Lula incita políticos a enfrentar a imprensa, que ele acusa de covarde

Publicado em 19/10/2010 09:02

Lula participou ontem de um evento promovido por uma candidata a revista chamada Carta Capital. Trata-se de um panfleto governista, generosamente patrocinado pelo governo e por estatais, editado pelo ex-jornalista Mino Carta, que chega a ter menos leitores do que os blogs sujos financiados pelo leite de pata da verba oficial. A cartilha premiava alguns empresários — e Lula era o convidado de honra da solenidade.

O Babalorixá voltou a atacar a imprensa, acusada de “uma covardia muito grande”. Falava na solenidade promovida por uma “revista”. Ninguém se veja tentado a apontar aí uma contradição porque, obviamente, a Carta Capital é outra coisa, como deixou claro o próprio Carta, esse Colosso de Rhodes do jornalismo.

Lula incitou os políticos: “A única coisa que quero é que digam a verdade e somente a verdade. Contra ou a favor, mas digam apenas a verdade. Enquanto a classe política não perder o medo da imprensa, a gente não vai ter liberdade de imprensa neste país. A covardia é muito grande”. Ele também atacou a Justiça Eleitoral, que impediu a circulação de uma revista da CUT que faz a campanha de Dilma: “E depois eles falam em democracia, em liberdade de expressão”. A exemplo da revista de Mino, a da CUT também é financiada por estatais (ver post acima).

O valentão criticou ainda “uma revista” — não citou o nome — em que “tem uma fotografia na capa que é um acinte à democracia”. Talvez estivesse se referindo à VEJA, que traz na capa a foto do senador eleito Aécio Neves (PSDB), um dos campeões de voto no país e que aplicou uma surra eleitoral nos petistas e peemedebistas de Minas. Lula acha um “acinte”. O que honra a democracia é a revista de uma central, que vive do imposto sindical, fazer campanha para a candidata do PT com patrocínio de duas estatais: Banco do Brasil e Petrobras. Ou aquele “negócio” dirigido por Mino Carta.

Lula foi precedido nas críticas à imprensa pelo próprio ex-jornalista, que negou em seu discurso, calculem!, que o mensalão tenha existido. É dessa imprensa que Lula gosta, daquela que “diz a verdade e somente a verdade”!

Por Reinaldo Azevedo

REVISTA ILEGAL DA CUT EM APOIO A DILMA É PATROCINADA POR PETROBRAS E BANCO DO BRASIL. É A PRIVATIZAÇÃO DO PT!

Uma revista produzida pela CUT em apoio à candidatura de Dilma Rousseff já seria ilegalidade o suficiente. Mas não para petistas. Leiam o que informa Silvio Navarro, na Folha. Comento em seguida:

BB e Petrobras custeiam revista da CUT pró-Dilma

Proibida de circular pela Justiça Eleitoral pelo conteúdo favorável à campanha de Dilma Rousseff (PT), a edição deste mês da “Revista do Brasil”, vinculada à CUT (Central Única do Trabalhador), teve anúncios pagos por Petrobras e Banco do Brasil. A estatal e o banco confirmam que são anunciantes da revista, mas se recusaram a informar o valor repassado.

Ontem, o ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Joelson Dias determinou a interrupção da circulação da revista, cuja tiragem é de 360 mil exemplares mensais. O responsável pela publicação, Paulo Salvador, disse, porém, que todas as revistas já foram distribuídas. O entendimento do ministro é que a publicação faz defesa aberta da candidatura de Dilma. Pela Lei Eleitoral, sindicatos não podem contribuir direta ou indiretamente com campanhas políticas.

A decisão atende a um pedido da coligação de José Serra (PSDB). O mesmo ministro do TSE aplicou multa a Serra e ao diretório tucano na Bahia em julho por propaganda antecipada em maio. Diz o TSE: “A representante noticia e traz elementos que demonstram a divulgação, por entidade sindical, ou criada por sindicatos, de mensagens de conteúdo aparentemente eleitoral, em publicações que distribuem e também em seus sítios na internet, o que, ao menos em tese, configuraria violação ao inciso da Lei Eleitoral”.

A edição barrada traz uma foto de Dilma na capa sob o título “A vez de Dilma - o país está bem perto de seguir mudando para melhor”. Há, inclusive, foto de Dilma cumprimentando Marina Silva (PV) em evento com o presidente Lula. Também inclui reportagem sobre a derrota de oposicionistas da “velha guarda” no Senado. Em meio à atual polêmica religiosa, a edição traz o bispo de Jales (SP), dom Demétrio Valentini, enaltecendo Lula e lembrando que Dilma é sua candidata.

A despeito da decisão do TSE, o conteúdo da revista estava na internet ontem.
O “conselho diretivo” da revista é formado por dirigentes da CUT e filiados ao PT, como o presidente da central, Artur Henrique, e Maria Izabel Noronha, a Bebel, que comandou greve de professores contra Serra.
 Aqui

Comento
Essa é a privatização do PT!

Por Reinaldo Azevedo

O TERRORISMO PESQUISEIRO ESTÁ DE VOLTA. E COM OS MESMOS ATORES NO MESMO PAPEL

A delinqüência está de volta. Começa hoje a safra de pesquisas eleitorais da segunda semana, puxada por este incrível Vox Populi, do mais incrível ainda Marcos Coimbra. Antes que o, digamos, “instituto” divulgasse seus resultados, a suposta diferença de 12 pontos entre a petista Dilma Rousseff e o tucano José Serra já estava em todas as bocas. Coimbra é do tipo que não esconde, vocês sabem. Eu continuo sem saber quem vai ganhar a eleição, mas Marcos Coimbra, que trabalha para o PT e é colunista de uma revista petista, diz saber.

Na quarta-feira, dia 29, três dias antes da eleição do primeiro turno, o Vox Populi dizia que Dilma venceria a disputa no primeiro turno com 12 pontos de vantagem sobre a soma dos demais concorrentes. Sim, leitor, isto mesmo! 12 pontos. E o rapaz ainda concedeu uma entrevista a um blog naquele dia:

Pergunta - Marina Silva está crescendo sobre votos de Dilma Rousseff?
Coimbra -
 Não dá para dizer. Dilma cresceu tanto após o início do horário gratuito da propaganda eleitoral que roubou votos dos outros dois. Agora, esses votos estão, ao que parece, voltando para eles.

Quantos votos, de fato, Dilma precisa perder para que haja segundo turno?
Nos dados de nosso tracking (corroborados por vários outros que temos de pesquisas desenvolvidas em paralelo), a vantagem dela para a soma dos outros estava em 12 pontos percentuais ontem. Se 6 pontos passassem dela para os outros, a eleição empataria e o prognóstico de vitória no primeiro turno seria impossível.  Como cada ponto equivale a mais ou menos 1,35 milhão de eleitores, isso seria igual a 8 milhões de eleitores (sem raciocinar com abstenções).
(…)
Qual o quadro que o senhor acha mais provável?
Vitória de Dilma no primeiro turno.

Coimbra é o cara que organizava aquele tracking diário para o Ig, onde o tucano José Serra chegou a aparecer com 22% dos votos. O resultado das urnas mostra a credibilidade do seu levantamento. Há uma semana, ele publicou uma simulação de segundo turno, e a diferença entre Dilma e Serra era de 8 pontos. Agora, seria de 12 nos votos totais. É simples: bastou mexer nos números do tucano dentro da margem de erro (há uma semana, teria 40%, agora 39%) e somar três pontinhos pra ela (teria ido de 49% para 51%). Atenção: segundo Coimbra, os brancos e nulos continuam em 6%, como na semana passada, e os indecisos passaram de 6% para 4%. Huuummm… Serra não só não teria ganhado nenhum indeciso (foram todos para Dilma) como ainda perdeu eleitores para a petista, entenderam? Tudo num “passe de Marcos”…

Efeito deletério
“Ah, mas todo mundo sabe que essa gente…” Não é bem assim. Pesquisas, por menos credibilidade que tenham, sempre ajudam a criar o “ambiente”. Institutos fazem lá os seus ajustes, entendem? Se considerarmos, então, o modo como as coisas estão sendo feitas no Brasil, né? Arredonda-se aqui, arredonda-se ali. Um vem com 12; o seguinte, se tiver de arredondar para chegar a uma diferença de 7 ou de 8, escolhe a diferença maior, que o aproxima mais do colega; o que vem depois, ainda que seja o honesto da turma, sente a pressão e também dá o seu “totozinho”. No fim das contas, um acaba usando o outro como o limite da sua margem de erro e, magicamente, todos acertam, ainda que todos errem.

Daqui a pouco, o jornalismo online começa a “repercutir”, como eles dizem, os números do Vox Populi. Quem, a três dias da eleição, afirmava uma diferença a favor de Dilma de 12 pontos sobre a soma dos demais candidatos precisa é ser investigado em vez de ser levado a sério.

Mas Marcos Coimbra está de volta. Afinal, é essa a sua profissão.

Por Reinaldo Azevedo

Para“Blog da Dilma”, os paulistas são “BESTAS”

Blog da Dilma, que se intitula “o maior portal de Dilma na Internet”, postou ontem o seguinte título para atacar Serra: “Zé Pedágio pensa que os nordestinos são bestas como os paulistas”. Quando percebeu a mancada, tirou o troço do ar. Mas, na Internet, sempre é tarde demais. Eis aí.

blog-dilma-bestas

Esse é aquele mesmo blog que fez um ataque boçal a Marina Silva, chamando-a de “traidora” e afirmando que Dilma queria dar comida ao povo, enquanto a candidata verde só prometia oxigênio…

Por Reinaldo Azevedo

No Jornal Nacional, o “enrolation” de Dilma sobre o aborto; o curioso é que argumenta a favor, mas depois se diz contra…

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, concedeu nesta segunda uma entrevista ao Jornal Nacional. Duas questões se destacaram: a sua posição sobre o aborto e os escândalos envolvendo Erenice Guerra. No segundo caso, tirou o corpo fora e preferiu atacar o tucano José Serra. Segundo disse, o governo a que ele pertence mandou investigar tudo etc, e tal, já os tucanos não teriam investigado Paulo Souza pelo suposto sumiço de recursos de campanha. É a velha tática de acusar para não ter de se defender. Hoje, dando mostras de quão disposta está a investigar, a Casa Civil prorrogou por mais 30 dias o apuração das lambanças da Erenice — fica para depois da eleição. É a disposição para investigar de que fala Dilma. Quero me ater ao “enrolation” sobre o aborto. Reproduzo perguntas e respostas, segundo a transcrição do G1, e volto em seguida. Destaco alguns trechos em “vermelhito” (que é o negrito do vermelho, hehe):

William Bonner : Candidata, quando terminou o primeiro turno, a senhora e alguns dos seus assessores, enfim, partidários do Partido dos Trabalhadores chegaram a dizer que aquela discussão, aquela polêmica sobe o aborto tinha motivado essa decisão do eleitor no fim do primeiro turno. Essa polêmica toda, essa discussão não teria se dado por causa de sua mudança de posição sobre a legislação referente ao aborto? Eu digo isso porque pessoalmente a senhora sempre se manifestou contrária ao aborto. O que a senhora fez em algumas entrevistas, na revista “Marie Claire”, na “Folha de S.Paulo”, foi dizer que era favorável à mudança da legislação, à legalização do aborto. Não teria sido mais natural num país tolerante como é o nosso que a senhora tivesse admitido publicamente essa mudança de opinião a respeito?

Dilma Rousseff: Veja bem, Bonner, eu acredito que nessa história do aborto houve muita confusão. Há uma diferença, Bonner, entre a posição individual minha como cidadã: eu sou contra o aborto. Sou contra o aborto porque eu acho uma violência contra a mulher, e não acredito que mulher alguma é a favor do aborto. Acho que as pessoas que recorrem ao aborto o fazem em situação-limite. O que é que acontece com o presidente da República? Ele não pode fingir que não existem milhares de mulheres, principalmente, até milhões, pelos dados até publicados pelo [jornal O] “Globo” são milhões de mulheres, três milhões e meio de mulheres que recorrem ao aborto. Nós não podemos fingir que essas mulheres não existem. E mais: não podemos fingir que essas mulheres, elas fazem isso em situações muito precárias, e provoca, recorrer ao aborto provoca risco de vida e em alguns casos a morte. Pois bem, a minha posição sempre foi a seguinte: você não pode colocar essas mulheres, prender essas mulheres. Não se trata de prender as mulheres, se trata de cuidar delas. Porque você não vai deixar três e meio milhões de mulheres ameaçadas a sua saúde. Então são duas posições diferentes. Quando a gente diz que o aborto não é um caso de polícia, no Brasil ele é um caso de saúde pública, o que que nós estamos falando? Nós estamos falando o seguinte: para prevenir para que não haja o aborto, primeira questão, nós temos que tratar a quantidade imensa de gestantes adolescentes que recorrem ao aborto ou porque têm medo da família, da família não aceitar, ou porque já não têm laços familiares efetivos que podem garantir a ela o apoio pra poder ter a criança.

William Bonner: Agora, na semana passada, a senhora divulgou um documento em que a senhora afirmou o compromisso de não propor nenhuma modificação na legislação. Algumas pessoas que defendem o aborto, né, como uma questão de saúde pública, como a senhora mesma já fez no passado, entenderam que esse seu compromisso seria um recuo, uma concessão, digamos assim, excessiva aos religiosos, que entra em contradição com algo que a senhora mesma defendeu. A senhora dizia: é uma questão de saúde pública e é um absurdo, a senhora disse isso para a “Folha de S.Paulo”, é um absurdo que não se legalize a questão. Daí a questão. A senhora não vê essa contradição?

Dilma Rousseff: Não, não vejo. Sabe por que, Bonner? Porque ninguém em sã consciência vai propor prender 3,5 milhões e meio de mulheres.Até porque tem um problema concreto, prático. Eu não concordo com a mudança na legislação. A legislação prevê aborto em dois casos. Prevê no caso de estupro e de risco de vida pra mulher. Então há, necessariamente, uma forma de a gente conduzir isso sem alteração. E acredito que um processo de alteração, por exemplo, por plebiscito, seria muito ruim. Porque dividiria o Brasil de ponta a ponta. Não levaria a uma forma de, eu diria, de acordo e de consenso. Pelo contrário: os países que fizeram isso tiveram péssimas experiências. Então eu fiz uma carta que é uma carta a todos os religiosos, mas é uma carta pública ao povo brasileiro no sentido de que acredito que a legislação.

Fátima Bernardes: Pode ser mantida…

Dilma Rousseff: Pode ser mantida, e não é necessário alterar os termos da legislação.

Voltei
As palavras fazem sentido — menos, parece, quando ditas por Dilma Rousseff. Alguém entendeu alguma coisa? Se ela defende a legsilação como está, então ela é contra a descriminação do aborto. Como ela já havia se posicionado a favor, então estamos diante de uma contradição — contradição que, no entanto, ela não reconhece!!! O que dá para entender dessa maçaroca de anacolutos, solecismos e sintaxe em desalinho?  A gente percebe que, de fato, ela argumenta a favor da descriminação — afinal, é o que realmente pensa —, mas se diz contrária porque aprendeu que, eleitoralmente, é o mais prudente.

O que me resta? Homenageá-la com suas próprias palavras, mais uma vez.

Por Reinaldo Azevedo

Por que os patriotas e moralistas do PT me encantam. Ou: A Farsa dos panfletos. Ou: A mentira da coletiva do PT engolida por jornalistas

José Eduardo Cardozo, secretário-geral do PT, é aquele senhor de ar, se me permitem o neologismo, “serioso”, expressão de um dito “petismo ético” (é curioso que eles próprios admitam a suposta existência de um grupo assim…), que costuma aparecer ao lado de Dilma Rousseff nas entrevistas. Ele concedeu hoje uma entrevista coletiva para “denunciar” algo gravíssimo, seríssimo, importantíssimo — que já tinha virado matéria da Folha. A irmã do coordenador de infraestrutura da campanha de Serra, Sérgio Kobayashi, é sócia da gráfica Pana, que imprimia o “Apelo a Todos os Brasileiros”, a mensagem em que católicos pedem que os fiéis não votem em candidatos que apóiem a descriminação do aborto. Era uma encomenda da Mitra Diocesana de Guarulhos. O TSE concedeu uma liminar que permitiu à Polícia Federal recolher o material.

Cardozo está tocado pelos mais nobres sentimentos cívicos e legalistas. Tanto é que concedeu uma coletiva em que uma MENTIRA foi passada aos jornalistas como se verdade fosse. Afirmou-se que Paulo Ogawa, que trabalha na gráfica Pana, era funcionário do Ministério da Saúde na gestão Serra. Bem, trata-se de uma mentira. Agora, 22h39, a informação ainda está, por exemplo, no Estadão Online, onde foi publicada às 17h56.  É um homônimo. E o jornalismo tem como saber disso. Estamos na fase do “declaracionismo”: O Fulano A diz que o Fulano B fez tal coisa. O Fulano B nega. E a imprensa com isso? Ora, registra as duas coisas e pronto!

O PT tenta “escandalizar” o nada! A Diocese de Guarulhos encomenda o impresso que quiser para dar instruções aos católicos. O que o moralista Cardozo deveria explicar é a impressão de material da CUT em defesa, aí sim explícita, da candidata Dilma Rousseff. O comportamento da Igreja não é interditado pela Lei Eleitoral — por enquanto, prevalece a interpretação de um ministro do TSE, em caráter liminar —, já o da CUT é indubitavelmente ilegal. O impresso encomendado pela Igreja é tratado como escândalo porque uma tucana é sócia da gráfica que o imprimiu; já o material da CUT, bem, é noticiado como coisa corriqueira. Afinal, parece tão natural que uma central sindical apóie materialmente o PT não é mesmo?, ainda que isso seja proibido por lei…

Só para encerrar: caso Dilma seja eleita, Cardozo é candidato a ministro da Justiça. A gente vê que está se preparando bem para eventualmente ocupar o cargo. A primeira vítima de sua entrevista coletiva desta tarde foi a verdade. A segunda, tudo indica, é a liberdade religiosa, ou a Igreja Universal é livre para imprimir panfletos em favor de Dilma, mas um setor da Igreja Católica não o é para pedir um voto contra o aborto?

Por Reinaldo Azevedo

Xiii, o que o mercado financeiro anda dizendo de Mantega não se publica em blogs de família…

Leiam o que informam Francisco Carlos de Assis e Adriana Fernandes, da Agência Estado. Volto em seguida:

Governo eleva IOF sobre capital estrangeiro em renda fixa a 6%

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou na noite desta segunda-feira, 18, duas novas medidas com o objetivo de atenuar a pressão cambial sobre o real. Uma delas é o aumento de 4% para 6% da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre investimentos externos em renda fixa e a outra medida é a elevação do IOF para o recolhimento de margem na BM&FBovespa dos atuais 0,38% para 6%. “O que queremos é diminuir o apetite dos aplicadores estrangeiros de curto prazo. Aqueles que vêm aplicar de dois a três anos pagarão o IOF, mas não devem parar de investir no Brasil”, afirmou o ministro.

As novas medidas cambiais não vão afetar os investimentos estrangeiros para compra de ações, que continuam sujeitos a uma alíquota de IOF de 2%. “Isso (as medidas) não abrangem, por exemplo, as compras de ações. A compra de ações não foi mexida na mudança passada e continua em 2% como era antigamente”, afirmou Mantega.

Mantega disse que o estoque do volume de margem na BM&Bovespa é de US$ 20 bilhões e que esse montante pode lastrear US$ 200 bilhões. “Veja a taxa de alavancagem!”, destacou o ministro, ao justificar a razão de estar elevando para 6% a alíquota do IOF sobre o recolhimento de margens.

Ele disse acreditar que essas medidas surtirão efeito, contudo não descartou a possibilidade de novas medidas caso seja necessário. Mantega destacou que é importante aguardar os resultados das medidas anunciadas esta noite e explicou que o governo pretende dosar as medidas até porque não há interesse em prejudicar os investimentos estrangeiros diretos. “Queremos atenuar o excesso de variações. O que vai acontecer com o câmbio não sei dizer porque não faço projeções cambiais”, disse.

O ministro disse que há um apetite muito grande da parte dos investidores estrangeiros e que só no mês passado entraram no País US$ 16 bilhões, e adiantou que na última semana houve um forte ingresso de capital estrangeiro, mas sem citar números. O ministro adiantou ainda que nas conversas na semana passada, em Washington, percebeu que há um número significativo de grandes fundos estrangeiros querendo desembarcar no Brasil. “Para fazermos o moderador de apetite estamos avisando que quem vier investir no Brasil vai ganhar menos e que deve olhar também para outros países”, comentou, dando como exemplo a Austrália.

Mantega voltou a enfatizar a necessidade de uma ação coordenada para combater a guerra cambial no mundo. “Eu desnudei esse tema. Tirei o véu da guerra cambial, agora estamos fazendo uma ação coordenada de vários países porque se cada um tomar uma medida individual, os EUA continuarão emitindo e a China desvalorizando a sua moeda e fica todo mundo na mesma situação”, afirmou.

Diário oficial
A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda informou em Brasília que as novas medidas anunciadas hoje pelo ministro Guido Mantega entrarão em vigor nesta terça-feira se o decreto estiver publicado no Diário Oficial da União. A assessoria admitiu, no entanto, que não há certeza até o momento se haverá tempo hábil para a publicação no Diário Oficial desta terça.

Comento
Pois é… Há coisa de um mês, o tucano José Serra era considerado, acreditem, um “risco”. Não sei exatamente risco de quê. As imprecações mais, digamos, contundentes foram ouvidas ali pelas cercanias da BM&FBovespa, com a, se me permitem, porrada do IOF.

Guido Mantega diz haver uma espécie de “guerra cambial” mundial. Huuummm… A imagem nem é tão ruim assim, né? O problema é como convencer a China, por exemplo, a valorizar a sua moeda. Eu acho que os chineses não vão topar a idéia, entenderam?

Como corrigir a questão? Eita que, se eu soubesse, cobraria a resposta a peso de ouro (o ouro é uma boa hoje? Nem vi…). Mas uma coisa é certa: o Mantega também não sabe. Por enquanto, ele tenta convencer os chineses… O fato é que, no ritmo em que a coisa anda e sem uma perspectiva de autocorreção do mercado mundial, a indústria brasileira vai para a cucuia.

Como diz um amigo meu — cito o nome: Luiz Carlos Mendonça de Barros —, o PT pegou o software do governo FHC e resolveu aplicar no seu próprio governo. Nunca confessou isso. Mas foi o que fez. Deu certo. Só que esse software não previa o dólar nessa pindaíba mundial (eram outros tempos) e essa espécie de, sei lá, competição para ver quem mantém a própria moeda mais desvalorizada.

O Brasil, por razões várias, está fazendo o contrário, e, na prática, o real hoje está mais valorizado do que no auge do governo FHC — e que o PT criticava tanto. Naquele caso, atribuía-se ao chamado “câmbio fixo” a valorização excessiva. Agora, ela está sendo dada num regime de câmbio flutuante. E Mantega não tem a menor idéia do que fazer.

Por Reinaldo Azevedo

Este panfleto, sim, é ilegal!

Na Folha Online. Volto em seguida:

TSE suspende distribuição de impresso feito pela CUT em favor de Dilma

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deferiu em parte o pedido de liminar da coligação de José Serra (PSDB) contra Dilma Rousseff (PT), que afirmava que a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e outras entidades sindicais estariam patrocinando a produção de “farto material” impresso para promover a candidata. A liminar também sustentava que as entidades estariam fazendo campanha na internet, em favor da petista.

O TSE determinou que a CUT não distribua mais a edição do “Jornal da CUT” de 28, setembro e que suspenda a divulgação da publicação no seu site. Determinou, ainda, que a CUT suspenda a divulgação em seu site da “Revista do Brasil”, também de outubro, as chamadas e textos das mensagens e que a Editora Gráfica Atitude Ltda. não distribua a “Revista do Brasil” e suspenda a divulgação da publicação na internet.
(…)
foi negado o pedido de liminar para que a CUT e a editora apresentem os documentos referentes à contratação da produção das publicações e a empresa gráfica onde foram confeccionados.

Por ausência de previsão legal e “por não vislumbrar a utilidade da medida de busca e apreensão reclamada”, o ministro Joelson Dias, relator do processo, indeferiu o pedido de que o processo tramite em segredo de justiça, até sua conclusão. “Em regra, os processos judiciais correm publicamente, salvo raras exceções, como nas ações de impugnação de mandato eletivo, o que não é o caso”, observou. A coligação de Serra pediu o pagamento de multas que variam de R$ 5.000 a R$ 30 mil, além do reconhecimento da ilegalidade das publicações.

Comento
O que há em comum entre os panfletos da CUT e o material que a Diocese de Guarulhos tinha mandado imprimir e que foi apreendido pela Polícia Federal? Nada! São coisas diferentes. Aliás, diferentes também são as decisões oficiais tomadas a respeito: discretas no caso da CUT; estrepitosas no caso da Igreja. Não por acaso — ou é por acaso? Sacaram a graça do joguinho de palavras? —, as discretas beneficiam a central do PT; as estrepitosas prejudicam a ala da Igreja Católica que se mobilizou contra a legalização do aborto.

A Igreja Católica não vive de impostos; o dinheiro que recebe vem de doações; não consta em nenhum lugar que não pode orientar seus fiéis sobre qualquer assunto — inclusive eleitoral. A CUT vive do Imposto Sindical. A Lei Eleitoral veda explicitamente a mobilização em favor de candidatos e partidos. O documento daquele setor da Igreja não pede voto, mas estabelece um critério — que é, sim, contra Dilma porque ela defendeu a legalização do aborto; o material da CUT pede votos abertamente para a petista.

Quem comete crime eleitoral, segundo a lei, é a CUT, não aquele setor da Igreja. Não obstante, a se dar crédito ao que informa  aquilo que o PT chama “mídia”, fica parecendo que criminosos são os católicos.

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (veja.com

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