Ainda a violência na Faculdade de Direito da USP e a tolerância. Ou: A sabedoria que vem da guilhotina, do paredão e do fuzilame

Publicado em 02/04/2014 16:00 e atualizado em 11/06/2014 16:38
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Ainda a violência na Faculdade de Direito da USP e a tolerância. Ou: A sabedoria que vem da guilhotina, do paredão e do fuzilamento

O que esta foto tem a ver com este texto? Ficará claro.

Noite histórica -  O jurista Goffredo da Silva Telles Jr. lê a Carta aos Brasileiros, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em que desafia a ditadura militar com o elogio ao estado de direito (foto: Pedro Martinelli)

Noite histórica - O jurista Goffredo da Silva Telles Jr. lê a Carta aos Brasileiros, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em que desafia a ditadura militar com o elogio ao estado de direito (foto: Pedro Martinelli)

Sim, eu vou voltar ao caso do ataque fascistoide de que foi vítima o professor de direito administrativo Eduardo Lobo Botelho Gualazzi na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. E acho, sinceramente, uma covardia inominável que alguns sugiram que eu leia o texto que ele escreveu, como se eventuais abominações lá presentes justificassem o ato covarde. É provável, dados os fragmentos que me chegaram, que eu discorde de absolutamente tudo. E daí? (segue de novo o vídeo)

Os interessados devem ler o que pensa, por exemplo, o professor Walter William, 78 completados neste 31 de março, que concedeu uma entrevista à VEJA em 2011. Sobre a liberdade de expressão, ele afirma: “É fácil defendê-la quando as pessoas estão dizendo coisas que julgamos positivas e sensatas, mas nosso compromisso com a liberdade de expressão só é realmente posto à prova quando diante de pessoas que dizem coisas que consideramos absolutamente repulsivas”.

William é um intelectual negro, ultraliberal — refiro-me ao liberalismo econômico —, que desafia os cânones do pensamento politicamente correto. Mas não o evoco por isso, não. O fato de ele ser negro não torna seu pensamento nem mais nem menos abalizado. É que sua síntese é muito boa. Se o outro diz aquilo com o que concordamos, por óbvio, nossa tolerância não está sendo provocada. De resto, até onde sei, Gualazzi não estava a defender a tortura — e não venham me dizer que “é tudo a mesma coisa” porque, obviamente, não é.

Se abomino e lastimo a brutalidade, não é menos verdade que a compreendo. Com raras exceções, a imprensa exerceu um papel lamentável nestes dias, dando corda a mistificadores. Que nenhum cretino venha tentar me provar que o golpe não era bacana — sei disso mais do que os radicais do Toddy & Sucrilho. Sei disso desde quando se opor ao regime era realmente perigoso. Hoje, o máximo de risco que essa gente corre é uma tia gostar do vídeo no YouTube.

Leio, ouço e vejo muita coisa por aí. A impressão que se tem é que havia no Brasil um presidente muito bom, corajoso e valente, que amava o povo. Aí chegaram os homens maus, financiados pelos Estados Unidos, e decidiram acabar com o reino da Justiça. Essa é também a história que é contada para essa garotada nas escolas. Essa é a mística criada pela tal Comissão Nacional da Verdade. Em 2014, passados 50 anos do golpe de 1964, entendemos menos hoje o que realmente aconteceu do que antes. Menos hoje do que há dez anos. Menos hoje do que há 20 anos.

E por que é assim? Porque estamos expostos ao peso de uma nova história oficial. No que concerne ao valor da narrativa, ela é ainda mais perniciosa do que todas as mentiras contadas pelo oficialismo golpista porque reivindica para si a condição de a “a história verdadeira”, que não estaria submetida a viés nenhum, a não ser o apego aos fatos. E, nesse caso, até contumazes assassinos como Marighella e Lamarca viram heróis. Afinal, eles só matavam e praticavam atentados terroristas por bons motivos, né? “Ah, mas defender o golpe é o mesmo que apoiar a tortura!” São futuros advogados a dizê-lo? Não é, não! Ou esses que invadiram a sala acham que um policial feito refém por um líder de esquerda, com as mãos amarradas, impossibilitado de fugir, deve mesmo ser morto a coronhadas de fuzil, até seu crânio e seu cérebro se misturarem numa massa pastosa? Foi o que Lamarca fez — na verdade, Yoshitani Fujimori, sob as suas ordens — com o tenente da Polícia Militar de São Paulo Alberto Mendes Júnior, de 23 anos.  Quando Dilma falou das vítimas, em seu discurso do dia 31, estou certo que pensou, entre outros, em Lamarca, de quem chegou a ser subordinada, mas não no tenente Mendes Júnior.

Como esquecer, santo Deus!, que estamos numa universidade? Como esquecer que, no espaço acadêmico, mormente num curso de direito, a divergência, por mais abominável que seja a tese, é o sal da vida? Mais constrangedor ainda é ver o passado a serviço da ignorância. Assistam ao vídeo de novo. Os alunos invadem a sala de aula cantando um trecho da música “Opinião”, de Zé Ketti, que assumiu um sentido muito particular durante a ditadura:
Podem me prender, podem me bater,/
podem até deixar-me sem comer/
que eu não mudo de opinião.
daqui do morro eu não saio não,/
daqui do morro eu não saio não.

Os dois últimos versos, dada uma reserva de ridículo, não foram entoados. Não havia por ali, digamos, “gente do morro”… Ora, quem vai bater nesses malcriados? Que vai prendê-los, quem vai deixá-los sem o seu Toddynho com sucrilho? Felizmente, os que comandaram a resistência pacífica ao golpe construíram os fundamentos de um regime que permite que todas as correntes de opinião se manifestem.

Honestidade intelectual
Qualquer pessoa intelectualmente honesta — sim, é uma questão de honestidade — há de reconhecer que isso só é possível porque as esquerdas radicais perderam a batalha.  Onde quer que tenham vencido, os mortos se contam aos muitos milhares, aos muitos milhões. Isso é apenas um fato. A Venezuela de hoje serve de ilustração patética do que afirmo aqui.

Qual será a próxima vítima dos agressores? Qual será o próximo professor a ser submetido ao Tribunal da Verdade, que terá a sua palavra tolhida, que será humilhado? A partir de agora, a São Francisco tem um comitê de censura. E, para pôr os pés naquela faculdade, será preciso pedir autorização aos donos do pedaço. A São Francisco, em breve, será um território menos livre do que o Complexo do Alemão. É isto: a São Francisco é agora o Complexo da Ideologia Alemã… Quem dera!  Nesse caso, haveria ao menos alguma leitura… Logo será preciso uma UPPI — Unidade de Polícia Pacificadora Ideológica — para que alguém tenha ao menos o direito de erguer a mão e fazer uma objeção sem ser ameaçado por um bumbo…

Goffredo da Silva Telles Jr.
Sinto muita vergonha ao ver essas coisas e lembrar que a São Francisco é a casa de um Goffredo da Silva Telles Jr., o ex-integralista — vejam só: ele tinha sido “de direita”! — que, em 1977, proclamou das Arcadas a “Carta aos Brasileiros” (foto no alto). E lá se podia ler:
“Reconhecemos que o Chefe do Governo é o mais alto funcionário nos quadros administrativos da Nação. Mas negamos que ele seja o mais alto Poder de um País. Acima dele, reina o Poder de uma Ideia: reina o Poder das convicções que inspiram as linhas mestras da Política nacional. Reina o senso grave da Ordem, que se acha definido na Constituição.
(…)
Proclamamos que o Estado legítimo é o Estado de Direito, e que o Estado de Direito é o Estado Constitucional. O Estado de Direito é o Estado que se submete ao princípio de que Governos e governantes devem obediência à Constituição”.

Este era o Goffredo que teve um primo assassinado, nas cercanias da faculdade, pelas forças de Getúlio, em 1943, que enfrentaram a tiros uma passeata dos estudantes da São Francisco.

Sim, eram tempos em que se podia bater, prender e matar para que alguém mudasse de opinião. Hoje não! Os que lutaram para construir a democracia no Brasil o fizeram para garantir a todos o direito de voz — e é só a voz dos que discordam de nós que testa a nossa tolerância.

Querem transformar a São Francisco num gueto, onde só se entra com atestado de bons antecedentes ideológicos? Será fornecido por quem? Quando é que esses rapazes e moças vão se reunir para definir um “código de ética” que estabeleça quem tem e quem não tem direito a advogado?

Escreveu-se um capítulo vergonhoso da história da São Francisco. Mais vergonhoso ainda é o silêncio que se seguiu à violência. Não se trata, insista-se, de concordar com o professor ou de discordar dele, mas de reconhecer a universidade segundo a sua vocação: o espaço da universalidade, da divergência, do dissenso. Ou então que se faça o Index das opiniões e dos temas proibidos.

Gene antigo
É claro que esses radicais do bumbo violam fundamentos da democracia que não construíram, mas que herdaram. Apontei no texto de ontem o rebaixamento do próprio pensamento da esquerda, cuja militância é hoje, em regra, de uma assombrosa ignorância de seus próprios textos de referência. Mas, de todo modo, o velho gene da intolerância está ali presente, sempre pronto a calar, a banir, a excluir, a higienizar a diferença.

São assim desde o Clube dos Jacobinos, não é? E continuarão. Quando já não têm mais inimigos a eliminar, então se voltam contra os aliados. A marca registrada dos regimes vitoriosos de esquerda, afinal, é engolir os próximos revolucionários, a exemplo de Saturno, que engolia os próprios filhos, como no quadro de Goya, que vocês veem abaixo. Mesmo quando a luta “pelo novo homem” seduzia os intelectuais de renome — e se distinguia um tanto do crime organizado —, a esquerda sempre banhou seus aliados em sangue, depois, é óbvio, de eliminar os adversários. A matriz — a política — do marxismo é a Revolução Francesa, notória por devorar os seus. Stálin transformou isso numa indústria (i)moral, com os Processos de Moscou.

saturno goya

O mal essencial desse pensamento, em 1964 ou agora, está na recusa em reconhecer que ainda não se inventou nada melhor para equacionar as divergências em sociedade do que a democracia, o regime de liberdades. Antes, as esquerdas tinham o que parecia ser um projeto totalizante para a civilização. Naufragaram. Onde a estupidez persiste e, eventualmente, dá as cartas, ou elas se dedicam à empulhação violenta à moda chavista ou se esforçam, a exemplo do lulo-petismo, para submeter as instituições a uma espécie de gerência, buscando substituí-las pelas instâncias do “partido”.

De resto, lá estava o professor, a ler a sua tese sem seguidores. Menos do que minoritário, é provável que estivesse solitário. E, mesmo assim, foi esmagado pelo ato boçal. Posso imaginar do que  seriam capazes essas pessoas se achassem que o adversário oferece, de fato, algum risco. A resposta é simples: fariam o que fizeram nos últimos duzentos e poucos anos: guilhotina, paredão, fuzilamento.

Mas devemos acreditar que só o fazem porque, afinal, são favoráveis à Justiça, à Igualdade, à Liberdade e à Verdade.

Por Reinaldo Azevedo

 

FASCISMO DE ESQUERDA INVADE UMA AULA NA SÃO FRANCISCO, INTIMIDA PROFESSOR, IMPÕE-SE PELA FORÇA BRUTA E SE QUER ARAUTO DA LIBERDADE

Invadi Reitoria quatro vezes na USP.

Invadi espaço do Crusp ocupado pela área administrativa da universidade.

Fiz miguelito — quem era ou é do ramo sabe do que se trata.

Apanhei.

Quase me lasquei bonito aos 16 anos.

Mas nunca fiz o que vocês verão abaixo. Nunca! Esses brucutus que se querem libertários não sabem o preço da liberdade. Não sabem o que é se arriscar por ela. Não estão preparados para a divergência.

O busílis é o seguinte.

O professor de direito administrativo Eduardo Lobo Botelho Gualazzi, professor de Direito Administrativo da Faculdade de Direito da USP, dava nesta segunda, dia 31 de março, uma aula em que criticava os regimes socialistas. Antes disso, consta, teria tornado público um texto em que defende o regime militar instaurado em 1964 no país.

Não conheço o texto, mas é muito provável que eu não concorde com Gualazzi hoje e é certo que não teria concordado com ele aos 18 anos. Agora, como antes, entendo que a palavra é a melhor expressão da divergência e que o tema poderia ter sido objeto de debate dentro da sala da aula.

Mas não! Esse grupo — não sei se com o apoio do Centro Acadêmico 11 de Agosto — resolveu simular cenas de tortura na porta da sala de aula e, em seguida, a invadiu. Convoquei muita greve na USP, deixo claro. Batia à porta. Pedia licença ao “mestre” — a orientação era para que chamássemos o professor de mestre — para falar. Se ele permitisse, muito bem, dávamos o recado; se não, então agradecíamos, pedíamos desculpa pela interrupção e saíamos. Não procedíamos daquele modo porque o país era uma ditadura e estávamos ainda a nove anos das eleições diretas. Procedíamos daquele modo porque entendíamos que certas conquistas da civilização deveriam permanecer fosse qual fosse o regime. Bem, vejam o vídeo com a barbárie. Volto em seguida.

Retomo
Um leitor manda-me o seguinte trecho, atribuído a um dos invasores, que estaria no primeiro ano: “Esse professor distribuiu antes da aula um texto para alunos explicando por que ele defendia a ‘revolução’ de 1964 e como isso foi bom para o Brasil. Então nos reunimos para fazer um escracho contra ele. Antes de entrar, fizemos um pequeno teatro de uma cena de tortura e entramos dentro da sala. O professor foi muito agressivo, empurrou alunos. Ele perdeu as estribeiras, quis expulsar os estudantes de dentro da sala, mas começamos a batucar e ele saiu muito nervoso”.

O que foi que esse rapaz aprendeu sobre civilidade, contraditório, divergência? Santo Deus! Trata-se, nada menos, de uma faculdade de direito, onde se aprende, é lição básica, que um dos pressupostos de um regime de liberdades públicas e individuais é que todos têm o direito a um advogado — se a pessoa não puder arcar com um, às suas expensas, o estado se encarregará de fazê-lo. Um defensor público, diga-se, cuidou do caso até de um dos réus do mensalão — aliás, foi o mais bem-sucedido na Corte.

Reitero: não se trata de concordar ou não com a tese de Gualazzi. Por razões teóricas, históricas e até sentimentais, é possível que eu discorde profundamente dele, mas estou certo de que não é assim que se fazem as coisas.

Cabe a pergunta óbvia: esse grupo se tornou agora o Comitê de Censura da São Francisco? É ele que vai definir o limite do que pode e do que não pode ser dito em sala de aula? Esses ignorantes truculentos conseguirão, finalmente, realizar o que nem o golpe militar conseguiu: eliminar, também no conteúdo, a chamada liberdade de cátedra?

É claro que essa gente, vê-se pela idade dos que tiram o capuz, não participou da luta pela redemocratização do país; é claro que essa gente só age de modo tão covarde porque sabe que não haverá consequências; é claro que essa gente só é tão bruta porque sabe que lhes vão conceder a licença para ser truculenta, embora ela própria não conceda a quem considera adversário nem mesmo o direito de falar. É claro que essa gente só age desse modo porque tem claro que o máximo risco que corre é humilhar os outros.

“Ah, Reinaldo, o ancião de 52 anos, quer ensinar a meninada a fazer a militância!” Eu não quero ensinar nada. Segundo o meu entendimento de democracia, também os idiotas e os ignorantes têm direito a voz e voto. Mas civilidade e senso de limites independem, em larga medida, do que se pensa. E só passa a ser função do que se pensa quando o que se tem em mente é um regime totalitário. Faço uma pergunta que o agora neoesquerdista Caetano Veloso fez àqueles que o impediram de cantar a música “É proibido proibir” num festival em 1968: essa gente é diferente dos fascistas que invadiram, naquele ano, o teatro e espancaram os atores da peça Roda Viva? Também esses “jovens” muito velhos estão matando agora o velhote inimigo que morreu anteontem.

Vejam lá o que diz o rapaz. O futuro advogado não acredita no valor da palavra e do debate. Ele aposta é  no escracho. Acha que, se os “inimigos” estiverem sendo humilhados, na força bruta, silenciados, então é sinal de que a luta avança. Ninguém contou a esse cara que, se e quando a sua ideia triunfar, com todos os inimigos eliminados, então os vitoriosos começarão a fazer a caçada e a “cassada” entre si — porque esse é o destino fatal de todas as revoluções que impõem a sua verdade silenciando as demais: do Terror francês à Coreia do Norte é assim.

A crise é mais geral
A crise do pensamento é mais geral. Eu vivi, infelizmente, a crise do pensamento marxista no Brasil, nos anos 80, para a qual o petismo concorreu de maneira importante — e mais ainda os grupelhos que estavam incrustados na legenda e acabaram, depois, ganhando vida própria.

Enquanto o marxismo foi, no Brasil, um domínio do “Partidão”, do antigo PCB, conservava-se certa noção de história — ainda que eu, trotskista então, achasse a turma equivocada. Mas também nós éramos viciados na literatura específica; havia um amor genuíno pela teoria, por mais equivocada que ela me pareça hoje, 34 anos depois.

O gosto pela formação foi substituído pelo voluntarismo. Eu conheço a cara de paisagem de muitos “esquerdistas” da academia quando se cita um texto de referência daquela que deveria ser a especialidade deles. Não se lê mais nada, não se estuda mais nada, não se pesquisa mais nada. Em vez disso, rosna-se e pragueja-se em nome da “justiça”.

Uma barbaridade como essa deveria mobilizar os professores, o Conselho Universitário, a direção da universidade, o Centro Acadêmico — que, consta, e temo que seja verdade, apoiou esse ato de violência.

Sinto-me envergonhado, a tal vergonha alheia, ao assistir a esse vídeo. Fico um tanto constrangido até de escrever a respeito. Qual é o grau de tolerância dessa turma para as ideias das quais discorda?

Como lembrei certa feita, “Liberdade é, apenas e exclusivamente, a liberdade dos que pensam de modo diferente.” E emendei então:
“A frase já foi um clichê na boca de esquerdistas que se opunham ou à ditadura ou a supostos consensos que, na democracia, não eram do seu agrado. Poderia ter sido dita pela liberal-libertária Ayn Rand, mas a autora é a comunista Rosa Luxemburgo. Confrontava Lênin, que mandou às favas a Assembleia Constituinte. No seu equívoco, Rosa tinha a honestidade dos ingênuos, mas revoluções são conduzidas pelo cálculo dos cínicos. A liberdade perdeu. A múmia de Lênin fede. Seu cadáver ainda procria.”

Mas sabem como é… Aquele rapaz deve pensar assim: “Eu acho esse professor fascista. Para provar que eu não sou, então invado a aula dele e o proíbo de falar”. E ele não vê nada de errado em seu raciocínio. Ele se considera um humanista.

Se há professores felizes com o que viram — e certamente há —, uma advertência óbvia e lógica: vocês entraram na fila do escracho; ainda chegará a vez de vocês. E pode ser que não haja ninguém mais para reclamar, para lembrar o pastor Niemöller.

Por Reinaldo Azevedo

 

DIA DA MENTIRA 2 – Mais um terrorista exibe o caráter pacífico e grandioso da “luta”. Aqui, como se podia matar até um “companheiro” em nome da revolução… Ou: A paz dos clementes

Também essa história já contei aqui. E também ela tem de ser resgatada no Dia da Mentira. Abaixo, vocês ouvirão o testemunho de um anistiado e indenizado! Depois de todo irracionalismo lacrimejante e revisionista a que vocês foram expostos, cumpre ver como atuava um verdadeiro líder da esquerda armada. Reconheça-lhe um mérito: não tenta negar a própria natureza e a natureza do que fazia.

Muitos leitores já conhecem a história, mas vale revisitá-la à luz das declarações de pelos menos três membros da Comissão da Verdade. Os novos leitores do blog talvez a ignorem e vão ficar espantados. Contei o caso aqui no dia 20 de maio de 2011. Trata-se da história, e de um depoimento, de Carlos Eugênio da Paz, o homem que cuidava da inteligência militar da ALN, o grupo terrorista de Carlos Marighella, aquele que Mano Brown, do baixo de sua ignorância arrogante, exalta em uma música, para delírio dos esquerdopatas da “imprensa burguesa”. Carlos Eugênio FOI INDENIZADO — !!! — PELA COMISSÃO DE ANISTIA. Abaixo, ele conta como matou um empresário que era acusado de financiar um grupo que combatia terroristas. E ficamos sabendo também por que ele matou um amigo seu de militância, “companheiro de luta”. É que havia a suspeita, SEM PROVAS, de que ele pudesse ter passado informações para a polícia. Nos tribunais da esquerda, na dúvida, dá-se um tiro na cabeça. Mano Brown deve gostar — daí ter cantado as glórias do bandido que chefiava essa gangue. CARLOS EUGÊNIO  DEIXA CLARO TAMBÉM QUAL É A DIFERENÇA MORAL ENTRE UM TORTURADOR E UM TERRORISTA: NENHUMA!!!

Não obstante, o torturador é considerado lixo pelas Comissões de Anistia e da Verdade — e eu acho isso justo. Já o terrorista vira um santo. E isso é asqueroso! Leiam. Escandalizem-se.
*
“Eu, atrás [do banco do carro] com um fuzil Mauser 762, que é um fuzil muito bom para execução, de muita precisão. E quando ele [a vítima] chega na esquina da alameda Casa Branca, ele tinha de parar porque tinha uns dois carro (sic) na frente (…). Ele teve que parar. Quando ele parou, eu tava no banco de trás do carro e falei ‘Vou dar um tiro nele’. Peguei o fuzil, o companheiro que tava na frente, no Fusca, baixou a cabeça e já dei um primeiro tiro de fuzil. Não acertei de cheio porque eu sou destro; eu atiro nessa posição [ele mostra a maneira; notem o verbo no presente], como eu tava atrás, no Fusca, eu tive que inverter e atirei assim, então pegou aqui, de cabeça, no occipital dele, mas já começou a sangrar. Ele abre a porta do carro e sai do carro. Nós saímos. Só o motorista que não sai porque o motorista tem que ficar ali, assegurando a fuga. Saímos eu e outro companheiro. Ele sai com a metralhadora, eu saio com o fuzil. Ele [a vítima] saiu correndo em direção à feira, o companheiro metralhando ele, e eu acertando com dois, três, quatro [tiros], acertei três tiros nas costas dele, e o companheiro, com a metralhadora, acertou vários. Aí, de repente, ele caiu; quando ele caiu, eu me aproximei, e, com a última bala, a gente (sic) sempre dá o último tiro de misericórdia, que é para saber que a ação realmente foi cumprida até o fim.

O que é isso? Algumas considerações prévias. Depois volto ao testemunho do herói que fala acima.

O SBT exibia uma novela chamada “Amor e Revolução”. O didatismo bucéfalo do texto e o desempenho melancólico dos atores, tudo amarrado numa direção primária, transformam o que pretendia ser um drama com muito sangue — “revolucionário” — numa comédia involuntária.  Ao fim de cada capítulo, ex-revolucionários prestam um depoimento, contando a sua história. José Dirceu esteve lá. Uma das pessoas que deram seu testemunho sobre o período foi Carlos Eugênio da Paz, ex-chefão da ALN (Ação Libertadora Nacional), comandada por Marighella.

No vídeo abaixo, de onde extraí o depoimento que vai em vermelho, Carlos Eugênio conta, com riqueza de detalhes, como assassinou o empresário Henning Albert Boilesen (1916-1971), então presidente do grupo Ultra, que era acusado de organizar a arrecadação de dinheiro entre empresários para financiar a Operação Bandeirantes (Oban), que combatia os terroristas de esquerda. Notem bem: não estou fazendo juízo de valor neste momento. Deixo qualquer questão ideológica de lado. Peço que vocês avaliem com que desenvoltura, precisão e até entusiasmo Carlos Eugênio fala da morte. Assistam ao vídeo. Volto em seguida.

Voltei
O que mais impressiona na fala deste senhor é que ele, com todas as letras, justifica a violência que era cometida, naquele período, pelo estado, que prendeu e matou pessoas ao arrepio das leis do próprio regime militar. Carlos Eugênio deixa claro que ele próprio fazia o mesmo. Leiam este outro trecho:

“Um Tribunal Revolucionário da Ação Libertadora Nacional do qual eu fiz parte, um grupo de dez ou 12 pessoas decidiu que, se a pessoa faz parte da guerra e está do outro lado, ele merece ser executado”.

E aí se segue aquela narrativa macabra. Não há a menor sombra de arrependimento, constrangimento, pudor. Boilesen, para Carlos Eugênio, era alguém que merecia morrer —e, como se nota, com requintes de crueldade. Os torturadores do período pensavam o mesmo sobre as esquerdas. A diferença é que eles foram parar na lata de lixo da história — o que é muito bom. Já o senhor que fala acima é tido, ainda hoje, como um homem muito corajoso e um gênio militar. Atenção: sem jamais ter sido preso ou torturado, assassino confesso, Carlos Eugênio é um dos anistiados da tal Comissão de Anistia. Isso quer dizer que ainda teve direito a uma indenização, reconhecida numa das caravanas lideradas por Tarso Genro, em 13 de agosto de 2009.

Observem que, quando fala sobre o modo como atira, o homem põe o verbo no presente. Parece que ainda é um apaixonado pelo fuzil Mauser, que, segundo ele, é um “fuzil muito bom para execução”. Evidenciando que nada entende da ética da guerra, mas sabe tudo sobre a morte, afirma:

“Quando ele [Boilesen] caiu, eu me aproximei, e, com a última bala, a gente (sic) sempre dá o último tiro de misericórdia, que é para saber que a ação realmente foi cumprida até o fim.”

Percebam: “A gente sempre dá [verbo no presente] o último tiro…”. Atenção! Tiro de misericórdia, como o nome diz, é aquele disparado para encerrar o sofrimento da vítima, mesmo inimiga, não para “saber se a missão foi realmente cumprida”. É asqueroso!

O “anistiado” e indenizado Carlos Eugênio deixa claro que ele era apenas a outra face perversa da tortura. Leiam:

“Em tempo de exceção, você tem tribunal de exceção. Eles não tinham o deles lá, que condenava a gente à morte, informalmente? A gente nunca condenou ninguém à morte informalmente. Nós deixamos um panfleto no local dizendo por que ele tinha sido condenado à morte, o que é que ele fazia…”

Viram? Para ele, um tribunal da ALN nada tinha de “informal”! Reconhece, ao menos, que era de exceção. Aí está o retrato da democracia que teriam construído se tivessem vencido a guerra. Com esse humanismo, com essa coragem, com essa ética.

Mais um assassinato
Não falará, claro!, quem diga que o empresário merecia morrer. Mas terá sido esse o único crime do herói? Não! Ele já confessou num texto que tem sangue pingando das mãos — sem arrependimento. Aquele era o seu trabalho. O “Tribunal Revolucionário” de Carlos Eugênio também matava companheiros. No dia 19 de novembro de 2008, Augusto Nunes narrou, no Jornal do Brasil, um outro assassinato cometido pelo valentão. A vítima era Márcio Leite de Toledo, membro da cúpula da ALN. Reproduzo um trecho:

Márcio Leite de Toledo tinha 19 anos quando foi enviado a Cuba pela Aliança Libertadora Nacional para fazer um curso de guerrilha. Ao voltar em 1970, tornou-se um dos cinco integrantes da Coordenação Nacional da ALN. Com 19 anos, lá estava Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz. Em outubro, durante uma reunião clandestina, os generais garotões souberam da morte de Joaquim Câmara Ferreira, que em novembro do ano anterior substituíra o chefe supremo Carlos Marighella, assassinado numa rua de São Paulo. Márcio propôs uma pausa na guerra antes que fossem todos exterminados.

Já desconfiado de Márcio — não era a primeira vez que divergia dos companheiros —, Carlos Eugênio convenceu o restante da cúpula de que o dissidente estava prestes a traí-los e entregar à polícia o muito que sabia. Montou o tribunal que aprovou a condenação à morte e ajudou a executar a sentença no fim da tarde de dia 23 de março de 1971, no centro de São Paulo. Antes de sair para o encontro com a morte, o jovem que iria morrer escreveu que “nada o impediria de continuar combatendo”. Não imaginava que seria impedido por oito tiros.

O assassino quase sessentão admite que o crime foi um erro, mas não se arrepende do que fez. Na guerra, essas coisas acontecem, explica o justiceiro impiedoso. Depois do crime, ele se tornou muito respeitado pelos companheiros, que o conheciam pelo codinome: Clemente.”

Carlos Eugênio, acreditem, responde a Augusto, nestes termos:

“A lembrança dessa época, para mim, é lembrança de uma luta que não me arrependo de ter travado. Era uma luta armada, era dura, precisamos todos, humanistas que éramos, aviltar nossas entranhas, nosso sentimentos, nossas convicções. (…) Tenho sangue em minhas mãos? É claro que tenho. Não era pra lutar? Não era pra fazer uma guerra de guerrilhas? Dá para medir quem estava mais certo? Todos estávamos errados, pois fomos todos derrotados. (…) Mas não se esqueçam também que o sangue que escorre de minhas mãos escorre das mãos de todos aqueles que um dia escolheram o caminho das armas para libertar um povo. E que defenderam a luta armada, mesmo sem ter dado nenhum tiro. (…)

Numa coisa, ao menos, ele está certo, não é? Se a pessoa integrou um bando armado, que matava, traz sangue nas mãos, ainda que não tenha dado um tiro…

Retomo
Vocês conhecem alguém mais “clemente” do que Carlos Eugênio? Não é a primeira vez que a gente assiste a um vídeo em que os terroristas de esquerda justificam os métodos que eram empregados pelos torturadores e paramilitares, deixando claro que faziam e fariam o mesmo, evidenciando que compartilhavam a mesma lógica perversa. Já exibi aqui o filme (post anterior) em que Franklin Martins — aquele — e seus amigos deixam claro que teriam, sim, matado o embaixador americano Charles Elbrick se o governo militar não tivesse cedido às exigências dos sequestradores. E o fez dando gargalhadas e justificando a decisão.

Carlos Eugênio escreveu um livro chamado “Viagem à Luta Armada”, publicado em 1997. Sabem quem fez um prefácio elogioso e quase emocionado? Franklin Martins!

Marighella, o ídolo de Carlos Eugênio, escreveu até um Minimanual da Guerrilha Urbana. Lá está escrito:

“Hoje, ser “violento” ou um “terrorista” é uma qualidade que enobrece qualquer pessoa honrada, porque é um ato digno de um revolucionário engajado na luta armada contra a vergonhosa ditadura militar e suas atrocidades.”

E mais adiante:
“Esta é a razão pela qual o guerrilheiro urbano utiliza a luta e pela qual continua concentrando sua atividade no extermínio físico dos agentes da repressão, e a dedicar 24 horas do dia à expropriação dos exploradores da população.
(…)
A razão para a existência do guerrilheiro urbano, a condição básica para a qual atua e sobrevive é a de atirar. O guerrilheiro urbano tem que saber disparar bem porque é requerido por este tipo de combate.

Tiro e pontaria são água e ar de um guerrilheiro urbano. Sua perfeição na arte de atirar o fazem um tipo especial de guerrilheiro urbano – ou seja, um franco-atirador, uma categoria de combatente solitário indispensável em ações isoladas. O franco-atirador sabe como atirar, a pouca distância ou a longa distância e suas armas são apropriadas para qualquer tipo de disparo.

Quando algum tonto vier lhes falar do caráter utópico e poético daqueles tempos, forneçam o link deste post, exibam esse vídeo. O sobrenome de Carlos Eugênio é “da Paz”. E seu codinome no terrorismo era “Clemente”. Essa é a paz dos clementes. Nada mais a acrescentar neste post.

Por Reinaldo Azevedo

 

André Vargas, chefão do PT, ao agradecer presentinho de R$ 100 mil dado por doleiro preso: “Valeu, irmão!”

André Vargas de férias na Paraíba: avião de carreira é coisa de pobre!

 Vargas de férias na Paraíba: avião de carreira é coisa de pobre! Chame o irmão doleiro!

Por Robson Bonin, na  VEJA.com:
Quando fretou um avião particular para as férias do vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT-PR), o doleiro Alberto Youssef não estava fazendo apenas um favor para um político influente no governo da presidente Dilma Rousseff. Vargas era mais do que isso para o doleiro. Ambos tratavam-se como irmãos. Nas conversas interceptadas pela Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato, o deputado petista não esconde a euforia ao agradecer Youssef pelo aluguel do jato: “Valeu irmão.” Um verdadeiro presente de irmão mesmo. Documentos obtidos por VEJA revelam que o aluguel do Learjet 45, fretado para transportar a família do petista de Londrina (PR) a João Pessoa, na Paraíba, custou 100.000 reais.

Pivô de um esquema de lavagem de dinheiro que pode ter movimentado até 10 bilhões de reais, o doleiro Alberto Youssef é um antigo conhecido de André Vargas. Como VEJA revela na edição desta semana, Vargas e Youssef moram na mesma cidade, Londrina, se conhecem há vinte anos e, nos últimos anos, com a chegada de André Vargas a cargos importantes no Congresso, conversavam rotineiramente sobre negócios variados. “Ele me procurava para avaliar investimentos, colher informações, trocar ideias”, disse Vargas na semana passada. Nessa “troca de informações” entrariam dados valiosos sobre o programa Minha Casa, Minha Vida – cujo relator foi justamente André Vargas, na Câmara – e negócios do doleiro no Ministério da Saúde.

Foi interceptando o telefone BlackBerry, o mesmo modelo utilizado por André Vargas, que a Polícia Federal estabeleceu o vínculo do doleiro com o deputado petista. No dia 2 de janeiro, véspera da viagem de férias da família, Vargas e Youssef trocaram vinte mensagens sobre o avião. “Tudo certo para amanhã. Daqui a pouco te passo o tel do comandante… Duração do voo: 3h45 minutos, João Pessoa, Paraíba”, avisa Youssef a Vargas. “Tem o telefone da América?”, pergunta o deputado, referindo-se ao hangar aonde o avião chegaria. “Da América, não. Mas é só buzinar no portão que eles abrem”, orientou o doleiro. “Valeu irmão”, devolveu Vargas. “Boa viagem e boas férias abs (sic)”, responde Youssef.

A proprietária do jato disponibilizado por Youssef ao vice-presidente da Câmara é a Elite Aviation, uma empresa de táxi aéreo de Salvador, na Bahia. O dono da empresa, Bernardo Tosto, conta que o voo de André Vargas foi acertado diretamente com uma agência de São Paulo, que intermediou o contrato com o cliente no Paraná. “Eu não sei nem quem é esse doleiro e esse deputado. Não gosto da política brasileira e não trabalho com isso. Eu fretei o avião para uma empresa de agenciamento de voos. Não preciso saber quem entra no avião. Só tenho que saber que o dinheiro é lícito”, diz Bernardo, que confirmou os valores pagos pelo fretamento da aeronave, mas não quis revelar o nome da agência que intermediou o contrato. Jatos luxuosos como o disponibilizado ao petista costumam vir acompanhados com mimos a bordo, como bebidas caras, chocolates e até pratos sofisticados. A empresa nega, no entanto, que o voo de André Vargas e sua família, com duração de 3 horas e 45 minutos, tenha contado com tais mordomias.

Na sexta-feira, quando foi ouvido por VEJA, André Vargas negava ter obtido qualquer vantagem a partir da amizade com o doleiro. Na verdade, nem a relação de proximidade o deputado confirmava: “Amizade é uma palavra sagrada. Não dá para dizer que ele é meu amigo. É no máximo um conhecido corriqueiro. Eu tinha ele como um cidadão comum, que tinha passado por problemas como outros passaram. Posso ter incorrido em alguma coisa imprópria, mas eram apenas conversas, nada ilegal. Se eu soubesse que ele estava sendo investigado de novo eu não teria falado com ele”, disse Vargas. Questionado se o doleiro havia providenciado um avião para sua viagem, André Vargas despistou: “Esse negócio de avião quem está espalhando é o deputado Fernando Francischini, mas não existe isso.” Hoje, porém, ao jornal Folha de S.Paulo, que revelou a viagem de Vargas, o deputado mudou o discurso. Disse que pediu o avião porque os voos comerciais estavam muito caros no período. “Não sei se o avião é dele, ele foi dono de hangar e eu perguntei se ele conhecia alguém com avião”, disse o petista.

Por Reinaldo Azevedo

 

O petista André Vargas está começando a cheirar a Demóstenes Torres

Há, assim, um cheirinho de Demóstenes Torres no deputado petista André Vargas (PR), que é nada menos do que vice-presidente da Câmara e do Congresso. Ele já mudou a versão. Admite agora que o doleiro Alberto Youssef — aquele que dizia nem conhecer direito, mas que chamava de irmão — pagou, sim, o jatinho em que ele viajou. É mesmo? Pagou por quê? Ora, amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito, certo?

Vargas não tem, é verdade, no governismo, a importância que o ex-senador chegou a ter no oposicionismo — é que nem dá, né? A área é muito congestionada. De todo modo, é bom que se tenha claro: é um figurão do PT. A PF acredita que mantenha com o doleiro preso uma espécie de “sociedade” — a mesma suspeita que  chegou a pesar, diga-se, na relação entre Carlinhos Cachoeira e Demóstenes. Depois se viu que não: o então senador aceitou ser uma espécie de facilitador de negócio do contraventor no Congresso.

Leiam o que informa reportagem da VEJA.com. Volto em seguida:
“Nas conversas interceptadas pela Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef e o vice-presidente da Câmara, André Vargas, demonstram ter muito mais do que uma relação de amizade. Em quase cinquenta mensagens registradas pela PF, Vargas recebe orientações do doleiro, combina reuniões com Youssef e chega a passar informações das conversas que ele, como parlamentar do PT, mantinha com integrantes do governo. Como é natural nesses diálogos nem sempre edificantes flagrados pela polícia, Vargas e Youssef adotam a precaução de conversar em códigos. Para Polícia Federal, no entanto, os registros colhidos na operação mostram que Vargas faz parte de projetos de Youssef e usa sua influência no governo em benefício do parceiro.

Nas mensagens obtidas pela polícia, Vargas e Youssef tratam de interesses do laboratório Labogen Química Fina e Biotecnologia no Ministério da Saúde. Como VEJA revelou há duas semanas, a Labogen é uma das empresas do esquema do doleiro. A Polícia Federal já descobriu que a empresa – que está no nome de um laranja de Youssef e é tudo menos um laboratório farmacêutico – já havia conseguido fechar uma parceria com o Ministério da Saúde pela qual receberia 150 milhões de reais em vendas de remédios para o governo. No dia 26 de fevereiro deste ano, Vargas escreve para Yousseff: “Reunião com Gadelha foi boa demais… Ele garantiu que vai nos ajudar, que sabe da importância, e encaminhou reunião decisiva dia 18, mas pediu que entregássemos os medicamentos da primeira PDP (Parceria para o Desenvolvimento Produtivo) e concluíssemos Anvisa, boas práticas aqui em BSB”. O doleiro elogia o empenho de Vargas: “Que bom. Parabéns.” E diz que já estão prontos para a Anvisa. “Muito bom”, finaliza Vargas.
(…)”

Retomo
Demóstenes, tudo indica, operava por sua própria conta, sem ramificações no seu partido. Já André Vargas, um dos braços de Lula, trabalha, como se sabe, para o PT. Nessa legenda, não existe muito espaço para, digamos, a “livre iniciativa”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Levanta a mão! Ou: André Vargas e os presidiários

A moçada já sacaneia no Twitter com esta foto e a seguinte legenda: “Quem voa em jatinho de doleiro preso levanta a mão”. E a foto, como sabem, é aquele em que o deputado André Vargas cerra o punho, na presença de Joaquim Barbosa, para indicar que ele se solidarizava é com a turma da Papuda. Que coisa! Esse rapaz gosta de um presidiário, né?

Andre Vargas mão erguida avião

Por Reinaldo Azevedo

 

Pressionado pelas despesas com energia, governo aumenta imposto sobre cervejas e bebidas frias

Por Adriana Fernandes e Renata Veríssimo, no Estadão

O Ministério da Fazenda confirmou nesta segunda-feira, 31, que a partir da terça-feira, 01, haverá aumento da tributação que incide sobre cerveja, água, isotônicos e refrigerantes. A elevação da tributação já estava programada desde 2012, mas havia uma expectativa de que o governo adiasse mais uma vez a mudança por conta da pressão de alta da inflação nesse início do ano, das eleições presidenciais e da Copa do Mundo.

Ficará a critério da indústria dosar o impacto desse aumento para o consumidor. As fábricas podem decidir manter o preço congelado e absorver o aumento dos tributos para não perder vendas. Por outro lado, segundo especialistas, o aumento tende a ser repassado ao consumidor. O economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall, por exemplo, estimou um impacto entre 0,05 e 0,10 ponto na inflação decorrente do reajuste de bebidas.

A Receita Federal iniciou em outubro de 2012 a implementação de um cronograma de aumento da base de cálculo do IPI, PIS e Cofins incidentes sobre bebidas frias. Os reajustes foram programados para ocorrer a cada seis meses, sempre em abril e outubro. Em 2013, no entanto, só ocorreu o primeiro aumento.

O reajuste das alíquotas de IPI, PIS e Cofins do setor de bebidas frias estava inicialmente programado para outubro de 2013, mas o governo adiou para abril deste ano para evitar um impacto maior na inflação. Em entrevista ao ”Estado”, o secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira, informou que a expectativa de arrecadação é de R$ 200 milhões até o final do ano. O aumento da carga tributária estimado é de 1,5%. (…)

O governo anunciou que o reajuste na tabela de tributos de bebidas frias ajudará a aumentar a arrecadação para cobrir parte dos gastos extras com a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que está sendo usada para bancar a redução das tarifas de energia anunciado pelo presidente Dilma Rousseff no ano passado e o uso maior das usinas termelétricas. O Tesouro já incluiu na programação orçamentária de 2014 um custo adicional de R$ 4 bilhões. (…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Balança comercial tem o pior primeiro trimestre da história

Na VEJA.com, com Agência Estado e Reuters

A balança comercial brasileira registrou superávit de 112 milhões de dólares em março, o pior resultado para meses de março desde 2001, quando a balança registrou déficit de 276 milhões de dólares. O resultado veio praticamente em linha com o esperado pela mediana dos especialistas consultados pela Reuters, com projeção de superávit de 100 milhões de dólares.

Apesar do dado positivo do mês passado, o país acumula no ano déficit comercial de 6,072 bilhões de dólares até março, o pior primeiro trimestre da história.

No mês passado, as exportações somaram 17,628 bilhões de dólares, com média diária de 927,8 milhões de dólares. As importações no mês passado totalizaram 17,516 bilhões de

No ano, as exportações acumularam de 49,588 bilhões de dólares. Já as importações ficaram em 17,516 bilhões de dólares em março, com alta de 2,1% pela média diária, influenciada por mais compras de bens de consumo, matérias-primas e produtos manufaturados. Nos três primeiros meses do ano, as importações somam 55,660 bilhões de dólares no ano.

Os dados fracos da balança comercial levaram o Banco Central a reduzir para 8 bilhões de dólares, ante 10 bilhões de dólares, a previsão do superávit comercial para este ano. Com isso, elevou para 80 bilhões de dólares suas contas para o déficit em transações correntes em 2014.

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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1 comentário

  • wilfredo belmonte fialho porto alegre - RS

    Em l964, eu tinha 08 anos, portanto passaram-se 50 anos,

    duas gerações.Minha mãe me exigia só estudar, mas trabalha

    va em casa, o que eu me lembro era de que nas escolas tinha-se respeito pelos professores, ninguém tinha medo de

    ser assaltado na rua, não havia greve de ônibus e tão pouco de professores, não havia greve na saúde e quem tinha qualificação conseguia emprego. E, hoje em dia, como está a educação, saúde, segurança, a mas hoje temos

    liberdade e eu pergunto para quê? Para votar numa cambada de canalhas travestidos de "homens públicos" corruptos, que se unem em um partido político para desviar verbas, para criar cabides de empregos para desqualificados eo povo, a o povo tem liberdade para votar.

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