Base quer a liberação obrigatória de emendas
Por Eduardo Bresciani, Denise Madueño e Eugênia Lopes, no Estadão:
Insatisfeita com a relação com o Palácio do Planalto, a base aliada da presidente Dilma Rousseff quer incluir na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2012 um mecanismo para proteger cerca de R$ 6 bilhões de emendas parlamentares. A ação, proposta no relatório de Márcio Reinaldo Moreira (PP-MG), protocolado ontem, é a mais evidente forma de pressionar a presidente Dilma Rousseff a liberar o dinheiro destinado aos redutos eleitorais de deputados e de senadores.
A estratégia é garantir que, no próximo ano, pelo menos R$ 6 bilhões em emendas parlamentares não sejam contingenciadas, ou seja, não tenham a destinação suspensa. A medida não vai garantir o efetivo pagamento das emendas, mas impedirá o governo de usar esses recursos para outras finalidades. O texto do relator da LDO de 2012 determina que o governo não poderá mais contingenciar as emendas até o montante correspondente a 1% da receita corrente líquida, o que, nos cálculos de Márcio Reinaldo, daria os R$ 6 bilhões. Esse montante representa mais de 70% das emendas levando-se em conta o total apresentado pelos parlamentares no Orçamento de 2011.
Márcio Reinaldo destacou que a mudança tem respaldo dos colegas no Congresso, tanto na base como na oposição. “No Legislativo, eu tenho 100% de apoio.” O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é um dos que já se manifesta publicamente a favor da medida. “Eu defendo uma alteração na LDO para tornar compulsório a liberação dos recursos de emenda parlamentar”, disse.
Pressão. Essa ameaça na LDO aumenta a pressão sobre a nova ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Os líderes da base almoçam com Ideli hoje e esperam uma resposta definitiva sobre a liberação de pelo menos metade das emendas deste ano e a prorrogação do decreto que cancela o pagamento de convênios firmados com base no Orçamento de 2009, conhecidos como restos a pagar. O decreto atual determina o cancelamento na próxima quinta-feira e os governistas querem preservar os convênios por mais seis meses.
Cresce entre os parlamentares desconfianças de que as promessas de pagamento das emendas deste ano não serão atendidas, o que motiva a ofensiva contra o Planalto. Eles suspeitam que a recente onda de nomeações para cargos nos segundo e terceiro escalões sejam uma forma de minimizar a pressão relativa à liberação dos recursos. Em seu relatório, Márcio Reinaldo também faz pressão sobre os restos a pagar. Ele impede o crescimento dessas despesas de um ano para o outro.
Carimbos
Para evitar o desgaste político de dar proteção apenas ao dinheiro destinado pelos parlamentares, o relator também retomou na LDO carimbos de recursos para áreas que o governo queria ter liberdade para contingenciar. Ele impede o bloqueio de recursos para 11 delas, como combate ao crack e monitoramento de fronteiras e controle do espaço aéreo. Aqui