Ronaldo Caiado, a primeira vítima da aliança de Marina com PSD – “Eduardo Campos dispensou o meu voto e o setor rural”

Publicado em 08/10/2013 07:13 e atualizado em 17/02/2014 13:49
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Ronaldo Caiado, a primeira vítima da aliança de Marina com PSD – “Eduardo Campos dispensou o meu voto e o setor rural”

Por Natuza Nery e Márcio Falcão, na Folha:
O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), um dos representantes e defensores do agronegócio no Congresso, considera-se uma espécie de primeira vítima da união firmada entre Eduardo Campos (PSB-PE) e Marina Silva. Vetado publicamente pela ex-senadora, ele desabafou em entrevista à Folha. “Eu botei o pé na calçada e um carro a 300 Km/h me atropela. Não deu nem para ver [a placa]“.

Folha – O sr. foi rifado?
Ronaldo Caiado – Eduardo Campos me recebeu em Pernambuco, em sua residência. Assumi, em março, a candidatura dele à Presidência. Fui o único do meu partido, um dos poucos do Brasil [naquele momento]. Ele disse que iríamos sair do duelo [governo/oposição], dessa política de identificar inimigo para ser eleito e prometeu trazer todas as tendências.

Está magoado?
Decepcionado, um balde de água fria. Não temos mais como estar juntos em Goiás. Não vou ter o pé em duas canoas. Quando conversei com Eduardo, não havia esse preconceito. Não imaginei esse gesto agressivo da ex-senadora. Essa tese de inimigo histórico é política talibã.

Haverá consequências?
É espantoso alguém querer pleitear a Presidência e ter essa visão tão excludente do setor, nacionalmente o maior pilar da economia. Como vou conviver com uma chapa de candidato a presidente que é preconceituosa com o setor primário [agronegócio]? Eu sempre fui muito coerente, mas nunca intolerante. Hoje, não sei identificar se o candidato é Eduardo ou Marina.

O sr. ainda votaria nele para presidente?
[Silêncio] Não. Dispensou meu voto e está excluindo o setor que represento. Não tenho como me posicionar favorável a candidato que diz: Olha, existe aqui uma barreira para o produtor rural’. Senti nele uma posição tíbia. Não o reconheço. Não foi a Marina quem aderiu ao Eduardo, foi ele quem aderiu à Marina.
(…)
O sr. colocou algum veto à Marina no sábado?
Eles telefonaram para mim eufóricos de alegria. Eu disse que não tinha preconceito.

E depois, o que houve?
Não sei se foi uma virose, uma bactéria [risos]. Sábado me ligaram até para dizer que o governador futuramente me queria ministro da Agricultura. Veja, eu não estou desenhando algo que não quis ver, não. Eu botei o pé na calçada, e um carro a 300 Km/h me atropela. Não deu nem para ver [a placa].

Por Reinaldo Azevedo

 

Um empresário sobre a união Campos-Marina: “Vamos ver o que vai dar esse business com sustentabilidade”

Leiam o que informa Paulo Gama na Folha:

Em palestra a empresários nesta quinta-feira (10), a ex-senadora Marina Silva, recém-filiada ao PSB, exaltou a aliança firmada com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para a disputa da eleição presidencial de 2014. No evento, foi questionada sobre críticas que faz ao agronegócio. Marina falou a investidores da GPS Consultoria e a membros da Raps, uma rede de formação de líderes políticos dirigida por nomes próximos à ex-senadora, como o empresário Guilherme Leal, que foi vice na chapa do PV que concorreu à Presidência em 2010. O evento foi fechado à imprensa.
(…)
No evento, Marina foi questionada sobre sua posição em relação ao agronegócio (…). Segundo os relatos, Marina respondeu ao empresário que a questionou que não é contra todo tipo de agronegócio, mas que a produção rural deve ser, ela também, sustentável.
(…)
Os pontos positivos relatados pelos participantes tinham mais relação com o discurso político da ex-senadora, que pregou o diálogo entre forças distintas. “Os dois são diferentes, há um caminho a ser trabalhado. Vamos ver o que vai dar esse business com sustentabilidade”, disse um empresário do setor de turismo sobre a aliança do governador com a ex-senadora. Marina e Campos almoçaram juntos nesta quinta em São Paulo, mas o governador não foi à palestra, no final da tarde.

Por Reinaldo Azevedo

 

Entusiasmo de muitos com a aliança Marina-Campos ignora o peso da realidade. Ou: Uma composição que amplia, mas que também estreita

Já escrevi aqui algumas vezes que acho positivo o fato de a estratégia petista de “cara ou coroa” ter sido malsucedida. Isso, no entanto, não é o suficiente para que eu suspenda o juízo. É impressionante a frequência com que a crônica política cai nessa esparrela. Marina Silva, já escrevi dezenas de vezes, parece transitar numa esfera acima de qualquer análise crítica, de qualquer juízo objetivo. Tem-se por ela tal respeito reverencial que a primeira vítima acaba sendo a verdade, sempre escamoteada.

Campos, até agora, não tem com quem se coligar, Hoje, contaria, creio, com menos de um minuto e meio no horário eleitoral gratuito. E Marina não lhe agrega nem sequer um segundo. Ainda que venha a conquistar alguns micropartidos, a situação não se altera muito. Para ter ao menos três minutos na TV, precisaria de uma composição que juntasse ao menos 100 deputados. Isso, hoje, é impossível.

Marina traz a tal densidade eleitoral — segundo apontam as pesquisas. Mas já está claro que, em vez de facilitar composições, ela vai dificultá-las. O episódio do ataque ao deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) aponta, não adianta disfarçar, mais para problemas do que para soluções. Ela entrou no partido no sábado; na terça, já havia dinamitado a composição em Goiás.

“Ah, o que conta é a aliança estratégica para a Presidência…” Sim, claro! Ocorre que, num cenário adverso, é justamente o projeto presidencial que começa a ser minado. Os tucanos sabem que os “marineiros” já andaram olhando torto para a possibilidade de o PSB se alinhar com Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo. Discute-se até mesmo dar o vice da chapa ao partido. O palanque do governador tucano será de Aécio Neves ou de José Serra, mas é evidente que Campos abriria uma vereda num Estado onde é um quase desconhecido — não dos empresários, que simpatizam muito com ele. Neste exato momento, em vez de colaborar para essa composição, a Rede está criando obstáculos.

O evento hoje formidável pode, pois, acabar num projeto acanhado. É possível que estejamos diante de um paradoxo complicado: se, por um lado, Marina aumenta a faixa em que transita o pleito do PSB, por outro, acaba estreitando ainda mais as possibilidades de aliança do partido. E isso se deve ao fato de que a união dos dois grupos e, não cabe outra palavra, oportunista.

Pode-se debater se esse oportunismo é ou não fruto da vontade de cada um. Em tese, não! Marina contava sair candidata pela Rede, e Campos não esperava a sua companhia já no primeiro turno. Mas ambos escolheram, sim, o passo seguinte, que é bastante exótico.

A natureza da dificuldade
E qual é a natureza da dificuldade? A Rede é, em muitos aspectos, um partido como qualquer outro. Mas também pretende ser mais do que isso. Suas crenças, sua visão de mundo, seu universo escatológico, tudo lembra uma religião — Marina, reparem, não é exatamente tratada como uma líder política, mas como uma profetisa, com vocações demiúrgicas. Para pertencer à Rede, é preciso receber uma revelação. Candidatos a pertencer à Igreja Marineira têm de passar por um tipo de sabatina para demonstrar que estão purificados. Não estou brincando, não.

“Ah, os partidos são uma bagunça! Cada uma fala uma coisa. Melhor assim!” Errado! Nem a bagunça nem a estreiteza sectária servem à democracia. Política, já ensinou alguém, se faz com convicção, mas também com responsabilidade; se faz com a expressão da vontade, mas também se prende a uma lógica de compromissos e negociações. Os jacobinos franceses, por exemplo, não negociavam. E saíram cortando cabeças como uns celerados — até perderem as próprias.

Não sei, não… Parece que o aspecto virtuoso da aliança se esgotou com impressionante rapidez. E bem possível que, daqui a pouco, Campos esteja a amargar as dificuldades decorrentes da pureza estreita de Marina.

Por Reinaldo Azevedo

 

Para Lula, papel de jornalista é servir de policial do regime petista. E ainda: Foi ele quem chamou pobre que recebe Bolsa Família de vagabundo. E é possível provar

Embora ninguém consiga entender direito o que querem Marina Silva e Eduardo Campos, vejo muita gente dar certo suspiro de alívio, como se houvesse um sopro renovador na política. Ele é, a meu ver, enganoso (ainda teremos muito tempo para tratar do assunto), mas entendo os motivos. Ainda que Lula continue a ser o político mais popular do Brasil e pudesse se reeleger presidente no primeiro turno, há um crescente cansaço com sua ladainha. O programa de TV do PSB, diga-se, explorou essa sensação. O próprio Eduardo Campos sintetizou: “Chega de dizer que no passado já foi pior”. Isso, convenham, pode ser uma síntese da pregação de Lula. O ex-presidente participou, nesta quinta, do encerramento da 3ª Conferência Global de Combate ao Trabalho Infantil, promovido pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), órgão ligado à ONU. É evidente que convidar alguém como ele para discursar num evento como esse implica dar um viés partidário, de política local, ao que deveria ser, como diz o nome, um acontecimento global. E o homem estava num daqueles dias em que foi pródigo, generoso mesmo, nas bobagens. Ficou claro por que ele e seus tontons-maCUTs odeiam tanto a imprensa livre. Lula nunca entendeu para que serve e qual é o papel dos jornalistas. Demonstrou isso mais uma vez.

Referindo-se ao trabalho da imprensa, afirmou:
“Você [Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social] foi criticada agora porque clonaram 80 carnês do Bolsa Família. Em vez de a manchete do jornal ser uma crítica aos clonadores, era uma crítica dizendo que tinha fraude no Bolsa Família. Se tivessem roubado um banco, dizia: ‘assaltante rouba banco’. Como foi assaltante roubando o Bolsa Família, é o Bolsa Família que tem problema. Nós estamos acostumados a tomar bordoada e eles sabem que temos casco de tartaruga, somos teimosos e estamos no caminho certo”.

A afirmação tem casco, sim, mas não é de tartaruga, um bicho meio mal-encarado, convenham, mas que não escoiceia ninguém nem emite estranhos zurros à guisa de pensamento. Se aparecem fraudes no Bolsa Família, está entre as atribuições da imprensa denunciá-las ou, quando menos, noticiar a sua existência. A comparação com o banco é estúpida. Dificilmente um assalto poderá ser atribuído a mecanismos ineficientes de controle, menos ainda, por razões óbvias, a uma manejo fraudulento de uma política pública. Ainda assim, caso a imprensa constate que a segurança da agência é ineficaz ou errada, isso será notícia.

Lula finge ignorar a dimensão pública do trabalho da imprensa. Gostaria que jornalistas se comportassem como meros policiais do regime petista: dada uma falcatrua qualquer, o jornalista se concentraria, então, nos erros do “bandido”, ignorando as falhas da administração que eventualmente facilitaram a ação de larápios. Há mais: a depender do caso, o bandido em questão e os próprios gestores estão associados, em conluio. Pior ainda: larápios e gestores públicos podem estar unidos a um partido político, e a safadeza pode fazer parte de um projeto de conquista do Estado, como foi o caso do mensalão, o maior escândalo — VIU, MINISTRO BARROSO? — da história da República. Tratou-se, como se sabe, de uma tentativa de golpe nas instituições.

O principal papel do jornalista que se respeita, senhor Luiz Inácio, não é caçar bandido. Isso é tarefa da polícia. Um jornalista deve é se ocupar de corrigir as instituições, segundo as regras estabelecidas pelo estado democrático e de direito. É por isso que não pode se contentar apenas com a crítica ao pé-de-chinelo que fez isso ou aquilo. Mas essa, claro!, é a visão que Lula tem da imprensa depois que chegou ao poder, em 2003. Quando ele estava na oposição, jamais reclamou do jornalismo, que sempre, com raras exceções, lhe puxou o saco. Ele mesmo já disse, num rasgo de lucidez, certa feita, que ele próprio era produto da imprensa livre. E é! Mesmo quando dizia bobagens cabeludas em economia, política e o que mais fosse, era tratado como uma força da natureza, um pensador original, o portador de uma verdade revelada.

O ombudsman
O líder político que gostaria que jornalistas se comportassem como meros policiais também resolveu ser ombudsman da imprensa. Afirmou:
“Quero confessar que eu tinha a impressão de que esse evento estava proibido para a imprensa porque um assunto dessa magnitude, com os resultados extraordinários conquistados por muitos países do mundo e pelo Brasil, mereceu menos atenção do que qualquer outro assunto banal do noticiário brasileiro. É uma pena que, muitas vezes, as coisas sérias não são tratadas com seriedade, é uma pena que as coisas banais, as coisas secundárias, sejam tratadas de forma quase sensacionalista.”

“Coisa séria” é tudo aquilo que serve ao propósito de Lula e de seu partido. “Sensacionalismo” é a notícia que não é do seu interesse. O petismo gasta muitos milhões do dinheiro público para alimentar o sistema oficial de comunicação e para pagar a rede suja que presta vassalagem ao petismo. Fazem isso assegurando que representam a novidade e que todo o resto é a chamada “velha mídia”. Por que, então, não conseguiram tornar influente assunto tão relevante? Se a “velha mídia” não está com nada, como querem os petistas, deixem-na, então, em paz e regozijem-se com seus próprios meios, não é mesmo?

A grande farsa
Lula só consegue articular um discurso imaginando que há um inimigo à espreita. Voltando a seu esporte predileto, que é brincar de arranca-rabo de classes, referiu-se nestes termos ao Bolsa Família:
“O que dá para os ricos é investimento e, para os pobres, é gasto, a ponto de dizerem na minha cara que nós estávamos criando [com o Bolsa Família] um exército de vagabundos”.

O primeiro a dizer que os programas de bolsas deixavam os pobres vagabundos foi Lula. E o fez de maneira explícita, arreganhada. No vídeo abaixo, ele aparece dois momentos: exaltando o Bolsa Família, já presidente da República, e no ano 2000, quando chamava os programas de assistência direta (como o Bolsa Família) de esmola. Vejam.

Pobre vagabundo
Mas foi bem mais explicito. Nos primeiros meses como presidente, Lula era contra os programas de Bolsa que herdou de FHC. Ele queria era assistencialismo na veia mesmo, distribuir comida, com o seu programa “Fome Zero”, uma ideia publicitária de Duda Mendonça, que ele transformou em diretriz de governo. Deu errado. O Fome Zero nunca chegou a existir.

Já demonstrei isso aqui. No dia 9 de abril de 2003, com o Fome Zero empacado, Lula fez um discurso no semi-árido nordestino, na presença de Ciro Gomes, em que disse com todas as letras que acreditava que os programas que geraram o Bolsa Família levavam os assistidos à vagabundagem. Querem ler? Pois não!

Eu, um dia desses, Ciro [Gomes, ministro da Integração Nacional], estava em Cabedelo, na Paraíba, e tinha um encontro com os trabalhadores rurais, Manoel Serra [presidente da Contag - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura], e um deles falava assim para mim: “Lula, sabe o que está acontecendo aqui, na nossa região? O povo está acostumado a receber muita coisa de favor. Antigamente, quando chovia, o povo logo corria para plantar o seu feijão, o seu milho, a sua macaxeira, porque ele sabia que ia colher, alguns meses depois. E, agora, tem gente que já não quer mais isso porque fica esperando o ‘vale-isso’, o ‘vale-aquilo’, as coisas que o Governo criou para dar para as pessoas.” Acho que isso não contribui com as reformas estruturais que o Brasil precisa ter para que as pessoas possam viver condignamente, às custas do seu trabalho. Eu sempre disse que não há nada mais digno para um homem e para uma mulher do que levantar de manhã, trabalhar e, no final do mês ou no final da colheita, poder comer às custas do seu trabalho, às custas daquilo que produziu, às custas daquilo que plantou. Isso é o que dá dignidade. Isso é o que faz as pessoas andarem de cabeça erguida. Isso é o que faz as pessoas aprenderem a escolher melhor quem é seu candidato a vereador, a prefeito, a deputado, a senador, a governador, a presidente da República. Isso é o que motiva as pessoas a quererem aprender um pouco mais.

Notaram a verdade de suas palavras? A convicção profunda? Então…

No dia 27 de fevereiro de 2003, Lula já tinha mudando o nome do programa Bolsa Renda, que dava R$ 60 ao assistido, para “Cartão Alimentação”. Vocês devem se lembrar da confusão que o assunto gerou: o cartão serviria só para comprar alimentos?; seria permitido ou não comprar cachaça com ele?; o beneficiado teria de retirar tudo em espécie ou poderia pegar o dinheiro e fazer o que bem entendesse?

A questão se arrastou por meses. O tal programa Fome Zero, coitado!, não saía do papel. Capa de uma edição da revista Primeira Leitura da época: “O Fome Zero não existe”. A imprensa petista chiou pra chuchu.

No dia 20 de outubro, aquele mesmo Lula que acreditava que os programas de renda do governo FHC geravam vagabundos, que não queriam mais plantar macaxeira, fez o quê? Editou uma Medida Provisória e criou o Bolsa Família? E o que era o Bolsa Família? A reunião de todos os programas que ele atacara em um só. Assaltava o cofre dos programas alheios, afirmando ter descoberto a pólvora. O texto da MP não deixa a menor dúvida:
(…) programa de que trata o caput tem por finalidade a unificação dos procedimentos de gestão e execução das ações de transferência de renda do Governo Federal, especialmente as do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação – “Bolsa Escola”, instituído pela Lei n.° 10.219, de 11 de abril de 2001, do Programa Nacional de Acesso à Alimentação – PNAA,criado pela Lei n.° 10.689, de 13 de junho de 2003, do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Saúde – “Bolsa Alimentação”, instituído pela medida provisória n.° 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, do Programa Auxílio-Gás, instituído pelo Decreto n.° 4.102, de 24 de janeiro de 2002, e do Cadastramento Único do Governo Federal, instituído pelo Decreto n.° 3.877, de 24 de julho de 2001.

Compreenderam? Bastaram sete meses para que o programa que impedia o trabalhador de fazer a sua rocinha virasse a salvação da lavoura de Lula. E os assistidos passariam a receber dinheiro vivo. Contrapartidas: que as crianças frequentassem a escola, como já exigia o Bolsa Escola, e que fossem vacinadas, como já exigia o Bolsa Alimentação, que cobrava também que as gestantes fizessem o pré-natal! Esse programa era do Ministério da Saúde e foi implementado por Serra.

E qual passou a ser, então, o discurso de Lula?

Ora, ele passou a atacar aqueles que diziam que programas de renda acomodavam os plantadores de macaxeira, tornando-os vagabundos, como se aquele não fosse rigorosamente o seu próprio discurso, conforme se vê no vídeo e voltou a repetir nesta quinta..

Encerro
Seria, de fato, muito bom que a política brasileira deixasse de ser refém dessa empulhação, dessa conversa mole. Não creio, infelizmente, que isso possa se dar com a dupla Marina-Eduardo Campos (sim, claro, volto ao tema) e vejo a oposição ainda está sem discurso e sem eixo. O programa do PSB, no entanto, acerta ao captar um certo clima de enfaro, de saco cheio mesmo, com essa ladainha lulista. Ete senhor emburrece o debate político com sua conversa mole para desmemoriados.

Por Reinaldo Azevedo

 

O Brasil está de volta ao topo do ranking mundial dos juros reais — e com crescimento pífio

Não, não sou economista — sim, eu sei. Mesmo os não-economistas podem juntar lé com lé, cré com cré e concluir que algo não vai bem no arranjo geral. Com a elevação da taxa Selic para 9,5% ao ano, o Brasil volta para o topo do ranking mundial dos juros reais, segundo cálculos do economista Jason Vieira, conforme publica o Estadão.

Digamos que fosse assim porque, sei lá, a economia estivesse superaquecida, porque fosse necessário dar uma freada no crescimento, porque a demanda excessiva estivesse pressionando a inflação, um desses problemas convencionais que as economias enfrentam volta e meia.

Mas não. O Brasil tem o menor crescimento dos Brics. O próprio BC prevê apenas 2,5% para este ano. O FMI antevê os mesmos 2,5% no ano que vem. A ser assim, Dilma produzirá a mais baixa média de crescimento na comparação com os quatro mandatos anteriores — dois de FHC, dois de Lula: 2,15%.

Notem: nem estou aqui entrando no mérito da elevação, se boa ou ruim, se necessária ou não. Apenas evidencio que o conjunto da obra, e olhem que faltam muitos elementos negativos ao quadro, é constrangedor. O mercado prevê que o ano termine com a Selic a 10%.

Por Reinaldo Azevedo

 

Alta do dólar faz Copom elevar Selic de 9% para 9,5% ao ano

Na VEJA.com:
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentou em 0,50 ponto porcentual, para 9,5% ao ano, a taxa básica de juros (Selic) nesta quarta-feira, em decisão unânime, sem viés – ou seja, a decisão é válida até o próximo encontro, em dezembro. Trata-se da quinta elevação consecutiva do juro básico da economia neste ano. A trajetória de alta teve início em abril, quando a autoridade monetária subiu a Selic de 7,25% (mínima histórica) para 7,5%. A decisão não surpreendeu o mercado financeiro, que apostava de forma quase unânime no aumento de 0,50 ponto. Trata-se da maior taxa de juros desde março de 2012.

No comunicado que acompanhou a decisão, o BC reafirmou que a inflação constitui um risco para a economia. “O Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano”. Votaram por essa decisão o presidente do BC, Alexandre Tombini, e os diretores Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.

A decisão do Comitê ocorre no mesmo dia em que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro foi divulgado, ficando em 0,35% no mês, acumulando um avanço de 5,86% em doze meses. Para o final de 2013, o mercado aposta que o IPCA recuará para 5,82%, indicando desaceleração, mas ainda acima do centro da meta de 4,5%. Para 2014, as expectativas apontam para o IPCA a 5,95%. “A inflação está vindo um pouco mais comportada, mas está próxima ao teto. Diante disso, acredito que a Selic fechará o ano em 10% e assim permanecerá em 2014″, afirma Pedro Galdi, analista da SLW Corretora.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Emprego na indústria tem maior recuo em mais de 4 anos

Na VEJA.com:
O número de empregados no setor industrial brasileiro caiu 0,6% entre julho e agosto, o maior recuo desde abril de 2009 (0,7%). Esta é a quarta queda consecutiva nessa base de comparação, informa o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o órgão de estatísticas, também houve queda de 1,3% na comparação com agosto de 2012, o 23º resultado negativo consecutivo, também o mais intenso desde dezembro. Nos oito primeiros meses do ano, o índice de ocupação na indústria acumulou queda de 0,8%.

 O número de horas pagas aos trabalhadores da indústria, já descontadas as influências sazonais, caiu 0,7% entre julho e agosto de 2013, também a quarta taxa negativa seguida e a mais intensa desde abril de 2012. Na comparação com agosto de 2012, houve recuo de 1,4% nas horas pagas. De janeiro a agosto, o número de horas pagas na indústria também foi reduzido em 0,9%.  Em termos salariais, o IBGE também apurou recuo de 2,5% nos pagamentos de agosto, em comparação a julho, maior queda desde janeiro. Em relação ao mesmo mês do ano passado, a folha salarial desses trabalhadores caiu 0,2%, interrompendo 43 meses de taxas positivas seguidas.

Por Reinaldo Azevedo

 

CENSURA PRÉVIA E DEMAGOGIA – Caetano, Chico, sei lá quem… Nossos heróis morreram de uma overdose de realidade. E ainda: Ruffato, o novo candidato a herói

Caetano black bloc

Coitado do Caetano Veloso! Ele é capaz de compreender o alcance até estético da truculência fascista e anônima dos black blocs, mas é contra a publicação de biografias que não sejam autorizadas pelos biografados ou seus descendentes. Não só. Acha que, quando autorizada, o biografado tem de ser remunerado. Agressão à liberdade de expressão? Nãããooo!!! Se o texto for publicado graciosamente na Internet, aí tudo bem! Caetano, então, só não reconhece o direito autoral do biógrafo, do pesquisador, do escritor, do jornalista… E faz essa defesa, para escândalo da lógica, no bojo de uma lei que defende o… direito autoral!

É bem verdade que nem ele nem os demais artistas que estão com ele nessa patuscada se pronunciaram. A porta-voz dessa nova frente de censores é Paula Lavigne, ex-mulher de Caetano e chefona do tal movimento “Procure Saber”. A lista de apoiadores da patranha é grande — há gente lá de que nem eu nem ninguém nunca ouvimos falar. Nem precisavam ser tão ciosas de sua intimidade, que já está naturalmente resguardada pela irrelevância. Mas há também cabeças coroadas da MPB: Chico Buarque (não há causa autoritária que este senhor não endosse, e faz tempo!), Milton Nascimento, Roberto Carlos (o que censura até livro sobre a Jovem Guarda), Djavan. Digam-me: alguém, alguma vez, se interessou em conhecer detalhes da vida de Djvan? Nem quando ele cantou “Mais fácil aprender japonês em braille/ do que você decidir se dá ou não” eu me interessei em quebrar a metáfora para tentar entender o que ele quis dizer…

É o fim da picada! A Constituição Brasileira, que acaba de fazer 25 anos, assegura a ampla liberdade de expressão em dois artigos: o 5º e o 220. Mas o Artigo 20 do Código Civil exige a autorização prévia para a publicação de biografias. Com base nele, juízes têm determinado o recolhimento de livros, o que é coisa própria de ditaduras, não de democracias. Os tais artistas, que se reuniram para mudar a lei dos direitos autorais (nem vou entrar no mérito neste texto), passaram a defender, de quebra, a manutenção da restrição — a palavra final acabará sendo do Supremo.

“Ah, então você defende que qualquer um possa escrever qualquer coisa sobre qualquer pessoa, sem restrições?” É evidente que não! Existem leis para coibir e para punir a injúria, a calúnia e a difamação. E elas não valem apenas para o que é divulgado na imprensa. Alcançam também os livros. Se um biógrafo incorrer numa dessas faltas, que arque com o peso do Código Penal — além de eventuais ações indenizatórias na área cível. Por que diabos precisamos de um lei que, na prática, permite até mesmo a censura prévia?

A culpa deles, as nossas culpas
Pois é… Há muito tempo eu enrosco com os nossos “cantores” e, de maneira geral, os nossos “artistas” e “celebridades” que opinam sobre tudo e qualquer coisa. O mais eloquente deles é mesmo Caetano Veloso. Não há assunto no plano material ou espiritual sobre a qual ele não tenha uma opinião, que costuma ser acatada pela imprensa como o “magister dixit”. O mesmo se diga sobre áreas do conhecimento: estética, ciências, filosofia, religião… Se Caetano falou, falado está. Só ele? Não! Na campanha eleitoral de 2010, Chico Buarque, por exemplo, deu uma abalizadíssima opinião sobre política externa — segundo ele, o governo tucano falava grosso com a Bolívia e fino com os EUA. Hoje que falamos grosso com os EUA e fino com a protoditadura boliviana, ele deve estar feliz.

A ditadura militar ainda nos faz muito mal, sim. Mas de um modo muito mais amplo do que supõem alguns. Além dos problemas que lhe eram intrínsecos — e eu os conheço de perto porque tomei muita borrachada — , há um outro, que perdura na cultura brasileira. Pouco importava a bobagem que dissesse, ou que ainda diga, o idiota de plantão, logo ele era, e é, alçado ao panteão dos pensadores se, afinal, estivesse, ou esteja, se manifestando contra “a ditadura”. Assim, opor-se ao regime militar se tornou uma espécie de selo de qualidade do pensamento.

E o mecanismo se renova. Como a ditadura já vai ficando distante de nós, novas “causas” vão juntando novos idiotas, que pontificam com a autoridade dos sábios sobre os mais variados assuntos. A profundidade da ignorância que exibem chega a ser comovente. Ou não vimos, não faz tempo, um grupo de artistas globais a proclamar a maior quantidade de besteiras jamais reunidas num só vídeo sobre a usina de Belo Monte? Nada escapou: história, física, geografia, matemática… Tudo falecia diante da ignorância propositiva, convicta, sincera!

Não me desviei do assunto. Vocês verão que não! Por que estamos, de algum modo, surpresos com a defesa que aqueles artistas fazem da censura? Porque, no Brasil (não é só aqui, mas, por aqui, é mais!), artista logo ganha o estatuto de pensador. Mais do que isso: sua glossolalia ideológica — e eles não têm a obrigação de ser especialistas na área — logo é tomada como uma expressão de uma política alternativa. Querem um exemplo? Caetano Veloso, Chico Buarque e Wagner Moura têm uma receita para o Rio: Marcelo Freixo. Freixo é do PSOL, o partido que comanda a greve dos professores do Rio em parceria, agora admitida, com os black blocs. Boa parte da chatice de boa parte do cinema nacional decorre do fato de que cineastas costumam ter mais programas de governo na cabeça do que boas ideias para… cinema.

Não! Não estou aqui a advogar que cada um deva ficar no seu quadrado. Ao contrário da turma do “Procure Saber”, eu sou um árduo defensor dos Artigos 5º e 220 da Constituição. Só estou aqui a afirmar que precisamos parar com essa mania de achar que artistas carregam a iluminação política. Eles serão bons ou maus, iluminados ou não, apenas na arte que fazem. É o que interessa. Caetano é uma besta política E eu gosto de várias músicas suas, não é de hoje. Há reinterpretações que fez, como a de “Fera Ferida”, de Roberto Carlos (outra besta política), que são magistrais. Só não se deve levar a sério o que ele pensa como ser político. No caso e no momento, este senhor, em companhia de outros, está defendendo a censura.

Lá vou eu...
Mas a gente não aprende — e isso vale também para a imprensa. Nunca li um livro de Luiz Ruffato. Embora a minha área original de interesse seja a literatura, tenho dedicado meu tempo à política. Meu interesse pela literatura fincou morada no Século 19, com raras exceções. Não porque eu seja chique demais. Não sou! É que cansei dos truques dos contemporâneos, geralmente mais ocupados com o “modo de dizer” o nada do que com o algo a dizer, mais ocupados em expor a própria alma do que as almas deste vasto mundo. E esse pode não ser o caso de Ruffato — logo, não expresso um juízo de valor sobre a sua obra.

Mas lamento o discurso que fez em Frankfurt. E não apenas porque há reducionismos que não resistiriam a um cotejo mínimo com a história e com os fatos. Lamento porque o domínio que o levou a ter aquele palco privilegiado foi, até onde sei, a sua produção literária, não o aporte que ele possa agregar em matéria de leitura sociológica ou histórica sobre o Brasil — matéria em que demonstrou ser de uma anemia profunda.

Pouco me importa se a sua fala constrangeu também Marta Suplicy e Michel Temer, políticos que não estão entre os meus prediletos. Pouco me importa se também os petistas são gostaram de seu discurso — afinal, imagina-se ainda, lá fora, que o Brasil está prestes a ser uma Suíça. Pouco me importa que seu destempero verbal tenha desagradado também às esquerdas — esquerdistas não são, necessariamente, o oposto privilegiado a qualificar as minhas opiniões; na verdade, o que eles acham do mundo me interessa muito pouco.

O que não faz sentido é um escritor brasileiro, ainda que fosse um novo Machado de Assis, aproveitar um evento sobre livros para fazer um discurso político como um arauto da nacionalidade a anunciar: “Isto é o Brasil”. Para que o fizesse, precisaria estar munido de uma força representativa que, obviamente, não tem. E poucos se dão conta de que, então, o seu desabafo, ou que nome tenha, foi também um primor do autoritarismo. “Ah, o Reinaldo e as esquerdas criticando juntos…” O Reinaldo fala o que quer e não se importa com o que os outros falam — à esquerda, ao centro, à direita… Ruffato denunciou, por exemplo, um certo genocídio de índios… Só se for aquele que os tupis promoveram contra… outros índios!

Volto ao ponto central
Artistas valem pela arte que produzem, qualquer que seja ela. Escrevo isso até em defesa do que há de bom na obra de Caetano Veloso e de outros tontos que estão com ele na empreitada censória. E cabe também a nós tratar com mais cuidado o domínio da política, que é onde se cuida de questões como direitos individuais e liberdade de expressão. Durante um largo tempo, tomamos como pensadores profundos gente que não ia além da opinião ligeira, da idiossincrasia ou do rancor convertido em norte ético.

No que concerne às biografias, encerro tomando emprestada uma observação da jornalista Mônica Waldvogel no Twitter. A restrição pela qual lutam esses artistas não vai proteger apenas as suas respectivas vidas (irrelevantes — esse adjetivo é meu, não dela). Ela também resguardaria a biografia de torturadores, de assassinos, de malfeitores. Um biógrafo ou jornalista, vejam vocês, teria de pedir tanto a Roberto Carlos e Caetano Veloso como a Fernandinho Beira-Mar e Marcola a autorização para narrar a sua saga.

De certo modo, é bom que esse debate esteja em curso. Expõe de forma dramática o atraso mental daqueles que um dia foram feitos heróis da resistência. E é bom que esses heróis morram de uma overdose de realidade. Só não devemos começar a erigir outros…

Por Reinaldo Azevedo

 

A Justiça de SP decide: eles estão no poder! Se a Polícia prender, um juiz manda soltar. Ou: Tribunal de Justiça liberta casal preso em flagrante

Vejam esta foto, de autoria de Daniel Teixeira (Estadão Conteúdo).

Carro da polícia virado

Na segunda-feira, os vândalos que tomaram conta do Centro de São Paulo depredaram e viraram um carro da Polícia Civil. E brandiram a bandeira preta da desordem. Eles podem. Contam, agora, com aliados objetivos — pouco importam as intenções — na Justiça de São Paulo. O mesmo Tribunal de Justiça que negou a liminar (vejam post anterior) de reintegração de posse da Reitoria da USP, invadida a marretadas, mandou soltar um casal preso em flagrante durante as depredações. Trata-se de Humberto Caporalli, de 24 anos, e Luana Bernardo Lopes, de 19. A decisão é do juiz Marcos Vieira de Morais, do Departamento de Inquéritos Policiais.

Nesta terça, o advogado da dupla, Daniel Biral, explicava tudo direitinho. Pelo visto, convenceu o juiz. Na mochila de um deles, havia uma bomba de gás lacrimogêneo. Como assim? É simples. Segundo o doutor, tratava-se apenas de souvenir da manifestação. Que tal? Recorreu ainda a um estranho argumento: como o artefato poderia ser deles se só pode ser comprado por forças de segurança oficiais? Eis uma boa questão. A qualquer ser lógico, isso só complica a situação em vez de amenizar. O juiz parece ter concordado com ele.

Uma câmera foi apreendida com o casal. Nas filmagens — inclusive da depredação do carro de Polícia —, eles estimulam o pega-pra-capar: “Quebra, quebra…” O doutor considera isso manifestação cultural. Pelo visto, a Justiça acatou o argumento. Explica:

“Eles assumem que estavam no ato, mas negam ter participado de qualquer dano. Estavam na rua registrando e provocando culturalmente, artisticamente. Durante as manifestações estavam pintando determinadas instalações, o que chamam intervenções artísticas. Pelo que eles me contaram, disseram que a cidade ficou mais bonita com a intervenção artística deles. Em nenhum momento tem fotos ou imagens deles participando desse ato. Acredito que foi um equívoco.”

São mesmo duas almas sensíveis, dois artistas, dois estetas incompreendidos.

Humberto Caporalli, está provado, participou de depredações também no Rio de Janeiro. Seu Facebook traz esta foto, e ele se identifica como Humberto Baderna.

Depredador no Facebook

O advogado explica o que ele faz em São Paulo: “Ele veio do interior do estado em busca de melhores oportunidades na vida. Trabalha com grafite e é ligado a ações artísticas”.

Entendi.

Por Reinaldo Azevedo

 

Justiça volta a negar reintegração de posse da Reitoria da USP. Está dado o recado: usem a marreta e o pé de cabra como argumento!

Invasão da Reitoria a marretadas: método agora consagrado por juiz (Foto: Danilo Verpa/Folhapress)

Invasão da Reitoria a marretadas: método agora consagrado por juiz (Foto: Danilo Verpa/Folhapress)

Se vocês querem saber o que restou do tal “espírito das ruas”, eu vou lhes contar. O Tribunal de Justiça negou — é a segunda decisão judicial nesse sentido — a reintegração de posse da Reitoria da USP, que foi invadida com marreta e pé de cabra. Os invasores, sob o comando do PSOL, exigem a eleição direta para reitor.

Em sua decisão, o juiz Adriano Marcos Laroca, da 12ª Vara da Fazenda Pública, afirma em sua sentença:
“A ocupação de bem público (no caso de uso especial, poderia ser de uso comum, por exemplo, uma praça ou rua), como forma de luta democrática, para deixar de ter legitimidade, precisa causar mais ônus do que benefícios à universidade e, em última instancia, à sociedade. Outrossim, frise-se que nenhuma luta social que não cause qualquer transtorno, alteração da normalidade, não tem força de pressão e, portanto, sequer poderia se caracterizar como tal.”

Assim, o doutor não avalia a ocupação segundo a lógica dos fins, pouco importando os meios, certo? Se o juiz considerar que a invasão traz mais benefícios do que prejuízos, então está tudo bem. Para ele, é irrelevante que existam regras de ocupação daquele prédio ou de qualquer outro bem público; para ele, é irrelevante que existam regras para a eleição do reitor; para ele, é irrelevante que existam regras, inclusive, para mudar a forma de eleger o reitor.

Vamos aplicar o seu princípio. Uma usina hidrelétrica, por exemplo, gera energia para milhões de pessoas. Digamos que, no caminho, existam 200 índios. Segundo o raciocínio do doutor, se eles não saírem, que morram afogados. Afinal, a legitimidade de uma determinada ação, mesmo a sua legalidade, está sujeita à finalidade.

A propósito: a ocupação da Reitoria não causa alteração da normalidade? O resto da comunidade uspiana é obriga a se submeter à vontade de meia dúzia de invasores?

O doutor achou que era pouco. Ele resolveu entrar no mérito da coisa e, numa espécie de sentença — descabida, de resto, porque o mérito da reivindicação, que se saiba, não estava em julgamento —, acusou de intransigência sabem quem? A Reitoria! Escreveu:
“Desta forma — como pareceu ter ficado claro na audiência —, havendo ainda a possibilidade de retomada do prédio sem o uso da força policial, bastando a cessação da intransigência da Reitoria em dialogar, de forma democrática, com os estudantes, e, ainda, considerando, como dito acima, que, nesse momento, a desocupação involuntária, violenta, causaria mais danos à USP e aos seus estudantes do que a decorrente da própria ocupação, indefiro, por ora, a liminar de reintegração de posse”.

Corolário: doutor Laroca está legitimando o uso da marreta e do pé de cabra como instrumentos de luta política. Para ele, tudo indica, isso não caracteriza intransigência. Como sabe qualquer um da área: apenas duas considerações são cabíveis num despacho sobre liminar:
a: avaliar se a parte que a solicita tem ou não competência para tanto;
b: avaliar se está caracterizada a urgência. O texto do meritíssimo foi muito além disso e se constitui num libelo em favor da invasão e contra a Reitoria.

Espero que ninguém tenha a ideia de invadir o Tribunal de Justiça em nome de um Judiciário mais célere. Alguém poderia negar que se trataria de um fim meritório?

USP invasão pé de cabra

Nas duas fotos acima, de Leonardo Neiva, do G1, os

Nas duas fotos acima, de Leonardo Neiva, do G1, os “democratas” do juiz Laroca argumentam com a Reitoria, que o meritíssimo acusa de instransigência

 

Por Reinaldo Azevedo

 

Sindicato de professores do Rio volta a defender parceria com “black blocs”: são sempre “bem-vindos”. Como se vê, eu estava certo!

Caetano black bloc

Escrevi umpost às 4h05 da manhã em que afirmava que o Jornal Nacional está errado ao afirmar que existe uma diferença entre as “manifestações pacíficas” dos professores, no Rio, e os atos violentos dos “black blocs”. Sustentei que a afirmação contraria os fatos, as evidências, as provas. Publiquei fotos demonstrando que estão juntos. Mais do que isso: publiquei um vídeo em que lideranças da greve saúdam os bandoleiros e demonstram a sua gratidão. Para quem ainda não viu, segue abaixo de novo. Volto em seguida.

Retomo
Como se vê, além de demonstrar que estão juntos, aquele rapaz que discursa incita, na prática, a violência contra os policiais, comparando-os, adicionalmente, a nazistas. Para ele, os PMs são tão culpados por aquilo que chama “repressão” como os comandantes.

Muito bem!

Uns bocós acharam que eu estava só pegando no pé da Globo, fazendo uma picuinha qualquer. Não! Eu estava tratando de um fato. Nesta quarta, o sindicato dos professores decidiu manter a greve e ainda publicou um manifesto que é de lascar.

Em entrevista ao Jornal O Dia, o coordenador-geral da entidade afirmou: “As manifestações dos profissionais de educação continuarão a ser organizadas pelo Sepe, mas os Black Blocs serão sempre bem-vindos. O Sepe não pode se responsabilizar por atos anteriores, mas, nos protestos dos professores, os causadores dos conflitos não foram os Black Blocs e sim a polícia”.

Só isso? Não! Há mais. Num manifesto, o Sepe sugere que ele próprio pode montar a sua tropa: “O Estado e seus gestores (Sérgio) Cabral e (Eduardo) Paes iniciaram uma ofensiva militar contra os movimentos sociais e a nossa greve, através de choques, bombas e sprays de pimenta. Devemos nos defender e seguir nas ruas”.

Os fatos falam por si.

O Jornal Nacional já tratou da greve e não informou a reiteração da parceria.

Por Reinaldo Azevedo

 

A Lei de Segurança Nacional e os vândalos. Ou: Uma questão de vergonha na toga!

Caetano black bloc

Como os petralhas são chatos e aborrecidos! Eles poderiam, no entanto, ser um pouco mais informados. Há uma penca aqui torrando a minha paciência porque a CBN noticia em sua página (deve ter ido ao ar na rádio) que o governador Geraldo Alckmin se manifestou contra o enquadramento daquele casal da pesada na Lei de Segurança Nacional, chamada pelos tolos (esses e outros; já chego lá!) de “lei da ditadura”. E por que ficam engrolando suas glossolalia subpolítica? Porque eu defendo, sim, o enquadramento dos terroristas nessa lei. Na verdade, fui o primeiro a tocar no assunto, ainda no dia 14 de junho. Muito bem! Ainda que seja exatamente assim e que Alckmin tenha se mostrado contrário (talvez não seja bem isso…), e daí? Por que haveríamos de pensar a mesma coisa? “Porque você é tucano”, responde o semovente. Será mesmo? Tanto o partido como eu repudiamos peremptoriamente essa suspeita. 

A questão
Os supostos defensores dos direitos humanos e os politicamente corretos, inclusive os da imprensa, estão tentando emprestar um viés ideológico à Lei de Segurança Nacional. Pretexto: foi instituída pela ditadura. A ser assim, não se cumpram, então, todas as leis que aí estão e que foram, ora vejam, aprovadas durante regimes ditatoriais, a começar do Código Penal. Pobre José Dirceu! Foi condenado por corrupção ativa, com base do Artigo 333 do Código Penal. Tal artigo é expressão da Lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Em 1940, o Brasil vivia sob a ditadura do Estado Novo, bem mais violento e assassino nos porões do que a ditadura militar. E aí?

A Lei de Segurança Nacional não foi revogada pela Constituição democrática de 1988. Suas disposições são compatíveis com a Carta, garantidora dos direitos individuais a mais não poder. Logo, a lei, instituída durante uma ditadura, mas correta nos seus fundamentos, desde que adequadamente aplicada (como tudo), serve ao regime democrático . Assim como o Artigo 333 do Código serviu para condenar os corruptores do mensalão.

Até dá para debater o mérito do texto, se os que estão barbarizando nas ruas estão ou não cometendo os crimes ali definidos — eu acho que estão, mas admito que se possa pensar de modo diferente. Argumentar que a lei é inaplicável porque aprovada durante a ditadura é coisa de vigaristas intelectuais e de apoiadores vulgares de bandidos.

O ponto
O casal preso, é bom que se diga, não foi enquadrado apenas na Lei de Segurança Nacional. Eles são acusados também de outros crimes: dano qualificado, incitação ao crime, formação de quadrilha ou bando e posse ou porte ilegal de armas de uso restrito. Ainda que se queira desqualificar o atentado à segurança nacional — que foi cometido! —, há as demais transgressões.

Há uma boa possibilidade de o governador Alckmin estar sendo pragmático. Os defensores de bandidos que costumam se travestir de defensores dos direitos humanos já deram início à gritaria: “Ah, essa é uma lei da ditadura”. É fato: havendo a disposição para punir o crime, nem mesmo é preciso recorrer à Lei de Segurança Nacional. A Lei 12.850, que define o crime de organização criminosa, é suficiente para punir esses delinquentes. E, sobre ela, não pesa nem mesmo a acusação imbecil de ser uma “lei da ditadura”

Problemas
Ocorre que há um problema. A Lei 12.850 prevê em seu Parágrafo Primeiro:
“§ 1º – Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.”

Convenham: há muita margem aí para o exercício do direito criativo. O juiz pode entender que não está caracterizada a “associação”, que cada black bloc é, assim, como uma mônada, entendem, dotada de individualidade etc. Já os Artigos 15º a 20º da Lei de Segurança Nacional, quando se tem vergonha na toga, são claríssimos. Transcrevo-os:

Art. 15 – Praticar sabotagem contra instalações militares, meios de comunicações, meios e vias de transporte, estaleiros, portos, aeroportos, fábricas, usinas, barragem, depósitos e outras instalações congêneres.
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos.
§ 1º – Se do fato resulta:
a) lesão corporal grave, a pena aumenta-se até a metade;
b) dano, destruição ou neutralização de meios de defesa ou de segurança; paralisação, total ou parcial, de atividade ou serviços públicos reputados essenciais para a defesa, a segurança ou a economia do País, a pena aumenta-se até o dobro;
c) morte, a pena aumenta-se até o triplo.
§ 2º – Punem-se os atos preparatórios de sabotagem com a pena deste artigo reduzida de dois terços, se o fato não constitui crime mais grave.

Art. 16 – Integrar ou manter associação, partido, comitê, entidade de classe ou grupamento que tenha por objetivo a mudança do regime vigente ou do Estado de Direito, por meios violentos ou com o emprego de grave ameaça.Pena: reclusão, de 1 a 5 anos.

Art. 17 – Tentar mudar, com emprego de violência ou grave ameaça, a ordem, o regime vigente ou o Estado de Direito.
Pena: reclusão, de 3 a 15 anos.
Parágrafo único.- Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena aumenta-se até a metade; se resulta morte, aumenta-se até o dobro.

Art. 18 – Tentar impedir, com emprego de violência ou grave ameaça, o livre exercício de qualquer dos Poderes da União ou dos Estados.
Pena: reclusão, de 2 a 6 anos.

Art. 19 – Apoderar-se ou exercer o controle de aeronave, embarcação ou veículo de transporte coletivo, com emprego de violência ou grave ameaça à tripulação ou a passageiros.
Pena: reclusão, de 2 a 10 anos.
Parágrafo único – Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena aumenta-se até o dobro; se resulta morte, aumenta-se até o triplo.

Art. 20 – Devastar, saquear, extorquir, roubar, seqüestrar, manter em cárcere privado, incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas.
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos.
Parágrafo único – Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena aumenta-se até o dobro; se resulta morte, aumenta-se até o triplo.

Encerro
A vantagem da Lei de Segurança Nacional — que está em vigência no regime democrático — é, como se vê, essa clareza. Mas admito: quando se tem vergonha na toga, é possível punir esses bandidos exemplarmente com mais de uma lei. O pressuposto é só este: vergonha na toga. Leis não nos faltam.

Por Reinaldo Azevedo

 

ELES QUEREM UM ÓRGÃO EXTERNO PARA CENSURAR A IMPRENSA; EU QUERO QUE ESTA SE LIBERTE TAMBÉM DA CENSURA INTERNA DE MILICIANOS

Alguns, como posso chamar?, desafortunados das ideias — estou me tornando um rapaz de paciência — estão tentando torrar a dita-cuja com bobagens. Dizem que estou criticando a imprensa mais do que fazem aqueles seres trevosos, que recebem boladas das estatais e de gestões petistas para exercer essa tarefa, entre outras atribuições subterrâneas. Uma ova!

Pra começo de conversa, a minha crítica não divide a “mídia”, como eles chamam, entre “boa” (a que está “com a gente” — no caso, com eles…) e a “má” (a que está “contra nós” — também no caso, “eles”. Para dar sequência à conversa, os meus textos não integram um projeto de poder nem são expressões da luta partidária. Por aqui, só para dar um exemplo, até Dilma pode ser elogiada, como já foi (quando deu um chega pra lá na Corte Interamericana de Direitos Humanos por causa de Belo Monte…). Até Marina Silva pode ser elogiada, como já foi — quando acusou a tentação chavista do petismo. Escrevo o que quero, não o que decide o Comitê Central ou o Caixa Central.

Para continuar na mesma prosa, escrevo não porque queira censurar a imprensa, como eles querem, com o tal “controle” sei lá do quê. Ao contrário: eu pretendo uma imprensa — não chamo de mídia — ainda mais livre do que ela é hoje.

Livre do patrulhamento politicamente correto.
Livre da agenda dos supostos bem-pensantes.
Livre das milícias internas que impõem um clima de doce terrorismo em nome de suas noções particulares de justiça.
Livre das polícias de pensamento que se manifestam em nome da igualdade social, racial e de gênero; que militam em favor da diversidade cultural e de comportamento; que pregam em nome de um laicismo que se transforma logo em preconceito religioso; que transformam, numa inversão moral que só existe por aqui, o aborto num dos “direitos humanos”; que anunciam que a descriminação das drogas é o novo umbral dos direitos individuais.

Será que eu não quero debater nada disso? Ao contrário! Quero é debater tudo isso, e meu blog entra de peito aberto nessas coisas todas — parte do seu sucesso (desculpem-me os ressentidos, mas é um sucesso!) se deve justamente a isso.

O que não aceito, isto sim, é a interdição do debate. O que não aceito é que se travem os embates só entre pessoas que concordam. O que não aceito é que a crítica às cotas, por exemplo, seja considerada racismo. O que não aceito é que a igualdade de gêneros ou a tal diversidade sexual virem polícias de pensamento e de comportamento. O que não aceito é a derivação fascistoide das manifestações identitárias. E, infelizmente, boa parte da imprensa está hoje submetida a essas fúrias milicianas.

No caso dos protestos — e foi esse o motivo da minha crítica mais recente —, o meu alvo é o que chamo “reverência” ao espírito das ruas, qualquer que seja a barbaridade que de lá venha. Quem bota pra quebrar não é “manifestante”, mas vândalo, bandido, marginal. Quem leva coquetel molotov para atacar policiais e prédios públicos ou privados não está protestando, mas praticando um ato de caráter terrorista. Quem impõe a sua vontade, cerceando o direito de milhares de ir e vir, é só um autoritário que precisa ser contido pelas regras da democracia. E eu e muita gente, com efeito, estamos com o saco cheio de ver a violência programada ser chamada de “manifestação pacífica”.

É mentira a história contada a milhões de telespectadores segundo a qual o sindicato dos professores planejou uma manifestação pacífica e que a violência foi protagonizada por vândalos que nada tinham a ver com o protesto. Os black blocs marcharam junto com os sindicalistas, na mesma formação; eram uma ala da passeata. Da mesma sorte, em São Paulo, os mascarados das ruas eram apenas os homólogos dos mascarados que invadiram a marretadas a Reitoria da USP — estes convocaram a manifestação em suposta solidariedade aos professores do Rio. Critiquei e continuarei a criticar, enquanto achar pertinente, a submissão da imprensa à vontade dos vândalos.

Não houvesse outras diferenças entre mim e os seres trevosos, financiados com capilé oficial, anda haveria esta: ELES QUEREM SUBMETER A IMPRENSA À CENSURA DE UM ÓRGÃO QUE LHE É EXTERNO; EU QUERO QUE A IMPRENSA SE LIBERTE DE MILÍCIAS QUE FAZEM A CENSURA INTERNA.

E só para arrematar: como é que essa censura interna se dá? Decisões editoriais, que obedecem a critérios técnicos, logo ganham um viés ideológico e são vazadas por milicianos por intermédio das redes sociais. Com receio do que se vai dizer por aí, há chefias de redação, hoje, que estão sendo intimidadas por esses policiais do pensamento. E o que é pior: estão cedendo à pressão. Essa censura, em muitos aspectos, é ainda pior do que a outra porque insidiosa. Ceder a esse tipo de patrulha corresponde a admitir a existência de uma órgão externo de controle da imprensa. Trata-se de uma agressão a um dos pilares da democracia. Há muita gente equivocada por aí achando que pode dar os anéis aos trogloditas para preservar os dedos. Ocorre que eles não querem os anéis. Querem os dedos — só para começo de conversa.

Entenderam a diferença?

Por Reinaldo Azevedo

 

Finalmente, Polícia de SP recorre à Lei de Segurança Nacional para combater atos terroristas; fiz essa defesa aqui no dia 14 de junho, antes de o caos se instalar

Sempre com ele. Depois o resto.

Vejam esta foto de Duran Machfee/Futura Press. Volto em seguida.

Finalmente aconteceu o óbvio. A Polícia de São Paulo decidiu enquadrar um casal de arruaceiros na Lei de Segurança Nacional. O nome da moça é Luana Bernardo Lopes (foto). É estudante e tem 19 anos. O do rapaz é Humberto Caporalli, de 24. Eles foram presos em flagrante. Na mochila, carregavam explosivos e granadas. Nada menos do que isso. A polícia dispõe de imagens em que eles aparecem incitando ataques a um posto de gasolina e a um carro da Polícia Civil. O casal foi transferido para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Franco da Rocha. Ela estuda artes da Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, e Humberto se diz pintor e artista de rua.

Caramba! Como demorou até que alguém tivesse a coragem de fazer a coisa certa. Este bloguinho não brinca em serviço. E quanto serviço, não é?! Antes que a situação tocasse nas raias do surrealismo, defendi essa medida aqui no dia, ATENÇÃO!, 14 de junho. Antes mesmo que as manifestações ganhassem a dimensão de suposta revolta popular (tenham paciência!), senti o fedor da baderna pela baderna e da disposição de grupelhos ultrarradicais de partir para o tudo ou nada. Em vez de transcrever, vou com imagem. Este era o título do meu post.

Já no lead, eu lembrava o óbvio:

Como, desde as primeiras manifestações, que idiotas chamavam de “pacíficas”, havia depredação de patrimônio público e privado (estações de metrô e agências bancárias) e uso de coquetéis molotov, transcrevi o Artigo 15 da Lei de Segurança Nacional.

Lei da ditadura?
Ah, mas essa é uma lei da ditadura! A observação é bucéfala. Boa parte do Código Penal brasileiro também é: de 1941, em plena vigência do Estado Novo, a ditadura que mais matou no Brasil. Deve ser ignorado por isso? Se a lei foi recepcionada pela nova Constituição, e foi, deixou de ser uma lei da ditadura para ser uma lei da democracia. Escrevi isto também. Leiam. Volto em seguida.

Voltei
Interessante o ar de afronta da presa. Não acho que ela deva ser punida por causa de suas olhares, mas do que fez. A polícia descobriu todo um código a comunicação entre os baderneiros. O olhar “fiz mesmo e daí!?” é interessante porque revela, não fosse o apetrecho encontrado, que ela e os seus não se deixaram levar pelo calor da hora. Tudo aponta para uma escolha determinada e consciente.

Espero que seja esse agora o padrão. E que as demais secretarias de Segurança Pública tomem decisões parecidas. A punição por mero vandalismo no Brasil se afigura quase impossível. Quando, no entanto, as pessoas recorrem a explosivos e põem em risco a segurança da coletividade, aí existe a Lei de Segurança Nacional, que pertence ao estoque do estado democrático e de direito, para cuidar do assunto.

Vamos ver o que dirá o senhor Wadih Damous, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, aquele que foi à passeata do Rio para, disse, verificar se os policiais cometeriam atos violentos.

Eu quero saber se ele concorda que os que tentam explodir postos de gasolina e andam com granadas na mochila devem ou não ser enquadrados na Lei de Segurança Nacional. Por enquanto. Se e quando tivermos uma lei decente para punir o terrorismo, então é caso de considerar essa gente o que efetivamente é: TERRORISTA! Sobre a volta das balas de borracha (se se provarem necessárias) em São Paulo, falo em outro post.

Por Reinaldo Azevedo

 

Alô, professores do Rio! Vocês precisam escolher entre a defesa dos interesses de sua profissão e a defesa dos interesses do PSOL; entre o próprio futuro e o futuro de Marcelo Freixo, o doce de coco do Caetano

Começo conforme o prometido, com a fotinho.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), fez o que cabe a um gestor sensato fazer: tentar romper o impasse que cria severos entraves ao funcionamento regular da educação na cidade do Rio. Hoje, a área é refém de uma minoria de extremistas de esquerda, liderada pelo PSOL — de Marcelo Freixo, o doce de coco de Caetano Veloso, Chico Buarque e Wagner Moura —, com o apoio indisfarçado do PT, do senador Lindbergh Farias, que aproveita para fazer a sua campanha ao governo do Rio.

A questão assumiu dimensões que vão além da insanidade, além da estupidez. Como o movimento conta com o apoio bucéfalo de setores da imprensa, que hoje se deixam intimidar, imaginem!, por black blocs, os ditos “socialistas com liberdade” perderam qualquer noção de limite. Para negociar com a Prefeitura, exigem até a demissão da competente Cláudia Costin, secretária de Educação. Se e quando o PSOL vencer uma eleição na cidade, aí, então, demita do secretariado e para ele contrate quem quiser. Quem recebeu essa atribuição da maioria do eleitorado da capital fluminense foi Eduardo Paes.

O prefeito decidiu dar início a uma interlocução direta com outras lideranças do professorado, que não aquelas do sindicato, que já não atua mais em defesa da categoria, mas de um partido. Aliás, depois do caso da deputada estadual Janira Rocha, que admitiu que dinheiro de sindicato foi usado para financiar sua campanha e para a criar o próprio PSOL, é muita cara-de-pau dessa gente sobrepor, mais uma vez, os interesses do partido aos do próprio professorado.

Espero que caia a ficha dos professores. Eles terão de decidir se cuidam do próprio futuro e do futuro de sua carreira ou se ajudam a fortalecer o PSOL, destruindo a educação no município. Leiam reportagem de Pâmela Oliveira, na VEJA.com:
*
O prefeito Eduardo Paes, que enfrenta uma paralisação de 52 dias na rede municipal de educação, desistiu de tentar negociar o fim da greve com o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) e busca novos canais de diálogo com a categoria. Nesta terça-feira, Paes participou de uma reunião com representantes dos conselhos de professores, diretores e pais de alunos das escolas municipais, no Palácio da Cidade, em Botafogo, na Zona Sul. Durante o encontro, que se estendeu por cinco horas, o prefeito ouviu reivindicações, como melhorias da estrutura física das escolas, e propostas sobre a reposição das aulas.

“Diálogo pressupõe uma pauta racional de reivindicações. Quem senta à mesa e pede a exoneração da secretária (Claudia Costin) e a revogação de uma lei que dá aumento ao professor não está querendo negociar. Quer fingir que negocia. A direção do sindicato radicalizou. Eles querem até nomear a secretária da Educação no meu lugar”, afirmou Paes. “Eles não querem acordo. Por isso estamos conversando com outros representantes dos professores”, afirmou.

O prefeito afirmou que os educadores que não voltarem às salas de aula terão o ponto cortado. Na segunda-feira, o Tribunal de Justiça negou recurso contra a liminar que obrigou os professores a voltar a trabalhar, sob multa diária de 200.000 reais, e autorizou o corte do ponto dos grevistas a partir do dia 3 de setembro, data em que o Sepe-RJ foi intimado a cumprir a decisão.

“A direção das escolas vai informar as faltas à secretaria de Educação e os grevistas terão o ponto cortado”, avisou o prefeito.

Segundo Paes, a greve chegou a atingir quase 20% dos 42.000 professores da rede, mas perdeu força. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, a paralisação, hoje, afeta 10% dos educadores. Paes se recusou a comentar a atuação da Polícia Militar durante o confronto da noite de segunda-feira, após protesto de professores, no centro da cidade.

“A única coisa que eu garanto é que aquelas cenas de vandalismo não têm qualquer relação com o professor do município. Professor da rede municipal não faz aquilo, não pratica vandalismo”, disse.

Por Reinaldo Azevedo

 

As balas de borracha e as tolices

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo decidiu, em face da escalada da violência, que a Polícia Militar voltará a usar balas de borracha para conter o vandalismo. Está certo? Claro que está! A dita-cuja é um mal em si? Não! O que a torna ruim é o mau uso. Ainda me lembro — hoje, a minha memória está um azougue! — o que escrevi aqui no dia 17 de junho, quando o secretário da Segurança Pública, Fernando Grella, anunciou que não mais se usariam as tais. De novo, vai a fotografia do texto.

Retomo
Se há uma coisa que aprendi com o tempo é que o óbvio costuma se lembrar de acontecer. Nas negociações feitas pela Secretaria de Segurança Pública com os líderes das manifestações, que já haviam sido notavelmente violentas até então, a Polícia cedeu em tudo; aqueles patriotas, em nada.

Reconheço, no entanto, que havia poucas saídas. A esmagadora maioria da imprensa havia comprado a causa dos aloprados. Vândalos eram vistos como jovens poetas que haviam acordado para a vida. Deu no que deu. Esses setores da imprensa a que me refiro tinham a seu dispor, para analisar o momento, a Constituição e as leis. Prefeririam ceder ao clamor de lobos em pele de cordeiro. 

Por Reinaldo Azevedo

 

O Jornal Nacional, os “pacíficos”, os “vândalos e os fatos

Não estou pegando no pé nem do Jornal Nacional, da Globo ou de quem quer que seja.. Quem sou nesta vida besta para tanto? A emissora concentra o que há de melhor no país em jornalismo de TV. Mas pode errar, como todo mundo, pelas mais diversas razões. “E quem é o juiz? Você, Reinaldo Azevedo?” Sim, no meu blog, sou eu, ora. Numa página que é minha, alguém tem ideia melhor?

O JN fez uma reportagem quase inteiramente correta sobre o quebra-quebra em São Paulo e quase inteiramente errada sobre a pauleira no Rio. Ao pecado da primeira. Separou em dois grupos os manifestantes, como se obedecessem a comandos distintos: os que reivindicavam e os que quebravam. Erro: o protesto em São Paulo foi marcado pelos invasores da Reitoria da USP, liderados pelo PSOL. Recorreram a uma marreta para ocupar o prédio. O protesto era em solidariedade aos professores grevista do Rio, também liderados pelo PSOL. Afirmar que se tratava de grupos distintos, como se não houvesse hoje uma “joint venture” ideológica entre black blocs e manifestantes é lutar contra os fatos.

No Rio, essa associação é ainda mais escandalosa. Ouvi na reportagem coisas como “vândalos que mais tarde se misturaram aos manifestantes”. O repórter chegou a afirmar, para espanto da lógica, a seguinte barbaridade: “ [Os black blocs] não praticaram nenhum ato violento enquanto estiveram com os manifestantes” . Como???

Então se admite que os black blocs estavam com os manifestantes. Considerando o que querem e o que fazem os ditos-cujos, estavam com os professores por quê, para quê? Quem, em nome da “manifestação pacífica” — expressão que já deve ser a mais empregada da história da Globo em 48 anos — admite a presença desses patriotas?

Polícia ineficaz e na defensiva
Pior: o governador Sérgio Cabral concedeu uma entrevista, com aquela cara de bebê chorão que ele faz às vezes — só falta pedir para o Sérgio Cabral pai pegá-lo no colo e fazê-lo nanar —, para dizer que a polícia havia cumprido a sua função, mas num tom de desculpa, o que foi repetido por autoridades policiais. Mesmo depois de tudo o que se sabe do Rio e que se vê nas ruas, há, atenção!, apenas três pessoas presas.

Assim, a gente vê que se trata de uma polícia que, definitivamente, não gosta de prender, seja quando instala UPPs na base do espanta-bandido, seja quando enfrenta delinquentes uniformizados. Mas volto ao ponto.

A reportagem ouve uma liderança dos professores, com a camisa vermelha com inscrições em amarelo, que caracterizam o PSOL (e, mais genericamente, o socialismo), e o líder, um sei lá quem, cinicamente, diz que a manifestação dos professores terminou antes do quebra-quebra e que eles não tinham controle do que veio depois.

Entendi: então este líder dos professores admite a presença dos black blocs como uma ala do seu desfile de protesto, encerra a manifestação, diz que não tem nada com isso e ainda apresenta a sua versão, que ganhou credibilidade com a editorialização das informações, em rede nacional.

Reconhecer o óbvio — o sindicato dos professores passou a operar em parceria com os black blocs — não torna nem mais nem menos justa a reivindicação dos professores. Trata-se apenas de um fato, escancarado nestas duas foto de Christophe Simon, da AFP, uma delas com dizeres contra a Globo, note-se.

O que é preciso para que o JN reconheça a parceria? Que o sindicato dos professores adote oficialmente os black blocs como o seu braço intelectual?

Por Reinaldo Azevedo

 

Enquanto Dilma exaltava as “manifestações” no Programa do Ratinho, o pau comia no Rio e em São Paulo. Estava escrito na estrela

Tomei uma decisão editorial. Sempre que eu escrever sobre a barbárie promovida por fascistas mascarados, a primeira imagem do meu texto será essa. Sim, é Caetano Veloso. Ele é favorável à censura prévia no caso das biografias, mas contra a repressão aos black blocs. Aos fatos da hora.

Enquanto o pau comia nas ruas em São Paulo e no Rio, Dilma Rousseff concedia uma entrevista a Ratinho. Não há nada de errado com o apresentador. Faz o trabalho dele. A questão é saber se ela faz o dela.

Enquanto a presidente dizia no SBT que “os protestos fazem parte do processo da democracia e da evolução social do Brasil”, os mascarados do Black Bloc faziam isto em São Paulo.

Black blocs destroem e viram carro da PM em SP (Foto: Eduardo Anizelli-Folhapress)

Enquanto a presidente dizia a Ratinho que os protestos “têm um sentido positivo”, os black blocs faziam isto no Rio.

Black blocs incendeiam ônibus no Rio (Foto Marcelo Sayão-EFE)

Enquanto a presidente fazia poesia e garantia que os manifestantes querem “mais garantias de direitos” e “mai democracia”, na capital fluminense, assistia-se a esta beleza:

Agência bancária é depredada no Rio por black blocs (foto: Christophe Simon-AFP)

Bomba incendiária é lançada contra a Assembleia Legislativa do Rio (Foto: Pablo Jacob – Agência O Globo)

Enquanto a presidente interpretava os tais protestos como coisa de gente que quer sempre avançar, os “avançados” faziam coisas como esta:

No Rio, Blac blocs acendem coquetel molotov para lançar contra PMs (Foto: Christophe Simon-AFP)

Em SP, os black blocs lançam com estilingue artefato incendiário contra policiais (foto: Fábio Braga-Folhapress)

Então vamos ver

O que você sente, leitor amigo, telespectador amigo, quando repórteres e apresentadores de TV recorrem à expressão “manifestação pacífica”? Não está cansado dessa ladainha, dessa mentira escancarada, dessa pilantragem jornalística? Estão querendo enganar a quem? Nesta segunda, a violência estava inscrita na própria convocação dos atos, desde o começo. Questionei aqui: que sentido fazia marcar um protesto em São Paulo em apoio aos grevistas do Rio?

Era o PSOL, que invadiu a Reitoria da USP, se solidarizando com o PSOL que comanda a absurda greve dos professores no Rio. Tanto lá como cá, contava-se com a colaboração dos black blocs, não é? No Rio, como numa desfile de escola de samba, criou-se uma comissão de frente, com jovens e uma criança, batizada de “Tropa dos Prof”. Parte da imprensa carioca delirou, achou lindo, achou demais, fez poesia, babou de satisfação. Às vezes, tenho a impressão de que há mais black blocs nas redações do que nas ruas. Vejam a foto.

Comissão da Frente da Escola Unidos do Reacionarismo, que fez delirar parte da imprensa carioca (Foto: Christophe Simon-AFP)

Logo atrás, vinha uma outra ala, a dos… black blocs propriamente. E, como é de seu feitio, mandavam a polícia se f…r.

Black blocs estavam na manifestação dos professores desde o começo: eram uma ala do desfile (Foto: Cristophe Simon-AFP)

Respondam, senhores apresentadores de TV.
Respondam, senhores jornalistas de TV.
Respondam, senhores editores de TV.
Respondam, senhores diretores de jornalismo de TV.
Quem, planejando uma “manifestação pacífica”, aceita a colaboração dos black blocs já na própria organização do suposto ato de protesto?

O chato é que a condescendência com a violência e com a desordem não muda o espírito dos que odeiam a imprensa livre e o jornalismo, como se vê na foto abaixo.

Black blocs e professores fundidos num grupo só: hostilidade injustificada à TV Globo

Embora a Globo faça uma cobertura dos eventos de rua que, para ser ameno, é “amigável” com os protestos, os trogloditas continuam a satanizá-la. Se, amanhã, num ato de delírio extremo, a emissora passasse a tratar os black blocs como heróis, eles a acusariam de tentativa de cooptação. Não existem nem amenidade nem adesão o bastante para a fome do gigante.

País estúpido
Leiam este trecho em azul.
A grande mentira é esta: as manifestações nunca foram pacíficas, desde o início. Depois que se decretou que a “culpa é da polícia” e que a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, debaixo de uma artilharia como nunca se viu, foi obrigada a declarar qualquer área da capital território livre para as manifestações — “sem repressão” —, estava, para lembrar imagem que usei aqui, aberta a Caixa de Pandora. Como no mito, só a esperança ficou grudada ao fundo. Os males do mundo escaparam todos.

Mais: teve início outra tese ridícula — a da “maioria pacífica”, uma espécie, como direi?, tautologia conceitual. Quando a maioria não é pacífica, o que se tem é revolução. Aliás, também as revoluções são feitas por minorias. A questão é saber se elas são ou não usadas como instrumento de luta. Ou foram os “pacíficos” que empurraram os governadores e prefeitos contra a parede?
(…)
O governo federal está recuperando a ofensiva no terreno político, e não há muito o que a oposição possa fazer. Com as pessoas comuns um pouco assustadas e de volta a seus lares, sobraram nas ruas a turma da porradaria e os radicais de esquerda, que já se mobilizam para dirigir de modo mais claro os ataques contra a imprensa — a mesma que incensou o movimento. E desqualifico, mais uma vez, uma mentira estúpida: o jornalismo não entrou nessa “para derrubar Dilma”, não! Entrou porque não resiste a qualquer coisa que tenha cheiro de povo.
(…)
Vá lá na Suécia e diga que tudo vale a pena se a disposição não é pequena para ver o que acontece. Lembram-se do furacão Katrina, nos EUA? As vítimas foram mandadas para escolas e alojamentos. Todos estavam unidos na tragédia, não é? Os idealistas esperavam solidariedade, a ajuda mútua etc. As Forças Armadas americanas estavam lá. Mesmo assim, começaram a se multiplicar os casos de estupro, e as autoridades alertaram: “Protejam-se; não temos como evitar esses atos”.

“Ah, então o povo, deixado por sua própria conta…” Sim, é isso mesmo! É por isso que existem governos e pactos sociais. O estado não precisa ser o Leviatã, não! Mas precisa ter legitimadas as suas forças de contenção. Ou é a guerra de todos contra todos. Uma coisa é criticar os maus policiais; outra, como se fez, é deslegitimar as polícias. É visível que as PMs do Brasil inteiro estão com medo de agir. Os policiais temem parar atrás das grades por cumprir sua função.

Se a amiga da presidente Dilma, a tal Rosa Maria, da Comissão da Verdade, elege as PMs como inimigas do povo e dos direitos humanos, então está declarado o vale-tudo. Vale-tudo que setores da imprensa pediram e aplaudiram. E agora? Agora são as próximas vítimas.

Retomo
Este é trecho de um post que escrevi aqui no dia 27 de junho de 2013, há mais de três meses. Quem se orienta segundo princípios inegociáveis não precisa esperar o desenrolar os fatos para dizer “não” ao que merece “não”. E eu digo “não” à violência que é dirigida contra as balizas do regime democrático.

VOCÊS SABEM QUE JAMAIS ME DEIXEI LEVAR PELO CANTO DA SEREIA, NÃO É? APANHEI MUITO POR ISSO, INCLUSIVE DE ALGUNS LEITORES HABITUAIS DO BLOG.

“É necessário ficar lembrando o que você escreveu?” É, sim! Não é sem um custo razoável que se afirmam certas coisas, na contramão, na contracorrente, quando há quase uma unanimidade em sentido contrário. É preciso ter memória.

Volto a Dilma
Na entrevista ao Ratinho, Dilma afirmou que, sem as manifestações, talvez o governo não tivesse conseguido aprovar os 75% dos royalties do pré-sal para a educação e 25% para a saúde e criar o programa “Mais Médicos”. Num caso, conta-se com o ovo na barriga da galinha. No outro, como é sabido, o programa já estava em curso e nada tinha a ver com a saúde dos brasucas, e sim com os cofres de Cuba. Isso é o de menos. O que importa é que o governo se desvinculou dos protestos, como antevi que aconteceria ainda em junho, e largou a barbárie para ser resolvida pelas Polícias Militares, que, prudentemente, cansaram de ser vítimas das milícias politicamente corretas das redações.

Se setores da imprensa, a exemplo de Caetano Veloso, acham que os black blocs “fazem parte”, por que seriam os homens de farda a dizer que não? Eles, convenham, pertencem àquele grupo que detém o monopólio do uso legítimo da força. Se os “companheiros” da imprensa acham que esse monopólio foi transferido para os outros fardados, os mascarados, não há muito o que os policiais, que são apenas o povo de farda, possam fazer. Os respectivos comandos das PMs deveriam mandar seus homens saírem às ruas distribuindo rosas & poesias.

Texto publicado originalmente às 5h05

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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1 comentário

  • Ronaldo Zanon Canarana - MT

    Reinaldo, sabe estou me perguntando sera que os Black Blocs não estão certos, pois não existe mudança sem mobilização e sem sacrificios. e olha que não sou pro viloencia nem radical.

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