Dilma já renunciou a tudo. Agora, só falta renunciar ao mandato. Coragem, Coração Valente!

Publicado em 22/07/2015 09:54
por REINALDO AZEVEDO, de VEJA.COM

PERTO DO DÉFICIT PRIMÁRIO – Dilma já renunciou a tudo. Agora, só falta renunciar ao mandato. Coragem, Coração Valente!

Ai, ai… Dilma já renunciou às promessas do que faria, às promessas do que não faria, já renunciou ao comando da política, já renunciou ao comando da economia e, agora, vai renunciar à meta de superávit fiscal. Santo Deus! Dilma só não renuncia mesmo é ao mandato, o que seria um bem imenso ao país.

Por que escrevo isso? Atenção! O senador Romero Jucá (PMDB-RR) decidiu apresentar uma emenda à Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2015 baixando o superávit primário de 1,1% do PIB para 0,4%. Já seria reduzir o dito-cujo a 36,36% do original, certo?

Mas ainda é muito. Não vai ter dinheiro para economizar o que, percentualmente, já seria uma mixuruquice. Notem: aquele 1,1% correspondia a R$ 66,3 bilhões; o 0,4% de Jucá já baixaria a economia para o pagamento da dívida para R$ 24,1 bilhões. Mas ainda é estupidamente mais do que o governo vai conseguir fazer.

Nesta quarta, informa a Folha, o Planalto vai sugerir a Jucá que baixe o número de sua emenda para 0,15% do PIB. Os números, assim, podem enganar. Em relação à proposta feita no começo do ano, a meta, então, será reduzida a meros 13,6% do original. Vamos botar em reais: o governo que dizia, há cinco meses, que iria economizar R$ 66,3 bilhões diz, agora, que a economia será de apenas R$ 9,01 bilhões. Não vai nem fazer cosquinha na amortização da dívida.

O curioso é que, há coisa de três dias, o ministro Joaquim Levy se mostrava contrário até mesmo a que se baixasse a meta de 1,1% para 0,4%. Considerava que já contribuiria para desmoralizar um pouco o governo. Ora, a desmoralização será bem maior. E atenção! Mesmo para economizar a merreca de R$ 9 bilhões, Dilma terá de fazer novos cortes no Orçamento.

Um dos fatores que pesaram na decisão foi a queda real de 2,9% da receita no primeiro semestre. Pois é… A recessão tem seu ciclo: elevam-se juros, cortam-se gastos, derruba-se a atividade econômica, e a arrecadação… cai. Caindo a arrecadação, piora a situação fiscal do governo, que está obrigado a cortar gastos, que vai derrubar a atividade econômica, que deteriora a situação fiscal…

Como se chegou a esse ciclo do capeta? Perguntem aos 13 anos de gestão petista. Sim, caros, cabe indagar: como é que se pode cometer em tão pouco tempo um erro de imodestos R$ 57,29 bilhões?

Lá vou eu. Sou lógico: quem opera com essa margem de imprecisão e promete agora economizar apenas R$ 9 bilhões está a um passo de produzir déficit primário, não superávit, certo? A menos que se dedique a novas pedaladas. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) resumiu assim esse imodesto ajuste no superávit: “A mistura de incompetência com descrédito é mortal”. Bingo!

Nos EUA, Michel Temer deu a entender que, se chegar ao trono de Dilma, mantém Joaquim Levy. Huuummm… Então teria de trocar todo o resto, né?

Para encerrar: as agências de classificação de risco deixaram claro que a situação fiscal do país teria um peso definidor na avaliação que fazem da nossa economia. Disparou o alarme.

Por Reinaldo Azevedo

 

Google/Tradutor – Temer diz nos EUA que, se Dilma cair e se ele assumir, Joaquim Levy fica na Fazenda

O vice-presidente Michel Temer (PMDB) está nos EUA. Falou a investidores. Seu discurso tem de ser interpretado e vale mais por aquilo que está apenas sugerido do que por coisas que disse, mas nas quais certamente não acredita — sem querer ser adivinho. Comentou, por exemplo, os apenas 7,7% de ótimo e bom do governo Dilma na pesquisa CNT/MDA: “Isso é cíclico, né? Aconteceu em muitos governos, e a avaliação depois melhora. Vamos aguardar o futuro”. Pode ocorrer, de fato, de um governante reverter a avaliação a seu respeito, mas Temer sabe que isso depende de circunstâncias objetivas — por exemplo, uma melhora na economia. Vai acontecer? Não tão logo! O vice sabe que a imagem do Brasil entre investidores se deteriorou terrivelmente. E tentou se apresentar, e ao PMDB, como âncora da estabilidade. E ele o fez na base do “Fica Levy”. Explico.

Temer afirmou que, caso seja candidato à Presidência em 2018 e vença a disputa, Joaquim Levy permanecerá no Ministério da Fazenda. Na verdade, foi indagado a respeito dessa hipótese e respondeu: “Claro, claro! Ele está fazendo um belo trabalho”.

Não existe ainda um “Google/tradutor” que verta a linguagem dos políticos para o português claríssimo. Se houvesse, a resposta do programa seria esta: “Caso Dilma caia e eu assuma a Presidência, Levy fica. Afinal, se estou dizendo que eu mesmo o levaria se fosse eleito, por que não o manteria se assumisse a cadeira de Dilma?”. Ou por outra: Temer, mui respeitosamente, admite que os investidores se importam menos com quem ocupa a cadeira da Presidência do que com quem ocupa a do Ministério da Fazenda.

Cumprindo seu papel institucional, defendeu o governo no caso das chamadas “pedaladas fiscais” e disse ter a certeza de que o Planalto está juridicamente amparado. Vamos ver.

Antes, em palestra a advogados, afirmou que, em algum momento, o PMDB deixará o governo porque pretende disputar a Presidência da República em 2018. Vai mesmo? Sei lá eu. Parece que tudo caminha para isso. De novo, é preciso interpretar: se o partido teria de deixar os cargos que ocupa, é um sinal de que, qualquer que seja o seu destino, não estará em companhia do PT.

Temer fez considerações sobre a oposição:
“No Brasil, sempre foi assim. Quem perdeu a eleição acha que tem que contestar. [A oposição] deve se opor por uma questão de mérito, não simplesmente porque perdeu. O sistema jurídico impõe que a oposição fiscalize, critique, observe, contrarie e controverta, precisamente para ajudar a governar”.

O vice-presidente fez questão de deixar claro que se tratava de uma crítica genérica ao comportamento das oposições, não a esta que está aí. Disse: “Tenho colegas jornalistas brasileiros aqui e não estou fazendo nenhuma crítica à oposição lá do Brasil. Os que foram oposição hoje foram situação no passado e poderão vir a ser situação no futuro. A coisa é sempre a mesma. Enquanto você não mudar os costumes políticos, ninguém vai ter esse conceito jurídico positivo de situação e oposição”.

É… Parece-me um bom retrato de como o PT se comportou desde a sua fundação, em 1980, até a chegada ao poder, em 2003.

O senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, respondeu à analise do vice e afirmou que os oposicionistas brasileiros defendem as instituições e que, como quer Temer, atuam em função do mérito do governo, em defesa das instituições e da população brasileira: “Somos oposição porque respeitamos o Brasil e os brasileiros”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Corregedoria Nacional do MP abre apuração disciplinar contra procurador que instaurou investigação contra Lula

Lula acha que foi perseguido pelo procurador

Lula acha que foi perseguido pelo procurador

O corregedor nacional do Ministério Público, Alesandro Tramujas Assad, pediu ontem à noite que o procurador da República no Distrito Federal Valtan Timbó Mendes Furtado explique por que abriu um procedimento investigativo criminal para investigar Lula.

O procedimento, aberto semana passada, vai apurar a suposta prática de tráfico internacional de influência por Lula a favor da Odebrecht em países da América Latina e da África.

Assad autorizou apenas que prossiga na corregedoria a reclamação disciplinar de Lula contra o procurador. O outro pedido de Lula, para que o caso fosse arquivado, foi negado: a corregedoria, é claro, não tem ingerência sobre a atividade fim do Ministério Público.

Valtan provavelmente vai responder o que já disse em nota divulgada pelo Ministério Público no DF: ele instaurou o PIC porque estava cobrindo as férias da procuradora original do caso, Mirella de Carvalho Aguiar.

A propósito, ao instaurar a apuração, Assad determinou que fosse comunicada a existência deste novo caso aos procuradores envolvidos em outro pepino em torno de Valtan.

Em 3 de julho, a corregedoria instaurou um processo disciplinar contra Valtan por negligência por atraso em 245 casos sob sua responsabilidade no MPF.]

Esta, aliás, será a tese central dos advogados de Lula para atacar Valtan e encorpar a tese de que o ex-presidente é perseguido: por que um procurador processado por suposta negligência em 245 casos foi tão diligente num caso que nem dele era?

Por Lauro Jardim

 

J. R. Guzzo: Depois de Dilma

Publicado na edição impressa de VEJA

J.R. GUZZO

Por que este título – “Depois de Dilma”? Levando-se em conta que a presidente da República só vai terminar seu atual contrato de trabalho no dia 31 de dezembro de 2018, parece muito cedo para ficar falando em “depois”. Antes disso será preciso viver o “durante”, período de tempo que pelo calendário eleitoral ainda vai levar três anos e meio até acabar – coisa bem demorada, sem dúvida, e que em condições mais ou menos normais já deveria ser preocupação suficiente para todos. Mas as condições, hoje, não são mais ou menos normais.

O governo Dilma, após esforçar-se durante anos a fio para errar em praticamente tudo, derreteu ─ e tanto o mundo político como a maioria dos brasileiros que têm algum interesse em acompanhar a vida pública passaram a pensar no que virá depois dela, convencidos de que o prazo de validade de Dilma Rousseff venceu. Até algum tempo atrás, apesar de todos os sinais de autodesmanche fabricados por um governo que vem se dedicando a criar uma calamidade por dia, para si mesmo e para a população em geral, parecia um exagero perguntar se Dilma iria chegar ao fim do seu segundo mandato. Não é mais; ao contrário, é a grande atração do dia. Se o presente já não existe, parecem pensar quase todos, só resta brigar pelo futuro.

» Clique para continuar lendo

 

As supostas culpas de Janot, Cunha e Dilma Rousseff

Janot Cunha DilmaNão tenho certeza alguma sobre a culpa de um acusado (Eduardo Cunha) que 4 vezes antes foi inocentado pelo mesmo delator (Júlio Camargo), que, por sua vez, foi pressionado por procuradores a entregá-lo, para não perder o abrandamento da pena.

Não tenho como condenar os procuradores por exercer a pressão legítima sobre o delator, diante de indícios de omissão na citação de políticos, incluindo um ex-ministro do partido governante (José Dirceu).

Não condeno moralmente um PGR (Rodrigo Janot) que não pede investigação criminal contra uma presidente (Dilma Rousseff), citada apenas de forma indireta pelos delatores, se o próprio PGR pede investigação contra quem teria solicitado diretamente a propina (Antonio Palocci, João Vaccari Neto)… E se essa investigação resulta até em cadeia e delação, que poderá depois comprometer a mesma presidente.

Não tenho como sentenciar por enquanto que o PGR protege deliberadamente a presidente a despeito da lei (muito menos que age com ela em conluio), embora eu saiba que dá ibope apelar à sensação de impunidade do público, ignorando justificativas perfeitamente razoáveis, ainda que discutíveis.

Não recrimino quem pressiona o PGR a investigar a presidente, embora lamente e considere injusta a sua condenação moral precipitada.

Não tenho certeza alguma sobre a culpa criminal da presidente nos casos de corrupção, embora tenha total certeza sobre a sua culpa política que lhe faz merecedora do impeachment.

Não tenho, por fim, a menor esperança de que leitores e analistas incapazes de conviver durante certo tempo com o estado de dúvida, de reconhecer virtudes até em quem desprezam, e/ou de entender que eventuais erros ou defeitos não são necessariamente provas de indecência, irão ao menos refletir a respeito de suas sentenças definitivas antes de reagir impulsivamente a essas palavras.

Em todo caso, aí estão elas, para quem queria saber.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

 

 

UMA CONVERSA COM O LEITOR – ESTE BLOG, A LAVA-JATO E A CANALHA. PRA CIMA DE MIM, NÃO! MEU PENSAMENTO TEM HISTÓRIA

O destino me contemplou, na origem, com poucas e boas coisas: uma memória, felizmente, entre as melhores que conheço, e uma disposição quase infinita para o trabalho. Quando vai chegando a hora em que tenho de dormir — porque é preciso, afinal —, fico meio irritado. Burrice e mau-caratismo me cansam. Trabalho não.

O site governista “247” inventou, o que é do balacobaco!, que as iniciais “RA”, entre muitas colhidas nas anotações de celular de Marcelo Odebrecht, quereriam dizer tanto “Rogério Araújo”, um dos diretores da empresa, como, ora vejam!!!, “Reinaldo Azevedo”. Seria a única sigla que designaria duas pessoas!!!

O “247” vive batendo na Lava Jato e em Sergio Moro, segundo consta. Eu já fiz críticas à operação e ao juiz. E continuarei a fazê-las, inclusive neste texto. Mas suspeito que por motivos distintos. Ao afirmar aquele absurdo, o que pretende esse site governista, amplamente financiado por estatais? Atacar Marcelo Odebrecht, é certo!, e os autores devem saber por quê, e me atacar. Sabe como é… O “247” precisa lançar palavras de ordem para as cascudas, né? Afinal, são todos íntimos da, sei lá como chamar, enorme “família barata”. Adiante.

Diz o site que passei a “acentuar” as minhas críticas à Lava Jato “após a prisão de Marcelo Odebrecht”. É mesmo? Vai ver a Odebrecht está molhando a minha mão. Vai ver estou levando alguma grana por baixo do pano. Daqui a pouco podem descobrir que uma daquelas offshores é minha. Trabalho 18 horas por dia só para disfarçar. No ambiente da sujeira em que vivem alguns blogs e sites, parece impossível supor que alguém possa escrever alguma coisa por convicção.

Consultem o arquivo
Sim, as ilações da Polícia Federal a partir das anotações de Marcelo Odebrecht são alopradas. E o juiz Sergio Moro dá mostras de condescender com elas. Já chego lá. Antes, quero me divertir um pouco. Não para provar que o “247” está errado. Essa gente não quer estar nem errada nem certa. Faz aquele que julga ser o seu “trabalho”.

Alguns trouxas dizem por aí que nunca enrosquei com a Lava Jato antes de a operação chegar a Marcelo Odebrecht. Mais: eu jamais teria manifestado contrariedade quando apenas petistas estavam na mira.

Eu sei o que escrevo.
Eu sei o que penso.
Eu sei quais são os meus valores.

Marcelo Odebrecht foi preso no dia 19 de junho. No dia 10 de fevereiro, quatro meses antes, escrevi aqui um post intitulado “STF rejeita pedido de prisão de Renato Duque. E está certo. Mas e os outros presos? Fala, Zavascki! E Vaccari? Fala, Sérgio Moro!”.

E lá se pode ler com todas as letras:
“O segredo de aborrecer é dizer tudo. Querem saber? Não havia mesmo sentido em prender Duque apenas com base na presunção de que ele pode fugir. A ser assim, vamos transformar a prisão preventiva em antecipação da pena. Afinal, tentar fugir é mais do que um direito, né? É um impulso! Não faz sentido, isto sim, é que os demais réus estejam presos ainda.”

Duque preventiva

Em fevereiro, eu já estava me opondo ao abuso evidente que existe nas prisões preventivas. De novo: não estou discutindo culpa ou inocência. A questão é usar a preventiva como pena antecipada.

Como? Só passei a criticar Moro depois que ele mandou prender Marcelo, em 19 de junho??? É mesmo? Ah, não! No dia 24 de fevereiro eu o critiquei aqui duramente por uma resposta dada a advogados de um dos presos, que reclamaram das condições da cadeia. O juiz sugeriu então, com verve irônica, que poderia mandá-lo para um presídio estadual, em condições sabidamente piores. Título do post: “Sérgio Moro, as condições da cadeia e a resposta atravessada”.

Lá se pode ler:
“De resto, convenham: uma prisão preventiva que já vai entrando no quarto mês não é, assim, tão de passagem. Ademais, parece haver certa indisposição meio ranheta com a reclamação. E, lamento, entre culpados e inocentes, santos e bandidos, bons e maus, reclamar é parte do jogo.
Prefiro que o estado de direito siga caminhos mais contidos. Este blog não tem nem heróis nem bandidos de estimação.”

Crítica a Sérgio Moro II

Voltei a Moro no dia 30 de março, bem antes de Marcelo Odebrecht ser preso, quando isso nem parecia possível. Eu critiquei duramente o juiz por ter escrito um texto em que aponta que há excesso de recursos no Brasil. Até aí, concordo. Mas ele defendia também que os condenados em primeira instância aguardassem o julgamento dos recursos na cadeia. Título do post: “Um péssimo artigo do juiz Sérgio Moro. Ou: O mal do Brasil não está no cumprimento da lei, mas no descumprimento”.  Segue trecho do post:
“Sei que vou tomar algumas porradas, mas me resta dizer o quê? É do jogo! Quem está em busca só de aplauso não deve ter esta profissão. Ou, tendo-a, dirá o que querem ouvir os mais exaltados. Sempre preferi, e não me arrependo disto, dizer o que penso, pouco me importando o aplauso ou a vaia.
Já critiquei aqui, como sabem todos, a decisão de manter agora réus da Lava Jato em prisão preventiva. Qualquer leitura, ainda que elementar, do Artigo 312 do Código de Processo Penal indicará que já não vigoram — exceção feita a Renato Duque, reincidente — os requisitos para isso. A coisa tem cara de pena antecipada.”

Crítica a Sérgio Moro

“Ah, mas, com petista, você não quer nem saber; nem olha a lei.” Pois é… Infelizmente para os súditos da família barata, também isso é mentira. No dia 23 de abril, publiquei aqui um post com este título: “Fazer o quê? Estender prisão temporária da cunhada de Vaccari era um atropelo à lei”.

Quem acessar o post lerá:
“Aqui, no entanto, se diz tudo, mesmo com o risco de aborrecer até os que gostam do blog. O juiz Moro, os advogados todos e qualquer operador do direito sabem muito bem que mentir em juízo não é motivo para decretar a prisão temporária de ninguém. Pra começo de conversa, nem Marice nem ninguém são obrigados a se acusar. NOTEM: SE ELA MENTIU EM JUÍZO, COMETEU, SIM, UM DELITO. Mas cabe a pergunta: isso é justificativa para decretar prisão temporária? Resposta: não! “Ah, mas ela é cunhada do Vaccari… Merece ficar presa!” Ok. A gente pode achar isso. Mas é preciso ver se a lei também acha. Resposta para a dúvida: não acha.”

cadeia cunhada de Vaccari

cadeia cunhada de vaccari texto

E Marice Corrêa de Lima é uma fina flor do petismo.

Retomo
Textos como esses, os há em penca no blog. Selecionei alguns. Na defesa das garantias legais, seja qual for a operação da PF e do MP e contra quem quer que seja, eu não olho a cor da camisa partidária nem confundo meus particulares desejos de justiça com as leis do país.

Eu não acredito que, numa democracia, haja saída fora do Estado de Direito. E vou repudiar, sim, sempre que algum ente se arvorar em defensor da moralidade acima das garantias individuais.

O relatório da PF sobre as anotações nos celulares de Marcelo Odebrecht, lamento dizer, é aloprado. Chega a sugerir que o empresário possa estar por trás de escutas ilegais executadas pela PF — tudo porque, num dado momento, lá se lê “dissidentes PF” — e busca arrastar até a OAB como cúmplice dos crimes que elenca. Num dos momentos de requinte, defende a continuidade da prisão preventiva do empresário porque este, vejam que absurdo!, disse que mantinha a confiança nos seus executivos…

Pior: os dados foram divulgados com tarjas pretas, perfeitamente retiráveis, de modo a espalhar por todo canto a suspeição. Se todas as siglas que lá estão — incluindo a única que designaria dois nomes: “RA” — indicarem pessoas com as quais Marcelo pretenderia conspirar, então é melhor fechar a República. Sei que esse é o sonho de muita gente. Não é o meu.

Ah, nas anotações, ele fala até em “anular a operação”. E daí? Se o fizesse, buscaria caminhos legais para isso, não? Ou dispõe de tanques para lançar à rua?

Não tentem me intimidar
Não tentem me intimidar. Não funcionou antes, não vai funcionar agora. Que todos paguem por aquilo que fizeram, sem exceção, seja pedreiro ou empreiteiro. E que paguem dentro da lei.

Quando tentaram transformar Daniel Dantas no inimigo público nº 1 do Brasil, na Operação Satiagraha, e em heróis nacionais o delegado Protógenes Queiroz (depois deputado federal pelo PCdoB) e o juiz Fausto De Sanctis, não caí na conversa. Aliás, o atual comandante do “247” também era um dos alvos então… Eu posso bater no peito e dizer: DANTAS NÃO ME PAGOU UM CENTAVO. NEM O CONHEÇO. ESPERO QUE TODOS OS JORNALISTAS QUE PROTÓGENES BOTOU NA MIRA POSSAM DIZER O MESMO. Aliás, torço para que todos os que viraram alvos do delegado tivessem a isenção que eu tinha também em relação àquele caso. Será?

Tenho princípios. Continuarei a zelar por eles. Este blog tem uma trajetória. Tem história. De resto, é preciso dizer qual é a hipótese: a Odebrecht manipula, ao mesmo tempo, Lula e Reinaldo Azevedo, é isso? Vai ver eu mesmo sou um agente do lulismo e ainda não me dei conta disso. Ou sou tão bom que nem vocês perceberam. Vai ver aquele ataque que Lula desferiu contra mim no Congresso do PT era só para disfarçar nosso companheirismo.

Não contem comigo para transgredir a lei em nome do bem. Não vai acontecer. Se eu for útil aos leitores assim, ótimo! Se eu não for, todo mundo está a um clique de me apagar de suas vidas.

Já tentaram antes. Não conseguiram. Tentam agora. Não conseguem. Tentarão depois. Não conseguirão. Não devo satisfações a ninguém. Só à minha própria consciência.

E não! Nunca gostei de autoridade que apela à torcida — do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Pessoas até podem não ser sóbrias. O estado tem de ser.

“Sabe o que é Reinaldo, é que há quem diga que, se você é contra o PT, tem de ser a favor da Lava Jato, aplaudir o Sergio Moro e o Rodrigo Janot.” 

Sabe o que é, pessoal? Quando eu penso, não tenho a intenção nem de agradar nem de desagradar ao PT. Não é o PT quem decide quem devo aplaudir ou criticar. Se eu permitisse que isso acontecesse, eu seria refém do partido. E eu não sou. De resto, quem disse que eu sou contra a Lava Jato? Eu sou a favor. Eu sou favorável a que ela se faça dentro da lei. Se pudermos seguir assim, leitores, seguiremos. Se não puder ser assim, seguirei.

É errado isso?

Por Reinaldo Azevedo

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (veja.com)

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário