SOBRE A QUESTÃO DO ABORTO: Mas qual é, afinal, o ponto?, pergunta Reinaldo Azevedo

Publicado em 06/10/2010 18:18 e atualizado em 06/10/2010 19:53

Mas qual é, afinal, o ponto?

Trato da questão do aborto neste blog desde que a página existe — 24 de junho de 2006. E pago o pato por minhas posições, certo? Cada um arque com as conseqüências daquilo que pensa. É fácil? Claro que não! É preciso enfrentar boçalidades de todo tipo. Imaginem então se você diz, para ser genérico, que acredita em Deus…  O pesquisador britânico Richard Lynn, por exemplo, fez barulho com a afirmação de que os ateus são mais inteligentes — e foi levado a sério por quem nunca leu Santo Tomás de Aquino, ao menos para aprender a argumentar contra… Santo Tomás de Aquino. Terei sido muito sutil?  A tese fez sucesso nos meios subacadêmicos e subintelectuais brasileiros, já que gente responsável não daria bola pra isso.

Pensar isso OU aquilo tem um preço. E há escolhas que não comportam conjunção aditiva, só alternativa. O binômio Dilma-aborto revela um modo de o PT lidar com a realidade. Ora, que o partido faça, como fez, a sua escolha! É legítimo! Mas que seja claro a respeito de suas opções. Eu não estou debatendo esse assunto porque quero satanizar Dilma: “Olhem ali a assassina de criancinhas!” Nada disso! Eu quero saber sobre o que mais ela pensa uma coisaE seu contrário; quero saber por que esconde o seu real pensamento.

Ou que se explique. A favor da vida, ora essa!, todo mundo é. Quem poderia dizer o contrário? Stálin diria isso! Hitler, Mussolini, Mao Tse-Tung, Fidel Castro e São Francisco de Assis. Logo, uma fala que uniria São Francisco a Mao Tse-Tung não quer dizer nada como política pública.

O PT fez um congresso em que deliberou a favor da descriminação do aborto. Puniu um deputado que ousou divergir: ele teve seus direitos partidários suspensos por um ano — com o apoio quase unânime da direção nacional do partido. Os petistas certamente acham que a descriminação é um bem para os brasileiros: que tenham a coragem de enfrentar o debate, defendendo a proposta, como tenho, combatendo-a.

O partido certamente enfrentará uma maioria contrária, como eu também enfrento no meu meio. Como não preciso ser simpático para conseguir o favor dos meus pares, então digo o que penso. Como o PT precisa do voto, então finge não pensar o que pensa. Esse é o ponto.

Por Reinaldo Azevedo

Demorei um pouco. Mas valeu a pena. Eu não lido com boatos. Só os fatos me interessam — em relação ao aborto ou a qualquer outra coisa. O governo brasileiro tem uma Secretaria de Políticas para as Mulheres com status de ministério, vinculada diretamente à Presidência da República. Lula foi eleito e reeleito sem fazer a defesa do aborto, mas seu governo trabalhou noite e dia para tentar legalizá-lo. Selecionei, abaixo, algumas páginas da secretaria, com o link, caso vocês queiram visitá-las.

Está tudo ali. Não adianta tirá-las do ar porque, desta vez, eu me precavi: fiz PDF de tudo. Certa feita, denunciei aqui a existência de uma página do Ministério da Saúde que indicava as veias do corpo mais seguras” (!!!!!!!!!!!) para dar o famoso “pico” de cocaína. Simplesmente sumiram com o arquivo sem se desculpar. Que eu saiba, ninguém foi processado por fazer a apologia do consumo de drogas…

Essa pequena seleção de páginas indica uma política oficial pró-aborto, o que eu sempre combati, diga-se — também ao vivo, em dois programas Roda Viva, um com a ministra Nilcéia Freire (Mulheres) e outro com o ministro José Gomes Temporão (Saúde). Esse ambiente levou o governo a considerar o aborto um “direito humano” no tal Programa Nacional de Direitos Humanos, cuja forma final foi dada pela Casa Civil, de que Dilma Rousseff era a titular.

Seguem trechos das páginas da Sacretaria em vermelho. Comento em azul.

Secretaria faz moção de aplauso a deputados federais que mantiveram posição favorável à descriminalização do aborto
Por unanimidade, conselheiras decidiram parabenizar posicionamento público e voto de parlamentares em defesa dos direitos das mulheres. Por unanimidade, conselheiras decidiram parabenizar posicionamento público e voto de parlamentares em defesa dos direitos das mulheres.
Reunido ontem (10/7), em Brasília, o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) deliberou, na segunda reunião ordinária do novo pleno, sobre moção de aplauso e reconhecimento à posição favorável dos deputados federais José Genoíno (PT/SP), José Eduardo Cardoso (PT/SP), Eduardo Valverde (PT/RO), Regis de Oliveira (PSC-SP) e Paulo Rubens (PDT/PE) à retirada do Artigo 124 do Código Penal que criminaliza o aborto, durante a sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados ocorrida na quarta-feira (9/7).
Aqui
Quem liderou o esforço para que o aborto, em qualquer caso, deixasse de ser crime foi José Eduardo Cardozo (PT-SP), que se diz parte de um certo petismo ético. É o coordenador da campanha de Dilma Rousseff à Presidência. É aquele senhor que costumava ficar atrás dela quando dava entrevistas, fazendo caras e bocas de desassossego.

Delegações brasileira e peruana visitam rede de apoio às mulheres que optam pelo aborto na Cidade do México
De 28 de julho a 2 de agosto, brasileiros e peruanos vão conhecer equipamentos sociais e a rede de saúde criada para atender mulheres que decidem pelo aborto na Cidade do México. O convite partiu da Pathfinder do Brasil que está realizado o projeto “Implementando a discussão sobre o aborto no Brasil, em parceria com as Católicas pelo Direito de Decidir. A iniciativa visa evidenciar campanhas deadvocacy bem-sucedidas a decisores políticos e lideranças, mobilizando-os para a definição de ações para aprimorar políticas, legislações e orçamentos para atenção integral à saúde reprodutiva. 
Aqui
Como se nota, a causa é internacional. O título é fabuloso: “mulheres que OPTAM pelo aborto”. Nem tomam o cuidado de pôr o verbo no passado. O tempo presente indica uma escolha permanente, corriqueira, comum, como quem optasse por tomar Coca ou Pepsi.
Há um detalhe importante aí: notem que restou ali uma palavra em inglês —“advocacy” — e que apareceu  um “decisores” . O que isso quer dizer? Que se tratava de um texto em inglês, submetido àquela tradução automática do Google. Vale dizer: a Secretaria é um elo de uma rede internacional em defesa do aborto. Não há nada de conspiratório nisso. Trata-se apenas de um fato. Em tempo: a palavra “decisor” existe, sim, mas só seria empregada por um tradutor burro, que desconhece a língua portuguesa.
Mesmo em defesa de sua causa, essa gente faz um trabalho porco.

Abrasco aprova moção de apoio à política de saúde sexual e reprodutiva do governo
Objeto: Apoio à política de saúde e às posições do Ministro José Gomes Temporão quanto ao enfrentamento do aborto inseguro no Brasil
.Considerando que:
- O aborto constitui no Brasil, assim como nos países em que sua prática é ilegal, um grave problema de saúde pública, sendo a quarta causa de morte materna no país, com a curetagem pós-aborto representando o segundo procedimento obstétrico mais realizado na rede pública;
- A legislação restritiva vigente no país que criminaliza o aborto não tem sido capaz de evitar sua ocorrência, com estimativa anual de milhão de procedimentos anuais, realizados na clandestinidade;
- A ilegalidade do aborto é fonte de iniqüidade social, pois favorece a realização de práticas inseguras, realizadas por profissionais não qualificados, em ambientes sem os padrões sanitários requeridos, penalizando especificamente as mulheres mais jovens, de estratos sociais menos favorecidos, negras, que não têm acesso a procedimentos seguros;
- Na rede pública, o atendimento às mulheres em situação de abortamento é realizado, muitas vezes, sem respeito aos procedimentos técnicos requeridos, com atitudes de discriminação às mulheres, inclusive pouca atenção a medidas capazes de garantir sua adesão a uma prática contraceptiva, de modo a evitar a recorrência do aborto;
 Aqui
O que é mais importante neste arquivo? A Secretaria admite que sua política oficial era favorável à descriminação, embora isso nunca tivesse sido declarado. O objetivo era tentar aprovar a medida aos poucos.

Ato em SP cria Frente Nacional pela Legalização do Aborto
Acontece na tarde desta sexta-feira (26/9), em São Paulo, caminhada pelo fim da criminalização das mulheres e pela legalização do aborto no Brasil. A manifestação denuncia o processo contra 9.922 mulheres acusadas da prática de aborto no Mato Grosso do Sul e ameaça de prisão a duas mil mulheres no País. Durante o ato, que se encerra em frente ao Tribunal de Justiça de São Paulo, será constituída a Frente Nacional pela Legalização do Aborto.
 Aqui
Aqui, temos a Secretaria fazendo simples trabalho de proselitismo; nesse caso, trata-se de uma verdadeira convocação em favor da manifestação.

Jovens apontam legalização do aborto e promoção dos direitos sexuais e direitos reprodutivos como prioridade em conferência nacional
Essa é uma das 22 prioridades aprovadas na plenária da conferência. Entre as 69 resoluções do encontro, as prioridades servirão de referência para a plataforma da Política Nacional da Juventude.
A implementação de políticas públicas de promoção dos direitos sexuais e direitos reprodutivos das jovens mulheres, garantindo mecanismos que evitem mortes maternas, aplicando a lei de planejamento familiar, garantindo o acesso a métodos contraceptivos e a legalização do aborto, é uma das 22 prioridades aprovadas na plenária da I Conferência Nacional de Juventude, encerrada em 30 de abril, em Brasília. Entre as 69 resoluções do encontro, as prioridades servirão de referência para plataforma da Política Nacional de Juventude.
 Aqui
De novo, trabalho de proselitismo, agora com os supostos “jovens”.

Ministério da Cultura bloqueia conta de projeto que teria manipulado informações
O Ministério da Cultura determinou o bloqueio da conta corrente e a devolução dos recursos do proponente ao tomar conhecimento dos propósitos do projeto Cultura, Cidadania e Vida, que realizou neste domingo (30.08), em Brasília, um ato público contra o aborto.
O projeto recebeu R$ 143 mil do Fundo Nacional da Cultura (FNC), mas, segundo o ministério, omitiu o caráter panfletário do evento, pedindo recursos para a realização de um evento com oficinas, palestras e show. A Ong ainda possuía R$ 76 mil na conta aberta em convênio pelo ministério, mas teve a movimentação bloqueada.
 Aqui
Viram? O governo financia ONGs, sim, desde que elas defendam o aborto. Se combatem, nada feito!

Por Reinaldo Azevedo

ABORTO OU ERENICE? ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE IMPRENSA. OU: “É O JORNALISMO, IDIOTA”

Eis um post que é de interesse geral; mas ouso dizer que interessa especialmente aos jornalistas e ao jornalismo.
*
Vou reproduzir aqui, em azul, um pequeno post que escrevi no domingo, quando ficou claro que haveria segundo turno. Leiam ou releiam com bastante atenção. Volto em seguida.
Como não cansei de escrever aqui, eu nunca soube se iria haver segundo turno ou não; continuo a não saber quem vai vencer as eleições presidenciais. “Eles” sempre souberam, não é mesmo? Eles sempre estiveram convictos de tudo.
Depois escreverei com mais vagar a respeito disso tudo, mas os arquivos estão por aí: as previsões dos “especialistas” falavam em até 20 pontos de vantagem para Dilma. Institutos de pesquisa chegaram a se comportar como verdadeiras quadrilhas.
“Violação de sigilo não tem importância”, dizia um. “Erenice não muda nada”, dizia outro. Agora, muitos estão em busca de uma desculpa: os evangélicos e a opinião de Dilma sobre o aborto teriam definido o segundo turno… Talvez fosse mais prudente admitir: erramos.
Aqui e ali, as pesquisas acertaram. Na média, houve um naufrágio. É preciso pensar sobre as causas. Teremos tempo de falar sobre essas coisas todas. O fato é: “eles” erraram.

Voltei
Eu levo uma ligeira vantagem em relação a alguns coleguinhas — não a todos, mas a alguns: tenho memória. Quem inventou a pauta “religião-voto-aborto” foi o PT. No dia 23 de agosto, Dilma lançou a ridícula “Carta ao Povo de Deus”, onde se podia ler o seguinte:
Cabe ao Congresso Nacional a função básica de encontrar o ponto de equilíbrio nas posições que envolvam valores éticos e fundamentais, muitas vezes contraditórios, como aborto, formação familiar, uniões estáveis e outros temas relevantes, tanto para as minorias como para toda sociedade brasileira”.

Vale dizer: ela supostamente não pensava nada a respeito; o Congresso que decidisse. Mas todos, na imprensa, sabiam que ela já havia se posicionado sobre o tema. Silêncio!!! Não sei se fui o único, mas certamente terei sido dos poucos, a lembrar o que ela de fato pensava sobre o aborto. A “polêmica” não havia se instalado ainda. Com a perspectiva de ser eleita e de ter uma maioria folgada no Congresso, os religiosos — que alguns ateus crêem menos inteligentes do que seu pares — somaram dois mais dois e chegaram à legalização do aborto. Conta simples, de somar apenas.

Escândalos
Já se vivia em meio às evidências de violação de sigilo. O escândalo Erenice viria logo em seguida, com um caso gravíssimo denunciado pela VEJA e outro, logo depois, pela Folha. E os “analistas” não se fartavam: “Não muda nada! O eleitor não quer saber disso!” Houve até um que desenvolveu o gênero “lirismo existencialista de boteco”. Estava numa birosca, onde se vende a comida baratinha que os “ruralistas” combatidos pelo MST, cujo boné Dilma põe na cabeça, produzem. Dizia ele que o Jornal Nacional noticiava os escândalos, mas ninguém ali dava bola — com a exceção, entendi, dele próprio. Não sei se alcancei o texto em sua extensão, mas me parecia que se dizia ali que o jornalismo investigativo, quando o PT era o investigado, tornava-se irrelevante. Como é mesmo o clichê? “É a economia, idiota!” — uma crença bem diferente da deste escriba, que dirá sempre: “É a política, idiota!”

Justiça se faça, o próprio Datafolha chegou a detectar uma certa mudança de humor do eleitorado, embora eu tenha a impressão de que não acreditou no próprio taco. Mas os “analistas” não se davam por vencidos porque a realidade contestava a doxa a que quase todos haviam se agarrado, com algumas exceções: para não lembrar a prata da casa, cito  a excelente Dora Kramer, no Estadão, que nunca entrou na onda. A que atribuir a mudança de “última hora”? Aos escândalos? Não! Afinal, a sociedade dos consumidores não daria bola para isso!

Surgiu, então, a hipótese da migração do voto evangélico, uma tese que contentava o PT — porque, afinal, o partido prefere que não se fale de seu estoque moral — e também os “analistas” e “especialistas em pesquisa”, que haviam assegurado a vitória de Dilma no primeiro turno, com contas até bem precisas: oito ou nove milhões teriam de mudar seu voto em uma semana ou sei lá o quê, coisa que davam como impossível.

Assim, o voto evangélico entrou como uma espécie de fator exógeno, “artificial” (como diz o pró-legalização do aborto José Eduardo Cardozo), a forçar uma mudança de posição do eleitorado. Poucos perceberam que se estava diante de um grande movimento de autojustificação, que poderia ser sintetizado assim: “Nós estávamos certos! Nem Receita nem Erenice! O jornalismo continua irrelevante. A mudança que está aí foi decidida pelos evangélicos”.

Isso é tão verdadeiro que o Datafolha, justamente o instituto que detectou a mudança de humor do eleitorado, jogou fora o seu próprio achado para se fixar nessa hipótese, registrando no TSE uma pesquisa eleitoral como nunca se fez na história destepaiz: não quer saber apenas em quem o brasileiro vai votar, não; pergunta também se o faz sob a influência de alguma confissão religiosa — e quer saber de qual: docemente inquisitorial; involuntariamente persecutório.

Tiro pela culatra
O PT está acostumado a sair como vítima das situações em que é originalmente algoz. Pegue-se o caso exemplar da Receita. A partir de um certo momento, era o tucano José Serra quem se via na contingência de responder se não estaria fazendo baixa exploração política do episódio; de vítima, passava a culpado! Um escândalo ético que entrará para os anais do jornalismo.

No caso do aborto e do voto evangélico, o partido mobilizou suas franjas na imprensa — as voluntárias e as involuntárias — para criar a onda: “Socorro! Estamos sendo vítimas de um ataque dos reacionários, os obscurantistas! Ajudem-nos!” Durante um bom tempo, a esmagadora maioria da imprensa referia-se à opinião de Dilma, favorável à legalização do aborto, como “boato”, como se não tivesse concedido entrevistas a respeito; como se a própria Carta ao Povo de Deus não fosse ambígua o suficiente. Foi esta carta, diga-se, que despertou os cristãos das mais variadas confissões para o que estava em curso.

Só que o tiro saiu pela culatra. Quando petistas, jornalistas e “especialistas” em pesquisa decidiram dar relevo ao voto “cristão”, evangélico ou não, os cristãos despertaram, então, para a sua real importância no processo eleitoral. Boa parte resolveu saber o que Dilma pensava a respeito do aborto. Excepcional, desta feita, foi o truque ter dado errado. Foi a falsa questão que trouxe à luz a verdadeira opinião de Dilma e os truques para escondê-la. Paradoxal, não?

O meu ponto
Ainda que o Datafolha que vai à rua com sua estranha pesquisa aponte a vitória de Serra e que se chegue à conclusão de que isso foi obra de padres e pastores, eu continuarei fiel à minha convicção de que os brasileiros podem querer um pouco mais do que comer torresmo, salsicha e ovo colorido baratos no boteco da esquina. Ainda que o debate sobre o aborto tenha contribuído para tirar votos de Dilma Rousseff, ele entra como fator multiplicador de desgaste — ou como divisor de prestígio — numa base que vinha abalada por uma sucessão de escândalos.

A comprovada dubiedade de Dilma sobre o aborto pode, entendo, no máximo, convidar uma parte do eleitorado a flertar com a evidência de que a figura imaculada, inventada por Lula e pela marquetagem, não corresponde à realidade — porque jamais corresponde, em qualquer caso. E isso “é jornalismo, idiota!”

Por Reinaldo Azevedo

Por Ernesto Batista, da Agência Estado:
O Fórum Político Evangélico do Espírito Santo e a Associação dos Pastores Evangélicos da Grande Vitória (APEGV), anunciaram que vão fazer campanha contra a candidata petista, Dilma Roussef, no Espírito Santo. Hoje, estima-se que um terço da população capixaba seja evangélica, o que significa cerca de 1,2 milhão de pessoas.

Segundo o pastor Enock de Castro, presidente da APEGV, a posição foi tomada depois de uma consulta às diversas igrejas associadas às duas entidades. “Entre 80% e 90% dos evangélicos tendem a votar em José Serra. O risco é grande de vermos alguns princípios religiosos serem afetados. Há uma posição da Dilma em defesa do aborto, da união civil entre pessoas do mesmo sexo e proibição de proferir religião em órgãos públicos, que são coisas que não podemos aceitar”, disse ao justificar a posição.

Já o presidente do Fórum Político Evangélico do Espírito Santo, Lauro Cruz, afirmou que a postura tucana preocupa menos. “O posicionamento histórico de Dilma gera apreensão. Ela é a favor do aborto, embora tenha negado isso. A postura de Serra preocupa menos do que a de Dilma e dos males vamos escolher o menor”, frisou.

Outro ponto apontado pelas lideranças evangélicas capixabas contra a petista foram as alianças políticas firmadas pelo PT para viabilizar a candidatura da ex-ministra. “Ao lado dela estão José Sarney, Jader Barbalho, Renan Calheiros e José Dirceu. Não são políticos confiáveis”, comentou Cruz.

No primeiro turno as duas entidades evangélicas apoiaram a candidata do PV, Marina da Silva, e chegaram mesmo a subir no palanque dela quando esteve em Vitória, no final de setembro. “Esperamos um posição neutra da Marina”, afirmou Castro.

Outra entidade evangélica capixaba, a Convenção das Assembleias de Deus, foi ainda mais longe e assegurou apoio ao tucano. “Quando aceitamos um membro avaliamos sua conduta. Alguém para presidir uma família tão grande como a brasileira tem que ter uma raiz, que é a família. Na campanha, José Serra se apresentou junto com a família. É assim que tem que ser e vamos orientar os fiéis nesse sentido”, disse Osmar de Moura, presidente da Convenção.

Católicos
Já a Igreja Católica, por meio da Arquidiocese de Vitória, lançou um documento oficial assinado pelo Arcebispo Luiz Mancilla Vilela, condenando quem apoia questões como o aborto, a violação à liberdade de expressão e religiosa.

“Não vote naqueles que defendem um falso conceito de direitos humanos, por exemplo, colocando como se fosse direito: a violação da liberdade de expressão, o direito de matar o ser humano no seio materno, o direito de adoção de crianças quando faltam as qualidades de mãe ou de pai, o direito de violar a liberdade religiosa impedindo que cada religião use os seus símbolos sagrados. Estes não merecem o seu voto de católico.”, escreveu o Arcebispo.

No domingo da eleição, alguns padres católicos chegaram mesmo a pregar contra o voto em Dilma Roussef durante a homilia das missas matinais. Um dos exemplos foi a Igreja de Santa Rita, localizado na Praia do Canto, um bairro nobre da capital capixaba.

No Espírito Santo, houve uma vitória apertada da candidata petista: Dilma conquistou 37,25% dos votos válidos, o que corresponde a 717.417 votos; Serra obteve 35,44%, o que equivale a 685.590 votos, e Marina Silva (PV), recebeu 26,26% dos votos capixabas, ou seja, 505.734 votos.

Por Reinaldo Azevedo

Um vídeo no YouTube foi visto, segundo sei, por mais de quatro milhões de pessoas. O pastor Paschoal Piragine Jr., da Primeira Igreja Batista da Curitiba, expõe os motivos por que os fiéis, segundo ele, não devem votar no PT— e a descriminação do aborto é uma delas. Como sabem, não postei o vídeo aqui porque poderia parecer endosso a tudo o que Piragine diz. E tenho algumas boas divergências. Mas isso agora é irrelevante.

Ocorre que o Youtube passou a pedir senha ou registro para que o vídeo possa ser acessado (aqui) . Lê-se a seguinte mensagem:
“Segundo a sinalização da comunidade de usuários do YouTube, este vídeo ou grupo pode ter conteúdo impróprio para alguns usuários”.

Epa! Aí não dá! Impróprio para quem? Especialmente para os petistas, não? Quantos são os vídeos no YouTube que esculacham os tucanos e todos aqueles que o PT considera adversários? Falar mal do partido, agora, deve ser algo escondido, como se o Internauta usasse a Internet para ver pornografia? É uma forma de censura. Não se trata de expor a intimidade de ninguém ou de calúnia. É uma crítica politica, concorde-se ou não com ela.

Há outro arquivo do vídeo aqui. Essa gente vai ter de aprender a viver num país livre!

Por Reinaldo Azevedo

Por Marcelo de Moraes, no Estadão:
Em setembro do ano passado, o deputado federal Luiz Bassuma teve suspensos seus direitos partidários dentro do PT pelo prazo de um ano por decisão da direção nacional da legenda. O motivo: era contra a orientação do partido a favor da legalização do aborto. Integrante da Frente Parlamentar em Defesa da Vida, Bassuma preferiu pedir sua desfiliação do PT, entrando no PV de Marina Silva e disputando o governo da Bahia pelo partido. Agora, com a questão da legalização do aborto tirando votos da candidata Dilma Rousseff, Bassuma critica o que considera mudança de opinião da petista em relação ao assunto. “Acho que vai piorar a situação dela se mentir sobre o aborto por razões eleitoreiras. Vai ser um tiro no próprio pé”, afirma.

O senhor foi punido pelo PT por ser contra a legalização do aborto. Agora, esse tema passou a ser um dos principais problemas da campanha presidencial de Dilma Rousseff e o PT se esforça para dizer que não defende a proposta. Qual é a sua avaliação sobre isso?
Ninguém pode apagar a história. Fui punido com um ano de suspensão pelo PT apenas por querer continuar a favor de uma ideia que sempre defendi. Não queria que ninguém pensasse igual a mim. Só queria que o partido respeitasse meu direito de ter opinião diferente.

O senhor acha que o PT agiu errado com o senhor?
Cumpri quatro mandatos pelo PT e um dos motivos que me fizeram ser filiado ao partido era justamente o artigo interno que permitia aos integrantes terem direito à liberdade de opinião, de religião, de pensamento. Comigo não valeu.

O senhor acha que há setores do partido que realmente são contra o aborto?
É possível. Mas fui punido quase por unanimidade pela direção do partido por ser contra a proposta. Dilma era a ministra chefe da Casa Civil na ocasião. Durante a análise do meu caso, o PT deixou claro que é a favor da legalização e não concordo.

Nos últimos dias, a candidata Dilma tem negado publicamente ser a favor do aborto. O PT, então, deveria propor uma punição interna para ela como fez no caso do senhor?
Acho que eles têm de assumir a verdade e dizer o que pensam sobre o assunto. Vai piorar a situação dela se mentir sobre o aborto por questões eleitoreiras. Vai ser um tiro no próprio pé. Na minha opinião, ela é materialista. O presidente Lula não. Todo mundo sabe que ele realmente tem uma posição diferente. Ele sempre disse que era contra o aborto.

Esse tratamento mais flexível do PT sobre o tema faz com que o senhor se sinta injustiçado por ter sido punido?
Pelo contrário. Eu me sinto honrado por ter sido suspenso pelo PT por ter defendido a vida. Essa é a bandeira da minha vida. Minha principal causa política. E o PT não respeitou esse meu direito. Envergonhado eu estaria se tivesse defendido o mensalão. Eu acho que o aborto significa matar uma vida.

Sua candidata, a senadora Marina Silva, está fora do segundo turno. Entre José Serra e Dilma Rousseff, quem o senhor pretende apoiar no segundo turno?
O PV e Marina ainda vão definir suas posições sobre a sucessão presidencial. Mas eu vou votar e fazer campanha por José Serra em Salvador. Já estou anunciando esse meu apoio publicamente.

Por Reinaldo Azevedo

Não! Eu não faço debate oportunista sobre o aborto. Todo mundo sabe qual e a minha opinião desde que o blog existe — e antes, nos veículos em que escrevi. Já enfrentei toda sorte de acusação — “obscurantista” e “atrasado” são só as mais suaves. Há quem ache a curetagem ou a sucção uma manifestação de iluminismo. É um jeito de ver o mundo; não é o meu. A China, o país em que mais se fazem abortos no mundo,  deve ser a pátria das Luzes!

Os abortistas gostam de números. Exibem-no de boca cheia e cabeça vazia. Peço licença para reproduzir aqui um post do dia 2 de agosto — a polêmica envolvendo Dilma Rousseff nem estava dada ainda. Leiam com atenção, e com atenção especial aos números, por favor. Volto para encerrar.
*
Fantástico levou ontem ao ar uma longa reportagem que fez a defesa sub-reptícia da legalização do aborto, embora não se tenha tocado nessa expressão em nenhum momento. Escolheu-se o chamado método do terrorismo didático: convencer pelo horror. Câmeras escondidas flagraram clínicas clandestinas e carniceiros variados para evidenciar que, proibido embora - exceto em caso de estupro e risco de morte da mãe -, o aborto é feito à larga. O corolário restou subjacente: se é assim,  a proibição é uma hipocrisia e se legalize de vez a prática para preservar a saúde das mulheres.

A tese é ruim. Que outras ilegalidades deveriam ser tornadas legais já que a gente não pode mesmo coibi-las totalmente? Levada ao limite, em vez de combater os criminosos, as sociedades deveriam legalizar o crime. Tudo seria da lei. Voltaríamos ao estado da natureza. E deixo de barato que a defesa da “saúde da mulher” ignore, no caso, a vida do feto.

Uma tese ruim irrita, sim. Mas o mais constrangedor da reportagem, depois do método didático-terrorista, é a manipulação desajeitada de supostas estatísticas ou pesquisas, o que levou o site do Fantástico a cravar na manchete: “Uma em cada cinco mulheres já fizeram aborto no Brasil”. De onde saiu tal formulação?

De uma pesquisa realizada por um grupo da UnB. Com voz muito pausada, sílabas escandidas de indignação cívico-militante, óculos que anunciam “sou uma pensadora”, a antropóloga Débora Diniz explica o que segue (leiam com atenção):
“A pesquisa nacional de aborto, cobriu todo o Brasil urbano, que são as capitais, e as grandes cidades, ou seja, ficou de fora o Brasil rural, porque não podíamos incluir mulheres analfabetas. As pesquisadoras entraram na casa das mulheres, com uma urna secreta, as mulheres de 18 a 39 anos, elas recebiam uma cédula que constava de cinco perguntas, e uma delas é, ‘você já fez aborto?’. O que nós sabemos é que uma mulher em cada cinco, aos 40 anos, fez aborto. Significam 5 milhões e 300 mil mulheres em algum momento da vida, já fizeram aborto. Metade delas usou medicamento, nós não sabemos que medicamento é esse; a outra metade precisou ficar internada pra finalizar o aborto. O que isso significa? Um tremendo impacto na saúde pública brasileira. Quem é essa mulher que faz aborto? Ela é a mulher típica brasileira. Não há nada de particular na mulher que faz aborto”.

É evidente que se trata de um discurso em favor da legalização do aborto. Ocorre que a fala da antropóloga é um queijo suíço, que só convence os incautos:
1 -
 Qual é a cientificidade de sua amostragem?
2 -
 Qual é o tamanho da amostra?:
3 -
 Quer dizer que “todo o Brasil urbano são as capitais e as grandes cidades”? Quem disse? Segundo qual ciência?
4 -
 Todas as mulheres do campo são analfabetas?
5 -
 Se a antropóloga confessa que o Brasil rural ficou fora da “pesquisa”, então é mentira que uma em cada cinco mulheres já fez aborto. Como posso afirmar isso? Ora, é ela quem afirma quando confessa que sua amostra não representa o Brasil.
6 -
 Se o mal enxergado pela intelectual da voz pausada é o impacto na saúde pública, seria menor tal impacto no caso da legalização? Um aborto legal dispensa a curetagem ou a sucção?
7 -
 O que a doutora Débora entende por “mulher típica brasileira”? Ainda que fosse verdadeiro o chute de que uma em cada cinco mulheres entre 18 e 39 anos já fez aborto, isso significaria, então, 20% do total. Com a devida vênia, doutora, a “mulher típica” é aquela dos 80% que não fizeram, certo? Por mais que a senhora tente transformar o aborto numa banalidade como “me passa o açúcar”, ele continua, até na sua pesquisa, uma exceção.

Defender a morte de um feto é difícil, reconheça-se. Por isso essa gente gosta tanto de estatísticas e números. Um dado fornecido por uma pesquisa do Instituto do Coração, da USP, foi considerado “espantoso” pelo Fantástico:
“Entre 1995 e 2007, a curetagem depois do procedimento de aborto foi a cirurgia mais realizada pelo SUS: 3,1 milhões de registros”.

Querem ver como, às vezes, falta ao editor ou puxar as orelhas dos repórteres ou usar calculadora que faça apenas as quatro operações (já nem digo ler o conjunto da obra em busca de incongruências)? 3,1 milhões de curetagens em 13 anos dão uma média de 238.461 procedimentos por ano. Atenção! Perguntem a especialistas da área e eles lhes dirão: 25% das gestações resultam em abortos espontâneos. Nascem, por ano, no Brasil, mais ou menos 2,8 milhões de crianças.

Vamos supor, meus caros, só para efeitos de pensamento, que não houvesse um só aborto provocado no Brasil: aqueles 2,8 milhões seriam apenas 75% das gestações — ao todo, elas somariam 3,73 milhões. REITERO: VAMOS FAZER DE CONTA QUE NÃO EXISTEM ABORTOS PROVOCADOS. Ora, só os abortos espontâneos chegariam, então, a 930 mil por ano. Como INEXISTE NOTIFICAÇÃO NOS HOSPITAIS PARA DISTINGUIR CURETAGEM DECORRENTE DE ABORTO ESPONTÂNEO DE CURETAGEM DECORRENTE DE ABORTO PROVOCADO, chega-se à conclusão de que os quase 240 mil procedimentos são um número “espantoso”, sim, Fantástico: ESPANTOSAMENTE BAIXO!

Se encontrarem furo lógico aí, cartas para o blog!

O número significa ainda mais — e mais grave: o SUS não tem, então, estrutura para atender nem mesmo os casos de abortos espontâneos. Imaginem o que poderia acontecer com um aumento da demanda em caso de legalização.

As pessoas defendam o que bem entenderem. Faço o mesmo. Não gosto é que tentem me iludir com estatísticas furadas, que não resistem a uma conta de dividir e a uma regra de três. O que me incomoda na defesa da legalização do aborto é que se tenta compensar a penúria ética da tese com números. E números, lamento, podem auxiliar na criação de uma moral, mas não a substituem.

Ora, tenham a coragem, então, de defender o aborto como “um direito” e ponto final! Poder ser horrível, mas é, ao menos, intelectualmente mais honesto. E sem essa de chamar militante de “especialista”. Militante só é especialista da própria causa.
*
Volto ao dia 6 de outubro
Não adianta me acusar de “católico”. Não é acusação, mas fato. E também uma facilidade. Tentem contestar é a lógica do texto.

Por Reinaldo Azevedo

Por Johanna Nublat, na Folha:
“Nossa posição é muito clara: na linha favorável à descriminalização do aborto.” A frase é do deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP), um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff à Presidência. Foi dita em julho de 2008, quando o deputado orientava a votação dos colegas de partido sobre projeto de lei para legalizar o aborto.

Anteontem, em meio à polêmica que o tema provocou, Cardozo afirmou que a posição oficial do PT a favor da descriminalização do aborto não é consensual. A candidata petista mudou sua opinião sobre o assunto, se dizendo favorável à legalização em 2007 e afirmando ser contra neste ano. Em 2008, Cardozo e o deputado José Genoino (PT-SP) tentaram, sem sucesso, aprovar a proposta no Congresso.

A descriminalização do aborto também foi encampada pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, órgão criado no governo do presidente Lula. Constava das prioridades do 1º Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (2004) a revisão da “legislação punitiva que trata da interrupção voluntária da gravidez”.

Em 2008, o governo lançou uma segunda versão, desta vez sem referências explícitas à liberação do aborto. A assessoria da ministra Nilcéa Freire (Mulheres) disse que ela não se pronunciaria.

Por Reinaldo Azevedo

Podem esperar pauleira. Lula escalou Ciro Gomes para ser o “chefe” da campanha de Dilma no Nordeste — e, obviamente, para fazer aquilo que ele sabe fazer melhor: ofender pessoas. Ciro é assim: o presidente manda que ele transfira o título para São Paulo, ele transfere; o presidente sinaliza que pode apoiá-lo na disputa pela Presidência, ele acredita; o presidente acena que ele pode até ser o candidato ao governo de São Paulo, ele conta com isso. O presidente lhe dá um pé no traseiro, ele faz cara de choro, fica bravinho, mas logo passa.

Ontem, ele estava naquela reunião ilegal no Palácio da Alvorada, todo pimpão. E mostrou que é fiel a seu estilo: “[É preciso ter] um diálogo com esse brasileiro maravilhoso, que votou em mim e na Marina, que é classe média que tá zangada com despudores, com essas frouxidões morais aqui e ali, essa simplificação grosseira que a política de São Paulo quer impor ao país de que só existe vida inteligente no PSDB e no PT.”

Entendi. Ele vai fazer a campanha da ex-chefe de Erenice Guerra para combater a frouxidão moral do país. E, como se nota, ele não perde a oportunidade de atacar São Paulo…

Ciro certamente vai gostar que a gente lembre o que ele pensava sobre Dilma, Lula e Serra há exatos seis meses. Numa entrevista, declarou:

SOBRE SERRA
“Minha sensação agora é que o Serra vai ganhar esta eleição. Dilma é melhor do que o Serra como pessoa. Mas o Serra é mais preparado, mais legítimo, mais capaz. Mais capaz, inclusive, de trair o conservadorismo e enfrentar a crise que conheceremos em um ou dois anos.”

“Em 2011 ou 2012, o Brasil vai enfrentar uma crise fiscal, uma crise cambial. Como estamos numa fase econômica e aparentemente boa, a discussão fica escondida. Mas precisa ser feita. Como o PT, apoiado pelo PMDB, vai conseguir enfrentar esta crise? Dilma não agüenta. Serra tem mais chances de conseguir.

SOBRE DILMA
“Não me peçam para ir à televisão declarar o meu voto, que eu não vou. Sei lá. Vai ver viajo, vou virar intelectual. Vou fazer outra coisa”.

SOBRE LULA 
“Lula está navegando na maionese. Ele está se sentindo o Todo-Poderoso e acha que vai batizar Dilma presidente da República. Pior: ninguém chega para ele e diz ‘Presidente, tenha calma”.

“Ele não é Deus”. (Sobre a popularidade de Lula)

SOBRE DOSSIÊS
“Sabe os aloprados do PT que tentaram comprar um dossiê contra os tucanos em 2006? Veremos algo assim de novo. Vai ser uma m…” (Sobre a campanha presidencial).

Encerro
Ou seja, este patriota entra na campanha da candidata que ele acha menos preparada, com menos condições de governar o Brasil e que, na sua opinião, “não agüenta”. Ok, É Ciro Gomes…

Por Reinaldo Azevedo

Ueba!

Parece que eu estava adivinhando, não é mesmo? Referindo-me ontem àqueles que criticam o debate sobre o aborto e que pretendem ver o PT como vítima, escrevi:
“PARA ESSA GENTE, AS VERDADES DITAS SOBRE DILMA SÃO REACIONÁRIAS; JÁ AS MENTIRAS DITAS SOBRE OS TUCANOS SÃO PROGRESSISTAS.”

Escrevi mais:
De súbito, vejo alguns coleguinhas muito preocupados com “propostas”. E dizem: “Ah, esse negócio de aborto não tem importância. Por que não discutimos o Brasil?” Muito bem! Comecemos, então, por não mentir sobre o Brasil que o PT herdou e que deixará como herança. Eu topo deixar de lado essa suposta “verdade irrelevante” se os petistas pararem com suas “mentiras relevantes”. Vejam que é uma troca que evidencia a minha generosidade: com ironia, digo que eu até abriria mão do direito de dizer essa verdade sobre eles se eles cumprissem a obrigação de não dizer mentiras sobre os outros.

Pois é…

Na reunião de ontem, Lula mandou Dilma não se meter mais nesse debate de religião. A questão, ele decidiu, são as privatizações. Quer repetir a tática de 2006, pespegando em Serra a pecha de “privatista” ou de “representante de um governo privatista”. Obediente, Dilma já começou a repetir o mantra.

Será um bom teste. Vamos ver se os coleguinhas que se irritaram com as “verdades irrelevantes” sobre Dilma e o aborto vão se incomodar com a “mentiras relevantes” que o PT contará sobre as privatizações.

Falo por falar. Já sabemos qual será o comportamento…

Bem, acho que Serra tem de levar a sério um trecho de um de seus discursos, não me lembro se o de despedida do governo ou se o de admissão da candidatura: “Quanto mais mentiras disserem sobre nós, mas verdades diremos sobre eles”, ou algo assim.

Se a questão é passado, acho que falta informar muita coisa aos eleitores, não é mesmo? Eu informaria. Todas. Tintim por tintim. Como ficou claro até aqui, uma única verdade já causou uma enorme perturbação.

É bom não esquecer que o PT sempre atravessa a linha do razoável na relação com o adversário na certeza de que a moral desse adversário não lhe permitirá reagir à altura do agravo sofrido. Eu proponho, reitero, nada além da verdade.

Por Reinaldo Azevedo

Para o governador reeleito de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), um dos principais aliados da petista Dilma Rousseff, eleitores da candidata do Partido Verde, Marina Silva, representam “o voto chique da juventude de classe média”.

Campos, como sabemos, é um legítimo filho das classes populares, não é mesmo?

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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