O New York Times descobre que a Ferrovia Transnordestina é outro fiasco produzido pelos gigolôs do ufanismo eleitoreiro

Publicado em 16/04/2014 15:08 e atualizado em 04/07/2014 11:40
no blog de Augusto Nunes, em veja.com.br

O País quer Saber

O New York Times descobre que a Ferrovia Transnordestina é outro fiasco produzido pelos gigolôs do ufanismo eleitoreiro

BRANCA NUNES

“Os trilhos da ferrovia Transnordestina abrem passagem para um novo ciclo de desenvolvimento econômico e social na região nordeste”, orgulha-se a voz em off logo na abertura do vídeo institucional sobre os 1.728 quilômetros de trilhos projetados para ligar o Porto de Pecém, no Ceará, o Porto de Suape, em Pernambuco, e o município de Eliseu Martins, no Piauí. “Do início da operação, em dezembro de 2009, a dezembro de 2011, mais de 15 mil pessoas foram contratadas”.

A narrativa ufanista segue evocando números de matar de inveja noruegueses, suecos e alemães. “Foram realizados mais de 34 milhões de metros cúbicos de terraplanagem, construídos mais de 24 mil metros cúbicos de bueiros, 30 obras de arte especiais, entre pontes e viadutos, já estão concluídas, 280 mil metros cúbicos de concreto estrutural executados, foram adquiridas 170 mil toneladas de trilhos, mais de 200 milhões de reais investidos na compra de seis locomotivas e 480 vagões”.

Gravado em 2012, o vídeo garante que a obra descerá do palanque no máximo em dezembro de 2014 – segundo o cronograma original, a ferrovia seria inaugurada ainda no governo Lula. Em março de 2013, a conclusão dos trabalhos foi empurrada para 2016 e os preços subiram: só a gastança com a construção começou em R$ 5,4 bilhões, saltou para R$ 6,72 bilhões e acabou de chegar a R$ 7,5 bilhões. A conta não inclui os gastos com vagões e locomotivas, orçados (por enquanto) em R$ 1,5 bilhão. Nem as despesas com oficinas e portos.

Neste fim de semana, The New York Times descobriu que o colosso ferroviário só esbanja saúde no Brasil Maravilha registrado em cartório, e que os trens nunca apitaram fora dos vídeos institucionais. “A mais de mil milhas ao norte das praias do Rio e dos arranha-céus de São Paulo está a multimilionária Ferrovia Transnordestina”, informa o jornalista Simon Romero na vídeoreportagem. “A longa e sinuosa estrada de ferro deveria transportar grãos de soja do empobrecido interior do Brasil para os locais de exportação. Há 18 anos em construção, é uma sequência de estradas de terra e pontes abandonadas – um dos muitos grandes projetos que foram abandonados com a desaceleração da economia brasileira”.

Depoimentos de moradores da região confirmam as desoladoras constatações feitas pelo jornal mais influente do mundo. “Juscélia e José Luiz são lavradores em Contente, uma remota cidade cortada pela rodovia”, exemplifica Romero. “Em nome do que chamaram de progresso, eles tiveram sacrificados seus campos, suas vilas e seu modo de viver”. Outros trechos expõem a incompetência do governo. ”Ninguém em Contente foi indenizado pelas terras destruídas”, denuncia Romero. “O campo era a principal fonte de frutas frescas e vegetais. Agora, está seco e se tornou inútil”.

Depois de enfatizar que ninguém sabe se e quando a obra será concluída, o correspondente do NYT desmonta as fantasias do vídeo institucional de 2012: “Cruzando as terras dos sertões ao litoral, a locomotiva do futuro vai transportar riquezas e criar novos sonhos para uma gente ansiosa em ser protagonista de uma nova história”. Pelo andar das obras, essa gente ansiosa em ser protagonista será novamente coadjuvante de mais um fiasco nascido da aliança entre a inépcia administrativa e a corrupção política.

Clique na imagem para assistir ao vídeo do The New York Times:

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Tags: BrasilDilma RousseffferroviaLulaNew York TimesNordesteSimon RomeroTransnordestina

 

História em Imagens

Estrelado por Lula, Dilma, Gabrielli, Vargas e Graça, o vídeo do Implicante mostra que o governo do PT tem motivos de sobra para apavorar-se com a CPI da Petrobras

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Feira Livre

Jornalista dinamarquês desiste de cobrir a Copa depois do que viu em Fortaleza

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MIKKEL KELDORF JENSEN

Quase dois anos e meio atrás eu estava sonhando em cobrir a Copa do Mundo no Brasil. O melhor esporte do mundo em um país maravilhoso. Eu fiz um plano e vim estudar no Brasil. Aprendi português e estava preparado para voltar.

Voltei em setembro de 2013. O sonho seria cumprido. Mas hoje, dois meses antes da festa da Copa, decidi que não vou continuar aqui. O sonho se transformou em pesadelo.

 

Durante cinco meses fiquei documentando as consequências da Copa. Existem várias: remoções, Forças Armadas e PMs nas comunidades, corrupção, projetos sociais fechando. Descobri que todos os projetos e mudanças têm como objetivo pessoas como eu – um gringo e também uma parte da imprensa internacional. Eu sou um cara usado para impressionar.

Em março, estive em Fortaleza para conhecer a cidade mais violenta a receber um jogo de Copa do Mundo até hoje. Falei com algumas pessoas que me colocaram em contato com crianças da rua e fiquei sabendo que algumas estão desaparecidas. Muitas vezes, são mortas quando estão dormindo à noite em áreas com muitos turistas. Por quê? Para deixar a cidade limpa para os gringos e a imprensa internacional? Por causa de mim?

Em Fortaleza eu encontrei Allison, 13 anos, que vive nas ruas. Um cara com uma vida muito difícil. Ele não tinha nada – só um pacote de amendoins. Quando nos encontramos ele me ofereceu tudo o que tinha, ou seja, os amendoins. Esse cara, que não tem nada, ofereceu a única coisa de valor que tinha para um gringo que carregava equipamentos de filmagem no valor de R$ 10.000 e tinha um MasterCard no bolso. Inacreditável.

Mas a vida dele está em perigo por causa de pessoas como eu. Ele corre o risco de se tornar a próxima vítima da limpeza que acontece em Fortaleza.

Eu não posso cobrir esse evento depois de saber que o preço da Copa não só é o mais alto da história em reais e centavos – também é um preço que, estou convencido disso, inclui vidas de crianças.

Hoje, vou para a Dinamarca e não voltarei para o Brasil. Minha presença só está contribuindo para um desagradável show. Um show de que eu, dois anos e meio atrás, sonhava participar. Mas hoje eu vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para criticar e focar no preço real da Copa do Mundo do Brasil.

Alguém quer dois ingressos para o jogo entre França e Equador no dia 25 de Junho?

*O dinamarquês Mikkel Jensen é jornalista independente

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História em Imagens

Joaquim Barbosa precisa conhecer o vídeo de estreia de Rodrigo Grassi: o meliante homiziado no Congresso ordena ao ministro que passe o Carnaval no Bola Preta

ATUALIZADO ÀS 12H22

Depois de processar o jornalista Ricardo Noblat por ter enxergado uma ofensa racista que não houve, o ministro Joaquim Barbosa preferiu não escutar insultos criminosos berrados a poucos metros dos seus ouvidos por Rodrigo Grassi, assessor da deputada federal Erica Kokay. “Nem notei”, minimizou Barbosa. “Quando fui notar, já estava dentro do carro. Foi quando eu vi que eram três, quatro pessoas se manifestando. O Brasil é uma democracia, faz parte das liberdades”. A brandura do ministro animou a parlamentar do PT do Distrito Federal a absolver liminarmente o subordinado.

“Ele não estava em horário de trabalho”, alegou a chefe do caso de polícia. ”Não vou entrar no mérito se ele agiu corretamente. O que posso dizer é que não estava em horário de trabalho e nem estava representando o gabinete. Ele só representa quando está a serviço. E ele cumpre sua jornada de trabalho absolutamente dentro daquilo para o que é contratado”. Conjugados, o equívoco de Barbosa e o cinismo da deputada autorizam um funcionário do Congresso a agir, assim que o expediente termina, com a selvageria dos bucaneiros de torcida organizada.

O que muda é o alvo: em vez de adversários do seu time, o torcedor do Fluminense atacou o chefe do Poder Judiciário. Como atesta o vídeo que documentou a agressão, o ministro foi provocado com palavras de ordem que celebram o presidiário José Dirceu e acusado aos gritos de projeto de ditador, autoritário, tucano e corrupto. Pela reação misericordiosa, não ouviu nada de mais. Talvez mude de ideia, e descubra que está lidando com um reincidente sem cura, depois de apresentado ao vídeo acima, que registra a estreia de Rodrigo Grassi no combate ao inimigo de toga. Embora tenha sido divulgado antes da agressão ocorrida em Brasília, só virou sucesso de público na internet quando o protagonista pousou no noticiário político-policial.

Batizado de “Recado pro Joaquim Barbosa”, assim começa o desfile de abjeções: “Eu queria mandar aqui um recado pra o ministro Joaquim Barbosa, o Batman da VEJA, das elites e da Rede Globo: Oh, ministro, quer dizer então que o único que detém saber jurídico, o único que vota de acordo com o jurisdiquês é o senhor? Quer dizer então que quem votar em desacordo com Vossa Excelência é político, é isso? Seu autoritário!”. Sem camisa, de óculos escuros, carregando no sotaque carioca, o quase quarentão que prolonga os fios traseiros para disfarçar o desmatamento dos cabelos da frente sublinha o falatório com o tom cafajeste dos que se julgam condenados à perpétua impunidade:

“Outra coisa: já que o senhor é o bonzinho, o senhor é o santinho, explica aí para a sociedade como foi que o senhor comprou à vista um apartamento, um milhão de dólares, em Miami? Explica aí que o senhor se apropriou do endereço do seu apartamento funcional para criar uma empresa particular. Explica, ministro! Explica também como é que o senhor tem utilizado as passagens aéreas do Supremo para o senhor, para a sua esposa, para eventos que nada têm a ver com o Supremo. Explica, ministro!” O atrevimento chega ao climax no fecho nos segundos finais: “Então, senhor ministro, tá brabinho? Tá com raivinha?. Vai pular o Carnaval. Aproveita o Carnaval aí. Pega uma daquelas máscaras de Vossa Excelência que ficou encalhada, que ninguém quis comprá lá e vai cantá lá: Lugar quente é na cama ou então no Bola Preta. Quebrou a cara, seu coxinha!”

Especialmente sensível a insinuações racistas, Joaquim Barbosa decerto enxergará o que está embutido na escolha do bloco carnavalesco. O delinquente sustentado com o dinheiro dos pagadores de impostos poderia ter sugerido, por exemplo, a Banda de Ipanema. Não foi por acaso que ordenou ao ministro que se juntasse ao Bola Preta. Gente assim parece perigosa, mas nem precisa de castigos duros para ficar exemplarmente mansa. A valentia dos rodrigos grassis não dura mais que uma semana na cadeia.

Tags: Código PenalErika KokayJoaquim BarbosaRodrigo GrassiSupremo Tribunal Federal

 

No Globo desta terça, artigo de Gil Castello Branco:

O PAC 3 e as eleições

Em síntese, até dezembro de 2013 mais da metade do PAC 2 sequer saiu do papel

Há dez dias, quando a presidente-candidata anunciou que lançará em agosto — dois meses antes das próximas eleições — a terceira versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 3), lembrei-me dos filmes da série “Rambo”, que agradavam aos cinéfilos menos exigentes, especialmente pela pirotecnia. Na verdade, Lula e Dilma não inovaram ao “batizar” e associar um conjunto de ações aos seus mandatos. Assim foi em governos anteriores com o “Avança Brasil”, o “Brasil em Ação”, o “Programa de Metas”, o “Plano Salte”, entre outros. Estrategicamente, são “títulos fantasia” para Planos Plurianuais (PPAs), previstos na Constituição federal, que os governantes têm por obrigação realizar.

Às vésperas da divulgação do PAC 3, a Associação Contas Abertas reuniu dados oficiais sobre a execução do PAC 2, que abrange o período de 2011 a 2014. Essa etapa do programa foi anunciada com pompa e cerimônia em 29 de março de 2010, na presença de 30 ministros do governo Lula, prefeitos de várias capitais, empresários e líderes de movimentos sociais.

Em síntese, até dezembro de 2013 mais da metade do PAC 2 sequer saiu do papel. Decorridos três anos, dentre os 49.095 empreendimentos, 26.154 (53%) estão nos estágios de “ação preparatória”, “em contratação”, “em licitação de obra” e “em licitação de projeto”. De cada dez iniciativas, menos de quatro estão “em obra” ou “em execução”. Apenas 12% dos empreendimentos estão “concluídos”.

Na Saúde, das 24.006 obras tocadas pelo ministério e pela Funasa, só 2.547 (11%) foram colocadas à disposição da sociedade. As Unidades Básicas de Saúde (UBS) ilustram essa realidade: das 15.652 previstas, irrisórias 1.404 (9%) foram concluídas. Quanto às Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), 503 estavam previstas, mas somente 14 ficaram prontas. Nas ações de saneamento e recursos hídricos, das 7.911 iniciativas, apenas 1.129 (14%) foram finalizadas. Pelo visto, para reduzir os problemas da saúde no Brasil, serão necessárias, além dos médicos cubanos, mais infraestrutura e melhor gestão.

Em outras áreas, várias propostas ainda são promessas. No começo do ano passado, durante o programa “Café com a presidenta”, Dilma prometeu entregar até o fim do seu mandato seis mil creches, número que poderia chegar a nove mil. Para a profecia não virar “mico”, as obras terão que ser aceleradas. Das 5.257 creches e pré-escolas constantes do PAC 2 apenas 223 estavam em funcionamento até o fim do ano passado. No esporte, os estádios padrão Fifa estão quase prontos; no entanto, das 9.158 quadras esportivas que seriam construídas em escolas, apenas 481 (5%) foram inauguradas. Nenhum dos 285 centros de iniciação ao esporte ficou pronto.

Os resultados também são pífios nos Transportes. Dos 106 empreendimentos em aeroportos, quase 70% ainda estão em fases burocráticas. De cada três obras em rodovias, apenas uma foi concluída. Das 48 intervenções em ferrovias, apenas 12 chegaram ao fim. Nos chamados PACs do “turismo”, das “cidades históricas” e das “cidades digitais” nenhum dos 733 empreendimentos foi finalizado.

Como quantitativamente os projetos evoluem lentamente, o governo prefere enfatizar que as “ações concluídas” somam R$ 583 bilhões. Deste valor, 44%, isto é, R$ 253,8 bilhões são “empréstimos habitacionais à pessoa física”. Assim, caro leitor, se você for à Caixa Econômica Federal e solicitar empréstimo para a compra de imóvel novo, usado ou para reformas, o financiamento, tão logo liberado, será incluído como “ação concluída” do PAC. Por incrível que possa parecer, o dinheiro que a CEF lhe emprestou — em parte vindo do FGTS, que já era seu e sobre o qual você irá pagar juros — é a principal realização do PAC 2, tal como já acontecera no PAC 1. A soma dos “empréstimos habitacionais à pessoa física” é tão relevante que supera o montante de todas as obras concluídas dos eixos de transporte e energia.

Em agosto, após as comemorações ou a ressaca da Copa, estaremos a dois meses das eleições e os marqueteiros entrarão em campo. O governo associará o PAC 3 à “mãe do programa”, destacando a importância da sua reeleição para a continuidade da saga. A oposição, certamente, irá procurar demonstrar a extensão do canteiro de obras inacabadas. Diante desse panorama, antes de anunciar o PAC 3, seria conveniente o governo acelerar o PAC 2. Afinal, a estratégia política de fazer promessas mirabolantes às vésperas das eleições é mais velha do que os filmes de Sylvester Stallone, o heroico personagem da série “Rambo”.

(por Gil Castelo Branco)

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Fonte:
Blog Augusto Nunes (VEJA)

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2 comentários

  • Lino Gaspar Rocha Aguiar Rio Paranaíba - MG

    Precisamos sim investir em ferrovias, quem dera se a metade do orçamento da copa do mundo fosse aplicado à este fim.

    0
  • wilfredo belmonte fialho porto alegre - RS

    A classe política brasileira sofre de doença genética que

    tem afetado gerações após gerações os administradores polí

    ticos brasileiros ou seja programas de obras eleitoreiras

    que não duram um governo pois sofrem de processo contínuo

    de descontinuidade, desde a abertura da transamazonica até

    recentemente "a menina dos olhos" do tal de LULA que seria

    a transposição do Rio São Francisco recebem o título de

    fiasqueira da administração pública brasileira, buraco

    sem fundo onde bilhões de reais são jogados fora anualmente e o nosso Congresso Nacional que é o portador

    deste gen maldito pois daí é que saem estes pulhas chama

    dos de homens públicos não consegue criar normas legais

    para responsabilizar os administradores públicos por es

    tas malversões do dinheiro público, obras que ligam nada

    a lugar nenhum e muitos acham que o escândalo da PETROBRÀS nada mais foi do que uma má interpretação de contratos pois a Petrobrás é nossa e temos que defendê-la de unhas e dentes, claro que mantendo estes incompetentes nomeados para cargos políticos. Mas não

    esquentem afinal de contas iremos fazer a maior copa do mundo e aí futebol, carnaval e circo o povo fica feliz.

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