Brasil-EUA: 120 anos depois!

Publicado em 29/01/2010 08:23
1. Em 1890 ocorreu a primeira conferência Pan-Americana. Na época,  discutia-se a política externa dos EUA e a proposta que avançava - liderada pelo secretário Blaine- era do acordo de reciprocidade com  os países das Américas. O cônsul brasileiro concordou com a proposta  que ficou conhecida como Acordo Blaine Mendonça. Nesse momento  ocorria a transição da Monarquia à República no Brasil, e a crise do governo Deodoro. Assinado o Acordo nos EUA, sua efetivação dependia da ratificação pelo presidente da República.

2. O conflito básico era entre EUA e Europa em relação aos mercados  americanos. EUA haviam entrado do lado errado no Chile, na Guerra do Pacífico -1880- e na guerra civil entre o presidente Balmaceda com o  exército e o Parlamento com a Marinha, finalmente vencida pelo  Parlamento. Portanto, a abordagem ao governo brasileiro foi feita com cuidado.

3. A ascensão de Floriano Peixoto e em seguida a Revolta da Armada,  abriu caminho para o estreitamento dessas relações. Floriano,  nacionalista e industrialista, a princípio teria dificuldades para aceitar o Acordo. Mas os países europeus apoiavam os almirantes rebeldes. A frota controlava a Baía da Guanabara e em janeiro de  1894 começou a bombardear o Rio depois de Niterói. O Estado do Rio mudou a capital para Petrópolis e 100 mil pessoas saíram da cidade.

4. Os EUA resolveram intervir em apoio a Floriano para reabrir o comércio externo na Baía da Guanabara. Enviou frota com seis navios de guerra e depois de receber tiro de advertência, atirou para acertar partes secundárias do principal navio da frota brasileira. Simultaneamente foi constituída nos EUA uma frota privada, transformando navios de carga e de passageiros, em navios de guerra, para dar sustentação à ação. Com isso, a mobilização do exército e da nova marinha de Floriano, no sul onde Paraná e Santa Catarina estavam tomados pelos rebeldes (que se somaram ao bloco monarquista no Rio Grande do Sul na revolução Federalista), terminou controlando a revolta. O governo Floriano voltou a ter centralidade e  autoridade sobre todo o país.

5. O Acordo Blaine-Mendonça foi assinado, abrindo um ciclo de relações convergentes entre Brasil e EUA. Alguns anos depois, Joaquim Nabuco (promotor da segunda Conferência Pan-americana) intensificou esta linha de parceria. Nos anos 30 e 40 a posição da Argentina em relação aos países do Eixo determinou que Roosevelt  decidisse intensificar a parceria com o Brasil, especialmente,  militar.

6. São 120 anos nesta parceria Brasil-EUA. No episódio de Honduras  esta política foi atropelada, muito provavelmente por ignorância. O  governo brasileiro poderia até querer rever esta linha de 120 anos, mas escolheu o alvo errado. Honduras foi o único país centro-mesoamericano onde as guerrilhas dos anos 70 e 80 não prosperaram. Nos  anos 80 os EUA instalaram ali a base aérea de Palmerola e ao lado, a  Escola da Força Aérea hondurenha. Aí está a maior e melhor pista de aviação da região.

7. Essa trapalhada diplomática gerou um discreto estremecimento  entre EUA e Brasil, na medida em que sem consultar seu parceiro, o Brasil entrou numa região de influência dos EUA. Que, aliás -afiançando esta parceria- tem deixado o Brasil à vontade na América do Sul e África ocidental. Uma trapalhada que deve ser corrigida em encontros bilaterais discretos. Urgente para que o desgaste não cristalize!

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BNDES PROCURA EXPLICAR SUA PROPOSTA NO CORREDOR CULTURAL! ENTÃO: AUDIÊNCIA PÚBLICA JÁ!
                            
Bem, se é assim, por que não abrir o projeto em audiência pública, para que o debate técnico possa esclarecer detalhes?
        
(quadro de avisos do BNDES) "Diversamente do que foi publicado, o projeto tem como limite principal ter a construção altura abaixo da cimalha da Igreja de São Francisco da Penitência, no Morro de Santo Antônio. Portanto, não será visualizado por pessoa que esteja em qualquer ponto do Largo da Carioca.   O projeto em estudo não terá 14 andares, certamente ficará muito abaixo disto. A rigor, a quantidade de andares será determinada de acordo com o projeto arquitetônico, que será elaborado mediante prévia realização de licitação pública na modalidade de concurso, cuja Comissão Julgadora deverá ser composta por representantes do IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil, técnicos do BNDES e profissionais de notório reconhecimento pela proteção e preservação do patrimônio histórico e cultural".

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MAS PRESIDENTE DO BNDES DIZ QUE ANEXO É APENAS UMA IDEIA E PODE IR PARA ÁREA PORTUÁRIA!

O que, aliás, seria uma ótima ideia!
        
(Globo, 29) O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse ontem que o anexo da instituição poderá ser erguido na Zona Portuária.  Ele destacou que a construção do prédio em outro local, na Avenida República do Paraguai, no Centro, ainda é apenas uma ideia. Segundo Luciano Coutinho, não há nem mesmo um projeto pronto e o prédio seria erguido a partir do nível da rua, e não em cima do morro existente na área. O anexo, de 14 andares, ocuparia a lateral do Morro de Santo Antônio, onde há duas construções remanescentes do período colonial, que são tombadas: o Convento de Santo Antônio e a Igreja de São Francisco da Penitência: — Podemos pensar numa estrutura grande na Zona Portuária, mas é preciso um entendimento para viabilizar isso. Não vamos fazer nada desconsiderando o interesse da cidade.

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"O ESTADO DA NAÇÃO" - DISCURSO ANUAL DO PRESIDENTE DOS EUA NO CONGRESSO NA NOITE DE 27/01/2010!

Trechos destacados que deveriam ser lidos pelos lideres políticos brasileiros, especialmente Lula e os candidatos a Presidente.

1. "Repito: nós cortamos impostos. Nós cortamos impostos para 95% das famílias trabalhadoras. Cortamos os impostos para as pequenas empresas. Cortamos os impostos para quem comprou sua primeira casa. Cortamos os impostos para os pais que tentam cuidar de seus filhos. Cortamos os impostos para 8 milhões de americanos para pagar a faculdade. Como
resultado, milhões de americanos tiveram mais dinheiro para gastar com combustível, alimentos e outras necessidades, tudo isso ajudando as empresas a manter mais trabalhadores. E não aumentamos impostos sobre a renda em um único centavo para nenhuma pessoa. Nem um centavo."

2. "O que é frustrante para o povo americano é uma 'Washington', onde todo dia é dia de eleição, não podemos estar sempre em campanha, com o único propósito de ver quem pode obter mais manchetes constrangedoras sobre seu rival, a crença de que, se você perder, eu saio ganhando."

3. "Washington pode pensar que dizer algo do outro grupo, por mais falso que seja, faz parte do jogo. Mas esse tipo de politicagem é precisamente o que fez com que os partidos tenham deixado de ajudar aos cidadãos. Pior ainda, está semeando mais divisões entre nossos cidadãos e mais desconfiança no governo."

4. "Cada vez que os lobistas manipulam o sistema, os políticos se destroem em vez de ajudar a levantar o país, perdemos a fé. Quantas mais vezes os "especialistas" das tertúlias de televisão reduzem os debates sérios a discussões estúpidas e as grandes questões a frases de efeito, mais se afastam nossos cidadãos. Não admira que haja tanto cinismo. Não admira que haja tanta decepção."

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HONDURAS: 150 ANOS DEPOIS!

1. Em 1855, um capitão dos EUA reuniu um grupo de 50 homens,  patrocinado pelos interesses em abrir um canal ao oceano Pacífico, sendo que Vanderbilt criou empresa para esse fim. Deslocou-se à  Nicarágua, que vivia uma luta civil pelo poder entre conservadores e liberais. William Walker, com seu grupo, entrou pelo norte, se somou  aos liberais de León para combater os conservadores de Granada. Após  derrotá-los, passou a combater seus aliados, derrotando-os e  assinando um acordo como general da Nicarágua. Logo depois, em outro  golpe, assumiu a Presidência da República do país.

2. A ideia do canal era partir de San Juan del Norte, dragar o rio que faz fronteira com a Costa Rica, alcançar o grande Lago da  Nicarágua e depois San Juan del Sur, atingindo o Pacífico. Seria  usada tecnologia francesa nas obras. Essa seria a melhor ligação Atlântico-Pacífico. William Walker, como presidente, retomou a  escravidão e iniciou o processo para transformar Nicarágua em um  Estado dos EUA. Os países da América Central o chamaram de flibusteiro, juntaram suas forças (Costa Rica, El Salvador,  Guatemala e Honduras) e declararam guerra a William Walker.  Derrotado, Walker retornou a Nova Orleans, sendo recebido como herói.

3. Reagrupou forças e retornou. Agora a ideia era voltar à Nicarágua através de Honduras. Com apoio britânico, o exército  hondurenho perseguiu Walker e seu grupo, terminando por prendê-lo e  fuzilá-lo em 1860. Ao se completar 150 anos deste fato, políticos  hondurenhos dizem que Honduras fez o mesmo com um novo flibusteiro,  agora Hugo Chávez, que usando Zelaya tentou assumir o poder pela força em Honduras. Assim como William Walker 150 anos antes, agora  Chávez-Zelaya foram rechaçados.

4. Walker foi preso e fuzilado pelo então presidente de Honduras,  Tenente General Guardiola, cujo túmulo se encontra na Catedral de Tegucigalpa. A permanente instabilidade interna na Nicarágua fez as  empresas interessadas desistirem do projeto do canal, que terminou  40 anos depois, sendo construído no Panamá.
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Fonte:
Blog do Cesar Maia

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