“Não existe essa coisa de dinheiro público, apenas dinheiro do pagador de impostos”, já dizia Thatcher

Publicado em 08/12/2014 15:13 e atualizado em 11/12/2014 03:49
por Rodrigo Constantino, de veja.com

“Não existe essa coisa de dinheiro público, apenas dinheiro do pagador de impostos”, dizia Thatcher

Margaret Thatcher foi provavelmente a maior estadista que o mundo já teve. Sou fã de sua trajetória, de seu legado, de sua coragem, de sua luta contra o coletivismo e o socialismo. Que falta faz uma Thatcher no mundo atual, com lideranças tão medíocres! E a ex-premier britânica continua extremamente atual.

Vejam, por exemplo, essa breve explicação sobre os “recursos públicos”. Thatcher derruba sem dó nem piedade toda a falácia coletivista que trata o estado como um ente acima dos indivíduos que produz sua riqueza do nada, como se seus recursos caíssem do céu ou brotassem do solo, em vez de serem obtidos por meio da subtração daquilo que cada um produziu por conta própria:

Não é possível ser mais objetiva. E quando vemos o governo Dilma fazendo de tudo para rasgar a Lei de Responsabilidade Fiscal, justamente para poder gastar aquilo que é nosso, para ignorar os limites legais impostos aos governos perdulários, lamentamos profundamente a ausência de uma Thatcher por aqui.

Quem nasce para lagartixa nunca chega a jacaré. Quem não tem cão caça como um gato. E quem não tem Thatcher, vai de Dilma mesmo. Corremos algum risco de dar certo?

Rodrigo Constantino

 

 

Governo japonês revisa PIB para baixo: o fracasso do “Abenomics”?

Quando Shinzo Abe assumiu o governo do Japão e anunciou seu pacote de medidas de estímulo para tirar o país da recessão, houve muitos aplausos mundo afora. Sua política receberia inclusive o apelido de “Abenomics”, algo digno de quem fez a diferença e deixou sua marca, como “Reaganomics”, no caso do ex-presidente americano Ronald Reagan. Mas o “Abenomics” não tinha nada a ver com as medidas do Republicano americano…

Se Reagan focava no lado da oferta, influenciado pela escola conhecida justamente como “Supply Side”, Abe resolveu priorizar o estímulo à demanda. A revista britânica The Economist caracterizou seu programa como um misto de “reflação” com aumento de gastos públicos. Após duas décadas de economia praticamente estagnada, os japoneses decidiram que a saída era imprimir moeda e aumentar gastos públicos.

Se ao menos fosse tão fácil assim… O fato incômodo é que, sem as reformas estruturais que efetivamente aumentem a competitividade da economia japonesa, todo estímulo fiscal e monetário será inócuo na melhor das hipóteses. O resultado acaba sendo a desvalorização da moeda, sem a contrapartida no crescimento econômico. Eis o yen contra o dólar, por exemplo:

Yen. Fonte: Bloomberg

Yen. Fonte: Bloomberg

E parece ser justamente o que está acontecendo. Apesar de esta forte desvalorização da moeda japonesa, o PIB não cresce. O governo japonês revisou para baixo o PIB do terceiro trimestre, uma queda de 1,9%, bem pior do que qualquer estimativa do mercado. O Japão está de volta à recessão, mesmo com todo o estímulo artificial produzido pelo “Abenomics”. A economia não consegue se recuperar de forma alguma:

PIB do Japão. Fonte: Bloomberg

PIB do Japão. Fonte: Bloomberg

Durante algum tempo, o “Abenomics” despertou a esperança de muita gente, especialmente de investidores que acompanham o mercado acionário. O problema é que toda a alta nas ações japonesas era basicamente o resultado da desvalorização da moeda. O gráfico abaixo mostra o índice Nikkei em yen:

Nikkei 225 em moeda local. Fonte: Bloomberg

Nikkei 225 em moeda local. Fonte: Bloomberg

Observar apenas esse indicador pode ser altamente enganoso, passando a percepção de que a economia está se recuperando e as empresas japonesas estão se valorizando por conta do melhor cenário e das boas perspectivas. Mas é apenas ilusão monetária. Quando analisamos o mesmo índice, só que em dólares, a visão é bem diferente:

Nikkei 225 em US$. Fonte: Bloomberg

Nikkei 225 em US$. Fonte: Bloomberg

O que temos é um índice que não consegue decolar há dois anos, praticamente o período do “Abenomics”. O Japão iniciou uma “guerra cambial”, segundo crítica de Jens Weidmann, do Banco Central Europeu. E não conseguiu, com isso, adicionar um ponto percentual de crescimento ao PIB.

O governo japonês possui o maior endividamento do planeta, acima de 200% do PIB. Sua economia conta com sérios entraves estruturais. A competição com a China afetou duramente a indústria japonesa. Qualquer solução para a doença japonesa terá de passar por profundas reformas estruturais, que tornem a iniciativa privada mais competitiva de verdade.

Acreditar que basta ligar a impressora de moeda e aumentar os gastos do governo para estimular a demanda e, com isso, impulsionar a oferta, é uma doce ilusão, uma visão muito ingênua de como a economia funciona. O “Abenomics” aponta para mais um grande fracasso na tentativa de retirar o Japão da crise.

Rodrigo Constantino

 

 

O triplex de Lula no Guarujá: recompensa justa por ajudar os mais pobres!

O “homem do povo” descansando pelo trabalho em prol dos pobres

Conversava outro dia com um amigo sobre a ironia, e ele me dizia que o brasileiro não é capaz de compreender textos irônicos, em geral. Discordei dele, e disse que, para provar meu ponto, escreveria um texto com muita ironia que seria amplamente compreendido. Ele poderá alegar, depois, que um parágrafo introdutório alertando que se trata de ironia não vale, significa roubar no jogo. E ele estará errado, claro! Mas vamos em frente…

Leio hoje a reportagem sobre o apartamento triplex do ex-presidente Lula, que finalmente ficou pronto no Guarujá. A construtora foi a OAS, aquela acima de quaisquer suspeitas cujo sócio chegou ao ranking de bilionários da Forbes de forma meteórica por puro mérito e competência. Obras como a reforma do Maracanã, que por acaso custavam dois estádios novinhos em folha, ajudaram, mas tudo pela eficiência da empresa.

Outro envolvido na construção do prédio em que Lula poderá desfrutar de sua cobertura triplex foi João Vaccari Neto, atualmente tesoureiro do PT. Ele era, à época do contrato, o presidente da cooperativa Bancoop, a responsável pela empreitada. Teve problemas na Justiça por conta dessa cooperativa, e hoje está no epicentro do furacão no esquema do petrolão, acusado de desviar 3% dos investimentos da estatal para seu partido. Tudo intriga da oposição, claro.

Quando juntamos Lula, Vaccari e OAS, claro que teremos só coisa boa. Ninguém tem motivo algum para desconfiar da honestidade dos envolvidos. Por pura sorte, portanto, o prédio com o triplex de Lula ficou pronto, enquanto três mil pessoas aguardam na fila por suas unidades compradas pela Bancoop. O fator sorte sempre foi preponderante na vida de Lula, e é absurdo desconfiar de qualquer favorecimento.

O triplex de Lula está avaliado entre R$ 1,5 e 1,8 milhão, segundo imobiliária especialista na região. Não é a casa oficial do ex-presidente, e sim seu apartamento de veraneio, para degustar das férias e do verão paulista. Justo. Um homem do povo que sempre combateu a ganância alheia, que lutou com afinco para enfrentar o grande capital e distribuir riqueza, um ícone da esquerda igualitária, enfim, tem todo o direito de gozar de seu cantinho humilde agora, como recompensa por seus esforços altruístas.

Gananciosos são os outros! E aqui não serei covarde de me excluir da lista. Mea culpa! Eu trabalhei no mercado financeiro por muitos anos, ambiente extremamente competitivo e ambicioso. Abandonei-o e com isso a chance de ganhar milhões ainda jovem, para fazer o que gosto mais, que é escrever e defender o liberalismo, o capitalismo, a virtude da ganância alheia.

Sim, é verdade que ganho, hoje, bem menos. Mas como não me ver como um ganancioso insensível, quase um porco capitalista? Não tenho um triplex no Guarujá, é verdade. Mas perto de Lula, homem de esquerda, camarada de Fidel Castro (amém!), sinto-me até envergonhado por toda a minha ambição insensível…

Outra coisa que chama a atenção na direita, ou seja, todos que criticam o PT, é o ódio. “O João Vaccari Neto, que está sendo processado por estelionato, é o responsável por esse pesadelo dos associados da cooperativa dos bancários. O mínimo que pode lhe acontecer é a cadeia”, diz Marcos Sérgio Migliaccio, presidente da Associação das Vítimas da Bancoop, que esta semana entregou ao Ministério Público Federal (MPF) um documento relacionando o caso Bancoop com a Lava-Jato.

Por que tanta raiva no coração? Desejar a cadeia como destino de alguém? O PT não é assim. Os petistas querem apenas o bem dos demais, especialmente dos pobres, e por isso acham normal Lula ter conseguido seu triplex enquanto milhares aguardam na fila. É porque Lula é o representante dos pobres. Ele receber seu imóvel significa milhões de pobres recebendo imóveis!

A “cooperativa habitacional dos companheiros do PT”, como a Bancoop é chamada por adversários, foi fundada em 1996 tendo o ministro das Relações Institucionais do governo Dilma Rousseff, Ricardo Berzoini, como diretor técnico, e João Vaccari Neto como diretor do conselho fiscal. Nos anos 2000, passou a ter oito mil associados, dos quais três mil ainda não receberam seus apartamentos. Isso levou João Vaccari Neto a ser denunciado por estelionato, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Novamente: tudo intriga das elites insensíveis.

O ex-presidente Lula fez até um espaço gourmet em seu triplex, que conta também com elevador privativo só para a família. Posso imaginar Lula comendo moluscos e bebericando um Romanée-conti, vinho fino que não sai por menos de R$ 7 mil a garrafa, diante da praia do Guarujá, ponto nobre de São Paulo. Tudo isso enquanto reflete sobre sua importância no combate às desigualdades. Lula merece ser reconhecido como um homem do povo.

A ganância que merece condenação é a dos outros, a daqueles capitalistas insensíveis que criam riqueza e empregos com seus negócios ambiciosos em vez de entrarem para a política para distribuir o dinheiro dos pagadores de impostos. O que seria dos pobres sem Lula? Talvez, no caso desses três mil, pessoas com um imóvel. Mas e os outros milhões todos? Não adianta: quem critica Lula pela suposta contradição entre discurso e prática é um invejoso, um pé-rapado que gostaria de ter um triplex na praia para curtir o verão e não tem. Enfim, um ícone da elite branca insensível.

E com isso encerro meu texto, cuja ironia sem dúvida foi compreendida por todos sem necessidade alguma de alerta. Talvez alguns petistas não tenham entendido, e com isso chegaram a vibrar de emoção por terem “até aquele liberal da Veja” concordando com seu ponto de vista. Não é que os petistas sejam menos inteligentes, claro. É apenas que sua inteligência está num patamar diferente. Mas, por via das dúvidas, ainda marquei lá em cima o texto como “humor”, para garantir.

PS: Não deixem Guilherme Boulos, o líder do MTST, saber desse triplex de Lula, pois lá cabem várias famílias “sem-teto” e o rapaz pode ter ideias igualitárias chocantes que deixariam Lula estarrecido…

Rodrigo Constantino

 

 

O Foro de São Paulo vem aí! E em nome da democracia…

Dilma ao lado do bolivariano Rafael Corrêa, do Equador

Sei que escrevo o texto num sábado à noite, ou seja, “lá vem aquele liberal chato atrapalhar minha diversão”, você pensa, e com todo direito. Mas o que posso fazer se leio certas notícias que precisam ser comentadas? Melhor falar logo do assunto, pois você ainda encontra um pretexto para tomar aquela “birita” e afogar as mágoas.

Os países emergentes vivem uma leve crise, como alguns sabem. Na verdade, alguns países, especialmente aqueles que dependem mais de petróleo ou que gastaram por conta na era da bonança, sob governos populistas. E rolou nos últimos dias, como o leitor talvez saiba também, a reunião da Unasul, aquele grupo que congrega os países membros do Foro de São Paulo.

Nossa ilustre “presidenta” foi lá, claro, e levou uma mensagem de esperança – para os tiranos e populistas, que fique claro. Dilma propõe que esses países se unam para enfrentar a “crise internacional”, que os países asiáticos ou mesmo os Estados Unidos não tomaram ainda conhecimento.

Esses países deveriam criar projetos comuns de infraestrutura e preservação da estabilidade democrática na região. Isso mesmo, o leitor leu certo. Dilma, do PT, em Quito, no Equador, falando ao lado de governantes de países como Venezuela e Argentina, recomenda esforços conjuntos para preservar a democracia na América Latina. Os bajuladores de Fidel Castro!

Dilma propôs uma Unasul “renovada, fortalecida e atuante”, com o objetivo de consolidar a América do Sul como “exemplo de paz, de união, em um mundo cada vez mais conturbado pelas incertezas de ordem política e econômica”. Perguntar não ofende: a “paz” venezuelana seria algum tipo de benchmark para o grupo?

Isso, não custa lembrar, após Dilma chegar ao Equador sob acusações de ter perdido o interesse pela Unasul, criada pelo próprio Brasil do PT. Imagina se Dilma e o PT ainda tivessem interesse nesse grupo de bolivarianos! Que tipo de discurso faria a presidente?

Ao final de sua fala, Dilma, mesmo “sem interesse”, fez referência à metáfora futebolística do secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, que quando esteve no Brasil disse que se sente “jugando de local” (jogando em casa, em português) quando visita o país. “E quando viajamos pelo continente, como é o caso de hoje, sempre ‘jugamos de local’”. concluiu. Estava no Equador, só para constar.

O ex-presidente Lula esteve lá também discursando, e ligou a metralhadora giratória contra os Estados Unidos, o vilão preferido dos idiotas latino-americanos. “Alguns países precisaram ser refundados”, declarou Lula, valendo-se de um termo caro aos líderes alinhados ao bolivarianismo – além de Chávez, o boliviano Evo Morales e o equatoriano Rafael Correa.

Lula sugeriu a criação de tribunais internacionais regionais que resolvam questões do subcontinente: “Não faz sentido que, em pleno século 21, um conflito entre dois países da América do Sul seja dirimido em um tribunal de Haia e que tenha que recorrer à OEA”, afirmou.

“A integração não é um problema e sim parte da solução”, frisou Lula. Ele acrescentou que quanto mais os países se integram “melhores serão as condições para se enfrentar e superar as crises”. Por isso, reivindicou que parlamentos criem mecanismos especiais mais ágeis para concretizar os acordos internacionais.

Apertando a tecla SAP para os mais desatentos: o Brasil, sob o comando do PT, segue na trajetória definida pelo Foro de São Paulo, de fortalecer os laços com os regimes opressores chavistas, criando um grande bloco bolivariano no continente. É de tirar o sono dos legítimos democratas, não é mesmo?

Agora pode curtir seu sábado à noite em paz, caro leitor…

Rodrigo Constantino

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Blog Rodrigo Constantino (VEJA)

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2 comentários

  • Rubens Borba Batista CONCEIÇÃO DA APARECIDA - MG

    Parabéns pelo texto!!!

    kkkkkkk

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  • Telmo Heinen Formosa - GO

    Ela dizia: " Não existe essa coisa de dinheiro público, apenas dinheiro do pagador de impostos”. Quem nasce para lagartixa nunca chega a jacaré. Quem não tem cão caça como um gato. E quem não tem Thatcher, vai de Dilma mesmo. Corremos algum risco de dar certo? Nenhum digo eu. Que falta faz uma Thatcher no mundo atual, com lideranças tão medíocres! E a ex-premier britânica continua extremamente atual.Ela derrubou sem dó nem piedade toda a falácia coletivista que trata o estado como um ente acima dos indivíduos que produz sua riqueza do nada, como se seus recursos caíssem do céu ou brotassem do solo, em vez de serem obtidos por meio da subtração daquilo que cada um produziu por conta própria.

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