A política vigarista já está de olho em Neymar, o nosso saudável herói picaresco que está sendo transformado em herói dramático

Publicado em 07/07/2014 16:44 e atualizado em 11/08/2014 10:21
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

A política vigarista já está de olho em Neymar, o nosso saudável herói picaresco que está sendo transformado em herói dramático

Neymar dá entrada no hospital com fratura na vértebra, depois de criminosamente atingido

Neymar dá entrada no hospital com fratura na vértebra, depois de criminosamente atingido

Neymar Jr. é, sem dúvida, talentoso, como reconhece o mundo. É um garoto sorridente, alegre, meio largadão, mas sempre com grife, é claro!, já que o Neymar pai não é do tipo que brinca em serviço. O rapaz pode tirar a cueca de graça, mas recebe sei lá quanto para vestir uma. Transporte de helicóptero, de ambulância, tudo é devidamente patrocinado — e, se querem saber, não vejo mal nenhum nisso. Se o rapaz não vendesse, não haveria tanta gente querendo patrociná-lo. O negócio não para nem quando um troglodita lhe acerta uma joelhada nas costas. Felizmente, nada de muito grave aconteceu. O show e os negócios têm de continuar. Reitero: não escrevo este texto em tom de censura. Eu gostava daquele Caetano que cantava “a força da grana que ergue e destrói coisas belas”… Depois o compositor baiano resolveu embrulhar os próprios pensamentos num pano preto e mergulhar no obscurantismo. Mas sigamos com Neymar.

Ele está, ou estava, e isto também me parecia saudável, mais para o herói picaresco: ardiloso, serelepe, esperto, ladino… Não tinha, felizmente, a têmpera do herói dramático, que convoca o povo para a resistência e para a guerra — porque, afinal, por mais que o esporte seja uma metáfora da luta, trata-se de exercício lúdico. E assim tem de ser encarado. Mas aí veio Zúñiga e acertou aquela joelhada criminosa nas costas do menino sorridente — que já vinha sendo caçado em campo de maneira meio covarde, sob o olhar complacente de juízes, que pareciam querer dizer: “Não vamos cair de novo no conto do pênalti cavado por Fred no jogo contra a Croácia”. Sim, aí veio Zúñiga, que já havia acertado um chute doloso no joelho de Hulk, e tirou da Copa o melhor jogador brasileiro — que nos fazia esquecer o péssimo futebol jogado pela Seleção até então, excetuando-se o primeiro tempo contra a própria Colômbia.

E pronto! O nosso herói saudavelmente picaresco se foi. E tomou o seu lugar o herói de apelo dramático, quase trágico. A brutalidade impune de Zúñiga está sendo encarada como um agravo ao país. Agora, sim! Feriram o nosso “homem”! É preciso que seus companheiros e toda a nação se unam para mostrar que, na adversidade, este povo cresce ainda mais. Neymar está a um passo de virar suco nacionalista, quase tão verde-e-amarelo como a sua nova cueca, pronto a ser digerido como símbolo de um povo que não se entrega e que cresce na adversidade. Se tudo sair pelo melhor, e a Seleção sagrar-se campeã, será a hora de anunciar ao mundo que “ninguém segura este país”. Caso não consigamos passar pela Alemanha ou pelo vitorioso do confronto entre Holanda e Argentina, já se tem a desculpa perfeita: “Não fosse Neymar estar fora…”.

O gesto criminoso de Zúñiga forneceu tanto a causa para a gesta como, eventualmente, a explicação para a derrota. Ainda que a Seleção e o futebol percam muito sem Neymar, há uma possibilidade razoável de ele ser mais útil machucado do que em plenas condições de jogo. Apareceu, finalmente, um bom motivo para vencer, com sangue, suor e lágrimas, e uma justificativa verossímil caso o pior aconteça, apesar do sangue, suor e lágrimas… Já há uma explicação honrada para a vitória e para a derrota.

Vamos ver qual será o saldo político da apropriação do herói que virou suco. E que resposta dará a plateia de eleitores.

Por Reinaldo Azevedo

 

Dilma tenta pegar carona no “Neymarês” e manda ver, com aquela destreza característica: “É TOIS”! Ou: O poder não é “TOIS”, presidente!

Dilma faz o

Presidente Dilma faz o “t” do “É TOIS” em “neymarês”: carona política

Eu vou lhes contar, leitores: há coisas que realmente me surpreendem. Às vezes, pergunto-me onde eu estava enquanto o mundo existia… Por exemplo: eu só fiquei sabendo da existência do “É TOIS” nesta segunda. O que quer dizer “É TOIS”? É como a turma de Neymar pronuncia o tal “é nóis”, uma expressão fática que significa um monte de coisa — desde um “a gente é mesmo do balacobaco!” a um simples “sim”. É uma gíria da periferia de São Paulo de amplo espectro. Digamos que alguém ou um grupo receba um elogio. Resposta: “É nóis” — uma forma óbvia de autocongratulação. Lula, por exemplo, deve ser a pessoa que mais diz no espelho: “É nóis”. Mas também pode expressar apenas assentimento, um “sim”: “E aí? Vamos pra balada?” Resposta: “É nóis”.

Por alguma razão que não se explica, além da fama que lhe permite lançar modas as mais exóticas — vejam o caso de seu cabelo —, Neymar e sua turma começaram a falar “É TOIS”. Virou febre nas redes, já há funk empregando a palavra etc. Antenada — e vocês sabem como Dilma é moderna —, a presidente recorreu ao Facebook nesta segunda para enviar uma mensagem a Neymar: “É TOIS”. E posou para uma foto fazendo um “t” com os braços, imitando o jogador.

A presidente participava de um bate-papo no Facebook — coisa que não tenho tempo de fazer. Vai ver Dilma anda com horas ociosas, não é? Respondia, ela ou algum assessor seu (o que é mais provável), a perguntas de internautas por escrito. Afirmou que vai, sim, entregar a taça ao campeão no domingo e que torce “para que seja o Brasil”. Indagada se temia a vaia, respondeu: “São ossos do ofício”. A presidente chegou a falar com o seu alter ego oficioso, a tal “Dilma Bolada”.

Dilma comentou a lesão do craque brasileiro em tons patrióticos: “A dor do Neymar, ao ser atingido, feriu o coração de todos os brasileiros. O Neymar está aí, mesmo ferido, querendo jogar. É um guerreiro. O exemplo de resistência do Neymar vai fortalecer a Seleção. Fazê-la se superar”.

A governanta teve tempo também de esconjurar os urubus, provocada por uma “leitora”, claro!, segundo quem a realização do Mundial no Brasil é uma “belezura, contra tanto urubu agourento no caminho”. Dilma, então, respondeu: “Belezura mesmo! Azar dos urubus!”

Urubus, é? Eles me lembram os mascarados de negro que saíram por aí barbarizando as cidades. E isso também me remete a fatos notáveis: enquanto a polícia de São Paulo combatia os black blocs, Gilberto Carvalho negociava com eles. Quem bateu papo com os urubus foi o ministro de Dilma Rousseff.

De resto, “É TOIS”, sim! E “TOIS”, no caso, representa a nação brasileira, não a tentativa canhestra do poder de manipular a torcida.

Por Reinaldo Azevedo

 

Ao não punir Zúñiga, Fifa toma decisão politiqueira para tentar se afastar de politicagem em curso no Brasil. Está tudo errado!

Mundo afora, gostamos de futebol apesar da Fifa, não por causa dela. A entidade não viu nada de errado — além de uma faltinha, que não mereceu nem cartão amarelo — na joelhada que Zúñiga deu nas costas de Neymar, que lhe fraturou uma vértebra. É uma decisão indecente. Isso quer dizer que a Fifa considera que o colombiano estava apenas disputando a bola, mas o fez cometendo um pequeno deslize, como uma das faltas corriqueiras habitualmente cometidas por jogadores. Não pesou na avaliação nem mesmo o comportamento do próprio Zúñiga, que já havia atingido o joelho de Hulk de forma obviamente dolosa, falta digna de cartão amarelo. Ou por outra: o rapaz estava menos interessado em jogar futebol do que em tirar adversários do campo.

É impressionante que tal decisão tenha sido tomada. Repito o que disse aqui no primeiro dia: achei justa a punição ao uruguaio Suárez, até por causa da reincidência. Futebol não se joga com os dentes. Fim de papo. Quando, no entanto, não se pune um Zúñiga, está-se a afirmar que quebrar a coluna de um adversário está no rol das possibilidades legítimas. Quem quer que reveja o lance não tem o direito de desconfiar da má intenção do jogador, a menos que o mal-intencionado seja o observador.

A Seleção Brasileira está pagando o preço pela excessiva politização da Copa, promovida tanto pelo lulo-petismo como pelos extremistas cretinos que lançaram a campanha “Não vai ter Copa”. A teoria conspiratória de que o Brasil teria comprado o resultado “pegou”. Comenta-se isso no Brasil e mundo afora. A exemplo de toda teoria conspiratória, quanto menos evidências há, mais convictos seus adeptos se mostram. O principal jogador do Brasil poderia, a esta altura, estar com a carreira encerrada; com um pouco menos de sorte, poderia sofrer graves limitações para sempre. Ainda assim, permanece essa bobagem de “resultados comprados”.

Havia a suspeita desde sempre em razão de sete anos de discurso tão patrioteiro como ineficaz. A incompetência oficial se encarregou de não entregar as obras de mobilidade prometidas. Fez-se apenas o essencial para garantir a realização do torneio em si, um espetáculo que depende pouco da eficiência do governo, felizmente! Mas a população percebe o esforço do governo de se apropriar do que não lhe pertence. A suspeita de muita gente nasce dessa tentativa de manipular não os jogos — que isso o governo não pode fazer —, mas de manipular as esperanças e a torcida dos brasileiros. Aquele pênalti patético cavado por Fred, no jogo de estreia do Brasil contra a Croácia, conferiu verossimilhança a uma suspeição infundada.

É fácil avaliar a justeza ou não da decisão da Fifa. A Seleção Brasileira passou para a fase seguinte e não contará com Neymar. Caso os colombianos tivessem vencido, Zúñiga estaria em campo amanhã, pronto para quebrar um alemão. Mandaram-me um texto cretino afirmando que isso decorre do machismo no futebol: “morder” seria uma atitude meio afeminada; já quebrar a coluna do outro seria coisa de macho… É uma bobagem! A Fifa nunca puniu as patoladas em campo — sim, as próprias: meter as mãos nos países baixos alheios, o que ocorre com frequência em campo. Não parece ser exatamente uma atitude de macho. Vai ver a entidade ainda não definiu se aquele que tem o equipamento averiguado deve se ofender ou se orgulhar…

A decisão da entidade máxima do futebol é ridícula e, se querem saber, é mais política do que técnica. Também a Fifa percebeu que existem espertalhões tentando usar a Copa do Mundo para fazer política e está tentando se manter longe dessa exploração vigarista. E aí toma uma decisão estúpida como essa. Ou por outra: responde à politicagem com politicagem.

Por Reinaldo Azevedo

 

Brasil

Lanche de ouro

Preços absurdos

Preços absurdos

Os preços nas lanchonetes de boa parte dos aeroportos do país continuam inibindo até os donos das carteiras mais gordas. No Santos Dumont, no Rio de Janeiro, por exemplo, o sujeito chega a pagar absurdos 16 reais por um café e dois pães de queijo.

Por Lauro Jardim

 

Pô, ministro Joaquim Barbosa! Assim não dá!

Joaquim Barbosa, presidente do STF, pediu o adiamento de sua aposentadoria, agora para o dia 6 de agosto. Isso depois de ter feito o discurso de despedida e afirmado o seu apreço pela institucionalidade.

A justificativa para o adiamento é que não estaria havendo tempo hábil para fazer a transição para a equipe de Ricardo Lewandowski, vice-presidente do tribunal, que assumirá o posto tão logo o presidente renuncie.

Não é assim que se fazem as coisas. Ponto final. A instância máxima do Poder Judiciário não é uma casa na qual se entre e da qual se possa sair a depender de conveniências, sejam elas quais forem.

Quando Barbosa se despediu, escrevi aqui o que me agradava e o que não agradava na sua atuação. E o seu temperamento, obviamente, é seu ponto vulnerável. Ele tem ainda certa vocação para se mostrar altaneiro em assuntos para ele irrelevantes, mas que são relevantes para o país.

Digamos que as razões do adiamento sejam apenas essas alegadas, as tais dificuldades técnicas. Pergunta-se então: Barbosa descobriu isso apenas agora? Conhecia tão pouco a rotina do tribunal que não pensou no assunto? Anunciou uma data do nada? Convenham: dá para ter a certeza de que não é assim que se faz.

Aliás, para um desafeto de Lewandowski, até que Barbosa lhe será bastante generoso. Tivesse preparado a sua saída ou esperado um pouco mais, a eleição seria feita no prazo certo — eleição meramente homologatória —, e o atual vice-presidente assumiria a presidência no prazo certo: em novembro.

Da forma como fez, acabará dando a Lewandowski mais do que os dois anos regulamentares de mandato. Convenham: o ministro Joaquim Barbosa não precisava dessa trapalhada toda na saída. Como decidiu antecipar por um tempo razoável a sua aposentadoria — poderia permanecer no tribunal até 2024 —, tinha tempo de sobra para planejar a saída sem ficar gerando marolas.

Mais uma vez, o seu temperamento faz sombra na trajetória do profissional. Lamenta-se que assim seja. Barbosa deveria ter prestado mais atenção a seu próprio discurso e prezar um pouquinho mais a institucionalidade. Só para constar: nada muda no que respeita ao processo do mensalão. À relatoria deste, ele já renunciou, e o caso segue com o ministro Roberto Barroso.

Por Reinaldo Azevedo

 

O diabo volta a dar as cartas nos territórios palestinos. Ou: Três judeus assassinados não valem metade da tinta e dos caracteres gastos com o assassinato de um palestino. Essa perversão moral gera ainda mais cadáveres

Os criminosos que sequestraram e mataram o garoto palestino Mohamed Abu Khder poderiam fazer parte, deixem-me ver, do grupo de agitação e propaganda do Hamas. Por que afirmo isso? A notícia, como pode constatar qualquer leitor, serviu para tirar do noticiário o assassinato, não menos brutal, de três jovens judeus: Naftali Fraenkel, Gil-Ad Shaer e Eyal Yifrah. Usem, se quiserem, uma régua, um contador de caracteres, o que for: não se dedicou aos judeus assassinados nem metade da tinta e dos caracteres empregados para tratar do assassinato do rapaz palestino. Por que é assim? Porque um cadáver árabe serve ao proselitismo politicamente conveniente e está afinado com as milícias de opinião anti-Israel que dominam a imprensa ocidental. Já o assassinato de judeus, especialmente se oriundos de assentamentos, parece, no limite, aceitável, como se fosse uma ação compreensível da resistência palestina.

A reação de um lado e a de outro também nos dizem alguma coisa do ponto de vista moral. Israel foi à caça dos assassinos de Mohamed Abu Khder e prendeu seis suspeitos. Três deles, informa a imprensa internacional, confessaram o assassinato. A própria polícia admitiu, antes mesmo de chegar aos responsáveis, que tudo indicava que o crime era uma resposta estúpida e inaceitável ao assassinato dos três adolescentes judeus. Milhares de israelenses compareceram ao velório dos três, mas não houve ações violentas, nada!

E a reação dos palestinos, estimulada pelo Hamas e, ainda que de modo mais brando, pela Autoridade Palestina? Houve protestos violentos e enfrentamento das forças de segurança. Vimos, com toda a força, o ressurgimento do que eu chamo de “Iconografia do Martírio”, com a exposição pública do cadáver, exibido quase como um troféu, no ato sempre indecoroso de glorificação da morte, que serve ao discurso da suposta resistência.

O governo de Israel está longe de ser o meu predileto; não creio que algumas ações de Benjamin Netanyahu e de outros ainda mais radicais do que ele concorram para a paz. Mas eu pergunto onde estavam as vozes, então, sensatas e brandas, que não censuraram Mahmoud Abbas quando este fez o acordo com o Hamas, que não se comprometeu em suspender, nem mesmo temporariamente, os ataques a Israel. Quando os corpos dos adolescentes judeus foram encontrados, a imprensa ocidental logo antecipou o tal “risco de uma nova intifada”.

Ora, nem mesmo se prestava atenção ao fato de que uma “nova intifada” apontava para a possibilidade de uma reação palestina. Mas esperem: no caso, o agredido era o estado de Israel!!! Mas quê… Os “analistas” preferiram chamar a atenção para a possibilidade de reação do agressor. Nota: o Hamas não condenou o ataque. Ao contrário até: veio a público para ameaçar Israel.

Os terroristas sabem como fazer a coisa, ou não sustentariam por tanto tempo essa guerra. O Hamas só se mantém no poder na Faixa de Gaza impondo o terror à população, descontente com a sua gestão. Era preciso reavivar o ódio contra o “inimigo”. Matar três jovens, naquelas circunstâncias, significava atrair uma necessária resposta de Israel — e ela veio — e uma eventual retaliação de extremistas, que veio também.

Pronto! O Hamas está feliz. O diabo reassume o poder nos territórios palestinos, e o sangue dos inocentes volta a irrigar a causa dos terroristas.

Por Reinaldo Azevedo

 

O primeiro dia de campanha: Aécio em SP; Campos em Ceilândia e Dilma no Palácio

A campanha eleitoral para a Presidência da República já começou, ainda que em ritmo lento. Nem poderia ser diferente. O coração da nação agora está em outro lugar. Se a Seleção Brasileira passar nesta terça pela da Alemanha, aí só pensaremos no domingo seguinte. Depois haverá alguns dias ou de festejos ou de luto, vamos ver. A segunda quinzena ainda é de férias escolares. A eleição começará a frequentar as preocupações dos brasileiros em agosto. E com mais clareza a partir do dia 19, quando tem início o horário eleitoral gratuito. Neste domingo, os candidatos se mexeram um pouco.

O tucano Aécio Neves esteve na abertura do 17º Festival do Japão, em São Paulo. Estava acompanhado do governador Geraldo Alckmin; do candidato a vice na sua chapa, senador Aloysio Nunes Ferreira; e de José Serra, que disputa o Senado. Quem organizou a visita foi o vereador Andrea Matarazzo, coordenador da campanha do PSDB no Estado. Havia ali a evidência da unidade tucana em terras paulistas, coisa na qual muita gente, especialmente os petistas, não apostava.

Aécio detectou, e com razão, um movimento do Palácio do Planalto e do PT para tentar se apropriar da Copa. Afirmou: “Alguns acham que podem confundir Copa do Mundo com eleição. Não, o brasileiro está suficientemente maduro para perceber que são coisas diferentes. Falo isso porque vejo uma tentativa de certa apropriação desses eventos para o campo político”. Dilma tem criticado o que chama de “pessimistas”, que apostariam no fiasco no torneio no país e tem tentando vincular essa pregação à oposição. Em resposta, o senador mineiro tem dito que “o Brasil vai vencer no campo e nas urnas”. Aécio afirmou ainda: “Da minha parte, jamais permitirei que queiram dividir o Brasil entre nós e eles. Campanha, para mim, não é guerra”.

Eduardo Campos, do PSB, acompanhado de Marina Silva, visitou a comunidade Sol Nascente, na cidade- satélite de Ceilândia, no Distrito Federal. Ela disputa com a Rocinha, no Rio, o título de a maior favela do Brasil. Ao lado de montanhas de lixo nas vielas, o candidato discursou: “Não se pode admitir que, a 35 quilômetros do Palácio do Planalto, em um Estado governado pelo mesmo partido que o governo federal, você ande em uma comunidade que nem sequer tem o lixo retirado das ruas. Não deveriam nem disputar a eleição; deveriam ter a humildade de dizer que fracassaram”. Ele se referia, claro!, ao PT, que governa o Brasil e também o Distrito Federal.

À diferença dos dois adversários, Dilma preferiu ficar em casa neste domingo. O seu pronunciamento foi virtual. Na sua página oficial de campanha, apareceu a seguinte postagem: “Ao contrário do que pensam alguns, acho que esta vai ser uma das campanhas mais politizadas da nossa história. Espero que essa politização se dê em torno da discussão das grandes reformas que o Brasil precisa fazer para caminhar melhor e mais rápido (…). Quero renovar meu compromisso de fazer uma campanha de alto nível (…). Para mim, essa campanha é apenas uma etapa da luta incessante que nós, no PT e partidos aliados, estamos fazendo para mudar para melhor o Brasil.”

Parece que o PT vai tentar emplacar o discurso da renovação. Não deixa de ser curioso. Afinal, está no 12º ano de governo e, até agora, não fez reforma nenhuma — e até chegou a tratar o tema com certo desdém. Não custa lembrar que a questão considerada central pelo petismo é a reforma política, com financiamento público de campanha. Dilma deve abraçar a tese do plebiscito para tentar viabilizar as mudanças.

Por Reinaldo Azevedo

 

Juros de empréstimos para obras de estádios pagariam dois Itaquerões

Por Dimmi Amora, naVEJA.com:
Assim que o apito final soar no Maracanã no próximo domingo (13), a maior parte da fatura da Copa começa a ser cobrada de Estados, empresas e clubes de futebol que se endividaram para construir ou reformar os estádios usados durante o Mundial. O carnê é caro. Para garantir arenas com o padrão Fifa, os responsáveis pelas obras pegaram emprestados R$ 4,3 bilhões de bancos públicos e de um fundo de desenvolvimento regional. O valor total do financiamento chegará a R$ 6,7 bilhões, considerando os juros que serão cobrados nos próximos 13 anos.

A estimativa de gastos com juros — R$ 2,4 bilhões — foi feita a pedido da Folha por Jorge Augustowski, diretor-executivo de economia da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), com base na cópia dos contratos disponíveis na página da Transparência do governo federal na internet. Com esse dinheiro, seria possível construir duas arenas como o Itaquerão.

Dos 12 estádios usados durante o torneio, 11 tiveram suas obras bancadas, em parte, com o dinheiro emprestado pelos bancos. Apenas o Mané Garrincha, o mais caro (R$ 1,4 bilhão), foi erguido usando somente recursos do caixa do Distrito Federal. No total, os 11 estádios custaram R$ 7,1 bilhões. Nessa conta está incluído o custo dos juros de quatro arenas. O dinheiro dos primeiros empréstimos começou a ser liberado em 2011. Como os contratos previam carência de dois a três anos (prazo para o início do pagamento), as prestações só começaram a ser cobradas neste ano. Para os que bateram na porta dos bancos mais tarde — como Corinthians, Internacional e Atlético Paranaense —, a conta só começará a ser cobrada em 2015.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

PT recorre para manter Luiz Moura, aquele que se encontrou com membros do PCC, fora das eleições

Por Felipe Frazão, na VEJA.com:
O PT vai recorrer ao Tribunal de Justiça de São Paulo para deixar o deputado estadual Luiz Moura fora das eleições de outubro. O setor jurídico do partido ingressará, nesta segunda-feira, com um agravo de instrumento no tribunal para derrubar os efeitos da liminar favorável a Moura, por meio da qual o deputado tentará concorrer a um novo mandato na Assembleia Legislativa do Estado.

Neste sábado, último dia para o registro de candidaturas, a defesa de Moura anulou na Justiça comum a convenção estadual do partido que definiu os candidatos ao Legislativo nos dias 14 e 15 de junho. Moura não pode disputar uma legenda no encontro porque havia sido suspenso do partido no dia 2 de junho. O PT decidira abrir processo disciplinar contra o parlamentar, após vir a público a informação de que ele tinha sido flagrado pela Polícia Civil, em março, em uma reunião da qual participaram dezoito criminosos do Primeiro Comando da Capital (PCC). Moura também conseguiu anular a penalidade, por decisão do juiz Fernando Oliveira Camargo, no plantão cível.

Luiz Moura alega que não teve direito a defesa ampla quando foi suspenso pela Comissão Executiva – o que o partido contesta. Os advogados do PT paulista vão argumentar no recurso que a sigla já tomou uma decisão interna de não conceder a legenda para que Moura dispute as eleições neste ano. O PT quer blindar a candidatura do ex-ministro Alexandre Padilha (Saúde) ao governo do Estado de vínculos com Luiz Moura.

Por Reinaldo Azevedo

 

Dilma fez festival de fisiologismo para conseguir aliados, diz Aloysio Nunes, vice de Aécio

Por Laryssa Borges, na VEJA.com:
Com capital de 11 milhões de votos na última eleição para o Senado, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) foi escolhido candidato a vice-presidente na chapa do mineiro Aécio Neves após dar mostras de que pode aproximar aliados do ex-governador José Serra e reunir prefeitos e militantes no maior colégio eleitoral do Brasil – 32 milhões de votos. Ex-guerrilheiro nos anos da ditadura militar, época em que adotava o codinome Mateus, Aloysio afirma que a presidente Dilma Rousseff “dilapidou o capital político imenso que tinha”, mas ainda assim prevê uma “campanha dura” contra o PT. O tucano afirma que a petista “raspou o fundo do tacho da fisiologia”, loteando o governo a aliados para conseguir maior tempo de propaganda eleitoral na televisão. “Houve um festival escancarado de fisiologismo patrocinado pela presidente Dilma”, afirma. Leia a entrevista ao site de VEJA.

As pesquisas mostram que os eleitores querem mudança, mas não a associam a nenhum candidato. Por que o senador Aécio Neves seria essa mudança?
Fernando Henrique cumpriu uma etapa muito importante da construção do Brasil moderno com o combate e a derrota da hiperinflação e com a estabilidade da moeda. Lula preservou os fundamentos da estabilidade que recebeu e colocou o tema da igualdade e de combate à miséria absoluta no centro da agenda política. A presidente Dilma, que tinha tudo pra dar um passo adiante, não deu. Nem na infraestrutura, nem na reforma da administração, na mudança dos costumes políticos. É uma gestão errática na economia, que chega a colocar em risco uma das maiores conquistas do brasileiro, que é o controle da inflação. O senador Aécio representa uma perspectiva de mudança com essa pasmaceira e com essa mediocridade porque tem talento político, capacidade administrativa amplamente demonstrada à frente do governo de Minas Gerais e tem uma sustentação política muito forte para enfrentar esses problemas.

Qual sua principal contribuição como vice de Aécio?
A experiência política acumulada ao longo do tempo me propiciou uma rede de relações muito ampla no PSDB e nos demais partidos que integram nossa coligação. Posso ajudar o coordenador geral da campanha na articulação política, ocupar papel na comunicação da campanha e com o Congresso. Vou continuar na liderança do partido e a tribuna parlamentar poderá ser usada para defender a campanha quando considerar importante. Em São Paulo, minha principal função será ativar, estimular e engajar uma rede muito ampla de agentes políticos espalhados pelo Estado, pela região metropolitana, pelo interior.

PT e PSDB polarizam as eleições presidenciais há anos. Há o risco de o eleitor sentir que o país anda em círculos?
Não. Quando decide seu voto, a motivação partidária não é predominante. O eleitor escolhe o candidato. O eleitor quer saber o que ele vai ganhar, o que vai ter de bom e de novo com o candidato que escolhe. Eu não vejo o que a presidente Dilma pode propor de bom e de novo, sobretudo tendo em vista o retrospecto do governo dela. Que coelho ela vai tirar da sua cartola? Dilma desperdiçou uma oportunidade e dilapidou o capital político imenso que ela tinha.

A pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira mostra que a presidente tem mais pontos em todos grupos etários, na maioria das regiões, entre eleitores com diferentes graus de escolaridade.
O clima da Copa do Mundo, de congraçamento e de união, está presente no noticiário, na publicidade, até em anúncio de sabonete. É um clima muito propício e isso ajuda a melhorar o humor do eleitor. Ao mesmo tempo, a oposição também tem crescido e a diferença entre Dilma e Aécio na projeção do segundo turno vai diminuindo. Isso quer dizer que a campanha não será um passeio ou um caminho coberto de pétalas de rosas. Pelo contrário, vai ser uma campanha dura, difícil e o PT tem muitos ativos a favor deles, especialmente a máquina pública, e não hesitará em fazer o diabo para ganhar as eleições.

O PSDB negociou com vários partidos em busca de alianças e tempo de TV. Hoje os partidos de oposição no Brasil são satélites do PSDB?
Não, são parceiros. O Democratas e o Solidariedade tiveram papel fundamental nessa tessitura de alianças em todos os Estados e vão dar sustentação política muito forte à candidatura do Aécio. Na hora em que as infantarias entrarem em campo, serão milhares de candidatos a deputado estadual, deputado federal e prefeitos que vão se mobilizar. Isso vale muito mais que o tempo de TV. A aliança do PSDB é sólida, ao contrário da Dilma, que raspou o fundo do tacho da fisiologia, entregando tudo que era possível entregar e até o impossível, o que não se deveria entregar. No caso do Ministério dos Transportes, pela primeira vez um ministro é demitido porque é muito bom, é sério, é correto, porque não atende os interesses do partido. Houve um festival escancarado de fisiologismo patrocinado pela presidente Dilma.

O PSDB fez aliança com o PSB em São Paulo, com PMDB no Nordeste, mas ambos partidos serão rivais na disputa nacional
Isso mostra a força da realidade local nas eleições e revela um fenômeno, que já foi constatado no plano nacional, que é a desagregação do bloco político de sustentação do atual governo. Há sinais muito evidentes dessa desagregação: a saída do PSB com uma candidatura de oposição, o PTB, que era governista, decidindo apoiar a candidatura de Aécio. Os políticos sentem o cheiro do vento, têm sensibilidade e sabem para onde está indo o movimento profundo da opinião pública.

Nessas eleições, a internet terá um papel importante para a difusão de propostas, mas também vai possibilitar a proliferação de boatos. Como lidar com isso?
Essa boataria suja circula em um ambiente fechado. Quem frequenta esses blogs notoriamente mercenários do PT já tende a dar curso a esse tipo de coisa. As redes sociais serão mais importantes para a difusão de propostas e para esclarecer dúvidas. A xingação se esgota em um circuito fechado e não creio que vá muito além disso.

Qual o principal problema do governo Dilma?
A economia é o principal fator de desgaste do governo, com a volta da inflação sobretudo nos gêneros de consumo popular. Há também o crescimento baixo, que redunda em uma menor perspectiva de empregos de boa qualidade, em endividamento das pessoas. Isso o povo sente e é resultado de uma gestão muito ruim da economia. Mas também existem esqueletos aí prontos para estourar, como o descontrole das contas públicas e o aumento das despesas correntes.

O senhor é contrário à criminalização do aborto e do usuário de drogas e a favor da rediscussão da maioridade penal. Esses temas são recorrentes nas campanhas políticas. Como acredita que se dará esse debate nestas eleições?
Não temos uma unidade política em relação a muitos desses temas. Em muitos países, questões como essas foram decididas por plebiscito porque são temas que dividem verticalmente o sistema político. É uma questão mais de valores fundamentais do que um tema de cunho partidário e não creio que isso deva ser objeto de campanha. Em relação a drogas, o que deve ser discutido é a maneira de tratar o usuário e a forma mais eficiente de se combater o tráfico. O importante é como diminuir a demanda por drogas a partir de campanhas educativas, de mostrar que droga é uma droga e como tratar a pessoa que é vítima dessa doença. No caso do aborto, respeito as objeções morais, religiosas e até constitucionais, mas há um fato humano que precisa ser levado em conta. A mulher que decide interromper a gravidez já passa por um sofrimento muito grande e acho que seria cruel, desumano e ineficaz submetê-la a mais um castigo, o castigo da lei penal. O Aécio tem uma posição diferente da minha. Esses temas são mesmo uma questão pessoal.

No ano passado, o senhor disse que o cargo de vice-presidente é obsoleto. O que mudou?
A minha vocação fundamental em matéria de atividade política é uma vocação parlamentar, mas considero que essa candidatura é um desdobramento de toda a minha trajetória política nesses mais de trinta anos. Em todo caso, acho que a questão do vice precisa ser revista. Há outras opções para substituição, mas enquanto o cargo continua quero exercê-lo na plenitude, com dignidade e ajudando o presidente na medida das minhas forças e das minhas capacidades.

O senhor teve o nome citado no caso que apura formação de cartel e corrupção no metrô e em trens de São Paulo. Acha que esse assunto será explorado na campanha pelos adversários?
Não existe investigação em relação a mim. Houve uma citação [do ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer, delator do esquema]. Esse tema do metrô e dos trens está sendo investigado por iniciativa do governo de São Paulo. Existem pessoas com denúncia e com contas bloqueadas. As providências de investigação estão sendo tomadas. Se explorar em programa de TV é coisa do jogo sujo, porque não tem o que explorar. Assim como não tem que se explorar o mensalão, que já foi julgado. A Justiça foi feita e os condenados já estão cumprindo pena. Os efeitos desse episódio já se produziram, e o PT já não pode ter a pretensão de ser monopolista da ética e da virtude.

Por Reinaldo Azevedo

 

Direto ao Ponto

Dilma socorre vítimas de inundações com a invenção do bote militar de fibra ótica

“Queria dizer o seguinte”, recitou Dilma Rousseff em 17 de junho, no interior do Paraná, a senha que anuncia o começo de mais uma incursão do neurônio solitário pela selva das vogais e consoantes. Depois de sobrevoar a região castigada por inundações, a presidente baixara em União da Vitória para protagonizar a farsa reprisada a cada temporal de bom tamanho: a supergerente jura que vai fazer no ano que vem as obras de prevenção de enchentes que prometeu para o ano passado.

A continuação do palavrório avisou que Dilma mudara o script para comunicar que iria remediar o que poderia ter evitado: “Primeiro, no caso da… da situação… e da… do apoio do Exército e das Forças Armadas, quer dizer, é muito importante na hora… é… não… principalmente na hora do socorro, né? Na hora de você impedir que as pessoas tenham… as pessoas que foram atingidas, que por acaso não conseguem, tão isoladas num edifício e tal, na sua casa, elas possam sair”.

Em seguida, com a mão direita empunhando uma caneta e a esquerda folheando nervosamente um gordo papelório, a oradora decolou rumo à revelação espantosa: “Mas… outra coisa que é importante na atuação do Exército, eu gostaria de dizê, é a disposição de equipamentos. Então o Exército tem aqui caminhões de cinco toneladas, tem botes pneumáticos e o que eles chamam de pontões, que é um bote de fibra ótica”. Isso mesmo: fibra ótica.

Os dicionários garantem que “fibra ótica é um filamento flexível e muito fino (da espessura de um fio de cabelo), constituída por um vidro ótico puro, plástico ou outro isolante eléctrico, sendo o seu principal objectivo permitir a transmissão de informação digital e sinais de luzes ao longo de grandes distâncias”. No Brasil Maravilha, sabe-se agora, tal material se presta à fabricação de moderníssimas embarcações militares.

“A imprensa nunca publica com destaque o que o governo faz de bom”, voltou a queixar-se Lula neste fim de semana. “Parece que só notícia ruim pode ser manchete”. Faz sentido, sugerem as edições dos principais diários do país datadas de 18 de junho de 2014. O Estadão, por exemplo, reservou o alto da primeira página à situação falimentar da Argentina. A Folha noticiou na manchete que o ministro Joaquim Barbosa se afastara de vez do julgamento do mensalão.  O Globodestacou o clima de pessimismo decorrente do mau desempenho da Seleção.

Nenhum dos três jornais valorizou adequadamente o que ocorrera na véspera: no interior do Paraná, a presidente da República patenteou a invenção do bote de fibra ótica. Se isso aconteceu, é uma candidata e tanto à reeleição. Se só ampliou a coleção de maluquices e fantasias, é candidata a uma camisa-de-força. Em qualquer hipótese, a performance de Dilma no vídeo abaixo merecia manchete.

(por Augusto Nunes)

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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1 comentário

  • Sebastião Ferreira Santos Fátima do Sul - MS

    Como consegue ser tão ridícula essa velha, como o brasileiro consegue votar num trastes desses????

    0