Com terra, mas sem vergonha 1 – O baguncismo do Incra

Publicado em 10/03/2011 03:30
do Blog Reinaldo Azevedo (na veja.com.br)


Se vocês não leram, peço que o façam. O Estadão desta quarta publicou uma reportagem de Roldão Arruda intitulada “Documento propõe mudanças no Incra para frear loteamento e desvios”. É um título um tanto generoso para o que vai na reportagem. A verdade crua é que o governo federal não tem controle do instituto, loteado entre  o MST, correntes do PT e, como não poderia deixar de ser, o PMDB.

Há um aparente — ao menos — esforço de moralização do órgão, mas que logo esbarra na suspeita de que a Democracia Socialista, uma das tendências do PT, estaria tentando centralizar as decisões. O grau de estupidez política nessa área é tal que as pessoas não têm mais receio de dizer as coisas mais absurdas. Diante da pressão para que o Incra seja mais técnico e menos político, responde,por exemplo, a deputada a Luci Choinacki (PT-SC), ligada a movimentos pela reforma agrária:
“Sou contra a idéia de que as superintendências regionais devam ser administradas exclusivamente por critérios técnicos. Por envolver questões políticas e sociais, o trabalho do superintendente tem de combinar técnica e política.”

Os sem-terra do Brasil já não existem faz tempo. O que existe é o contínuo assalto aos cofres públicos. Leia a reportagem.

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O governo estuda mudanças na estrutura administrativa do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Um dos objetivos, explicitado em minuta de texto que circula no Ministério do Desenvolvimento Agrário, é obter maior controle sobre as superintendências regionais da instituição - cujos chefes são, quase todos, nomeados por indicações de políticos.

O Incra tem 30 superintendências pelo País (uma por Estado, com exceção do Pará, que possui três, e Pernambuco, com duas). Cada uma tem ampla autoridade para definir os planos da reforma agrária e a aplicação dos recursos. Uma das reclamações mais frequentes no comando da instituição é o reduzido poder de Brasília sobre as superintendências. Além disso, a eficiência do órgão vem sendo questionada no contexto do programa nacional de combate à miséria, ainda em gestação (veja abaixo).

Os chefes das superintendências têm sido permanente fonte de dor de cabeça para o governo. Há dez dias o presidente do Incra, Rolf Hackbart, teve de exonerar o superintendente do Maranhão, Benedito Terceiro, que chegou ao posto com o beneplácito do senador maranhense Epitácio Cafeteira (PTB), aliado político da família Sarney. De acordo com investigações da Operação Donatário, conduzida pela Polícia Federal, Terceiro seria um dos cabeças de uma quadrilha que desviava recursos destinados à construção de casas nos assentamentos rurais. Houve um rombo de R$ 4 milhões no período de cinco anos, segundo a investigação. Pelos cálculos da Controladoria-Geral da União (CGU), porém, os desvios chegam a R$ 150 milhões.

Em agosto de 2010, Hackbart havia tomado a mesma medida em relação ao superintendente da regional de Mato Grosso do Sul, Waldir Cipriano Neto, cujo nome fazia parte da cota de indicações do PMDB para o segundo escalão no Estado. Cipriano Neto foi envolvido em outra investigação federal, a Operação Tellus, que descobriu um esquema de venda de lotes e fraude na escolha de fornecedores de produtos e serviços para assentamentos. Em cinco anos, o esquema, do qual o superintendente foi acusado de participar, causou uma sangria de quase R$ 200 milhões nos cofres públicos. O que mais surpreendeu a Justiça Federal naquele episódio foi a ausência de fiscalização dos contratos feitos pela superintendência regional do Incra.

Atritos
Além dos escândalos de grande visibilidade, verificam-se constantes atritos entre a cúpula da autarquia e os chefes regionais. Um dos casos notáveis é o da superintendência paulista, dirigida por Raimundo Pires da Silva, apoiado por José Rainha, líder dos sem-terra no interior do Estado, e por setores do PT. Ele enfrenta ações judiciais, sob a acusação de contratar empresas sem experiência para a prestação de serviços nos assentamentos. Em Brasília comenta-se que, embora seja dedicado à causa, dirige a superintendência como uma empreitada pessoal e desvinculada do plano nacional.

O governo estuda formas de reduzir essa autonomia e, ao mesmo tempo, dar um caráter mais técnico às regionais, cujas chefias são disputadas por correntes do PT e partidos da base aliada do governo. No Nordeste, segundo um alto dirigentes do Incra, o PT assumiu o papel das velhas oligarquias políticas, antes criticadas pelos petistas. Na detalhada minuta que circula no Ministério do Desenvolvimento Agrário, o que se propõe é uma reforma na estrutura regimental e no regimento interno do Incra, em vigor desde 2009. A mudança resultaria na concessão de maiores poderes ao conselho diretor, órgão que está acima da presidência, e à diretoria-geral, para acompanhar e fiscalizar as atividades das superintendências.

A proposta é vista com desconfiança por funcionários do Incra e provoca debates no PT. O diretor da Confederação Nacional das Associação Nacional das Associações de Servidores do Incra, Reginaldo Marcos Aguiar, teme que o fortalecimento da diretoria-geral e do conselho diretor possa estar mais vinculado a uma disputa interna pelo poder do que à preocupação com a eficiência.

“O Incra e suas superintendências são disputados hoje por correntes do PT e setores do PMDB. Tudo indica que a corrente do PT que hoje domina o ministério, a Democracia Socialista, quer centralizar em Brasília a chave do cofre”, diz ele. “Com a mudança, mesmo que o Incra ou alguma superintendência não fique com essa corrente política, ela mantém o controle.” Os diretores da confederação já se reuniram duas vezes com o ministro Afonso Florence, do Desenvolvimento Agrário. Nas duas, ouviram que não haverá nenhuma reforma estrutural. Para a deputada Luci Choinacki (PT-SC), ligada a movimentos pela reforma agrária, qualquer mudança deve ser amplamente debatida. “Sou contra a ideia de que as superintendências regionais devam ser administradas exclusivamente por critérios técnicos”, afirma. “Por envolver questões políticas e sociais, o trabalho do superintendente tem de combinar técnica e política.”

Por Reinaldo Azevedo

Existem o MST e o MST do B, o movimento liderado por João Pedro Stedile e o conduzido por José Rainha. Qual é o melhor? Uma injeção na testa! A “dissidência” não tem nada de ideológica. Parece que só há ali um confronto de fichas policiais. Acima, fala-se do Incra como um mero aparelho de assalto aos cofres públicos. Leiam o que Estadão publicou nesta quarta:

Em SP, grupos ligados a Rainha e ao MST disputam poder

Verifica-se hoje em todos os Estados uma corrida pelo controle das superintendências do Incra. Na semana passada, em São Paulo, essa disputa levou o Movimento dos Sem-Terra (MST) a incluir a superintendência regional na lista de ações na jornada de lutas que lembra o Dia Internacional da Mulher. A decisão do MST está ligada à demissão de Josenilton Amaral, o Mossoró, ex-dirigente do movimento, que chefiava o Incra de Mirante do Paranapanema. Ele foi demitido logo após apresentar seu nome como candidato à sucessão no Incra paulista.

A demissão foi determinada pelo atual superintendente, Raimundo Pires da Silva, que tem o apoio de José Rainha, dissidente do MST e um dos principais líderes dos sem-terra no Estado. A invasão da sede regional do Incra ocorreu na quinta-feira. O objetivo declarado era cobrar políticas públicas para a produção sem agrotóxicos nos assentamentos. Nos bastidores, porém, sabe-se que a ação está ligada a problemas entre o atual superintendente e o MST.

Silva se desgastou com o movimento ao se aproximar de Rainha. Com recursos liberados pelo Incra para as entidades que controla, o dissidente do MST atraiu grande parte dos assentados e acampados do oeste paulista e do Pontal do Paranapanema e também influenciou as indicações dos novos agentes regionais do Incra em Mirante e Andradina. Líderes do MST lembram que a Federação dos Assentados do Pontal, a Associação Patativa do Assaré e a Associação dos Amigos de Teodoro Sampaio, entidades controladas pelo pessoal de José Rainha, são investigadas pelo Ministério Público Federal por desvio de recursos públicos. A associação paulista dos servidores do Incra criticou a demissão de Mossoró, funcionário terceirizado. O superintendente informou, por meio da assessoria de imprensa, que não se manifestaria sobre o assunto.

Por Reinaldo Azevedo

A reforma agrária não alimenta apenas máquinas ideológicas como o MST e correntes do PT. Ela também se transformou numa formidável máquina de negócios.  O que uns e outros têm em comum? A reforma agrária é só um pretexto para que cada um exerça o seu ofício. Uns são larápios por dinheiro; outro, por ideologia. O que é melhor? Nem uma coisa nem outra; afinal, o dinheiro é nosso! Leiam o que vai no Estadão:
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O Ministério Público Federal (MPF) em Sorocaba denunciou por estelionato nesta quarta-feira dois homens acusados de arrendar ilegalmente lotes destinados à reforma agrária na Fazenda Capelinha, em Itapeva, no sudoeste paulista. De acordo com a denúncia, o ex-presidente da Associação dos Agricultores Familiares de Taquarivaí, Marco Antonio Sarti, é acusado de ter feito o arrendamento irregular de 48,4 hectares do assentamento para que o empresário Humberto Carlos de Camargo Nogues plantasse eucaliptos. A fazenda, destinada aos assentados do programa Banco da Terra, custou à União R$ 1,3 milhão.

O empresário, segundo apurado no inquérito, sabia que a área era de assentamento e, além de plantar eucaliptos, apossou-se de vários bens da associação, entre eles duas casas construídas com recursos do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf). Para a procuradora Elaine Cristina de Sá Proença, responsável pelo caso, Sarti e Nogues praticaram o crime de estelionato contra a União, pois o segundo obteve vantagem ilícita com o eucalipto plantado na área arrendada irregularmente. Ao assinar o arrendamento, Sarti foi cúmplice na fraude.

Por Reinaldo Azevedo

Na Folha Online:
A ministra Helena Chagas (Comunicação Social) repassou aos seus seguidores no microblog Twitter uma mensagem que chama políticos de “raça devoradora” e lista entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). A ministra é responsável pela execução e estratégia de comunicação da Presidência da República.

Na manhã de domingo, o usuário Lourival Bonetti (@Bonettinterado) escreveu uma série de oito mensagens tendo a ministra como destinatária. Os comentários, entre outras críticas, falavam dos altos salários de políticos.

A última mensagem de Lourival Bonetti foi retransmitido por Helena Chagas aos seus 7.679 seguidores do microblog. Redigida sem respeitar regras de pontuação, o post dizia o seguinte: “Ganhar menos.que esta raça devoradora,políticos,como sarney,mubarak,kadaf,buch,lula,dirceu,genuino,me envergonham,que nojo.xau”.

O chamado “retweet” (envio de mensagens de outras pessoas) foi dado pela ministra, em seu perfil oficial (@helenachagas) na tarde de terça-feira.

ENGANO
Por meio da Secretaria de Imprensa da Presidência da República, Helena Chagas afirmou que houve um “engano de operação” e que a retransmissão não foi proposital.

Ela diz que costuma usar o microblog pelo telefone celular e que deve ter repassado a mensagem por engano. De acordo com a Secretaria de Imprensa, a ministra, até a Folha ter entrado em contato, não sabia que tinha repassado a mensagem.

À noite, Helena Chagas escreveu no próprio microblog que um assessor lhe mostrou “agora um suposto retweet meu sobre uma tal ‘raça devoradora’. Nunca tinha visto isso antes. Mas fui checar e… não é que estava lá a tal mensagem, retuitada por mim??!!! Tremenda bola fora, que só posso atribuir à minha total descoordenação motora”.

Por Reinaldo Azevedo

Para que serve a imagem da “Dilma de oposição”?

Um estrangeiro que ignorasse a realidade política brasileira e conseguisse, ainda assim, ler a nossa imprensa poderia ficar com a impressão, obviamente falsa, de que a sucessora de Lula, Dilma Rousseff, foi eleita por um partido de oposição a Lula. Atenção! Não que ela faça por merecer tal consideração. Estou aqui a apontar o modo como ela é tratada. Faço uma análise de discurso jornalístico. Ela é de… situação!!!

Mas o tal “desavisado” teria dificuldades para chegar a essa conclusão. Ao controle da mídia que Lula defendia, por exemplo, Dilma diz preferir só o controle remoto, e seu ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, flerta com a hipótese de haver “muitas besteiras” no texto preparado na gestão anterior. Se vitorioso, é provável que José Serra caminhasse por aí — e a esquerda botaria a boca no trombone. Na política externa, fala-se numa verdadeira guinada. O Itamaraty deixou claro que não quer papo com Kadafi, por exemplo — chamado por Lula de “irmão” e “líder”. Ufa!!! Eis aí duas “mudanças” que, já escrevi aqui, saem a custo zero para o governo e ainda rendem dividendos morais… As escolhas anteriores eram de tal sorte estúpidas que o simples bom senso parece a redenção da razão.

Restos a pagar
Mas há operações bem menos corriqueiras. O governo anunciou a disposição de economizar nada menos de R$ 6,5 bilhões em supostas fraudes no pagamento de salário e benefícios — 13% do total pretendido de cortes no Orçamento — R$ 50 bilhões —  e  36% do que conseguiram detalhar, que chegou a apenas  R$ 36 bilhões. Só no seguro-desemprego, pretende-se chegar a R$ 3 bilhões — 10% do montante inicialmente previsto. Chamem a Polícia Federal! É um despropósito! Fosse o governo de um adversário de Lula, a isso se poderia classificar de “devassa”!

A “herança maldita” a ser vencida pela “oposicionista” Dilma não se esgota aí. Como informou o Estadão desta quarta, “o bolo de despesas iniciadas em 2010 cujo pagamento ficou para este ano, os chamados restos a pagar, foi muito grande: R$ 128,8 bilhões. Esse valor não aparece no Orçamento. Ou seja, o corte não o afetou, e ele continua exercendo pressão sobre o caixa”. E aí? Arno Augustin, secretário do Tesouro, informa que só pretende quitar R$ 41,1 bilhões em atrasados. As demais despesas serão canceladas. Trata-se de um calote do governo Dilma aplicado nas contas do governo anterior.

Os petistas só sabem governar de uma maneira: transferindo responsabilidades. Ao longo de oito anos, satanizaram o governo de Fernando Henrique Cardoso de maneira pensada,  meticulosa, precisa: conseguiram transformar em defeitos as suas principais virtudes. Esse discurso, hoje em dia, não cola mais.

O dado quase ausente desse debate — e, por isto, aquele leitor desavisado teria uma visão distorcida da realidade política — é que a herança recebida pelo governo Dilma vem do… governo… Dilma! A elogiada determinação da presidente de cortar o Orçamento e de manter em R$ 545 o salário mínimo decorreu de uma necessidade, não de uma escolha. Melhor assim? Sem dúvida! Mas vamos dar a Dilma e ao PT o devido crédito: eles fabricaram essa realidade, não é mesmo?

Dilma não joga o peso dos desacertos nos ombros de Lula para se livrar da responsabilidade que lhe cabe — ela não tem força para isso. Essa conversa jamais iria parar no horário político do PT. Esse discurso só funciona no ambiente relativamente restrito do noticiário um tantinho mais especializado. Ajuda a fazer a fama, entre os formadores de opinião, da “presidente austera”:
- “Viram? Ela é mais severa com os gastos do que Lula!”
- “Viram? Ela gosta de liberdade de imprensa mais do que Lula?”
- “Viram? Ela é mais dura na defesa dos direitos humanos do que Lula!”

Dilma ser lulista faz a sua fama entre milhões; Dilma ser, a seu modo, antilulista faz a sua fama entre algumas centenas…

Há risco nessa operação? Um só, mas remoto: vaidoso como é, o Apedeuta pode se zangar um tantinho e soltar a sua gramática. Mas a escolha é, do ponto de vista do Planalto, inteligente. Ninguém ignora que há franjas do eleitorado lulista que Dilma, por conta própria, jamais terá. Tudo bem! O objetivo, neste momento, é conquistar as franjas  do eleitorado que Lula nunca teve.

Por Reinaldo Azevedo

Rasgando a fantasia - A crise na Líbia expõe o governo patético de Barack Obama

Vamos a um texto longo, para tirar a ferrugem do Carnaval e para que nos dispamos, de vez, das fantasias?

Na entrevista concedida à VEJA desta semana (ver abaixo), Walter Williams, professor de economia da Universidade George Manson, afirma que Barack Obama será, na melhor das hipóteses, “um desastre igual ao de Jimmy Carter”. Como discordar? Carter perdeu o Irã para os aiatolás, não sem antes puxar o tapete do xá Reza Pahlevi, um aliado. Obama perdeu o Egito sabe-se lá para quem, não sem antes puxar o tapete de Hosni Mubarak, um aliado. A vitória do extremismo islâmico no Irã mudou para pior o mapa político do Oriente Médio. As revoltas de agora no mundo árabe, querem os otimistas, trazem o vento fresco da democracia. Será? Em todo caso, rezemos para Alá para que os tiranos muçulmanos não cheguem à conclusão de que, entre a hostilidade e a aliança com o Ocidente, melhor a primeira do que a segunda. A exceção foi Saddam Hussein — na origem, de todo modo, era um “ditador amigo”. Volto a Saddam daqui a pouco.

Obama e seus bravos — Hillary Clinton não tem se mostrado menos despreparada para o cargo — não tinham noção do vespeiro em que mexiam quando deixaram claro, na primeira semana da ocupação da praça Tahir, que Mubarak já era carta fora do baralho. A “revolta árabe”, conduzida pela rede TV Al Jazeera — não pelo Facebook ou pelo Twitter —, espalhou-se, preservando, curiosamente, o governo antiamericano da Síria ou o enclave terrorista de Gaza. Nesses lugares, as respectivas populações parecem mais satisfeitas com suas muitas misérias: miséria democrática, miséria material, miséria moral… Estranho, não? Nem tanto!

O ditador da Tunísia correu. O ditador do Egito correu. Os demais ditadores, acossados , tentam, inutilmente, acenar com concessões. Obama, pateticamente, feito uma barata tonta, luta para capturar a agenda de um lado e de outro, buscando evidenciar que está no controle do processo. A verdade dramática é que o homem mais poderoso da Terra foi surpreendido pela revolta, o que é uma nota adicional da qualidade de seu governo.  Ocorre que ao menos um assassino contumaz decidiu mudar o script: justamente Muamar Kadafi, que já foi considerado o inimigo nº 1 do Ocidente. Isso foi lá nos tempos do, vá lá, “terrorismo romântico”, em que um ou dois vagabundos podiam fazer suas bravatas, muitas vezes homicidas. O jihadismo foi buscar no passado o seu futuro: transformou a ação terrorista em indústria. Uma coisa ao menos pode-se dizer de sucessivos governos americanos: à diferença de Lula com Ahmadinejad, não é de graça que têm seus ditadores de estimação; eles valem, em muitos casos, o petróleo e, em todos os casos, o combate ao terrorismo.

Aqui uma nota à margem antes que prossiga: querem alguns que pouco adianta os EUA se alinharem com governos como os do Egito, Líbia (sim, Kadafi havia saído da lista negra) ou Iêmen se esses países continuam a ser celeiros de terroristas. O argumento parece bom, mas é uma bobagem lógica: se, com combate efetivo ao terror, ainda há o fornecimento da mão-de-obra jihadista, é de se perguntar como seria sem esse enfrentamento. Eu sei que é chato escrever assim, mas, a essa altura, nada a perder senão alguns leitores inocentes: NÃO PERGUNTE POR QUEM OS EUA APÓIAM TANTOS DITADORES ÁRABES; ELES OS APÓIAM POR VOCÊ TAMBÉM!!! Desde que você seja alguém interessado em combater o terror, é claro. É evidente que houve erros brutais nessa relação ao longo dos anos. Mas uma coisa é certa: governo nenhum, desde que o mundo é mundo, deixa o aliado pelo caminho sem desdobramentos trágicos. Como lembra certo chiste, o chato das conseqüências é que elas vêm sempre depois…

O que fazer?
A Líbia é uma dessas conseqüências. Obama se pergunta agora o que fazer e, bem, ele não tem a menor idéia. Mas não está menos perdido do que boa parte dos analistas políticos mundo afora, os do Brasil incluídos. Volto a Saddam Hussein, conforme o prometido, para explicitar as minhas preocupações e o sentido deste texto. Boa parte das pessoas que condenaram e condenam ainda a guerra do Iraque o faz na presunção de que Saddam não representava risco nenhum para o mundo. Ao contrário até, dizem esses, ele não tinha as tais armas de destruição em massa e era inimigo (havia sido ao menos) dos jihadistas e, adicionalmente, do Irã — que hoje assombra o mundo com a perspectiva da bomba atômica. Assim, o “satã” George W. Bush fez, sustentam, uma guerra assentado em falsos motivos, a um custo astronômico, metendo-se na realidade interna do Iraque, com a hipocrisia suplementar de afirmar que levava democracia àquele país — democracia que, insistem, não se exporta.

Bem, eu não pertenço a esta maioria — já escrevi muito a respeito — e acho que Saddam deveria, sim, ter sido apeado. Se ele não tinha as armas que dizia ter, deveria ter bravateado menos, mas não vou me ater a essa lateralidade agora. Qual a diferença entre Saddam Hussein e Muamar Kadafi? Como e que se pode ser radicalmente contrário à guerra do Iraque e defender, agora, uma intervenção de forças estrangeiras na Líbia, ainda que feita no ambiente da Otan e com o apoio da ONU? A única razão por que Bush foi, então, criticado foi por ter agido sem o beneplácito — mas também sem o veto (mente-se muito sobre um veto que não existiu) — do Conselho de Segurança das Nações Unidas? Ora…

Todas as razões humanitárias — TODAS, SEM EXCEÇÃO! — que justificam uma possível intervenção na Líbia estavam dadas no Iraque com mais intensidade, com uma fartura de mortos. Saddam tratava seus inimigos a bala ou gás. Sim, é verdade: ele o fez contra iranianos, como aliado do Ocidente — recebeu armas também de Grã-Bretanha e França, não só dos EUA —, mas também contra a população do próprio país, como sabem os curdos. Para o seu próprio povo, não custa notar, Kadafi chega a ser ameno perto de Saddam. Hoje, a exemplo do Iraque ocupado por George W. Bush, a Líbia não representa mais um perigo para o mundo. O tirano havia renunciado às chamadas armas de destruição em massa e a seu programa nuclear.

Estou contra?
Estaria eu contra a ocupação da Líbia ou à tal zona de exclusão aérea, que corresponde a uma declaração de guerra? Eu não! Convivo muito bem com as minhas escolhas. Posso apoiar a intervenção americana na Líbia sem corar. Quem não poderia fazê-lo são aqueles que consideram criminosa a intervenção no Iraque e que agora clamam por ela em nome dos direitos humanos. Seriam os “direitos humanos” dos iraquianos esmagados por Saddam menos respeitáveis do que os dos líbios? Não posso crer. São países muito diferentes, sei disso. Mas os americanos encontrariam, obviamente, resistência de boa parte da população. Trata-se de uma distorção estúpida acreditar que só meia-dúzia de mercenários e uma pequena fatia das Forças Armadas mantêm Kadafi no controle de parte do país. ISSO É COISA DO JORNALISMO FACEBOOK!!! Ainda que isto nos ofenda, o fato é que o ditador conta com o apoio de parcela considerável da população.

Assim, que fique claro: por mim, faz-se a tal intervenção humanitária. A questão virá logo depois, na hora do bate-papo: “Leve-me a seu líder!” Quem é o líder? Será possível chegar lá, dar uma coça no coronel e cair fora? Acho que não. Vencer as forças líbias leais a Kadafi é fácil — como foi fácil bater os aliados de Saddam, muito mais poderoso.  O problema está nas conseqüências. Uma das alternativas que se estudam é armar os insurgentes. Cá com os meus cabelos brancos (nem tantos assim, mas em maior número do que os de Sarney ou Kadafi…), não posso crer que se especula sobre tal alternativa em 2011: no passado, os EUA já armaram Saddam e o próprio Osama Bin Laden, não é mesmo? À época, pareceu uma boa idéia…

Então qual é o ponto?
O ponto é restabelecer um mínimo de objetividade nessa história. O governo Obama errou de novo quando supôs que Kadafi cairia em questão de horas. Como se vê, não é o caso. Erra quando chama de “população civil” uma “população civil de fuzis na mão”  — e alguns tanques das forças desertoras. Ainda que isto não esteja de acordo com a visão romântica das revoluções espontâneas by Facebook, a Líbia está vivendo uma guerra civil. É uma questão de fato, não de gosto.

O que resta agora aos EUA? O Egito deixará claro num futuro médio que “a” solução era um problema — vai demorar um pouco, e, por isso, não peço que acreditem em mim. Acho que a história dirá. Se não disser, erro com gosto porque será melhor para o mundo. No caso da Líbia, resta aos EUA o ruim e o pior. O ruim já está dado. Ainda que Kadafi viesse a vencer a guerra, como continuar no poder? Voltou a ser pária — desta feita, até entre os pares. E assim é pelos próprios “méritos”, não por responsabilidade de Obama. Mas não cumpria ao presidente americano, SOB NENHUMA HIPÓTESE, ter dado o ultimato: “Saia daí ou…” Ora, esse “ou”, agora, pedirá a intervenção se os insurgentes não vencerem sozinhos. Em nome mesmo do quê? Ah, sim: dos direitos humanos, da paz, da… Inventem aí algumas dezenas de razões pelas quais os americanos deveriam invadir todas as ditaduras muçulmanas — notem que escrevo “muçulmanas”, não “árabes”; é que incluo o Irã no grupo de países passíveis de intervenção, dado tal critério.

Uma coisa é derrubar um governante que está por um fio, batendo em retirada; outra, diferente, é depor alguém que corre o risco de ganhar a guerra, caracterizando uma clara intervenção, o que ajudará, como desaire adicional, a incendiar as massas em outros países, descontentes com seus respectivos ditadores: “Vá para a rua que o Obama garante!” Infelizmente, isso parece não funcionar na Síria, em  Gaza ou no Irã… “E o pior, Reinaldo?” Bem, o pior é ter de invadir a Líbia e continuar lá!

Obama é pateticamente despreparado. A Casa Branca é hoje um ajuntamento de saberetas buliçosos testando teses. Trata-se de um arremedo de governo que age em nome de supostos valores universais, mas que pode deixar o mundo à beira do caos em virtude desse despreparo. Alguns cretinos diziam até outro dia que estava tendo de se haver com a herança maldita (oh, sempre ela!) de Bush no Iraque e no Afeganistão e que era molestado, internamente, pela extrema direita republicana, que se opunha a seu programa de saúde… Bem, vocês conhecem a vocação dos “esquerdistas democráticos” para pichar a democracia. Pois bem: a crise de agora do Oriente Médio não deve nada ao passado; também não deriva da ação dos inimigos republicanos. Evidentemente, não se trata de uma criação do próprio Obama. O que importa é o modo como ele reagiu e tem reagido.

Trata-se de um governo sem eixo, refém da opinião pública e obcecado pelo propósito de não contrariar ninguém, o que o leva a não ter agenda. A maior máquina militar do planeta é hoje caudatária de movimentos nos países árabes cuja origem ignora. Se Kadafi esmaga a revolta, não poderá ficar no poder; e isso é um desastre. Se Kadafi cai sem a interferência americana, os EUA serão acusados de omissos e vistos como inimigo por parte da população, e isso é um desastre. Se Kadafi cai com a intervenção americana, ela terá de ser menos breve do que muitos gostariam,  e os americanos serão vistos como inimigos pela outra parte da população, e isso é um desastre.

Obama corre o risco de se tornar sócio da derrota da Kadafi e, obviamente, adversário de sua eventual, mas improvável, vitória. É preciso ser muito ruim para cair numa esparrela dessas. Nunca apostei em Obama, como sabem, mas, de algum modo, ele me surpreende: está abaixo das piores expectativas. As irresoluções e tolices de agora projetam um futuro sombrio para o Ocidente.E não pensem que também não estou na torcida pela primavera democrática dos países árabes. Eu também sou livre para torcer, como todo mundo.

Por Reinaldo Azevedo

Um negro contra cotas e contra as leis que proíbem a discriminação! Sua crença: individualismo, escola de qualidade, igualdade perante a lei e liberdade de expressão

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Walter Williams é negro, tem 74 anos e dá aula de economia na Universidade George Manson, na Virginia. Já foi engraxate e carregador de taco de golfe. Na juventude, chegou a preferir o radical Malcom X ao pacifista Martins Luther King. Williams está convencido: quem vence o racismo é o mercado, não a política de cotas. Num momento em que o assistencialismo, no Brasil, virou uma categoria de pensamento incontrastável e em que se dá a isso o nome de “redistribuição de renda”, vocês precisam ler a entrevista que ele concedeu a André Petry, publicada nas páginas amarelas da VEJA desta semana. Como todos nós, o economista tem as suas convicções, mas, antes de mais nada, tem alguns números um tanto desconcertantes sobre o tal “estado de bem-estar social”.

Williams se considera um libertário e é um crítico ácido da interferência do Estado na vida dos indivíduos. O indivíduo, diga-se, está no centro de suas preocupações. Ah, sim: ele acha que Barack Obama acabará “sendo ruim para os negros”. Por quê? Porque “seu governo, na melhor das hipóteses, será um desastre igual ao de Jimmy Carter”. Abaixo, reproduzo trechos da entrevista, em que se encontram frases como estas:

- AVANÇO DOS NEGROS - “Os negros, em geral, estão muito melhor agora do que há meio século. Mas os negros mais pobres estão pior.”
- ESTADO E FAMÍLIA -
 “Há anos, os Estados Unidos subsidiam a desintegração familiar”.
- MÃE SOLTEIRA PREMIADA - “Antes, uma menina grávida era uma vergonha para a família. Hoje, o estado de bem-estar social premia esse comportamento. O resultado é que, nos anos da minha adolescência, entre 13% e 15% das crianças negras eram filhas de mãe solteira. Agora, são 70%.”
- SALÁRIO MÍNIMO -
 “O salário mínimo, que as pessoas consideram uma conquista para os mais desprotegidos, é uma tragédia para os pobres. Deve-se ao salário mínimo o fim de empregos úteis para os pobres.”
- AÇÕES AFIRMATIVAS
“O ritmo do progresso dos negros entre as décadas de 40 e 60 foi maior do que entre as décadas de 60 e 80.”
- COTAS RACIAIS NO BRASIL -
 “A melhor coisa que os brasileiros poderiam fazer é garantir educação de qualidade. Cotas raciais no Brasil, um país mais miscigenado que os Estados Unidos, são um despropósito.”
- LIVRE MERCADO E DISCRIMINAÇÃO -
 “A melhor forma de permitir que cada um de nós - negro ou branco, homem ou mulher, brasileiro ou japonês - atinja seu potencial é o livre mercado. O livre mercado é o grande inimigo da discriminação”.
- LIBERDADE DE EXPRESSÃO -
“É fácil defendê-la quando as pessoas estão dizendo coisas que julgamos positivas e sensatas, mas nosso compromisso com a liberdade de expressão só é realmente posto à prova quando diante de pessoas que dizem coisas que consideramos absolutamente repulsivas”.
- AFRO-AMERICANOS -
 “Essa expressão é uma idiotice, a começar pelo fato de que nem todos os africanos são negros. Um egípcio nascido nos Estados Unidos é um ‘afro-americano’?”
- ÁFRICA - 
“A África é um continente povoado por pessoas diferentes entre si. Os vários povos africanos estão tentando se matar uns aos outros há séculos. Nisso a África é idêntica à Europa, que também é um continente, também é povoada por povos distintos que também vêm tentando se matar uns aos outros há séculos”.

*
Leia mais um pouco da explosiva sensatez de Walter Williams. A íntegra da entrevista está na revista.

(…)
Em que aspectos a vida dos negros hoje é pior [nos Estados Unidos]?
Cresci na periferia pobre de Filadélfia entre os anos 40 e 50. Morávamos num conjunto habitacional popular sem grades nas janelas e dormíamos sossegados, sem barulho de tiros nas ruas. Sempre tive emprego, desde os 10 anos de idade. Engraxei sapatos, carreguei tacos no clube de golfe, trabalhei em restaurantes, entreguei correspondência nos feriados de Natal. As crianças negras de hoje que vivem na periferia de Filadélfia não têm essas oportunidades de emprego. No meu próximo livro, “Raça e Economia”, que sai no fim deste mês, mostro que, em 1948, o desemprego entre adolescentes negros era de 9.4%. Entre os brancos, 10.4%. Os negros eram mais ativos no mercado de trabalho. Hoje, nos bairros pobres de negros, por causa da criminalidade, boa parte das lojas e dos mercados fechou as portas. (…)
 
Os negros, em geral, estão muito melhor agora do que há meio século. Mas os negros mais pobres estão pior.

O estado de bem-estar social, com toda a variedade de benefícios sociais criados nas últimas décadas, não ajuda a aliviar a situação de pobreza dos negros de hoje?
(…)
Há anos, os Estados Unidos subsidiam a desintegração familiar. Quando uma adolescente pobre fica grávida, ela ganha direito a se inscrever em programas habitacionais para morar de graça, recebe vale-alimentação, vale-transporte e uma série de outros benefícios. Antes, uma menina grávida era uma vergonha para a família. Muitas eram mandadas para o Sul, para viver com parentes. Hoje, o estado de bem-estar social premia esse comportamento. O resultado é que nos anos da minha adolescência entre 13% e 15% das crianças negras eram filhas de mãe solteira. Agora, são 70%. O salário mínimo, que as pessoas consideram uma conquista para os mais desprotegidos, é uma tragédia para os pobres. Deve-se ao salário mínimo o fim de empregos úteis para os pobres.
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As ações afirmativas e as cotas raciais não ajudaram a promover os negros americanos?
A primeira vez que se usou a ex-pressão “ação afirmativa” foi durante o governo de Richard Nixon [1969-1974]. Os negros naquele tempo já tinham feito avanços tremendos. Um colega tem um estudo que mostra que o ritmo do progresso dos negros entre as décadas de 40 e 60 foi maior do que entre as décadas de 60 e 80. Não se pode atribuir o sucesso dos negros às ações afirmativas.
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Num país como o Brasil, onde os negros não avançaram tanto quanto nos Estados Unidos, as ações afirmativas não fazem sentido?
A melhor coisa que os brasileiros poderiam fazer é garantir educação de qualidade. Cotas raciais no Brasil, um país mais miscigenado que os Estados Unidos, são um despropósito. Além disso, forçam uma identificação racial que não faz parte da cultura brasileira. Forçar classificações raciais é um mau caminho. A Fundação Ford é a grande promotora de ações afirmativas por partir da premissa errada de que a realidade desfavorável aos negros é fruto da discriminação. Ninguém desconhece que houve discriminação pesada no passado e há ainda, embora tremendamente atenuada. Mas nem tudo é fruto de discriminação. O fato de que apenas 30% das crianças negras moram em casas com um pai e uma mãe é um problema, mas não resulta da discriminação. A diferença de desempenho acadêmico entre negros e brancos é dramática, mas não vem da discriminação. O baixo número de físicos, químicos ou estatísticos negros nos Estados Unidos não resulta da discriminação, mas da má formação acadêmica, que, por sua vez, também não é produto da discriminação racial.

Qual o meio mais eficaz para promover a igualdade racial?
Primeiro, não existe igualdade racial absoluta, nem ela é desejável. Há diferenças entre negros e brancos, homens e mulheres, e isso não é um problema. O desejável é que todos sejamos iguais perante a lei. Somos iguais perante a lei. Mas diferentes na vida. Nos Estados Unidos, os judeus são 39% da população, mas ganham 35% dos prêmios Nobel. Talvez sejam mais inteligentes, talvez sua cultura premie mais a educação, não interessa. A melhor forma de permitir que cada um de nós - negro ou branco, homem ou mulher, brasileiro ou japonês - atinja seu potencial é o livre mercado. O livre mercado é o grande inimigo da discriminação. Mas, para ter um livre mercado que mereça esse nome, é recomendável eliminar toda lei que discrimina ou proíbe discriminar.

O senhor é contra leis que proíbem a discriminação?
Sou um defensor radical da liberdade individual. A discriminação é indesejável nas instituições financiadas pelo dinheiro do contribuinte. A Universidade George Manson tem dinheiro público. Portanto, não pode discriminar. Uma biblioteca pública, que recebe dinheiro dos impostos pagos pelos cidadãos, não pode discriminar. Mas o resto pode. Um clube campestre, uma escola privada, seja o que for, tem o direito de discriminar. Acredito na liberdade de associação radical. As pessoas devem ser livres para se associar como quiserem.

Inclusive para reorganizar a Ku Klux Klan?
Sim, desde que não saiam matando e linchando pessoas, tudo bem. O verdadeiro teste sobre o nosso grau de adesão à idéia da liberdade de associação não se dá quando aceitamos que as pessoas se associem em torno de idéias com as quais concordamos. O teste real se dá quando aceitamos que se associem em torno de ideais que julgamos repugnantes. O mesmo vale para a liberdade de expressão. É fácil defendê-la quando as pessoas estão dizendo coisas que julgamos positivas e sensatas, mas nosso compromisso com a liberdade de expressão só é realmente posto à prova quando diante de pessoas que dizem coisas que consideramos absolutamente repulsivas.

O senhor exige ser chamado de “afro-americano”?
Essa expressão é uma idiotice, a começar pelo fato de que nem todos os africanos são negros. Um egípcio nascido nos Estados Unidos é um “afro-americano”? A África é um continente, povoado por pessoas diferentes entre si. Os vários povos africanos estão tentando se matar uns aos outros há séculos. Nisso a África é idêntica à Europa, que também é um continente, também é povoada por povos distintos que também vêm tentando se matar uns aos outros há séculos.
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Por Reinaldo Azevedo.
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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