Venezuela e Cuba: os camaradas do PT...

Publicado em 07/05/2014 08:39 e atualizado em 07/07/2014 14:21
por Rodrigo Constantino, de veja.com.br

Venezuela e Cuba: os camaradas do PT

Duas reportagens publicadas no GLOBO hoje mostram como Venezuela e Cuba afundam na completa ausência de direitos humanos e liberdades individuais. A primeira trata do relatório preparado pela ONG Humans Right Watch sobre a situação venezuelana:

A Venezuela se tornou uma anomalia na América Latina, com o emprego de tortura e repressão brutal pelas forças de segurança e grupos civis armados contra opositores e manifestantes pacíficos, concluiu a ONG Human Rights Watch, após análise in loco de 45 casos de abusos contra 150 cidadãos desde 12 de fevereiro, quando explodiram os protestos nas ruas do país. Segundo a entidade, há um padrão sistemático de violência, perseguição, prisão, ameaça e desrespeito a garantias constitucionais, sob o beneplácito e o incentivo do presidente Nicolás Maduro e de outras autoridades. A violência teria ainda a cumplicidade do Judiciário e do Ministério Público, em desafio a princípios democráticos seguidos por outros mandatários latinos. Só a pressão da comunidade internacional, o quadro venezuelano pode ser alterado e o Brasil tem responsabilidade especial na resolução do problema, diz a ONG.

Cobrindo seis semanas de manifestações, o relatório “Punidos por protestar: violações de direitos nas ruas, centros de detenção e sistema judicial da Venezuela”, divulgado nesta segunda-feira, revela atrocidades cometidas pela Guarda Nacional Bolivariana, polícias regionais e outras forças do Estado. Nenhuma consta das 145 investigações abertas pelo governo. A Human Rights Watch afirma que o uso de violência pelos manifestantes, ao contrário, foi residual.

A violência tem sido patrocinada pelo governo de Maduro, aquele que recebe apoio irrestrito do PT e do governo Dilma. Também recebe apoio do PT e afagos da presidente Dilma a ditadura cubana, tema da segunda reportagem do jornal, que mostra como a ilha, ao contrário do que muitos pensam, não tem progredido em matéria de direitos humanos:

O último relatório sobre repressão política divulgado pela Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional revela o pior início de ano, nesta década, para aqueles que se opõem à ditadura no país. De janeiro a abril de 2014, foram 3.821 detenções de “dissidentes pacíficos”, de acordo com a comissão. O número é 140% maior se comparado ao mesmo período do ano passado, quando 1.588 opositores foram detidos, e já corresponde a quase 60% do total de 2013, que terminou com 6.424 prisões.

Segundo o relatório, é o maior número já registrado de detenções, desde 2010, nos quatro primeiros meses de um ano. Nem quando o Papa Bento XVI visitou Cuba, em março de 2012, houve tantas prisões no primeiro quadrimestre.

Em Cuba, para ser criminoso basta se opor ao regime. Mas há quem diga que as coisas mudaram, ou quem justifique tal absurdo com base nas “conquistas sociais”, mitologia canhota que não bate com os fatos. São esses os melhores amigos do PT na América Latina.

E ainda somos obrigados a assistir ao espetáculo de hipocrisia dessa turma dizendo que lutava pela democracia no passado e que ainda luta hoje pela “justiça social” e pelos “direitos humanos”. Aqueles da Venezuela de Maduro? Ou aqueles de Cuba do Castro?

PS: Claro, os petistas podem alegar, ao lado do ditador norte-coreano, que são os Estados Unidos “o pior violador de direitos humanos” do planeta. Há idiota útil que ainda cai nessa…

Rodrigo Constantino

 

CorrupçãoPolítica

Lula sobre CPI: ontem e hoje. Ou: Por que o PT teme tanto a CPI da Petrobras?

reportagem de capa do jornal O GLOBO de hoje mostra como o senador Renan Calheiros, aliado do governo Dilma, decidiu recorrer ao Supremo contra CPI só da Petrobras. Os soldados do governo têm feito de tudo para impedir a CPI, temendo o que mais pode vazar das investigações:

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira para tentar reverter a decisão tomada pela ministra Rosa Weber de mandar o Congresso Nacional instaurar uma CPI para investigar apenas suspeitas de fraude na Petrobras. A ação, escrita por três advogados do Senado, pede que a liminar seja revogada e o processo arquivado. A defesa argumenta que o assunto é de competência exclusiva dos parlamentares, não podendo ser tratado pela Corte. O recurso será julgado no plenário do STF, em data ainda indefinida.

A “ordem” partiu de cima. O ex-presidente Lula, falando aos “blogueiros camaradas”, lembrou que a CPI dos Correios começou para investigar R$ 3 mil e acabou no PT. Disse, com todas as letras, que seu partido devia aprender a lição. Qual mesmo? A de que investigar estatais pode ser algo muito perigoso para seu projeto de poder.

Mas nem sempre Lula e o PT foram contra as CPIs. Quando eram oposição, lutavam pela instalação delas, e Lula acusava de forma um tanto direta, como fez no programa de Serginho Groisman:

Eu sou favorável à CPI por que ela é um instrumento institucional, portanto legal, para apurar falcatruas. A CPI é uma coisa importante pro Brasil. Acho que ao invés de criar as dificuldades que o presidente está criando, era melhor criar as facilidades para que ela se instalasse e se está com medo da CPI é por que, quem sabe, tenha o rabo preso.

Quem te viu, quem te vê! Mas é isso mesmo, Lula: se está com medo da CPI é por que deve ter o rabo preso. Quem não deve, não teme. Mas o PT deve muito, não é mesmo? Dizem por aí que Pasadena é peixe miúdo perto do que poderia sair de uma investigação mais profunda. Há que se investigar o Japão, refinaria em Pernambuco, tanta coisa…

Mas como fica claro, o governo vem fazendo de tudo para impedir a CPI e mais investigações. Ainda temos que ouvir a presidente da Petrobras, Graça Foster, petista de carteirinha cujo amor pela estrela vermelha está entranhado em sua pele, afirmar que tudo será apurado com rigor de dentro. Não! A investigação deve vir de fora, presidente!

Somos obrigados, ainda, a escutar a presidente Dilma usar a cadeia nacional de televisão e rádio em feriado do Dia do Trabalho, prerrogativa de estado, não de governo, para fazer campanha eleitoral e acusar os “outros” de desejarem destruir a maior empresa nacional. Como assim?

Eu poderia jurar que quem quer a Petrobras destruída é o governo Dilma, cuja gestão temerária já fez ela perder metade do valor, envolveu-a em vários escândalos e agora ainda quer impedir investigações. Por que o PT teme tanto a CPI da Petrobras?

Rodrigo Constantino

 

DemocraciaPolítica

Marco Antonio Villa dá adeus ao PT e eu digo: Amém!

Adeus!

Excelente a coluna do historiador Marco Antonio Villa no GLOBO hoje. Faz um breve resumo da trajetória petista no avanço sobre a máquina estatal, mostrando as diferentes etapas em que o PT comprou tudo e todos (ou quase todos), inclusive “atriz mais conhecida como garota-propaganda de banco público do que pelo seu trabalho artístico”, e depois lança seu prognóstico: os ventos mudaram de direção. Diz ele:

Mas tudo tem um começo e um fim, como poderia dizer o Marquês de Maricá. E o fim está próximo. O cenário não tem nenhum paralelo com 2006 ou 2010. O desenho da eleição tende à polarização. E isto, infelizmente, poderá levar à ocorrência de choques e até de atos de violência. O Tribunal Superior Eleitoral deverá ser muito acionado pelos partidos. E aí mora mais um problema: quem vai presidir as eleições é o ministro Dias Toffoli – como é sabido, de origem petista, foi advogado do partido e assessor do sentenciado José Dirceu.

Assumindo que a oposição consiga passar por todos esses obstáculos, que não são poucos, resta a pergunta: será possível governar com a máquina estatal toda tomada pelos cupins petistas? O PT antigo já era uma oposição ferrenha e muitas vezes irresponsável, ignorando os interesses públicos em prol do c0mbate político. Imagina com tantos representantes pendurados em cargos públicos agora. Villa diz:

Se a oposição conseguir enfrentar e vencer todas estas barreiras, não vai ter tarefa fácil quando assumir o governo e encontrar uma máquina estatal sob controle do partido derrotado nas urnas. As dezenas de milhares de militantes vão — se necessário — criar todo tipo de dificuldades para a implementação do programa escolhido por milhões de brasileiros. Aí — e como o Brasil é um país dos paradoxos — será indispensável ao novo governo a utilização dos DAS (cargos em comissão). Sem eles, não conseguirá governar e frustrará os eleitores.

Será algo interessante de se ver. Como lembra Villa, o PT goza de um centralismo absurdo, sendo uma espécie de “leninismo tropical”. Vão esses petistas aceitar sair do estado além do governo? Haverá a ordem de cima para “sabotar” o novo governo, sob os falsos slogans de “preservar as conquistas sociais” e “impedir o retorno ao neoliberalismo”? Não sabemos ainda, e antes é preciso derrotar o PT nas urnas, a despeito de todo o abuso da máquina estatal nas eleições. Mas Villa tem uma visão otimista:

A derrota na eleição presidencial não só vai implodir o bloco político criado no início de 2006, como poderá também levar a um racha no PT. Afinal, o papel de Lula como guia genial sempre esteve ligado às vitórias eleitorais e ao controle do aparelho de Estado. Não tendo nem um, nem outro, sua liderança vai ser questionada. As imposições de “postes”, sempre aceitas obedientemente, serão criticadas. Muitos dos preteridos irão se manifestar, assim como serão recordadas as desastrosas alianças regionais impostas contra a vontade das lideranças locais. E o adeus ao PT também poderá ser o adeus a Lula.

Apesar de historiador ser melhor em analisar o passado do que fazer previsões do futuro, só me resta dizer: Amém!

Rodrigo Constantino

Tags:LulaMarco Antonio VillaPT

 

Economia

Gustavo Loyola: governo quer usar lança-chamas para combater incêndio

Fonte: Valor

Em sua coluna de hoje no Valor, Gustavo Loyola sobe o tom das críticas ao ministro Guido Mantega, alegando que seu diagnóstico dos problemas econômicos brasileiros é completamente equivocado. Mantega acha que se houvesse mais crédito disponível pelos bancos o crescimento seria maior, ou seja, ainda insiste no modelo de estímulo artificial ao consumo. Loyola escreve:

A insistência do governo na expansão do consumo como motor de crescimento do PIB é inacreditável, após todas as evidências de que esse modelo se esgotou. Como indicam as estatísticas do desemprego, o mercado de trabalho praticamente não mostra folga alguma, tanto pela ocupação que se mantém elevada, quanto pela tendência recente de retração na oferta de mão de obra. Além disso, o comprometimento da renda dos consumidores com o pagamento de encargos e principal de dívida está em patamar relativamente elevado, não havendo muito espaço para expansão sadia do endividamento das famílias, ainda que os bancos relaxassem imprudentemente suas políticas de concessão de crédito.

Porém, o mais bizarro de tudo é o ministro da Fazenda ignorar os evidentes sinais de pressão inflacionária em seu diagnóstico sobre os males da economia brasileira. A inflação corrente e as expectativas futuras estão no teto da banda estabelecida no regime de metas. Numa situação como essa, defender o aumento do consumo alavancado por crédito parece coisa de bombeiro querendo usar lança-chamas para combater um incêndio. Ademais, soa no mínimo estranho o ministro da Fazenda reclamar da falta de crédito em pleno ciclo de aperto monetário conduzido pelo Banco Central que elevou a taxa Selic sucessivamente nas últimas nove reuniões do Copom.

Conforme diz Loyola, não há remédio “keynesiano” para nossos problemas. O que o país precisa é de mais investimentos para expandir a oferta, e principalmente de ganhos de produtividade. Mas nada de efetivo tem sido feito pelo governo nessas áreas. Ao contrário: o governo Dilma tem criado barreiras protecionistas que dificultam ou impedem um choque de produtividade em nossa economia.

Para o ex-presidente do Banco Central, qualquer semelhança com os anos 1950 não é mera coincidência. E o governo se encontra em uma verdadeira armadilha: “O dramático é que os equívocos do governo colocaram em marcha um círculo vicioso: políticas ruins pioram o crescimento o que, mantido o diagnóstico errado, leva a novas ações negativas para a produtividade e o crescimento”.

Enquanto o governo insistir em turbinar o consumo, o clima de apreensão dos investidores vai apenas aumentar. O crescente pessimismo generalizado é resultado dessa visão equivocada do governo, que não dá nenhum sinal de reconhecimento de seus próprios erros.

Rodrigo Constantino

 

Eletrobras: mais uma vítima da ingerência petista

Deu no GLOBO hoje: Ingerência do governo na Eletrobras ajuda a causar rombo de R$ 13 bi desde 2012

A crise no setor elétrico gera, até o momento, duas expectativas ruins e uma “vítima” real. Para o futuro se espera um forte aumento de conta de luz, que poderá ficar ainda mais cara até 2019, e o temor de racionamento. No presente, a grande perdedora é a Eletrobras. A estatal, que engloba Eletronorte, Eletrosul, Chesf e Furnas, amarga prejuízos bilionários, recebe valores que não cobrem seus custos, atrasa o pagamento de fornecedores, é obrigada a entrar em consórcios pouco conhecidos e com retorno duvidoso e perde seu corpo técnico. Especialistas acreditam que, devido ao prejuízo acumulado em 2012 e 2013, de R$ 13,217 bilhões, a empresa precisará de socorro do governo nos próximos anos. Este ano a conta não deve fechar de novo.

A Eletrobras tem sofrido com a interferência política, usada como braço empresarial para projetos do governo que causaram os atuais desequilíbrios do setor elétrico. Com isso, seu valor de mercado desabou de R$ 46 bilhões, em 2010, para os atuais R$ 11,094 bilhões, queda de 75,89%.

As dificuldades da estatal — cuja direção tem forte ligação com o PMDB, mas que está também sob influência direta da presidente Dilma Rousseff, que vem do setor elétrico — não são poucas nem pequenas. A empresa, que em 2006 estava se preparando para se internacionalizar e crescer, começou a ter problemas quando o governo a obrigou a usar suas subsidiárias para participar dos leilões de construção das usinas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira. Desde então, a estatal entra com mais de 40% em todo grande projeto de energia do país.

Apenas mais um caso do “toque de Midas” às avessas do PT, ou, para ser mais preciso ainda, do seu “toque de Mierdas”. A presidente Dilma gostava de se gabar de sua experiência como gestora eficiente no setor elétrico, mas hoje ninguém mais acredita na piada. O setor está em frangalhos, e a principal estatal acumula bilhões em prejuízo. As ações perderam muito valor também:

Fonte: Bloomberg

Fonte: Bloomberg

A recuperação recente se deve justamente às pesquisas eleitorais, que mostram uma probabilidade maior e crescente de derrota do PT em outubro. Sem essa expectativa, as ações continuariam ladeira abaixo certamente, pagando o preço da ingerência política no setor e na estatal.

Se esse é o resultado concreto em um setor do qual Dilma supostamente entende muito, o que esperar da economia como um todo sob seu comando? Será que o Brasil aguenta mais quatro anos de incompetência?

Rodrigo Constantino

Tags: DilmaEletrobras

 

Quem ficou rico com os prejuízos da Petrobrás?

por José Nêumanne* - O Estado de S.Paulo

A 36 dias da abertura da Copa do Mundo, o futebol vai se tornando o assunto predominante no Brasil, embora as pesquisas de opinião pública sobre a disputa da Presidência continuem em voga. Então, talvez não seja de mau alvitre recorrer a lúcidos ensinamentos do futebol para aplicar na campanha eleitoral. Este é o caso da máxima dos treinadores que mais ganham campeonatos seguindo uma lição simples: "Em time que está ganhando não se mexe". Mas, com a importância cada vez maior dada ao marketing político nas democracias ocidentais, convém não esquecer o lema que está por trás de toda publicidade, seja comercial, seja religiosa, seja política, atribuído a Joseph Goebbels, o mago da propaganda do nazismo: "Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade".

 

Candidata obstinada à própria reeleição, a presidente Dilma Rousseff pode até não ter pensado nas duas sentenças, mas, na certa, as aplicou quando repetiu o mantra com que seu antecessor, padrinho e agora pedra no sapato Luiz Inácio Lula da Silva derrotou Geraldo Alckmin, em 2006, e ela própria adotou para manter José Serra à distância, em 2010. Há oito anos, aparentemente debilitado pela denúncia do mensalão, o ex-presidente foi ajudado por uma campanha subliminar insinuando que os tucanos privatizariam a Petrobrás. O efeito deletério da patranha em seu desempenho fez o oponente vestir uma jaqueta com logomarcas de estatais, entre elas a Petrobrás. Em vão: teve menos votos no segundo do que no primeiro turno e deu-se a reeleição. Há quatro anos, a falácia levou Serra às cordas e o poste de Lula venceu.

A decisão do eleitor diante da urna depende de muitas motivações e as vitórias petistas não podem ser atribuídas apenas à mentira que, de tão repetida, passou a ser dada como verdadeira. Mas, por via das dúvidas, em Minas, berço dela mesma e de seu maior empecilho à permanência no poder, Aécio Neves, a presidente assumiu como sua a profecia de que a oposição privatizará a Petrobrás ou trocará seu nome.

O problema dela e do Partido dos Trabalhadores (PT) é que o contexto mudou significativamente nesta eleição. Nas duas disputas anteriores, o salário-família para os mais pobres e a bonança econômica para os abonados amplificavam bastante a fé popular na pregação governista. E a Petrobrás propagava ótimas notícias e, consequentemente, excelentes razões para o eleitor não permitir alterações profundas na gestão da maior empresa do Brasil. A fantasia dos Emirados Árabes do Brasil tinha prefixo, hífen e nome: pré-sal - o sonho de mil e uma noites, que Sheherazade não tinha tido a ideia de contar ao rei persa Shariar, de um país disposto a gastar petrodólares em educação e saúde para o povo.

Sete anos após a revelação do sonho, o petróleo extraído da camada do pré-sal no fundo do Atlântico brasileiro continua sendo uma miragem. E, 60 anos depois do delírio de "o petróleo é nosso", a pérola mais preciosa do colar da rainha das estatais, com sua fortuna enterrada em subsolo brasileiro, chafurda na lama de chiqueiros ocupados por figurões do PT e seus aliados, suspeitos de terem dilapidado um patrimônio bilionário em "nebulosas transações". E pior: a pérola jogada aos porcos se desvalorizou vertiginosamente. No palanque em que tenta recuperar o prestígio perdido nas pesquisas de intenção de votos, a "gerentona" de Lula se apega ao truísmo de que a empresa vale hoje mais do que valia no tempo de Fernando Henrique. Este desocupou o trono há mais de 11 anos e continua sendo o parâmetro universal do PT.

Essa comparação sem lógica feita pela candidata não elimina, porém, duas constatações assustadoras de fiasco: em seu mandato, a empresa teve o patrimônio reduzido à metade e desabou do 12.º para o 120.º lugar no ranking do Financial Times. Ou seja: a contabilidade da petroleira foi ao fundo do mar, até o pré-sal, mas não extraiu petróleo para vir à tona.

A princípio, pensava-se que a gigante estatal seria vítima apenas da ingerência política que sangrou seus cofres mantendo o preço de derivados abaixo do custo para evitar a má influência da inflação na medição da preferência eleitoral pela chefe do governo em outubro que vem. Essa má gestão causou, segundo O Globo, um rombo de R$ 13 bilhões em outra estatal, a Eletrobrás, para permitir que a candidata à reeleição baixasse demagogicamente o preço da tarifa de luz.

Mas este não foi o único "malfeito", para usar o termo favorito da beneficiária número um do aparelhamento das empresas públicas pelo PT. A Polícia Federal (PF), que, pelo visto, não foi totalmente submetida ao aparelhamento amplo, geral e irrestrito dos companheiros, constatou na Operação Lava Jato que houve bandalheira. Ao que se saiba até hoje, a desventura em Pasadena, Texas, custou ao cidadão brasileiro, proprietário da Petrobrás, um prejuízo de US$ 2 bilhões. Dez vezes este "troco de pinga" sumiram na obra faraônica da Refinaria Abreu e Lima, bancada pelo público para agradar ao tirânico compadre venezuelano Hugo Chávez.

Governo e oposição acionaram o Supremo Tribunal Federal (STF) para resolver o impasse que adia a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o tema: esta exige uma comissão mista e aquele não abre mão de circunscrevê-la ao Senado para controlá-la. A presidente da petroleira, Graça Foster, oscila entre o "mau negócio", pondo o mico nas costas do antecessor, José Sérgio Gabrielli, e o "bom negócio à época", quando lembrada que a empresa é gerida por petistas e aliados há 12 anos. Investigar será o único jeito de saber quem embolsou o lucro, além do barão belga Frère, da Astra Oil. As compras de altíssimo risco das refinarias de Pasadena e Okinawa, os custos estratosféricos da de Abreu e Lima e as suspeitas associações na operação de três termoelétricas são a parte exposta do iceberg. Quem ficou podre de rico com o rombo dos prejuízos que a Petrobrás teve - eis a questão submersa.

*José Nêumanne é jornalista, poeta e escritor. 

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Blog Rodrigo Constantino (VEJA)

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1 comentário

  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    Sr. João Olivi, diante de tanta noticia deste governo do PT, dá um comichão e, não resisto, aí vai.

    Essas manias em mexer em baú; achei uma ponta de um fio, que pode ser conectada aos fatos recentes.

    Qual a diferença entre o governo Varguista do governo Petista?

    No primeiro, consta a existência de só um Gregório Fortunato, o “anjo negro”, chefe de segurança do presidente Vargas, que formou uma rede de corrupção nos porões do Palácio do Catete. No governo petista há um exército de “anjos negros” e, como consequência vivenciamos esta “enxurrada” de noticias de “malfeitos” – eufemismo usado pela atual mandatária da nação. Puts! Consegui achar uma forma de não chamá-la de “presidenta”!

    A denominação “anjos negros”, não se refere à cor dos anjos, mas a condição nefasta deste exército.

    ....”E VAMOS EM FRENTE” ! ! ! ....

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