Este Brasil corrupto é expressão do jeito Lula de fazer política. E ele ainda acha pouco!

Publicado em 10/08/2011 08:58 e atualizado em 10/08/2011 23:17
do Blog de Reinaldo Azevedo, e da coluna Direto ao Ponto, de Augusto Nunes,em veja.com.br

Este Brasil corrupto é expressão do jeito Lula de fazer política. E ele ainda acha pouco!

Este Brasil que manda a política para a página de polícia é uma criação genuína de Luiz Inácio Lula da Silva. Não! O lulo-petismo não inventou a corrupção. Mas foi o Babalorixá de Banânia quem a transformou numa categoria de pensamento, numas das formas do “ser político”, num “fazer” supostamente respeitável, num verdadeiro “saber” que se transmite às gerações futuras. Mais perverso do que ter transformado a corrupção num método, Lula fez dela uma forma de “resistência política”, contra supostas elites que estariam a espreitar a verdadeira revolução que ele diz ter feito no Brasil.

Essa visão de mundo ganhou adeptos, gerou peroração acadêmica, contaminou o jornalismo. Não se leu há dias na imprensa uma análise segundo a qual o que falta a Barack Obama nos EUA é justamente um PMDB? A corrupção seria dotada, assim, de uma virtude saneadora, que amaina os espíritos, que arredonda as agudezas ideológicas, que faz convergir para o centro os extremos, que desarma os espíritos, que transforma a convicção que divide na conveniência que une. E se dá a isso o nome de “governabilidade”. E Lula, como veremos, se mobiliza para que a lambança tenha longa duração.

Pouco importa, nessa perspectiva, o grau de comprometimento pessoal do próprio Apedeuta com a corrupção. Interessa aqui o modelo que ele erigiu de modo meticuloso, sistemático, organizado. Ele foi o arquiteto dessa forma de exercício de poder, mas o grande engenheiro da obra, justiça se faça, foi mesmo José Dirceu. Os dois transformaram o partido que não se coligava com ninguém no partido que se une ao capeta se o rabudo, afinal de contas, aceitar fazer a genuflexão - pelo que será regiamente recompensado. É isto: o PT é o partido que seduziu o diabo; normalmente, é o chifrudo que seduz os incautos. E, antes que continue, uma nota esclarecedora à margem: eu não estou afirmando que os petistas aprenderam maus costumes na convivência com os PMDBs e PRs da vida, não! Não há nada que essa gente possa ensinar a um petista que este já não saiba de berço - refiro-me ao berço partidário. O que estou afirmando é que os petistas profissionalizariam o saque ao poder. Perto do que se tem hoje, ícones de certo modo de fazer política, como Adhemar de Barros, Paulo Maluf ou Fernando Collor, revelam-se amadores primitivos. Fim da  nota à margem. Sigamos.

A bagunça partidária brasileira e isso que chamam “presidencialismo de coalizão” facilitam o saque. Como explicar, por exemplo, a um estrangeiro que não conheça direito a realidade brasileira que o maior partido do país, o PMDB, concorreu com candidato próprio à Presidência da República uma única vez depois da redemocratização, em 1989? Não obstante, está no poder desde o fim do Regime Militar, em 1985.

Os petistas tomaram uma dura lição em 1994 e 1998. Derrotados pelo Plano Real, que combateram com unhas e dentes, entenderam que FHC teve de liderar uma coligação forte para vencer, governar e implementar a sua agenda. O PT fez uma leitura peculiar do processo. Também ele se abriria à adesão de quem quisesse aderir, mas, dado certo déficit de credibilidade no establishment político - embora contasse com amplo apoio do eleitorado -, teria de pagar um prêmio maior do que pagava “o outro lado”, o adversário. Lula venceu a disputa em 2002 e foi às compras. O principal alvo foi justamente o PMDB, que se coligara com o tucano José Serra. Essa foi a costura mais importante feita, então, por José Dirceu, o “homem forte” do regime que se iniciava ali.

Políticos antes hostis ao PT, empresários, o setor financeiro, o baixo-claro do Congresso, críticos ferrenhos do partido… Todos descobriram um Lula de uma formidável generosidade, como, de fato, nunca antes… Ele, sim, sabia negociar e fazer concessões. A conversa era franca, sem medo, com aquele pragmatismo sindical de que o líder tanto se orgulhava. Para as massas, afinal, ali chegava o redentor, o que viria mostrar o valor do povo, combater as elites etc e tal. Vocês conhecem a cascata. Tudo, então, era permitido. É evidente que o mensalão, por exemplo, não foi um desvio, uma vacilo, um erro, uma transgressão. Era um método. Não por acaso, estão envolvidos na lambança o presidente do partido, o tesoureiro, o presidente do Câmara e o chefe da Casa Civil. Até o marqueteiro de campanha foi pago com dinheiro confessadamente ilegal.

Nunca antes na história destepaiz um presidente havia sido tão generoso e, em muitos aspectos, verdadeiramente “descentralizador”. Garantida a fidelidade exigida, Lula, vamos dizer assim, liberou as “forças fisiológicas”. Cada aliado fizesse em seu feudo o que bem entendesse, atendidas algumas pequenas exigências. A conjuntura favorável - e vou me dispensar dos detalhes agora - favoreceu a consolidação do seu modelo de gestão, que persiste até agora.

Reforçando…
Ontem, Lula almoçou no Palácio das Laranjeiras, no Rio, residência oficial do governador Sérgio Cabral (PMDB). Estavam presentes parlamentares, ministros e secretários estaduais e municipais de diversos partidos da base: PT, PMDB, PDT, PSB, PC do B, PSC e PRB. O Babalorixá mandou um recado: se todos estiverem unidos em 2012, ele estará no palanque. Vai ficar longe das cidades em que os partidos da base se dividirem. Como se nota, ele força a mão para que candidatos sejam verdadeiros chefes de uma arca de Noé, reunindo um pouco de tudo. Foi assim que impôs, por exemplo, que o PT do Maranhão, adversário histórico dos Sarneys, apoiasse a candidatura de Roseana ao governo do Estado.

Ora, aonde isso leva? Sob o guarda-chuva do lulo-petismo, abrigam-se, então, os mais diversos interesses. Não se constroem candidaturas com uma proposta, uma agenda, um programa, um rumo. Faz-se um amontoado para ganhar a disputa e, depois, dividir o poder. Não é um condomínio, mas um cortiço, em que cada casa de cômodo segue as suas próprias regras. A realidade política brasileira, reitero, com suas dezenas de partidos e uma espantosa indefinição ideológica, já predispõe o país à corrupção. O “modelo Lula” leva isso ao paroxismo.

O PR e o PMDB, por exemplo, estão magoadíssimos e prometem retaliação - se possível, “retalhação” também… - a quem queira ouvir. Sentem-se traídos. Não foi isso o que Lula lhes prometeu. Não é esse o acordo, vamos dizer, histórico feito com o PT. Afinal, o combinado é que cada um tenha o “seu” pedaço, desde que colabore, é evidente, com o governo federal.

ATENÇÃO! ESSES PARTIDOS PROMETERAM FIDELIDADE AO GOVERNO, NÃO VERGONHA NA CARA! ISSO NÃO ESTAVA NO COMBINADO. ISSO NÃO ESTAVA NO PREÇO. E não que o PT esteja fazendo tais exigências, entendam bem. Mas essa imprensa, vocês sabem como é… Se bem se lembram, Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, afirmou que ela não contribui para a “formação cidadã” - ou porcaria do gênero.

A pouca-vergonha a que assistimos é a expressão do mais puro modo lulista de conduzir a política. Os larápios saltaram da margem para o centro do poder. Passaram a dar as cartas em ministérios. E, como se conclui da reunião havida no Rio, Lula tenta dar sobrevida ao modelo. Continua disposto a juntar todos os “patriotas” numa grande frente para tomar de assalto as cidades. Depois é só dividir o conteúdo do cofre. O presidencialismo de coalizão pode até colaborar com a governabilidade. Já o lulismo de coalizão está desgovernado.

Por Reinaldo Azevedo

Família de Toninho do PT pede federalização do crime

Vamos lá, tratar de uma tema delicado. Peço que leiam com atenção. Nos comentários, não ousem além dos fatos, com acusações, suposições etc. Vocês saberão como fazer. Leiam o que informa Marília Rocha, na Folha Online. Volto em seguida.

*
Familiares do prefeito de Campinas (93 km de São Paulo) Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, assassinado no dia 10 de setembro de 2001, pediram que a investigação do crime, ainda não esclarecido, passe para a Polícia Federal. Eles protocolaram ontem (9) um pedido para que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, se manifeste sobre a federalização do crime e a conseqüente investigação pela PF.

De acordo com o advogado da família, William Ceschi Filho, já há, desde 2007, um procedimento com esse pedido, mas é a primeira vez que o procurador-geral da República é questionado a respeito do chamado incidente de deslocamento de competência, argumento que pode ser utilizado apenas por ele em casos de violação de direitos humanos, em qualquer fase de um inquérito ou processo. Caso seja favorável aos argumentos da família, o procurador-geral poderá solicitar ao Superior Tribunal de Justiça que o caso seja deslocado para a Justiça Federal e Polícia Federal. Atualmente, está com a Polícia Civil.

“Esse argumento já foi utilizado outras vezes, quando houve grave desrespeito aos direitos humanos e tratados internacionais”, afirmou Ceschi Filho. “Dez anos se passaram da morte do prefeito sem que linhas importantes fossem seriamente investigadas. É preciso que o caso mude de mãos”, disse. O prefeito foi assassinado após permanecer oito meses no governo. Quando saía de um shopping da cidade, dirigindo seu carro, foram disparados três tiros contra ele.

Em setembro de 2007, o juiz José Henrique Torres, de Campinas, decidiu –alegando falta de indícios - não aceitar a denúncia contra o seqüestrador Wanderson de Paula Lima, o Andinho, acusado pelo Ministério Público e Polícia Civil de ser um dos autores do crime. Para a família, a motivação foi política e há outras suspeitas de autorias em áreas cujos interesses o então prefeito confrontou.

O Ministério Público recorreu, mas o Tribunal de Justiça decidiu, em janeiro de 2009, reabrir as investigações. Um novo inquérito foi aberto na Delegacia Seccional de Campinas e, no início deste ano, mudou de mãos, passando para o delegado do setor de homicídios, Ruy Pegolo.

Voltei
Toninho foi assassinado quatro meses antes de Celso Daniel, o também prefeito e também petista — no caso, de Santo André — , morto no dia 18 de janeiro de 2002. Há dois aspectos  em comum entre os dois casos:
a - as respectivas famílias não aceitam a tese de crime comum;
b - as duas famílias acabaram rompidas com o PT, sugerindo que o partido manifestou pouco interesse em investigar a morte até o fim.

Roseana Garcia, a viúva de Toninho, nunca se conformou com a hipótese de crime comum e sempre pediu para que a Polícia Federal entrasse no caso. Na campanha de 2002, Lula prometeu que faria isso se fosse eleito presidente. Nunca mais tocou no assunto. Roseana não conseguiu nem sequer se encontrar com ele depois.

No depoimento da CPI dos Bingos, em 2005, Roseana afirmou ter a convicção de que seu marido morrera em razão de uma tramóia política. Ela se disse, então, estarrecida com a morte de Carlos Delmonte Printes, legista que fez a autópsia no corpo de Celso Daniel e que apontou que o prefeito tinha sido vítima de tortura, o que enfraquecia a tese do crime comum. Para ela, os dois assassinatos estão relacionados, tese que o PT nunca abraçou. Num programa Roda Viva, o já presidente Lula — aquele que prometia pôr a Polícia Federal no caso — afirmou que se tratava mesmo de crime comum.

Roseana continua no Brasil, lutando para saber quem matou o marido. Um dos irmãos de Celso, Bruno Daniel, sua mulher, Marilena Nakano (ex-quadro do PT), e filhos vivem hoje como exilados na França. Ameaçados de morte, tiveram de deixar o país. Outro irmão do prefeito, João Francisco Daniel, também ameaçado, não revela onde mora. Eles sustentam que Celso havia criado um esquema de desvio de recursos da cidade para o PT e que foi assassinado quando descobriu, digamos, um desvio do desvio.

Petistas de Santo André prosperaram no governo federal. Dois secretários de Celso pertencem hoje ao primeiro escalão: Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, e Miriam Belchior, ministra do Planejamento, que já era ex-mulher de Celso quando ele foi assassinado. João Francisco Daniel diz que Carvalho lhe confessaram que levava malas de dinheiro de Santo André para o PT, entregando-as a José Dirceu. Os dois negam.

Por Reinaldo Azevedo
Eles querem que a imprensa mude para que o Brasil, sob o seu comando, fique como está. Ou: Vaccarezza, Alves e Maluf unidos num só propósito

O ministro de Cidades, Mário Negromonte, que é do PP, participou de uma audiência pública na Câmara dos Deputados. Também naquela pasta acontecem coisas um tanto estranhas. Obras eivadas de irregularidades, segundo o TCU, continuam a receber recursos. Empresas que trabalham para o ministério parecem ter especial apreço pelo partido na hora de fazer doações para campanhas eleitorais, essas coisas… Tudo, pensará o leitor, conforme os costumes consagrados na República. Pois bem.

Deputados do PT, PMDB e, obviamente, do PP cantaram as glórias do ministro, sua competência, sua honradez. Ele foi ovacionado pelo menos três vezes. Sabem quem apanhou? Sim, ela!, a tal “mídia”.

“O Ministério é exemplar do primeiro ao último passo. Quero aqui ser testemunha que o seu partido pode se orgulhar do ministro que tem. Acusações fazem parte do jogo. Não são ideais, o trato da imprensa deveria ser exemplar, mas, quando não é, nós devemos ser exemplares na hora de tirar a dúvida. Eu gostaria de autorizar a colocar, no final da sua fala, a assinatura do líder do PMDB, porque concordamos em gênero, número e grau”.

Esse é Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB na Câmara. Pertence ao partido que tem nas mãos, entre outros ministérios, o do Turismo e o da Agricultura — que competem, em decência, com um convento das carmelitas descalças.

Cândido Vaccarezza, líder do governo na Câmara, esteve, nesta quarta, mais hiperbólico do que gordo:
“Venho aqui manifestar a confiança absoluta que o governo de Dilma tem no nosso companheiro. [As acusações] não têm nenhuma procedência. Nenhuma insinuação, dúvida ou questionamento pesa contra Vossa Excelência. As explicações, pelo visto, são desnecessárias. Não estamos vendo nenhum questionamento. Espero que a imprensa registre isso. Esse é um momento histórico”.

Viram? Nem mesmo a explicação é necessária. Depois de Henrique Eduardo Alves e Cândido Vaccarezza, faltava um pronunciamento forte do deputado Paulo Maluf (PP-SP), que não faltou. Segundo ele, alguns repórteres, “de maneira maldosa” acham “que têm audiência atacando os políticos”. E disse o que pensa: “Acho que isso é um desserviço à democracia”.

Então vamos salvar a democracia e dar um jeito nesses repórteres, certo? O lobista Júlio Fróes, o espancador de jornalista, deu dimensão prática àquilo que Maluf expressa conceitualmente.

Essa gente toda foi precedida na satanização da imprensa por Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência. Na palestra que ele concedeu na segunda no Instituto Ethos — uma ONG ou algo assim que é capacho intelectual do PT —, afirmou que a imprensa brasileira não contribui com “uma formação mais cidadã”. Numa votação eletrônica, metade da platéia, composta de umas 200 pessoas, concordou com ele… Escrevi  aqui a respeito. Afirmei que ele estava lançando uma espécie de grito de guerra, o mesmo que fora dado no governo Lula, sob a batuta de Franklin Martins, a quem  defendeu em seu discurso. Em nome da ética!

É mesmo! A imprensa precisa se repensar e mudar.

Quem tem de continuar como está é Henrique Eduardo Alves.
Quem tem de continuar como está é Cândido Vaccarezza.
Quem tem de continuar como está é Paulo Maluf.
Quem tem de continuar como está é Wagner Rossi.

Entendi. Se a imprensa mudar e se essa gente continuar como é e onde está, então o Brasil também não muda. E eles estão lutando por isso.

Por Reinaldo Azevedo
A queda de Dilma no Ibope e o que realmente vale a pena. Ou: Tio Rei muito romântico…

Alguns leitores me perguntam no blog e no Twitter se não estou, digamos assim, excitado com a queda de popularidade de Dilma Rousseff na pesquisa Ibope. O que é isso, companheiros?  Eu me excito com outras coisas… Adele cantandoOne and only, por exemplo, ou Turning tables… Com a queda de Dilma no Ibope? Até confesso sentir um pouquinho de tédio.

Sabem por quê?

O Ibope dizia que ela tinha 56% de “ótimo e bom” em março, mas o Datafolha apontava 47% no mesmo mês. Agora, os dois institutos convergiram para os 48%. Segundo o primeiro, são 36% os que consideram seu governo “regular” — 39% no outro. A administração é ruim ou péssima para 11% no Ibope e 12% no Datafolha.

Acho tudo ainda muito prematuro. Ademais, o dado relevante no que diz respeito à popularidade aconteceu mesmo em março, quando se realizaram as primeiras pesquisas. O índice de “ótimo/bom” de Lula era de 83% em dezembro de 2010; o de Dilma ficou entre “56% e 48%” — vale dizer, despencou de 27 a 35 pontos em relação ao antecessor. Por quê? Por nada! Em março, essa bandalheira toda ainda não havia vindo à tona. Ela “perdeu” tudo aquilo simplesmente porque não era ele. Mas os institutos preferiram fazer aquela estranhíssima leitura, que consistia em comparar a primeira pesquisa do governo Dilma com a primeira pesquisa do governo Lula (primeiro mandato). E, nessa comparação, ela o superava…

O que estou dizendo com isso é que a primeira grande queda já aconteceu. Todas essas lambanças no governo, com a conseqüente demissão de ministros e funcionários de ministérios, ainda não foram precificadas no que concerne à popularidade. É possível que duas forças estejam se anulando: de um lado, a constatação de que o governo reúne larápios a dar com pau (o que é ruim); de outro, a decisão da presidente de punir (o que é bom) — quando estava punindo, é claro! Parece que, agora que a água bateu no traseiro do PMDB e do PT, a ordem é resgatar os “companheiros”.

Que ela jamais atingirá os píncaros do antecessor, isso estava dado desde o começo. Em primeiro lugar, porque ela, com efeito, não é ele. Em segundo, porque a maré não está para demagogos; em terceiro, porque ela enfrenta, vejam só, a herança maldita que ajudou a construir.

É muito cedo, queridos.  Excitado com a queda da Dilma? Ushshshshshsh… Eu só falo sobre essa gente por patriotismo. A vida pode ser cruelmente bela, hehe…  Mais uma sugestão: ’cause I can´t make you love me if you don’t/ I’ll close my eyes then I won’t see/ the love you don’t feel when you’re holding me… Tio Rei muito romântico, hehe…

Por Reinaldo Azevedo
Polícia Federal liberta parte dos presos na Operação Voucher

Do Portal G1:
Após depoimentos prestados nesta quarta-feira (10), todas as pessoas que tiveram prisão temporária decretada por suspeita de envolvimento em fraudes do Ministério do Turismo foram libertadas, segundo informou o Ministério Público Federal no Amapá.No boletim com o balanço da operação, divulgado nesta terça, a Polícia Federal havia informado que 19 estavam em prisão preventiva e 16 em prisão temporária (35, no total). O Ministério Público Federal no Amapá informa que são 18 em prisão temporária e 18 em prisão preventiva (36, no total). A prisão temporária tem validade por cinco dias, prorrogáveis por mais cinco. A prisão preventiva é por tempo indeterminado.

A Operação Voucher, deflagrada nesta terça-feira, expediu 38 mandados de prisões de pessoas que teriam envolvimento em irregularidades no ministério. Segundo a PF, os mandados seriam cumpridos em São Paulo, Brasília, Macapá e Curitiba. Os suspeitos presos preventivamente (por prazo indeterminado) continuam no Instituto Penitenciário do Amapá, em Macapá (AP), segundo o Ministério Público Federal no Amapá. Os que estão em prisão preventiva ficarão mais tempo detidos para se evitar o risco de obstrução das investigações e destruição de provas .

Entre os que ainda estão detidos está secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico Silva da Costa, segundo homem na hierarquia da pasta. Além dele, o secretário nacional de Desenvolvimento de Programas de Turismo, Colbert Martins da Silva Filho, ex-deputado federal, e o ex-presidente da Embratur, Mário Moysés estão na penitenciária.

A operação investiga um convênio firmado entre o Turismo e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi) para capacitação de pessoas. De acordo com estimativa da PF, cerca de R$ 3 milhões teriam sido desviados. Empresários e funcionários do Ibrasi e de empresas de fachada estão entre os detidos na operação.

Por Reinaldo Azevedo
Rebelião de “patriotas” na base adia votações para semana que vem

No Globo Online:
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), participou na tarde desta quarta-feira de uma reunião com líderes da base aliada no gabinete do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-SP), para uma última tentativa de retomar as votações no plenário da Casa. No entanto, não houve acordo. Líderes da base iniciaram uma espécie de “greve branca” em retaliação às demissões nos ministérios alvos de denúncias de corrupção, e não liberação de emendas parlamentares. “Me informaram que eu teria muito problema hoje. Dificilmente haverá quórum. Há um cansaço, uma fadiga. Mas acho que semana que vem melhora”, disse Vaccarezza, preocupado com a revolta da base aliada.

O líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO) externou a insatisfação dos demais lideres, ao reclamar da crise econômica global como foco central das discussões na reunião do Conselho Político hoje no Planalto, que não abordou a liberação das emendas. “Não é uma rebelião, é uma contrariedade. O governo agora só quer falar de crise mundial, não quer administrar o país. Nossos prefeitos não vivem em Nova York”, avisou Jovair Arantes.

Por Reinaldo Azevedo

10/08/2011

 às 6:39

Santiago, Londres

Há dois meses estudantes liderados pela extrema-esquerda chilena, disfarçados de geração Facebook - gente que só estaria querendo se expressar… - promove o caos na educação do país. Ganharam a adesão de sindicatos de professores, de mineiros e por aí vai. O que é mais notável nisso tudo? A economia não piorou sob o governo do “direitista” Sebastián Piñera, e as regras vigentes na educação são as mesmas que vigoravam durante os sucessivos governos socialistas pós-democratização. O Chile segue sendo um dos países mais organizados do continente. Então o que mudou?

Há um governo “de direita” no país, eleito democraticamente, segundo a vontade da maioria da população, e isso as esquerdas, “democraticamente”, não aceitam. E qual é a forma que têm de expressar o seu descontentamento? Invadindo universidades, tomando emissoras de televisão, promovendo quebra-quebra, incentivando o confronto com a polícia. É preciso demonstrar que Piñera lidera um governo que “bate em trabalhadores e estudantes” - um legítimo herdeiro de… Pinochet! Há a firme determinação de inviabilizar sua administração, empurrando-o para a defensiva. O Chile não tem reeleição, e o mandato é de apenas quatro anos. Se uma coalizão de esquerda vencer a próxima disputa, o ânimo contestador arrefece. O objetivo é demonstrar que “a direita” pode até disputar eleição, mas não ganhar.

De Santiago, vamos a Londres e outras cidades da Inglaterra. Vândalos tomam as ruas, roubam as pessoas à luz do dia, incendeiam carros e prédios, depredam estabelecimentos comerciais, espalham o pânico e o caos. E isso acontece justamente na mais cosmopolita das capitais européias, a mais tolerante, a mais multiculturalista. O que eles querem? A vigarice sociológica tenta entender e justificar o suposto mal-estar: bolsões de pobreza, falta de perspectiva para a juventude, uma Europa estagnada… Na Paris de 2005, falavam-se as mesmas porcarias - um dos jornais que viam uma causa social de fundo no caos era o… Guardian!

Há um fenômeno curioso em curso. Aqui e ali, os ditos “jovens” pretendem brincar de “Praça Tahir”, uma alusão ao local que virou símbolo da derrubada do governo de Hosni Mubarak, no Egito. Ora, aquele país era - é ainda! - uma ditadura. O mesmo se diga das demais nações árabes que assistiram ou assistem ao levante da população. Eu estou entre os céticos, como sabem. Infelizmente, não creio que seja exatamente democracia o que se pede nessas nações. De todo modo, o povo vai à rua, morre e mata no confronto com uma tirania. São sociedades que não estabeleceram canais institucionais para a expressão das diversas vontades. Se a resistência se organiza, o único caminho é a violência.

Chile e Grã-Bretanha são democracias representativas sólidas. As instituições funcionam. O sistema oferece os canais para a intervenção da população nos destinos do país. Ocorre que há certa esfera de especulação contra a ordem democrática mundo afora - e a imprensa ocidental, o que é patético, tem tratado com indiscreta simpatia esses “movimentos” porque vê neles um suposto frescor juvenil, oposto às instituições que estariam carcomidas pelo velho jogo de interesses da política tradicional.

Ocorre que é justamente a “velha ordem democrática” que guarda os fundamentos dos direitos individuais, da liberdade de expressão, do respeito ao outro, das garantias contra o arbítrio do estado. Autoritários de diversos matizes - fascistas de esquerda ou de direita - sabem que esse regime é seu pior inimigo. Ora, se são obrigados a se organizar, a dizer com clareza o que pretendem, a ter o aval de milhares ou de milhões de pessoas para que possam ver aprovada a sua agenda,  o mais provável é que sejam derrotados pela maioria. Então tentam se impor pela violência. E tratam governos eleitos democraticamente como se fossem uma ditadura de Mubarak ou de Bashar Al Assad.

Notem bem: não vejo o risco de o baguncismo de Londres ou se Santiago se espalhar, numa espécie de grande Internacional da desordem ou coisa assim. Meu ponto é outro. Incomoda-me é o esforço dos ditos bem-pensantes para “entender” e, às vezes, justificar ações fascistóides, autoritárias, que agridem direitos fundamentais dos indivíduos - no Chile ou na Inglaterra, ainda que com graus distintos de violência. Incomoda-me que o exercício pleno da democracia - a exemplo do debate havido no Congresso americano sobre a ampliação do limite da dívida - seja tratado como matéria de lesa democracia porque, afinal, “a direita republicana” está se comportando como… direita republicana, ora essa! Lá chegou ungida pelo voto e se comporta nos limites da Constituição!

É muito próprio do fascismo de esquerda antepor intenções a fatos - ou por outra: usar os belos propósitos (justiça, igualdade, direito à contestação) para justificar a violência e a transgressão das normais pactuadas. Não, senhores! Não há nada de novo ou de juvenil na violência contra a ordem democrática. Isso é tão velho quanto, sei lá, a Berlim de 1930.

Como resolver? Há que se dar aos vândalos de Santiago ou de Londres - ainda que aparentemente distintos, mas iguais em essência - aquilo que faltou dar com a devida energia à súcia da velha Berlim: a democracia de uniforme, também chamada “polícia”. Que o cassetete democrático cante no lombo da canalha que quer se impor pela força. Não que eu nutra hoje grande simpatia pela figura, mas Nicolas Sakozy, então ministro do Interior, viu a violência explodir em Paris em 2005. Ele ofereceu aos “revoltosos” o que a população francesa pedia democraticamente que oferecesse: imposição da ordem. Foi eleito presidente.

Por Reinaldo Azevedo

10/08/2011

 às 6:37

Dilma não gostou do modo como agiu PF

Na Folha:
Passava das oito horas da manhã quando o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, chegou ao Palácio do Planalto para detalhar a operação da Polícia Federal, mais tarde considerada “atabalhoada” pelo governo. Poucos minutos depois, a imprensa repercutia a prisão de 35 pessoas, entre elas o número dois do Ministério do Turismo. No comando da pasta, o PMDB só soube do caso pela mídia. O topo da lista de presos dava a extensão do problema: o secretário-executivo da pasta, um ex-deputado do PMDB, um petista ligado à senadora Marta Suplicy (PT-SP) e nomes ligados ao PTB.

Segundo assessores do Planalto, enquanto o ministro explicava a investigação, Dilma se assustava com o número de policiais envolvidos: 200. Ela teria ficado irritada com o relato pouco detalhado do auxiliar. Para o Planalto a operação foi “atabalhoada”. A mesma conclusão saiu de almoço com Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Articulação Política). Para o grupo, há indícios de que alguns dos presos nem teriam participado do esquema apurado. No passado, operações da PF eram informadas a Lula com antecedência. Dilma esperava ter tido mais tempo para analisar o que fazer diante do envolvimento de partidos da base.

Por Reinaldo Azevedo

10/08/2011

 às 6:29

PMDB ameaça tirar cargos de petistas na Agricultura

Por Silvio Navarro, na Folha:
Em meio à crise envolvendo ministérios do PMDB, integrantes do diretório paulista do partido abriram uma disputa para tentar tirar do PT o controle da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), entidade vinculada ao Ministério da Agricultura. Pelo menos 13 indicados para cargos de chefia na Ceagesp, o maior entreposto de distribuição de alimentos da América Latina, são ligados ao PT, entre eles o diretor-presidente, Mário Maurici. Maurici é ex-prefeito de Franco da Rocha (Grande SP) e ex-secretário do prefeito Celso Daniel (morto em 2002) em Santo André. É ligado ao ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), assim como o responsável pelo departamento financeiro, Delcimar Pires Martins, ex-assessor especial da Presidência no governo Lula.

Nos bastidores, os peemedebistas ameaçam retaliar um eventual “fogo amigo” de petistas contra o ministro Wagner Rossi em Brasília. O presidente do PMDB paulista é o deputado estadual Baleia Rossi, filho do ministro. Uma das irregularidades que atingiram a pasta da Agricultura é a de ter transformado a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) num cabide de empregos para acomodar familiares de políticos do PMDB. Hoje ministro, Rossi dirigiu a Conab de junho de 2007 até março de 2010.

LISTA
Na lista dos petistas na Ceagesp predominam ex-integrantes de prefeituras no ABC paulista. Consta o nome de Edison Inácio Marin da Silva, sobrinho de Lula, responsável pelo departamento de entrepostos do interior, e outros aliados do deputado João Paulo Cunha (PT-SP). Ontem os presidentes estaduais dos dois partidos se reuniram. Edinho Silva, que dirige a seção paulista do PT, negou a existência de crise. “Hoje estive com o Baleia, nossa relação é a melhor possível. Não abalou em nada”, disse. “Trabalhamos juntos para 2012″, emendou, referindo-se às eleições municipais do ano que vem. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

10/08/2011

 às 6:27

Dilma tenta segurar ministros do PMDB, no centro das crises

Por Vera Rosa, no Estadão:
A presidente Dilma Rousseff avalia que o escândalo no Ministério do Turismo é mais grave e tem maior potencial de estrago do que as denúncias de corrupção envolvendo a pasta da Agricultura e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Dilma tenta segurar tanto o ministro do Turismo, Pedro Novais, como o da Agricultura, Wagner Rossi. O primeiro foi indicado pelo líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). O segundo é afilhado do vice-presidente da República, Michel Temer.

É Temer quem está fazendo a ponte para evitar que a crise escancarada no Turismo afete o relacionamento do PMDB com o Planalto. Quanto a Rossi, o vice está tranquilo. Dilma ordenou a demissão dos diretores da Conab, mas, sem querer comprar briga com Temer, está decidida a preservar o ministro. A menos que, mais para a frente, não haja condições políticas para a manutenção dele.

Embora a presidente também pretenda deixar Novais onde está - mesmo porque tem dificuldade em encontrar um substituto na bancada do PMDB - , a situação do titular do Turismo é considerada mais complicada. As investigações indicam que o desvio de dinheiro começou quando o ministério era comandado por Luiz Barreto (PT) - ex-secretário executivo de Marta Suplicy na época em que ela dirigiu a pasta - mas, no diagnóstico do Planalto, o escândalo pode chegar a Novais.

Dilma só ficou sabendo da Operação Voucher, da Polícia Federal - que resultou na prisão de 35 pessoas - por volta de 8h30, quando estava reunida com ministros, no Planalto. Pouco antes da cerimônia sob medida para turbinar o Supersimples, ela conversou com Temer e com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB). Na hora do almoço, preocupada, voltou a discutir o assunto com auxiliares mais próximos, no Palácio da Alvorada.

As investigações sobre Barreto surpreenderam Dilma e ministros, já que ele é de “inteira confiança” do governo e do PT. Na tarde de ontem, durante a reunião com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), não escondeu a irritação. Disse a Ideli que o PMDB não aceitaria a “partidarização” do escândalo no Turismo.

“O PMDB não está imune a investigações, mas nós sabemos muito bem de onde vêm essas denúncias”, insistiu Renan. Em conversas reservadas, peemedebistas afirmam que os dossiês sobre irregularidades nos convênios foram entregues à Polícia Federal por dois funcionários ligados ao PT e demitidos por Novais. Dilma disse não estar interessada na origem das denúncias. Quer saber, porém, se elas têm procedência. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

10/08/2011

 às 6:25

ONG usou documentos falsos em convênios

Por Leandro Colon, no Estadão:
O Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi), investigado pela Polícia Federal por desvio de dinheiro público, fraudou a documentação para assinar convênios com o Ministério do Turismo.

Documentos obtidos pelo Estado mostram que o instituto falsificou declarações de qualificação técnica e capacidade operacional supostamente emitidas por entes ou agentes governamentais, ou usou papéis que não têm valor legal. O Ibrasi já recebeu R$ 14 milhões do Turismo em dois anos. Na sede, uma funcionária informou ontem que ninguém poderia atender para comentar a operação da PF.

Foi apresentada, por exemplo, uma declaração da Prefeitura de Jaguariúna (SP), que a administração da cidade diz desconhecer. “A declaração não tem existência legal, não está registrada, ou sequer (sic) é de conhecimento do titular da secretaria. Desta forma, não tem valor oficial”, informou a prefeitura.

Cópias. Declaração semelhante foi apresentada pelo instituto ao Ministério do Turismo, proveniente do gabinete do vereador paulistano Adolfo Quintas (PSDB). Quintas confirmou que um funcionário de seu gabinete assinou o documento, mas admitiu que o Legislativo não tem prerrogativas para emitir declaração de qualificação técnica e funcionamento regular. Ele disse ainda desconhecer o Ibrasi. “Nem sei quem é esse instituto. Nunca ouvi falar”, disse o vereador tucano.

Todas as cinco declarações apresentadas pelo Ibrasi têm o mesmo texto e foram emitidas no mesmo dia: 14 de julho de 2009, cinco dias após a entidade ser oficialmente criada. Para assinar convênios com o governo federal, o Ibrasi deveria existir há no mínimo três anos, mas foi criado em 9 de julho de 2009, com o CNPJ de uma ONG inativa desde 2006.

Até esse ano, a entidade tinha o nome de Centro de Estudos e Atendimento a Família, Criança e ao Adolescente Amanhã-Ser e atuava com outras finalidades. Os atestados sustentam que o Ibrasi funciona desde 2006. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

10/08/2011

 às 6:23

Inflação atinge 6,5% na China em julho

Por Cláudia Trevisan, no Estadão:
A inflação chinesa atingiu 6,5% em julho, o nível mais alto em três anos, o que coloca Pequim numa posição delicada para administrar sua política monetária em meio à ameaça de uma nova recessão nos Estados Unidos e na Europa. A maioria dos analistas acredita que os preços atingiram seu pico e deverão ceder nos próximos meses, sob influência da queda das commodities provocada pelo pânico que domina os investidores em todo o mundo.

Diante desse cenário, muitos abandonaram previsões recentes de alta da taxa de juros e de novo aperto monetário pelo Banco do Povo, feitas há menos de dez dias. Mas ninguém aposta em uma agressiva política expansionista em resposta à provável retração da economia global. “As pressões inflacionárias subjacentes continuam a existir, do aumento de salários à rápida expansão da oferta de dinheiro nos últimos dois anos”, escreveu Jing Ulrich, diretora de Mercados Globais do JP Morgan.

Apesar disso, ela acredita que Pequim poderá adotar uma política um pouco mais flexível, com medidas “seletivas” de relaxamento das restrições ao crédito, na hipótese de a situação internacional continuar hostil. Stephen Green, economista-chefe do Standard Chartered para a China, prevê que Pequim poderá relaxar sua política monetária, ainda que “moderadamente”. As autoridades chinesas enfrentam o duplo - e contraditório - desafio de combater as pressões inflacionárias e evitar a desaceleração da economia.

O Índice de Preços ao Consumidor ficou em 6,5% em julho, ligeiramente acima dos 6,4% esperados por analistas, e refletiu principalmente os reajustes de alimentos, de 14,8%. A grande vilã foi a carne de porco, com alta de 57%. As pressões inflacionárias também se mantiveram em alta no atacado, com 7,5% no Índice de Preços ao Produtor, ante 7,1% no mês anterior. “Pequim está obviamente preocupada com a fragilidade externa e a volatilidade no mercado global, mas, com a inflação ainda acima da zona de conforto, continuamos a esperar mais uma alta dos juros nos próximos meses”, disse à agência de notícias Bloomberg o estrategista de mercados emergentes do Royal Bank of Canada Brian Jackson. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

09/08/2011

 às 22:45

Matarazzo defende a internação compulsória de viciados que vagam pelas ruas sem casa e sem cuidado

Já escrevi aqui sobre a internação compulsória de crianças e adultos dependentes de drogas que vagam pelas ruas sem casa, sem família, sem futuro. Naquele post do dia 29 de julho, lembrei os esforços que Andrea Matarazzo, que já foi subprefeito da Sé e Secretário das Subprefeituras, fez para urbanizar a região da Cracolândia e para dar assistência aos viciados. Ocorre que é preciso enfrentar a estupidez politicamente correta - que, na prática, condena essas vítimas ao abandono - e a ausência de leis. Esse debate tem de ser feito.

Matarazzo é o atual secretário de Cultura do Estado de São Paulo e um dos pré-candidatos à Prefeitura pelo PSDB. A próxima eleição tende a ter candidatos aos montes. Tomara que a gente tenha também em quem votar… Na Folha de hoje, Matarazzo escreve um artigo em que defende a internação compulsória dos viciados, uma antiga tese sua. Leia o texto.
*
Chance de viver

Desde a época em que implantei as melhorias na infraestrutura da região da Luz, como então subprefeito da Sé e depois secretário das Subprefeituras de São Paulo, há seis anos, venho observando atentamente o flagelo dos dependentes químicos na cracolândia.

Posso afirmar: viver em completo estado de degradação não é uma escolha consciente. Ninguém que esteja gozando minimamente de sua vontade própria pode considerar como opção a realidade dessas pessoas que seguem, todos os dias, a única alternativa que a droga lhes proporcionou como uma dura sentença de morte.

Todos sabemos quão forte e destrutivo é o vício e quão difícil é sair dele. Nos últimos dias, a internação compulsória tem sido citada como uma possibilidade real de tratamento para quem chegou ao último estágio da dependência.

O tema surge envolto em polêmica e contraposto ao direito de escolha, que é e deve continuar sendo um direito sagrado; mas se tal liberdade já está tolhida pelo uso indiscriminado de drogas, não vejo como desconsiderar a prioridade do direito à vida.

Quando um dependente ainda tem a atenção de sua família, e esta tem condições para tanto, a internação compulsória é um ato de amor. No nível mais alto do flagelo causado pela droga, ele já abandonou a família ou foi abandonado por ela. Não pode também ser abandonado pelo poder público. A meu ver, isso é omissão de socorro.

Obviamente, a internação compulsória deve ser o último estágio de uma política pública baseada na prevenção e na repressão ao tráfico, e isso não se faz apenas com polícia. Enquanto estivemos na prefeitura, lavamos as ruas duas vezes ao dia, iluminamos a região da Luz, fechamos bares, hotéis, ferros-velhos e diversos estabelecimentos ilegais usados pelo crime.

Tudo isso inibiu a presença do traficante, mas em nada melhorou as condições de saúde daqueles que por lá vagavam acendendo seus cachimbos. Para mim, essa experiência deixou claro que se aquelas pessoas não fossem afastadas dali para tratamento adequado, nada seria capaz de salvar suas vidas.

A internação compulsória não é prisão, não é criminalização, tampouco é varrer o problema para debaixo do tapete. A questão é urgente. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) divulgou recentemente os resultados de uma pesquisa com 131 usuários de crack atendidos m uma enfermaria de desintoxicação em São Paulo.

Em 12 anos, dos 107 pacientes, 27 tinham morrido, a maior parte de morte violenta ou de Aids; dois estavam desaparecidos; 13 foram presos e outros 22 continuavam usando a droga. Apenas 43 deles conseguiram se curar do vício. Número pequeno, mas que dá esperança.

Na edição da Folha de 31 de julho, o psicólogo americano Adi Jaffe, ele mesmo um ex-dependente, defendeu que “até a reabilitação feita à força é melhor do que nada”.

Jaffe foi tratado compulsoriamente, sobreviveu e retomou o controle sobre sua vida. Hoje, trabalha estabelecendo critérios para avaliar a qualidade do tratamento para dependentes químicos. Está vivo. Creio que todos deveriam ter a mesma chance.

Por Reinaldo Azevedo

09/08/2011

 às 21:56

Marta em seu inferno astral

A senadora Marta Suplicy (PT-SP) vive uma espécie de inferno astral. Assiste à investida organizada de Lula contra a sua pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo. Setores da imprensa paulistana, de um modo que beira o descaramento, adotaram o nome de Fernando Haddad - o preferido de Lula -  a céu aberto. Acham que o leninista engomadinho é uma “novidade” - para o fim do século 19, quem sabe…

Nesta terça, Marta viu-se em palpos de aranha. Um dos presos pela Polícia Federal (ver posts abaixo) é Mário Moysés, que foi seu braço-direito e é seu aliado.  Leiam o que informa Rosa Costa no Estadão Online. Volto em seguida:

A senadora Marta Suplicy (PT-SP) se recusou nesta terça-feira, 9, a comentar a prisão de seu ex-chefe de gabinete e assessor de campanha Mário Moysés, juntamente com 37 outros servidores do Ministério do Turismo, acusados de envolvimento num esquema de desvio de verbas públicas. A senadora tentou se proteger do assédio de jornalistas durante toda a tarde. Ela chegou a assumir o comando da Mesa no plenário e dali só se retirou para ceder o lugar ao presidente José Sarney (PMDB-AP). Sem dar tempo de ser abordada, Marta dirigiu-se ao banheiro, onde ficou por vários minutos. Quando saiu, abordada pelos repórteres, nada respondeu, dirigindo-se à mesa do plenário, como se não tivesse ouvido as perguntas sobre o seu relacionamento com Mário Moysés, tido como homem da sua confiança.

Os assessores da senadora chegaram a procurar uma alternativa para Marta deixar o plenário sem ser vista. Eles queriam que ela utilizasse o chamado “buraco da taquigrafia”, mas como o local está em obras, a ideia foi vetada pela Polícia do Senado. Marta ocupou as horas que passou no plenário navegando no computador e procurando ignorar o discurso provocativo do senador Mário Couto (PSDB-PA). Da tribuna, ele acusou o PT de ter piorado a corrupção no País. “Este País não era tão corrupto antes do PT, essa é a grande realidade”, afirmou o tucano.

Comento
O principal argumento dos que bombardeiam a candidatura de Marta no PT é o seu passivo, vamos dizer, relacional!  Lula está entre aqueles que acreditam que a rejeição acaba inviabilizando-a. A esse fator, soma-se agora o risco de um passivo ético que estará fresquinho na memória do eleitor.

Por Reinaldo Azevedo

09/08/2011

 às 21:31

Investigações da PF e do MPF no Turismo começaram há dois meses

Por Alcinéa Cavalcante, no Estadão Online:
As investigações que resultaram na prisão de 35 pessoas, inclusive o secretário executivo do Ministério do Turismo, Frederico Silva da Costa, envolvidas em desvio de recursos federais, nesta terça-feira, 9, começaram há dois meses. As investigações estão sendo feitas pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal com base em auditoria do Tribunal de Contas da União em convênio, no valor de R$ 4,4 milhões, firmado pelo Ministério com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi).

De acordo com o procurador da República no Amapá, Celso Leal, o convênio foi assinado em 2009 com recursos da União repassados ao Ministério do Turismo por uma emenda da deputada federal Fátima Pelaes(PMDB-AP). O convênio, que era para fomentar a atividade turística no Amapá, não foi executado nos moldes previstos, e a auditoria do TCU constatou uma série de irregularidades, como serviços que foram pagos e não executados. Um deles, por exemplo, é um curso presencial que capacitaria 500 pessoas como multiplicadores que depois ministrariam pequenos cursos em várias cidades do Amapá. O convênio previa também o estudo das necessidades e potencialidades do estado na área de turismo e a partir daí a realização de cursos e serviços para fomentar o setor. A auditoria do TCU e as investigações do MPF e Polícia Federal apontam que o Ibrasi, além de não executar uma série de cursos e serviços, não tem capacidade técnica para um convênio desta envergadura.

Celso Leal disse que as prisões são necessárias para evitar que os envolvidos tentem obstruir o trabalho de investigação e também para manutenção da ordem pública. Alegando que o inquérito policial corre em segredo de justiça, o procurador negou-se a dar detalhes sobre as irregularidades detectadas na execução do convênio, até porque, segundo ele, as investigações ainda não terminaram. “Estamos na fase final das investigações. No máximo na próxima semana concluiremos as oitivas”, disse. Também alegando segredo de justiça, Celso Leal não forneceu a lista dos 35 presos, mas disse que é provável que até amanhã essa lista possa ser divulgada. Mas adiantou que não há indícios de participação de parlamentares no esquema, nem mesmo da deputada federal Fátima Pelaes (PMDB-AP), autora da emenda de R$ 4 milhões que foi parar nos cofres do Ibrasi.

Procurada pelo Estado, Fátima Pelaes disse que indicou o Ibrasi para o convênio porque o tinha como um Instituto renomado e que só fez isso porque o Amapá estava inadimplente com a União e por isso não poderia receber o recurso. “Quando vi que o Amapá ia perder esses quatro milhões, indiquei o Ibrasi, mas não tenho nenhum vínculo com esse Instituto”. Ela ressaltou que o credenciamento, fiscalização, acompanhamento e desembolso financeiro pelos serviços contratados, eram de responsabilidade do Ministério do Turismo. O procurador Celso Leal disse a mesma coisa e isentou o governo do Amapá de participar do esquema, lembrando que o dinheiro não passou pelo executivo estadual. Tudo foi feito a nível de governo federal.

Prisões
Dos 38 mandados de prisão foram cumpridos 35. Em Macapá cinco pessoas foram presas, as demais em Brasília e em São Paulo. Os presos preventivos, entre os quais o atual e o ex-secretário executivo do Ministério do Turismo, serão ouvidos pela Polícia Federal em Macapá - que é onde tramita o inquérito policial e devem chegar em Macapá ainda nesta terça-feira, mas o horário está sendo mantido em sigilo. Os que foram presos temporariamente em Brasília e São Paulo não serão recambiados para Macapá.

Por Reinaldo Azevedo

09/08/2011

 às 21:10

Base está revoltada; petistas tentam acalmar aliados e acusam exagero

O bicho está pegando na base aliada. O PR, com o fervor patriótico que tão bem o caracteriza, já andava bastante infeliz. Seus representantes espalhavam pelos quatro cantos que também chegaria a vez dos outros partidos da base aliada. As evidências de crime no Ministério da Agricultura, reveladas por VEJA, e a operação da Polícia Federal contra as lambanças no Ministério do Turismo levaram para o centro do noticiário o PMDB. Há um clima de rebelião, ainda contida, na base, e bateu certo pânico no Planalto. A síntese dos revoltosos poderia ser mais ou menos esta: “Assim não dá! Desse jeito, a gente não brinca mais de apoiar o governo”.

E os petistas foram a campo para tentar apagar o incêndio. Cândido Vaccarezza (SP), líder do governo na Câmara, não teve dúvida: preservou a Polícia Federal - afinal, um órgão do Executivo, que ele representa na Casa -, mas acusou o Judiciário e o Ministério Público de “abuso de autoridade”. Ideli Salvatti, ministra das Relações Institucionais, afirmou que, se houve exageros, é preciso coibi-los. Os petistas estão apavorados com a possibilidade de que apareçam acusações contra o seu partido, situação em que a oposição conseguiria emplacar uma CPI com o apoio de partidos da base, que dariam um jeito de se vingar.

Desde as demissões no Ministério dos Transportes, os demais partidos da base aliada se perguntam por que não surgem denúncias contra petistas. Sobram teorias conspiratórias nos corredores do poder. O que irritou mesmo os peemedebistas foi a ação no Ministério dos Transportes, na qual vêem o dedo do governo federal. Foi com essa gente que Dilma ganhou a eleição. E com ela que Lula governava. E a turma exige “respeito”.

Por Reinaldo Azevedo

09/08/2011

 às 20:41

Provas contra secretários do Turismo são robustas, afirma PF

Por Vannildo Mendes, do Estadão Online:
A Polícia Federal (PF) prendeu nesta terça-feira, 9, o número 2 do Ministério do Turismo, o secretário-executivo Frederico Silva da Costa, de um total de 38 pessoas acusadas de envolvimento numa quadrilha especializada em desvio de dinheiro público. Indicado pelo PMDB, Costa ocupa cargos de direção na Pasta desde o primeiro governo Luiz Inácio Lula da Silva.

Entre os presos estão o ex-deputado Colbert Martins da Silva Filho, secretário nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo, também indicado do PMDB e o ex-presidente da Empresa Brasileira do Turismo (Embratur), Mário Moysés, petista ligado à senadora Marta Suplicy, que comandou a Pasta em 2007.

Os três tiveram prisão preventiva, com duração mais longa, de 30 dias prorrogáveis pelo tempo necessário à instrução do inquérito. “As provas contra eles são robustas”, explicou o diretor executivo da PF, delegado Paulo de Tarso Teixeira. Eles ficarão à disposição da Justiça na carceragem da PF no Amapá, onde o inquérito corre em segredo de justiça. Embora eles sejam membros dos dois maiores partidos da base aliada - PMDB e PT, o delegado disse que a filiação de pessoas investigadas não interessa ao inquérito. “A PF é apartidária e investiga fatos, não pessoas ou suas ligações políticas”, enfatizou.

Teixeira afirmou que a presidente Dilma Rousseff não foi informada previamente da operação e só ficou sabendo de que membros do seu governo seriam presos hoje de manhã, depois que os policiais já ocupavam os endereços dos alvos. “Não houve aviso prévio. Ela só soube hoje de manhã quando a operação estava na rua”, garantiu o delegado. Ele explicou que a PF tem o dever de preservar o sigilo operacional e cometeria crime de prevaricação se vazasse informações para quem quer que seja, mesmo para a autoridade máxima do País.

Por Reinaldo Azevedo
 Na coluna Direto ao Ponto, de Augusto Nunes:

Celso Arnaldo captura a presidente durante a assombrosa entrevista em dilmês castiço: ‘O povo brasileiro não tinha nem casinha’

Os amigos da coluna estavam com saudade do implacável caçador de cretinices. Que voltou em grande forma, comprova o texto sobre outra inacreditável entrevista concedida por Dilma Rousseff. Não percam. (AN)

Por Celso Arnaldo Araújo

Quase tudo o que se lê atribuído à Dilma, quando transcrito literalmente, parece trote, pegadinha, erro de transcrição – porque decididamente não é possível que uma pessoa que tenha curso superior, só não é doutora por um triz e chegou à presidência da República do país que é a “oitava economia do mundo” se expresse desse jeito.

Além de falar uma espécie de patois brasileiro, pouco assemelhado à língua culta do país que preside, faz associações de palavras que não seriam usadas por um aluno de escola fundamental numa redação. As improváveis “casas de papel”, objeto de sanatório nesta coluna, se enquadram na categoria.

Mas Dilma disse exatamente isso – foi numa entrevista concedida às rádios Grande Rio AM (Petrolina/PE) e Juazeiro AM (Juazeiro/BA) semana passada. E a transcrição está no próprio Blog oficial do Planalto, que agora reproduz ipsis literis, sem tirar nem pôr, ao lado da gravação eletrônica, discursos e entrevistas da presidente Dilma. Justiça seja feita, é uma extraordinária contribuição do poder público aos raros abnegados da iniciativa privada que se dedicam à pesquisa e ao estudo do dilmês, antes obrigados a despender tempo, energia e massa cinzenta para fazer uma transposição mais penosa que a do Rio São Francisco.

A resposta da “casa de papel” ao radialista baiano foi exatamente esta:

– Mas o povo brasileiro não tinha nem casinha. O povo brasileiro tinha o quê? Morava em casas de papel, em palafitas. Esta casinha, como você está dizendo – imagino que a sua casa seja grande.

Repare: ela não fala em casas de papelão, que eventualmente devem existir até a 20 quilômetros do Palácio do Planalto, mas de papel mesmo — sulfite, almaço, embrulho, jornal. E palafitas eram da cota de FHC? Depois de quase nove anos de governo Lula/Dilma, a “stilt house” ainda é um “brazilian housing style” no rigor da moda em quase todos os estados do norte ou nordeste. E notou uma ponta de sarcasmo na resposta? Lógico, madame ficou irritada com a pergunta do jornalista:

– Por casinha?

O jornalista só queria confirmar a estranha sequência de números apresentada por Dilma na resposta anterior, ao falar do custo dos imóveis e garantir que, no Brasil Maravilha, há um canteiro de obras com três milhões de construções para quem não tem casa:

– Isso hoje ocorre. E mais: ocorre para a população que não tem dinheiro. Qual é essa população que não tem dinheiro? Não é que ela não tenha nenhum, é que a conta não fecha. Por que a conta não fecha? Hoje uma casa, em média, que nós pagamos pela Caixa Econômica Federal – e aqui está o presidente da Caixa – ela fica em torno de 50, 51, 52 mil reais.

Ou seja: Dilma tenta explicar que a população que não tem dinheiro para comprar uma casa é justamente aquela que não tem dinheiro.

ÁGUA DE RIO É DOCE 
Além da “casinha”, Dilmona ficou engasgada com outra pergunta que não quer calar: o 1 milhão de casas do PAC 1 já foi entregue antes de se anunciarem os 2 milhões do PAC 2?

–Não, uai. Elas foram contratadas. Você acha que a gente contrata e entrega? Não. Você contrata, constrói e entrega.

Taí: explicado, enfim, porque o 1 milhão de casas do PAC 1 mais os 2 milhões do PAC2 até hoje só se materializaram em pouco mais de 200 mil moradias, ou um pouco menos, contando as já inabitáveis e as que não estão mais de pé — há casos no nordeste. Entre contratar e entregar – o Brasil ainda não sabia disso e injustamente a questionava – há uma etapa intermediária relativamente importante: construir.

As casas de papel da frase non sense de Dilma não passam de figura de linguagem, mas parecem verdade. As casas do PAC da Dilma parecem de verdade, mas não passam de figura de linguagem. São as casas no papel.

E muitas das que saíram do papel têm a marca das construções verbais de Dilma – desmancham ao primeiro retoque, daí a necessidade de se mantê-las, as casas e as falas, como foram concebidas. Foi fartamente noticiado: os primeiros moradores do Residencial São Francisco, do Minha Casa Minha Vida em Juazeiro, foram orientados a não fazer reformas no imóvel, sob risco de “danos à solidez”. Já houve desmoronamentos em outros conjuntos. Os imóveis, construídos com a tecnologia “alvenaria estrutural”, sem pilotis, já foram apelidados no Nordeste de “prédios-caixões”, talvez porque se desfaçam como ataúdes enterrados — depois de naturalmente fazerem a fortuna da companheirada muito viva.

A transcrição da entrevista no Blog do Planalto continua palavra a palavra, sem chapiscos ou rejuntes, e Dilma segue encafifada com a ofensa da “casinha”:

–Eu acho que ela não pode ser desmerecida, porque eu tenho certeza de que para qualquer pessoa que obtenha a sua casa própria, ter um teto onde criar seus filhos é algo muito importante.

Mas o repórter – longe de ser chapa branca – insiste: dos 3 milhões de casonas dos PACs 1 e 2, quantas já foram entregues?

– Aqui foram 1.500… Esse é um processo que não é automático, porque você leva, em média… você leva em média… antes você levava, em média, 33 meses. Hoje nós reduzimos isso.

Que tal mudar de assunto? Além de casa, a população nordestina precisa de água – não no papel, mas nos canos.

- Bom, se for água para a população rural, ela terá acesso pelo nosso projeto de 750 mil cisternas, privilegiando aqui a região do semiárido, ela vai ter acesso a esse programa, que nós queremos fazer em dois anos – 350 mil este ano e 350 mil…. em torno de 350 mil este ano e o restante no ano que vem. Agora, eu acho…

Mais um número a ser anotado: 750 mil cisternas, líquidas e certas, em dois anos. Eu acho… No mínimo, vai ter água doce suficiente para enxaguar as barbas de Antonio Conselheiro, de molho desde Canudos:

– Aquela música que a gente escutava ou aquela… uma espécie de tema muito recorrente, que “o sertão vai virar mar”. Eu não digo que vai virar mar porque a água não é salgada, mas que o sertão vai ter acesso à água que não tinha, vai ter.

E a transposição do velho Chico, presidenta, sai ou não sai? Sai aos pedaços:

– Aí você conclui mais outro, porque a conclusão, não vão ser todas num momento só. Uns vão concluir primeiro, outros vão concluir num segundo momento e outros num terceiro momento.

Não deu para entender?

– O que nós vamos garantir sempre é que a cada fase que nós façamos, nós concluamos e coloquemos água à disposição. O que é muito importante…

Resolvido para sempre o problema da água doméstica no nordeste, só uma palavrinha sobre a nova política de irrigação:

– Essa política, eu pretendo que nós tenhamos condições de lançá-la no final de agosto ou no início de setembro, até metade de setembro nós lançaremos – pode ser um pouco antes, mas não vai ser um pouco depois.

Desconfio que, longe do papel, será muito depois.

O uso das algemas, os hipócritas e o princípio deste blog. Ou: Eu posso criticar os exageros da PF; os governistas deveriam fechar a boca se tivessem um mínimo de vergonha na cara!

A base governista está fazendo uma gritaria danada por causa do uso de algemas nas prisões efetuadas pela Polícia Federal. Vamos lá. Por mais que certa canalha queira dizer o contrário, não escrevo com o fígado. Sempre faço um esforço — e creio ser quase sempre bem-sucedido; se erro, corrijo-me — para me orientar por princípios. O que isso quer dizer? As leis que valem para as pessoas de que gosto devem valer também para aquelas de que não gosto. Esse é um dos motivos por que não sou petista — ou deixei de sê-lo em… 1982!

No livro “Máximas de Um País Mínimo”, sintetizei assim o modelo do PT: “Aos amigos tudo, menos a lei; aos inimigos nada, nem a lei”. O PT pode defende uma tese, ou o seu contrário, a depender do lado que esteja do balcão. Eu não!

Fui e sou um dos críticos do uso exagerado de algemas. Se vocês procurarem nos arquivos, acusava a espetacularização das ações da Polícia Federal nas duas gestões de Lula, especialmente na primeira. O objetivo era provar que “os ricos também choram”. Havia especial apreço por meter as argolas nos punhos de alguns “bacanas” para demonstrar que “todos são iguais perante a lei”. Se vocês lerem os textos de então, verão que, em nenhum momento, entrei no mérito da operação em si ou do crime de que o preso era acusado. O que me parecia, e me parece, é que não cabe à autoridade policial usar a algema como instrumento de humilhação do detido, numa espécie de aplicação antecipada de uma pena. Faltava disciplinar a questão.

Pois bem… Eu e uns poucos fomos vozes isoladas na crítica àquele espetáculo todo. Os petistas se calaram. Os peemedebistas se calaram. Os governistas de maneira geral se calaram. A rede suja que canta as  glórias do governismo na rede dizia que as críticas ao uso exagerado de algemas era coisa da elite, só porque, afinal, elas haviam chegado aos ricos. Seríamos todos, então, defensores de privilégios. E vai por aí afora.

Pois bem. O Supremo Tribunal Federal disciplinou o uso das ditas-cujas num acórdão, a saber:
“Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou perigo à integridade física própria ou alheia por parte de preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e a nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.”

Acho bom o texto. E deve valer para pobre e para rico.

Pois bem, leio isto no Estadão Online:
“O ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, determinou nesta quarta-feira, 10, que o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Leandro Coimbra, preste informações ‘em caráter de urgência’ sobre o uso de algemas na Operação Voucher. A PF prendeu na terça-feira, 9, 35 pessoas envolvidas em denúncias de corrupção no Ministério do Turismo, comandado pelo PMDB. A ação aumentou o mal-estar entre o PT e o PMDB, os dois principais partidos da base de sustentação da presidente Dilma Rousseff no Congresso. No Palácio do Planalto, a ação da PF foi considerada “atabalhoada” e “exagerada”. Na lista dos presos está o secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico Silva da Costa. Mário Moyses, ex-secretário executivo da pasta e ex-presidente da Embratur, também foi detido. Moyses é ligado à senadora Marta Suplicy (PT), pré-candidata do PT à Prefeitura de São Paulo. Aliados dela deram conotação política ao episódio. No memorando expedido nesta quarta-feira, Cardozo pede esclarecimentos à PF sob o argumento de que os direitos individuais e os princípios de Estado de Direito devem ser respeitados. “Caso constatada qualquer infração às regras em vigor, determino a abertura imediata dos procedimentos disciplinares cabíveis, informando-se de pronto a este gabinete as ocorrências”, escreveu o ministro da Justiça.”

Voltei
Que gente é essa, Santo Deus!, que erra até quando faz a coisa certa? Nos corredores de Brasília, sabem todos os jornalistas, a indignação dos valentes não está relacionada ao uso das algemas EM SI, mas ao “uso das algemas nas pessoas erradas”; gente, afinal, da “base aliada”. Agora, então, se levanta a grita.

Querem saber? EU, REINALDO AZEVEDO, QUE TENDO A ACHAR QUE TUDO O QUE É BOM PARA O PT É RUIM PARA O BRASIL, CRÍTICO CONTUMAZ DO GOVERNO, SATANIZADO PELAS ESQUERDAS XEXELENTAS E A SOLDO DO GOVERNISMO NA INTERNET, DIGO SEM RECEIO: HOUVE EXAGERO, SIM! HOUVE, SIM, EXPOSIÇÃO HUMILHANTE DOS PRESOS ANTES DE QUALQUER JULGAMENTO, E ISSO FERE O ESTADO DE DIREITO E A DIGNIDADE DAS PESSOAS.

Mas algo importante me difere de boa parte dos que estão gritando: EU POSSO FAZÊ-LO PORQUE JÁ ACHAVA ISSO QUANDO OS PRESOS NÃO ERAM PRATA DA CASA DO PETISMO. Eu posso fazê-lo porque os meus princípios são os mesmos, sejam os presos amigos ou inimigos do governo.

Vejam que gente fabulosamente hipócrita: quando o pau que bate em Chico também bate em Francisco, então eles chiam, esperneiam, lembram-se que existe estado de direito no Brasil.

O petismo é um pântano moral. Mesmo quando faz a crítica certa, é movido pelo vício, não pela virtude!

Por Reinaldo Azevedo
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Blog Reinaldo Azevedo

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1 comentário

  • Carlos Alberto Boteon Vicente Pongaí - SP

    Brasil corrupto,artigo profundamente verdadeiro, abençoada a mídia, se não toda esta sujeira e mazelas dos politicos e gestores estariam debaixo do tapete. Pena que ainda não se puna estes crimes com prisão e confisco dos bens, advindos do dinheiro publico em beneficio próprio, dos partidos no caso o PT e aliados.

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