Xiii… Lá vai a Dilma gritar: “As Malvinas são argentinas”. Ou: The Economist critica contabilidade criativa do governo...

Publicado em 17/01/2013 08:05 e atualizado em 21/05/2013 15:30
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Xiii… Lá vai a Dilma gritar: “As Malvinas são argentinas”. Ou: The Economist critica contabilidade criativa do governo brasileiro

Xiii… Novo risco de a presidente Dilma seguir Silvio Berlusconi e bater boca com a Economist. A revista inglesa voltou a criticar a gestão econômica do governo brasileiro. Da penúltima vez, só faltou a Dilma gritar: “As Malvinas são argentinas…”. Só para chatear os ingleses… A governanta ficou tão brava que aproveitou para dar um pito em toda a União Europeia, como se fosse uma guerra entre continentes.  Leiam o que vai na VEJA.com:
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A admiração que a opinião pública internacional outrora nutria pela economia brasileira cai ladeira abaixo. Na edição que chega nesta quinta-feira às bancas na Europa, a revista The Economist lança mais uma série de duras críticas ao governo de Dilma Rousseff. Ao questionar os recentes artifícios usados pela equipe econômica nas contas públicas, a revista diz que “a mudança na meta (de superávit primário) seria uma alternativa melhor do que recorrer à contabilidade criativa”.

Com o título “Números errados”, a reportagem da revista afirma que os dados econômicos “decepcionantes” não param de ser divulgados no Brasil. Depois do fraco Produto Interno Bruto (PIB) apresentado em novembro, o governo de Dilma Rousseff agora “admite que só atingiu a meta de superávit primário” após “omitir algumas despesas em infraestrutura”, “antecipar dividendos de estatais” e “atacar o fundo soberano”.

Além disso, a revista diz que outra má notícia veio com a inflação que, agora, traz ainda mais “escuridão” ao cenário. Para a The Economist, se o governo não tivesse segurado os preços da gasolina e do transporte público, a inflação de 2012 teria chegado “mais perto de 6,5%”, o teto da meta do regime de inflação no Brasil. “Em 2013, esses preços tendem a subir”, diz a reportagem.

Para a revista, a resposta do governo brasileiro ao cenário negativo alimenta temores de que o Brasil possa estar ingressando em um período de inflação mais alta com crescimento baixo. “Atingida pela crítica, Dilma Rousseff ressalta que o Brasil ainda cresce mais rápido que a Europa. Isso é verdade, mas a maioria das outras economias emergentes, incluindo a América Latina, está melhor”, pondera a publicação.

A manobra nas contas públicas desaponta, diz a revista, mas não chega a ser uma surpresa. A reportagem lembra que a equipe econômica já usou expediente semelhante em 2010 em uma “complicada troca de títulos entre o Tesouro Nacional e a Petrobras” que “magicamente adicionou 0,9% do PIB ao superávit”. “Provavelmente, o Brasil poderia executar um superávit primário menor sem arriscar sua reputação duramente conquistada com a sobriedade fiscal. Mudar a meta seria uma maneira melhor de fazer isso do que recorrer à contabilidade criativa”.

A revista demonstra, ainda, preocupação com um possível enfraquecimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O risco, diz o texto, é que com uma eleição presidencial em 2014 “as autoridades farão o que for preciso para atender sua previsão de crescimento de 4% este ano”.

Por Reinaldo Azevedo

 

A Dilma, interessa um Congresso desmoralizado. Ou: O silêncio ensurdecedor do comando do PSDB!

As candidaturas de Henrique Alves (PMDB-RN) e Renan Calheiros (PMDB-AL), às presidências, respectivamente, da Câmara e do Senado são moral e eticamente injustificáveis, razão por que — os franceses escreveriam “et pour cause” — são do interesse do Planalto e do governo Dilma. “Como assim? Alguma teoria conspiratória, Reinaldo?” Bobagem! Trata-se de um exercício de lógica elementar.

Alves e Renan, dadas as respectivas folhas corridas, contribuem para desmoralizar o Congresso, que é a encarnação de um dos Poderes da República. Parlamento atrofiado, com a moral no lixo, interessa a um Executivo hipertrofiado. Não fosse uma lei da política, seria uma lei da física. Em qualquer democracia, há menos espaço institucional do que a pretensão de cada um dos Poderes constituídos. Quando um se omite ou tem de passar mais tempo se explicando do que exercendo suas funções legais, o outro ocupa o espaço. Mais: Dilma faz um governo um pouco abaixo da linha da mediocridade. Seu grande ativo é sua reputação de severa, de intolerante com a corrupção, “até com a amiga íntima de Lula”… É vista por uma boa parcela dos brasileiros como uma “não política”, imune à bandalheira.

O povaréu não sabe que, na prática, o Planalto patrocina, por intermédio do acordo do PT com o PMDB, a candidatura da dupla. Ignora também que isso é parte do jogo com vistas à eleição de 2014. Na América Latina, um mandatário ou mandatária com fama de incorruptível, pouco importa se justa ou injusta, sonha ter um Congresso com fama de ladravaz. Se Dilma pudesse escolher entre o próprio Renan Calheiros e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) para presidir o Senado, ela faria exatamente o que faz sem poder escolher: ficaria com Calheiros. “Seria assim com qualquer presidente”, poderia dizer alguém. Talvez! Mas isso não melhora Calheiros, certo?

As oposições
Um amigo, militante do PSDB (sim, existem alguns convictos, acreditem…), me ligou. Está bravo comigo por causa de um post que escrevi ontem. Não gostou de um trecho em particular, a saber (em azul):
“Também em nome do realismo, as oposições, em especial o PSDB, buscarão uma composição com esses valentes, porque a resistência poderia lhes custar não participar da mesa diretora das respectivas Casas. Seria esse um risco a correr? Seria, sim, desde que houvesse alguma interlocução com a sociedade e um discurso. Mas não há. Vai, uma vez mais, se enrolar no administrativismo e articular um de seus muitos silêncios.”

Segundo ele, estou caindo no jogo da imprensa petista, que, como ele disse, “resolveu jogar no nosso colo as candidaturas de Alves e Renan”. Argumenta ainda que a tradição é a presidência ficar com a maior bancada e que os tucanos não têm como articular uma candidatura viável. Reitera o aspecto que eu mesmo abordei: rebelar-se pode custar ficar fora da Mesa das duas Casas, “o que seria ainda pior para a oposição”.

Escrevo aqui a resposta que dei a ele (e, na nossa conversa, disse que o faria). Não ignoro os riscos a que ele alude. Mas, reitero, vale a pena ousar porque há um limite mesmo para o realismo. E me parece que Alves e Calheiros, muito especialmente este último, são limites que não devem ser ultrapassados.

Quer dizer, então, que, em nome da tradição e dos costumes não escritos, os tucanos e demais oposicionistas estão dispostos a condescender com a transgressão a leis escritas? Será mesmo que, para a oposição, é pior ficar fora da Mesa das duas Casas do que integrar a nau dos indecorosos? Ora, tenham paciência! Mirem-se no exemplo do PT quando na oposição. Não houve disputa em que o partido não lançasse ou apoiasse um candidato “alternativo”, ainda que para perder. Ademais, quem disse que eu acho que dá para ganhar? Estou aqui a tratar de derrotas que podem ser vitórias políticas. “Ah, ninguém faz nada com isso; político quer é cargo…” Bem, se é assim, então Renan e Alves são mesmo os nomes certos, né?

O meu interlocutor também não gostou de eu ter afirmado que os tucanos não têm interlocução com a sociedade e que evitam falar com ela. É mentira? O senador Aécio Neves (MG) é apontado como o candidato do partido à Presidência. Foi uma espécie de nomeação. Digamos que seja mesmo. Onde ele está? Por que não participa desse debate — como, de resto, de debate nenhum no ambiente do Congresso?

Os aecistas ficam nervosos quando leem algo assim — daqui a pouco alguém se lembra de me acusar de “serrista”…  Em matéria de futrica interna, alguns tucanos são imbatíveis. Tivessem a mesma disposição para combater o PT, a história do Brasil seria outra. Sou apenas objetivo e prático: ainda não entendi como funciona esse método de fazer oposição sem se opor a nada. E não estou sozinho nisso. Os eleitores, como as urnas deixam claro, também não entenderam.

Na Câmara, por exemplo, desde 1993, a regra é haver candidatos alternativos. Em muitas circunstâncias, tratava-se de uma questão política. Desta vez, estamos diante de graves óbices de natureza ética. Se as oposições querem existir, então têm de… existir, se me permitem a tautologia. Entregar o comando do Congresso a Alves e a Calheiros — eles mal conseguem responder a um levantamento superficial sobre sua trajetória recente — sem nem um protesto ou muxoxo é,  mais uma vez, acovardar-se. Se os tucanos, maior partido de oposição, não conseguem fazer um candidato alternativo de outra legenda, fariam mais bonito se lançassem “anticandidatura” própria. Chega a hora em que é preciso dizer aos eleitores: “Não concordamos com tais e tais procedimentos”. O preço do silêncio é a irrelevância.

Um Congresso desmoralizado poder ser interessante para o Planalto, sim. Mas interessa às oposições? Não estou jogando Calheiros e Alves no colo do PSDB porcaria nenhuma! Estou, isto sim, lembrando que o partido tem responsabilidades que os governistas não têm: VIGIAR O GOVERNO E SUAS RELAÇÕES COM O CONGRESSO, ORA BOLAS! Saibam, senhores tucanos: a maioria dos eleitores que escolheram votar no partido sabia estar escolhendo o lado derrotado. Confiou nele para pôr limites ao governismo, não para se entregar ao administrativismo sem imaginação.

Sim, senhores tucanos! Trata-se de fazer oposição. Desculpem o jeito cru de escrever isso. Encerro com uma pergunta: “Se não for agora, será quando?”.  Alguém objetará: “Ah, mas, se for eleito presidente, Aécio precisará do PMDB para governar…”. Não me digam! Precisará e terá. A questão é que, se quer mesmo ser o chefe de todos um dia, terá de passar pela situação desagradável de ser o chefe de uma parte e de dizer o que pretende. O sorriso da aeromoça é sempre bem-vindo porque, com efeito, todos estão no mesmo barco — quero dizer, “avião”: tucanos e petistas, corintianos e palmeirenses, flamenguistas e vascaínos, religiosos e ateus, gays e héteros, apreciadores e não apreciadores do Bolero de Ravel… Quando eu estiver no voo, fiquem tranquilos: rezo por todos… Afinal, como saber se os engenheiros acertaram a mão ao planejar as baterias do super Boeing 787? A nossa obrigação é fazer “de tudo” para o bem geral. O ateu que não reza a alguns mil pés de altitude deixa de cumprir uma obrigação moral, né? Contrariar a própria convicção, nesse caso, quer dizer “fazer tudo”, hehe…  Mas volto. A natureza da política é outra: consiste em reivindicar o direito de governar a todos falando, inicialmente, em nome de uma parte. Político não é aeromoça.

Não é possível que o PSDB, como partido — não como vozes isoladas —, não tenha a coragem de falar nem mesmo em nome daquela parte que cobra que os políticos tenham vergonha na cara.  Vamos, tucanos, levantem e andem! Com um pouco de coragem, talvez seja possível até voar!

Por Reinaldo Azevedo

 

O nariz marrom e ideologicamente comprometido de parcela da Faculdade de Direito da USP, que, de quebra, espanca a língua e a lógica

Em novembro do ano passado, a Congregação da Faculdade de Direito da USP, que reúne representantes de alunos, funcionários e professores, resolveu aprovar um “voto de solidariedade” ao ministro do STF Ricardo Lewandowski. A informação está na Folha Online.

O texto, assinado por Antônio Magalhães Gomes Filho, diretor, é patético. Leiam.

Como viram, os valentes se solidarizam com o ministro por sua “dedicação, independência e imparcialidade”. Ah… Antes de a lendária São Francisco ter sido infiltrada pelo petralhismo, havia mais cuidado com a linguagem ao menos.

Já vi as pessoas receberem votos de congratulações em razão de suas qualidades; “de solidariedade”, nunca! Seria uma inovação desses bravos não fosse má consciência. Seria como alguém se solidarizar com o casal Angelina Jolie-Brad Pitt: “Solidarizamo-nos com Angelina e Brad porque são bonitos, talentosos, famosos, ricos e generosos com crianças abandonadas”. Não que eu ache que Lewandowski está para o mundo do direito como o casal está para o das celebridades. Mas a tal Congregação acha, né?

O subtexto
É claro que há nisso tudo um subtexto. Essa mesma “Congregação” é aquela que aprovou uma moção de “persona non grata” contra o reitor João Grandino Rodas por motivos puramente ideológicos — como ideológico é o voto de solidariedade ao ministro que não viu José Dirceu e José Genoino cometer crime nenhum no caso do mensalão. Ele foi severo, sim, com os banqueiros que financiaram a operação. Sua “dedicação, competência e imparcialidade” acusaram uma verdadeira barafunda nos controles internos dos bancos que fizeram os empréstimos fantasmas, mas não enxergaram falha nenhuma naqueles que comandaram o recebimento da grana.

Atenção!
A Congregação se solidarize com quem quiser. Eu me reservo o direito de criticá-la. Mas uma coisa, ao menos, eu cobro: coragem! A covardia intelectual é uma falta desprezível.

A Congregação da São Francisco só se “solidariza”, em vez de se congratular,  com Lewandowski porque pretende afirmar, por linhas tortas, que as críticas de que ele foi alvo eram injustas e dirigidas às suas qualidades de juiz, não a seus defeitos. De novo: trata-se de ideologia e de alinhamento partidário, não de fatos.

Quando Lewandowski sustentou, por exemplo, que o STF mudou a sua jurisprudência ao dispensar ato de ofício para caracterizar corrupção passiva, estava, infelizmente, em desacordo com os fatos. Porque isso não aconteceu, não houve mudança de jurisprudência nenhuma! As críticas de que o ministro foi alvo se exerceram justamente em nome da “dedicação, competência e imparcialidade”.

Uma pergunta óbvia: por que um voto de solidariedade a ele e não aos demais ministros? Só porque é professor da casa? Qualquer um que tenha origem na São Francisco merece manifestação semelhante? A julgar pela estupidez que se fez com Rodas, a resposta é “não”. Parece, isto sim, que tal voto se faz como avaliação de mérito de suas posições. A Congregação da São Francisco, num gesto, então, inédito, decidiu censurar a maioria do Supremo ao expressar a sua “solidariedade” àquele que foi voto vencido.

A faculdade já viveu dias melhores! Os alunos e professores que estão comprometidos com o direito e com as instituições, não com uma ideologia ou com um partido, fiquem atentos. Estão tentando transformar a lendária São Francisco em mero esbirro de um projeto de poder.

É o que nos diz esse voto que se “solidariza”, em vez der se congratular, com as supostas qualidades de um ministro do STF.

Por Reinaldo Azevedo

 

Denúncias contra Renan fortalecem tese de candidatura alternativa

Marcela Mattos e Gabriel Castro, na VEJA.com. Comento no próximo post.
A candidatura de Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidência do Senado, desde o início questionada devido ao histórico de confusões do parlamentar, ganha ainda mais críticas à medida que novas denúncias surgem a seu respeito. Reportagem do site de VEJA nesta quinta-feira mostra que Calheiros usava parte da verba indenizatória – benefício que deveria bancar despesas do mandato – para custear a sede do PMDB em Alagoas. Por mês, cerca de 3.500 reais da do Senado são direcionados para o aluguel do escritório do partido. O beneficiado era o suplente do próprio Renan, Fábio Luiz Farias – que, por sua vez, não declarou o imóvel à Justiça Eleitoral.

Favorito para suceder José Sarney (PMDB-AL), Calheiros foi escolhido pelo PMDB, dono da maior bancada da Casa, e conta com o aval do Palácio do Planalto. Mas, dentro do Senado, parlamentares que integram siglas aliadas demonstram constrangimento em apoiar a eleição dele e tentam lançar um nome alternativo. Os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) começaram ontem a distribuir um manifesto chamado “Uma nova presidência e um novo rumo ao Senado”. O documento ataca a candidatura do alagoano e relaciona a perda de credibilidade do parlamento à ineficiência da Casa.

Para Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), por enquanto o único adversário de Calheiros, o uso da verba indenizatória para fins externos ao Senado retrata um exemplo que enfraquece a Casa. No entanto, ele reforça que mais um caso que mancha a imagem do peemedebista não é novidade. “Só o fato de ele ter renunciado ao posto de presidente já fragiliza sua candidatura diante da opinião pública. Esses novos fatos são consequência desse passado, e mais parecem uma novela que a gente conhece o roteiro”, diz Rodrigues. “Se for realmente comprovado, é gravíssimo e condenável. O Renan deve prestar esclarecimentos”, reforça o senador Agripino Maia (DEM-RN).

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) argumenta que haverá um constrangimento em ter o peemedebista como presidente. Para o parlamentar gaúcho, todos já conhecem o histórico do peemedebista, deixou a cadeira de presidente do Senado em 2007 envolvido em uma profusão de escândalos.

Alternativa
O PSDB ainda tenta convencer um peemedebista dissidente a lançar a candidatura contra Renan. Dessa forma, os tucanos poderiam alegar que seguem respeitando o critério da proporcionalidade, que dá ao PMDB o direito de presidir o Senado. Uma alternativa peemedebista também aumentaria as chances de atrair potenciais eleitores do candidato oficial. Como a aproximação com Luiz Henrique (SC) e Ricardo Ferraço (ES) falhou, os tucanos conversam com Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos (PE). Pedro Taques seria a terceira opção — e já disse que, com o apoio do PSDB, aceita entrar na disputa.

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Por Reinaldo Azevedo

 

Renan banca sede do PMDB com verba do Senado

Leiam com atenção esta reportagem e a do próximo post.  Comento do post que se segue às duas.

Por Gabriel Castro, na VEJA.com:
Como todo parlamentar, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) tem direito a uma cota mensal para custear as atividades ligadas ao exercício do mandato. No caso do peemedebista, que deve se eleger presidente do Senado mais uma vez em fevereiro, parte dos 35 000 reais é usada para manter um escritório em Maceió. Mas, tratando-se de Renan Calheiros - e seu longo currículo de deslizes -, a história nunca é tão simples. Aquele que deveria ser um escritório de apoio político se transformou na sede estadual do PMDB. Na entrada do imóvel, não há nenhum sinal de que ali funcione um gabinete parlamentar. A única placa indica que o prédio é utilizado pelo partido. A telefonista esclarece, com naturalidade: em Alagoas, o escritório de apoio parlamentar de Renan e a sede do PMDB são uma coisa só.

O próprio site oficial do PMDB aponta o local como seu endereço em Alagoas: Rua Paulina Maria Mendonça, 816. O prédio com cerca de 420 metros quadrados – muito mais do que o gabinete principal do senador, em Brasília – abriga convenções partidárias, atos eleitorais e também é sede de divisões da legenda, como o PMDB Mulher alagoano. Na prática, o endereço duplo pode permitir, por exemplo, que atividades eleitorais do partido acabem ocorrendo – e, portanto, sendo custeadas – com dinheiro do Senado Federal. 

O valor do aluguel do imóvel é de 2 800 reais mensais, pago com a verba indenizatória que deveria, em tese, bancar apenas as atividades do mandato de Renan Calheiros. Mais do que isso: o pagamento é feito mensalmente a Fábio Luiz Araújo Lopes de Farias, empresário e suplente do próprio Renan no Senado.

O dinheiro da verba indenizatória também paga as despesas de telefone, água, luz e o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Somada ao aluguel, a conta mensal se aproxima dos 3 500 reais.

O fato de Renan ser presidente estadual do PMDB não torna a prática menos danosa: a norma do Senado que trata do uso da verba indenizatória é clara ao dizer que a cota pode ser usada para “aluguel de imóvel destinado à instalação de escritório de apoio à atividade parlamentar”. Destinar os recursos do aluguel ao suplente  também é uma atitude moralmente questionável. Mas o problema vai além: Fábio Luiz Farias não declarou a propriedade do prédio à Justiça Eleitoral em 2010, quando disputou a eleição na chapa de Renan. 

É como se o lugar não pertencesse a ele: no patrimônio de 2,6 milhões de reais informado à Justiça Eleitoral, constam diversos imóveis. Mas o número 816 da  Rua Paulina Maria Mendonça não aparece na lista. Renan declara alugar o prédio de Fábio Luiz Farias há pelo menos seis anos. Uma busca nos cartórios de imóveis registrados em Maceió tampouco localizou seu proprietário.

A assessoria de imprensa de Renan afirma que o imóvel é alugado de Fábio Luiz Farias desde os anos 1990. E diz que apenas um andar do prédio – que tem um pavimento além do térreo – seria destinado à estrutura do PMDB alagoano.

A manobra de Renan também não pode ser atribuída à eventual escassez de recursos do PMDB: o diretório do partido em Alagoas recebe, anualmente, uma robusta cota do Fundo Partidário, repassada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que os partidos paguem justamente despesas de custeio. Em 2011, o comando estadual da sigla recebeu 545 000 reais, dinheiro que é justamente repassado para arcar com as despesas de aluguel, conta de água, telefone, energia e IPTU.

Resposta
O senador Renan Calheiros disse ao site de VEJA que o aluguel custeado com a verba indenizatória diz respeito apenas ao andar do prédio que corresponde ao seu escritório; segundo ele, o PMDB de Alagoas paga um aluguel separado pelo restante do espaço. O peemedebista também negou que funcionários de seu gabinete prestem serviços para o partido. As informações divulgadas pelo próprio gabinete e pelo PMDB, entretanto, confirmam a sobreposição de interesses: até o número de telefone informado é o mesmo.

Fábio Luiz Farias não quis dar explicações sobre a omissão do imóvel em sua declaração de bens.

Por Reinaldo Azevedo


“Giuvinezza” do PT arrecada dinheiro para ajudar mensaleiros a pagar multa. Como é mesmo nome daquela música do Chico deles? “Chame o ladrão!”

Já houve, por certo, juventudes piores do que a do PT. Pensemos, por exemplo, na hitlerista ou na fascista. É bem verdade que ambas, especialmente a alemã, tinham caráter compulsório — o que não quer dizer que muitos não estivessem lá por gosto também. O fato é que só se podia ser jovem na Alemanha ou na Itália integrando aqueles grupos e cultuando seus valores. Com a dita “juventude petista”, este delicioso oximoro (afinal, convenham, ou se é jovem ou se é um admirador de tipos como José Dirceu, Delúbio, Lula…), a coisa é um pouco diferente: integrá-la é um ato de vontade. É preciso estar moralmente engajado na sua causa para dela fazer parte. Os que lá estão exercitam um ato de vontade, não de necessidade.

Vale a pena ver este vídeo ao som do hino fascista “Giuvinezza” (Juventude). Vejam como os jovens italianos que aparecem aí não saudáveis, altaneiros, engajados na defesa da pátria. Para honra e glória, claro: Mussolini.

Por que isso tudo? A “Juventude Petista” do Distrito Federal promove hoje à noite um jantar — com convites de até R$ 1 mil — para arrecadar recursos para ajudar a pagar as multas que o STF impôs aos petistas condenados no processo do mensalão. A turma tem como guru — podem cair da cadeira! – ninguém menos do que Delúbio Soares, que havia tomado chá de sumiço depois da condenação. Nos debates da VEJA, o professor Marco Antônio Villa indagou mais de uma vez: “Onde andará Delúbio?”. Pois é, Villa, ele reapareceu na pele de “jovens” que organizam um jantar de solidariedade a “companheiros” condenados pelo STF.

“O PT já fez dois atos em apoio aos petistas, em São Paulo e em Curitiba (PR), mas agora começaremos a levantar recursos.” A fala é de Pedro Henrichs, dirigente da tal Juventude no Distrito Federal, ligada também a outro patriota, o governador Agnelo Queiroz. Do quarteto petista pé-na-jaca, Dirceu levou a multa mais pesada: R$ 676 mil; em seguida, vem José Genoino, com R$ 468 mil. João Paulo Cunha foi condenado a pagar R$ 370 mil, e Delúbio, R$ 325 mil.

O “jovem” Pedro Henrichs é um pouco diferente dos garotos que aparecem fazendo salamaleques ginásticos para Mussolini. Este senhor já tem 27 anos. Com 26, Einstein obteve seu doutorado em física e já havia revolucionado alguns conceitos na área com três tratados. Mesmo sem a Teoria da Relatividade, já teria inscrito seu nome na história humana. Rimbaud, um jovem, parou de escrever aos 17 anos. Jovem era Mozart quando compôs a primeira ópera: tinha 11 anos. Aos 27 anos, ele já havia composto… 15!

Henrichs não precisa ser um gênio como Einstein, Rimbaud ou Mozart, mas também não precisa envergonhar, com antecedência, a sua descendência. Não dá para atribuir a tolice de um homem de 27 anos à sua juventude pela simples, óbvia e boa razão que “jovem” propriamente já não é.

A “giuvinezza” petista pretende ir além: promete denunciar o julgamento à OEA (Organização dos Estados Americanos) porque, segundo aquele jovem de 27 anos, houve uma “condenação sem provas”. É obviamente uma besteira. Ocorre que eles precisam de uma tese, qualquer uma, que justifique seus atos indecorosos.

Por Reinaldo Azevedo

 

Paulo Bernardo diz que Aécio é do partido do “juro alto”

Por Natuza Nery, na Folha:
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, partiu para o ataque contra a oposição e disse que o tucano Aécio Neves torce pelo “apagão” no fornecimento de energia e pelo “pibinho” -baixo crescimento da economia. Em férias, o ministro disparou, em entrevista à Folha, uma série de críticas contra o senador do PSDB -um dos principais nomes cotados para disputar a Presidência contra Dilma Rousseff em 2014. ”Não dá para ele e a oposição ficarem torcendo a favor do ‘pibinho’ e do apagão. Frente do contra é frente fria”, afirmou Bernardo.

“Há vários banqueiros na equipe dele, é o partido do juro alto. Ele reúne a velha guarda de economistas com uma receita velha: imposto alto, juros altos e corte de gasto, com os programas sociais indo para o vinagre.” As declarações vêm em meio a críticas à administração de Dilma devido, entre outras coisas, ao crescimento baixo da economia em 2012.

Ocorrem, ainda, após reuniões de Aécio com nomes de peso da gestão Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), como Pedro Malan (ex-ministro da Fazenda), Armínio Fraga (Banco Central) e Edmar Bacha, um dos inventores do Plano Real. Com eles, o senador tem alinhavado discurso contra a gestão Dilma na economia. ”Esse programa do Estado mínimo do Aécio deixaria a [ex-primeira-ministra britânica] Margaret Thatcher com inveja”, ironizou o ministro, em referência ao ícone da doutrina neoliberal.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Conspiração de patriotas – Blindagem a Cavendish aproximou Cabral e Cunha

Por Fernanda Krakivics, no Globo:
Afastados desde 2006, o que teria reaproximado o governador Sérgio Cabral do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) — a ponto de o primeiro estar em campanha para eleger o parlamentar líder do PMDB na Câmara contra a vontade do Planalto — teria sido a operação política para blindar Fernando Cavendish, ex-presidente da construtora Delta, na CPI do Cachoeira. Cavendish é amigo dos dois. Desde 2007, a Delta possuía cerca de R$ 1,5 bilhão em contratos com o governo do Rio.

Integrantes da bancada do Rio também ressaltam o pragmatismo político na reconciliação, uma vez que, para Cabral, é interessante ter um deputado carioca no comando do PMDB da Câmara. O partido tem a segunda maior bancada da Casa, com 78 deputados. O Congresso ainda terá que decidir o veto à redistribuição dos royalties do petróleo.

Eduardo Cunha não era integrante da CPI do Cachoeira, mas agiu nos bastidores para impedir o pedido de indiciamento do ex-presidente da Delta. Relator da comissão parlamentar de inquérito, o deputado Odair Cunha (PT-MG) chegou a pedir o indiciamento de Cavendish, mas seu relatório foi derrubado.

A assessoria de imprensa de Cabral afirmou que o governador não tem falado sobre a candidatura de Eduardo Cunha à liderança do PMDB porque esse seria um assunto da bancada. Quanto à reaproximação dos dois, supostamente por causa da blindagem a Cavendish, a assessoria de Cabral disse que a afirmação é “leviana” e não procede.

Na semana passada, Cunha comemorou e agradeceu, no Twitter, o apoio de Cabral e do prefeito Eduardo Paes. Na ocasião, o prefeito confirmou, por meio de sua assessoria, que apoia a candidatura de Cunha. Ele disputa com os deputados Sandro Mabel (GO) e Osmar Terra (RS) a liderança da bancada. E Cabral telefonou recentemente para o governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), de acordo com a coluna Panorama Político, pedindo que ele convença os deputados de seu estado a votarem em Cunha.

Cunha apoiou eleição de Cabral em 2006
Um dos parlamentares mais influentes nos governos de Anthony Garotinho e Rosinha Matheus, Cunha trabalhou com o casal para a eleição de Cabral em 2006. Após o pleito, porém, Cabral rompeu com o casal e, assim que assumiu o mandato, pôs fim à influência de Cunha no governo do estado, especialmente nas estruturas da Cedae e da Cehab.

Cunha nega que tenha participado de operação de blindagem de Cavendish e afirma que nunca foi rompido com Cabral. Diz que, na verdade, os dois não eram próximos politicamente. Como exemplo da relação sempre cordial entre os dois, o deputado afirmou que Cabral foi ao enterro de sua mãe, em 2007.

“A palavra não é reaproximação, eu nunca estive brigado com ele. Eu nunca fui próximo politicamente, mas ele sempre foi correto comigo. E, do ponto de vista de espaço político, é importante para o governador ter o líder da bancada”, afirmou Cunha.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

STF nega pedido para barrar votações de vetos no Congresso

Por Laryssa Borges, na VEJA.com:
O ministro Ricardo Lewandowski, presidente em exercício do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta quarta-feira pedido de parlamentares do Espírito Santo que tentavam impedir a votação do veto presidencial à nova Lei de Royalties. A derrubada do veto 38/2012 permitiria que a distribuição dos royalties de campos novos e daqueles já licitados e garantiria a divisão dos benefícios não só a estados como Rio de Janeiro e Espírito Santo, mas também aos que não têm o insumo em seu território.

No processo encaminhado ao tribunal, deputados e senadores capixabas pediam que o STF impedisse a Mesa Diretora do Congresso Nacional de deliberar sobre o veto à Lei deRoyalties e todos os mais de 3.000 vetos presidenciais pendentes de votação enquanto não fosse designada para cada um deles uma comissão mista. O colegiado, dizem os parlamentares, produziriam um relatório para cada veto e definiria o calendário de sua tramitação.

Em decisão individual, o ministro Lewandowski informou, no entanto, que questões relativas à votação de matérias no Congresso Nacional dizem respeito unicamente a deputados e senadores e não podem ser arbitradas pelo Poder Judiciário. “As matérias relativas à interpretação de normas regimentais do Congresso Nacional revestem-se de natureza interna corporis que refogem a revisão judicial”, disse o magistrado.

No auge dos debates sobre a votação dos vetos presidenciais, em dezembro do ano passado, após uma decisão liminar do ministro Luiz Fux, do STF, os congressistas desistiram de dar seguimento a uma espécie de mutirão de votação, onde seriam analisados em ordem cronológica os milhares de vetos pendentes de apreciação e, com isso, seria adiado indefinidamente a deliberação do veto dos royalties.

Por Reinaldo Azevedo

 

Copom decide manter Selic em 7,25% ao ano

Na VEJA.com:
Em sua primeira reunião de 2013, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, por unanimidade, manter a taxa básica de juros (Selic) em 7,25% ao ano. Trata-se da segunda decisão consecutiva de manutenção da taxa neste patamar, considerado o mais baixo da série histórica do BC. O ciclo de cortes da Selic, iniciado em agosto de 2011, quando a taxa estava em 12,5% ao ano, teve sua última queda em outubro, quando foi anunciada diminuição dos juros de 7,5% para 7,25%.

Em comunicado que acompanhou a decisão, o BC reforçou a percepção de que esse patamar de juros veio para ficar, ainda que a inflação esteja alta – o IPCA fechou em 5,84% em 2012. “Considerando o balanço de riscos para a inflação, que apresentou piora no curto prazo, a recuperação da atividade doméstica, menos intensa do que o esperado, e a complexidade que ainda envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta”, diz o anúncio.

Votaram pela manutenção dos juros os seguintes membros do Comitê: Alexandre Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.

O resultado era amplamente esperado pelo mercado. O último Boletim Focus – levantamento feito pelo BC junto a economistas- aponta juros de 7,25% até o final de 2013. Ainda segundo o relatório, o governo só deve voltar a aumentar a Selic em meados de 2014. Tal expectativa, contudo, não é vista com otimismo por especialistas, que acreditam que os seguidos cortes na taxa de juros sejam agravantes para o cenário de inflação alta observado atualmente. “Provavelmente a mudança começará no inicio de 2014, justamente porque a inflação não cederá nem neste ano, nem no ano que vem. Há ainda a possibilidade de a inflação subir ainda mais devido aos efeitos do crescimento”, afirma o economista da MB Associados, Sérgio Vale.

Crescimento com inflação
A divulgação do IBC-Br na manhã desta quarta-feira, indicador considerado uma prévia do PIB, deu certo alívio ao mercado no que se refere ao crescimento. O índice mostrou expansão de 0,4% em novembro – maior do que o esperado pelo mercado. Segundo o BC, a alta foi acarretada pela aceleração do setor de serviços, já que a produção industrial e as vendas do varejo não ajudaram. Contudo, junto com o crescimento, há expectativa de mais inflação. “O IBC-Br mais forte que o projetado aumentou as apostas do mercado na alta dos preços”, diz o economista André Perfeito, da Gradual Investimentos.

A política monetária do BC tem priorizado o crescimento do PIB em detrimento do controle inflacionário. Ao longo de todo o governo Dilma, houve excessiva leniência da equipe econômica para chancelar índices de inflação acima da meta ante a expectativa de ver a economia deslanchar. Em 2011, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou em alta de 6,5% – no teto da meta de inflação admitida pelo BC. À época, o presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, garantiu que a convergência do índice para o centro da meta (de 4,5%) era questão de tempo. Mas esse tempo não veio. Em 2012, o IPCA cravou alta de 5,84%. Já o PIB cresceu míseros 2,7% em 2011 e deverá avançar algo em torno de 1% em 2012.

Após a divulgação do IPCA de 2012, na última sexta-feira, Tombini admitiu a resistência da inflação em ceder. O discurso é um pouco distinto do que vinha sendo adotado nos últimos meses: o manjado mantra de que o índice estaria convergindo para o centro da meta. Contudo, a leve mudança de tom ainda não é indício forte o suficiente de que o BC esteja acordando para a realidade. “Até certo ponto, o BC precisa assumir o problema da inflação e reconhecer que apenas manter a política monetária no piloto automático pode não ser o suficiente para trazer o índice em direção ao centro da meta”, afirmou Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs, em relatório divulgado ao mercado.

Os bancos Bradesco e Itaú Unibanco divulgaram relatórios com apostas um pouco menos favoráveis no que se refere ao controle inflacionário no curto prazo. Os analistas das instituições acreditam que a tendência é que o BC ignore o repique inflacionário e corte ainda mais os juros ao longo do semestre. “A atividade econômica continua fraca, o que, na nossa avaliação, levará o Copom a reduzir a Selic novamente nos próximos seis meses”, informou o Itaú Unibanco.

“Novo centro informal”
As apostas para os próximos meses, contudo, são divergentes. Na pesquisa semanal feita pelo Banco Central, o Boletim Focus, a estimativa do mercado para a Selic é de que ela permaneça inalterada ao longo de todo o ano, com previsão de alta (para 8,25%) apenas em 2014. O mais preocupante, contudo, é que esse cenário para os juros ocorre em meio a um ambiente de alta inflacionária. O mercado crê – tendo o Focus como base – que o IPCA pouco cederá em 2013, ficando em 5,5% e que o BC fechará os olhos para isso, já que a expectativa da maioria é de que manterá os juros intactos. Em 2014, a previsão de inflação é a mesma, ainda que com ligeira alta da Selic.

Com isso, cristaliza-se a mensagem de que os dois pontos porcentuais tolerados acima do centro da meta de inflação, que é de 4,5%, tiveram seu sentido modificado. Se antes serviam como espaço limite para alguma situação de emergência, como o choque de preços no mercado internacional, atualmente são levados com tranquilidade como “novo centro informal” do regime de metas de inflação – algo parecido ao que o BC tem feito com a taxa de câmbio a 2,10 reais, considerada a “nova banda informal” do dólar. Porém, no caso da inflação, tal arbitrariedade pode ser perigosa.

Por Reinaldo Azevedo

 

Condenado no mensalão, ex-líder do PMDB fica inelegível até 2020

Por Laryssa Borges, na VEJA.com:
Durante o julgamento do mensalão, no Supremo Tribunal Federal (STF), José Borba foi condenado a dois anos e seis meses de reclusão pelo crime de corrupção passiva, mas sua pena acabou convertida em restrição de direitos. No auge do escândalo político, o então líder do PMDB – hoje ele é filiado ao PP – recebeu 200 000 reais do esquema do valerioduto. Ele chegou a ir pessoalmente a uma agência do Banco Rural em Brasília para sacar a propina, mas se recusou a assinar o comprovante de pagamento, o que motivou que Simone Vasconcelos, braço direito de Marcos Valério, tivesse de viajar de Belo Horizonte a Brasília para entregar em mãos o dinheiro. José Borba renunciou ao cargo em 2005, para escapar da cassação, mas não conseguiu se eleger para a Câmara no ano seguinte.

Julgamento
Ex-prefeito do pequeno município de Jandaia do Sul, Borba foi acusado pelo Ministério Público de reajustar o salário do funcionalismo público às vésperas das eleições de 2012. A estratégia de beneficiar os servidores com a reestruturação do quadro efetivo de trabalhadores e com a criação de tabelas de classe e de benefícios para funções gratificadas foi interpretada pela justiça como uma manobra para garantir votos para o então vice-prefeito e aliado de Borba, Carneiro da Metafa.

Em uma eleição apertada (foram apenas 877 votos de diferença entre o primeiro e o segundo colocado), José Borba conseguiu eleger seu candidato no pleito de outubro. Mas a justiça eleitoral considerou que Carneiro da Metafa foi claramente beneficiado com os reajustes salariais promovidos pelo então prefeito. Em decisão individual tomada nesta terça, o juiz João Gustavo Rodrigues Stolsis também determinou a cassação do diploma do prefeito eleito e de seu vice, Leandro de Souza Silva, e a diplomação e posse do segundo colocado nas eleições, Benedito José Pupio.

“O abuso do poder interfere na tomada de decisão por parte do eleitor, com isso afrontando um dos pilares do estado democrático de direito. O aumento concedido aos servidores talvez fosse realmente justo, mas porque deixar para concedê-lo em momento tão próximo à eleição? A finalidade eleitoral do ato fica evidente”, disse o juiz em sua decisão contrária a Borba. Cabe recurso contra a condenação.

Por Reinaldo Azevedo

 

Ocidente começa a colher as primeiras flores do mal da dita “Primavera Árabe”

Um dia, creio, o mundo terá clareza das burradas que Estados Unidos, Reino Unido e França fizeram durante a chamada “Primavera Árabe”. Tudo sob a liderança deste Demiurgo das Esferas chamadas Barack Obama. Leiam o que vai no Globo, com informações do El País e de agências internacionais. Volto em seguida.

O braço da al-Qaeda no Norte da África sequestrou 41 estrangeiros em um ataque que seria uma resposta à Argélia por sua solidariedade com a França no conflito com os radicais islâmicos do Mali. O ataque durante a madrugada desta quarta-feira a um centro de extração de gás em In Amenas, perto da fronteira com a Líbia, deixou ainda dois mortos — um britânico e um francês — e seis feridos. Entre os reféns do grupo terrorista estão sete americanos, cinco japoneses que trabalham para a empresa de engenharia japonesa JCG Corp, ao menos um francês, um irlandês e um norueguês.  Os sequestradores fugiram com os estrangeiros, provavelmente em direção ao Mali. A petroleira BP, uma das que exploram o edifício, no entanto, informou que alguns homens armados ainda seguem no local.

O ministro de Exterior da Irlanda, Eamon Gilmore, confirmou que um dos presos é cidadão irlandês e exigiu a captura imediata dos sequestradores. A mulher do refém norueguês também afirmou ao jornal “Bergens Tidende” que seu marido havia sido sequestrado. “Ele me ligou esta manhã e disse que foi feito refém.

O incidente também levantou temores de que a ação francesa poderia incitar mais ataques islamistas de vingança contra alvos ocidentais na África (…) e na Europa. O centro de extração de gás era explorado em conjunto pela empresa argelina Sonatrach, a britânica BP e a norueguesa Statoil. “É evidente que existe um vínculo direto entre este golpe e o apoio argelino à França”, afirma o analista argelino Chafic Mesbah. “A autorização de sobrevoo outorgada pela Argélia à força área francesa que bombardeia os grupos armados em Mali supõe uma mudança da atitude argelina. Há 20 anos, o pedido de Paris para utilizar o espaço aéreo argelino foi negada”, afirma ele, que foi coronel do Estado Maior.

Tropas argelinas tinham montado uma operação para resgatar os reféns e cercado o acampamento dos trabalhadores em Tiguentourine. Uma fonte do governo francês contou que os atacantes tinham vindo da Líbia. A ANI, agência de notícias de Mauritânia que tem contato direto regular com os islâmicos, informou que os combatentes sob o comando de Mokhtar Belmokhtar estavam mantendo os estrangeiros apreendidos no campo de gás.

Belmokhtar por anos comandou combatentes da al-Qaeda no Saara antes de montar o seu próprio grupo armado islâmico, no ano passado, depois de uma aparente briga com outros líderes militantes.
(…)

Voltei
A França do “pacifista” François Hollande interveio no Mali. Pode ter arrumado uma dor de cabeça e tanto. Não o fizesse, no entanto, boa parte do país cairia nas mãos do terrorismo islâmico. Pois é…

E de onde saíram alguns dos terroristas do Mali? Estavam combatendo o finado Muamar Kadafi, na Líbia, ao lado dos supostos “heróis de Benghazi” e, bem…, da Otan. Barack Obama, David Cameron e Nicolas Sarkozy não viram mal nenhum em abrir caminho, com bombardeios aéreos, para o avanço das forças terrestres anti-Kadaki. O chato é que elas estavam coalhadas de jihadistas islâmicos.

Vejam este mapa do Norte da África. Observem que, entre a Líbia e o Mali, existe a Argélia.

Notem, agora, onde fica Ain Amenas, alvo do ataque terrorista.

Isso significa o óbvio: os terroristas se espalham hoje pelo Sul da Líbia e da Argélia e transitam livremente pelo Norte do Chade, Niger e, como é sabido, do Mali, onde encontraram as condições adequadas para uma organização de caráter militar. Convém não esquecer: são forças ligadas à Al Qaeda que lideram o confronto com o carniceiro Bashar Al Assad, na Síria.

Chamei Assad de “carniceiro”? Como eram, diga-se, Hosni Mubaraki e, muito especialmente, Muamar kadafi. O ponto não é saber se eles mereciam ser derrubados. A questão relevante é avaliar se os terroristas são aliados objetivos nessa causa. E eu acho que não são. Esse flerte com o terror e com extremismo, tendo como pretexto a “Primavera Árabe” e o fim de ditaduras mal começou a cobrar o seu preço. Um equívoco não deixa de ser um equívoco, ainda que unanimemente aplaudido.

Lá vou eu fazer uma ironia que Jeca não entende: eu bem que adverti Obama, Cameron e Sakozy… O óbvio costuma acontecer.

Por Reinaldo Azevedo

 

Prestes a ser investigado pelo MP, professor Lula dá uma aula para Haddad e seus secretários

Parece banal, mas não é. Luiz Inácio Lula da Silva, o “amigo íntimo” de Rosemary Nóvoa Noronha e homem que pode ainda ser investigado pelo Ministério Público no caso do mensalão, visitou a sede da Prefeitura de São Paulo. Até aí, tudo bem! Poderia ser só uma conversa de cortesia com Fernando Haddad, o prefeito coxinha, o preferido dos jornalistas e das jornalistas com vocação para o social, mas sem perder o lado socialite.

Mas não foi isso, não. Ele manteve um encontro de uma hora e meia com o prefeito, a vice, Nádia Campeão, e mais dez secretários. Lula é o dono do PT, é bem verdade, mas não é, formalmente falando, nem mesmo seu presidente. Sua presença numa reunião com a cúpula da Prefeitura demonstra que a cidade está sob intervenção.

O que os aluninhos tinham a aprender com o Professor Lula? Nada, certamente, que seja do interesse dos paulistanos. Ele estava lá para cuidar dos interesses do PT. Durante o expediente.

Por Reinaldo Azevedo

 

Calheiros no Senado, Alves na Câmara e o Congresso no lixo

Ezra Pound dizia que os poetas são as antenas da raça. Entendo que os, digamos, artistas do regime são, então, as antenas do regime. Não faz muito tempo, o músico Wagner Tiso, comentando o lulo-petismo, se disse preocupado com resultados, não com a ética. O ator Paulo Betti defendeu a necessidade de se “enfiar a mão na merda” para governar. A era lulo-petista viverá, em breve, dois capítulos que recendem à ética bettiana e reafirmam o realismo tisiano. Quando Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves, ambos do PMDB, se sagrarem, respectivamente, presidentes do Senado e da Câmara, Betti e Tiso terão motivos para comemorar. Antenas.

Abaixo, há uma sequência de posts com uma pequena amostra da obra recente desses dois patriotas, como se não bastasse a folha corrida de atos pregressos. Para funções tão importantes da República, o PMDB pode não ter escalado os seus melhores homens, mas certamente indicou os mais influentes, aqueles que representam, por assim dizer, o sumo e a súmula moral do partido.

Henrique Eduardo Alves, na sua campanha eleitoral, percorre o país a bordo de um jatinho emprestado por um colega de bancada, o deputado Newton Cardoso (PMDB-MG), o famoso Newtão, ex-governador de Minas que encontrou tempo para se tornar bilionário mesmo sendo político. “Ou por causa”, intuirão os leitores mais desconfiados. Em tempo: Newtão não incluiu o avião entre os seus bens na declaração entregue ao TSE porque diz que o aparelho está arrendado. Certo. Ele tem dinheiro para comprar uma frota… O aparelho é só o seu pecado com asas.

A empreiteira para a qual Alves direcionou algumas de suas emendas é uma casa de periferia guardada por um bode. E isso, meus caros, não é metáfora nem trecho de alguma obra de realismo mágico, subgênero literário que encontrou na América Latina ambiente propício ao pleno florescimento. O surrealismo não precisa ser imaginado. Está nas coisas. Há mesmo um bode na tal casa. Só não está lá a empreiteira que recebeu a bufunfa. O dono da empresa era, até a semana passada, um seu assessor. O homem achou melhor se demitir.

Os Renans, o pai e o filho, que é deputado federal, não conseguem explicar a questão quântica que envolve a família e a propriedade de algumas rádios, que, a um só tempo, são e não são do clã. Tudo depende do modo como se olhe a coisa e dos documentos que são consultados.

Em 2007, Calheiros teve de renunciar à Presidência do Senado porque ficou claro que uma empreiteira pagava a pensão de um filho que ele teve fora do casamento. Homem ético, cuidadoso com as palavras, ao se referir ao episódio e ao período em que a amante estava grávida, ele dizia sempre “a gestante”, deixando claro que é um político de sangue-frio e que consegue manter o devido distanciamento crítico entre a Presidência do Congresso e as folias de alcova… Seus pares se negaram a cassar seu mandato.

Menos de seis anos depois, eis Calheiros, mais uma vez, como o primeiro da fila na sucessão ao Senado, candidato a dar sequência à gestão de José Sarney, o Nosferatu que confere ao PMDB o senso muito aguçado de eternidade que tem o partido.

É evidente que essa gente não chegou agora à política. Alves já foi da base de apoio de FHC, e Renan chegou a ser ministro da Justiça na gestão tucana. Os fatalistas, quem sabe convencidos por Betti e Tiso, dizem que o “Presidencialismo de coalizão” obriga a essas coisas… É besteira. Já tratei desse assunto em outras oportunidades e não vou entrar no mérito agora. Volto ao ponto: os petistas não inventaram esses caras, mas permitiram que alcançassem altitudes inéditas. Encontram no pragmatismo à moda peemedebista o instrumento necessário à consolidação de sua hegemonia.

Também em nome do realismo, as oposições, em especial o PSDB, buscarão uma composição com esses valentes, porque a resistência poderia lhes custar não participar da mesa diretora das respectivas Casas. Seria esse um risco a correr? Seria, sim, desde que houvesse alguma interlocução com a sociedade e um discurso. Mas não há. Vai, uma vez mais, se enrolar no administrativismo e articular um de seus muitos silêncios.

Quando alguns vigaristas acusam uma parcela da imprensa de ser o verdadeiro partido de oposição do país, não deixa de haver certa verdade no que dizem. Oposição à safadeza, à sem-vergonhice e à sem-cerimônia com que a política brasileira enfia a mão naquela metáfora de Paulo Betti.

Por Reinaldo Azevedo

 

O futuro da Câmara 1 – Auditoria vê desvio em obras de ex-assessor de deputado favorito para presidir a Casa

Por Leandro Colon, na Folha:
A CGU (Controladoria-Geral da União) aponta que a empresa do ex-assessor do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) se beneficiou de licitações dirigidas para obras superfaturadas em três cidades do Rio Grande do Norte. A Bonacci Engenharia tem como sócio Aluizio Dutra de Almeida, que trabalhava desde 1998 com o Henrique Alves -favorito para se eleger presidente da Câmara no mês que vem.

Almeida deixou o cargo anteontem após a Folha revelar que a Bonacci recebeu recursos de emendas parlamentares do próprio Henrique Alves, além de verbas do Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra as Secas), orgão controlado politicamente pelo peemedebista.

As conclusões da CGU sobre a Bonacci constam de ampla auditoria feita pelo órgão de controle do governo federal sobre dezenas de convênios do Dnocs. O trabalho apontou prejuízos totais de R$ 192 milhões em obras e levou à queda, em janeiro do ano passado, do diretor-geral do departamento, Elias Fernandes.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

O futuro da Câmara 2 – “Empresa” que recebeu R$ 6 milhões em convênios é uma casa simples, guardada por um… bode!!!

Por Leandro Colon, na Folha:
Contratada com dinheiro federal para construir casas, praças, barragens, instalações sanitárias e pavimentar ruas, a Bonacci Engenharia tem seu endereço numa casa simples num bairro de classe média baixa em Natal.

No local, não há nenhuma identificação de que ali deve funcionar a empreiteira que assinou contratos que somam pelo menos R$ 6 milhões com 20 prefeituras do Rio Grande do Norte, nos últimos cinco anos, por meio de convênios do governo federal.

Um bode branco, apelidado de “Galeguinho” pelos vizinhos, “guarda” a entrada do terreno baldio que cerca a casa de poucos cômodos. Ali é a sede da empresa de Aluizio Dutra de Almeida, ex-assessor de confiança do gabinete do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), responsável pelo destino de parte do dinheiro recebido pela Bonacci.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

O futuro da Câmara 3 – Deputado diz que sabia de empresa de assessor, aquela do bode…

No Globo:
O candidato do PMDB à presidência da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), disse nesta terça-feira em Porto Alegre que sabia, desde 1986, que seu assessor Aluízio Dutra de Almeida era sócio de uma empresa que participava de licitações públicas, e que recebia verbas federais garantidas por emendas parlamentares do próprio Alves. Segundo o deputado, Almeida se desligou da gestão da empresa quando assumiu um cargo na escola técnica federal do Rio Grande do Norte e passou apenas à condição de acionista na Bonacci Engenharia e Comércio Ltda.

“Ele não recebeu recursos públicos, quem recebeu foi a empresa da qual ele era cotista. Não vejo problema nisso, tanto que o mantive esse tempo todo (13 anos) como meu assessor. Mesmo assim, para evitar distorções e embaraços políticos, ele teve a lealdade de dizer que iria se exonerar. E eu dei a exoneração. Assunto resolvido”, disse o Alves, após encontro com o governador gaúcho Tarso Genro (PT).

Almeida pediu demissão anteontem, após vir a público o caso de três prefeituras do Rio Grande do Norte que contrataram a Bonacci usando recursos do Orçamento garantidos por emendas apresentadas pelo deputado. Alves minimizou as denúncias e disse que não tem como controlar para onde vai a verba das suas emendas.

“As denúncias são absolutamente falsas. Não cuido da parte de licitações, de quem vai ganhar. Você tem ideia de quantas emendas, de quantos convênios tenho encaminhado? Só nos últimos dez anos, em favor do meu estado, devo estar perto de mil. Se for pensar nos valores daquilo que obtive, dá milhões. Não me cabe controlar isso, mas sim aos órgãos de fiscalização e controle”, disse Alves, que iniciou ontem um roteiro por 12 estados para reforçar sua candidatura.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

O futuro do Senado 1 – Filho de Renan diz ser dono de rádio registrada em nome de funcionário do pai

No Globo:
O filho do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), o deputado federal Renan Filho (PMDB-AL), diz ser sócio de uma rádio que, oficialmente, nos registros do Ministério das Comunicações, nunca o teve como cotista e está em nome de um funcionário do gabinete de seu pai, Carlos Ricardo Nascimento Santa Ritta. Além disso, o parlamentar se apresenta como cotista da Rádio Correio de Alagoas. No entanto, essa emissora não existe no cadastro do ministério, que está atualizado até 14 de janeiro deste ano e cujo conteúdo foi confirmado pela assessoria da pasta. O deputado informou, por meio de sua assessoria, que todas suas emissoras estão registradas em seu Imposto de Renda.

Em 2007, no auge da crise no Senado, quando corria o risco de perder o mandato, o senador Renan Calheiros veio a público negar que utilizasse laranjas para esconder uma suposta sociedade em rádios em Alagoas. Porém, passados cinco anos, a situação continua a mesma: o Sistema Alagoano de Radiodifusão, que aparece na declaração de bens entregue por Renan Filho à Justiça Eleitoral em 2010, está registrado oficialmente em nome de Santa Ritta e de José Carlos Pacheco Paes.
(…)
Santa Ritta está no Senado desde 2008
O assistente técnico Carlos Ricardo Nascimento Santa Ritta está no Senado desde 22 de outubro de 2008. Santa Ritta, na verdade, voltou ao posto que já ocupava depois de ser derrotado para a prefeitura de Jequiá da Praia (AL). Embora ele apareça como sócio do Sistema Alagoano de Rádio, Santa Ritta não informou à Justiça Eleitoral esse vínculo.
(…)
O GLOBO procurou falar com o senador Renan Calheiros, mas sua assessoria disse que não fazia contato com ele havia alguns dias e sugeriu que o jornal tentasse contato por celular, o que não foi possível. Carlos Ricardo Nascimento Santa Ritta, funcionário de Renan que aparece como sócio do Sistema Alagoano, atendeu a um telefonema do GLOBO, mas, ao ser informado do que se tratava, a ligação caiu e não foi possível novo contato.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

O futuro do Senado 2 – Renan apresenta nota fiscal por serviço que empresa nega ter feito

Por Andreza Matais e Andréia Sadi, na Folha:
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) pediu uma restituição de R$ 10 mil ao Senado por um serviço que uma produtora de vídeo diz não ter prestado para ele. A nota foi apresentada com a data de 17 de novembro de 2012 por Renan, que é favorito para ser eleito presidente do Senado no mês que vem. A justificativa para esse gasto é a divulgação de sua atividade parlamentar. O Senado não discrimina qual serviço exatamente foi feito. A nota entregue por Renan é atribuída à Ovni Áudio e Video Produções. Ela tem como sócios o diretor da rádio Gazeta de Alagoas, Gilberto Lima, e o filho dele, Gilberto Júnior. A emissora é do senador Fernando Collor (PTB-AL).

Procurado para comentar que serviço prestou, Gilberto Lima afirmou: “Eu não fiz nada para o senador Renan Calheiros, por enquanto. Quando a gente fez foi na campanha, não foi agora”. Segundo ele, o serviço prestado na campanha não foi por meio da Ovni, mas pela P&P Inteligência de Marketing, que tem Gilberto Júnior como sócio. A empresa recebeu R$ 1,2 milhão da campanha do senador em 2010, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
(…) 

Por Reinaldo Azevedo

 

Senadores lançam manifesto contra candidatura de Renan à presidência do Senado

Por Ricardo Brito, da Agência Estado:
Senadores independentes divulgaram nesta terça-feira, 15, um manifesto em que compara a volta do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), à presidência da Casa, à escolha feita pelos antigos “Coronéis do Interior” na época da Primeira República (1889-1930). “Voltaremos (do recesso parlamentar) apenas para ratificar o nome, nomeado sem apresentar qualquer proposta que mude o nosso funcionamento. Votaremos como os eleitores que iam às urnas na Primeira República, levando a cédula sem conhecer o nome do candidato escrito nela pelos antigos Coronéis de Interior”, afirma.

O documento, intitulado “Uma nova presidência e um novo rumo para o Senado”, é uma plataforma de propostas de modificação no funcionamento administrativo e legislativo da Casa, abalada nos últimos anos por sucessivas crises, como a saída de Renan, em 2007, da presidência, após ser absolvido de dois processos de cassação em plenário, e os atos secretos revelados pelo Estado, em 2009, que quase derrubaram o atual presidente José Sarney (PMDB-AP).

Mesmo com remotas chances de impedir a eleição de Renan, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) – que participou da elaboração do texto – vai entrar na disputa, marcada para o dia 1º de fevereiro. “A crítica está aí, mas se a carapuça servir? Eu acho que ele (Renan Calheiros) tem responsabilidades com o maior partido do Congresso, que deve presidir a Câmara e o Senado, partido do qual ele é líder”, afirmou Randolfe.

“Não é contra o Renan, mas a maneira como o processo está sendo conduzido. Na Câmara, os candidatos estão rodando o Brasil fazendo campanha, enquanto no Senado ninguém fala quem é o candidato”, completou o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), um dos idealizadores do documento.

Credibilidade. No manifesto, os senadores dizem que a principal causa da perda de credibilidade da Casa é “consequência de nosso comportamento e nossa ineficiência”. “Nos últimos anos o Senado tem acumulado posicionamentos que desgastaram sua imagem perante o povo brasileiro, especialmente pela falta de transparência, pela edição de atos secretos, pela não punição exemplar de desvios éticos e pela perda da capacidade de agir com independência”, afirmou.

Os parlamentares lembram no documento que os últimos dias de 2012 mostraram “claros exemplos” da inoperância da Casa, como a divulgação da existência de 3.060 vetos presidenciais pendentes de apreciação há quase duas décadas e a não votação do orçamento de 2013 e das novas regras para o rateio de recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE).

Entre as 17 propostas de mudança que constam do manifesto, estão a limpeza da pauta de votações, com a apreciação dos vetos presidenciais e do FPE, o fim das votações simbólicas nas comissões e no plenário, a diminuição do número de comissões temáticas e a criação de um comitê composto por senadores para acompanhar os gastos da Casa.

O senador Cristovam Buarque, responsável pela divulgação do documento, disse tê-lo enviado para o gabinete de mais de 30 parlamentares. O pedetista afirmou que não encaminhou o documento para Renan, porque espera que ele apresente sua própria plataforma de campanha para a Casa. “Vou esperar ele mandar para mim. Senão mandar, eu mandarei a nossa plataforma”, afirmou. 

Por Reinaldo Azevedo

 

Aposto R$ 1 milhão em Eduardo Campos. Ou: Sem o Sobrenatural de Almeida, quais são as suas chances?

Se me pedirem para apostar um dinheiro na candidatura de Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco, à Presidência da República, mando brasa: arrisco logo R$ 1 milhão. Aposto que não vai concorrer — não em 2014 ao menos. É evidente que eu não tenho esse dinheiro. Mas estou convicto de que vou ganhar, entenderam?

Setores influentes da imprensa brasileira elegem os seus queridos. Campos entrou nessa categoria. Ninguém, fora de Pernambuco, sabe quem é ele, mas o homem faz um sucesso danado na imprensa, e eu, francamente, até hoje, não consegui entender por quê. Fiquei tentado a achar que era por seu pensamento. Procurei e não consegui identificar nada muito convincente. Seria, então, a sua gestão revolucionária em Pernambuco? Tem a aprovação da maioria dos pernambucanos e conseguiu eleger seu próprio poste para a Prefeitura de Recife, mas não estamos diante de um novo paradigma.

Por que, afinal de contas, Eduardo Campos é presidenciável, além de ser pelo fato de que Campos e seus amigos o consideram presidenciável? Não sei.

E olhem que…
E olhem que torço para que apareça uma alternativa ao petismo. As oposições são tão fracas, e seus horizontes, tão nebulosos e confusos que estou começando a considerar a possibilidade de que só mesmo um racha no governismo quebrará a hegemonia petista — assim como o racha PSDB-PFL em 2001 foi fundamental para a eleição de Lula em 2002.

Uma divisão no bloco liderado pelo PT seria uma boa notícia para o país, sim. Até torço por isso. Mas fico cá me perguntando por que Campos o promoveria e quem mais, além da imprensa, sabe de seu eventual pleito.

Nunca cheguei a ter dúvidas sobre a sua não candidatura. A partir de ontem, fiquei ainda mais convicto. O que foi mesmo que se noticiou? Ah, sim, lembrei: ele garantiu que apoia o governo Dilma até o fim de 2013. Já em 2014… Esperem aí: “Já em 2014, o quê?”. Devemos esperar que o desconhecido Campos venha a público para dizer algo assim: “Olhem, fiquei com a presidente Dilma durante três anos; com os petistas, estou há 11, mas, agora, descobri que eu posso fazer melhor…”.

Pode? E vai se apresentar com qual discurso? Certamente não teria como bater em Dilma e no lulismo, certo?, em cujas águas bebeu. Se um candidato francamente de oposição já terá dificuldades enormes para enfrentar o petismo — não em razão das qualidades do governo, mas da falta de senso da oposição —, imaginem alguém que viesse com aquela conversinha “nem-nem”: “Olhem, a presidente Dilma é bacana, é batuta, mas o governo dela é ruizinho… Muito prazer, brasileiros, eu me chamo Eduardo Campos, tenho olhos azuis, sou neto de Miguel Arraes e quero ocupar aquela cadeira…”.

Quem quer apostar um milhão comigo? Eu vou ganhar!

“Ah, mas e o imponderado?” Ah, bom, pode entrar na história a personagem de Nelson Rodrigues, o “Sobrenatural de Almeida”, e mudar o jogo. Digamos que Dilma e Lula não possam concorrer por esse ou aquele motivos… Aí Campos até poderia ser uma alternativa no terreno governista… Com a atual presidente em condições de pleitear o segundo mandato, não vejo, não agora, o governador de Pernambuco se desgarrando, seja para se lançar candidato, seja para se juntar, sei lá, a Aécio Neves — caso este venha mesmo a ser candidato.

Os eventuais “campistas” não fiquem zangados. Exceção feita àquela lambança mal explicada dos precatórios, nada sei que desabone o governador de Pernambuco. E até torço, viu, Campos?, por um racha no blocão liderado pelo PT. Mas rachar por quê? Em nome do quê?

A mim me parece que Campos, neste 2014, lutará por mais espaço na aliança. Uma eventual candidatura ficará para 2018, numa disputa sem Lula e sem Dilma. Se o atual governador de Pernambuco continuar sem uma ideia original até lá, poderá tentar falar em nome da… continuidade. Por ora, ele seria, para a esmagadora maioria dos brasileiros, apenas um candidato novo sem novidade.

Por Reinaldo Azevedo

 

Vexame na segurança pública: José Eduardo Cardozo reúne todos os méritos para ser demitido

A presidente Dilma Rousseff não pode ser demitida, a não ser pelo povo, em novas eleições — ou pela Justiça, caso venha a cometer crimes que resultem no seu impedimento. Por incompetência, infelizmente, não pode. Isso só acontece em regimes parlamentaristas. No presidencialismo, os ineptos ficam até o fim. Dada a natureza do sistema, podem ainda ser reeleitos, como é provável, tudo o mais constante, que aconteça. Isso só nos diz, como tenho observado aqui, que a oposição é ainda mais incompetente. Pior para o Brasil. Pior para os brasileiros. Mas esse é um busílis de outra natureza, de que tenho tratado amiúde aqui. Fixemo-nos, por ora, na questão da segurança pública.

Dilma não pode ser demitida, mas José Eduardo Cardozo, o ministro da Justiça, pode. E ninguém reúne mais méritos no governo para levar o cartão vermelho do que ele. Nem o Edison Lobão está à sua frente na fila — a não ser pela escolha errada da tinta do cabelo. Lobão, vá lá, não sabe a diferença entre um focinho de porco e uma tomada (mesmo depois das nossas tomadas-jabuticaba), mas o sistema elétrico já dependia da chuva antes dele, não é? No tempo em que está à frente do Ministério das Minas e Energia, não poderia fazer grande diferença. Não é o caso de Cardozo.  Brasileiros continuam por aí morrendo de susto, de bala ou vício, e o Ministério da Justiça não consegue gastar o dinheiro disponível para o combate às drogas (ver posts de ontem) e para a segurança pública. E não gasta por quê? Porque não sabe o que fazer.

Não obstante o vexame, Cardozo é um bom marqueteiro de si mesmo e um eficiente pauteiro da imprensa. No último trimestre do ano passado, o país viu a política de segurança do estado de São Paulo ser fuzilada em praça pública. No comando da operação política, estava ninguém menos do que o ministro da Justiça. O estado que está em penúltimo lugar no ranking da taxa de homicídios (página 24 do Mapa da Violência) foi vendido ao distinto público, com a ajuda pressurosa de importantes setores da imprensa, como terra de ninguém. É claro que existem sérios e graves problemas na área; a questão é saber por que se escolheu um dos estados mais eficientes no combate aos homicídios para ser satanizado. Parece-me que a ação obedeceu a uma determinação política.

Pois é, leitores… No dia 6 de novembro, no auge do tiroteio promovido por Cardozo e por setores da imprensa contra São Paulo, publiquei um post tratando justamente da desídia do governo federal na área de segurança pública, confrontando os gastos da União com os do estado. Como se pode ver, chegamos um pouco antes ao “x” da questão. Vale a pena ler ou reler. Nota à margem: imaginem se fosse o governador Geraldo Alckmin (PSDB) a exibir números tão acabrunhantes. Já teria sido apedrejado. Mas Cardozo é considerado uma referência! Tenham paciência. Ao texto! Volto depois de tudo para um arremate.
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Reportagem esconde que o governo federal cortou R$ 1,5 bilhão da segurança pública e que SP responde por 13,68% da elevação do gasto total na área

O Estadão é, de longe, o veículo de comunicação que mais faz alarde com o recrudescimento da violência em São Paulo. Até porque, tudo indica, os jornalistas que se dedicam à área no jornal têm espaço para exercitar, digamos, suas teses sobre a violência. Quem abrir agora a seção “São Paulo” do portal ficará com a impressão de que o estado vive não um surto de violência, mas um colapso na segurança. No post anterior, trato de dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Como se vê lá, o governo federal cortou, em 2011, no primeiro ano da gestão de José Eduardo Cardozo à frente do Ministério da Justiça, 21% (na verdade, 21,26%) das verbas em segurança pública. Também ficamos sabendo que São Paulo, no ano passado, ficou em último lugar no ranking de homicídios: 10,1 por cem mil habitantes.

O Estadão Online também publicou uma reportagem sobre dos dados do fórum. Mais completa, no que concerne aos dados, do que a do Globo. Não destacou no lead o corte de gastos do governo federal; não destacou no lead os números de São Paulo — e há outros ainda mais impressionantes. Nada disso! A “pegada foi outra”. Título da reportagem: “Crescem gastos com segurança pública no Brasil, diz ONG”.

Como? Pois é… Se o governo federal reduziu o investimento na área e se os gastos cresceram, estados fizeram o que o governo federal não fez. Qualquer jornalista sabe que, numa reportagem, a hierarquia de dados é fundamental para dar, digamos, o tom do noticiário. Se o governo federal se diz preocupado com a violência em São Paulo e se inicia uma cruzada política contra autoridades do estado em razão do tema, como é que esses dados não são o destaque principal?

Ora, trata-se de uma escolha editorial, e o alinhamento do Estadão com a metafísica petista, especialmente nessa área, não surpreende. Reproduzo trechos da reportagem do Estadão Online. Vocês verão o que mais deixou de merecer destaque. Volto em seguida.
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Apesar de os gastos com segurança pública terem aumentado 14,05% entre 2010 e 2011 no Brasil, atingindo R$ 51,55 bilhões ao ano na soma dos Estados e União — valor mais alto já investido no setor —, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) destaca que “os problemas associados à segurança pública precisam ser vistos de forma integrada” e “não podem ser objeto de ações fragmentadas”, sem a integração de municípios, Estados e União no processo. Os dados fazem parte do 6.º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo fórum, com levantamento realizado a partir do cruzamento de dados da Secretaria do Tesouro Nacional e do Ministério da Fazenda.

De acordo com o anuário, lançado nesta terça-feira na sede da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), região central da capital, o Estado de São Paulo continua sendo o que mais investe em segurança pública no País, com aumento real de 13,73% entre 2010 e 2011 – o Estado investiu R$ 12,3 bilhões no ano passado. Mato Grosso do Sul e Bahia ampliaram seus gastos com segurança em 37,7% e 30,81%, respectivamente, atingindo R$ 877,85 milhões e R$ 2,57 bilhões. Em contrapartida, as despesas da União com o setor registraram recuo de 21,26%, passando de R$ 7,2 bilhões em 2010 para R$ 5,7 bilhões em 2011. Piauí e Rio Grande do Sul também reduziram as verbas da pasta em 17,89% e 28,42%, destinando, respectivamente, R$ 239,77 milhões e R$ 1,88 bilhão para a segurança.

Com base nos dados computados no ano passado, o número de homicídios dolosos caiu 3,7% no Estado de São Paulo, passando de 4.321 em 2010 para 4.194 em 2011, o que representou uma queda de 10,5 para 10,1 assassinatos por grupo de 100 mil habitantes, a taxa mais baixa entre os Estados que emitem dados considerados de alta qualidade pela ONG. Entre esses estados, Alagoas é o que apresentou as taxas mais altas de homicídios por grupo de 100 mil habitantes, com 74,5, seguido por Espírito Santo (44,8), Paraíba (43,1) e Pernambuco (36,7).

Não foi computado o número total de homicídios no País. De acordo com a assessoria de imprensa da ONG, nem todos os estados forneceram dados confiáveis sobre a segurança pública e por isso não foi possível traçar um quadro nacional de homicídios.
(…)

Voltei
Então vamos lá.

1 – O governo federal reduziu suas verbas;

2 – São Paulo tem o mais baixo índice de mortes por 100 mil habitantes;

3 – São Paulo aumentou seu gasto com segurança em elevadíssimos 13,73% de 2010 para 2011;

4 – São Paulo investiu em 2011 R$ 7,2 bilhões na área, contra R$ 5,7 bilhões do governo federal — 26,31% a mais;

5 – Fiz escola pública antes do Enem de Haddad. Jornalistas gostam de ideologia salvacionista. Gosto de contas. Informa o Estadão que, de 2010 para 2011, houve um aumento no gasto total com segurança de 14,05%, chegando a R$ 51,55 bilhões. Certo! Logo, leitor, R$ 51,55 bilhões correspondem a 114,05% do que se gastou em 2010. Regra de três, e se chega ao gasto do ano anterior: R$ 45.199,473 — um aumento em reais de R$ 6.350.522. Vão acompanhando…

6 – Em São Paulo, gastaram-se R$ 12,3 bilhões em 2011, com elevação de 13,73% — logo, essa dinheirama corresponde a 113,73% do que foi gasto em 2010. Regra de três, e se chega ao valor de 2010: R$ 10.815.088.3676.330.783 — um aumento, em reais, de um ano para outro, de R$ 1.484.911.632.

7 – Assim, dos R$ 6.350.522 investidos a mais em segurança em todo o país, São Paulo, sozinho, arcou com 23,38%. E Cardozo quer dar lições ao Estado.

Viés crítico
Não, senhores! Não pensem que isso é o bastante para ser ao menos justo com São Paulo. Lê-se lá no texto do Estadão:
“A secretária executiva do FBSP, Samira Bueno, ressalta que, apesar de a prerrogativa da segurança ser do Estado, tanto municípios quanto a União precisam participar do processo. (…) No caso específico de São Paulo, que enfrenta uma escalada da violência, Samira defende que o governo federal ajude o estado com inteligência e não apenas com o envio de recursos. “Tem de trabalhar de forma integrada desde sempre, não apenas agora, na crise. Assim se resolvem mais crimes interestaduais, já que o crime organizado não respeita fronteiras”, afirmou.

Com relação ao repasse de verbas, ela não acredita que seja necessária ajuda financeira da União. “São Paulo já tem o maior orçamento de segurança pública do País e está aumentando, não é o caso de colocar mais dinheiro. É uma questão de gestão. Não é gastar mais, é gastar melhor”.

Voltei
Samira diz o óbvio e não vejo intenções sub-reptícias — não em sua fala ao menos. Qualquer governo precisa gastar melhor, não só o de São Paulo, não é mesmo? Teria o governo federal capado, de um ano para outro, R$ 1,5 bilhão da Segurança Pública só para “gastar melhor”?

De resto, há evidência de que se gasta melhor em São Paulo, conforme evidencia a índice de homicídios dolosos por 100 mil habitantes.

Arremate
Este blog mata a cobra e mostra… a cobra. 

Por Reinaldo Azevedo

 

No país dos 50 mil homicídios por ano, governo Dilma gasta apenas 23% da verba destinada à Segurança Pública

Há um abismo entre o discurso e a realidade no governo Dilma, que é, ousaria dizer, metodicamente incompetente. Vimos ontem, na VEJA.com e neste blog, que o governo gastou apenas 7% da verba prevista para o combate às drogas. Agora, há o levantamento feito pelo site Contas Abertas sobre os gastos com a segurança pública. De novo, o resultado é vexaminoso. Leiam o que que vai abaixo. Volto no próximo post.

Na VEJA.com:
A criminalidade é um dos temas que mais afligem o brasileiro. E é fácil entender por que: o país registra estatísticas de homicídios comparáveis a nações em guerra, a violência se espalha entre jovens e pelo interior do território. O governo federal acaba por manter certa distância do tema, uma vez que, por determinação constitucional, o controle das polícias militar e civil fica a cargo dos estados. Levantamento da ONG Contas Abertas revela, porém, que nem mesmo nas áreas em que é obrigada a atuar, a União faz sua parte como deveria. Dos 3,1 bilhões de reais previstos em orçamento para a segurança pública em 2012, 1,5 bilhão sequer foi empenhado. O governo aplicou apenas 738 milhões de reais – 23,8% do total.

O total desembolsado pelo governo para aquisição de veículos e equipamentos, além da melhoria da infraestrutura de presídios e departamentos de polícia, foi maior do que o registrado em 2010 e 2011, mas muito aquém, por exemplo da cifra gasta em 2007: 1,2 bilhão de reais.

Para Antônio Flávio Testa, cientista político especializado em criminalidade, as dificuldades federais em aplicar os recursos estão muito ligadas ao excesso de burocracia, à inoperância sistêmica dos diversos órgãos do governo e ao descompromisso com resultados nas chamadas áreas meio do governo. “Não há coordenação, nem cobrança efetiva de resultados. É preciso modernizar o processo administrativo. Se o governo quiser, de fato, agilizar a solução dos problemas de segurança pública, precisa pressionar, com muita ênfase, o Congresso, pois é preciso rever atribuições da União, dos estados e municípios”, explica. 

Na opinião do cientista político, o Ministério da Justiça, o Tribunal de Contas da União e a Controladoria-Geral da União, poderiam ter uma postura mais ativa, fiscalizando e assumindo um modelo de gestão em que atuassem preventivamente, e não apenas após as ações. “Seguramente muitos equívocos, desvios e outros malefícios gerenciais seriam evitados. Isso não ocorre porque não há vontade política, nem do Executivo, nem do Judiciário e, principalmente, do Legislativo. O resultado é a ineficiência gerencial, o crescimento da violência e a insatisfação popular”, conclui.

O levantamento do Contas Abertas levou em conta gastos com Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) , o Fundo de Aparelhamento da PF e o Ministério da Justiça (MJ). A maior parcela foi investida pelo FNSP: 324,5 milhões de reais. Os recursos foram destinados ao Sistema Único de Segurança Pública (Susp), criado para articular as ações federais, estaduais e municipais na área da segurança pública e da Justiça Criminal (130,7 milhões de reais), e às ações do programa Segurança Pública e Cidadania (193,8 milhões de reais).

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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5 comentários

  • Maurício Carvalho Pinheiro São Paulo - SP

    Como este mundo está mal de instrução e conhecimento o coitadinho do The Economist ainda não percebeu que a meta de inflação do país de 4,5% com 2 pontos para mais ou para menos significam o maior chutaço da História deste país !!!! Significa que pode variar + 45,5% acima da meta ou - 55,5 % abaixo !!! Ou um maxi descontrole !!! Um chutaço sem tamanho !!! Qualquer executivo de empresa seria demitido por justa causa se estipulasse essa meta para sua empresa. Nem o "desgastado" Delfim percebeu isso !!!! O mundo inteiro usa base 10 para o indice de sua bolsa de valores !! Nós usamos 100 !! Então as bolsas lá de fóra giram em torno de 10.000 pontos, inclusive Dow Jones, SP 500, etc., enquanto a nossa em torno dos 60.000 pontos enquanto seria nada mais nada menos de uma bolseta de 6.000 pontos no padrão mundial. E outras malandragens ainda não detetadas. Como exclusão de estatais e empresas outras que influem no superavit fiscal, para chegar perto da meta !!! E fora o "contingenciamento" de verbas prometidas na midia, que por baixo dos panos, desmentem as promessas feitas. Coincidentemente

    feitas "para inglês ver" como se falava no século passado !!! Chegou-se ao cúmulo de estimar um pré-sal inexistente, valorizá-lo com um preço médio de barril, de petróleo ficticio, de boa qualidade também ficticia, e em cima disso se emitirem títulos para capitalizar a Petrobras e criar um fundo Soberano". ponha-se critividade nisso !!! Os inglesinhos do The Economist cairiam da cadeira se entendessem de verdade

    as medidas pirotécnicas e malabaristicas engendradas

    por essa turminha de "espertinhos" e incompetentes que nos governam !!! Para uma meta tão elástica como a que temos. Ou "desmeta!

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  • Telmo Heinen Formosa - GO

    QUEM MANDA ONDE,

    Na Venezuela manda um morto;

    Em Cuba manda o irmão de um morto;

    Na Argentina a mulher de um morto; e

    No Brasil a sucessora de um vivo que se finge de morto...

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  • Maurício Carvalho Pinheiro São Paulo - SP

    Pô ! Se nem êle cumpriu em 10 anos o que prometeu, apesar de 8 anos em céu de brigadeiro, como exigir dos aspones que cumpram !!!! Tá louco ?? Ou desesperado vendo a casa do PT cair ????

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  • Maurício Carvalho Pinheiro São Paulo - SP

    O Bernardo devia explicar como ele consegue enfiar sua mulher em tudo que é governo que participa. Será que ela é "girl" da machorrona ? E a Sumula 13 do STF só serve para limpar o cano de escape ??? Niguém respeita mesmo !

    É impressionante como o marioneteiro Lula tem comando sobre seus postes !! Já começou a písar na prefeitura de SP !! E segundo a rádio Estadão já mandou recados para a Machorrra !! Êles devem ter o rabo presissimo com esse canalhão !!! Até onde vai ???

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  • carlo meloni sao paulo - SP

    O CERTO E" ---GIOVINEZZA---

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