Lula nem desconfiou que havia uma Alemanha no meio do caminho: ‘Como tá boa a Copa do Mundo, gente do céu!’

Publicado em 09/07/2014 09:52 e atualizado em 11/08/2014 10:45
no blog de Augusto Nunes + Lauro Jardim + Rodrigo Constantino, em veja.com.br

O Lula do vídeo nem desconfiou que havia uma Alemanha no meio do caminho: ‘Como tá boa a Copa do Mundo, gente do céu!’

Excitado com a chegada do Brasil às oitavas de final, anabolizado pelo almoço em que matou a sede, Lula aproveitou o comício em Curitiba para fazer da Copa da Roubalheira um instrumento de caça ao voto. O vídeo registra o trecho em que o palanque ambulante, neste 3 de julho, propõe que a Fifa transforme numa Copa sem Fim o Mundial disputado a cada quatro anos:

“Ai gente, como tá boa a Copa do Mundo, gente do céu! A gente não vê mais aqueles programas da tarde, que morre gente toda hora, não vê mais, puta merda, como era bom ter jogo à uma, ter jogo às quatro, o povo tá mais bem humorado, ó a cara de vocês como é que tá, mais feliz…puta merda, porque tem programa que a gente assiste, dá vontade da gente sair de casa, se trancar embaixo do cobertor e ficar lá”.

O embusteiro vocacional não desconfiou que havia uma Alemanha no meio do caminho. Nem poderia imaginar que o carnaval temporão seria bruscamente interrompido por 7 a 1. Na tarde em que o Brasil disputará com a Argentina ou a Holanda um improvável terceiro lugar, vai ficar trancado em casa, escondido sob o cobertor. E talvez troque palavrões por orações.

Se cumprir a promessa de ver a final no Maracanã, Dilma poderá medir a taxa nacional de felicidade com a reprise da frase que abre o falatório de Lula: “Ai gente, como foi boa a Copa do Mundo, gente do céu!” Estará no lucro se escapar do coro que ouviu no Itaquerão. Mas a vaia será mais estrondosa que a goleada que encerrou o Carnaval temporão no Brasil Maravilha.

(por Augusto Nunes)

 

Governo

Agenda de Dilma para hoje: em branco

Dilma: não vai ter agenda

Dilma: não vai ter agenda

Nada consta para o dia de hoje na página do site do Palácio do Planalto em que a agenda de Dilma Rousseff é divulgada.

Não se sabe se Dilma cancelou o que estava programado ou se os responsáveis pela agenda e pelo site estão atordoados até agora com a pancada de ontem na Copa.

Por Lauro Jardim

 

A goleada vergonhosa confirmou que, sem Neymar, o time de Felipão não é muito melhor que a seleção das Ilhas Malvinas

Ninguém previu uma goleada tão vergonhosa, mas a derrota nada tem de surpreendente. “A Seleção é uma caricatura do time que venceu a Copa das Confederações”, constatou o título do texto aqui publicado em 27 de junho. O otimismo decorrente do primeiro tempo contra a Colômbia desfez-se a quatro minutos do fim do jogo, quando uma agressão pelas costas expulsou da Copa o único cracaço em campo. Depois do traumático confronto com a Alemanha, depois desse obsceno 7 a 1, a nação que ganhou cinco vezes a Copa do Mundo perdeu o direito de apresentar-se ao mundo como o País do Futebol. Não pode usar tal codinome um Brasil incapaz de meter medo numa seleção das Ilhas Malvinas.

Confira o post. Volto em seguida.

Nos quatro jogos da Copa do Mundo, a Seleção foi uma caricatura do time que venceu, merecidamente, a Copa das Confederações. Os nomes do técnico e dos titulares não mudaram. Mas a indigente vitória contra o Chile, outro evento de alto risco para torcedores cardiopatas, reforçou a suspeita de que, passados 12 meses, quase todos se transformaram em sósias de si mesmos. As exceções são Neymar, Thiago Silva e Luis Gustavo. A performance na decisão por pênaltis pode devolver a Júlio César a antiga autoconfiança e acabar por incluí-lo nessa reduzida tropa de elite.

Há um ano, Felipão comandou uma equipe suficientemente ágil, entrosada e corajosa para meter medo em qualquer adversário. Júlio César, Daniel Alves, Thiago Silva, David Luís e Marcelo sabiam sair jogando, fechar espaços, desarmar e, eventualmente, aparecer na grande área adversária. Luis Gustavo, Paulinho e Oscar protegiam a retaguarda, dominavam o meio de campo e abasteciam com passes em profundidade um ataque que, além de finalizar com frequência e eficácia, também marcava a saída de bola. Hulk se multiplicava nos dois lados do gramado, Fred fazia gols. E Neymar reiterava a cada partida que logo seria o melhor do mundo.

Um ano depois, o padrão de jogo sumiu e não há vestígios de combinações táticas. O repertório da família Scolari é diminuto e bisonho. O goleiro coleciona chutões para a frente, os zagueiros insistem em ligações diretas, os encarregados da armação se escondem ou trocam passes miúdos, o centroavante marca quem deveria marcá-lo, as jogadas de ataque se limitam a cruzamentos sobre a área ou investidas individuais natimortas.

Cumpre a Neymar compensar tantas deficiências com momentos luminosos, lances mágicos e gols de placa. Foi o que fez  durante a fase eliminatória. Neste sábado não deu. Além de estreitamente vigiado por dois ou três chilenos, o dono da camisa 10 passou 120 minutos sozinho (enquanto Fred se arrastou em campo) ou mal acompanhado pelo inverossímil Jô. Também lhe coube a cobrança do último pênalti. Haja dependência.

Neymar é genial. Mas tem apenas 22 anos. Não merece conquistar a Copa um bando de marmanjos, quase todos com larga milhagem internacional, que transfere para um garoto a missão de carregar o Brasil nas costas.

Que Maracanazo, que nada. O Massacre do Mineirão foi infinitamente mais humilhante que a derrota na final da Copa de 1950. Há 64 anos, o Uruguai lutou bravamente para vencer por 2 a 1. Nesta quarta-feira, a Alemanha passeou em campo e só não chegou aos dois dígitos por misericórdia. Na história do futebol brasileiro, 8 de Julho de 2014 será lembrado para sempre como o Dia da Vergonha.

É esse time, com esse técnico, que vai disputar o terceiro lugar com a Argentina ou a Holanda. O calvário ainda não chegou ao fim. Oremos.

(por Augusto Nunes)

 

Política

Metáforas futebolísticas

Esse atacante só dá chute fora!

Clima de Copa do Mundo, dia de jogo do Brasil, resolvi resgatar um artigo que faz parte do meu livro Estrela Cadente: As contradições e trapalhadas do PT, de 2005. Como fica claro, o alerta de Baltasar Grácian continua válido: “A esperança é a grande falsária da verdade”. Tinha fé de que Lula seria derrotado nas urnas após o escândalo do mensalão, mas os eleitores resolveram, ali, jogar no lixo qualquer resquício de ética na política nacional.

Resta-nos, agora, torcer – e trabalhar muito – para que desta vez seja diferente. Uma vez mais temos inúmeros escândalos de corrupção no governo, muita incompetência, a volta da alta inflação mesmo sem crescimento econômico, tendências claramente autoritárias e completo aparelhamento da máquina estatal, ameaçando nossa República democrática. A técnica vai ou não cair com as constantes derrotas do “time” Brasil?

Metáforas futebolísticas

“Depois da tempestade vem a ambulância.” (Vicente Mateus)

É de conhecimento geral o apreço do presidente Lula pelas metáforas futebolísticas. Com bastante frequência Lula faz uso de comparações entre política e futebol. Em discurso em Guarulhos, por exemplo, ele disse que seu governo entrou no “segundo tempo” agora, após ir para o vestiário, e que as perspectivas são mais promissoras em relação ao “primeiro tempo”. Sobre o comércio exterior, disse que “nego pisa na canela mesmo”, como nos clássicos de futebol. Disse ainda que pessimistas sempre existem, como os que vão a campo e, mesmo com o time ganhando de 5 a 0, temem o empate. Já ele, como bom torcedor do Corinthians, diz que “não se abate com as derrotas”, pois é um “homem de fé”. É preciso muita fé mesmo para ignorar os fatos da realidade e ainda apostar na vitória. Os torcedores do Corinthians sabem bem isso!

Talvez seja injusto criticar nosso presidente pelas infindáveis analogias usando o futebol. Afinal, Lula não é muito afeito a leituras mais profundas, e seu campo de conhecimento é bastante limitado. Melhor ficar restrito ao futebol mesmo, para não repetir que o tsunami é um vendaval. Mas que pelo menos o presidente leve em consideração as principais características do futebol, para poder fazer comparações mais acertadas.

Por exemplo: no futebol, as regras são definidas antes da partida, e jamais podem ser alteradas durante o jogo. Elas são simples, impessoais, objetivas, e valem para todos os jogadores, de forma isonômica. O árbitro apenas aplica estas regras, não tendo como objetivo alterar o resultado da partida. Comparemos isso com as leis brasileiras. Estas são complexas, infinitas, mudam o tempo todo durante o “jogo”, pegando desprevinido o indivíduo, e não garantem tratamento isonômico. As leis acabam sendo privadas (privi leges) para cada grupo de interesse. A objetividade dá lugar à subjetividade do juiz, que leva em consideração fatores abstratos e vagos, em nome da “justiça social”, tentando assim controlar o resultado final em vez da manutenção da lei. Seria como se no futebol o Ronaldinho estivesse sujeito à certas regras diferentes, pois é mais rico que o resto. Ou como se o juiz mudasse o tamanho da baliza pois o time mais fraco está perdendo. Ou ainda como se algum jogador negro tivesse privilégios em campo, pela cor da pele. Lula deveria refletir sobre estas analogias quando defende cotas ou inúmeros privilégios para classes distintas, pregando a “igualdade” dos resultados em vez do império da lei.

E vale lembrar que, diferente do futebol, a economia não é um jogo de soma zero, onde para alguém ganhar, outro tem que perder. Todos podem se beneficiar das trocas no mercado em conjunto, oferecendo suas habilidades específicas em troca de diversos bens e produtos. Um trabalhador que voluntariamente vende sua força de trabalho para uma empresa e recebe um salário, que poderá ser trocado por diversos outros produtos, está com certeza melhor do que se tivesse que lutar sozinho pela sua sobrevivência, caçando, pescando, plantando, fazendo suas roupas etc. As trocas no mercado livre representam o único meio justo de conquista dos bens desejados, sendo a alternativa a espoliação através do roubo ou de leis injustas, que é o mesmo que roubo legalizado.

No futebol, os torcedores bancam os times, através de contribuições voluntárias, indo aos jogos etc. Mesmo com toda a paixão envolvida, que garante o suporte financeiro dos clubes, gestões irresponsáveis podem afundar um time. A maioria dos clubes está falida, pois os gastos foram irresponsáveis, e a corrupção correu solta. A equação tem dois lados: gastos e arrecadação. Não é possível gastar sem ter fonte. E a fonte é escassa, mesmo no futebol, com o desejo do torcedor de contribuir. Já na política, o “contribuinte” é um eufemismo para pagador de impostos. Ninguém paga impostos ao governo incompetente e corrupto por livre e espontânea vontade. Ninguém sustenta a enorme burocracia feliz da vida. Se no futebol, com contribuição voluntária, a revolta popular é grande quando o clube mostra uma administração ineficiente ou roubalheira, em política, com o dinheiro tomado à força, a pressão deveria ser ainda maior. Sorte dos políticos que o brasileiro não se liga muito em política, e é muitas vezes ignorante para calcular a montanha de impostos que paga, assim como saber seu destino real. Os burocratas agradecem…

Uma outra analogia interessante com o futebol que Lula deveria ter em mente é que, quando o time vai mal em algumas partidas, o técnico normalmente cai, pela pressão dos torcedores. Seria bom que o alerta fosse válido para os políticos também. Após tantas medidas irresponsáveis, projetos ineficientes e atrocidades, o “técnico” bem que deveria ser responsabilizado pelo mau desempenho do “time”. Mas Lula fica ileso às críticas e julgamentos, enquanto sua equipe recebe a culpa, quando não fatores exógenos e eternos bodes expiatórios. O time vai mal, os ministros erram o tempo todo, acusações de corrupção vem à tona, mas o presidente parece imune ao fracasso da equipe. Talvez isso mude em 2006. Talvez os “torcedores” resolvam pedir a cabeça do “técnico”. Talvez Lula não seja reeleito. Sou um homem de fé!

Rodrigo Constantino

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Blog Augusto Nunes (VEJA)

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2 comentários

  • João Alves da Fonseca Paracatu - MG

    o Brasil se deu mal na copa por muitas razões,todavia não tenho visto ninguém tocar no essencial,a equipe só viveu de oba oba,marketing,vaidades pessoais e bravatas,analisem a concentração e o objetivismo da Alemanha e mesmo da Argentina e da Holanda e façam a comparação,na equipe brasileira cada qual queria aparecer mais, mostrar penteados,lançar moda,trabalhar mesmo,que é bom, nada,inclui se aí a comissão técnica e os dirigentes... o resultado ? Vexame.

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  • Sebastião Ferreira Santos Fátima do Sul - MS

    O que devemos esperar de um futebol, que tem a interferência de Lula e Dilma que nunca foi à um estádio de futebol!!!!!

    Depois de falirem o Brasil, agora querem também acabar com o futebol...será???

    Analisando bem CUBA também já teve futebol, antes de Fidel. Será que caminhamos para o fim do futebol no Brasil???

    O FUTEBOL É NOSSA MAIOR PAIXÃO, ESTÁ NO NOSSO SANGUE, MAS NOS ÚLTIMOS 12 ANOS OS CLUBES ESTÃO INDO A FALÊNCIA. O QUE SERÁ DE NÓS BRASILEIROS COM O FIM DO FUTEBOL NO BRASIL, APENAS ESCRAVOS DO COMUNISMO???

    MEUS DEUS...ESPERO QUE O POVO BRASILEIRO TENHA ACORDADO!!!!!

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