A Dilma de verdade. Ou: “Olha a veia que salta, olha a gota que falta pro desfecho da festa”

Publicado em 20/09/2010 19:19


Epígrafe
“Um dia nossa paciência vai acabar e calaremos esses judeus insolentes, bocas mentirosas!”
 (Goebbels, 10/02/1933)
*
Existe a Dilma do marqueteiro João Santana, e existe a Dilma de verdade.
Existe a Dilma do cercadinho, que a protege dos jornalistas, e existe a Dilma fora dele.
Existe a Dilma com o netinho de propaganda no colo, e existe a Dilma de dedo em riste.

Informou Silvio Navarro na Folha de hoje:
“Auditorias feitas na gestão de Dilma Rousseff (PT) na Secretaria de Minas e Energia do Rio Grande do Sul e na Federação de Economia e Estatística, entre 1991 e 2002, apontam favorecimento a uma empresa gaúcha que hoje recebe R$ 5 milhões da Presidência e mostram aparelhamento da máquina.
Os documentos foram desarquivados no Tribunal de Contas gaúcho a pedido da Folha. Hoje candidata à Presidência, Dilma foi secretária dos governos Alceu Collares (PDT), em sua fase “brizolista” no PDT, e Olívio Dutra (PT), quando se filiou ao PT, pré-ministério de Lula.
Em 1992, os auditores constataram que a fundação presidida por Dilma favoreceu a Meta Instituto de Pesquisas, segundo eles criada seis meses antes para vencer um contrato de R$ 1,8 milhão (valor corrigido). A empresa gaúcha foi a única a participar da concorrência devido à complexidade e falta de publicidade do edital.”

Dilma ficou brava e reagiu como se vê no vídeo abaixo. Os petistas gostaram tanto da performance que ela é exibida com gáudio em seus blogs. Vejam. Volto em seguida:

- Diferentemente do que diz a candidata, o jornal traz, sim, a informação que ela cobra, a saber:
“Dilma Rousseff afirmou, por meio de sua assessoria, que “não tinha nem tem ligação” com a Meta e que as irregularidades apontadas pelos auditores “foram contestadas ponto por ponto”. Segundo argumentou, o TCE gaúcho lhe “deu provimento por unanimidade”. Sobre as nomeações, disse que, “desde sua criação, sem quadro próprio adequado às suas necessidades, a secretaria funcionou basicamente com assessorias, cargos em comissão, funções gratificadas e servidores cedidos por estatais”. Disse ainda que, em sua gestão, ela apresentou proposta de reformulação. “O TCE-RS aprovou todas as contas”. Atenção! Essa informação está no texto principal da reportagem, nesse outro de que reproduzo um trecho e num quadro sinóptico sobre o caso.

- O que Dilma não responde em seu desabafo e está na reportagem:
- é mentira que a empresa Meta Instituto de Pesquisa, que celebrou contrato de R$ 1,8 milhão com o governo gaúcho tinha sido criada seis meses antes?;
b
 - é mentira que a Meta foi ou não a única empresa a participar da “concorrência” em razão da falta de publicidade do edital?;
- é mentira que os termos da negócio feito nem chegam a constar em ata?;
d - é mentira que a Meta virou uma prestadora de serviços ao PT e entes ligados ao partido, como a Fundação Perseu Abramo?;
e - é mentira que a Meta conseguiu, em 2008, um contrato de R$ 5 milhões com o governo federal para fazer “pesquisa” sobre o Bolsa Família e o… Minha Casa, Minha Vida?;
- é mentira que, sob sua gestão na tal fundação, entre 50 e 60 funcionários (mais de 20% do quadro de pessoal)  não trabalhavam efetivamente no órgão?

É, companheiros…
O mais fascinante — aquele fascínio decorrente da estupefação — é Dilma, de frente para as câmeras, negar que o jornal tenha publicado uma informação presente não uma, não duas, mas TRÊS vezes na reportagem. E a turma que está à volta aplaude.

É evidente que a candidata não tem de gostar de reportagens consideradas negativas pra ela. Mas também é evidente que se trata de uma reação desproporcional. A questão é saber até onde é calculada. Antes que siga mais um pouco nessa trilha, chamo a atenção de vocês, com versos do petista Chico Buarque: “Olha a veia que salta/ olha a gota que falta/ pro desfecho da festa…” E o papel, coitado? Fosse o repórter Silvio Navarro…

Não há dúvida de que Dilma está tentando ser assustadora. É mais um grito de guerra contra a imprensa, numa escalada impressionante. Há uma semana, Dirceu reclamou com sindicalistas do excesso de liberdade de imprensa; ao longo da semana, Lula atacou a “mídia”, bateu no peito e declarou: “Nós somos a opinião pública”. Agora, cercada pelos seus, Dilma parece nos ameaçar com uma espécie de Alien que pulsa no lado esquerdo da fronte.

Quando o tucano José Serra — e não estou dizendo que deva fazê-lo — encrenca com a pergunta feita por uma jornalista e dá a entrevista por encerrada, surge uma penca de textos: “Oh, ele também é autoritário e não gosta da imprensa!”. Ainda que não gostasse, e daí? Às vezes, nem eu gosto. A questão é saber que mconvive e quem não convive com uma imprensa livre; a questão é saber quem se organiza para censurá-la e quem atua em favor de sua liberdade; a questão é saber quem tem um projeto PRONTO para controlar os meios de comunicação e quem DEFENDE A CONSTITUIÇÃO. Não se trata de fazer uma crônica de estilos, mas uma análise das opções políticas.

O que os petistas nos dizem com o conjunto da obra? “Um dia, nós vamos pegar vocês, e está mais perto do que vocês pensam”.

OLHA A VEIA QUE SALTA, OLHA A GOTA QUE  FALTA PRO DESFECHO DA FESTA!

Por Reinaldo Azevedo

Fiquem atentos — porque isto será muito importante nos dias que vêm por aí, que não serão fáceis, pouco importa quem vença a disputa — a certa abordagem que pretende botar na balança o PT e o PSDB como faces distintas de males equivalentes. Refiro-me, claro, à velha mentalidade outro-ladista, isentista, que nada tem a ver com “outro lado” e com “isenção”.

Segundo esse ponto de vista, é de se lastimar o autoritarismo petista, os desmandos, a corrupção,  mas, também, vocês sabem, o “udenismo (!?) tucano não está com nada, e a oposição tenta fazer exploração eleitoreira dos crimes…” Santo Deus! Então as falcatruas descobertas na Casa Civil não poderiam ser tema da campanha eleitoral? Que devam ser motivo de preocupação a qualquer tempo, estamos de acordo, e isso inclui muito especialmente o período da disputa eleitoral.

Digamos que essa crítica seja pertinente (não concordo, mas vá lá), pergunto: uma coisa pode ser colocada ao lado da outra, serve de contrapeso à outra?

É claro que essa abordagem acaba “naturalizando” o comportamento de Lula e os arroubos autoritários do PT. É como se estivéssemos apenas diante de um dos modos de ser da política: há os “udenistas”, os “corruptos”, os “autoritários”… E todos seriam farinha do mesmo saco!Tudo pode ser uma porcaria, mas são porcarias diferentes.

Sempre que a democracia é assediada por autoritários, que a vão corrompendo aos poucos, os responsáveis são menos os militantes — que não costumam esconder o seu jogo — do que os omissos, que temem dizer o nome do que vêem porque, acima de seu apreço pelo jogo democrático, está o medo de fazer uma escolha que os identifique com a “causa do inimigo”

“Causa do inimigo”? Sim, o PT não seqüestrou apenas o PSDB, incapaz, ao longo de oito anos, de defender sua história, seu legado, suas virtudes — e é óbvio que tem muitos defeitos; seqüestrou também amplos setores da imprensa, que realmente vêem no partido “o” elemento de progresso da sociedade brasileira. Criticá-lo, pois, corresponderia a um alinhamento com os “reacionários”.

Se a crítica, no entanto, se mostra imperiosa, inevitável, ela só é feita depois de se pagar uma taxa ao seqüestrador: atacam-se o PSDB, o DEM, os conservadores, a direita — essa gente, em suma, que vive por aí a mandar as leis às favas, certo? A isso chegamos, e não é o fundo do poço.

Por Reinaldo Azevedo

Na democracia, é legítimo o candidato A se dizer melhor do que o candidato B, C ou D. De fato, todo o processo se resume a isto: “Tenho mais competência do que meus competidores; minhas propostas são melhores; comigo, o Brasil (o Estado, a cidade…) será um lugar melhor, e as pessoas, mais felizes”.

Na democracia, é legítimo que o candidato X, além de apontar as próprias qualidades, aponte as falhas dos adversários. Os estrategistas de campanha decidem a maneira como fazer uma coisa ou outra — ou as duas.

Na democracia, não é legítimo questionar o direito que “O outro” tem de participar da disputa se ele estiver de acordo com os parâmetros estabelecidos pela lei. Quem opta por essa prática não quer democracia, mas ditadura; não quer vencer o adversário, mas destruir um inimigo. Quem opta por essa prática quer usar a democracia para destruí-la.

É o caso de Lula. No horário eleitoral da campanha para o governo de São Paulo, o presidente da República foi a TV para afirmar:
“É uma vergonha que o Estado mais rico, que deveria ser exemplo de politização, possa ser o retrocesso votando em alguém que nós sabemos não ter a alma do povo brasileiro, que não pensa o povo, não pensa o Brasil”.

Isso é fascismo, não é democracia! Lula não está dizendo por que o seu candidato seria melhor do que o outro candidato; não está apontando as falhas do adversário . “O outro” não está na categoria das pessoas com idéias erradas; ele é  motivo da “vergonha” que deveria sentir o eleitorado. Para Lula, só é legítimo o voto num petista.

Na madrugada, apontei a similaridade entre o discurso petista e a forma como os nazistas viam os seus inimigos. Na resta final de seu mandato, mergulhado em escândalos, Lula evidencia que é, sim, um líder autoritário, que contribui para estreitar o espaço da democracia.

Até onde ele vai? Até onde se permitir que vá. Quem pode contê-lo? Os que têm algum compromisso com as regras da disputa democrática. Quantas e quais são essas pessoas hoje? E o que teremos de ver.

Lula está disposto a destruir a oposição para que seu partido possa governar sozinho. Dando certo essa etapa da “sua luta”, a próxima é encabrestar os meios de comunicação.

Voltando ao texto desta manhã, Lula está em plena campanha para “calar a boca dos judeus”.

Por Reinaldo Azevedo

Abaixo, há um filme de 10 de fevereiro de 1933. Adolf Hitler havia sido nomeado chanceler da Alemanha no dia 30 de janeiro daquele ano — 11 dias antes. Prepara-se um grande evento. O “chanceler” vai falar para todo país e, intuem os nazistas, além das fronteiras. Antes que a grande estrela tome a palavra, uma figura não menos sinistra esquenta as massas: Joseph Goebbels, o ministro da Propaganda do nazismo e homem fiel a Hitler até o fim. Ele e a mulher não se entregaram: suicidaram-se, a exemplo do líder, matando antes os seis filhos. Era uma das maneiras que encontrou de evidenciar sua convicção. Na mesma Sportpalast, dez anos depois, Goebbels discursaria em favor da “guerra total”. Fiz uma tradução da íntegra de sua fala (nesse filme) a partir da legenda em inglês e comento trecho a trecho.

Algumas observações importantes antes que avance. É tolice afirmar que estou chamando Lula de nazista. Não estou — se achasse, diria, como sempre. Este é um texto que analisa linguagem, modos de exercitar o poder, visões de mundo. O que sustento, aí sim, é que o petismo repudia a essência da democracia e atropela seus mais caros e necessários rituais. E isso os nazistas fizeram com gosto. Goebbels, o próprio, não odiava, confessamente, a democracia menos do que dizia odiar o comunismo — embora, nesse caso, houvesse uma grande identidade nos métodos, já que todas as tiranias se parecem.

Quando afirmo que “somos os judeus de Lula”, também não estão rebaixando a enormidade do Holocausto para encarecer a fealdade do governo petista. Refiro-me, especificamente, aos “judeus” que aparecem na fala de Goebbels: fonte de todo mal, o “outro”, o perverso que tem de ser destruído. Vamos ao filme, à fala, que segue em vermelho, e aos meus comentários, em preto.

Companheiros,

Antes de o encontro começar, gostaria de chamar a atenção para alguns artigos da imprensa de Berlim que asseguram que eu não deveria merecer a atenção das rádios alemãs, uma vez que sou insignificante demais, pequeno demais e mentiroso demais para poder me dirigir ao mundo inteiro.
Como fica claro, a imprensa era a grande inimiga dos nazistas — e, por isso, deram um jeito de acabar com ela, ao menos com a imprensa livre. Longe dali, 77 anos depois, em Campinas, chegou a vez de Lula afirmar, referindo-se à imprensa: “Essa gente não me tolera. Mesmo lendo pesquisas de opinião pública, mesmo vendo que tem apenas 4% que acham o governo ruim e péssimo.” Goebbels e Lula precisam da fantasia de que há uma conspiração. Aquele, pertencendo a uma máquina mortífera para eliminar inimigos na suposição de que se organizavam num complô, fez o que fez. Lula vai assaltando a institucionalidade dia após dia. Não! Ele não vai instituir um regime nazista no país, é óbvio; só deixará a democracia mais esculhambada, mais fraca, mais frágil diante dos grupos de pressão — vale dizer: menos democrática. Como as sociedades e sua organização política são organismos vivos, essa degeneração pode progredir.

Nesta noite, vocês testemunharão um evento de massa como nunca aconteceu antes na história da Alemanha e, provavelmente, do mundo. Penso que não é exagero afirmar que, nesta noite, 20 milhões de pessoas na Alemanha e além de suas fronteiras ouvirão o discurso do chanceler Adolf Hitler.
Eu não forcei a mão, não, no “nunca antes na história destepaiz” e do mundo. Foi o que disse mesmo o contumaz e metódico assassino. A megalomania nazista já mereceu ensaios, estudos, teses e um grande filme, Arquitetura da Destruição, disponível nas locadoras. O mesmo Lula, 77 anos depois, em Campinas: “Será um metalúrgico que entrará para a história como o presidente que fez a maior capitalização que o capitalismo já conheceu no mundo.”

Só em Berlim, além dessa grande demonstração de massa na Sportpalast, dez grandes alto-falantes foram montados ao ar livre, e um número imenso de pessoas já se reúne diante deles. Já há uma multidão entre 500 mil e 600 mil pessoas em pé para ouvir o discurso.
O [jornal] Berliner Tageblatt perguntou, surpreso, quem pagaria por esses alto-falantes. Eu queria acalmar estes senhores do Berliner Tageblatt assegurando que, graças aos céus!, ainda temos dinheiro suficiente para pagar por dez alto-falantes.

Goebbels se jacta, confrontando seus inimigos da imprensa - já citou o primeiro veículo - de que os nazistas contam com a adesão da massa. Além daqueles que estão ali para ouvi-lo, há alto-falantes espalhados por Belim. O ministro da propaganda aponta o que considera o divórcio entre o povo e a imprensa: aquele estaria com eles, e esta falaria sozinha. Em Campinas, na sexta, 77 anos depois, referindo-se aos veículos de comunicação, afirmou Luiz Inácio Lula da Silva: “Eles não se conformam que o pobre não aceita mais o tal do formador de opinião pública. Que o pobre está conseguindo enxergar com seus olhos, pensar com a sua cabeça, pensar com a própria consciência, andar com as suas pernas e falar pelas suas próprias bocas, não precisa do tal do formador de opinião pública. Nós somos a opinião pública e nós mesmos nos formamos.” Esse “nós”, evidentemente, são aqueles que Goebbels também chama “companheiros”: os seus eram do “Movimento Nacional-Socialista”; os de Lula são do PT.

Não achamos necessário empregar os mesmos métodos do governo marxista social-democrata, embora estejamos numa posição muito melhor do que eles para usar o rádio para combater a criminalidade. Talvez nos apropriemos desse método para expor os monstruosos escândalos de corrupção do governo marxista social-democrata, que foram descobertos nos últimos 14 anos.
Bem, leitores, aqui seria até uma sociedade covarde deste blogueiro com o óbvio lembrar as milhares de vezes em que Lula satanizou o governo que o antecedeu. No comício de Campinas, coube a Dilma repetir Goebbels: “Nós queremos aquele país onde ninguém tinha chance de subir na vida? Não! Nós queremos o país construído pelo Presidente Lula. Um País que deixou seu povo relegado ao abandono não é um País sério”. FHC, como se percebe, liderou a República de Weimar, que antecedeu “o chanceler”.

Este momento está mais próximo do que os senhores do Berliner Tageblatt querem acreditar. Quando a imprensa judaica reclama que o movimento Nacional Socialista tem a permissão de falar em todas as rádios alemãs por causa de seu chanceler, podemos responder que só estamos fazendo o que vocês sempre fizeram no passado.
Setenta e sete anos depois de Goebbels satanizar os jornais de Berlim, Lula mandou bala: “Existe uma revista que não lembro o nome dela. Ela destila ódio e mentira. E eu queria pedir para você, Dilma, e para você, Aloizio Mercadante: não percam o bom humor”. A “imprensa judaica” está para o discurso de Goebbles como os 4% estão para o discurso de Lula.

Há alguns anos, não falávamos da boca pra fora quando dizíamos que vocês, judeus, são nossos professores e que só queremos ser seus alunos e aprender com vocês. Além disso, é preciso esclarecer que aquilo que esses senhores conseguiram no terreno da política de propaganda durante os últimos 14 anos foi realmente uma porcaria. Apesar de eles controlarem os meios de comunicação, tudo o que conseguiram fazer foi encobrir os escândalos parlamentares, que eram inúteis para formar uma nova base política.
Eis aí. Somos, para Lula, o “eles”,  ”os judeus” de Goebbels. E quem se abriga neste “eles, que somos nós? A imprensa, a oposição, os neutros — no comício de Campinas, Lula atacou também os jornalistas neutros! —, os não-petistas, as pessoas que não pertencem àquilo que Goebbels, no seu tempo e nas condições históricas de que desfrutava, chamava “Movimento Nacional-Socialista”. Na segunda-feira passada, falando a sindicalistas, José Dirceu acusou a imprensa de estar aliada ao poder econômico — não disse a qual, já que todo ele está com Dilma — para conspirar contra os petistas. Para Goebbels, os judeus controlavam os meios de comunicação na Alemanha; para os petistas, esses meios de comunicação são o verdadeiro partido de oposição no Brasil.

O Movimento Nacional-Socialista vai mostrar como eles realmente deveriam ter lidado com isso, ou seja, quando se faz um bom governo, uma boa propaganda é conseqüência. Uma coisa segue a outra. Um bom governo sem propaganda dificilmente se sai melhor do que uma boa propaganda sem um bom governo. Um tem que complementar o outro. Se hoje a imprensa judaica acredita que pode fazer ameaças veladas contra o movimento Nacional-Socialista e acredita que pode burlar nossos meios de defesa, então, não deve continuar mentindo. Um dia nossa paciência vai acabar e calaremos esses judeus insolentes, bocas mentirosas!
Incrível, não? Vocês conhecem essa bazófia de trás pra frente. E acreditem: os nazistas, com efeito, ajudaram a pôr “ordem” na Alemanha. Estivessem lá alguns dos nossos jornalistas que hoje transformam consumo em categoria do pensamento democrática, não hesitariam em escrever: “Apesar de alguns problemas, não se pode negar que o chanceler realmente incorporou milhões de alemães ao consumo, controlando a inflação. Ora, isso também é democracia…”
Reitero: Hitler estava no poder havia 11 dias. Vejam a centralidade que Goebbels atribui à máquina oficial de propaganda. Reparem que ele hostiliza e intimida a imprensa, sugerindo que ela fique longe do seu partido porque a vingança virá um dia, como veio. Setenta e sete anos depois, disse Lula em Campinas: “Se o dono do jornal lesse seu jornal ou o dono da revista lesse sua revista eles ficariam com vergonha do que estão escrevendo exatamente nesse momento”. E saibam: Franklin Martins já tem tudo planejadinho para nos calar — nós, por metáfora ou atualização histórica, “os judeus insolentes”. Para isso o governo fez as suas conferências.

E se outros jornais judeus acham que podem, agora, mudar para o nosso lado com as suas bandeiras, então só podemos dar uma resposta: “Por favor, não se dêem ao trabalho!”
Esse trecho é interessante porque serve de advertência àqueles que acreditam que a adesão pode salvar pescoços. Goebbels diz que não! Os tiranos e afins sempre estão inebriados demais com o próprio poder e só pensam em se vingar. Na lógica deles, ou você é um deles ou, cedo ou tarde, chega a sua vez.

Ademais, os nossos homens da SA e os companheiros de partido podem se acalmar: a hora do fim do terror vermelho chegará mais cedo do que pensamos. Quem pode negar que a imprensa bolchevique mente quando o [jornal] Die Rote Fahne, este exemplo da insolência judaica, se atreve a afirmar que o nosso camarada Maikowski e o policial Zauritz foram fuzilados por nossos próprios companheiros?
No comício de Campinas, José Eduardo Dutra, presidente do PT, chamou as reportagens que apontam lambanças na Casa Civil de “uma farsa”. É o que em 1933 se diria “exemplo de insolência judaica”.

Esta insolência judaica tem mais passado do que terá futuro. Em pouco tempo, ensinaremos os senhores da Karl Liebnecht Haus [sede do Partido Comunista] o que é a morte, como nunca aprenderam antes. Eu só queria acertar as contas com os [nossos] inimigos na imprensa e com os partidos inimigos e dizer-lhes pessoalmente o que quero dizer em todas as rádios alemãs para milhões de pessoas.
Pois é, ele deu o seu recado, que fez história — uma história de horror. Insisto: estou chamando a atenção para a similaridade de pensamento, antes que algum bestinha venha tentar provar as diferenças entre nazismo e petismo, alegando que são momentos históricos diversos etc — como se isso fosse necessário e como se eu não soubesse. Estou tratando aqui da identidade de pontos de vista entre um teórico do totalitarismo e os autoritários pragmáticos do PT. Distantes no tempo e dentro de suas particularidades, têm muita coisa em comum: não gostam da democracia, não gostam da imprensa, não aceitam ter suas ações contestadas e vivem apontando complôs e desqualificando a crítica de maneira estúpida.

Lênin dizia ser impossível governar com uma imprensa livre. Os nazistas fizeram o que se sabe. A Claretta Petacci, sua amante, Mussolini apontou o que considerava os três males da França: “sífilis, absinto e imprensa livre” — esta mesma que Lula e os petistas odeiam no Brasil. Essas idéias têm filiação. E é preciso apontá-las.

Hoje, somos os judeus do Berliner Tageblatt e do Die Rote Fahne. Eles não podiam nem perguntar quem pagou os alto-falantes na nazistada. E a gente não deveria noticiar um propinoduto passando pela Casa Civil. Goebbels avisou: “Um dia calaremos esses judeus insolentes”.  Os petistas, à sua moda, prometem fazer o mesmo!

Por Reinaldo Azevedo

Leia a íntegra da nota da Associação Nacional dos Jornais:

É lamentável e preocupante que o Presidente da República se aproxime do final de seu segundo mandato manifestando desconhecimento em relação ao papel da imprensa nas sociedades democráticas. Mais uma vez, provavelmente levado pelo calor de um comício, o presidente Lula afirmou neste sábado, em Campinas, que “vamos derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como partido político”, dizendo, em seguida, ainda referindo-se à imprensa, que “essa gente não me tolera”.

É lamentável que o chefe de Estado tenha esquecido suas próprias palavras, pronunciadas no Palácio do Planalto, no dia 3 de maio de 2006, ao assinar a declaração de Chapultepec (um documento hemisférico de compromisso com a liberdade de imprensa). Na ocasião, ele declarou textualmente: “… eu devo à liberdade de imprensa do meu País o fato de termos conseguido, em 20 anos, chegar à Presidência da República do Brasil. Perdi três eleições. Eu duvido que tenha um empresário de imprensa que, em algum momento, tenha me visto fazer uma reclamação ou culpando alguém porque eu perdi as eleições.”

O papel da imprensa, convém recordar, é o de levar à sociedade toda informação, opinião e crítica que contribua para as opções informadas dos cidadãos, mesmo aquelas que desagradem os governantes. Convém lembrar também, que ele jamais criticou o trabalho jornalístico quando as informações tinham implicações negativas para seus opositores.

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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