Deputado Vargas, do PT, avisa que não aceita ser linchado pelos “companheiros”

Publicado em 09/04/2014 17:07 e atualizado em 12/06/2014 10:42
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Se Vargas renuncia agora, inelegível já estará até 2024; no plenário, ele tem alguma chance, ainda que remota. Ou: Deputado avisou que não aceita ser linchado pelos “companheiros”

O deputado petista André Vargas (PT-PR) renunciou, como vocês podm ler abaixo, à Vice-Presidência da Câmara e do Congresso, mas ainda não ao mandato. Posto de lado pelo próprio PT, que já sentiu o cheiro de carne queimada, não tem mais por onde escapar. O próprio Lula o jogou na fogueira. Ele que se explique.  Como explicação não há…

Na carta de renúncia, afirma que está deixando o cargo na Mesa Diretora da Câmara para se concentrar na sua defesa, já que, conforme o esperado, o Conselho de Ética decidiu mesmo abrir um processo por quebra de decoro parlamentar. O relator é o deputado Júlio Delgado, do PSB de Minas, que relatou o caso José Dirceu, pedindo, então, a sua cassação. Também agora, Delgado não deixa muita dúvida sobre o que vai fazer: “A gente tem muita prova pública e notória. Vamos trabalhar no prazo de 90 dias, garantindo o amplo direito de defesa ao deputado André Vargas, mas, a cada dia, surgem novos fatos da relação com o doleiro. O fato de ele, na tribuna da Câmara, ter dito que a relação era superficial compromete porque a gente agora sabe que é mais profunda do que isso!” E como é!

O PT estava doido para Vargas renunciar — e já! Mas ele não quer de jeito nenhum! La entre eles, apurou este blog, alega que tem muitos serviços prestados ao partido — vai saber quais — e que não aceita o linchamento. Sim, senhores! Vargas já afirmou que não aceita ser hostilizado pelos seus próprios companheiros. Sabem-se lá quais são as histórias que só os frequentadores dos subterrâneos do petismo conhecem.

Em sua carta, diz Vargas:
“Tenho enfrentado um intenso bombardeio de denúncias e ilações lançadas em veículos de imprensa baseadas apenas em vazamentos ilegais de informações, as quais terei agora a oportunidade de esclarecer, apresentando minha versão – a verdade – a respeito de tudo que vem sendo divulgado.”

Não sei por que o petista precisa esperar tanto tempo. Quando o doleiro Youssef lhe diz que um contrato do laboratório Labogen com o Ministério da Saúde vai lhe render a “independência financeira”, Vargas poderia nos explicar que outro sentido tem essa expressão além de… independência financeira. Quando o doleiro Yousseff diz que precisa “captar”, e ele, Vargas, promete entrar em ação, poderia nos revelar, desde já, captar o quê. Um doleiro faz captação de quê? De borboletas? De advérbios? De prosopopeias?

Mais: foram-lhe dadas chances de explicar o aluguel do jatinho feito pelo doleiro, que o levou e à família de férias para a Paraíba. O mimo custou R$ 100 mil. Vargas preferiu contar o oposto da verdade para os deputados. Isso costuma ser fatal mesmo para os elásticos padrões brasileiros.

Então por que esperar? Vejam só: se Vargas renuncia agora, dada a Lei da Ficha Limpa, ele já está inelegível por oito anos a partir de 2015. A punição só acaba em 2022 — ano em que ele ainda não poderá ser candidato a nada. Pode tentar voltar à vida púbica, mantido o calendário atual, só em 2024, nas eleições municipais. Caso seja cassado pela Câmara, que é o mais provável, a punição é a mesma. Assim, parece que, entre chance nenhuma e uma chance remota, ele escolheu a segunda hipótese — apesar da humilhação que representaria a cassação.

Uma das estrelas em ascensão do petismo; o ilustre representante da tropa-de-choque lulista no PT; o homem com fama de derrubar até ministra de estado; o comandante-em-chefe espiritual dos blogs sujos a serviço do petismo caiu em desgraça. E não foi em razão de nenhuma tramoia da oposição.

Quem está pisando em ovos é a senadora Gleisi Hoffmann, pré-candidata do PT ao governo do Paraná. Vargas iria coordenar a sua campanha e tinha o PT paranaense na palma da mão. Será que, na vida partidária propriamente, eram outros os seus métodos? Em se tratando de PT, cabe uma outra pergunta: Vargas atuava apenas em seu próprio nome? Não se esqueçam de que, mesmo na cadeia, Yousseff recebeu um recado: tomar cuidado para não falar demais e arrastar gente graúda.

Por Reinaldo Azevedo

 

O Ipea, o instituto que tentou fazer dos brasileiros um bando de potenciais estupradores, mantém um núcleo politicamente delinquente na Venezuela, que defende a ditadura e ataca a democracia… por princípio! Nós sustentamos essa vagabundagem intelectual!

Pedro Silva Barros, o chefe do Ipea na Venezuela: edle gosta do bolvarianismo e acha que a democracia não está com nada. Grande pensador!

Pedro Silva Barros, o chefe do Ipea na Venezuela: ele gosta do bolivarianismo e acha que a democracia não está com nada. Grande pensador! E ganha mais de US$ 12 mil por mês para isso!

O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que já chegou a ser um centro de excelência no Brasil, não demonstra hoje a sua vagabundice teórica e prática apenas produzindo pesquisas imprestáveis e erradas. Vai muito além disso. Dedica-se também ao proselitismo esquerdopata mais asqueroso, à defesa da ditadura, ao achincalhamento da democracia e, acreditem!, a ataques às oposições da Venezuela e do Brasil. Sim, eu estou me referindo àquele instituto que acusou, na prática, os brasileiros — inclusive as mulheres — de simpatizantes do estupro ou, quem sabe?, de potenciais estupradores. Depois veio a público para dizer que seus números estavam errados, mas que suas conclusões estavam certas. De chorar!

Poderia ter havido um lado positivo até: teve início um movimento das peladas, que resolveram escrever no corpo “Eu não mereço ser estuprada”.  Muita pelada por nada! Os números reais evidenciavam, ao contrário do que se disse, que a esmagadora maioria dos brasileiros rejeitava frases machistas e sexistas sobre agressões às mulheres. Felizmente! Quanto ao peladismo, dizer o quê? Nesse caso, não foi diferente — sempre é assim quando se fica nu por razões políticas: quem vale a pena não tira a roupa, quem tira não vale a pena… Ainda está para surgir o casamento perfeito entre a causa de quem se despe e a causa de quem só olha. Em suma: o Ipea nos acusou de um bando de potenciais estupradores, e a gente, felizmente, não era. Que bom! Mas por que isso agora?

Na Folha de hoje, há uma reportagem de Fabiano Maisonnave com informações verdadeiramente estarrecedoras. O Ipea tem uma filial na Venezuela desde 2010 — vocês sabem: um acordo entre Luiz Inácio Apedeuta da Silva e Hugo Chávez. É a única representação internacional do instituto. Como se sabe, o país está mergulhado numa crise econômica e política sem precedentes; a economia está quebrada; a violência literalmente corrói o tecido social. Falta de tudo: de comida a papel higiênico. O chavismo inferniza a vida dos venezuelanos em toda a sua, digamos, cadeia existencial… O Ipea, cuja vocação é fazer estudos macroeconômicos, deve estar cuidando disso, certo? Errado. Leiam o que informa a Folha:
“Nestes quatro anos, a Venezuela tem sofrido uma deterioração contínua de sua economia. A inflação fechou o ano passado em 56%, há desabastecimento de produtos básicos e um mercado de câmbio descontrolado. Apesar da conjuntura, nos estudos produzidos sobre a Venezuela no período e enviados pelo Ipea à Folha via Lei de Acesso à Informação, os assuntos predominantes são cooperação da Venezuela com o norte do Brasil e o modelo político venezuelano. Os tom varia entre neutro e elogioso ao chavismo. Nos estudos sobre cooperação, problemas como insegurança jurídica ficam praticamente de fora, apesar do recente histórico de nacionalizações e do relativamente baixo investimento estrangeiro.”

Informa ainda a reportagem: “A missão é chefiada pelo economista brasileiro Pedro Silva Barros, autor de textos no qual defende os governos de Chávez e o de seu sucessor, Nicolás Maduro, e critica a oposição venezuelana.” O tal Barros é um colaborador do site esquerdista “Carta Maior”. Vale dizer: não é um economista, mas um militante do PT. Vive bem por lá: tem um salário de US$ 12.291, superior ao de qualquer professor universitário no Brasil.

O Ipea da Venezuela é capaz de escrever coisas como esta:
“O modelo bolivariano afasta-se, sem dúvidas, da democracia representativa despolitizadora que predomina ainda hoje no mundo. Supera o modelo idealizado pelos pais fundadores da república norte-americana”.

Entenderam? Temos no Ipea da Venezuela gente que odeia a “democracia despolitizadora”. O instituto gosta mesmo é do bolivarianismo politizador, que persegue a imprensa, que confere ao governo o monopólio do acesso à radiodifusão, que põe milícias armadas nas ruas para enfrentar os opositores a bala, que frauda eleições.

Em suma, o que se tem lá é um pouco do lixo mental brasileiro. Na sexta, conversava com amigos aqui em casa. Um deles me disse que discordava de certa abordagem que eu fazia porque, às vezes, ficava parecendo que os petistas eram Pol Pot. Ponderei que não são, claro! Mas não porque não queiram ou não quisessem, mas porque não podem. E quem não permite que sejam somos nós.

O Ipea da Venezuela é a prova disso. Onde eles podem defender um governo de força, quer elimina os adversários na base da bala e da porrada, eles o fazem sem pestanejar.

Sobre a recente visita da deputada oposicionista María Corina Machado ao Brasil, escreveu o tal Barros: “[O senador tucano] Aécio Neves a saudou como representante da voz das barricadas, legitimando a violência que levou a morte de quase 40 venezuelanos.” Trata-se de mais uma delinquência política. A esmagadora maioria dos mortos é constituída de opositores, assassinados pelas milícias chavistas armadas, defendidas pelo Ipea.

Quem botou o rapaz lá foi Márcio Pochmann, o petista que transformou o instituto no braço mais burro do partido — sim, há profissionais competentes que ainda estão no instituto. O atual presidente é Marcelo Neri. Ainda não acabou com aquela sem-vergonhice por quê? Das duas uma: ou concorda ou, não concordando, não tem poder para fechar aquela porcaria ou substituir os quadros. Nesse caso, se não pede a conta, então é conivente.

Por Reinaldo Azevedo

 

Governo usa maioria na CCJ e muda foco de CPI

Por Marcela Mattos, na VEJA.com:

Com maioria das cadeiras na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, a base do governo Dilma Rousseff conseguiu ampliar nesta terça-feira o foco da CPI da Petrobras para investigar contratos do Porto de Suape, em Pernambuco, e denúncias de formação de cartel no sistema metroviário de São Paulo. O objetivo da manobra governista é atingir os adversários políticos de Dilma em ano eleitoral, especificamente Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB).

Sob protesto dos partidos de oposição, os governistas aprovaram um relatório do senador Romero Jucá (PMDB-RR) propondo a ampliação do escopo da CPI. O PSDB se recusou a votar e abandonou a sessão. O parecer ainda será submetido ao aval do plenário do Senado, mas a chance de ser revertido é quase nula.

“Essa CPI é chapa-branca, diversionista, para jogar areia nos olhos dos outros. Se quisessem apurar metrô e portos, constituíssem uma CPI autônoma”, criticou o líder do PSDB, senador Aloysio Nunes (SP). “Essa CPI ampla é para não investigar nada. Porque uma CPI que se propõe a investigar tudo não quer chegar a lugar nenhum”, disse Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).

A operação teve o apoio do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que submeteu questionamentos feitos pelo PT à criação da CPI da Petrobras ao crivo da CCJ. Como presidente da Casa, Renan poderia ter deliberado sobre o tema, mas optou por remeter o caso à comissão formada majoritariamente por governistas.

A oposição ainda aguarda manifestação do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre um requerimento para manter a CPI exclusiva à Petrobras. A relatora é a ministra Rosa Weber. “Essa decisão é inócua, vale a do STF. O que pretendemos é que se instale a CPI proposta pela oposição, que tem a constitucionalidade assegurada, e que a do governo seja arquivada, já que apresenta fatos desconexos”, disse Álvaro Dias (PSDB-PR). Aliados do governo no Senado também anunciaram que vão recorrer ao Supremo contra o pedido da oposição.

A proposta original da CPI era destinada a apurar a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que causou prejuízo de 1,18 bilhão de dólares à Petrobras, conforme revelou VEJA. Além do caso de Pasadena, a oposição também quer investigar o indício de pagamento de propina a funcionários da Petrobras pela holandesa SBM Offshore.

Por Reinaldo Azevedo

 

CCJ: nem justa nem constitucionalista. Ou: Rosa Weber vai jogar no lixo Paulo Brossard? Vamos ver.

Rosa, a relatora, vai decidir se...

Rosa Weber, a relatora, vai decidir se…

...segue as luzes de Brossard ou se investe na escuridão

...segue as luzes de Brossard ou se investe na escuridão

A Comissão de Constituição e Justiça do Senado fez o que se esperava que a Comissão de Constituição e Justiça do Senado fizesse, dada a maioria que há lá: nem seguiu a Constituição nem foi justa.

Não seguiu o texto constitucional porque, a menos que a turma lá tenha um outro, diferente da que tenho aqui, as CPIs estão no Parágrafo 3º do Artigo 58, a saber:
§ 3º – As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

A oposição cumpriu todos as exigências e viu seu requerimento ser engolido por outro, da base governista, que viola esse fundamento constitucional, já que não investiga fato determinado.

Se a CCJ não segue a Constituição e, portanto, “de Constituição” não pode ser, tampouco se pode afirmar dela que seja justa. Não o é etimologicamente: a palavra “Justiça” deriva do vocábulo latino “jus”, que quer dizer “equilíbrio”. A decisão da CCJ foi desequilibrada: trata-se de uma maioria esmagando uma minoria, contra o ordenamento legal.

Também não é justa porque despreza a jurisprudência do Supremo sobre CPIs, conforme já demonstrei aqui. As circunstâncias em que uma CPI é criada e pode, eventualmente, ter se foco ampliado foram estabelecidas no acórdão do habeas corpus 71.039, de que foi relator o ministro Paulo Brossard. Ali se diz com todas as letras que “as CPIs não têm poderes universais de investigação, mas limitados a fatos determinados”.

Como já se evidenciou aqui, no parecer que encaminhou à CCJ, o presidente do Senado, Renan Calheiros, na prática, fraudou não apenas o fundamento constitucional da CPI, mas também o sentido do acórdão relatado por Brossard.

Partidos de oposição e senadores independentes recorreram ao Supremo pelo direito de instalar a CPI exclusiva da Petrobras. A relatora é a ministra Rosa Weber, gaúcha como o constitucionalista Brossard. Obviamente, não acho que estamos diante de uma questão bairrista. Ao contrário: a decisão tem o caráter mais universalista possível. Mas é sempre bom olhar a história, né?

Brossard — que nunca fez questão de esconder as suas origens, que jamais deixou, pelo sotaque, pelos hábitos, pelas metáforas, de ser um homem de sua aldeia — fez-se um jurista com preocupações universalizantes. Rosa, sua conterrânea, terá a chance de demonstrar que só pode ser universal quem respeita a tradição de sua aldeia. Ou pode se apequenar.

Que fique claro: o que está em debate é a sobrevivência ou não da CPI como uma prerrogativa do Congresso. Se a patranha do Planalto prosperar, nunca mais se fará uma comissão de inquérito enquanto o Executivo, em qualquer dos três níveis, tiver maioria no Legislativo. Bastará usar essa maioria para combater um requerimento com outro que investigue tudo, nada e qualquer coisa das respectivas oposições. E, nesse caso, quem estará perdendo é a democracia.

Por Reinaldo Azevedo

 

Renan frauda conteúdo de acórdão do STF sobre CPI para tentar impedir que se investigue a Petrobras. Ou: O método de pensamento que prova não haver diferença entre Schopenhauer, Gabrielli e um jegue

As disputas políticas são normais. A baixaria não! é preciso que uma coisa fique clara, sem meios tons: o governo esta tentando acabar com a CPI como um instrumento de investigação de atos inerentes ao poder público. É uma prerrogativa do Congresso que está indo para o lixo. Os partidos de oposição e senadores independentes resolveram recorrer ao Supremo para garantir a instalação da CPI exclusiva da Petrobras. Já escrevi a respeito do assunto às 17h41 de ontem e expus a jurisprudência do Supremo. E é justamente a esse assunto que quero voltar. Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, fraudou, não sei se de forma culposa ou dolosa, trecho do acórdão do habeas corpus 71.039-5 — de que foi relator o então ministro Paulo Brossard — que trata justamente da natureza da CPI, de sua abrangência e da inclusão de temas que não estão no requerimento original.

É evidente que a única decisão constitucional de Renan era mandar instalar a CPI e pronto! É uma garantia constitucional. Mas ele decidiu fazer feitiçaria e enviar a questão para a decisão da CCJ. Ao acatar os argumentos da CPI governista, aquela do fim do mundo, que quer investigar tudo o que se mexe no mundo oposicionista, Renan escreveu (o que vai abaixo é imagem do documento):

documento Renan

Trata-se, lamento!, de uma fraude do conteúdo do acórdão. Renan está tentando editar o que escreveu Paulo Brossard. Comparem o que vai em itálico (acima) com o que Brossard realmente escreveu:

Acórdão sobre CPI 1

 Acórdão sobre CPI2

Como se nota, em nenhum momento, o texto de Brossard autoriza que se vá pendurando qualquer coisa num requerimento de CPI. Ao contrário: a redação do acórdão deixa clara justamente a necessidade de haver o fato determinado e repudia que uma CPI seja pau para toda obra. Se, no curso da investigação, aparecerem outros fatos, que se somem — mas serão necessariamente conexos.

É preciso que se tenha claro que se está fraudando o conteúdo de um documento público. O argumento de que se podem meter no mesmo balaio a Petrobras e eventuais irregularidades em São Paulo, Minas e Pernambuco porque, afinal, tudo é dinheiro público é o mesmo mecanismo pelo qual se conclui não haver diferença entre a Sharon Stone de “Instinto Selvagem” (está internada em São Paulo, tadinha!) e, deixem-me ver, André Vargas tentando explicar as suas relações com Alberto Youssef: afinal, ambos pertencem à raça humana, têm um coração, dois rins e são animais aeróbios — além de mamíferos, como os porcos e os morcegos. A depender do critério que se escolha, não existe diferença entre Schopenhauer, José Sérgio Gabrielli e um jegue.

O que o STF vai decidir é se a CPI, prevista na Constituição como prerrogativa do Poder Legislativo, pode ser cassada por uma maioria parlamentar de ocasião. Se o Supremo decidir que sim, uma hora alguém cismará de cassar uma prerrogativa do próprio tribunal. Já houve gente tentada a fazê-lo, não é mesmo?

Por Reinaldo Azevedo

 

A aulinha arrogante, ilógica e contraditória de Gabrielli. Ou: Aquilo foi confissão de culpa?

José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, tentou explicar a compra da refinaria de Pasadena a parlamentares petistas. É parte da operação montada pelo Planalto para tentar evitar a CPI.

Ele conseguiu?

Conseguiu foi se enrolar um pouco mais. Gabrielli, em cuja gestão se plantaram as sementes da atual ruína da empresa, rompeu nesta terça-feira seu silêncio e foi dar uma aulinha na “Escolinha do Professor Raimundo”. Ele vinha se negando a falar sobre o assunto. O objetivo da intervenção é claro e se ancora em três pontos:

1 – livrar a cara de Dilma, confirmando a versão da presidente de que ela, de fato, não dispunha de todos dados — leia-se: as cláusulas Marlim e Put Option;

2 – lembrar que o conselho tinha representantes da iniciativa privada, que também endossaram o negócio;

3 – defender a operação como tecnicamente viável para a época.

Para quem lida com a lógica, a fala de Gabrielli foi uma confissão de culpa e uma contradição nos próprios termos. Explico com os pés nas costas.

Gabrielli afirma que Dilma, com efeito, não dispunha de todos os dados, certo? Mas ele. Gabrielli, então presidente da empresa, os tinha na ponta da língua, certo? Por que os omitiu do conselho? Aquilo foi confissão de culpa?

Notem que movimento curioso o deste senhor: ao afirmar que Dilma não sabia de tudo, tenta livrar a cara dela; ao evocar os conselheiros oriundos do setor privado, tenta dividir com eles a responsabilidade. Assim, o mesmo fato que aliviaria os ombros da presidente pesaria sobre os dos demais. Ora, por óbvio, eles sabiam ainda menos do que ela, certo? Um outro objetivo da fala é render título aos blogs sujos e armar a guerrilha na Internet.

Gabrielli ainda tentou justificar, com uma matemática perturbada, o preço escandaloso pago pela refinaria. Nota: mesmo falando aos petistas, suas explicações foram dadas naquele tom agressivo e arrogante de sempre, como se estivesse lá prestando um grande favor.

E cumpre não esquecer. O site Wikileaks vazou telegramas confidenciais da diplomacia americana que dão conta de que o governo dos Estados Unidos enviou missões ao Brasil para tratar, ora vejam!, da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras. Um dos telegramas é explícito já desde o título: “A Aquisição pela Petrobras da Pasadena Refining Systems”. Ele relata encontros havidos entre enviados da Casa Branca e representantes do governo brasileiro, inclusive, sim, Dilma Rousseff.

Dilma foi ludibriada no Conselho? Nem se discute isso — embora ela fosse algo mais do que membro de um conselho que se encontrava uma vez por mês: era a czarina do setor energético. O busílis é outro: como explicar a omissão posterior???

Outra pergunta, agora a Gabrielli, este gênio da raça: se o negócio era tão bom, por que a Petrobras recorreu à Justiça para tentar se livrar da obrigação de comprar os outros 50%?

Para finalizar, gostaria que o doutor nos desse uma outra aula: se o Brasil quisesse vender hoje a refinaria de Pasadena, conseguiria quanto por ela? Custou US$ 1,3 bilhão. A última oferta, que eu me lembre, foi de US$ 118 milhões. Doutor Gabrielli, o mercado mudou tanto assim?

Não sei, não, mas acho que a conversa não engabelou nem os petistas.

Por Reinaldo Azevedo

 

O PT e a Petrobras: “Vamos botar ordem nesta orgia”, convidaria o Marquês de Sade!!!

Sade

“Vamos botar ordem nesta orgia”, diria Donatien Alphonse François de Sade (imagem), o famoso Marquês de Sade, que deu origem ao substantivo “sadismo” e ao adjetivo “sádico”. É claro que ele não disse isso, mas poderia tê-lo feito. Num livro chamado “A Filosofia na Alcova”, o escritor e transgressor francês narra os atos sexuais mais bizarros, mas tudo com incrível método, descrevendo cada prática no detalhe e demonstrando que elas devem seguir determinado ritual, determinada ordem — daí a piada que se começou a fazer com ele: “Vamos botar ordem nesta orgia”. Recomendo o livro, não as estrepolias, aos maiores de idade, até porque ele já deixa claro por que a Revolução Francesa não era coisa que prestasse. Mas voltemos.

A orgia legal petista não tem ordem nenhuma, não tem método, não tem nada. Sade podia narrar as piores cenas, mas tudo com muita elegância, coisa que a companheirada não tem. É grossa. Mata a bola de canela. Vejam vocês: o Senado adiou a decisão sobre a CPI para a próxima terça-feira. Só então o plenário vai decidir se acata ou não o parecer da CCJ, que optou pela comissão mais ampla, conforme a proposta dos governistas. No seu requerimento, investigam-se, além das lambanças na Petrobras, acusações de mau uso do dinheiro público em São Paulo, Pernambuco e Minas. Tudo ao mesmo tempo agora.

Acontece, vejam que coisa, que o plenário também terá de votar uma outra questão: o PT alega que a investigação da Petrobras não tem fato determinado; que há acusações sem ligações entre si. Que coisa fabulosa! As oposições querem uma CPI específica para apurar evidências de irregularidades na Petrobras. Os petistas alegam que falta o fato determinado. Não obstante, eles propõem, e conseguem aprovar, uma comissão ainda mais ampla: além da Petrobras, que se investiguem também os governos de São Paulo, Minas e Pernambuco.

Pergunta óbvia: se o PT alega que falta um fato determinado no caso da estatal, como é que justifica uma CPI ainda mais ampla, que apuraria também supostos malfeitos em três estados? O Marquês de Sade certamente ficaria furioso com o PT. Ele, que era um homem muito politizado, embora gostasse mesmo é de uma sacanagem, diria: “Assim não é possível fazer orgia; orgia, do modo como agem os petistas, vira uma grande bagunça”.

Também na próxima terça, está prevista a leitura de dois outros requerimentos de CPI, aí mistas: a da oposição, que pede investigação dos casos escabrosos na Petrobras, e a do governo, que repete a fórmula “tudo ao mesmo tempo agora” empregada no Senado.

Alguém poderia perguntar: “Mas o governo quer mesmo investigar os estados comandados por oposicionistas?”. Resposta: pode até querer, mas esse não é o objetivo principal. O que se pretende evitar a todo custo é uma CPI da Petrobras. E deve haver fortes motivos para isso, não? Dois dos negócios considerados ruinosos para a empresa — a compra, a um preço estratosférico, de uma refinaria nos EUA e a venda, por um valor considerado abaixo do de mercado, de outra refinaria na Argentina — foram feitos em 2006, em pleno ano eleitoral.

Mais: as acusações pilantras de que o PSDB teria pretendido privatizar a Petrobras — o que é mentira — constituíram um pilar das campanhas eleitorais petistas de 2002, 2006 e 2010. O que se vê é que privatizada a empresa está hoje: passou a ser propriedade dos companheiros, que não leram Marquês de Sade. Não porque não gostem de sacanagem, mas porque não têm método.

Por Reinaldo Azevedo

 

Está prevista para hoje a abertura de processo contra Vargas no Conselho de Ética; há a expectativa de que renuncie; se o fizer ou for cassado, estará inelegível até 2024

A Comissão de Ética do Senado se reúne hoje para decidir se abre o processo por quebra de decoro parlamentar do deputado André Vargas (PT-PR), que já foi um dos homens mais poderosos do PT e agora é apenas, como já escrevi aqui, um cadáver adiado que procria, para lembrar o poeta. Está, como destacou o próprio Lula, gerando problemas também para o PT. A coisa é tão complicada que não há nem espaço para manobra sem que a Câmara se desmoralize. A abertura do processo é certa. Se aberto, haverá, sim, a recomendação para que seja cassado. Com votação aberta, de acordo com a nova regra, duvido que escapasse. Mas acho que não se chegará a tanto. Vargas deve renunciar antes disso.

Agora é o próprio PT que o quer fora da Câmara. Lembrem-se: ele é nada menos do que vice-presidente da Casa e do Congresso. Nesta terça, o deputado Vicentinho (SP), líder do partido, concedeu um entrevista em que afirmou que seu parceiro está, sim, pensando na renúncia. E chegou a usar uma frase que tem história: “Ele está absolutamente convencido da sua inocência”. Quando estourou o escândalo do mensalão, disse José Dirceu: “Eu estou a cada dia mais convencido da minha inocência”. Eles não aprendem nada nem esquecem nada.

Se Vargas renunciar, pode se candidatar nas eleições deste ano? A resposta é “não”. A Lei da Ficha Limpa alterou a redação da Lei Complementar nº 64, de 1990, que passou a contar com a alínea K. E o que ela diz? Reproduzo para vocês:
“k) o Presidente da República, o Governador de Estado e do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término da legislatura;”

Logo, Vargas deveria ter renunciado antes de os partidos de oposição entrarem com a representação no Conselho de Ética. Agora, não dá mais tempo. Se renunciar ou for cassado, estará inelegível por mais oito anos a partir de 2015. A punição só termina ao fim de 2022, incluindo esse ano. Só poderá, portanto, voltar a disputar um cargo público nas eleições municipais de 2024 — daqui a 10 anos. A política agradece, não é mesmo?

Nunca se esqueçam: Vargas é aquele senhor que fazia lobby no Ministério da Saúde, então comandado pelo petista Alexandre Padilha, em favor do doleiro Alberto Youssef, que lhe prometeu a sua “independência financeira” Padilha é, sim, amigão de Vargas. Publiquei aqui o vídeo em que, quando ministro, pede voto para o deputado.

Nesta terça, diga-se, a Folha revelou que Vargas e Youssef são réus num outro processo, que corre na Justiça de Londrina desde 1999. O chamado caso Ama/Comurb é o maior escândalo de corrupção da história da cidade, base política do petista. No fim da década de 1990, ao menos R$ 14 milhões, em valores da época, teriam sido desviados em licitações fraudulentas. Parte desse dinheiro teria ido parar nas mãos de Vargas, que, à época, coordenava as campanhas locais dos petistas.

A coisa é antiga. Como dizia o poeta latino Catulo, é difícil renunciar subitamente a um grande amor.

Por Reinaldo Azevedo

 

Parece que Vargas já era. Ou: Dirceu ontem, Vargas hoje e a inocência

“Conversei com o André Vargas hoje, e ele está absolutamente convencido da sua inocência. [...] Ele está refletindo [sobre a possibilidade de renúncia]. Essa decisão cabe estritamente a ele. Por enquanto ele está de licença e de hoje para amanhã a gente pode ter o desfecho”.

A fala acima é do deputado Vicentinho (PT-SP), líder do partido na Câmara, segundo informa a Folha. Parece que André Vargas já era. A entrevista foi concedida depois que Lula deixou Vargas ao relento. Só para não esquecer. Quando estourou o escândalo do mensalão, o então ministro José Dirceu disse a frase que, para mim, é a síntese moral desses caras: “Eu estou cada vez mais convencido da minha inocência”. Comparem com o que disse Vicentinho.

 

Vargas e doleiro são réus no mesmo caso de corrupção no Paraná

Por Wilham Santin, na Folha:
O deputado federal André Vargas (PT-PR) e o doleiro Alberto Youssef, pivô do pedido de afastamento do parlamentar da Câmara dos Deputados nesta semana, são réus num mesmo escândalo de corrupção ocorrido no final dos anos 90 no Paraná. Vargas se licenciou do cargo após ter vindo à tona sua ligação com o doleiro. Eles respondem pelo caso na Justiça desde 1999. O chamado caso Ama/Comurb é o maior escândalo de corrupção da história de Londrina, base política de Vargas. No final da década de 1990, ao menos R$ 14 milhões, em valores da época, teriam sido desviados em licitações fraudulentas.

O valor teria sido desviado em diferentes fatias. Em uma delas, em 1998, dos R$ 141 mil que saíram dos cofres municipais, R$ 120 mil acabaram com Youssef, e R$ 10 mil, com Vargas, segundo o Ministério Público do Paraná. Militante do PT à época, Vargas coordenava campanhas locais do partido, como a de Paulo Bernardo (atual ministro das Comunicações) à Câmara dos Deputados. A Promotoria suspeita que o dinheiro tenha abastecido essas campanhas. Já Youssef teria “lavado” (encoberto a origem) do dinheiro por meio de uma conta fantasma.

O doleiro está preso desde o último dia 17, apontado pela Polícia Federal como um dos chefes de um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões, investigado na Operação Lava Jato. “Não podemos afirmar que há um elo entre Vargas e Youssef, mas há uma situação comum entre eles. Receberam dinheiro na mesma ocasião, fruto do mesmo desvio, no mesmo dia. Estão ligados ao mesmo núcleo do caso”, afirmou o promotor Cláudio Esteves.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Falha manobra de Dilma para nomear o amigão Gim Argello para o TCU a toque de caixa; iniciativa debocha do Senado e do tribunal

Atenção! O senador Gim Argello (PTB-DF) é um amigão do peito da presidente Dilma Rousseff. É dessas surpresas, assim, que a vida prepara. Tenho cá pra mim que um não entende dez por cento do que o outro fala, mas existe a linguagem universal do afeto, fraterno acho, que passa, para citar o grande poeta Mário Faustino, “por cima de qualquer muro de credo./ Por cima de qualquer fosso de sexo”. E isso fez de Gim o candidato de Dilma a uma vaga no Tribunal de Contas da União. Sim, no TCU. Mais uma vez, a presidente conta com a ajuda de Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, o mesmo que está ajudando a inviabilizar a CPI da Petrobras. Quem quer Gim no TCU é Dilma, mas Renan está fazendo de conta que a indicação é sua.

Trata-se de uma vergonha em si, que não requer interpretação. Atenção! O senador é réu em nada menos de seis processos no Supremo. É investigado por fraude à lei de licitações, crime eleitoral, peculato, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. Só isso!

Em 2011, o senador foi flagrado fazendo lobby junto à Advocacia-Geral da União em favor do ex-senador Luiz Estevão, lembram-se dele?, justamente para diminuir o valor de uma multa aplicada pelo TCU: R$ 1 bilhão por conta das irregularidades na construção da sede do Tribunal Regional do Trabalho, em São Paulo, aquele do notório juiz Lalau.

É esse cara que Dilma Rousseff quer como ministro do TCU. Ela deve conhecer qualidades em tão notável senador que ninguém mais conhece. Para diminuir os riscos, Renan tentou votar a indicação em regime de urgência, o que levaria o nome de Gim diretamente para o plenário, sem passar por nenhuma comissão. Seria aprovado com facilidade. Renan pôs o requerimento em votação nesta terça, mas foi derrotado por 25 a 24. Argello terá de enfrentar o trâmite normal para indicações, sendo sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. O governo queria evitar essa sabatina a todo custo.

Senadores que integram legendas da base governista votaram contra a urgência: do PT: Eduardo Suplicy (SP); do PMDB: Waldemir Moka (MS), Jarbas Vasconcellos (PE) e Pedro Simon (RS); do PDT: João Durval (BA) e Pedro Taques (MT); dos oposicionistas Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), além de Paulo Davim (PV-RN).

As coisas já ultrapassam o limite do cinismo e do descaramento. Digamos, só para efeitos de pensamento, que Gim Argello seja inocente nos seis processos. Em qualquer lugar decente do mundo, o normal é esperar que o tribunal faça, então, seu julgamento e, uma vez eliminadas as possibilidades de culpa, então que se nomeie o homem. Não com Dilma! Não com esse governo. A indicação de Gim Argello é um acinte e um deboche com o Senado e com o TCU.

Por Reinaldo Azevedo

 

Lula defende controle de conteúdo da imprensa em entrevista a blogs sujos e os convoca para a guerra

Quando a coisa aperta, então é o caso de chamar a rede de blogs que se orgulham, com justíssima razão, de ser chamados de “sujos”. É… Faz sentido! Tanto dinheiro público investido nesses patriotas, de forma direta ou triangulada (já explico)  tem de render alguma coisinha, não é? Ao menos uma entrevista chapa-branca. De resto, é sempre um conforto o Apedeuta falar com esses iluminados porque, por dever de ofício e fiel a quem paga a conta, eles são mais lulistas do que Lula, mais petistas do que Lula, mais governistas do Lula — mais realistas, em suma, do que o próprio rei, como vocês verão. Há até gente convicta entre eles, embora nunca gratuita, como na mais antiga profissão do mundo. Mas também há os que já foram antipetistas roxos — esse segundo grupo, não se enganem, tentará vender seus serviços aos tucanos ou aos peessebistas caso Dilma não seja reeleita. Como vocês verão, no caso do deputado André Vargas (PT-PR), fica claro que o chefão petista é mais duro do que as penas alugadas. Dá para entender os motivos: Vargas já foi o poderoso Secretário de Comunicação do PT e era um dos interlocutores dessa verdadeira quadrilha de iluministas. Adiante.

Lula dá a orientação. Para ele, trata-se de uma guerra e, para evitar a CPI, é preciso, para usar a sua expressão, “ir pra cima”. Com aquele desassombro de que só ele é capaz, afirmou: “A gente não pode permitir que, por omissão nossa, as mentiras continuem prevalecendo”. De que “mentira” exatamente ele está a falar? O problema é outro: Lula não acredita é que possa existir a verdade: para ele, é tudo uma questão de guerra de versões. O mais forte vence. Ele se esquece de que foi a própria Dilma quem pulou, voluntariamente, no olho do furacão. Aliás, nos bastidores, ele próprio diz isso, numa linguagem que está mais para o ambiente sem censura da estiva do que para a nobreza dos salões.

E sobre André Vargas, o que tem a dizer? Isto: “Ele [André Vargas] é vice-presidente de uma instituição importante, que é a Câmara dos Deputados, e acho que quando você está em um cargo desse, você tem que ser exemplo. Espero que ele consiga convencer a sociedade e provar que não tem nada além da viagem de avião, porque, no final, quem paga o pato é o PT”. Embora, mais adiante, ele diga que o caso do avião “já é grave”, note-se que ele considera a questão menor. Como se fosse possível dissociar um presentinho de R$ 100 mil que um doleiro dá a um parlamentar dos favores que o dito-cujo presta ao financiador da prebenda. Mas esse é o mundo de Lula. Ele nunca teve dificuldades de justificar essas concessões. Ou não é verdade que, durante um bom tempo, quem cuidava de sua vida, digamos, financeira era seu compadre e advogado Roberto Teixeira? Assim, que mal há em Vargas ter o seu próprio Teixeira? Lula acha até desculpável.

Regulamentação da mídia
Ah, sim: Lula também quer regulação da mídia. E ele quer mesmo é policiar o conteúdo. Destaco falas suas, segundo informa o Valor:
“Tentaram me derrubar em 2005, mas enfrentamos. Tentaram fazer a Dilma brigar comigo. Quando ela ganhou, tentaram se apoderar dela e quiseram fazê-la minha inimiga, dizer que o Lulinha estava fora. Temos que retomar com muita força essa questão da regulação dos meios de comunicação do país. É necessário. Vejo o mundo todo regulando”. Nota: nenhuma democracia do mundo regula conteúdo, como ele quer. Foi além: “Queremos uma coisa mais digna, mais respeitosa. Quando vejo o tratamento a Dilma, é de falta de respeito e de compromisso com a verdade. Não é possível que [a mídia] não se manque que o telespectador está percebendo”.

Ora, se o telespectador está percebendo, o que Lula quer regular? Alguém aí é capaz de dizer onde está o desrespeito? Vejam como a imprensa americana, por exemplo, cobre as ações do presidente dos EUA e como atua a nossa. Somos umas verdadeiras freiras.

Como Lula falava para a turma que lhe puxa o saco, distribuiu tarefas aos blogueiros sujos: “Vocês têm que começar uma campanha. Já que conquistaram a neutralidade da internet, ter a neutralidade dos meios de comunicação”. Mas ele quer a coisa feita com profissionalismo: disse não almejar uma “mídia que seja chapa branca” porque “as pessoas nem acreditam quando fala muito bem todo dia nem quando fala muito mal”. Entendi. Lula quer um órgão estatal que decida quando falar bem e quando falar mal. É mesmo um democrata exemplar.

Ah, sim: ele aproveitou para dizer que a sua candidata em 2014 é Dilma e que é preciso parar com o boato de que ele pode voltar. O que vem agora parece inacreditável, mas é verdade: um dos, vá lá, “entrevistadores” deu até uma bronquinha em Lula. Segundo disse, o ex-presidente não deveria ter negado a candidatura: “Deixa eles pensarem”...

Ora, não fosse assim, essas páginas seriam conhecidas como “blogs limpos”, certo?

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo, de VEJA

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2 comentários

  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    Por estas plagas a "res publica" nunca existiu.

    Desde os idos do "tratado de Tordesilhas", o documento chamado Bula outorgava os saques da Espanha e Portugal.

    Atualmente vivenciamos uma era da dinastia lulopetista, onde uma casta, "catada" por meritocracia, ou seja pelos serviços- leia-se falcatruas, prestados ao partido, são içados aos mais altos postos deste desgoverno.

    Diante desta realidade, os meios de comunicação estão todos os dias cheios de noticias de fatos, que segundo a "MÃE DO PAC", podem ser chamados de malfeitos.

    Vocês acham que está ruim?

    Esperem a implantação do "controle social da mídia", que os companheiros estão armando para entrar em vigor!

    ...." E VAMOS EM FRENTE " ! ! ! ....

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  • Lourivaldo Verga Barra do Bugres - MT

    É, Pedro, parece que ainda não conseguimos chegar a um sistema de governo ideal! A monarquia instala no poder uma família que passa de pai para filho e vai longe; a ditadura instala no poder um grupo que ninguém sabe até quando. Tanto na monarquia, quanto na ditadura nós pagamos a conta para sustentar esses grupos. Já na nossa democracia temos que sustentar uma cambada com seus apadrinhados, que por ser chamada de participativa aumenta ainda mais as enormes barrigas pra gente tratar!

    O PSDB não suportava CPI, enquanto o PT adorava. Agora o PSDB adora CPI, enquanto o PT diz "cruz credo CPI"! Fica essa enrolação envolvendo Congresso, Supremo, cada casa do Congresso tem sua posição e cada juiz tem uma interpretação! A democracia é mesmo um bom regime? Pra quem? Ainda não achamos a melhor forma de governo até 2014!

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