Nome de Lula é citado por segundo delator em tramoia envolvendo empréstimo fraudulento (por REINALDO AZEVEDO)

Publicado em 12/01/2016 09:32
Nestor Cerveró confirma depoimento de Fernando Baiano, diz que atuou para resolver pendência do partido envolvendo contrato de navio-sonda e que o chefão petista o recompensou com cargo na BR Distribuidora. E ex-presidente, acreditem, não é nem mesmo um investigado na Lava Jato. Por quê não? É uma pergunta sem resposta (Em VEJA.COM)

Ai, ai… Pobre petelândia! Mal teve tempo de comemorar, e uma nova bomba estoura no quintal dos vermelhos de raiva, mas nunca de vergonha. Na edição de ontem, o jornal Valor Econômico publicou a informação de que, em sua delação premiada, Nestor Cerveró resolvera implicar o governo FHC. Já chego lá. Os companheiros soltaram rojão. O foguetório durou pouco. A Folha informa nesta terça que o mesmo Cerveró afirmou, em seu depoimento, que o então presidente Lula só lhe deu um cargo, em 2009, na BR Distribuidora porque ele, Cerveró, contribuíra para resolver uma questão envolvendo um empréstimo fraudulento, mais um, para o PT.

E como é que a questão foi resolvida? Ora, com dinheiro público, é claro! Atenção! É a segunda vez que o nome de Lula aparece envolvido nessa operação. E, ora vejam, não há nem mesmo um inquérito em que ele conste como investigado. São os mistérios da Operação Lava-Jato.

Delação Cerveró um

Relembro. Em 2004, o braço financeiro do Grupo Schahin emprestou R$ 12 milhões ao pecuarista José Carlos Bumlai, amigão de Lula. O homem era apenas laranja da operação. O dinheiro, na verdade, era destinado ao PT — parte dessa grana, pelo menos R$ 6 milhões, seria para o pagamento de chantagistas, que ameaçavam envolver Lula e Gilberto Carvalho no assassinato de Celso Daniel.

Muito bem! Em 2006, essa dívida já andava na casa dos R$ 60 milhões. Como pagar? Simples: o então diretor da área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, confessa que ele viabilizou um contrato para que o Grupo Schahin passasse a administrar o navio-sonda Vitória 10.000, da Petrobras. Valor da transação: US$ 1,6 bilhão. E o banco esqueceu a dívida, que, então, na prática, foi paga pela Petrobras.

Só para lembrar: os diretores do Grupo Schahin já admitiram que o dinheiro era para o PT, não para Bumlai, e que a dívida nunca foi paga — ou melhor: foi, mas por intermédio do contrato com a Petrobras. Bumlai já admitiu que serviu de laranja e que parte daqueles R$ 12 milhões foi enviada ao PT de Santo André. Agora sabemos que Cerveró também confirma que o contrato do navio-sonda foi usado para saldar a pendência. Só o PT continua a negar a tramoia.

Em seu depoimento, Cerveró, que foi diretor da área Internacional da Petrobras entre 2003 e 2008, admite que Lula lhe ficou muito grato por ter viabilizado a operação do navio-sonda, o que lhe teria rendido também o apreço do PT. Em 2008, o então presidente decidiu indicá-lo para a diretoria financeira da BR Distribuidora, onde entrou em 2009. Atenção! Ele só se tornou o titular absoluto do cargo, o diretor pra valer, a partir de 2011, já no governo… Dilma Rousseff. Permaneceu na função até março de 2014, quando estourou a Operação Lava-Jato. Lembre-se: àquela altura, Cerveró já tinha em seu currículo a desastrada compra da refinaria de Pasadena. É asqueroso.

Há mais: o depoimento de Cerveró coincide, no detalhe, com o de Fernando Baiano. Este já havia afirmado que se mobilizara para tentar manter o outro na diretoria Internacional, mas que isso se mostrava impossível. Bumlai, o amigão de Lula, então lhe telefonou de Brasília afirmando que havia conversado com o então presidente e que este lhe assegurara que Cerveró seria beneficiado com o cargo na BR Distribuidora. E ele foi.

Outros

Cerveró disse mais. Afirmou que Lula encarregara José Eduardo Dutra, então presidente da Petrobras, de esvaziar a CPI que investigava lambanças na estatal. Em 2012, teria sido chamado por Renan Calheiros (PMDB-AL), hoje presidente do Senado, que andava inconformado com o fato de a BR Distribuidora não estar fazendo o pagamento regular de propina. Em 2013, o senador Fernando Collor (PTB-AL) lhe teria dito que Dilma, em pessoa, havia posto todas as diretorias da BR Distribuidora à sua disposição…

delação Cerveró dois

delação cerveró três

delação cerveró 4

E o governo FHC?
O ex-diretor da Petrobras afirmou ainda que, durante o governo FHC, a aquisição do conglomerado de energia argentino PeCom (Pérez Companc) pela Petrobras envolveu propina de US$ 100 milhões. Mas isso é tudo o que se tem. Não está claro quem teria recebido o dinheiro, que conexões haveria com autoridades do governo ou mesmo com políticos e partidos. Ora, ora… Que se investigue tudo, não é mesmo?

Ainda que a acusação seja nebulosa e um pouco frouxa, é preciso ir atrás, sim. E, por óbvio, à diferença do que pensam os petistas, ainda que tudo fosse verdade, uma mão não justificaria a sujeira da outra.

Concluo
A esta altura, parece restar poucas dúvidas de que o empréstimo do Grupo Schahin era para o PT, não para Bumlai; de que o empréstimo jamais foi pago — e a parte que lhe era devida, o grupo tirou do acordo para a operação do navio-sonda, uma bolada de US$ 1,6 bilhão. É o que dizem os próprios diretores do Schahin, que emprestaram a grana. É o que diz Bumlai, que serviu de laranja. Agora, dois outros depoimentos ligam Lula diretamente à operação fraudulenta: o de Fernando Baiano e o do próprio Cerveró, que viabilizou o contrato do navio-sonda e admite ter recebido, como paga, um cargo na BR Distribuidora. Em 2011, foi promovido por Dilma Rousseff.

E, acreditem, depois de tudo isso, Lula não figura ainda como investigado na Operação Lava-Jato.

Como explicar? Não há explicação!

  • Por que Marcos Valério tira o sono do PT

Empresário condenado a 37 anos de cadeia negocia acordo de delação premiada: vejam por que Lula, Okamotto e Palocci estão tomando ansiolíticos

 

Há muita gente que tira o sono do governo, dos petistas como um todo e de Lula em particular. Um deles retorna do passado. Trata-se do empresário Marcos Valério, que foi apontado como operador do mensalão e que amarga uma condenação de 37 anos, a mais dura pena pelo escândalo, o que, convenham, é uma piada. Os agentes políticos daquela tramoia estão soltos. José Dirceu voltou à cadeia, sim, mas por causa do petrolão.

Pois é… VEJA já havia informado que Valério estava propenso a fazer um acordo de delação premiada. Agora, Marcelo Leonardo, seu advogado, confirma a possibilidade e diz que já está negociando os termos. Afirmou ele ao Globo: “Estive em Curitiba para tratar de outros casos, e os procuradores perguntaram se o Marcos Valério teria interesse em colaborar. Fui encontrá-lo em Belo Horizonte, e ele disse que está disposto, desde que o Ministério Público faça um acordo com todos os benefícios que a lei da delação permite. Eu e os procuradores ficamos de voltar a nos encontrar talvez já na próxima semana”.

A Lei 12.850, que trata da formação da organização criminosa e que define as condições do que lá é chamado de “colaboração premiada”, estabelece, no Parágrafo 5º do Artigo 4º: “Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a progressão de regime, ainda que ausentes os requisitos objetivos”.

Convenham: para quem amarga 37 anos, trata-se de um benefício considerável — desde, é evidente, que a colaboração traga elementos novos, que elucidem o crime cometido e contribuam para a investigação.

Valério já tentou antes um acordo com o Ministério Público. Por alguma razão, a coisa não prosperou. Leiam, abaixo, uma síntese do que ele afirmou ao MP em depoimento dado em dezembro de 2012:

1 – O esquema do mensalão pagou as despesas pessoais de Lula em 2003;
2 – dinheiro foi depositado na conta de seu carregador de malas, Freud Godoy (aquele do escândalo do aloprados);
3 – Lula participou pessoalmente das operações de “empréstimos” fraudulentos dos bancos Rural e BMG ao PT;
4 – os “empréstimos foram acertados dentro do Palácio do Planalto;
5 – Valério diz que é o PT quem paga seus advogados (R$ 4 milhões);
6 – Paulo Okamotto, que hoje preside o Instituto Lula, o ameaçou pessoalmente de morte;
7 – Lula e Palocci negociaram com o então presidente da Portugal Telecom a transferência de recursos ilegais para o PT;
8 – Luiz Marinho, agora prefeito de São Bernardo, foi quem negociou as facilidades para o BMG nos empréstimos consignados;
9 – o dinheiro que pagou chantagistas que ameaçavam envolver Lula no assassinato de Celso Daniel foi intermediado pelo pecuarista José Carlos Bumlai;
10 – o senador Humberto Costa (PT-PE) também recebeu dinheiro do esquema.

Hoje já se sabe que José Carlos Bumlai foi uma espécie de laranja de um empréstimo do Banco Schahin para o PT e que o dinheiro teria sido usado para pagar pessoas que ameaçavam envolver Lula e Gilberto Carvalho no assassinato do prefeito de Santo André. Agora preso, Bumlai admite, sim, a condição de laranja. E o dinheiro foi mesmo para aquela cidade.

Reportagem da VEJA
Reportagem da VEJA de setembro de 2012 revelara o que a revista chamou de conversas que Valério mantinha com seus interlocutores. Boa parte bate com o conteúdo do que ele afirmou depois ao Ministério Público. Leiam trechos da reportagem.

“O CAIXA DO PT FOI DE R$ 350 MILHÕES”
A acusação do Ministério Público Federal sustenta que o mensalão foi abastecido com R$ 55 milhões de reais tomados por empréstimo por Marcos Valério junto aos bancos Rural e BMG, que se somaram a R$ 74 milhões desviados da Visanet, fundo abastecido com dinheiro público e controlado pelo Banco do Brasil. Segundo Marcos Valério, esse valor é subestimado. Ele conta que o caixa real do mensalão era o triplo do descoberto pela polícia e denunciado pelo MP. (…) “Da SM P&B vão achar só os R$ 55 milhões, mas o caixa era muito maior. O caixa do PT foi de R$ 350 milhões, com dinheiro de outras empresas que nada tinham a ver com a SMP&B nem com a DNA”.

LULA ERA O CHEFE DO ESQUEMA, COM JOSÉ DIRCEU
Lula teria se empenhado pessoalmente na coleta de dinheiro para a engrenagem clandestina, cujos contribuintes tinham algum interesse no governo federal. Tudo corria por fora, sem registros formais, sem deixar nenhum rastro. Muitos empresários, relata Marcos Valério, se reuniam com o presidente, combinavam a contribuição e em seguida despejavam dinheiro no cofre secreto petista. O controle dessa contabilidade cabia ao então tesoureiro do partido, Delúbio Soares, que é réu no processo do mensalão e começa a ser julgado nos próximos dias pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa. O papel de Delúbio era, além de ajudar na administração da captação, definir o nome dos políticos que deveriam receber os pagamentos determinados pela cúpula do PT, com o aval do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, acusado no processo como o chefe da quadrilha do mensalão: “Dirceu era o braço direito do Lula, um braço que comandava”.
(…)

VALÉRIO SE ENCONTROU COM LULA NO PALÁCIO DO PLANALTO VÁRIAS VEZES
A narrativa de Valério coloca Lula não apenas como sabedor do que se passava, mas no comando da operação. Valério não esconde que se encontrou com Lula diversas vezes no Palácio do Planalto. Ele faz outra revelação: “Do Zé ao Lula era só descer a escada. Isso se faz sem marcar. Ele dizia vamos lá embaixo, vamos”. O Zé é o ex-ministro José Dirceu, cujo gabinete ficava no 4º andar do Palácio do Planalto, um andar acima do gabinete presidencial. (…) Marcos Valério reafirma que Dirceu não pode nem deve ser absolvido pelo Supremo Tribunal, mas faz uma sombria ressalva. “Não podem condenar apenas os mequetrefes. Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não falamos”, disse, na semana passada, em Belo Horizonte. Indagado, o ex-presidente não respondeu.
(…)

PAULO OKAMOTTO, ESCALADO PARA SILENCIAR VALÉRIO, TERIA AGREDIDO FISICAMENTE A MULHER DO PUBLICITÁRIO
“Eu não falo com todo mundo no PT. O meu contato com o PT era o Paulo Okamotto”, disse Valério em uma conversa reservada dias atrás. É o próprio Valério quem explica a missão de Okamotto: “O papel dele era tentar me acalmar”. O empresário conta que conheceu o Japonês, como o petista é chamado, no ápice do escândalo. Valério diz que, na véspera de seu primeiro depoimento à CPI que investigava o mensalão, Okamotto o procurou. “A conversa foi na casa de uma funcionária minha. Era para dizer o que eu não devia falar na CPI”, relembra. O pedido era óbvio. Okamotto queria evitar que Valério implicasse Lula no escândalo. Deu certo durante muito tempo. Em troca do silêncio de Valério, o PT, por intermédio de Okamotto, prometia dinheiro e proteção. A relação se tornaria duradoura, mas nunca foi pacífica. Em momentos de dificuldade, Okamotto era sempre procurado. Quando Valério foi preso pela primeira vez, sua mulher viajou a São Paulo com a filha para falar com Okamotto. Renilda Santiago queria que o assessor de Lula desse um jeito de tirar seu marido da cadeia. Disse que ele estava preso injustamente e que o PT precisava resolver a situação. A reação de Okamotto causa revolta em Valério até hoje. “Ele deu um safanão na minha esposa. Ela foi correndo para o banheiro, chorando.”

O PT PROMETEU A VALÉRIO QUE RETARDARIA AO MÁXIMO O JULGAMENTO NO STF
O empresário jura que nunca recebeu nada do PT. Já a promessa de proteção, segundo Valério, girava em torno de um esforço que o partido faria para retardar o julgamento do mensalão no Supremo e, em último caso, tentar amenizar a sua pena. “Prometeram não exatamente absolver, mas diziam: ‘Vamos segurar, vamos isso, vamos aquilo’… Amenizar”, conta. Por muito tempo, Marcos Valério acreditou que daria certo. Procurado, Okamotto não se pronunciou.

“O DELÚBIO DORMIA NO PALÁCIO DA ALVORADA”
Nos tempos em que gozava da intimidade do poder em Brasília, Marcos Valério diz guardar muitas lembranças. Algumas revelam a desenvoltura com que personagens centrais do mensalão transitavam no coração do governo Lula antes da eclosão do maior escândalo de corrupção da história política do país. Valério lembra das vezes em que Delúbio Soares, seu interlocutor frequente até a descoberta do esquema, participava de animados encontros à noite no Palácio da Alvorada, que não raro servia de pernoite para o ex-tesoureiro petista. “O Delúbio dormia no Alvorada. Ele e a mulher dele iam jogar baralho com Lula à noite. Alguma vez isso ficou registrado lá dentro? Quando você quer encontrar (alguém), você encontra, e sem registro.” O operador do mensalão deixa transparecer que ele próprio foi a uma dessas reuniões noturnas no Alvorada. Sobre sua aproximação com o PT, Valério conta que, diferentemente do que os petistas dizem há sete anos, ele conheceu Delúbio durante a campanha de 2002. Quem apresentou a ele o petista foi Cristiano Paz, seu ex-sócio, que intermediava uma doação à campanha de Lula.
(…)

EMPRÉSTIMOS DO RURAL FORAM FEITOS COM AVAL DE LULA E DIRCEU
“O banco ia emprestar dinheiro para uma agência quebrada?” Os ministros do STF já consideraram fraudulentos os empréstimos concedidos pelo Banco Rural às agências de publicidade que abasteceram o mensalão. Para Valério, a decisão do Rural de liberar o dinheiro — com garantias fajutas e José Genoino e Delúbio Soares como fiadores — não foi um favor a ele, mas ao governo Lula. “Você acha que chegou lá o Marcos Valério com duas agências quebradas e pediu: ‘Me empresta aí 30 milhões de reais pra eu dar pro PT’? O que um dono de banco ia responder?” Valério se lembra sempre de José Augusto Dumont, então presidente do Rural. “O Zé Augusto, que não era bobo, falou assim: ‘Pra você eu não empresto’. Eu respondi: ‘Vai lá e conversa com o Delúbio’. ”A partir daí a solução foi encaminhada. Os empréstimos, diz Valério, não existiriam sem o aval de Lula e Dirceu. “Se você é um banqueiro, você nega um pedido do presidente da República?”

Concluo
Dá para entender por que deve ter aumentado muito o consumo de remédio para dormir depois que Valério passou a negociar a delação premiada?

 

Será que o MPF está atestando a inocência de Pimentel quando se opõe a seu indiciamento pela PF?

Isso é bobagem da petezada. Ministério Público alega apenas razões técnicas e diz que o indiciamento é tarefa sua, não da Polícia. Não se trata de juízo de mérito

Vamos lá. Pessoas com acesso a dados da chamada “Operação Acrônimo”, já na sua quarta fase, não ousam apostar 10 centavos na hipótese de Fernando Pimentel (PT), governador de Minas, concluir o mandato. Acham que ele cai bem antes de 2018. Tal operação começou em maio de 2015, na esteira de uma investigação que, inicialmente, parecia até banal. Nesta segunda, uma desinteligência vinda à luz entre a Polícia Federal e o Ministério Público só serviu para gerar confusão. Já chego lá. Antes, uma síntese.

No dia 7 de outubro de 2014, a PF apreendeu, em Brasília, R$ 115 mil, em dinheiro vivo, num jatinho oriundo de Belo Horizonte. No seu interior estava Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, empresário com fartos negócios com o governo federal que atuava justamente como caixa de campanha de Pimentel.

A investigação levou a polícia ao que parece ser uma sofisticada rede de lavagem de dinheiro, que teria atuado na cobrança de propina à época em que o agora governador era ministro da Indústria e Comércio, no primeiro mandato de Dilma, e também ao financiamento ilegal de sua campanha ao governo de Minas, no ano retrasado. Além de Pimentel e Bené, também é alvo da operação Carolina Oliveira, primeira-dama de Minas.

A quadrilha teria atuado na compra de Medidas Provisórias e no favorecimento a empresas em empréstimos do BNDES, mediante pagamento de propina.

Muito bem. E qual é a desinteligência? Ainda no ano passado, a PF solicitou ao Superior Tribunal de Justiça autorização para indiciar Pimentel, sob a acusação de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro. A polícia também quer interrogá-lo.

O que é um indiciamento? É o momento em que a autoridade policial considera haver indícios suficientes de culpabilidade do investigado. O pedido foi apresentado a Herman Benjamin, ministro que é relator do caso no STJ.

Nesta segunda, veio a público a informação de que a Procuradoria-Geral da República se opôs ao indiciamento. A petezada, nas redes, está apostando na confusão, como se o Ministério Público não estivesse vendo motivos para indiciar Pimentel. É uma bobagem! Não é nada disso!

O que a vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, responsável pelo caso na Corte, afirma é que a PF não tem competência para fazer o indiciamento de autoridades com foro especial por prerrogativa de função. O juízo de Wiecko é puramente técnico. Ela alega que, para autoridades com foro especial, essas são tarefas do próprio Ministério Público.

Mas pode ou não pode?
Assim que terminar o recesso do Judiciário, em fevereiro, o ministro Herman Benjamin vai dizer o que acha. O que nos diz a jurisprudência?

Em 2007, por maioria, o STF proibiu a PF de indiciar autoridades que tinham aquele tribunal como foro.  A corte decidiu que apenas o procurador-geral da República poderia fazê-lo. O tribunal anulou, então, os indiciamentos do senador Magno Malta (PR-ES), em inquérito que investigava sua suposta participação na máfia dos sanguessugas, e anulou também o do à época senador Aloizio Mercadante (PT-SP), investigado no escândalo dos aloprados.

Se Herman seguir a trilha do STF, deve rejeitar o indiciamento de Pimentel, uma vez que o governador, como é óbvio, também tem foro especial — que é o próprio STJ, não o Supremo. Mas atenção! Assim como indiciar não quer dizer condenar, negar o indiciamento por razão puramente técnica nada tem a ver com inocência.

Reitero: quem acompanha de perto a Operação Acrônimo não aposta 10 centavos em que Pimentel conclua o mandato. Fala, Rodrigo Janot!

 

FHC rebate denúncia de Cerveró sobre propina de US$ 100 milhões

Em documento apreendido no gabinete do senador Delcídio do Amaral, ex-diretor da Petrobras relaciona compra de petrolífera a propina "ao governo FHC"

 

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FHC diz em redes sociais que denúncia de Cerveró sobre propina de US$ ao seu governo é vaga (VEJA.com/VEJA)

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso usou as redes sociais nesta segunda-feira para rebater a denúncia do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró de que a compra da petrolífera argentina Pérez Companc pela Petrobras envolveu o pagamento de 100 milhões de dólares em propina. "Afirmações vagas como essa, que se referem genericamente a um período no qual eu era presidente e a um ex-presidente da Petrobras já falecido (Francisco Gros), sem especificar pessoas envolvidas, servem apenas para confundir e não trazem elementos que permitam verificação", escreveu o ex-presidente.

Em outubro de 2002, então presidida por Gros, a Petrobras comprou 58,62% das ações da Pérez Companc e 47,1% da Fundação Pérez Companc por 1,027 bilhão de dólares. Na época, a Pecom, como é conhecida, era a maior empresa petrolífera independente da América Latina.

 
 
 
 
 

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No documento em que cita o pagamento de propina "ao governo FHC" na compra da petrolífera, o ex-diretor da Petrobras não explica para quem teria ido a suposta propina ou quem teria feito o pagamento. Nestor Cerveró cita apenas que a venda rendeu um milhão de dólares a cada diretor da Pecom e mais 6 milhões de dólares a um homem chamado Oscar Vicente, suposto operador do ex-presidente argentino Carlos Menem. FHC diz não ter "a menor ideia" do que diz Cerveró e lembra que "na época, o presidente da Petrobras era Francisco Gros, pessoa de reputação ilibada e sem qualquer ligação político partidária."

As informações do ex-diretor da Petrobras constam de documento apreendido no gabinete do senador Delcídio Amaral (PT-MS), ex-líder do governo no Senado, e que é parte do resumo das informações que Cerveró prestou à Procuradoria-Geral antes de fechar seu acordo de delação premiada. O papel foi apreendido no dia 25 de novembro, quando Delcídio foi preso sob acusação de tramar contra a Operação Lava Jato, temendo, supostamente, a delação de Cerveró.

(com Estadão Conteúdo)

Medo de ser cassada leva Dilma a atacar Toffoli

Renan e filho de Lula: questão de tempo para a queda *por FELIPE MOURA BRASIL)

1) Filho de Lula

 
 
 
 
 

Tuitei em outubro de 2015:

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Nesta segunda-feira, 11 de janeiro de 2016, mais de dois meses depois, o Ministério da Justiça informou que o ministro José Eduardo Cardozo decidiu arquivar a apuração sobre o procedimento de intimação de Luís Cláudio Lula da Silva, alegando que não houve irregularidade. Pois é.

Segundo a Globonews, pareceres da Polícia Federal mostram que é “comportamento frequente” intimar à noite ou no fim de semana, quando a diligência estiver perto do prazo, como era o caso do filho caçula de Lula, cuja oitiva estava marcada para os dias seguintes. A PF também disse que não existe norma específica sobre isso.

Só faltou dizer que irregularidade é embolsar propina, sobretudo em venda de medidas provisórias assinadas pelo papai.

2) Renan

Folha:“Investigadores da Lava Jato afirmam que o calvário de Renan Calheiros (PMDB-AL) não tarda a começar. ‘É só uma questão de tempo’, assegura um deles.”

O acordo de proteção mútua entre Dilma e Renan pode estar com os dias contados.

3) Dilma x Toffoli

Após a notícia de que a campanha de Dilma recebeu R$ 20 milhões da Andrade Gutierrez nos meses seguintes à manobra do seu governo de afrouxar regras para favorecer a empreiteira com financiamento do BNDES, Dilma ficou com tanto medo de ser cassada pelo TSE que partiu para o ataque contra o ministro Dias Toffoli.

O Palácio do Planalto está incomodado com a “dobradinha” entre Toffoli e Gilmar Mendes, segundo o Estadão.

Nos bastidores do governo, “o comentário é que Toffoli não gosta de Dilma desde que teve de deixar a Casa Civil, em 2005. Ele era subchefe de Assuntos Jurídicos quando a petista assumiu a pasta no lugar de José Dirceu – abatido no escândalo do mensalão – e o exonerou”.

Insinua-se, portanto, que Toffoli está associado à banda mais podre da podridão petista, enquanto o ministro reafirma que “sempre” teve “posição de total independência” em relação ao governo.

O recado é claro: se Toffoli não parar de perseguir Dilma, o governo tentará arrastá-lo para a lama.

Este blog deseja que o ministro compre a briga e repita no TSE a dobradinha que fez com Mendes na sessão plenária do STF sobre o rito do impeachment – desta vez, no entanto, com o devido sucesso.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo, veja.com

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