Agora o rombo é na Petros, fundo de pensão controlado por sindicalistas ligados ao PT

Publicado em 27/04/2014 11:13 e atualizado em 04/07/2014 15:11
por Rodrigo Constantino, de veja.com.br

Agora o rombo é na Petros, fundo de pensão controlado por sindicalistas ligados ao PT

Rindo da destruição do Brasil?

Reinaldo Azevedo disse certa vez que é uma enxadada, uma minhoca. Um leitor corrigiu: no caso do PT, tem sido uma enxadada, uma jibóia. A cada dia, com um pouco de pesquisa dos jornalistas, emerge do pântano um monstro gigantesco criado pelos petistas. O mais novo é um rombo de R$ 500 milhões no fundo de pensão Petros, dos funcionários da Petrobras, por decisões políticas tomadas na era Lula, como mostrareportagem do GLOBO:

Enquanto a ingerência política mergulha a Petrobras numa das maiores crises de sua História, o fundo de pensão dos funcionários da estatal, a Fundação Petros, vive dias turbulentos pelos mesmos motivos. Pela primeira vez em dez anos, as contas da entidade foram rejeitadas por unanimidade por seu conselho fiscal. Nem mesmo os dois conselheiros indicados pela Petrobras no colegiado de quatro cadeiras recomendaram a aprovação das demonstrações financeiras de 2013, que apontaram um déficit operacional de R$ 2,8 bilhões no principal plano de benefícios dos funcionários da estatal e um rombo que pode chegar a R$ 500 milhões com despesas de administração de planos de outras categorias. Mesmo assim, as contas foram aprovadas no órgão superior da entidade, o conselho deliberativo, abrindo uma crise interna no fundo.

Um grupo de conselheiros eleitos descontentes resolveu recorrer à Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), órgão que fiscaliza fundos de pensão, para denunciar a direção da Petros, controlada por sindicalistas ligados ao PT desde 2003. Os resultados dos investimentos da fundação têm recebido pareceres contrários do conselho fiscal há dez anos, mas apenas com o voto dos conselheiros eleitos pelos funcionários. No entanto, as contas sempre foram aprovadas pelo conselho deliberativo, órgão superior, no qual a Petrobras, patrocinadora do fundo, indica o presidente, tendo direito a voto de desempate. A estatal, no entanto, nem tem precisado usar esse recurso.

Para quem trabalhou tantos anos no mercado financeiro como eu, escândalos envolvendo fundos de pensão não chegam a ser exatamente uma surpresa. O que o PT sempre consegue surpreender é em relação à magnitude das coisas, e à forma escancarara com que faz suas estripulias.

Quando se trata de sindicatos e fundos de pensão, então, pode-se falar até mesmo em uma simbiose completa com o PT, a ponto de não ser exagero algum chamar o Brasil atual de uma “república sindical“. O aparelhamento foi total. Nada ficou livre das garras dos petistas e seus apaniguados. Agências reguladoras, sindicatos, estatais, fundos de pensão, ministérios, STF…

Para adicionar insulto à injúria, o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Antonio Levanhagem, defendeu recentemente a volta da contribuição sindical para todos os trabalhadores, independentemente se querem ou não colaborar com os sindicatos. Essa coisa de contribuição voluntária e filiação livre não está com nada. Os sindicatos devem arrecadar mesmo sem o trabalhador querer sua representação.

Com o toque de Midas às avessas, o PT estraga tudo aquilo que toca. O prejuízo milionário no fundo de pensão da Petrobras é apenas mais um caso que vem à tona, e muitos outros devem permanecer ocultos por aí. Basta pensar que, sob sua gestão, a Petrobras faz saques de US$ 10 milhões só com aprovação verbal, algo que nem mesmo uma quitanda faria. É um assombro!

Muitos podem achar que é uso de linguagem exagerada em ano eleitoral, mas é minha mais profunda convicção como cidadão brasileiro: o país não agüenta mais 4 anos de PT. O custo, que já é enorme, ficará insuportável, e o retrocesso será capaz de causar uma convulsão social no dia em que o paiol explodir. Ou o Brasil acaba com o PT nas urnas, ou o PT acaba com o Brasil…

Rodrigo Constantino

Tags: Antonio LevanhagemLulaPetrobrasPetrossindicatos

 

Lula é Dilma é Lula: a campanha do “Volta, Lula” é apenas briga interna de poder

Ambos, Lula e Dilma, representam a mesma essência: o vermelho do bolivarianismo.

A campanha do “Volta, Lula”, instigada pelos próprios petistas insatisfeitos com o governo Dilma, tem criado um racha no PT que pode custar caro ao partido: as próprias eleições. A reportagem de capa da revista Veja desta semana mostra justamente como as intrigas, ameaças e traições na disputa de poder no PT pode colocar em risco a reeleição da preisdente Dilma (se Deus quiser, e há de querer se for mesmo brasileiro!).

O grande marco dessa disputa interna se deu quando o ex-presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, em entrevista ao Estadão, disse em tom de ameaça que Dilma deveria assumir sua responsabilidade na compra de Pasadena, o maior escândalo da estatal no momento. Gabrielli é da turma ligada ao ex-presidente Lula, e por isso se sentiu à vontade para colocar a presidente contra a parede.

Dilma era do PDT, nunca teve a alma petista. Mas como política foi o “poste” criado por Lula, e deve sua eleição totalmente a ele. Gostaria de ter dado uma cara própria à sua gestão, mas erro atrás de erro fez com que as máscaras fossem caindo. Quem é Dilma? Gestora eficiente? Faxineira ética? Nada disso se sustenta mais. E com a economia patinando, os escândalos de corrupção aumentando, e o PT fragilizado, ganhou corpo o movimento antagônico à Dilma dentro do próprio partido.

No fundo, há um claro desespero dos petistas em perder tanta boquinha, apenas isso. São 18 ministérios e um orçamento de R$ 1,2 trilhão, além de mais de 22 mil cargos comissionados. Eis o que está em jogo. A ala mais pragmática do PT, ciente disso, deseja preservar a união. Mas a “banda podre” (entre aspas, pois creio que o PT todo seja uma grande banda podre) partiu para a briga, receosa de ter de pagar o pato para salvar o conjunto.

Além da briga interna de poder, a campanha do “Volta, Lula” conta com o apoio de muitos empresários, pois julgam que Lula era mais pragmático e menos ideológico. Demétrio Magnoli, em sua coluna de hoje na Folha, toca no assunto, rebatendo tal crença e lembrando que, no fundo, Dilma é Lula, apesar de algumas diferenças mais cosméticas do que estruturais.

O grande empresariado pode achar que Dilma é menos flexível nas suas demandas, e que Lula tinha mais “habilidade política”, mais jogo de cintura e uma disposição maior a ouvir as reclamações do “mercado”. Mas o que não pode ser ignorado é que muito ou quase tudo do que o governo Dilma fez de errado tem suas raízes no governo Lula, ou seja, Dilma representa a continuidade, e não a ruptura do legado de Lula.

Diz Magnoli: ”Dilma é Lula no sentido bem preciso de que, nos momentos cruciais, a prerrogativa de decidir repousa nas mãos do presidente de facto”. Todos os grandes equívocos desenvolvimentistas já tinham sido plantados por Lula. Como afirma o sociólogo, Lula nunca saiu, e ambos, Lula e Dilma, concordam com isso.

Por essas e outras o “Volta, Lula” não passa de uma briga interna de poder. Aécio Neves é que está certo quando diz que não importa quem seja o candidato do PT, pois o que deve ser derrotado é o modelo petista, esse que claramente fracassou. Lula é Dilma é Lula: diferenças e nuanças à parte, a essência é a mesma, e é dessa que o Brasil precisa se livrar de uma vez por todas se pretende prosperar.

Rodrigo Constantino

Tags: Demétrio MagnoliDilmaLula

 

DemocraciaPolítica

Ventos de mudança: o começo do fim do PT

O Brasil quer ser a próxima Venezuela?

No Brasil as coisas são assim: leva muito tempo até a ficha cair. Mas um dia ela cai! É o que parece estar acontecendo quando se trata do PT e seu discurso de “nós contra eles”, tentando monopolizar a ética. Parece até piada de muito mau gosto logo o PT falar de ética, o partido mais corrupto de todos. Mas até bem pouco tempo atrás essa falácia colava.

Em sua coluna de hoje na Folha, Reinaldo Azevedo lança um prognóstico otimista: o PT começou a morrer. Justamente porque essa blindagem que o partido usa, de demonizar qualquer crítico de sua gestão como se fosse inimigo do país, rompeu-se. Chega a ser ridículo alguém apelar para essa tática hoje. Como diz Reinaldo, “Desta vez, parece, os larápios não vão usar o relincho ideológico como biombo”. Ele acrescenta:

Há nas ruas, nas redes sociais, em todo canto, sinais claros de enfraquecimento da metafísica petista. Percebe-se certo cansaço dessa estridência permanente contra os adversários, tratados como inimigos a serem eliminados. Se, em algum momento, setores da sociedade alheios à militância política profissional chegaram a confundir esse espírito guerreiro com retidão, vai-se percebendo, de maneira inequívoca, que aquilo que se apresentava como uma ética superior era e é apenas uma ferramenta para chegar ao poder e nele se manter.

A arte de demonizar o outro, de tentar silenciá-lo, de submetê-lo a um paredão moral seduz cada vez menos gente. Ao contrário: há uma crescente irritação com os estafetas dedicados a tal tarefa. Se, antes, nas redes sociais, as críticas ao petismo eram tímidas, porque se temia a polícia do pensamento, hoje, elas já são desassombradas. E se multiplicam. Os blogs sujos viraram caricatura. A cultura antipetista está em expansão. E isso, obviamente, é bom.

Como o próprio Reinaldo reconhece, isso não é o mesmo que prever a derrota nas urnas em outubro. Está mais para uma “agitação das mentalidades” que, segundo o autor, “costuma anunciar as mudanças realmente relevantes”. É o que tenho chamado de ventos de mudança, claramente perceptíveis em todo lugar.

Há um clima novo no ar, e cada vez mais gente tem coragem de sair da toca e criticar o modelo ou o método petista. O senso de moralidade vem despertando muitos que hibernavam antes. A crise venezuelana ajudou, ao mostrar o destino final do país caso nada seja feito para impedir o “projeto” do PT.

Fernando Gabeira, em seu artigo publicado hoje no Estadão, foi por uma linha parecida, ao alertar que os petistas ainda sonham com uma onipotência que não existe e cuja sensação era derivada da bonança econômica. Diante da realidade cada vez menos favorável, o PT tenta controlar os fatos e eliminar a oposição. Diz Gabeira:

Bom dia, Cinderela. O mundo mudou. Dilma e o PT não perceberam, no seu sono, que as condições são outras. Brigar com os fatos num contexto de crescimento econômico deu a Lula a sensação de onipotência, uma crença do tipo “deixa conosco que a gente resolve na conversa”. Hoje, em vez de contestar fatos, o PT estigmatiza a oposição como força do atraso. Ele se comporta como se a exclusão dos adversários da cena política e cultural fosse uma bênção para o Brasil. A concepção de aniquilar o outro não é vivida com culpa por certa esquerda, porque ela se move num script histórico que prevê o aniquilamento de uma classe pela outra. O que acabará com os adversários é a inexorável lei da história, eles apenas dão um empurrão.

Sabemos que a verdade é mais nuançada. O governo mantém excelentes relações com o empresariado que financia por meio do BNDES e com os fornecedores de estatais como a Petrobrás. Não se trata de luta de classes, mas de quem está se dando bem com a situação contra quem está ou protestando ou pedindo investigações rigorosas contra a roubalheira, na Petrobrás ou na Copa.

[...]

Até nas relações exteriores o viés partidário sufocou o nacional, atrelando o País aos vizinhos, alguns com sonhos bolivarianos, e afastando-o dos grandes centros tecnológicos. Contestar esse caminho quase exclusivo é defender interesses americanos; denunciar corrupção na empresa é ser contra a Petrobrás; assim como questionar a Copa é torcer contra o Brasil.

Bom dia, Cinderela, acorde. Em 2014 você pode se afogar nos próprios mitos.

Não é possível enganar todos o tempo todo. É verdade que o PT distribuiu muito dinheiro – nosso – para comprar apoio. Também é verdade que sempre contou com uma narrativa messiânica disseminada por nossos “intelectuais” de esquerda. Mas há uma clara fadiga do poder. O choque de realidade é brutal. O PT é um fracasso econômico e um fracasso ainda maior na ética.

Não será possível se proteger de tantos escândalos e tanta incompetência apelando para sempre ao fator ideológico ou demonizando seus críticos. Essa estratégia hipócrita engana cada vez menos gente. São os ventos de mudança, que anunciam o começo do fim dessa seita chamada PT…

Rodrigo Constantino

Tags: Fernando GabeiraReinaldo Azevedo

 

Inflação

Brincando perigosamente com a inflação

Estão rindo do quê? Enquanto os dois acham graça, o povo brasileiro sofre com a alta inflação…

editorial do Estadão de hoje subiu o tom ao alertar para a perigosa tolerância do governo com a escalada inflacionária, e disse, logo na abertura:

O vilão da inflação é o governo, como provou mais uma vez o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em sua patética entrevista sobre a disparada dos preços. “Eu tenho certeza de que vamos terminar o ano dentro do limite de 6,5%. Não vamos ultrapassar”, assegurou. A meta oficial é de 4,5%, mas as falas do ministro e da presidente Dilma Rousseff geralmente passam longe desse detalhe. A preocupação efetiva, como têm confirmado os números nos últimos quatro anos, é alcançar qualquer ponto até o limite da margem de tolerância. Tanto melhor se o resultado ficar em torno de 6%, de preferência pouco abaixo, como em 2012 e 2013. Mas esse pormenor é meramente decorativo.Mais de uma vez a presidente negou qualquer tolerância à inflação. Mais de uma vez a política oficial desmentiu suas palavras e desmoralizou suas promessas. Igualmente desmoralizante, a entrevista do ministro Mantega ainda acrescentou um toque grotesco ao cenário.

Após mostrar com números as absurdas declarações do ministro Mantega, o jornal concluiu de forma bastante direta:

Diplomado em economia, o ministro parece desconhecer fatores como as limitações da oferta e o excesso de demanda alimentado pelos estímulos ao consumo e pela gastança pública. Quem leva em conta esses fatores identifica o verdadeiro vilão.

Que Mantega é diplomado em economia nós sabemos. Mas isso apenas comprova que certos diplomas não valem nada! Infelizmente, vivemos sob a “cultura do diploma”, e por isso que tantos economistas da Unicamp, mesmo após tantos equívocos históricos, ainda desfrutam de espaço na imprensa ou estão no poder. Quem paga o pato é o povo brasileiro, claro.

A inflação foi também o tema da colunado economista Fernando Rocha no Valor. Rocha trabalha em uma grande gestora carioca, e por isso mesmo precisa se preocupar com as previsões que faz, ao contrário do ministro Mantega, que pode divulgar um crescimento de 4,5% do PIB e se fazer de bobo (sem muito esforço, é verdade) quando o número oficial nem chega a 2%. Rocha faz importantes alertas:

A chamada nova matriz macroeconômica, implementada no governo Dilma, consistiu em baixar o nível da taxa de juros, adotar uma política fiscal mais acomodativa, turbinar o crédito dos bancos públicos, promover uma desvalorização da taxa de câmbio, aumentar as tarifas de importações e fomentar fusões empresariais com o apoio do BNDES na busca de “campeões nacionais”. Acreditava-se que isso traria um novo vigor ao setor produtivo, principalmente ao setor industrial, o que resultaria em maior crescimento econômico. No entanto, os resultados foram pífios em termos de crescimento e provocaram, como era de se esperar, um aumento da inflação.

[...]

Atualmente, os preços estão rodando, em média, acima de 6%. Isso significa que alguns preços, principalmente de serviços, estão subindo perto de 10% ao ano, enquanto outros, como as tarifas públicas, sobem bem menos – em 2013, a alta foi de apenas 1,5%. Outro dado preocupante: excluindo os itens de alimentação, que são muito voláteis, 72% dos itens do IPCA subiram no mês de março de 2014. Esse percentual, em 2006, era próximo de 50%. Isso mostra que a inflação está mais disseminada. A disseminação da inflação favorece o surgimento de distorções de preços relativos. Recentemente, popularizou-se nas mídias sociais os chamados “preços surreais”, que nada mais são que uma expressão da distorção de preços relativos, quando um determinado bem ou serviço fica muito caro comparado a outros bens da cesta de consumo. Estamos em um estágio muito incipiente, mas essa distorção de preços relativos é muito perigosa, uma vez que gera má alocação de recursos. Na Argentina, isso fica muito claro. Os setores que têm poder de repassar preços mais rapidamente se defendem enquanto outros setores, principalmente os regulados, ficam com grandes defasagens de preços, prejudicando os investimentos.

O Brasil tem o DNA da inflação alta. Nossa estabilização é muito recente. Um exemplo ilustra como a evolução da inflação pode ser rápida. Em 2002, acreditava-se que o candidato Lula, se eleito, promoveria uma série de mudanças na economia, entre elas o calote da dívida pública, que vinha sendo propugnado pelo PT. Os poupadores domésticos, detentores dos títulos da dívida pública, venderam seus papéis e partiram para o consumo de bens, principalmente duráveis e imóveis. O que ocorreu então foi uma disparada da inflação para 17% ao ano. A partir de certo ponto, a evolução da inflação deixa de ser gradual e linear e passa a ser exponencial.Todo cuidado é pouco, portanto. O governo atual está se descuidando perigosamente dessa questão.

Já usei essa analogia aqui e repito: o governo Dilma parece um adolescente brincando de riscar fósforos em um paiol repleto de pólvora. O povo brasileiro está sentado em cima deste paiol…

Rodrigo Constantino

Tags: DilmaFernando RochaMantega

 

CorrupçãoPolítica

Bernardinho: “Valores morais e éticos são a crise maior que a gente vive”

Fonte: Folha

Em entrevista a Folha, Bernardinho falou de política e de seus dissabores com o ambiente permissivo e sem ética do nosso país. Seguem alguns trechos:

Como você avalia a atual situação da cidade olímpica?
A crítica é muito mais ampla do que à cidade olímpica ou o país da Olimpíada. É um país sem prioridades, é um país sem planejamento, onde nada é respeitado. Orçamentos não são respeitados, os prazos não são respeitados e não há prioridade. Meu dissabor e minha frustração é com o país, não especificamente com uma coisa que para mim é muito importante mas quando pensamos em país ela é quase irrelevante. Temos coisas sérias e importante a criticar e tentar mudar.

Como o quê, por exemplo?
Primeiramente no que diz respeito à ética, valores morais e éticos são a crise maior que a gente vive. Segundo é estabelecer prioridades e trabalhar por elas. Aqui tudo é possível. A permissividade é absoluta. A Copa está a 50 dias e temos o que temos, a Olimpíada a dois anos e é aquela história de dar um jeito depois. Um projeto onde você tem todos os níveis de governos mais a iniciativa privada é algo que, no nosso país, é quase que inadministrável. Difícil você conseguir organizar isso tudo, não é simples o processo, me preocupo com isso mas me preocupo com o país. É um país que precisa dar uma guinada no que diz respeito ao seu futuro. Se não, vai continuar essa história de futuro, futuro, futuro e o futuro não acontece. A gente vê as coisas se degenerando em todas as áreas.

A organização da Copa e da Olimpíada…
São reflexos do país que nós vivemos. Mal organizado de cima a baixo. E se de cima você não tem o exemplo, debaixo você não tem a resposta correta.

É isso que fez você entrar na política?
Tive esse convite. Nunca pensei ou imaginei. Um projeto, algo que eu possa participar no executivo, no sentido de ajudar naquilo que eu tenho conhecimento: OK. Claro, às vezes as pessoas, no momento que vive o Brasil, buscam um salvador. Longe de eu ser salvador ou ter conhecimento político para transformar o país. Mas precisamos de pessoas do bem, pessoas competentes que vejo por aí e poderiam mergulhar um pouco mais nisso e transformar.Mas as pessoas vão se afastando porque é um ambiente onde não há conforto e tranquilidade para trabalhar. O ambiente político, hoje, não inspira as pessoas. Não confio em rótulos, mas em pessoas. E temos que tentar dar forças para elas para termos representantes legítimos. Não sei se não tenho a coragem ou a capacidade para estar lá. Me faltou um pouco disso tudo para realmente abraçar essa história quando o convite foi feito. No futuro, me preparando um pouco mais, em uma oportunidade mais adequada, eu poderei pensar com mais calma.

Você vai apoiar publicamente candidatos ao governo e à presidência? Já está decidido?
Pretendo, no momento correto vou a público dizer. Como cidadão, apoio uma mudança. Vou apoiar claramente as pessoas. Governador não tenho candidato ainda. Vamos aguardar o que virá pelo Rio de Janeiro. Para presidente, muito claramente vou apoiar o Aécio [Neves]. Sou um liberal, acredito que as coisas possam caminhar por aí.

Como muitos sabem, cheguei a escrever uma carta aberta ao técnico de vôlei, pedindo que ele aceitasse o convite do PSDB para ser candidato ao governo carioca. Até porque, convenhamos, se a preocupação é com a falta de ética, então nós estamos fritos aqui no Rio!

Entendo seus motivos pessoais para a recusa. Política, ainda mais no Brasil, não é para qualquer um, muito menos para amadores com ótimas intenções. A chance de se decepcionar ou sofrer ameaças de morte por tentar fazer as coisas de maneira correta é grande. As famílias pagam um preço alto demais.

Dito isso, espero que Bernardinho mude de ideia e vá para a política em breve. O Brasil precisa de gente séria e capaz na política. Como disse certa vez Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto), com ironia: “Ou restaura-se a moralidade, ou nos locupletemos todos!” Prefiro crer que ainda é possível restaurar a moralidade…

Rodrigo Constantino

Tags: Bernardinho

 

Socialismo

Por que não Cuba, Chico?

Deu na coluna de Ancelmo Gois no GLOBO hoje:

Chico Paris

Tudo certo, o homem é livre, rico, vai para onde quiser. Mas fico só com uma pergunta entalada na garganta: por que não Cuba, Chico? Nunca vejo o compositor escolher aquele “paraíso” socialista para curtir suas férias ou buscar inspiração para seus livros. Nem ao menos uma visita rapidinha ali na Venezuela. Por que será?

Rodrigo Constantino

Tags: Chico Buarque

 

Filosofia política

Quem não deseja um mundo melhor?

fome-africa

A coluna de Luiz Felipe Pondé desta semana causou grande polêmica, e já comentei aqui sobre ela. A esquerda, quase sempre incapaz de entender um humor mais fino (portanto, não vale Porta dos Fundos) ou de compreender a ironia, partiu para o ataque, como se o filósofo realmente reduzisse tudo à questão de “pegar mulher”.

Em meu entendimento, ele apenas chamou a atenção para uma verdade: a esquerda tem mais apelo emotivo, até sensacionalista, o que pode levar muita gente para esse lado em busca da imagem de sensível ou “cool”, principalmente os jovens, normalmente mais preocupados com esse tipo de coisa, mais inseguros e com os hormônios à flor da pele, em fase de “caça”.

Mas a esquerda ficou em polvorosa. Foi o caso de Noemi Jaffe, doutora em literatura brasileira pela USP, em artigo publicado hoje na Folha. Creio que apesar do diploma, a interpretação de texto dela foi péssima. Pondé é retratado como um completo insensível, abaixo da escala humana, pois ridiculariza aqueles que “querem o bem” ou desejam “um mundo melhor”. Ela escreve:

O colunista acredita se valer de falas pretensamente engraçadas, que na sua cabeça reproduzem o discurso de uma esquerda pasteurizada, para novamente ridicularizar quem se preocupa com a fome na África. Seria desperdício exemplificar outras falas da suposta esquerda que o colunista, cafona e infantilmente, procura reproduzir.

Gostaria de discutir a leviandade do tratamento jocoso às ideias de “fazer o bem” e “querer um mundo melhor”, tratadas como típicas de uma esquerda cujo maior desejo é “pegar mulher”. Parece que esses pensamentos nunca passariam de inocência ou demagogia disfarçada, em sua visão pretensamente schopenhauriana, machadiana ou rodrigueana de alguém cuja maturidade filosófica o levou a saber que nada nunca muda para melhor.

Tudo errado! O que gente como o Pondé tem feito é chamar a atenção justamente para a hipocrisia daqueles que dizem se preocupar com a fome na África apenas em busca de uma boa imagem na foto. Ou seja, Pondé ataca quem usa o discurso sensacionalista sem se importar muito com os resultados práticos de suas ideias nobres. Ou quem acredita na perfectibilidade humana, num progresso moral inexorável que fará da Terra um planeta de anjos – o que costuma torná-lo um inferno.

Quem pode ser contra um mundo efetivamente melhor ou menos pior? Quem pode ficar totalmente insensível diante da fome africana? A doutora cita Nelson Rodrigues, ainda por cima como se Pondé, que tem livro sobre o dramaturgo, não o conhecesse, como se fosse considerado um “esquerdinha interessado em pegar mulher” por alegar que até o mais rematado canalha pode sentir compaixão.

Não é nada disso! O que Pondé denuncia, e que eu também denuncio, é justamente o que Nelson Rodrigues já denunciava em seu tempo: a esquerda festiva! O Fórum Social Mundial reúne a maior quantidade de idiotas úteis por metro quadrado do mundo, e todos estão lá unidos “por um mundo melhor”. Mas defendem o socialismo como meio! Entendeu, doutora?

Quem realmente se preocupa com a fome na África, não fica alardeando isso aos ventos, tampouco repetindo que o filho com apenas 12 anos já se preocupa mais com isso do que com “pegar mulher”. Quem quer efetivamente ajudar os africanos defende o capitalismo, a globalização, e o fim das “ajudas humanitárias” que servem apenas para fortalecer regimes ditatoriais e corruptos, como vários africanos reconhecem.

Essas ajudas são transferências de recursos dos pobres dos países ricos para os ricos dos países pobres. Mas quem liga para os fatos quando o único objetivo é aparecer bem na foto? Eis o ponto: a esquerda não liga para fatos, só para fotos. A doutora Jaffe deixa cair a máscara e expõe sua ideologia no final do texto:

Hoje, melhorar a vida e o mundo consiste basicamente em preocupar-se em minimizar a desigualdade social e econômica. Desacreditar dessa possibilidade e, pior, desdenhá-la significa justificar o autoritarismo e sua fonte primária, o medo, aquele que mora em todos nós e que só a civilidade e a cultura são capazes de inibir. Ridicularizar o desejo de mudança social, simplificá-lo com o epíteto de “esquerda” e justificá-lo como “para pegar mulher” só revela as frustrações de quem utiliza esses pretensos argumentos.

O melhor, diante de tanto cinismo, seria se calar. Mas devo confessar minha fraqueza.

O melhor realmente seria se calar, doutora. Evitaria ao menos esse constrangimento. O foco obsessivo na desigualdade social já entrega um esquerdista. Os liberais estão mais preocupados com o nível absoluto de pobreza, querem que os pobres possam melhorar de vida, não que os ricos fiquem menos ricos. Até porque riqueza não é algo estático, um jogo de soma zero.

Mas para a senhora, se alguém for contra o combate às desigualdades sociais (e nem vou perguntar que medidas defende para isso, pois já posso imaginar) só pode ser um insensível autoritário. Não importa que os países mais capitalistas tenham uma condição de vida bem melhor para os mais pobres, e que nos países socialistas todos sejam igualmente miseráveis, à exceção da nomenklatura no poder.

O que a doutora faz, portanto, chama-se “monopólio da virtude”. Justamente para não debater os melhores meios de se melhorar a vida dos mais pobres (o que a levaria à defesa do capitalismo liberal), resta monopolizar os fins nobres. Vamos combater a fome africana e a desigualdade! Mas… como?

Escrevi um artigo no GLOBO que tinha exatamente esse título, “O monopólio da virtude”, em que dizia:

Em economia, há uma clara tendência ao monopólio da virtude também. Os defensores dos pobres são aqueles que defendem o uso do aparato estatal no combate à miséria, sem, entretanto, aprofundar o debate a respeito do melhor método para reduzir a pobreza de fato. Se alguém mostrar que a miséria foi combatida com mais eficácia onde o governo praticou menos intervenção econômica, ele será ignorado na melhor das hipóteses, ou poderá ter suas intenções questionadas: está apenas defendendo seus interesses de “classe”. A repetição de rótulos que objetivam desqualificar a pessoa é indiretamente proporcional à capacidade de argumentação.

Desta forma, o monopólio da “justiça social” acaba com aqueles que defendem, como meio, maior concentração de poder no governo, mesmo que tal caminho leve ao resultado oposto daquele originalmente intencionado. Brasília possui a maior renda per capita do país, e os principais itens produzidos lá são leis esdrúxulas e muita corrupção. Mas se alguém defende mais liberdade econômica, acaba logo rotulado de “darwinista social”, como se fosse um inimigo dos pobres. 

Em todos esses casos, o padrão se repete: seres humanos de carne e osso acabam sacrificados no altar da ideologia. O esforço destas pessoas está direcionado à propaganda ideológica, e todos que defendem pontos de vista alternativos acabam demonizados. Quem sai perdendo com tal postura somos todos nós. Afinal, as estradas para o inferno costumam ser pavimentadas com ótimas intenções.

Soa familiar?

Rodrigo Constantino

Tags: Luiz Felipe PondéNelson RodriguesNoemi Jaffe

 

O mais novo guru das esquerdas é apenas um marxista com nova embalagem

Várias pessoas começaram a perguntar que se eu já tinha lido o livro Capital in the Twenty-First Century, do francês Thomas Piketty, a nova sensação das esquerdas. O livro e o autor atacam o modelo capitalista, disfarçando o ataque sob o manto da “reforma”, mas já começam aderindo às leis de mercado: o preço do livro na Amazon, versão eletrônica, é o dobro dos preços normais.

Li alguns textos e resenhas sobre o livro, mas confesso que ainda não mergulhei em suas 600 páginas. Talvez o faça, pois são ossos do ofício. Mas Eurípedes Alcântara, editor de Veja, poupou meu trabalho. A resenha que publicou na revista esta semana resume bem a ideia que eu já tinha feito da obra: o velho marxismo com roupagem nova. Como trata-se de alguém cujo julgamento confio, acredito que a leitura em si não irá me agregar muito mais.

Segue um trecho da resenha:

IMG_0061

A principal proposta concreta que os esquerdistas adoraram no livro foi justamente o imposto de 80% sobre os mais ricos. Há que ser muito ingênuo e leigo em economia, ou muito movido pela inveja, para acreditar que algo assim funciona para melhorar o mundo. É o tipo de ideia parida por alguém que deseja atacar mais os ricos do que ajudar os pobres.

O que os esquerdistas não engolem é o fato de que o capitalismo, em ambiente de livre concorrência, tende a criar riqueza (sim, ela precisa ser criada), o que beneficia a todos, inclusive os mais pobres. A falácia de quase todos os anticapitalistas é partir da premissa de que economia é um jogo de soma zero, com riqueza estática, e que, portanto, José só é rico porque Pedro é pobre. Nada mais falso!

Os igualitários, ao desejarem um resultado igual para todos, acabam defendendo modelos que não só matariam a galinha dos ovos de ouro, ou seja, a criação de riqueza geral, como levariam a um autoritarismo brutal. Somente uma ditadura imposta de cima para baixo poderia garantir algo perto de uma igualdade de resultados, e nem isso, pois a classe no poder sempre teria mais privilégios e recursos.

No mais, como diz Eurípedes, “A desigualdade não é invenção capitalista. Ela foi mais profunda e cruel nas eras que precederam o capitalismo”. É o capitalismo que cria a oportunidade para que uma pessoa pobre e humilde, um “self-made man”, como os americanos gostam de dizer, saia da pobreza e fique rico. A mobilidade social é menor em países menos capitalistas e mais estatistas.

Em resumo, o livro parece requentar uma velha ideia marxista, que sempre encontra adeptos pois os conquista pelas emoções, e não pela razão. “O espantoso é que esse tipo de argumentação ainda tenha poder de sedução”, escreve Eurípedes. Discordo. Não acho nada espantoso, pois sempre haverá inveja no mundo, paixão mesquinha, como dizia Mill, mas parte da natureza humana. E enquanto houver inveja, haverá alguém a embalando em forma de ideologia que, no fundo, serve apenas para atacar os mais ricos.

Piketty não se considera socialista nem comunista, mas um reformador do capitalismo. Balela. O capitalismo, ao contrário do socialismo, não foi parido por pensadores no conforto de seus escritórios. É um modelo sem paternidade, sem inventor ou fundador. Adam Smith se prestou a descobrir algumas coisas sobre seu funcionamento. Mas capitalismo é uma formação espontânea, de baixo para cima, o que incomoda muito economista arrogante, que adoraria controlar tudo e todos.

Um amigo meu filósofo, Mário Guerreiro, costuma brincar que por trás de toda ideia absurda há um francês. É daquelas piadas com um fundo de verdade. Um fundo grande. Basta pensar quantos ditadores comunistas foram estudar na França antes de regressar a seus países e destruí-los. O próprio iluminismo francês foi o pior deles, bem mais arrogante e racionalista do que o britânico, parindo uma revolução que acabou no Terror e em uma ditadura.

Thomas Pekitty, a sensação do momento, não fugirá a esta regra. Uma vez mais, pensadores franceses colaboram para disseminar equívocos ideológicos mundo afora. Uma lástima para um país charmoso que já teve pensadores como Tocqueville, Bastiat, Jean-François Revel, Guy Sorman, Alain Peyreffite, Raymond Aron, entre outros.

Rodrigo Constantino

Tags: Eurípedes AlcäntaraMarxThomas Piketty

 

Cultura

Geração mimimi: tudo por um like!

Galileu

A matéria de capa da revista Galileu desta semana coloca a seguinte questão: por que as pessoas topam fazer qualquer coisa em troca de reconhecimento nas redes sociais? Atualmente, a sensação que fica é que você só existe se for “curtido” nas redes sociais. Há um verdadeiro “campeonato da curtição”, em que se mede o índice de popularidade pelo número de curtidas, e só isso importa.

Claro que isso tem efeitos práticos na vida das pessoas. Desejar ser amado é parte inerente de todos nós. Mas nunca antes na história da humanidade se viu algo dessa proporção, em que tudo passa a ser medido pelas curtidas instantâneas. O resultado é uma geração extremamente narcisista e com expectativas irreais, mergulhada na “cultura da celebridade”, todos em busca daqueles 15 minutos de fama que Andy Warhol havia previsto. Diz a reportagem sobre essa geração Y:

Fica menos tempo nos empregos do que as anteriores, mais preocupada em obter satisfação e significado do trabalho do que em fazer carreira. É uma geração que mira no intangível conceito de felicidade – que parece antigo, mas segundo o economista Eduardo Giannetti, em seu livro Felicidade (Companhia das Letras), é bem recente. Ele demonstra como o bem-estar pessoal está ligado ao bem-estar social, mas que as realizações e ambições mudam de geração para geração. O bem-estar econômico já foi o grande horizonte da realização da felicidade. Para Giannetti, hoje a grande realização é amar e ser amado. “Continuar aumentando a renda e os padrões de consumo não vai tornar as pessoas mais felizes com a vida que têm”, diz o economista. “Somos cada vez mais infelizes porque teimamos em querer saciar todas as nossas vontades, desejos e caprichos. (…) A gente não pode tudo, não.”

Se, como alertava Edmund Burke, é preciso saber conter os apetites para ser livre e genuinamente feliz (dentro das possibilidades sempre limitadas), a geração mimimi vai cada vez mais à contramão desta receita. O que importa é seguir cada impulso, cada desejo, cada capricho, sem refrear as paixões. E a mais forte de todas é essa: ser querido por todos. Vale tudo para ser “amado” pelos outros. “Para escapar da autocomplacência, curtir-se é o primeiro passo para o sucesso”, diz a reportagem.

O “eu” público vem em primeiro lugar, jogando para escanteio o “eu” verdadeiro. Tudo pelas aparências. O gosto dos outros é que vai pautar as nossas ações. E para ganhar mais curtidas vale tudo: “Algumas pessoas topam até se submeter a situações vexatórias/bizarras para angariar mais likes”. Há pessoas já viciadas em curtidas, obcecadas com esse único indicador de popularidade. Vivem em função disso. Há algo mais triste?

Como pai de adolescente, sei bem como os tempos mudaram, e como é difícil evitar esses modismos. Tomo sempre cuidado para não cair na falácia de idealizar o passado. George Orwell disse que cada geração se imagina mais inteligente do que a anterior, e mais sábia do que a próxima. Mas é inegável que certas tendências preocupam.

Quando alguém vive em função dos outros, quando tudo que importa é ser “amado” pela maior quantidade possível de “amigos”, “amor” este medido por curtidas nas redes sociais, então claro que haverá riscos de comportamento inadequado apenas para conquistar mais alguns “likes”. Teremos uma legião de Zeligs, personagem de Woody Allen que se adapta feito camaleão de acordo com o ambiente. E o “eu” verdadeiro?

A última que soube é realmente de arrepiar. Essa garotada, com apenas 12 anos, tem filmado a “pegação alheia”. Eis a grande diversão: cada um com seu smartphone na festinha filmando quando um casal se beija! Podem me chamar de antiquado, mas sou do tempo em que as pessoas apreciavam certa privacidade e discrição. Hoje, pelo visto, tudo é um show para a plateia!

Será que quem fica tirando foto do prato no restaurante para postar nas redes sociais realmente está aproveitando aquele prato de forma genuína? Será que a cada cerveja o sujeito tem que publicar uma foto para mostrar como é “feliz” para seus “amigos” todos? Acho inevitável que esse tipo de coisa reduza o prazer real das ações. Li outro dia que a nova moda era publicar foto após o sexo. Quanto falta para virar moda publicar fotos e vídeos do próprio ato sexual em si? Cada um terá seu momento de fama, ainda que como ator de filme pornô!

Sei que posso parecer aquela tia velha e chata que reclama das novas tendências e diz que tudo era melhor e mais sério antes. Mas caramba!, será que as coisas realmente não saíram do controle? A geração mimimi vive para os holofotes, para ter seu “momento Caras”, receber mais algumas curtidas e se sentir amada. O problema é que Zelig era um ser amorfo, sem identidade, um camaleão moldado de acordo com os outros o tempo todo. Alguém pode ser feliz de verdade agindo assim?

Rodrigo Constantino

Tags: Edmund BurkeGalileuGeração YZelig

 

Ciência e Tecnologia

A neutralidade da internet funciona?

O Marco Civil da Internet foi aprovado pelo Senado, e um dos pontos mais relevantes foi a definição da “neutralidade da rede”. Significa que todas as informações que trafegam na rede devem ser tratadas da mesma forma, navegando a mesma velocidade. É uma filosofia que prega basicamente a democracia na rede, permitindo assim acesso igualitário de informações a todos, sem quaisquer interferências no tráfego online.

Mas o livre mercado tende a funcionar bem justamente por não ser “democrático”, nesse sentido igualitário de todos receberem o mesmo tratamento independentemente do consumo. Faz parte de qualquer negócio discriminar seus clientes, reconhecer que há um grupo mais fiel e que consome mais, merecendo, portanto, tratamento preferencial. As milhas aéreas seguem claramente esse princípio, e os clientes “gold” gozam de certos privilégios.

editorial publicado nesta quinta no Financial Times argumenta justamente que a tendência nos Estados Unidos tem sido de rever a neutralidade da rede. O FT defende que os provedores de Internet tenham o direito de criar uma “fast lane” na web, análogo ao “fast pass” dos parques de diversão (um “fura-fila” oficial para quem paga mais). Quem consome mais, deveria ter certas vantagens, até para estimular o investimento nas redes.

O jornal britânico argumenta que a Internet de hoje é muito diferente de quando foi criada, e que seus fundadores não poderiam ter antecipado o tráfego enorme atual. Vários serviços como video-on-demand, jogos online e videoconferência competem com serviços mais básicos, como enviar um email. As redes acabaram ficando congestionadas.

Os provedores de Internet alegam que, por causa do aumento do congestionamento, a neutralidade da rede não mais funciona. Podemos pensar no congestionamento do trânsito: a decisão “democrática” é o racionamento, ou seja, há um revezamento com base no conceito igualitário, como a placa, e todos sofrem juntos. Ou nem todos, pois os mais ricos podem ter mais de um carro.

Locais como Cingapura, porém, adotaram mecanismos diferentes, de mercado, onde o proprietário paga mais para ter acesso a vias menos congestionadas. Nos Estados Unidos esse modelo já foi adotado também. Pode-se argumentar que isso favorece os mais ricos de forma desproporcional, mas além de quase tudo na vida ser assim, é preciso lembrar que o preço é feito pela preferência marginal.

O dono do jatinho é muito mais rico que os usuários de um jumbo, mas este tem vantagem na hora de negociar a compra de “slots” nos aeroportos, por conta do volume. O mesmo vale para os carros e ônibus. Na Internet, podemos pensar em empresas como a Netflix, que negociando em nome de milhões de clientes, teriam mais poder de barganha do que um milionário qualquer com sua rede particular.

Os provedores utilizam exatamente esse exemplo: se pudessem cobrar valores discriminados, teriam como oferecer serviços mais confiáveis para empresas como Netflix ou Skype, investindo mais nas redes graças ao aumento da receita. Essa semana a FCC (Federal Communications Commission) deve propor mudanças favoráveis aos provedores, permitindo que ofereçam acessos diferenciados se feitos em termos “comercialmente razoáveis”.

Ao mesmo tempo, o FCC deve introduzir medidas compensatórias para preservar uma Internet aberta. Os provedores ficariam impedidos de bloquear ou reduzir deliberadamente o acesso de qualquer site legal, e teriam de melhorar a transparência sobre a velocidade da banda que fornecem também. Essas questões merecem ainda mais atenção em países menos desenvolvidos, como o Brasil, porque os provedores atuam em situação de menos concorrência.

São medidas controversas, mas que deveriam servir como reflexão para nós, uma vez que o Brasil acaba de aprovar seu Marco Civil da Internet contando com a neutralidade da rede. Há um claro trade-off aqui: os provedores só vão investir mais na banda se puderem extrair receita extra disso, o que aconteceria se pudessem cobrar valores diferentes para tráfegos maiores.

No mercado é assim que as coisas funcionam: quem deseja ter um serviço ou produto melhor, deve pagar mais por isso. Alguns andam em BMWs e outros no metrô ou no ônibus. Não há nada de errado com tal conceito. Ao contrário: é ele que permite a constante busca por excelência, assim como uma oferta variada para atender diferentes nichos de demanda. O “igualitarismo democrático” pode acabar sendo sinônimo de resultado medíocre para todos. Eis como o editorial do FT conclui a questão:

Uma internet que permaneça completamente neutra acabará por ser frustrante. A FCC deve agora se concentrar em como incentivar a inovação e o investimento que são críticos se a web pretende ser bem sucedida nos próximos 25 anos, como tem sido no último quarto de século.

Rodrigo Constantino

Tags: FCCMarco Civil da Internetneutralidade da rede

 

Corrupção

Entrevista para A Luta Liberal: a Copa é vantajosa ou não para o Brasil?

Fechando a terceira entrevista para o programa “A Luta Liberal”, do Instituto Liberal, esse bate-papo com o diretor Bernardo Santoro foi sobre a Copa e suas vantagens ou desvantagens para o Brasil.

Rodrigo Constantino

Tags: Bernardo SantoroCopa

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Blog Rodrigo Constantino (VEJA)

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

2 comentários

  • Edison tarcisio holz Terra Roxa - PR

    como o filho intelegentisimo do capitão ficou milhonario pela sua compoetencia ou por roubos em estatais???????

    0
  • Edison tarcisio holz Terra Roxa - PR

    rombo em cima de rombo acorda povo vão transformar o brasil num cominismo igual cuba onde o medico trabalha e governo castro recebe o salario voce quer isso pro brasil?? fora pt e comunistas de plantão !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    0
    • ELIAS VALVERDE SILVA Salvador - BA

      AGORA EM 2018, O ROMBO DA PETROS FOI PERPETRADO PELA MÁ GESTÃO EM TODOS OS SENTIDOS, DESDE OS MAIS PÉRFIDOS MOTIVOS, COMO: MÁ GESTÃO, MÁ FÉ, INVESTIMENTOS SUSPEITOS; CORRUPÇÃO; VULTOSOS INVESTIMENTOS OS MAIS ABSURDOS ATÉ EM EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL., COM A CONIVÊNCIA DA PETRÓLEO BRASILEIRO S.A.; DA PETROBRAS DISTRIBUIDORA E DA PREVIC, SEUS FISCALIZADORES.... E O PIOR: TAL ROMBO ESTÁ SENDO PAGO APENAS PELOS ASSOCIADOS DA PETROS, TAIS COMO: OS DA ATIVA, OS APOSENTADOS POR TEMPO DE SERVIÇO OU POR INVALIDEZ; OS ASSISTIDOS E OS PENSIONISTAS, POR UM PRAZO ESTIMADO DE 18 ANOS. SABE-SE QUE DOIS COLEGAS JÁ COMETERAM SUICÍDIO POR ESSE MOTIVO.... ESTÁ HAVENDO UMA VERDADEIRA BATALHA JUDICIAL BRASIL AFORA, PARA COIBIR TAIS ABUSOS. E, POR ENQUANTO, ESTAMOS PERDENDO TODAS, E OS DESCONTOS SENTO EFETUADOS SISTEMATICAMENTE NOS CONTRACHEQUES OU ATRAVÉS DE COBRANÇA BANCÁRIA, CASO NÃO HAJA MARGEM CONSIGNATÓRIA NOS MESMOS PARA FAZÊ-LO... ENFIM ESTAMOS TODOS SENDO LEVADOS AO DESESPERO ANTE A UMA SITUAÇÃO QUE SERIA EVITÁVEL, MAS QUE NOS FOI APRESENTADA PELA PETROS DE MANEIRA IMEDIATA SURPREENDENTE, FATAL. MAIS INFORMAÇÕES FAVOR CONTATAR-ME. EM TEMPO: A PETROS É A NOSSA PREVIDÊNCIA PRIVADA...., PORTANTO QUE COMPLEMENTE TAMBÉM NOSSOS SALÁRIOS QUANDO DEIXAMOS A ATIVA...

      0