"Maior “erro” do governo é uma das maiores mentiras de Dilma Rousseff", por FELIPE MOURA BRASIL

Publicado em 08/01/2016 14:12
EM VEJA.COM

A repórter Andréia Sadi, da Globonews, perguntou a Dilma Rousseff na quinta-feira (7), em um café da manhã da suposta presidente com jornalistas no Palácio do Planalto, qual foi o maior erro do governo, já que as críticas apontam a dificuldade de seus integrantes em fazer mea culpa.

“Maior erro foi não ter percebido o tamanho da desaceleração da economia em 2014, que refletiu em 2015″, respondeu Dilma, entre um pãozinho e outro.

Essa mentira descarada, que insulta a inteligência dos brasileiros, não é nova, mas precisa ser registrada como uma das maiores da história deste governo, até porque confirma um método – um modus operandidos petistas.

2014 foi um ano eleitoral.

Dilma sabia da desaceleração da economia, mas, para se reeleger, negou à população a existência do problema – inclusive maquiando as contas públicas com o crime das pedaladas fiscais -, enquanto todos os analistas econômicos e até seu adversário tucano Aécio Neves o apontavam insistentemente.

O método Dilma é contar mentiras para manter o poder e depois dourá-las como meros erros de avaliação, amenizando a própria responsabilidade com a terceirização da culpa para fatores externos (“queda brutal dos preços das commodities”) e internos (“a pior seca desde o momento que nós começamos a registrar” e a crise política atribuída à oposição).

Se a inflação fechou 2015 em 10,67%, a maior desde 2002, é porque o maior erro (de grande parte) do Brasil foi não ter percebido a tempo o tamanho desse embuste.

Dilma cafe

Vai um pãozinho aí?

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

Dilma Rousseff e Edinho no cafe

Dilma Rousseff e seu arrecadador de campanha, o hoje ministro Edinho Silva: mesa farta, ao contrário do café da manhã dos brasileiros

 

Marco Antonio Villa com Augusto Nunes no Sem Edição: Os embusteiros do MEC tentam assassinar o ensino de História com a adoção do Evangelho segundo o PT

Venezuela, onde a inflação não existe

Por CLÓVIS ROSSI, da FOLHA DE S. PAULO

Você aí, que está preocupado com a inflação brasileira, sugiro que se mude para a Venezuela.

Não que a inflação por lá seja menor do que por aqui. Ao contrário, é tão elevada que o governo deixou de divulgar os índices (cálculos privados indicam algo em torno de 200% no ano passado, o que torna raquíticos os nossos 10 e pouco por cento).

Mas, agora, você pode mudar para a Venezuela porque o recém-nomeado ministro da Economia Produtiva, o jovem sociólogo Luis Salas, decretou que inflação não existe, em livro recente sobre a suposta guerra econômica que seu país enfrenta.

"A inflação não existe na vida real", escreveu. E explicou, bem didaticamente:

"Quando uma pessoa vai a um local e verifica que os preços aumentaram, não está na presença de uma inflação. Na realidade, o que tem diante de si é justamente isso: um aumento dos preços, problema do qual a inflação, enquanto teoria e sentido comum dominante se apresenta como a única explicação possível, quando, na verdade, é apenas uma [explicação] e não a melhor".

Excelente explicação, não fosse pelo insignificante detalhe de que, a qualquer local que vá um venezuelano, verificará que os preços aumentaram.

Que o novo ministro omita detalhe tão decisivo se entende. Salas, afinal, foi nomeado por aquele presidente, um certo Nicolás Maduro, que recebe a visita de seu antecessor morto, Hugo Chávez, na forma de um "pajarito".

O mesmo Maduro que, além de nomear Salas, criou um insólito Ministério da Agricultura Urbana, com o objetivo de incentivar a produção de alimentos em grandes centros urbanos.

Justificou: ele e sua mulher criam em casa 50 galinhas, supostamente um bom exemplo.

Alguma surpresa com o fato de que a economia da Venezuela, segundo o Banco Mundial, retrocedeu 4% em 2014, 8,2% em 2015, conhecerá nova queda em 2016 (4,5%) e em 2017 (1,1%)?

Pensando bem, não mude para a Venezuela, não. O Brasil, comparativamente, é um paraíso.

 

Passarela para o amanhã

Por VINICIUS TORRES FREIRE

Nos dias animados do impeachment, lá por outubro, o PMDB mandou fazer roupa nova no alfaiate. O banho de loja era uma tentativa do partido de se candidatar a líder confiável de uma nova coalizão antipetista. Era um programa liberal de governo, a "Ponte para o Futuro", também um obituário da política econômica de Dilma 1 e das ideias do PT, às quais atribuía a ruína do país.

Pois então. O pessoal do PMDB diz agora que Dilma Rousseff ofereceu uma gambiarra para o presente, um acordo de paz com o partido. Nos termos do armistício, está a adoção de partes da "Ponte para o Futuro", o "Plano Temer". Segundo o pessoal do PMDB, foi o que o ministro Jaques Wagner (Casa Civil) ofereceu na reunião de quarta-feira com o vice-presidente, Michel Temer, que havia se tornado um dos líderes da destituição da presidente.

Há versões conflitantes sobre o que teria sido proposto e do que já foi conversado, por outras vias, com o PMDB. De menos incerto, seria o seguinte.

Primeiro, pode se discutir um limite para o crescimento das despesas de custeio do governo, que aumentariam a uma velocidade menor que a da economia, da expansão do PIB.

O que quer dizer "despesas de custeio" ninguém soube explicar direito (em tese, são todos os gastos que não os de investimento "em obras"). Várias despesas crescem mais do que o PIB (Previdência) ou tendem a crescer, em anos bons (tais como saúde e educação), pois são vinculadas ao tamanho da receita (se a arrecadação de impostos aumenta mais que o PIB, tais gastos vão junto). Qual gasto seria limitado?

Segundo, o governo se comprometeu com a fixação de uma idade mínima para o direito à aposentadoria, como disse ontem também a presidente em entrevista, em termos igualmente vagos.

Terceiro, o governo apresentaria um plano "amplo" de simplificação de impostos (menos variedade de impostos, menos alíquotas diferentes, menos exceções).

Quarto, haveria menos burocracia para a criação de empresas e para licenciamentos vários, ambientais inclusive.

Quinto, seriam criados programas de avaliação da eficiência de políticas públicas.

Gente do governo diz que a oferta não foi assim tão longe. Em especial, "não haveria hipótese" de acabar com a vinculação de recursos para saúde e educação ou com o reajuste automático, indexado, do salário mínimo e do piso dos benefícios do INSS.

Difícil acreditar que o PMDB vá se comover tanto assim com concessões programáticas, ainda mais tão vagas. Mas, caso o impeachment vá mesmo para o vinagre, pode ser um modo de o partido dourar a pílula da paz, de passar um verniz na reaproximação com o governo. Temer gostou da ideia.

Mais difícil ainda é acreditar que boa parte desse plano vá andar. Pode se tratar apenas de uma daquelas histórias dos recessos de verão (em anos mais amenos, por exemplo, a ideia de "reforma política" sempre aparecia em janeiro). Quando volta a briga de facas da política, tudo isso tende a virar picadinho.

Por enquanto, porém, o governo precisa de uma passarela para o amanhã, um caminho de vaca até abril, que seja, pois Dilma Rousseff ainda vive da mão para a boca, atolada na ruína econômica que criou e ameaçada ainda de deposição. Precisa de paz com Temer.

 

Reynaldo Rocha: A falta que um espelho faz

A solução para a crise está mais próxima do que pensávamos. Nunca imaginamos que, com tantas obras de arte, móveis e apetrechos de todos os tipos, o Planalto do Palácio carecesse de um simplório espelho. É o que revela a mensagem de Dilma ao Brasil: “O maior erro foi não ter visto que a crise era tão grande.”

Que falta faz um espelho! Narcisicamente, Dilma é uma antítese do personagem mítico. Não só acha feio o que não é espelho como acha feio tudo o que ela mesma reflete. A crise era grande, imensa. E morava no Alvorada. Ainda está lá, mas por pouco tempo. Lula acerta quando diz que o impeachment não está sepultado. Erra quando o considera morto.

O impeachment está somente adormecido. Nós cuidaremos de acordá-lo em 13 de março. Até lá, Dilma continuará repetindo que a crise é a causa do desastre. Dilma é a crise. Como falta espelho, ela não economiza platitudes. Por exemplo: “Qualquer atividade é passível de erro”.

De pleno acordo. O eleitorado brasileiro, por exemplo, errou ao exercer o direito de votar. Isso tem conserto. A seca foi a causa interna do horror que estamos vivendo: faltou água, sobrou Lava Jato. Tivemos seca e, junto com ela, a corrupção que se alimenta da miséria humana. (Qualquer ilação que leve a Renan e Sarney não é mera coincidência).

Por fim, Dilma diz foi virada do avesso, e depois revirada. Ou seja: é o avesso do avesso.

Além de espelho, faltaram vergonha, decência e competência. Em contrapartida, sobraram escuridão, desfaçatez, imoralidade e ignorância.

Se tivesse conferido no espelho o tamanho da crise, Dilma teria perdido o sono. Como já sabem os brasileiros, a imagem é monstruosa.

 

 

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1 comentário

  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    A CULPA DA CRISE É DA (montanha) RUSSA !!

    Você, aquele passageiro passivo do carrinho, adora quando ele sobe e chega nas alturas mas, quando inicia a descida, você sente aquele "friozinho na barriga" e começa a gritar. Qual o momento que estamos vivenciando ?

    Resposta: Estamos no inicio da descida ! Esperem mais "sensações ruins", pois segundo alguns especialistas céticos; a descida é longa. Veja o que Zeina Latif cita no Instituto Millenium:

    Plantamos desequilíbrio fiscal e intervencionismo estatal e colhemos a década perdida. O quadro político dificulta o ajuste, pois obstrui os canais de diálogo e os acordos em torno de uma agenda mínima de reformas. E o governo, que insiste que a crise mundial é a grande responsável pelo quadro recessivo no país, agora atribui também à crise política a paralisia do país. Porém, a origem da crise é fiscal. Enquanto muitos emergentes assumem seus deslizes e procuram corrigir rumos, aqui a tradição tem sido de colocar a culpa no outro.

    Insistimos em erros do passado e não aprendemos com experiências bem sucedidas no mundo. Um país isolado do debate mundial, sem agenda econômica de longo prazo e que administra de forma desastrada o curto prazo.

    A crise em 2016 está, infelizmente, contratada. E tende a ser maior que a de 2015. Que a crise pelo menos force mudanças. Que neste ano que se inicia possamos aprender com os nossos erros e que nossa criatividade seja direcionada para uma agenda consistente que permita a superação da crise e a retomada de uma trajetória sustentável de crescimento.

    É OU NÃO É A CULPA DA (montanha) RUSSA ???

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