O canalha inventado por Chico Anysio reencarnou no PT: ‘Sou, mas quem não é?’

Publicado em 15/12/2010 17:25 e atualizado em 01/03/2020 20:50

Tavares, o canalha, foi um dos grandes tipos criados por Chico Anysio. Sempre de pileque, copo de uísque na mão, topete de galã de antigamente, terno e gravata amarfanhados que identificam boêmios de botequim, o personagem passava o tempo tentando conciliar o noivado com a moça rica e feia com assédios explícitos às empregadas da casa ou às amigas do alvo do golpe do baú. O quadro terminava com o bordão popularíssimo no Brasil dos anos 70: “Sou, mas quem não é?”

Passados 30 anos, o canalha inventado por Chico Anysio reencarnou no PT: a cada canalhice consumada, a seita dos devotos de Lula alega ter feito o que todo mundo faz. Eles começaram a incorporar a criatura do humorista genial em 2005, quando o escândalo do mensalão revelou que o templo das vestais era só o esconderijo das messalinas. Aperfeiçoado ao longo do segundo mandato do chefe, o script se repete com ligeiros retoques a cada bandalheira descoberta pela imprensa. Enquanto atribui a denúncia da vez a “manobras políticas”, o partido que antes reivindicava o monopólio da ética agora prefere acusar o inimigo de ter incorrido no mesmo pecado. Todos são canalhas.

Contemplada pelo olhar deliberadamente estrábico do PT, a história recente do país não tem nada a ver com o mundo real. Informa, por exemplo, que a roubalheira do mensalão não foi o maior de todos os escândalos, mas uma confusão envolvendo recursos não contabilizados. Muito mais graves foram o mensalão mineiro, coisa do PSDB, e o mensalão do DEM, protagonizado em Brasília pela turma do ex-governador José Roberto Arruda.

Na campanha presidencial, a mesma alquimia amparou a tentativa de equiparar Erenice Guerra, que fez da Casa Civil o covil da quadrilha chefiada pela melhor amiga de Dilma Rousseff, a um certo Paulo Preto, que na hipótese mais sombria embolsou dinheiro doado por empresas privadas à campanha de José Serra. Também ampliada pela lupa da malandragem, a partilha de obras do metrô combinada por grandes empreiteiras nem precisou acontecer para ser apresentada como um crime bem mais hediondo que o estupro do sigilo fiscal de dirigentes do PSDB.

“Quanto mais mentiras contarem sobre nós, mais verdades diremos sobre eles”, prometeu José Serra às vésperas do lançamento oficial da candidatura à Presidência.  Cabe ao governador Alberto Goldman cumprir a promessa que Serra esqueceu no discurso. Com a determinação e a ênfase que faltaram ao candidato, Goldman precisa cobrar o pronto esclarecimento do assassinato de Walderi Braz Paschalin, prefeito de Jandira eleito pelo PSDB. Só a identificação dos criminosos e a aplicação do castigo que merecem podem evitar que o PT transforme Paschalin num Celso Daniel tucano e Jandira numa Santo André do PSDB.

Quem acha que os fins justificam os meios é capaz de vender a mãe (e entregar em domicílio), tratar o pai a bofetadas, roubar a poupança da avó, encontrar semelhanças entre Lula e Winston Churchill ou entre os dois crimes sem parentesco. Celso Daniel já fora escolhido para exercer na campanha de 2002 as funções que, repassadas a Antonio Palocci, pavimentaram o caminho que o levaria ao Ministério da Fazenda. Paschalin era só mais um entre centenas de prefeitos tucanos. Os cofres abarrotados da prefeitura de Santo André continham boladas suficientes para bancar campanhas do partido e a boa vida da companheirada. Não é o caso de Jandira.

Mas os companheiros já decidiram que houve na cidade um crime decorrente de motivações políticas que negam ter existido em Santo André. E agora desconfiam de que o prefeito tucano andou pagando a vereadores o que batizaram de “mensalinho”. É preciso ser muito canalha para agir dessa forma, dirão os leitores. Mas quem não é?, retrucarão os sócios do clube dos cafajestes. É hora de mostrar-lhes que milhões de brasileiros não são.

O PSDB só poderá hastear a bandeira da moralidade caso consiga livrar-se dos próprios esqueletos no armário. A oposição oficial não chegará a lugar nenhum se continuar algemada a um Eduardo Azeredo, ou se hipotecar a honra em solidariedade a delinquentes refugiados no ninho. O homicídio em Jandira pode se tornar o inadiável ponto de inflexão. Se algum tucano estiver atolado no episódio, que acerte as contas com a Justiça já expulso do partido.

O Brasil decente espera que os responsáveis pela elucidação do assassinato encerrem o quanto antes o espetáculo da desfaçatez ensaiado pelo PT. Para tanto, basta que o crime seja inteiramente desvendado e se aplique aos autores, seja qual for sua filiação partidária, a punição devida. Feito isso, que o caso exemplar seja estendido aos ainda pendentes, começando por Santo André. Não se pode permitir que o PT utilize cinicamente o prefeito morto em Jandira para escapar da maldição que o persegue há oito anos ─ e há de persegui-lo até que sejam eliminadas as sombras que encobrem a verdade sobre a execução de Celso Daniel.

Dilma acertou: as companheiras aprenderam a fazer o serviço tão bem quanto os homens

“As mulheres estão preparadas para fazer serviços que antes só os homens faziam”,  repetiu Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral. E pelo menos algumas mulheres do PT fazem certos serviços melhor que qualquer marmanjo, informam as proezas consumadas pela própria presidente eleita e pelas três companheiras agrupadas na foto quando agiam juntas no Senado. Ao transformar Erenice Guerra em gerente-geral da Casa Civil, por exemplo, Dilma forneceu-lhe a gazua que provocou estragos suficientes para reduzirem a amadores os amigos José Dirceu e Valdomiro Diniz. A trinca que aparece na passarela confirma que a seleção feminina do PT está pronta para enfrentar de igual para igual o time que junta os piores do partido e da base alugada.

Acampada durante quatro anos no governo do Pará, Ana Júlia Carepa (à direita) superou até Jader Barbalho em todos os quesitos ─ do desmatamento da Amazônia à expansão do território dominado por grileiros bandidos, passando pela invenção das cadeias mistas, cujas celas chegam a abrigar 20 criminosos e uma menina de 15 anos presa por suspeita de furto. Despejada do palácio pelo eleitorado, aguarda uma vaga no ministério de Dilma Rousseff. Ideli Salvatti (centro) conseguiu o emprego de ministra da Pesca graças ao naufrágio da candidatura ao governo catarinense. A folha de serviços avisa que pode faltar pescado na Semana Santa.

Nesta quarta-feira, uma reportagem da Folha de S. Paulo confirmou que Serys Slhessarenko (à esquerda), impedida pelo PT de disputar a reeleição para o Senado, tem todos os defeitos necessários para reivindicar um gabinete no primeiro escalão.  Voraz como Gim Argello, destrambelhada como Ideli, inventiva como Ana Júlia, a relatora do Orçamento de 2011 também sabe mentir com a naturalidade de Dilma Rousseff. Há dois dias, jurou ignorar o que fazia Liane Muhlenberg. Leu hoje no jornal que sabia há oito meses das atividades da assessora que dirige uma ONG contemplada com verbas milionárias por parlamentares petistas.

Em abril deste ano, a Folha pediu à senadora mato-grossense que explicasse o generoso tratamento concedido ao Instituto de Pesquisa e Ação Modular (IPAM), comandado por Liane. “Busquei as informações e vimos que é tudo regular”, declarou Serys. Nesta segunda-feira, mudou bruscamente de rumo: “Eu desconhecia que ela tivesse qualquer relação com qualquer instituto”, disse sem ficar ruborizada. “Fui traída”. Não foi localizada nas últimas horas. Decerto está concentrada na divisão do bolo do Orçamento.

E ali continuará se os parlamentares da oposição não vocalizarem a indignação dos 44 milhões de brasileiros que rejeitaram a candidatura de Dilma Rousseff também para acabar com a roubalheira impune. O que há com os senadores oposicionistas, sobretudo os que estão deixando o Congresso, que não ouvem a grita do Brasil decente? O que faz um Artur Virgílio que não exige a imediata punição de Gim Argello? O que há com um Tasso Jereissati que aceita em silêncio a permanência de Serys Slhessarenko no cargo de relatora?

A renúncia do vampiro à gerência do banco de sangue não absolveu o fora-da-lei Gim Argello. A mentira contada pela raposa incumbida de proteger o galinheiro avisa que Serys espanca códigos morais com a mesma desenvoltura exibida nas agressões ao Código Penal. O governo perdeu a vergonha faz tempo. A oposição oficial está prestes a perder a confiança do Brasil que presta.

Ligeiro, leviano, irresponsável, deseducado, deseducador e, acima de tudo, machista!

“Quem é que aqui não teve uma namoradinha que teve que abortar?”

A frase, como sabem, é do governador do Rio, Sérgio Cabral, e foi dita durante um seminário da revista “Exame”, em que se discutiam oportunidades de negócios no estado por conta da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016. Não sei se Cabral se referia ao assassinato dos fetos no capítulo das oportunidades de negócios ou se fazia apenas uma digressão descompromissada sobre seu horizonte utópico.

Os leitores deste blog — os que amam, os mornos e os que odeiam  sabem o que penso a respeito. Muitos discordam; suas opiniões são publicadas desde que não façam parte de correntes organizadas e não tentem usar a minha página para espalhar números comprovadamente falsos. Já chego lá. Há pessoas que, depois de pesar prós e contras, e mesmo reconhecendo que o aborto é um trauma terrível,  entendem que a legalização é o melhor caminho. Acreditam que, entre os males possíveis, esse é o menor. Combato, sim, a tese aqui. E procuro fazê-lo fora do âmbito religioso, sempre considerando que essa é uma dimensão absolutamente legítima. Cumpre lembrar que há muitos agnósticos que se opõem à legalização. Há uma ética não-religiosa que pode nos reunir.

A tese de Cabral é, em si, constrangedora, mas o tom meio cafajeste de sua linguagem não choca menos: é ligeiro, leviano, irresponsável, deseducado, deseducador e, acima de tudo, machista, aspecto este que chama particularmente a atenção num momento em que uma mulher chega à Presidência também ela, é bom notar, favorável à legalização do aborto, embora tenha dito o contrário para os leitores. Cabral, lembre-se, é o patrono do ministro da Dengue, José Gomes Temporão, um fanático da causa.  Se este senhor tratasse o mosquito com o mesmo rigor com que gostaria de tratar os fetos, estaríamos livres da doença…

Cabral não é obrigado a pensar como penso. Mas está obrigado, sim, a manter certas regras do decoro. Aborto, no Brasil, é crime, e, se há políticos que acreditam que deva ser descriminado, que levem adiante a sua causa. O mesmo vale, por exemplo, para as drogas — aliás, o governador também é favorável à legalização das “leves”… O que um governante não pode, por descabido, inaceitável e ilegal, é praticar este misto de naturalização com apologia do crime, tendo a ousadia de convidar os homens da platéia a confessar que tiveram “uma namoradinha” que fez aborto.

No dia 3 de dezembro, escrevi aqui que Lula e Sérgio Cabral “exibem características comuns que têm rendido a ambos bons dividendos políticos: falam rigorosamente o que lhes dá na telha sem temer o ridículo; conseguem transformar em sucessos de público mesmo os seus mais clamorosos desastres; se preciso, descem a rampa do populismo; na adversidade, atacam os adversários com impressionante rapidez e, last but not least, são amados por amplos setores da imprensa até mesmo quando se dedicam a evoluções circenses.”

Não será diferente desta vez. Se quase 80% dos brasileiros são contra a legalização do aborto, quase 100% dos jornalistas e da imprensa são favoráveis. Comento trecho a trecho a sua fala.

“O Brasil está dando certo; é aprofundar a democracia, vamos aprofundar a liberdade de imprensa, aprofundar a vida como ela é, discutir os temas que têm que ser discutidos.”
Eu não sei o que quer dizer “aprofundar a liberdade de imprensa” 
 é o que Franklin Martins e José Dirceu, por exemplo, dizem querer. Para o governador do Rio, os que discordam dele entendem a vida como “ela não é”. Mimetiza o pragmatismo tosco de Lula, para quem a divergência ou nasce da sabotagem ou é frescura de intelectuais  e boa parte dos intelectuais o venera como manifestação, suponho, dessa frescura…

“O aborto, por exemplo, foi muito mal abordado na campanha eleitoral. Será que está correto um milhão de mulheres todo ano fazerem o aborto, talvez mais, em que situação, de que maneira?”
Os números de Cabral são mentirosos. Cada um defenda o que bem entender. Eu pago o preço por pensar o que penso. Que outros façam o mesmo. O sujeito quer defender o direito de matar os fetos? Ok. Mas que tenha a coragem de fazê-lo sem precisar maquiar a sua tese com dados falsos. A fala de Cabral é mentirosa porque INEXISTE NOS SISTEMAS PÚBLICO E PRIVADO DE SAÚDE uma notificação para “aborto provocado”. Qual é a base de dados deste senhor? Nenhuma!

Um milhão de abortos provocados por ano no Brasil? O SUS, e estes são dados oficiais, realizou 3,1 milhões de curetagens entre 1995 e 2007 — 3,1 milhões ao longo de 13 anos! Nascem entre 2,8 milhões e 3 milhões de crianças a cada ano no país. Qualquer especialista sabe que a taxa de aborto espontâneo é da ordem de 25%. Assim, notem bem!, se não houvesse um só aborto provocado, aqueles 3 milhões seriam 75% do total de fetos gerados, que chegariam, então, a 4 milhões. Só os abortos espontâneos somam, portanto, um milhão! Desse total, quantos resultaram em procedimentos no SUS?  Façam a média anual!

Não vamos enfrentar? Então está bom! Então o policial na esquina leva a graninha dele, o médico lá topa fazer o aborto, a gente engravida uma moça - eu não porque já fiz vasectomia e sou bem casado - mas engravidou… Quem é que aqui não teve uma namoradinha que teve que abortar?”
Vejam que Cabral acha mais fácil propor o aborto em massa do que controlar policial corrupto, o que diz muito de sua própria experiência como governador, não é mesmo? As lambanças que ele protagoniza na segurança pública do Rio são fruto desse descontrole.

O bufão fatalista está convencido de que todos compartilham de suas fraquezas morais ou éticas: “A gente engravida uma moça…” Esse “a gente”, suponho, apelava aos homens presentes, e as moças devem se contentar com o papel de receptáculos das sementes, as cabritas prenhas dos bodes descontrolados. “Quem é  que não teve uma namoradinha que teve de abortar?”, indaga um governador de estado, sugerindo que esse contratempo desapareceria com a legalização do aborto. O fato de que essa gravidez é resultado do sexo inseguro, bem, isso, para este pensador, não faz grande diferença.

Em 2007, Cabral, pai de cinco filhos, já havia concedido uma entrevista ao G1 em defesa do aborto. E expôs os seus motivos: “Tem tudo a ver com violência. Você pega o número de filhos por mãe na Lagoa Rodrigo de Freitas, Tijuca, Méier e Copacabana, é padrão sueco. Agora, pega na Rocinha. É padrão Zâmbia, Gabão. Isso é uma fábrica de produzir marginal”. Vocês já sabem que o lulista Cabral é um progressista, e eu, um “reacionário”. Eu, por reacionário, acho que o crime é uma escolha que pode ser feita por pobres e ricos. Ele, por progressista, vê em cada pobre um suspeito. Uma das notáveis contribuições de Cabral ao debate é propor que acabemos com os crimes legalizando-os; a outra, que acabemos com a pobreza acabando com os pobres.

Cabral: sem medo da represália dos fetos!
O Rio não pode continuar como está, sabemos. As Unidades da Polícia Pacificadora do Tráfico já ocupam alguns morros. Mas isso é pouco. Noto que o governador está empenhado em fazer nascer menos pobres. É preciso mais ousadia. Em 2007, já fiz esta proposta ao valente político.  Por que não combinar a redução drástica de nascimentos de pobres com a elevação também drástica de nascimento de ricos? Não seria legal? Pensem bem: se, por meio do aborto, conseguíssemos quase zerar os partos da Rocinha e, por meio da Bolsa Gente Que Pode, decuplicar os de Ipanema e Leblon, é claro que o Rio seria uma cidade melhor, certo?

Cabral agrediu o decoro, o bom senso, as mulheres, o sexo seguro., a vida. Dada a forma como se expressou, fez a apologia de uma prática criminosa. Mas é possível que muitos o elogiem pela coragem com que enfrenta os fetos de peito aberto, sem temer represálias. Anotem: Sérgio Cabral é candidato a ocupar a vaga aberta por Lula no besteirol nosso de cada dia. Esse rapaz tem grandes ambições!

Por Reinaldo Azevedo

Lula é o auto-erotismo político

Leiam o que informa Carmem Pompeu, na Agência Estado. O mais interessante vem depois do entretítulo “Ministério”:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje que se não houver corte no Orçamento para 2011, como recomendou o ministro Paulo Bernardo (Planejamento), a presidenta eleita, Dilma Rousseff, terá de contingenciar. “Toda vez que o Orçamento vai para o Congresso Nacional, normalmente os deputados querem mais verbas do que o governo previu. Muitas vezes, nós atendemos. Mas, como na realidade a prática é diferente da teoria, quando chegar a um determinado mês do ano, a presidente Dilma vai ter de fazer corte do orçamento. Vai ter que contingenciar. Se não for real o aprovado com o arrecadado, vai ter que contingenciar”, disse Lula. O presidente visitou hoje o canteiro de obras da transposição do Rio São Francisco, na Serra do Braga, em São José de Piranhas (PB), próximo à divisa entre Ceará e Paraíba.

Apesar do ministro do Planejamento ter recomendado corte de R$ 8 bilhões na proposta do Orçamento de 2011, o relator na Câmara, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), conseguiu aprovar ontem à noite aumento de R$ 4,713 bilhões na previsão de receitas, na Comissão Mista do Orçamento. Essa é a segunda atualização feita pelo deputado. Na primeira, divulgada em novembro, ele havia ampliado as receitas em R$ 17,7 bilhões. Com isso, o Congresso terá R$ 22,4 bilhões a mais para determinar gastos do que previa a equipe econômica, inflando as pressões por novas despesas e jogando para o governo a responsabilidade de fazer cortes.

Ministério
Com relação à composição do ministério do novo governo, Lula disse que terá a cara da Dilma e que a presidente eleita terá facilidade em governar o País porque o projeto tocado por ele até agora tem Dilma como principal executora. “Não é projeto meu. É projeto dela. Dilma terá muita facilidade. Outro dia, vi um jornalista dizer: ”Ah, mas a Dilma está colocando muita gente do governo do Lula. Não era do governo do Lula. Era do governo dela”. Eu digo sempre o seguinte: a Dilma se reuniu mais com o Guido Mantega do que eu; ela se reuniu mais com o Paulo Bernardo do que eu; se reuniu mais com a Miriam Belchior do que eu. Porque, na Casa Civil, os projetos se reuniam três ou quatro vezes antes de chegar a minha mão. Ela escolheu a turma dela”.

Perguntado se seria mais fácil mandar em mulher, o presidente Lula brincou: “Você sabe pela sua. Esse negócio de que mandar em mulher é fácil, cada um tem a sua experiência dentro de casa. A gente canta de galo na rua. Mas em casa quem manda é a mulher. E se vacilar, manda na rua também.” Em seguida emendou: “Eu fico muito orgulhoso que depois de eleger um metalúrgico o povo brasileiro teve a coragem de eleger uma mulher. É o máximo! Se o Obama conhecesse o povo brasileiro, ele diria que o Lula não é o cara coisa nenhuma. Quem é o cara são os 190 milhões de homens e mulheres que vivem nesse País.”

Comento
Não vou me estender sobre o acacianismo orçamentário. Huuummm… Se tiver dinheiro usa; se não tiver, contingencia. Bem… Na campanha eleitoral, a gente tinha a impressão de que os recursos eram inesgotáveis… O mais interessante no texto acima é outra coisa.

Lula é espantosamente egocêntrico. Aquela fala sobre Obama revela outra de suas obsessões, que é superar o presidente americano e tornar a eleição de um negro nos EUA algo menor do que a “revolução” que teria sido feita no Brasil com a ascensão ao topo do poder de um “operário” e de uma “mulher”.

Ajustem a sintonia fina. Eu disse que aconteceria e aconteceu: Luiz Inácio já fala de “Lula” na terceira pessoa! Como disse Sérgio Cabral, é o “Pelé da política”… Notem que, ao aparentemente dispensar o “elogio” de Obama, ele, de fato, acaba por considerar aquele reconhecimento ainda abaixo do merecido.

Faltam só 17 dias!

Jamais saberei se o poder é afrodisíaco porque nunca fui, não sou nem serei “poderoso”. Disponho de alguns outros recursos, hehe. Mas Lula… Não sei, não… Como passará os dias sem exercitar, para ficar no tema, essa espécie de auto-erotismo político em praça pública?

Por Reinaldo Azevedo

14/12/2010

 às 16:22

Dilma define um lugar para Ciro, que já chamou Michel Temer de “chefe de um ajuntamento de assaltantes”

A presidente eleita, Dilma Rousseff, espera definir até amanhã a situação de Ciro Gomes, que ela gostaria de ver de novo no Ministério da Integração Nacional. Ele teria mandado recados afirmando que prefere a pasta da Saúde, o que certamente revela ambição maior do que aquela que o PT estaria disposto a alimentar. O temperamento do moço torna a indicação sempre delicada. Cid Gomes, governador reeleito do Ceará, se apressa em jurar o bom comportamento do irmão, que estaria pacificado. Michel Temer espera que Ciro tenha “cautela verbal no cargo. Entendo…

Numa entrevista, o futuro ministro seja lá do que for declarou:
“Hoje, quem manda no PMDB não tem o menor escrúpulo: nem ético, nem republicano, nem compromisso público, nada! É um ajuntamento de assaltantes na minha opinião. Eu acho que o Michel Temer hoje é o chefe dessa turma.”

É… Ciro deve achar a sua presença no governo fundamental! Afinal, ele já deixou claro que considera a presidente eleita inexperiente para governar…

Abaixo, algumas opiniões de Ciro Gomes sobre o PT, o PMDB e a agora presidente eleita.  A entrevista é de abril deste ano. Em oito meses, talvez Dilma tenha se transformado num gênio da administração, e Michel Temer, descoberto o caminho da moralidade política. Transcrevo alguns trechos para registro e volto para encerrar.

Ciro sobre o PMDB:
“É que, hoje, quem manda no PMDB não tem o menor escrúpulo: nem ético, nem republicano, nem compromisso público, nada! É um ajuntamento de assaltantes na minha opinião. Eu acho que o Michel Temer hoje é o chefe dessa turma.”

Aliança do PT com o PMDB
“Nas eleições gerais de 2010, vamos  ter clareza, a aliança do PT com o PMDB é para traficar minutos de televisão; é para asfixiar o debate, não é para governar. Porque, para governar, a gente faz aliança depois”.

Sobre Lula e o PT golpista
“Olhe aqui: o Lula e o PT ficaram contra a Constituição brasileira de 1988. Vamos lá! O Fernando Henrique começou a experiência de governança dele, como presidente da República, já com a obra fundamental para a história brasileira em curso, que era o Plano Real. E o PT ficou contra!O Lula ficou contra! O Lula ficou contra o governo Fernando Henrique a ponto de o PT, não Lula, ter feito uma campanha golpista: “Fora FHC”

Quem é o melhor candidato?
“Agora, perguntado, evidentemente, a gente tem de dizer a verdade. Todo mundo sabe que eu sou adversário do Serra desde sempre. Agora, o Serra é mais preparado do que a Dilma. Por quê? Porque já foi governador, porque já foi prefeito, porque já foi ministro duas vezes, já foi deputado, já disputou eleições, já ganhou, já perdeu, e ela nunca disputou nenhuma eleição.”

Encerro
Na opinião de vocês, o que Ciro fará no governo? Vai combater o vice-presidente e seu partido — porque, afinal, não dá para conviver com o “chefe de um ajuntamento de assaltantes” — ou vai compor com eles? Temer é compreensivo: nem pede que ele mude de idéia; quer apenas que modere a expressão do pensamento. Ah, bom… Fico imaginando Ciro Gomes em janeiro, assumindo um cargo no alto escalão, nove meses depois da entrevista… Com que cara o fará? Não precisa ter cara. Basta a coragem…

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo

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