Revista alemã Der Spiegel: incompetência brasileira na Copa é reportagem de capa

Publicado em 14/05/2014 14:10 e atualizado em 09/07/2014 14:20
por Rodrigo Constantino, de veja.com.br

CorrupçãoCultura

Der Spiegel: incompetência brasileira na Copa é reportagem de capa

A humilhação cresce sem parar com a incompetência de nosso governo na gestão da Copa, que nem começou ainda, mas já desperta a curiosidade internacional por conta de tantos atrasos e falta de uma infraestrutura decente.

Dessa vez foi a respeitada revista alemã Der Spiegel que estampou em sua capa a nossa vergonha. A reportagem é sintetizada como o contraste entre o país do futebol e uma Copa do Mundo que deve ser um fiasco. Manifestações, greves e revolta em vez de festa. Os cidadãos estão revoltados com a corrupção e os estádios absurdamente caros, além de sofrerem com a economia estagnada.

Não foi a primeira vez que a revista alemã chamou a atenção para nossos problemas e dificuldades para realizar a Copa. Outra reportagem, de dezembro de 2013, disponível aqui em inglês, mostra como nossa infraestrutura está “desabando”.

Logo na abertura, a revista diz que o sonho de muitos brasileiros é ser jogador de futebol, mas mostra como esse sonho encontra vários obstáculos no caminho, a começar pela péssima infraestrutura de transportes no país. Ainda acrescenta que os clubes de futebol estão em péssima situação financeira devido à corrupção e uma gestão temerária.

A revista diz também que poucas pessoas conseguem pagar pelos caros ingressos, e que o risco de violência e criminalidade afasta muita gente dos estádios. O resultado disso tudo é que, no país do futebol, o próprio futebol passou a ser visto por aqueles mais educados como símbolo da incompetência e corrupção generalizadas do país. É realmente lamentável que nós brasileiros tenhamos que exportar sempre essa mesma imagem de desorganização para o exterior.

Muitos celebraram quando o Brasil foi o escolhido para realizar a Copa de 2014, achando que seria uma incrível oportunidade de “vender” nosso país lá fora. Esqueceram que era o PT no poder, e que ser vitrine tem também seus riscos: acabamos por mostrar o nosso lado ruim, a incompetência do governo, a roubalheira, a revolta popular. Também, o que esperar quando estamos a 30 dias da Copa e o governo só cumpriu 41% das obras de infraestrutura?

Rodrigo Constantino

 

 DemocraciaPolíticaSocialismo

Terrorismo eleitoral: o desespero do PT e a tática do medo

A lição veio do “papai” Lênin, aquele disposto a matar milhões de inocentes para fazer sua “linda” revolução: minta, acuse o oponente daquilo que você faz, pois escrúpulo moral é coisa de pequeno-burguês. E o melhor aluno leninista no Brasil é o PT, como sabemos. Seu novo vídeo para propaganda eleitoral deixa isso bem evidente. O maior risco de retrocesso que existe para o país se chama justamente PT. O que fazer então? Incutir medo e afirmar que sem o PT restará a miséria e o desemprego. Vejam abaixo:

O candidato Eduardo Campos disse: “Tentam incutir o medo e o terror contra a mudança de governo. O jogo será muito duro e está só começando, mas estou preparado para enfrentá-lo. Tentam desconstruir não só minha candidatura, mas de toda a oposição”.

Já o senador Aécio Neves disse em nota: É triste ver um partido que não se envergonha de assustar e ameaçar a população para tentar se manter no poder. Esse comercial é o retrato do que o PT se transformou e o espelho do fracasso de um governo que, após 12 anos de mandato, só tem a oferecer medo e insegurança porque perdeu a capacidade de gerar confiança e esperança. Os brasileiros não merecem isso. É um ato de um governo que vive seus estertores”.

O líder do PSB no Senado, senador Rodrigo Rollemberg (DF), disse que todos estão chocados com o teor do vídeo do PT: “É um retrocesso. Uma demonstração de medo. Estão morrendo de medo de perder, e vão perder! O vídeo do PT é um desserviço à democracia, mas acaba fazendo crescer um sentimento de aversão da população ao governo. Estão apelando e por isso vou repetir um jargão popular: apelou, perdeu!”

O terrorismo eleitoral é fruto do desespero do PT com o risco de perder o poder. Mas sua tentativa de monopolizar as virtudes não é novidade. Na campanha de 2002 o partido já tinha abusado do sensacionalismo ao afirmar que se a pessoa se emociona com a visão de uma mendiga na rua com seu filho no colo, então ela pode até não saber, mas é um pouco PT também. Ou seja, monopólio das virtudes: todo aquele que deseja um país melhor e a redução da miséria só pode ser do PT. Vejam:

O PT consegue inverter o sinal de tudo. Quando o PSDB colocou a atriz Regina Duarte afirmando que tinha medo de uma eventual vitória do PT, houve uma reação histriônica, como se aquilo fosse apelação. Não era! Era um receio legítimo diante de décadas de pregação revolucionária do PT. Ou seja, havia total embasamento para temer o PT: ou o partido rasgava seu discurso histórico e praticava estelionato eleitoral, ou realmente o país iria mergulhar no caos.

Ocorreu um meio termo: o PT enganou suas bases tradicionais, fez várias concessões ao bom senso e ao “neoliberalismo”, principalmente no primeiro mandato de Lula, com Henrique Meirelles na presidência do Banco Central, privatizou, etc; mas, por outro lado, nunca abandonou de vez seu ranço bolivariano, seu projeto de dominar a imprensa, de controlar toda a máquina estatal, de aparelhar até o STF. Nesse aspecto, Regina Duarte estava certa ao temer o PT:

Mas a tática do medo que o PT utiliza hoje é completamente infundada! Quais avanços o país teve com o PT? Emprego? Conquistas sociais? Balela! Esmolas insustentáveis sem porta de saída, sendo que nenhum dos candidatos de oposição fala em acabar com o Bolsa Família. E expansão mais insustentável ainda de crédito, graças ao cenário externo favorável. São essas as “conquistas” que correm perigo? Piada!

Aquelas imagens tristes do vídeo sensacionalista do PT, onde cada um se vê em uma situação bem inferior, podem se tornar realidade justamente se o PT vencer! O maior risco de retrocesso que o Brasil corre hoje vem de mais 4 anos do PT. Duvida? Então basta olhar para a Argentina e para a Venezuela! É lá que estão as imagens de nosso futuro caso o PT permaneça no poder.

O Brasil tem uma enorme quantidade de desafios à frente, vários problemas plantados pelo governo atual, de olho apenas nas eleições. Inúmeros preços represados, grande risco de apagão, uma potencial crise econômica severa se as armadilhas criadas pelo próprio PT não forem desarmadas. Em vez de debater seriamente como vamos superar tais obstáculos, o PT prefere apelar para o terrorismo eleitoral, como se ele fosse o bastião de avanços que agora podem se perder sem ele no poder.

É o contrário! Ou por acaso o leitor acha que o Brasil está mesmo uma grande maravilha?

Rodrigo Constantino

 

DemocraciaSaúde

Medicina eleitoral: o diagnóstico está claro, assim como o remédio!

dilma padilha e Juan delgado

Em artigo publicado hoje no GLOBO, o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) resume bem a postura do governo Dilma em relação à saúde pública no país, citando especificamente o programa Mais Médicos. Sidnei Ferreira toca no ponto certo ao frisar o caráter eleitoreiro do programa: “Ocultando a verdade e distorcendo os fatos, a presidente tenta, desesperadamente, contabilizar os últimos dividendos do investimento eleitoral”.

Ele se referia ao comentário esdrúxulo da presidente Dilma, de que os médicos estrangeiros eram mais atenciosos do que os brasileiros, e esta seria a razão pela qual prefeitos estariam substituindo uns pelos outros. Nada mais falso! Como Ferreira lembra, o motivo é mais comezinho e prosaico, e também mesquinho: agindo assim, os prefeitos jogam a conta para o governo federal, apenas isso:

Na verdade, médicos brasileiros estão sendo substituídos por médicos estrangeiros pelos prefeitos pelo abjeto motivo de diminuir ainda mais os investimentos na saúde e fazer propaganda eleitoral, enganando a boa vontade e a crença do povo. O cidadão pode ser enganado por confiar, por não resistir à propaganda de bilhões de reais, mas não é bobo. As denúncias se multiplicam e pode ser que as despesas tenham sido em vão.

No seu contumaz autoritarismo, o governo, esquecendo a responsabilidade conferida pelo voto, não usou o Revalida e tirou dos conselhos regionais o dever de registrar os médicos do programa. Sabia que os conselhos não registrariam médicos estrangeiros que não fossem submetidos ao exame, inaptos a atuarem no nosso país. Restou o direito e dever de fiscalizar.

A acusação feita pelo presidente do Cremerj é séria. Ele alega que as autoridades não cumpriram as leis, e sequer deram respostas dignas às suas indagações e solicitações. O Cremerj diz ter encontrado algumas unidades de saúde com médicos estrangeiros fazendo assistência, atuando sem supervisão ou preceptoria, sozinhos. Não foram avaliados e não se sabe se têm ou não capacidade para tal.

Para Sidnei Ferreira, o governo carece de “sensibilidade democrática”. Vale tudo pela eleição, para se perpetuar no poder, até mesmo “brincar” com a saúde do povo brasileiro. O Tribunal de Contas da União está de olho nas irregularidades, e os médicos estão indignados: “A negação do diálogo com as entidades médicas, o desrespeito e a soberba do governo transformam a decepção no desejo de lutar em defesa da profissão, da medicina de qualidade que praticamos e do atendimento digno que a população merece”.

O presidente do Cremerj cobra mais responsabilidade do governo. Mas sabemos que isso é pedir demais quando se trata do PT. Confesso que tenho dificuldade de entender como alguém pode votar no PT, a menos que coloque interesses mesquinhos acima de valores básicos da sociedade. Mas um médico? Aí já julgo algo impossível. Que médico seria capaz de dar seu voto a um partido que trata como bode expiatório dos males da saúde pública a própria categoria de médicos brasileiros?

O diagnóstico está claro: os problemas são agravados pelo populismo e pela demagogia do PT. O remédio também é bastante evidente: tirar o PT do poder nas próximas eleições!

Rodrigo Constantino

 

Racismo

Os macacos da vaidade e o marketing do comportamento

coluna de João Pereira Coutinho na Folha hoje está fantástica, como de costume. Trata de tema muito sério – o racismo -, mas com suas imperdíveis tiradas de humor. No mais, sua análise está, em minha opinião, perfeita: vaidade, tudo é vaidade! A febre que tomou conta das redes sociais após o episódio com Daniel Alves, com várias “celebridades” posando com uma banana, demonstra como somos dominados por aquilo que Luiz Felipe Pondé chama de “marketing do comportamento”.

Coutinho começa assumindo com sinceridade que todos temos nossos preconceitos, não apenas no bom sentido (sim, ele existe, são os valores e costumes adquiridos antes do filtro racional, mas ainda assim de extrema importância, tradições que resistiram aos “testes do tempo” por alguma função útil), mas também no sentido mais “rasteiro”.

Ele passa então a descrever alguns dos seus, dos quais compartilho (a parte de manter distância de adolescentes não tenho como colocar em prática, pois sou pai de uma, mas entendo perfeitamente que os outros não precisam achar “lindos” os nossos filhos nessa fase de erupções vulcânicas dos hormônios e profunda necessidade de autoafirmação). Cada um com seus preconceitos. Mas racial?

O que a cor da pele mais morena ou mais clara tem a ver com moral? Sim, Coutinho conhece as explicações antropológicas, de que tribos adquiriram sentimentos atávicos de “nós” contra “eles”, e que “o outro” representava uma ameaça em potencial, ou seja, o “diferente” pode ser um risco. Mas sua incompreensão continua, e Coutinho diz: “imaginar que a pigmentação da pele tem importância moral ou epistemológica é um sintoma de primitivismo brutal”.

Tudo certo até aqui. Mas nem por isso devemos aplaudir a “macaquice viral” das fotos de “celebridades” com bananas nas mãos. O que incomoda nisso, segundo Coutinho, é a vaidade presente no ato. Não se trata apenas de um gesto de solidariedade para com o jogador, e sim uma propaganda pessoal para os outros, para mostrar todos os seus “bons sentimentos”. O “circo” foi armado para expor a grande “tolerância” dos famosos (ou candidatos à fama). É algo bastante artificial.

A hipocrisia, enfim. O tema me interessa muito, a ponto de ser a essência do meu último livro, que fala justamente sobre isso. Pensemos em Luciano Huck, um dos primeiros a postar foto com banana e talvez o maior ícone desse “marketing do comportamento”, o Mr. Bondade: como deve ser cansativo para ele manter a pose o tempo todo! Penso na personagem de Jodie Foster em “O Deus da Carnificina”, de Polanski, quando ela admite que tudo aquilo (a pose de boa moça tolerante) era extremamente cansativo.

O mestre em dissecar tal hipocrisia é Tom Wolfe, autor de Radical Chic e Fogueira das Vaidades. Estou lendo seu novo livro, Sangue nas Veias, que se passa aqui em Miami, onde estou. É justamente sobre raças. E é excelente, pois uma vez mais o escritor desnuda seus alvos, expondo o que jaz por trás das máscaras. Eis a alfinetada que ele dá logo no prólogo:

Do nada, uma frase surge na sua cabeça: “Todos… precisam de sangue nas veias! A religião está morrendo… mas todo mundo continua precisando acreditar em algo. Seria intolerável… ninguém aguentaria… finalmente ser obrigado a dizer a si mesmo: ‘Para que continuar fingindo? Eu não passo de um átomo aleatório dentro de um superacelerador conhecido como universo.’ Só que acreditar em, por definição, significa cegamente, irracionalmente, não é? Portanto, meu povo, isso deixa apenas nosso sangue, as linhas sanguíneas que correm pelo nosso próprio corpo, para nos unir. ‘La Raza!‘, como bradam os porto-riquenhos. ‘A Raça!‘, exclama o mundo inteiro. Todos, em toda parte, têm apenas uma última coisa na cabeça… Sangue nas veias!” Todos, em toda parte, vocês só têm uma escolha… Sangue nas veias!

Tratar brancos, negros, amarelos e pardos “com o mesmo respeito daltônico”, como recomenda Coutinho, eis a arma que pode combater o racismo com o tempo. “Cotidianamente. E, sobretudo, anonimamente. Sem fazer propaganda”. Caso contrário, fica difícil engolir a genuinidade do ato. Fica parecendo que tudo não passa de um alimento para a própria vaidade. Muito melhor simplesmente comer a banana sem fazer alarde.

Rodrigo Constantino

Tags: Daniel Alves Tom WolfeJoão Pereira CoutinhoLuciano Huck

 

CorrupçãoDemocracia

O linchamento institucional

O Brasil ficou horrorizado com as cenas de barbárie ocorridas em Guarujá semana passada, quando uma dona de casa foi linchada até a morte após boatos disseminados pelas redes sociais. Mas há outro linchamento que vem ocorrendo há anos e também merece nossa atenção, pois tem profundo impacto em nossas vidas: o das nossas instituições.

É claro que não há causalidade direta entre um e o outro, mas é inegável que a completa perda de credibilidade do povo em nossas instituições tem produzido um clima de anomia propício aos “justiceiros” que se julgam acima das leis. Como a Justiça não só tarda como falha muito, a impunidade gera a desculpa perfeita àqueles que desejam “fazer justiça com as próprias mãos”.

O agravante é justamente que o mau exemplo vem de cima. Espera-se que as autoridades sejam os maiores ícones do respeito às leis. Mas e quando o próprio governo é o primeiro a ignorar a Constituição, o império das leis? Que tipo de mensagem chega ao povo?

Não vou dizer que o PT inventou tudo isso, claro; mas nunca antes na história deste país se viu um partido no poder que cuspiu tanto, e de forma tão escancarada, nas regras do jogo. Que outro partido abusa tanto da confusão entre governo e estado? Que outro partido encara cada instrumento estatal como um braço partidário?

Leia mais aqui.

Rodrigo Constantino

 

EconomiaPolítica

Agora vamos comparar com o Mantega? Ou: Cada um com sua realidade…

Fonte: Folha

Deu na Folha hoje: o ex-secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, teria sugerido o nome de Armínio Fraga a Obama, como potencial candidato para presidir o Federal Reserve, o banco central mais poderoso do mundo. Geithner chama Armínio de “confiável e competente” e de “líder notável” em seu livro de memórias lançado ontem.

O ex-secretário do Tesouro americano ficou muito impressionado com a habilidade de Armínio, especialmente ao administrar a crise financeira. Como Armínio Fraga também possui cidadania americana, seu nome foi indicado por Geithner como potencial candidato ao Fed.

Nada mal. Agora vamos comparar com o Mantega? Calma, não acho que é para tanto desespero assim por parte dos petistas. Tenho certeza de que Axel Kicillof, o jovem e “brilhante” líder keynesiano da equipe econômica argentina, também faria uma indicação semelhante ao governo Kirchner, se Mantega tivesse cidadania argentina. E a cerimônia de posse seria assim, como um show de rock formado por estrelas.

Caso a Argentina não desse destaque ao brilhantismo de Mantega, não tenho dúvidas de que a Venezuela o faria. Posso até ver o grande presidente democrata Nicolás Maduro convidando Guido Mantega para assumir as finanças de seu país e, assim, colocar tudo em ordem. Ou não…

Cada um com sua realidade, não é mesmo? Quem nasce para lagartixa nunca chega a jacaré. Por que pego no pé do Mantega? Ora, não é nada pessoal. É “só” porque ele vem colaborando para a destruição de nossa economia, nada mais. Tenho essa mania de não gostar muito de inflação alta, por exemplo. Coisa minha. Bobagem.

Brincadeiras à parte, a comparação serve para um propósito importante: mostrar como há um abismo intransponível entre o quadro técnico dos tucanos e o dos petistas. Com todas as críticas legítimas que fazem ao PSDB, e que sou o primeiro a endossar, considero absurdo jogar ambos no mesmo saco. Um tem Armínio Fraga, o outro tem Guido Mantega. Preciso falar mais alguma coisa?

Rodrigo Constantino

 

CorrupçãoDemocracia

O estrago causado por Lula

Lula capo

Em artigo publicado hoje no GLOBO, Carlos Alberto Di Franco argumenta que a postura do ex-presidente Lula causa grande estrago em nossa democracia. Em tempos em que o “Volta, Lula” conquista até empresários, cansados, com razão, da incompetência e arrogância da presidente Dilma, é bom lembrar do que Lula representa em termos de imoralidade, pois creio que seu impacto negativo seja ainda maior a longo prazo. Di Franco escreve:

Irrita-se Lula porque a imprensa não se cala diante do seu exibicionismo de contradições e desfaçatez. Em recente entrevista à TV portuguesa, chegou ao ponto de interromper a entrevistadora que queria saber o grau de suas relações com José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. “Não se trata de gente de minha confiança”. Fantástico!

As denúncias da imprensa sobre os desmandos na Petrobras, consistentes e sólidas como uma rocha, não provocam no ex-presidente a autocrítica que se espera de um estadista. Ao contrário. Sua ordem é “ir para cima” de quem represente um risco para o projeto de perpetuação do PT no poder.

Incomoda-se Lula porque os jornais desnudam suas aparentes contradições que, no fundo, são o resultado lógico da praxis marxista: o fim justifica os meios. O compromisso com a verdade é absolutamente desimportante. O que importa é o poder. Em agosto de 2006, quando o escândalo do mensalão estourou, Lula falava: “Quero dizer, com franqueza, que me sinto traído. Não tenho vergonha de dizer ao povo brasileiro que nós temos que pedir desculpas”. Agora, na alucinante entrevista à TV portuguesa, Lula afirma rigorosamente o contrário: “O mensalão teve praticamente 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica”. É um ex-presidente da República, responsável pela nomeação de oito dos 11 integrantes do Supremo Tribunal Federal, acusando a Corte de cumplicidade na “maior armação já feita contra o governo”.

O ataque à imprensa e o autoritarismo petista têm em Lula sua maior expressão. Essa “progressiva estratégia de estrangulamento das liberdades públicas”, segundo Di Franco, tem profunda ligação com o jeito imoral de ser do ex-presidente Lula.

A personalidade de Lula foi também o tema da coluna deste domingo de Ferreira Gullar na Folha. Para o poeta, é impressionante a “facilidade com que ignora toda e qualquer norma, seja ética, política, jurídica ou administrativa”. Para Lula, “tudo é permitido, desde que favoreça seus propósitos”. Gullar reconhece que Lula não é o único político a agir assim, mas é insuperável neste quesito.

Ferreira Gullar vai adiante: para Lula não há distinção entre aliados e adversários. O “chefe da trupe” não se acanha na hora de mandar seus subalternos pagarem o preço pelo “mensalão”, ou até de dizer que não tem ninguém ali de sua confiança. Por outro lado, pode abraçar Maluf como se fossem velhos companheiros, se isso for de seu interesse.

Lula chegou até a tentar fazer chantagem com um ministro do STF, e depois que o resultado do julgamento lhe foi desfavorável, partiu para a desmoralização da instituição. Mas, como indaga Gullar, o que esperar de alguém que já disse abertamente que o político não deve dizer o que pensa, e sim o que o eleitor quer ouvir, ou seja, deve mentir e enganar o leitor sem mais nem menos?

O poeta se mostra preocupado com as consequências dessa postura de Lula no Brasil de hoje e amanhã. E tem toda razão ao se preocupar. Nunca antes na história deste país houve um líder político com tanta influência e, ao mesmo tempo, tão imoral, disposto a tudo pelo poder. É uma combinação assustadora. E ainda tem empresário que endossa sua volta por aí…

Rodrigo Constantino

Tags: Carlos Alberto Di FrancoFerreira GullarLula

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Fonte:
Blog Rodrigo Constantino, VEJA

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