Lógica elementar: abutres só avançam sobre carniça. Ou: A Argentina cavou seu próprio buraco

Publicado em 25/06/2014 16:18 e atualizado em 16/07/2014 16:00
por Rodrigo Constantino, de veja.com.br

Lógica elementar: abutres só avançam sobre carniça. Ou: A Argentina cavou seu próprio buraco

O abutre é sintoma da morte, não sua causa...

O abutre é sintoma da morte, não sua causa…

A Argentina volta às páginas dos jornais de economia do mundo todo, com o risco de nova rodada de calotes agora que a Suprema Corte americana reconheceu os direitos dos credores que se recusaram a engolir os termos impostos pelo governo na reestruturação de sua dívida externa no começo do novo século.

A esquerda brasileira, que até ontem defendia o modelo argentino, assume uma das duas posturas: ou procura se afastar taticamente do novo fracasso, como se nunca tivesse aplaudido as medidas do governo Kirchner na esperança de que a memória dos demais seja curta; ou apela à velha vitimização, endossando a retórica sensacionalista do próprio governo Kirchner, como se o país fosse alvo de um “ataque especulativo” dos fundos “abutres”.

Falemos mais do segundo caso, já que o primeiro, apesar da imensa cara de pau, ao menos denota a compreensão de que o desenvolvimentismo falhou uma vez mais no país vizinho. Abutres só avançam sobre carniça. Elementar, meu caro Watson! São animais que se alimentam de carne em estágio de putrefação. Não atacam bichos saudáveis.

Apesar de algo lógico, isso costuma ser ignorado pelos adeptos da vitimização. O termômetro só aponta a febre do doente, sintoma de seus problemas. Ele não cria a própria doença. Os “especuladores” podem até explorar as fraquezas de certos países para ganhar dinheiro, como faz George Soros, o bilionário especulador adorado por parte da esquerda “progressista” por milhões de motivos (muitos milhões). Mas eles não inventam essas fraquezas.

É análogo, se for para forçar a barra, aos agiotas. Quando alguém bate na porta de um, é porque já está encalacrado até o pescoço com dívidas. O agiota não é o culpado por isso. O culpado é o endividado. Quando governos imploram por recursos de especuladores ou do FMI, isso quer dizer que foram irresponsáveis na gestão da coisa pública. E a Argentina desarrumou a própria casa, cavou o próprio buraco. Foi o recado de Alexandre Schwartsman em sua coluna de hoje na Folha:

De fato, até há pouco o país era o preferido dos nossos “keynesianos de quermesse”, com seu modelo que privilegiava a administração da taxa de câmbio, devidamente apoiada pela política monetária que, para manter o câmbio depreciado, não podia ser utilizada para controlar a inflação.

O descaso com a inflação, porém, tem custos. Preços administrados foram “congelados”, desarticulando serviços públicos, assim como alguns preços da cesta básica. Subsídios para compensar este problema foram gradualmente erodindo as finanças públicas e o resultado primário do governo nacional, que havia chegado a 3-4% do PIB entre 2004 e 2008, minguou para um déficit em torno do 1% do PIB no ano passado.

Não bastasse isto, as estatísticas oficiais foram maquiladas: enquanto o índice de inflação calculado pelo governo insistia em taxas inferiores a 10% ao ano, estimativas de consultores privados sugeriam algo entre 25% e 30% ao ano, o que os levou a serem perseguidos pela máquina pública.

O resultado foi desconfiança generalizada, retração do setor privado, reforçadas pela atitude beligerante do governo, e, portanto, baixo crescimento e desorganização da economia.

Isso tudo, somado à fuga de capitais, levou ao caos atual. É uma tragédia anunciada, que surpreende apenas os esquerdistas. Schwartsman ainda ironiza o ataque dessa esquerda aos “pessimistas” e “conservadores” que apontam semelhanças entre o modelo argentino e o brasileiro do governo Dilma. Não vamos aprender nada com os erros alheios?

Apesar do ataque que sofrem dos populistas, os investidores lutam na justiça apenas pelo direito básico de receber aquilo que é seu. Na hora de atrair investidores do mundo todo, com seus demandados dólares, euros e ienes, esses governos de países emergentes fazem de tudo e são só elogios ao capital especulativo. Depois querem simplesmente dar uma banana para os gringos e ficar por isso mesmo? Nem a pau, Juvenal!

A esquerda precisa parar de acreditar em “almoço grátis”. A credibilidade de um país é fundamental para o seu progresso, e esta credibilidade se constrói com muito esforço, respeitando contratos ao longo do tempo, pagando todas as contas devidas. Caloteiros não gozam de respeito e só conseguem atrair capital pagando juros altos demais. O preço sai caro.

O governo argentino, cuja equipe econômica é liderada pelo jovem desenvolvimentista Axel Kicillof, que foi festejado como um grande popstar e gênio das finanças pela ala canhota, escolheu o caminho da retórica sensacionalista, tentando se fazer de vítima. Não colou. Agora parece mais disposto a sentar à mesa e tentar negociar com os credores, que têm direitos legítimos sobre seus recursos.

Veremos o final da novela – ou do tango, que pode ter impacto negativo para o Brasil, caso o calote seja a escolha tomada. É lamentável que de tempos em tempos os países latino-americanos caiam nas mesmas armadilhas do passado. Aprendemos com a História que poucos aprendem com a História…

Rodrigo Constantino

 

CulturaDemocraciaPolítica

O PT me faz ser uma pessoa pior

No filme “Melhor É Impossível”, de 1997, há uma cena interessante em que a personagem de Helen Hunt pede ao personagem intragável de Jack Nicholson, misantropo que sofre de transtorno obsessivo-compulsivo, para que lhe faça um elogio, um só elogio. Após algum tempo pensando, ele diz: “Você me faz querer ser uma pessoa melhor”.

O PT tem o efeito contrário em mim. Se este é um dos mais belos elogios já feitos no cinema, então podemos concluir que a pior crítica é alguém nos fazer ser uma pior pessoa. Como diria Roberto Jefferson ao José Dirceu: “Vossa excelência provoca em mim os instintos mais primitivos”.

O cuidado que deve ter quem convive demais com o monstro, mesmo que para combatê-lo, é não se tornar um também. Policiais que combatem o crime e se infiltram no tráfico sabem bem disso. Como disse Nietzsche: “Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você”.

Pensei nisso ao ler a resposta que o humorista Marcelo Madureira deu aos petistas que tentam intimidar os formadores de opinião críticos ao governo. Disse ele: “Àqueles que querem nos amedrontar com ameaças e intimidações, continuaremos respondendo a cada dia, a cada hora, a cada minuto, com as nossas únicas e legítimas armas: as palavras, as ideias e os princípios”.

Eis o desafio de todos aqueles que não aguentam mais o PT disseminando ódio e mentiras pelo país, apelando para baixarias, golpes baixos: não responder na mesma moeda, com ódio; preservar nossos valores e princípios; insistir na construção de um Brasil realmente democrático, com respeito às diferenças (dentro dos limites da própria sobrevivência da tolerância), sempre de forma civilizada.

Entendo que nem sempre é fácil. O PT, como já disse, desperta em muitos os “instintos mais primitivos”, e nos leva muitas vezes a reagir com o fígado. Mas esse é o único caminho. Ao menos o único em que o PT não vence, pois se tivermos que jogar como ele, aceitar a premissa de que os fins nobres justificam quaisquer meios, então o país já perdeu.

Em época de Copa do Mundo, faço uma analogia com o futebol: há quem, aderindo à “ética da malandragem”, só se importa com a vitória, custe o que custar. Outros não. Outros não aceitam isso, acham que como se vence faz toda a diferença do mundo. Faço parte do segundo grupo. Defendo o “fair play”.

O PT seria, ao contrário, o time que não devolve a bola após ela ser colocada para fora de propósito para o atendimento de um jogador machucado. Seria o jogador que morde o adversário, ou que faz gol de mão, ou simula escancaradamente um pênalti. E faz tudo isso com o orgulho do “malandro”, com o regozijo do “esperto”, que sempre quer tirar vantagem em cima dos demais.

Os nervos de muitos brasileiros estão à flor da pele. Há risco concreto de caminharmos na direção bolivariana, como fizeram Venezuela e Argentina, cujos governos são camaradas do PT. Nesse quadro, é tentador partir para medidas desesperadas, ficar muito paranoico, agressivo. Tem gente clamando por intervenção militar já, o que seria a morte definitiva da nossa democracia.

É preciso resistir, lutar, mas dentro dos nossos valores, respeitando as regras do jogo. Se o outro lado chuta a canela o tempo todo e mete a mão na bola, não é por isso que vamos jogar da mesma forma. Um pacto mefistofélico desses, de aceitar o “vale tudo” em prol de uma meta louvável, é um caminho escorregadio sem volta. O abismo sorri de volta, e lá no fundo dá para ver o reflexo de um monstro.

Concluo de volta ao começo: o PT me faz ser uma pessoa pior muitas vezes, pois a raiva e o desprezo dificilmente são bons conselheiros. O segrego é tentar fazer do limão uma limonada: justamente por ser o PT assim, devemos lutar ainda mais para ser sempre alguém melhor e, com isso, ajudar a construir um país também melhor, contrário em todos os aspectos àquilo que o PT representa. Eis a reação mais admirável que se pode ter ao lulopetismo.

Rodrigo Constantino

 

CulturaFilosofia política

A “elite branca” segundo os socialistas

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A “ralé negra” que combate a “elite branca”

O malabarismo semântico das esquerdas é realmente impressionante. Trata-se de um verdadeiro contorcionismo linguístico para justificar o injustificável. É o caso de Francisco Bosco em sua coluna de hoje no GLOBO. Bosco, não custa lembrar, é o mesmo que disse que “minoria” pode ser uma maioria numérica, pois seria uma “minoria social”. Desta vez o alvo foi o conceito de “elite branca”.

Abro um parêntese: há um método infalível de identificar um “petralha”. Basta verificar se ele se refere à presidente Dilma como “presidenta”, aderindo ao puxassaquismo oficial daqueles que preferem torturar nossa língua em vez de contrariar a Toda-Poderosa, que nunca foi uma boa “estudanta” (a menos que seja a fusão de estudante com anta). Bosco chama Dilma de “presidenta” logo no começo. Fecho o parêntese.

Volto ao conceito de “elite branca”. Segundo Bosco, pode despertar certa perplexidade em alguns o fato de muita gente branca e rica fazer coro na acusação contra a tal “elite branca”, puxada pelo ex-presidente Lula, ele mesmo um branco milionário. Marta Suplicy atacando a “elite branca”? Pode isso, Arnaldo? Sim, para Bosco é algo perfeitamente normal. Afinal, ela é petista…

Parece piada, e até é, mas de muito mau gosto. Após os truques rudimentares do colunista, descobrimos que tudo se resume ao seu discurso ideológico, à sua retórica política. É isso mesmo! Se você for podre de rico, juntar milhões de patrimônio de forma bem gananciosa, mantiver apartamentos luxuosos em Paris (alô, Chico Buarque!), morar em coberturas no Leblon (alô, Chico Buarque novamente!), mas defender a “justiça social”, assumir bandeiras “progressistas”, então você está livre da pecha de membro da sinistra (ou seria destra?) “elite branca”.

Bosco, para chegar ao ápice do absurdo, usa a cor branca aqui como uma cor “simbólica”. Ou seja, Marta Suplicy, mais branca do que bunda de dinamarquês, não é da “elite branca”, pois não possui a cor branca “simbólica”, já que é do PT, um partido de esquerda e, portanto, automaticamente preocupado com os mais pobres, segundo o tosco, digo, Bosco.

Mas Joaquim Barbosa, negão que veio da pobreza, pode muito bem ser um ícone, quiçá um líder da “elite branca”, pois ousou, pasmem!, fazer cumprir as leis e mandar para a Papuda os pobres coitados da “ralé negra” (devo supor que este seja o oposto de “elite branca”), como Dirceu e Genoíno, eles mesmos ricos e brancos. Coisa de burguês, claro!

Não estou inventando nada disso, por mais inverossímil que pareça. Bosco afirma exatamente isso: pertencer à “elite branca” tem tudo a ver com seu partido, não com sua cor, sua renda ou os círculos que você frequenta. Vejam com seus próprios olhos:

O que a expressão “elite branca” pretende caracterizar não é a situação excessiva ou relativamente privilegiada em que se encontra um grupo social, mas o modo como esse grupo se posiciona diante das desigualdades estruturais do país. Pertencem à “elite branca” aqueles que pensam e agem no sentido da manutenção dessas desigualdades e, consequentemente, de seus privilégios, atuando como um grupo dominador. Não pertencem a essa “elite branca” (que, portanto, é uma categoria mais política e moral do que econômica e fenotípica) aqueles que, situando-se em um grupo social privilegiado, pensam e agem no sentido do combate às desigualdades, renunciando a privilégios em benefício da justiça social.

Pensar e agir “no sentido do combate às desigualdades sociais”, que fique bem claro, significa, para Bosco, aderir ao socialismo, defender o PT, ou melhor!, o PSOL, enaltecer a ação dos black blocs criminosos (como Bosco já fez), atacar o capitalismo (no discurso, sempre no discurso), pregar mais impostos ainda, etc. Abrir mão de privilégios? Isso ainda está para nascer…

Não importa que, na prática, a esquerda socialista jamais tenha ajudado os mais pobres. Não importa o resultado concreto. Não vem ao caso o fato de que essa esquerda não possui um único exemplo de sucesso para mostrar em seu infame currículo (cem milhões de mortes inocentes pelo comunismo não contam como algo positivo, creio eu).

Vale o discurso, ponto final. É de esquerda, elogia Marcelo Freixo, aplaude o MST e os vândalos mascarados que depredam bancos e lojas contra o “sistema”, tudo isso enquanto se esbalda com os lucros capitalistas do mesmo sistema, então parabéns, você não é da “elite branca”, mas um ilustre membro da… esquerda caviar!

Bosco mereceria apenas ser ignorado, não fosse um retrato perfeito dessa distorção conceitual que a esquerda faz. Notem que o sujeito vai até o limite do ridículo ao dar um exemplo concreto do tipo de bandeira que é preciso defender para pular fora da “lista negra” da “elite branca”:

Fazem parte da “elite branca” todos os sujeitos de grupos sociais privilegiados que denunciam difusamente as desigualdades do Brasil mas repudiam qualquer ato político real que as combata; todos os sujeitos incapazes de pensar e agir coletivamente, sempre colocando em primeiro, senão único lugar as suas vantagens pessoais; todos os sujeitos que, para dar um exemplo entre inúmeros possíveis, não apoiaram a greve dos vigilantes, que reivindicavam um piso salarial de pouco mais de R$ 1 mil (e R$ 20 de vale-refeição), diante dos bilhões de reais que os bancos lucraram no ano passado.

É contra as greves que paralisam o país de forma oportunista, para beneficiar mais sindicalistas do que trabalhadores de verdade? Então é da “elite branca”, ora! Só há  redenção na esquerda radical, sindicalista, socialista, defensora do bolivarianismo, do modelo venezuelano. Fora isso, são todos uns insensíveis, egoístas, capitalistas selvagens! Chama-se “monopólio da virtude” essa tática manjada.

Minha maior indignação com essa perfídia toda é a destruição de um conceito nobre como “elite”. Pensemos em Tropa de Elite: seria algo ruim pertencer a ela? Mas após tantos anos de discurso raivoso das esquerdas, de disseminação de ódio, o conceito assumiu tom completamente pejorativo. Pertencer às elites seria algo terrível por esta ótica canhota.

Pois eu digo que a legítima elite, branca ou negra, é aquela que, como diria Ortega y Gasset, assume as rédeas da própria vida e o fardo de carregar nas costas responsabilidades, em vez de viver como uma “boia à deriva”, como massa amorfa incapaz de pensar por conta própria, dependente dos demais para tudo. São as elites que acabam determinando os rumos de uma sociedade.

Infelizmente, enquanto nossas “elites” forem covardes, dissimuladas, hipócritas, e preferirem os aplausos fáceis dos inocentes úteis ao resultado concreto de ações decentes, de gente que sustenta a importância da ética, da responsabilidade individual e da meritocracia, então não corremos mesmo “risco” de dar certo (para a felicidade dessas “elites” que exploram a ignorância e a miséria alheia).

Com membros da “elite” como Francisco Bosco, Chico Buarque, Wagner Moura, Marilena Chaui e tutti quanti, todos “extremamente” preocupados com os mais pobres, quem sabe não viramos logo uma Venezuela, ou mesmo Cuba, para a “alegria” geral dos mais pobres!

Rodrigo Constantino

 

Liberdade de Imprensa

Não temos medo, diz Marcelo Madureira ao PT

Um dos membros da nefasta “lista negra” de “inimigos da pátria” criada pelo vice-presidente nacional do PT, Marcelo Madureira escreveu um texto de agradecimento pelas milhares de mensagens de apoio que recebeu, em que afirma que somos muitos e não temos medo da intimidação petista. Ele diz:

Queremos o livre e democrático confronto de ideias. Que da saudável discussão possamos criar, juntos, todos nós, a Nação Brasileira, um projeto, não de poder, mas de Estado, e, assim, construirmos uma sociedade mais justa, mais solidária, com valores éticos, enraizada na Educação, com respeito às diferenças, com respeito à divisão de poder, inerente a toda democracia. Um país sem ódio e sem rancores. Uma Nação que possa olhar com confiança para o seu futuro e que enfrente com coragem e generosidade os enormes desafios que teremos que  enfrentar.

Nós não temos medo. E também não temos ódio. Àqueles que querem nos amedrontar com ameaças e intimidações, continuaremos respondendo a cada dia, a cada hora, a cada minuto, com as nossas únicas e legítimas armas: as palavras, as ideias e os princípios. E se o Terror, por acaso, vier a nos derrotar, seguiremos em frente, pois a História demonstra que o Terror pode até ganhar momentaneamente, mas a Justiça espera, de tocaia, na próxima esquina da vida.

E tenho dito.

Apenas acrescento: e muito bem dito!

Rodrigo Constantino

 

Lei e ordem

Brasileiro: cidadão de segunda classe em seu próprio país

Por Fabio Ostermann, publicado noInstituto Liberal

A Copa do Mundo está nos trazendo diversas lições sobre como funcionam as coisas no Brasil. Dentre elas está uma cuja compreensão é de suma importância para o futuro do país: aos olhos dos nossos governantes e em nosso próprio país, nós brasileiros somos cidadãos de segunda classe.

Tal conclusão decorre do fato de que nunca antes na história do Brasil se viu tanto policiamento quanto se vê ocorre agora nas maiores cidades brasileiras. Aparentemente foi necessário que alguns milhares de estrangeiros dessem as caras em nossas cidades para que a segurança pública fosse tratada seriamente.

Nossos quase 60 mil homicídios ao ano, incontáveis roubos, estupros e sequestros-relâmpagos não sensibilizam nossa Presidente e nossos governadores, pelo visto. Mas aparentemente nossos governanetes querem evitar ao máximo qualquer possibilidade de algum cidadão estrangeiro vir a ser mais uma vítima da criminalidade brasileira. Imagina a vergonha internacional se um grupo de turistas americanos é sequestrado? Uma alemã estuprada? Uma família coreana roubada e o pai da família assassinado??! Não podemos correr tais riscos!

Mas como o cobertor é curto, o aumento de efeitvo policial que garante a segurança dos gringos (1ª Classe) e, meramente por tabela, dos brasileiros moradores das cidades sedes (2ª Classe) se dá às custas do deslocamento de boa parte do efetivo das cidades do interior, deixando seus moradores à mercê da criminalidade. Ou seja, dentro desse sistema de divisão de classes temos um grupo ainda mais abaixo de nós, moradores das capitais. Aqueles que habitam as cidades do interior fazem parte, pelo visto, de uma classe ainda mais baixa de cidadãos, cuja segurança realmente não vale nada.

A Copa termina em 3 semanas. Que aproveitemos nossa segurança temporária para refletirmos sobre por que raios o Estado no Brasil se envolve com tantas atribuições (governo federal, p.ex., tem 39 ministérios e participa ativamente da gestão de centenas de empresas nas mais variadas áreas) e não consegue priorizar a atuação em sua função FUNDAMENTAL, que é a segurança pública.

Daqui 3 meses e meio, teremos uma oportunidade única de demonstrar nosso descontentamento com esse tratamento desrespeitoso e indigno. Para alguns milhares de brasileiros será, infelizmente, a última oportunidade antes de se tornarem parte da estatística.

 

DemocraciaPolítica

Já vai muito tarde, Sarney!

Eu nem sonhava em nascer e ele já circulava em torno do poder, ou do “puder”, como diz. Puxou o saco dos militares quando estavam no comando da política, depois, por obra do acaso, tornou-se presidente da República no lugar de Tancredo Neves.

Em seu governo, o Brasil declarou a moratória da dívida externa, mancha que carregamos até hoje. A hiperinflação destruiu completamente o poder de compra da nossa moeda. O Maranhão, seu “feudo”, é simplesmente o estado com os piores indicadores sociais do país. Um novo estado, o Amapá, foi criado para garantir sua permanência no “puder”.

O ex-presidente Lula, em resposta à sua lealdade mafiosa durante a crise do mensalão, afirmou que ele não pode ser julgado como um “homem comum”. Tal declaração é a perfeita ilustração do patrimonialismo que ele representa melhor do que ninguém. A “coisa pública” tratada como “cosa nostra” pelos fisiológicos. O “coronelismo” nordestino tem em sua figura um ícone exemplar.

A lista poderia continuar ad infinitum. Difícil seria encontrar algum elogio a fazer em uma trajetória tão nefasta. O mais lamentável é que gente como ele acabou sendo associada ao conservadorismo no Brasil, manchando a reputação de uma linha de pensamento louvável, quando pensamos em Edmund Burke e companhia.

Foi um prato cheio para as esquerdas se fartarem também. Como era fácil bradar a bandeira da ética quando o inimigo a ser combatido era alguém como ele! Quem poderia ficar a favor do sistema, quando o sistema era representado por alguém assim? Tanto é verdade que em seu próprio feudo, após décadas de puro descaso, quem lidera as pesquisas é o PCdoB!

Não dá para aliviar. Vaiado e com medo de ser derrotado – apenas por isso – José de Ribamar, mais conhecido como Sarney, deve mesmo anunciar sua aposentadoria, desistindo de disputar mais uma vaga ao Senado com seus 84 anos. Já vai muito tarde. Só não digo que foi o pior político que o Brasil já teve porque certo metalúrgico consegue superá-lo nos estragos causados à nossa República.

Eles, aliás, se merecem. O Brasil é que não merece nenhum dos dois!

Rodrigo Constantino

 

Ambientalismo

Algemas verdes: a histeria ambiental ameaça nossas liberdades

Quero controlar você!

Nosso planeta está na iminência de derreter e, para salvá-lo, é preciso mudar radicalmente nosso estilo de vida, abandonar o progresso industrial e delegar poder absoluto aos governos. Ao menos é isso que muita gente quer que acreditemos. São os ambientalistas, uma seita que mascara profundo desprezo pelo avanço capitalista e tenta monopolizar a legítima preocupação com o meio ambiente.

Contra essa ameaça, o ex-presidente da República Tcheca Vaclav Klaus escreveu o excelente livro “Planeta azul em algemas verdes”, afirmando que é a liberdade, não o clima, que corre verdadeiro perigo atualmente. Klaus considera o risco “verde” mais sério do que o comunismo, e isso, vindo de alguém que sofreu intensamente sob o regime comunista, é algo que merece atenção.

“O aquecimento global tornou-se símbolo e exemplo da luta entre a verdade e a propaganda. A verdade politicamente correta já foi estabelecida e não é fácil opor-se a ela”, diz ele. A postura de muitos ambientalistas remete àquela de seitas religiosas fanáticas. Há uma “verdade” absoluta revelada, os “profetas” (como Al Gore e companhia), e os “hereges”, que adotam posição mais cética e demandam cautela.

Leia mais aqui.

Tags: Al GoreVáclav Klaus

 

ComunismoDemocraciaFilosofia políticaLiberdade de Imprensa

Filhotes do stalinismo: bolivarianos são filhos bastardos do comunismo

Em mais um surto criativo, Arnaldo Jabor simula em sua coluna hoje uma entrevista exclusiva com Stalin, no purgatório dos ditadores. Usando inclusive passagens que foram realmente ditas por Stalin ou Lênin, Jabor mostra como o stalinismo ainda vive entre nós, latino-americanos.

O comunismo foi um substituto “laico” para a religião, ao oferecer a promessa de um paraíso e de imortalidade: o “ser social” nunca morre, ao contrário do indivíduo de carne e osso, vítima número um do regime coletivista.

O corolário dessa premissa é que eliminar “alguns” indivíduos de carne e osso para garantir esse futuro redentor passa a ser algo justificável. Quebrar os ovos para fazer uma omelete. Os fins “nobres” justificam quaisquer meios. A vida humana não é mais sagrada. Essas são as máximas de todo coletivista.

Compaixão, empatia, gratidão, tudo isso passa a ser visto como uma fraqueza de pequeno-burguês. Matar uma pessoa é assassinato, mas eliminar milhões passa a ser apenas estatística. Para criar o “homem novo”, vale tudo. A democracia burguesa precisa ser rejeitada, dar lugar ao centralismo completo dos líderes “ungidos”. A imprensa precisa ser subserviente.

Por fim, Jabor, que foi um dos incluídos na lista negrade “inimigos da Pátria”, de Alberto Cantalice, vice-presidente nacional do PT, afirma que o Brasil petista tem sido um bom aluno stalinista:

Esse é o preço da liberdade: a vigilância absoluta. Mas, o Brasil está seguro contra os perigosos agentes de direita, neoliberais e espiões do imperialismo. Vocês sabem que nós criamos os “sovietes” na Rússia, os conselhos, como chamam vocês… Parabéns. Os conselhos são um primeiro passo para controlar essa besteira de democracia representativa, que vocês tiveram a sabedoria de usar, mas agora atrapalha a construção do bolivarianismo (ah, esse meu filhote bastardo…). Ao menos minhas ideias ainda repercutem… Veja a Venezuela, Argentina, tantos seguidores. A única coisa que importa é o controle da sociedade. Temos de tutelá-la. Eu já disse uma vez: o povo deve ser educado com o mesmo cuidado com que um jardineiro cultiva uma árvore de estimação. As ideias são muito mais poderosas do que as armas. Nós não permitimos que nossos inimigos tenham armas, por que deveríamos permitir que tenham ideias? Acho que seu país está no bom caminho: controlar a mídia, como vocês chamam hoje. A imprensa é a arma mais poderosa de nosso partido e vocês vão seguir nosso exemplo. Toda propaganda tem que ser popular e acomodar-se à compreensão dos menos inteligentes. Como você vê, estou repetindo as frases da besta do Hitler. Mas ele nos deu um bom conselho, que serve muito para seu país, caro jornalista: “Quanto maior a mentira, maior é a chance de ela ser acreditada”. O povão não sabe nada. É isso aí, cumpanheiros: vão em frente que a luta continua…

Rodrigo Constantino

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Blog Rodrigo Constantino (VEJA)

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