: “O jurista alemão disse à Folha que os magistrados que julgam o mensalão ‘não tem (sic) que ficar ao lado da opinião pública, mesmo que haja o clamor da opinião pública por condenações severas’”. O professor recorda que nenhuma dessas ambiguidades existe na entrevista publicada pela Tribuna do Advogado do mês de novembro, entrevista essa concedida, inclusive, na mesma ocasião, à mesma mesa redonda, que a entrevista concedida à Folha.[3]

O professor declara tampouco ter interesse em participar na defesa de qualquer dos réus. Segundo ele, não só não houve, até o presente momento, nenhum contato de nenhum dos réus ou de qualquer pessoa a eles próxima; ainda que houvesse, o professor comunica que se recusaria a emitir parecer sobre o caso. Em primeiro lugar, o professor desconhece o caso quase por completo. Em segundo lugar, afirma que, pelo pouco que ouviu, o caso não desperta o seu interesse científico. O professor recorda que interesses políticos ou financeiros lhe são alheios, e que não foi sobre tais alicerces que ele construiu sua vida, sua obra e sua reputação. Por fim, o professor declara que não se manifestou sobre o resultado da decisão e que não tem a intenção de fazê-lo. Além disso, não está em condições de afirmar se os fundamentos da decisão são ou não corretos, sendo esta uma tarefa que incumbe, primariamente, à ciência do Direito Penal brasileira.

Estes são os esclarecimentos que o professor Claus Roxin gostaria de fazer ao público brasileiro, na esperança de que, com a presente nota, possa pôr um fim a essas desagradáveis especulações.

Munique, Alemanha.
18/11/2012

Por Reinaldo Azevedo

 

O que faziam três terroristas da Jihad Islâmica no “prédio da mídia”? Algum sabido consegue explicar?

Aos 51 anos, eu ainda me dou ao espanto e ouso fazer algumas perguntas cujas respostas, segundo entendo, alguns dos coleguinhas já sabem. Pô, por que são tão egoístas? Nós todos queríamos conhecê-las! Como já constatamos, israelenses são seres naturalmente malvados, na exata proporção em que palestinos são boas pessoas. E, obviamente, se descarta, como estamos no terreno dos puros, que possa haver bons israelenses e maus palestinos. De jeito nenhum!

Israel, com essa mania de se defender dos inimigos (onde já se viu uma coisa dessas?), atacou pela segunda vez um prédio, informa o mundo, que abriga “escritórios de mídia”. Uma coisa muito feia de se fazer mesmo, né? Neste segundo ataque, vejam que coincidência, morreu Ramez Hamez, que vem a ser, ora que surpresa!, comandante da Jihad Islâmica. Três outros integrantes do grupo foram feridos. A Jihad Islâmica é um bando terrorista financiado pelos companheiros do… Irã. O Irã é aquele país governado por aquele senhor que pretende… varrer Israel do mapa. Entendo! “Era só linguagem figurada…” Claro que era…

Os coleguinhas que já sabem a resposta a sonegam. Eu, como não sei, continuarei a indagar: o que faziam do “prédio da mídia” três membros da Jihad Islâmica, que está operando em parceria com os ditadores do Hamas, que deram um golpe em Gaza e governam a população local debaixo de porrete? Eu faço a pergunta porque não sei a resposta. Quem julga sabê-la prefere não fazer a pergunta.

É de omissões assim que se vai construindo a farsa da luta entre as supostas pombas palestinas e os supostos falcões israelenses. Como é que se pode falar de uma “solução negociada para Gaza” se grupos satélites do Irã operam livremente naquele território, colaborando, parece, com a própria “imprensa internacional”?

Muito cândido
Eu ando, claro, muito cândido e ouso perguntar o que não sei na esperança de ouvir respostas daqueles que sabem. Leio também que o presidente do Egito, Mohamed Mursi, um dos chefões da Irmandade Muçulmana — grupo que deu origem ao Hamas, que se considera, em seu estatuto, ainda parte da turma —, é considerado agora o grande negociador de uma eventual trégua entre Israel e o Hamas. Que bom!

Não se imagina, por óbvio, que um judeu pudesse servir de mediador da crise porque lhe faltariam a natural neutralidade e a óbvia legitimidade que tem um representante da Irmandade Muçulmana, certo?

Ignorante que sou em lógica elementar — razão por que espero lições dos mais sabidos do que eu —, indago por que os Hamas intensificou os ataques a Israel (com foguetes um pouco mais potentes do que os habituais, doados pelo Irã) justamente no momento em que a Irmandade chegou ao poder no Egito. Considerando os laços que os unem, Mursi, se gosta de paz, poderia ter servido de interlocutor antes do acirramento da crise, mas aparece para dar a sua contribuição à paz depois dela… Isso deve remeter a alguma sabedoria ancestral que escapa à lógica convencional.

Os foguetes mais potentes de que dispõe hoje o Hamas não chegaram por mar em razão do bloqueio imposto por Israel (que remédio?). Também não chegaram pelo ar. Foram parar nas mãos do Hamas por terra — mais precisamente por meio dos túneis que ligam Gaza ao Egito — a área tem hoje uma das maiores concentrações de terroristas por “buraco quadrado” do mundo…

O Hamas disse que negocia só se Israel suspender o embargo a Gaza. Acho que não vai acontecer, né? Se, com ele, os israelenses já têm de se haver com centenas de foguetes (disparados em nome da paz…), imaginem o que poderia acontecer sem ele.

Nada disso espanta os coleguinhas que já sabem quem é bandido e quem é mocinho nessa história. Lá das fábulas infantis chega um conteúdo moral que dispensa a narrativa em espécie: os bons são sempre os mais fracos, e os maus, os mais fortes… É o fim da picada!

Por Reinaldo Azevedo

 

“Fica o agradecimento de nós todos, tá ligado, irmão?, pelo apoio que os irmãos deram”…

Por Jean-Philip Struck, na VEJA.com:
“Amanhã já pode normalizar tudo, tá, meu irmão?”. Tanto os ataques a ônibus e policiais militares em Santa Catarina quanto a redução de episódios de criminalidade no estado, observada nas últimas horas, parecem ter a mesma origem: uma ordem de dentro dos presídios. Na madrugada desta segunda-feira, 19, não foi registrado nenhum ataque relacionado à onda de crimes orquestrada por presos do sistema penal do estado. Foi a noite mais tranquila desde o dia 12, quando os atentados começaram.

O diálogo foi interceptado pela Secretaria de Segurança catarinense em uma gravação entre dois presos na última quinta-feira, 15 de novembro, e foi obtida pelo jornal Diário Catarinense, sediado em Florianópolis. Segundo o jornal, o diálogo foi travado entre um preso detido em uma cadeia de Blumenau, na região norte, e outro em um presídio não identificado. Os nomes não foram divulgados. Na conversa, os dois presos comemoram os resultados da onda de atentados. ”Fica o agradecimento de nós todos, tá ligado, irmão. Pelo apoio que os irmãos deram”, diz um dos presos (ouça o áudio).

A ligação ainda reforça a hipótese de que os atentados tiveram origem em uma suposta insatisfação de membros de facções criminosas com as condições dos presídios catarinenses, em especial o de São Pedro de Alcântara, na grande Florianópolis, onde nos últimos meses presos fizeram denúncias de que estariam sendo torturados. Na quarta-feira, 14, o diretor da unidade foi afastado. 

Na ligação, após comentar que dezenas de presos iriam passar por exames para detectar possíveis casos de tortura, um dos presos passa para o outro a ordem de “normalizar”. Os dois ainda combinam de repassar as ordens para outros presídios do estado, entre eles o de Biguaçu, na grande Florianópolis, e uma unidade agrícola na capital – o que demonstra a facilidade de comunicação entre os detentos de diferentes unidades.

A ordem dos presos para interromper os atentados não parece ter surtido efeito imediato, já que entre os dias 16 e 18 ainda foram registrados 15 ataques, entre depredações de ônibus e tiros disparados contra bases da polícia.Mas o número de ataques nesse período foi bem menor do que o registrado entre os dias 13 e 15 – pico que concentrou mais de 70% das ocorrências –, e já apontava a redução que culminou na madrugada tranquila desta segunda-feira. O último atentado no estado, o 68º segundo os registros da PM, aconteceu na noite de domingo, em Criciúma, no sul do estado – um ônibus foi apedrejado e uma passageira ficou ferida. 

O comandante do 4° Batalhão de Polícia Militar de Santa Catarina, o tenente-coronel Araújo Gomes, minimizou na tarde de hoje o conteúdo da gravação. Em entrevista a um telejornal local, ele afirmou que a redução da violência se deve a um “conjunto de fatores”, e está ligada principalmente à intensificação da ação da polícia. No dia 15, quando a conversa entre os presos foi registrada , 21 pessoas foram presas. Segundo Gomes, como a redução da violência ainda foi gradual, isso indicaria que não houve uma ordem abrupta para parar os atentados.

Durante a onda de ataques, 47 pessoas foram presas. Ao todo, 27 ônibus e 12 automóveis foram incendiados, dez ataques com arma de fogo contra PMs e agentes prisionais foram registrados e  três suspeitos morreram em confronto com a polícia.

Por Reinaldo Azevedo

 

O jornalismo que se presta a fazer assessoria de imprensa para o crime organizado e desorganizado

CENA UM
Aeroporto de Congonhas,

— Vai graxa aí, Tio?
— Não, não precisa.
— Vai só pra me ajudar, que o meu barraco pegou fogo.
— Pegou?
— Foi a polícia!
— Como assim?
— Foi a polícia que botou fogo no barraco. Já é a segunda vez já.
— Cê acha que a Polícia ia botar fogo na sua casa?
— Claro que foi!
— Mas alguém viu a polícia fazer isso?
— É, ninguém viu, mas todo mundo sabe que foi.
— Onde você mora?
— Na favela tal…
— Vem cá, quem é que fica falando que foi a polícia?
— Ah, o pessoal lá.
— Que pessoal?
— Ah, todo mundo, ué.

CENA DOIS
— Melhorou a situação lá no seu bairro, Fulana?
— Parece que tá mais calma.
— Tome cuidado, hein!?
— Pode deixar. O pessoal lá não tem problema, não. O problema é a polícia.
— Como assim?
— A polícia matou quem não devia e deixou lá os bandidos.
— Não entendi.
— O pessoal que levou tiro não era bandido, não. Eles atiraram em gente inocente.
— Você está falando dos motoqueiros.
— É.
— Mas como você sabe que eram policiais?
— Ué, o senhor não viu na televisão, não?
— Mas por que a polícia iria matar justamente quem não é bandido?
— Ah, isso eu não sei.
— Todo mundo sabe quem é bandido lá?
— Ah, todo mundo, né?
— Você não acha que a polícia também saberia e, se quisesse, iria matar os bandidos?
— É…
— Talvez não seja a polícia.
— Ô seu Reinaldo, o senhor não é jornalista, não? Todo mundo sabe que é a polícia.

Voltei
Os diálogos aconteceram justamente assim. Com a ajuda do subjornalismo de tese, os bandidos estão conseguindo satanizar a polícia em comunidades pobres sem que se tenham as provas de que os ataques feitos pelos “motoqueiros” sejam “coisa da polícia”. Supõe-se que assim seja porque, afinal, neste ano, mais de 90 policiais foram assassinados, e a lógica canhestra indica que isso só pode ser uma “reação”.

É também o que “comprovam” as informações que jornalistas recebem em “off”. Antigamente, o off servia, em casos assim, para dar início a um trabalho de apuração, de investigação, que levasse ao leitor ou ao telespectador a comprovação do fato. Hoje em dia, dispensa-se essa segunda parte.

Repito a pergunta que fiz à minha interlocutora (segundo diálogo): se todo mundo sabe quem é bandido numa determinada comunidade, por que justamente a polícia não saberia e escolheria matar quem não é? Hoje, se o PCC ou qualquer outra força criminosa quiser botar a polícia no banco dos réus, basta que pegue uma moto e saia atirando a esmo.

Irresponsabilidade
É espantosa a irresponsabilidade com que tais acusações são feitas. Os alvos são sempre os mesmos: a polícia e a Secretaria de Segurança Pública do estado. O objetivo, traiu-se um repórter da Folha, é demonstrar que “desmoronou” uma “uma política de segurança que era considerada exemplar” (ver post da manhã). “Analistas” isentos já especulam sobre os efeitos eleitorais — e faltam ainda dois anos para que se chegue lá — da atual “onda de violência”.

Não! Obviamente não vou ceder às falsas evidências, à reportagem de tese, aos offs dados sob medida para “comprovar” as ilações. Na prática, certo jornalismo faz hoje assessoria de imprensa para o crime organizado ou desorganizado. Toda morte que ocorre no estado, agora, é parte da “onda”; todo motoqueiro que atira é “policial”; até o acerto de conta entre bandidos deve ser debitado na conta da polícia.

Poderia ser só coisa de mentecaptos. Mas há mais aí: há um projeto político. A campanha eleitoral de 2014 se colou à de 2012. E não vê mal nenhum em politizar cadáveres.

Por Reinaldo Azevedo

 

Jornalismo macabro: escondendo os cadáveres que não interessam com aqueles que interessam

Escrevi na VEJA desta semana um artigo sobre os números da violência em São Paulo, comparando-os com o que acontece no resto no Brasil. O texto se segue a uma reportagem da revista que procura entender o que está em curso, em vez de fazer terrorismo, como virou moda. Alguns tontos me escreveram afirmando que tentei minimizar o problema. Que bobagem! Se eu negasse o surto de violência, ele deixaria de existir? Recuso, isto sim, é a espetacularização intelectualmente vigarista do que é um drama para muita gente.

Não vou aderir à indigência política que toma conta desse assunto só para evitar a suspeita de que gosto de andar na contramão. Pra começo de conversa, eu não tenho o menor problema de ir no contrafluxo se achar que devo. Se os números e os fatos, além da convicção, me dão razão, aí é que não mesmo. Existe um recrudescimento da violência, provocado, tudo parece indicar, pelo crime organizado. Ocorre que setores consideráveis da imprensa deixaram de fazer reportagem e passaram a fazer militância. Pior: tornaram-se aliados objetivos dos criminosos. Vamos ver.

Dado o número de homicídios dolosos no Brasil, foram assassinadas ontem perto de 130 pessoas no país. Outras tantas serão assassinadas hoje, e o mesmo vai acontecer amanhã. Onde estão os mortos do Rio Grande do Sul, do Rio, de Minas, da Bahia, do resto do país? Por que suas histórias não comovem? Por que se faz mais alarde justamente onde, proporcionalmente, menos se mata?

“Porque existe uma guerra entre policiais e PCC em São Paulo, Reinaldo”, poderia responder alguém. Eis o problema! ESSA DITA GUERRA FOI INVENTADA PELO JORNALISMO DE TESE, NÃO PELA REPORTAGEM QUE SE ATÉM AOS FATOS. Jornalistas proclamam isso por aí sem que, no entanto, consigam apresentar evidências, a não ser depoimentos em off…

Peguemos os casos dos tais motoqueiros matadores. O que textos sugerem nas entrelinhas ou se explicita em falas em off é que os ditos-cujos seriam policiais vingando a morte de colegas assassinados pelo PCC. Muito bem! Impressiona-me que editores e diretores de redação não se deem conta da barbaridade. Se se dá de barato, sem evidências, que motoqueiros que passam atirando são policiais vingando a morte de parceiros, a bandidagem vai fazer o óbvio: passará a matar sobre duas rodas para incriminar… policiais!

O meu texto em VEJA evita a especulação irresponsável – e o mesmo faz a reportagem – para se ater aos dados, que estão sendo solenemente ignorados. Parece claro, a esta altura, o esforço para impor a São Paulo um outro “modelo” de segurança pública – como se a história depusesse contra o que está aí. É mentira!

A Folha de hoje traz uma entrevista com Cláudio Beato, apresentado como especialista em segurança pública. Leiam esta pergunta e esta resposta:
Folha – São Paulo tinha uma política de segurança que era considerada exemplar. O que aconteceu para essa política desmoronar?
Claudio Beato –
 Não acho que ela está desmontando. Os números não apontam para uma situação dramática. O que está acontecendo é um aumento de homicídios. O que houve foi um investimento alto na última década, em que alguns departamentos, como o de homicídios, souberam aproveitar os recursos. Teve avanço grande na investigação, o que resultou na queda dos homicídios de mais de 70% em dez anos.

Beato, nesse trecho, teve o bom sendo de corrigir o perguntador. São Paulo, apesar do recrudescimento do número de homicídios, deve fechar 2012 com a mais baixa taxa do país, mas, para o repórter da Folha, a política de segurança pública “desmoronou”!

Os fatos
Há um esforço deliberado – resta saber com que propósito – para destruir a política de segurança pública de São Paulo, mais eficiente do que a de qualquer outro estado do Brasil. Vou à página 32 do Anuário de Segurança Pública 2012 e encontro lá, por exemplo, a tabela com os mortos por armas de fogo (números por 100 mil), um índice importante de criminalidade e também do bom ou do mau trabalho da polícia, a quem compete recolher as armas irregulares. São Paulo é um dos seis (APENAS SEIS) estados em que as mortes, por esse meio, estão abaixo dos dois dígitos: Acre: 8,5; Piauí, 7,1; Roraima, 6,4; Santa Catarina, 7,6; São Paulo, 8,3; Tocantins, 9. Nas outras 21 unidades, tudo nos dois dígitos. No Rio “pacificado”, é de 25,8! Em Alagoas, 55,2; na Bahia, 31,7. Na página 33 do Anuário, há outro gráfico interessante. Em São Paulo, 57% dos crimes de morte são cometidos por armas de fogo; no Rio, 72%; Em Pernambuco e Espírito Santo, 76%.

Gastos
A página 40 do Anuário traz a tabela com os gastos de segurança. Chega a ser uma piada ver o governo federal a dar pitaco na área. Eis os da União em 2011 no cotejo com 2010:
Gastos com ação policial
2010 – R$ 453.838.474,90
2011 -  R$ 468.744.253,45
Variação positiva:3,28%
Defesa civil
2010 – R$ 1.928.736.558,02
2011 -  R$ 654.811.931,53
Variação negativa: – 66,05%
Informação e inteligência
2010 –  R$ 90.736.851,48
2011 –  R$ 37.761.346,24
Variação negativa: -58,38%

Aí está o desempenho do buliçoso José Eduardo Cardozo. Comparemos os gastos da União com os de São Paulo para vermos quem pode dar aula a quem.
Gastos com ação policial
2010 – R$ 6.002.243.824,23
2011 – 10.464.184.037,60
Variação positiva:  74,34%
Gastos com defesa civil
2010 –  28.463.959,04
2011 –  28.901.986,61
Variação positiva:  1,54%
Gastos com inteligência
2010 – 201.367.938,30
2011 – 275.463.304,72
Variação positiva:  36,80%

José Eduardo também resolveu fazer declarações bombásticas sobre presídios. Pois é…  São Paulo tem 195 mil presos, cerca de 41% dos estimados 470 mil que existem no Brasil, embora só tenha 22% da população. Veja que escândalo vai na página 46 do anuário! Os gastos totais do país com custódia e reintegração chegaram a R$ 7.567.570.274,93 em 2011. Sabem por quanto respondeu a União? Por R$ 1.000.953.831,10 — menos do que em 2010: R$ 1.373.275.483,03.

Em 2011, pois, os estados arcaram com R$ 6.466.616.443,18. Pois bem. Desse total, quanto ficou por conta de São Paulo, que tem apenas 22% da população do país? Resposta: R$ 3.841.336.810,01. Que mimo! O estado já tem 41% dos presos, certo? E ainda responde por 59,4% dos gastos com reintegração e custódia.

Crianças e adolescentes
Fui ao Mapa da Violência consultar um outro dado que costuma também ser índice de uma política de segurança pública ineficaz ou destrambelhada: o de morte de crianças e adolescentes. Está lá na página 50.

São Paulo teve uma queda no número de crianças e adolescentes mortos (mais de um ano e menos de 19) de 78,2% entre 2000 e 2010, a maior do país. Na Bahia, por exemplo, cresceu 477%. Isso em números absolutos. Na página 51, há os mortos por 100 mil habitantes. Em São Paulo: 5,4. É a segunda menor do país: só perde para o Piauí. A redução, nesse caso, é de 76,1%.

Encerro
O estado está sob fogo cruzado. A campanha eleitoral começou com dois anos de antecedência. O engajamento de setores da imprensa é escandaloso. Ligue a televisão ou leia os jornais paulistanos e fique com a impressão de que São Paulo é hoje o lugar mais inseguro do país.

Estamos diante de um dos momentos mais tenebrosos da cobertura jornalística, em que se escondem os cadáveres que não interessam com os cadáveres que interessam. E assim se faz pensando no mundo dos muito vivos…

Por Reinaldo Azevedo

 

Dilma erra e se deixa mover pela paixão

“Acato as sentenças do Supremo Tribunal Federal e não as discuto. O que não significa que alguém neste mundo de Deus esteja acima dos erros e paixões humanas”.

A fala acima é da presidente Dilma Rousseff e foi dita a José Luis Cebrián, do jornal espanhol El País. A entrevista veio a público ontem, mas a declaração tinha sido dada pela presidente no dia da condenação de José Dirceu.

Huuummm… Embora tenha falado pouco, falou demais. A declaração é pior do que parece se atentarmos para o sentido das palavras. O que quer dizer “acato as sentenças do Supremo”? Por um acaso o contrário seria possível? Dilma não as “acata” por gosto ou virtude específicos, mas porque não tem escolha. Se não o fizer, pode perder o cargo.

Filosofante e generalizante, a presidente deu a entender que o tribunal não só errou como agiu movido pela paixão. Eis um eco da ladainha petista, que procura emprestar ao STF uma aura de ilegitimidade e de tribunal de exceção.

Mas Dilma é humilde, não é? Se ninguém está imune àqueles riscos, isso certamente a inclui, razão por que obrigo-me a concluir que ela errou e se deixou mover pela paixão, coisas das quais uma presidente da República deveria se guardar.

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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