Jumentice esquerdopata ameaça ensino médio de São Paulo

Publicado em 28/09/2011 15:55 e atualizado em 28/09/2011 22:45

Jumentice esquerdopata ameaça ensino médio de São Paulo

Estou tentando saber detalhes da estúpida idéia de reduzir a carga horária de português e matemática no ensino médio da rede pública de São Paulo. Daqui a pouco, volto ao assunto. Para não variar, há um especialista da USP endossando a besteira. Há sempre um ideólogo esquerdopata para justificar uma jumentice. A simples cogitação deveria render uma demissão por mérito. Aguardem um pouquinho.

PS. Escrevi há pouco sobre o rigor ou o puxa-saquismo da imprensa. Como vocês vêem, eu sou pelo rigor. Para aplaudir ou para vaiar.

Por Reinaldo Azevedo

Das duas uma: ou há auxiliares de Alckmin na educação tentando ferrar o seu governo ou se fez a escolha consciente pelo desastre

Alô, governador Geraldo Alckmin! Há auxiliares seus tentando ferrar o governo. Não permita! Eles estão organizados para que, nos próximos exames de proficiência do ensino médio, o estado caia em vez de subir. Gente assim, governador, tem de ser demitida. Ainda que a medida estúpida, cretina e obscurantista não tenha sido tomada, a simples intenção de tomá-la indica um caminho errado. Isso quer dizer que o senhor pode evitar uma besteira agora, mas talvez não consiga evitar outras, que tenham menos visibilidade. A menos, claro, que as escolhas sejam suas.

Vamos lá. A Secretaria de Educação do estado, comandada por Herman Voorwald, tem pronto um projeto que, atenção!, reduz a carga horária de português e matemática do ensino médio. No lugar, entrariam aulas de espanhol, sociologia e física. A secretaria quer também que os estudantes do terceiro ano escolham um de três currículos: “linguagem”,  ”matemática e ciências da natureza” ou “ciências humanas”. É tanta estupidez somada que a gente mal sabe por onde começar. Há nisso, vou demonstrar, um flerte com o pior sindicalismo, e não é a primeira vez que o sr. Voorwald dá piscadelas para os obscurantistas de esquerda. Parece estar empenhado em fazer as pazes com a ala heavy metal da Apeoesp e afins, ainda que sejam os estudantes de São Paulo a pagar a conta. É um mau caminho. Se tucanos puderem imitar petistas nas qualidades, havendo alguma, bem; se não puderem, que não o façam nos defeitos. Vamos ver por onde começar.

Redação, espanhol e sociologia
A prova de redação vale 50% do Enem, um peso excessivo — direi em outro texto por quê. De todo modo, é o que temos. Também costuma ter peso enorme nos vestibulares das universidades públicas e das boas universidades privadas. Para as instituições que vendem diplomas em suaves prestações, com aporte do ProUni, tanto faz; mesmo os analfabetos são admitidos. Diminuir a carga horária de português corresponde a tornar os alunos potencialmente menos aptos para a prova principal.

Atenção! O desempenho dos alunos brasileiros na língua pátria já é desastroso hoje. Mas Voorwald, o sabichão, acha que eles podem saber ainda menos em benefício do espanhol que nunca aprenderão — não na escola regular ao menos (vale também para as privadas), como evidencia o quase inútil ensino de inglês: quem quer aprender mesmo tem de fazer um curso particular.

Também seria aumentada a carga de “sociologia”. A Secretaria de Educação de São Paulo ou está infiltrada pela esquerdopatia obscurantista ou está tentando fazer embaixadinha para os esquerdopatas. As aulas de sociologia, e sei o que estou dizendo, transformaram-se em mero pretexto para o proselitismo mixuruca das esquerdas. Isso quando há professores. Não há sociólogos formados o bastante para atender à demanda das escolas hoje. A introdução dessa disciplina no segundo grau atende à má consciência daqueles que acreditam que a escola tem de “conscientizar” o aluno em vez de ensinar… português, matemática e ciências.

Matemática e física
Digam-me cá: que sentido faz diminuir a carga horária de matemática e ampliar a de física, disciplinas que estão imbricadas? A primeira é ferramenta para a segunda. Voorwald escolheu a trilha errada — e, confesso, eu já andava desconfiado de que isso tivesse acontecido. Já havia notado a sua pouca disposição para dar curso ao programa de promoção por mérito, de eficiência comprovada, introduzido pelo governo de São Paulo. EU TENHO UMA PERGUNTA AO SECRETÁRIO: A QUEM O SENHOR ESTÁ DISPOSTO A SERVIR: AOS ALUNOS, CUJOS PAIS SUSTENTAM A MÁQUINA DO ESTADO, OU À CORPORAÇÃO SINDICAL, QUE MAL ESPERA AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES PARA FAZER CAMPANHA EM FAVOR DO PT, JÁ QUE É MERO BRAÇO DO PARTIDO? QUEM SÃO SEUS INTERLOCUTORES PRIVILEGIADOS: OS JOÕES E AS MARIAS OU A BEBEL DO SINDICATO?

O que disse Alckmin
Quero lembrar aqui uma fala do governador Geraldo Alckmin. Na inauguração de uma ETEC em Barueri,  no dia 10 de maio:

” (…) O foco do Governo é educação. Então é aluno mais tempo na escola. Nós vamos ampliar as escolas de tempo integral. É investir no professor, na valorização do professor (…) Nós vamos fazer um grande esforço em todas as áreas, em especial em Português e Matemática.”
Estaria o secretário sabotando uma disposição declarada do seu chefe?

Faço, aliás, uma nota à margem: sugiro ao governador que converse com profissionais especializados em educação — e livres das influências nefastas do corporativismo — para avaliar o tal ensino em tempo integral. Mal ele não faz quando funciona direito, mas há uma grande mistificação a respeito do assunto. Oito horas numa escola desorganizada, sem critérios para avaliar eficiência, valem muito menos do que quatro num escola que tenha método, rigor e disciplina. Mais: já hoje há carência de mão-de-obra qualificada. É preciso ver se a prioridade é investir na generalização do ensino integral ou adotar medidas que garantam a eficiência das escolas que temos. Mas volto ao ponto.

Ouvido a respeito, o professor Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da USP, não vê problema na redução da carga de português e matemática porque ela seria “alta” mesmo. O que é uma “carga alta”? Estariam os estudantes paulistas com sintomas, sei lá, de hipercorreção gramatical e de excesso de cálculo?

As escolhas
A redução da carga também está ligada a escolhas que alunos fariam no terceiro ano do ensino médio, que seria dividido em três áreas: “linguagem”, “matemática e ciências da natureza” e “ciências humanas”. É a divisão proposta pelo Enem, que tem muito de arbitrária. Para que essa tripartição fizesse algum sentido, na hipótese de que pudesse ser virtuosa — eu não acho! —, precisaríamos ter um ensino muito mais organizado do que o temos hoje. Mal se consegue aplicar, com mecanismos para avaliar a eficácia, um só currículo. O aluno que optasse por “matemática e ciências da natureza” teria reduzida a carga de língua portuguesa das atuais 560 aulas para 400 — 28,5% a menos. Insisto: um exímio estudante de matemática que fizesse uma redação desastrosa quebraria a cara no Enem e na maioria dos vestibulares importantes.

Vamos ver se o governador Ackmin compactua com essa besteirada. A crer nas suas próprias palavras, não! E que fique esperto: é evidente que existe uma “pedagorréia” para justificar o injustificável. Trata-se de uma proposta criminosa no que diz respeito à educação. E, é inescapável dizer, se há gente que flerta com isso na Secretaria da Educação, estamos diante da evidência de que se escolheu o caminho errado.

Não só: algo nessa importância não pode ser vazado para a imprensa como se fosse mera decisão burocrática. Trata-se de uma política de governo que duvido que tenha sido adotada. Se foi, então o encontro com os desastres — o educacional e o eleitoral — é fatal.

Texto publicado originalmente às 19h16 desta terça
Por Reinaldo Azevedo

O Brasil precisa de menos sociólogos e filósofos e de mais engenheiros que se expressem com clareza

Fiz uma crítica severa à proposta de redução das aulas de língua portuguesa e matemática no ensino médio público de São Paulo em benefício das aulas de sociologia, por exemplo. A idéia de jerico é do secretário de educação, Herman Voorwald. Nessas horas, alguns bobinhos costumam dizer: “Ah, mas que mal há em debater o assunto?!” Sem essa de que tudo nesta vida é “debatível”! Algumas idéias são estúpidas “ab ovo”, como diria o meu antigo professor de latim — desde a origem. Ninguém precisa se jogar num buraco de três metros de profundidade para saber se machuca… Machuca!  O puro empirismo é a religião dos cretinos.

Mais: a tese vem embalada naquele esquerdismo preguiçoso que toma conta da educação brasileira, em qualquer nível, pouco importa o partido que esteja no poder —  com os petistas é sempre pior porque até uma dose de Gold Label que acabou de sair do freezer, acompanhada de um pedacinho de chocolate amargo (não é para se empanturrar…), é pior com eles do lado… Se os encontrarmos no céu um dia, o que é pouco provável, o céu já terá ido para o diabo… Mas volto.

Uma das misérias das nossas esquerdas é a ignorância específica, até em sua própria área de atuação. Nas “Teses sobre Feuerbach”, num de seus rasgos de obscurantismo, Marx afirmou que os filósofos, até então, haviam se dedicado a pensar o mundo; era chegada a hora de transformá-lo. A história do marxismo e dos regimes marxistas indica que aquela não era uma boa divisa. Serviu para justificar o obscurantismo da ação, desde que “revolucionária”.

Mas o matemático Marx, ora vejam!, era um homem que apostava, a seu modo, no avanço. Nunca chamou, por exemplo, o capitalismo de reacionário. Ao contrário: o sistema seria o progresso necessário a partir do qual se construiria o socialismo. Se alguém lhe dissesse que uma escola estava pensando em trocar aulas de matemática por aulas de filosofia (não dá pra falar em “sociologia” no século 19 nos termos de hoje), ele certamente se levantaria da cadeira, faria uma careta por causa dos furúnculos purulentos, e daria um pé no traseiro do infeliz.

Ele certamente diria que o mundo precisava mais de engenheiros que o transformassem do que de filósofos que o pensassem — e isso faria todo sentido, se querem saber. Idéia idêntica repetiu no livro “A Ideologia Alemã”, quando manga dos alemães na sua disputa com a França pela região da Alsácia-Lorena. Diz que os alemães, quando no domínio da região, se preocuparam menos em colonizá-la, que seria o certo, do que em espalhar a sua filosofia, que era a opção mais tola.

Os nossos esquerdistas poderiam ao menos ser marxistas, né? Embora estivessem abraçados a um erro essencial, seria ao menos um erro qualificado. Mas não! O seu horizonte máximo é essa escória petralha, que faz do proselitismo ignorante uma profissão de fé.

Acreditem! O Brasil tem uma inflação de sociólogos, filósofos, pedagogos e demagogos. O Brasil precisa de mais engenheiros, que saibam se expressar com clareza. O Brasil precisa de mais português e de mais matemática. E o secretário Herman Voorwald precisa de juízo.

Que o governador Geraldo Alckmin ponha fim a essa patuscada corporativista e obscurantista.

Por Reinaldo Azevedo

Alckmin deixa claro ao secretário Herman Voorwald: NÃO HAVERÁ REDUÇÃO DA CARGA HORÁRIA DE PORTUGUÊS E MATEMÁTICA. OU: Cuidado com “a rede”!!!

O governador Geraldo Alckmin lançou hoje um programa de incentivo ao ensino técnico — estou tentando saber mais detalhes da proposta — e comentou, por iniciativa própria, uma idéia que circula da Secretaria de Educação, que prevê a redução das aulas de português e matemática em benefício de disciplinas como sociologia, artes, espanhol e física… Enfim, é o samba-do-educador-doido. Alckmin estava acompanhado do secretário da área, Herman Voorwald. Leiam o que disse. Volto em seguida:

“Só mais uma colocação: saiu uma matéria, em alguns jornais e na imprensa, de que a Secretaria da Educação iria reduzir o número de aulas de português e matemática. Não! O que está sendo feito é uma discussão na rede em relação à grade curricular. Então, não tem nenhuma decisão quanto a isso, e, aliás, já que vai haver um debate, eu já quero dar a minha contribuição, dizendo que, se nós pudéssemos, nós deveríamos aumentar as aulas de português e de matemática.”

Voltei
Eu entendi o recado. Espero que o secretário Herman Voorwald tenha entendido também — ou será inútil eu tentar decorar o nome dele… Segundo as palavras do governador, se mudanças houver no que diz respeito a essas duas disciplinas, será para ampliar a carga horária, não para diminui-la. Alckmin tem o seu estilo. Está dizendo que a “rede” pode opinar, sim, mas quem decide é o governo. E a decisão de redução da carga não será tomada.

“Rede”… O governador recorre a um jargão porque certamente seus auxiliares na área estão usando — e, quem sabe?, abusando… — a palavra.  Rede, teia, trama… Eu não gosto da palavra. Ela tem um inequívoco apelo corporativista. Qualquer mudança que ocorra na educação tem de buscar melhorar a situação dos alunos, com base naquele que é o objetivo da escola: instruir. A tal “rede” é infiltrada pela outra “rede”, aquela de inequívoco sotaque ideológico. Acho que Voorwald deve “ouvir” mais os números das provas sobre proficiência do que “a rede”, com sua pauta de caráter mais sindical do que educacional.

De todo modo, as palavras de Alckmin soam tranqüilizadoras. O secretário deveria pôr desde já um anúncio na “rede”: “Vocês proponham o que bem entenderem, mas o governador já disse: NÃO HAVERÁ REDUÇÃO DA CARGA DE PORTUGUÊS E MATEMÁTICA. Comecem a pensar a partir daí”.

Certo, Voorwald?

Por Reinaldo Azevedo



Um dos meus grandes prazeres é sempre dizer tudo. No post abaixo, afirmei que o peso da prova de redação no Enem é excessivo. E é mesmo! Vale 50%. Não faz sentido por motivos estruturais e conjunturais. Escrever não é só uma habilidade técnica. Em boa parte, depende de talento. Há notáveis inteligências que são pouco criativas nessa área. Mas podem saber tudo de gramática propriamente, física, química, matemática etc. O peso excessivo dado à redação distorce a realidade das escolas — vale dizer: a avaliação de sua eficiência no ensino do conjunto das disciplinas.

E há os fatores conjunturais. A correção de um texto concentra uma dose imensa de subjetividade e arbítrio. Assim, o conteúdo objetivo ministrado na sala de aula acaba tendo um peso menor do que simples atos de vontade do corretor. Mais ainda: dada a influência das esquerdas na educação —  há mais comunistas cretinos nas escolas brasileiras do que em toda a China —, as propostas de redação têm se tornado verdadeiros testes ideológicos. Os alunos são induzidos a produzir catilinárias politicamente corretas. E pobre daquele que não o fizer.

O resultado final do Enem, assim, diz menos do que poderia dizer sobre a eficiência das escolas. Isso não quer dizer, obviamente, que se deva reduzir a carga horária de língua portuguesa. A não ser para a turma do “Nós pega os peixe”. Para esses, as aulas de português podem ser extintas, já que o “importante é nóis se comunicá”.

Por Reinaldo Azevedo

Estão querendo castrar o CNJ; para tanto, não precisam de motivos, bastam os pretextos

A Comissão quer que ministro e corregedora falem sobre recentes embates. O STF pode redefinir hoje, para pior, o papel do Conselho Nacional de Justiça. Leiam o que informa o Portal G1. Volto em seguida:

Por Sandro Lima:
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira (28) convite ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cezar Peluso, e à corregedora-nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon para falarem sobre os recentes embates em torno do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O Supremo Tribunal Federal (STF) deve decidir nesta quarta se limita a atuação do conselho. Está na pauta do plenário uma ação proposta pela Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) que questiona resolução do CNJ sobre punições a juízes. Na terça (27), a publicação de uma entrevista com Eliana Calmon em que ela dizia que há “gravíssimos problemas de infiltração de bandidos que estão escondidos atrás da toga”, abriu uma crise no Judiciário. O presidente do CNJ e do STF, Cezar Peluso, emitiu nota de repúdio. Entidades de magistrados, como a AMB, criticaram as declarações.

Nesta quarta, Eliana Calmon, afirmou nesta quarta-feira (28) ao G1 crer que a discussão para que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tenha liberdade para apurar irregularidades praticadas por magistrados esteja “perdida”. “Vamos perder no STF. Vai ser um retrocesso. Vai esvaziar o CNJ”, afirmou. Segundo ela, uma limitação ao conselho trará impunidade. Desde que foi instalado, em junho de 2005, o Conselho Nacional de Justiça condenou em processos administrativos 49 magistrados acusados de irregularidades no exercício da profissão, segundo dados da assessoria do conselho. Desse total, 24 foram punidos com aposentadoria compulsória, que é a pena máxima do órgão administrativo. Outros 15 foram afastados pelo CNJ em decisões liminares. Além disso, seis juízes foram colocados à disposição, dois foram removidos de seus postos originais e outros dois apenas censurados.

Comento
O assunto se tornou sério o bastante para que o Parlamento brasileiro faça o convite. Esse debate assumiu características lamentáveis. Avalio, já escrevi, que Eliana Calmon exagerou um tantinho na retórica, mas é evidente que estão tentando atribuir a ela o que não disse para fazer o que já queriam fazer ainda que ela não tivesse dito nada. Em suma: estavam em busca de pretextos, não de motivos.

A Associação dos Magistrados Brasileiros recorreu ao Supremo contra a competência da Corregedoria do CNJ para abrir processos investigativos contra os juízes. Acha que isso não pode ser feito sem uma ação prévia das corregedorias regionais. É claro que se trata de um retrocesso.  Na prática, elimina-se essa instância já pálida de controle externo do Judiciário. Até parece que o CNJ está se comportando como o Torquemada do Judiciário. Os números demonstram que não.

Nesta quarta, Gilmar Mendes, ministro do Supremo e ex-presidente do CNJ, defendeu o trabalho de Eliana Calmon. Sob a sua gestão, o CNJ avançou bastante, sobretudo no ordenamento da Justiça dos estados. Ele se mostrou menos permeável à pressão corporativista do que Cesar Peluso.

Vamos ver. Se o Supremo cortar as prerrogativas do CNJ, estaremos diante de uma clara, óbvia e insofismável reação corporativista da Justiça. Será um sinal evidente de que esse Poder da República escolheu mais se proteger do que proteger a Constituição e as leis.

Por Reinaldo Azevedo

STF encerra sessão sem julgar limite de fiscalização a juízes

O STF percebeu que poderia estar se metendo numa fria. O debate sobre a limitação de competência do Conselho Nacional de Justiça tem o cheiro inequívoco do corporativismo. E decidiu que… não decidiria nada hoje.Leiam o que informa Débora Santos, no Portal G1 (íntegra aqui).
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O Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou a sessão desta quarta-feira (28) sem julgar o alcance do poder do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de punir e fiscalizar juízes, que estava na pauta para esta quarta. O CNJ, criado para fazer o controle e garantir a transparência do trabalho dos magistrados, teve sua competência contestada pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB).

O G1 apurou que o julgamento da ação foi adiado para que os integrantes da Corte pudessem buscar uma solução intermediária entre apenas restringir a atuação do CNJ e manter o trabalho como está.

A ação da AMB estava na pauta do Supremo desta quarta (28), mas quem decide a ordem dos julgamentos é o presidente do STF, Cezar Peluso, e ele não chamou o tema para discussão. O tema não será analisado na quinta, pois as sessões de quinta são destinadas às matérias penais.

Durante o intervalo da sessão desta quarta, o ministro Marco Aurélio, relator do processo sobre o CNJ, previa o adiamento do julgamento. O motivo, segundo Marco Aurélio, seria a “celeuma” criada com as declarações sobre o “cerceio” da atuação do CNJ. “O momento não é adequado para este julgamento. Vamos deixar até que os fatos estejam mais esclarecidos”, disse.

Ao final da sessão, o ministro Marco Aurélio voltou a dizer que estava pronto para julgar. Segundo ele, durante o intervalo da sessão dessa quarta foi citado que seria “preferível aguardar” para decidir sobre o tema fora do que ele chamou de “pico da crise”. “Eu, por minha forma irrequieta de atuar, já teria julgado”, disse o relator do processo.

Para o ministro Luiz Fux a polêmica que se criou sobre a limitação de poderes no CNJ não influencia na decisão de Corte a respeito de quando o processo deve ser julgado. “Acho que esse caso se resolve com serenidade, independência e votação, que é o que estamos aqui para fazer. Com o processo pautado já está todo mundo maduro para decidir”, afirmou o ministro.

Por Reinaldo Azevedo

Demóstenes faz o certo e apresenta PEC que garante competência do CNJ

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) tomou uma decisão que remete àquele Demóstenes que estou acostumado a admirar: apresentou uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que garante ao Conselho Nacional de Justiça a competência para investigar juízes e aplicar punições quando achar necessário. Agora sim: na minha opinião, esse Demóstenes interessa à democracia, não o senador que andou dizendo inconveniências porque o TSE se mostrava propenso a tomar uma decisão com a qual ele não concordava. Foi um escorregão numa trajetória meritória.

“Nós precisamos deixar o CNJ com poder de investigar e punir e não de forma supletiva. Esse era o espírito da lei. Não havia a hipótese do CNJ atuar como órgão revisor das corregedorias locais. Essa emenda é para deixar claro que o CNJ pode processar e julgar originariamente”.

Perfeito! É isso mesmo! Já que os partidos como entes da democracia silenciam sobre o embate, que os parlamentares que perceberam a importância do tema se manifestem.

Por Reinaldo Azevedo

Já escrevi aqui na sexta passadao que penso sobre o cerco ao PSD, o dito “partido de Kassab”, como a imprensa passou a chamá-lo, numa tentativa de desmerecê-lo. Não que a associação ao nome do prefeito leve a isso por si. É que se trata de um óbvio esforço para emprestar à legenda uma artificialidade particular — uma tese falsa: em que ele é diferente das demais legendas médias ou grandes do país? Na origem, o DEM se descolou do PDS, e o PSDB do PMDB. Ou não? Há, já na largada, mais de 40 deputados federais, um governador, dois vice-governadores, senadores, um monte de vereadores, deputados estaduais etc. Pode se tornar o terceiro partido da Câmara. Havia um clima evidente de perseguição à nova legenda, que beirava, como apontei, o ridículo.

Ora… O PSD é o 28º partido brasileiro. Quantas dessas legendas existem de fato? Não preenchem os dedos de uma das mãos. Quantos desses partidos, com acesso ao fundo partidário e com direito a tempo no horário político — e tudo isso quer dizer dinheiro público — existem mesmo? Há agremiações que expressam, no máximo, o estado demencial de seus dirigentes. Aquele monte de “PQPs” que se tornaram um meio de vida, um jeito de bater a carteira do erário, tiveram as suas listas rigorosamente checadas, com esse excesso de cuidados que se dispensou ao “partido de Kassab”?

Já posso antever algumas pessoas esfregando as mãos: “Olhem o Reinaldo flertando com a ilegalidade; já que a lei não foi seguida nos outros casos, que não se siga neste caso também!” Errado! Eu nem sei se houve procedimentos impróprios antes. Eu estou partindo de uma evidência lógica: se os pterodáctilos representantes de si mesmos conseguiram cumprir as exigências, por que não conseguiria aquela que nasce como a terceira agremiação do país? O que queriam? Chamar um por um os 510 mil que assinaram as listas?

Atenção: o paralelo entre o PSD e esses partidecos que mal existem não é perfeito, claro! A razão é simples: O PSD EXISTE! Cada um daqueles parlamentares representa milhares de eleitores. Ninguém precisa gostar da legenda. Precisa é acatar as regras da democracia. Se isso vai ser bom ou ruim para a A, B ou C, essa é outra questão. Há uma monte de legendas por aí que, fosse pelo meu gosto, não existiriam. Mas o meu gosto não regula o mundo.

O ministro Marco Aurélio de Mello votou contra. Cabe a um colegiado decidir. Segundo as regras, vence a maioria; não é preciso haver unanimidade. Seus argumentos me parecem suficientemente contestados pelos outros seis. Ainda que muitos considerem que não é assim, assim será porque a democracia delegou a decisão àquele grupo.

O DEM e o senador Demóstenes Torres
Já fiz aqui diversos elogios ao senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Aprecio a sua atuação no Senado em diversas áreas. Mas ele certamente pisou feio na bola quando acusou o ministro Ricardo Lewandowski — de quem costumo discordar de modo muito enfático — de “dançar na boquinha da garrafa”. Parece-me impróprio que um senador da República se refira desse modo a um ministro do TSE e do Supremo. E agora? O senador do Democratas dirá que os outros cinco também “dançaram na boquinha da garrafa”? Seria esse o tribunal de um único justo — Marco Aurélio de Mello — porque votou o ministro conforme a pretensão de Demóstenes? Nem uma coisa nem outra. A divergência é parte das regras do jogo.

Eu, sinceramente, prefiro o senador propondo, como fez, uma emenda para que o Conselho Nacional de Justiça não seja fulminado por pressões corporativistas. Há um vasto Brasil a ser posto nos trilhos, senador Demóstenes! O DEM disse que vai recorrer. Ao fazê-lo, entendo, amesquinha-se. O PSD já existe. Ponto final.

E o que será do partido?
Para onde vai o PSD? Bem, esse é outro debate, que nada tem a ver com os critérios para sua existência legal. Será mesmo independente? Será força auxiliar do Planalto? Será ora governista, ora oposicionista? O eleitor vai julgar. Escrevi nesta manhã um texto bastante duro sobre o PSDB e critiquei há pouco a postura do DEM. Diga-se do PSD, quando conhecermos a sua atuação, o que se queira dizer, uma coisa é certa: ele nada tem a ver com a falta de rumo da oposição, não é mesmo? Estivessem alguns de seus líderes menos ocupados em alvejar um aliado, talvez a coisa andasse melhor por lá, e o PSDB não estaria fazendo agora uma oposição com dez anos de atraso, preparando-se para fazer um novo mea-culpa daqui a outros dez — se não morrer antes.

Por Reinaldo Azevedo

PSD propõe Assembléia Constituinte revisora

O PSD decidiu defender a convocação de uma Assembléia Constituinte ad hocpara revisar a Constituição em 2014. Como não poderia deixar de ser, os leitores estão perguntando o que eu acho — e a petralhada está especialmente excitada. Como escrevi a favor da criação do PSD e afirmei que havia um certo clima de perseguição à legenda, entendem que estou obrigado a defender tudo o que o partido defende. Leiam a síntese publicada na VEJA Online. Volto no próximo post.

Por Gabriel Castro:
No ato de lançamento oficial do PSD, nesta quarta-feira, o presidente da nova legenda, Gilberto Kassab, anunciou aquela que deve ser a principal bandeira do partido em sua fase inicial: a convocação de uma nova Assembléia Constituinte. Os senadores do partido irão apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para que o colegiado seja eleito em 2014 e atue por dois anos para atualizar a Carta Magna.  A ideia é formar uma assembleia com 250 parlamentares exclusivos, eleitos por voto em lista fechada. Kassab já havia comentado a proposta numa entrevista concedida no início da manhã, à TV Globo. O prefeito de São Paulo disse que o PSD será um partido de centro, e manterá uma posição de independência em relação ao governo federal.

O ato político desta quarta-feira reuniu dezenas de fundadores do partido, após a vitória desta terça-feira no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O presidente da legenda leu o manifesto de fundação do PSD. Kassab defendeu a convocação da Constituinte: “Dirão que não é o momento. É verdade: já passou do tempo”, declarou o prefeito de São Paulo. A senadora Kátia Abreu (TO) citou números para defender uma revisão constitucional: de acordo com ela, já foram feitas 73 emendas ao texto desde 1988, o que teria transformado a Constituição em uma colcha de retalhos. A revisão deixaria de fora itens que tratam da divisão dos poderes, do modelo federativo, do voto secreto e das garantias individuais: “Todos os outros artigos estarão passíveis de discussão da câmara revisional”, disse a senadora.

Durante a leitura do manifesto, o prefeito de São Paulo voltou a dar sinais de que o partido não se alinhará a PSDB e DEM: “O  PSD afirma que não fará oposição pela oposição. Faremos política para ajudar o Brasil. Nossos adversários não são inimigos a eliminar, mas cidadãos com os quais vamos dialogar sem violências e radicalismos”. Kassab não mencionou, entretanto, a possibilidade de que o partido seja governista só por ser governista. Entre as bandeiras citadas pelos líderes da legenda no ato desta quarta-feira, estão a redução da carga tributária, as reformas estruturais e o combate à corrupção.

Por outro lado, uma das diretrizes do partido define que os parlamentares só poderão assinar o requerimento de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) se a maioria da bancada concordar. A defesa da liberdade de informação também será outra bandeira da legenda: “Somos, por convição e princípio, contra qualquer forma de censura, controle, restrição e regulamentação da mídia”, disse Gilberto Kassab. O prefeito agradeceu publicamente a três governadores que demonstraram empenho em auxiliar a legenda: Eduardo Campos (PSB), de Pernambuco, Marconi Perillo (PSDB), de Goiás e Jaques Wagner (PT), da Bahia.

O PSD nasce com 49 deputados federais, dois senadores, dois governadores e seis vice-governadores. A Executiva do PSD terá mandato de três anos, com possibilidade de renovação por mais um. Além de Kassab na presidência, o partido terá a senadora Kátia Abreu, o ex-deputado Roberto Brant (envolvido no escândalo do mensalão) e os governadores Raimundo Colombo (Santa Catarina) e Omar Aziz (Amazonas) como vice-presidentes. Guilherme Afif Domingos, vice-governador de São Paulo, presidirá a Fundação Espaço Democrático, responsável por pensar as políticas do partido. A legenda já nasce com um braço sindical: a cúpula da União Geral dos Trabalhadores (UGT) se filiou ao partido. Guilherme Campos (SP) será o líder do partido na Câmara. Kátia Abreu vai liderar a bancada no Senado.

Por Reinaldo Azevedo

Constituinte é uma péssima e inadministrável proposta com Lula ou com o PSD

Abaixo, há um post da VEJA Online que traz a proposta de criação de uma Assembléia Constituinte revisora. Na quinta-feira passada, 22, escrevi um postsobre o tema. Quem aventou, então, a hipótese foi Luiz Inácio Lula da Silva, naquela reunião ilegal que fez com partidos na base aliada no Palácio do Jaburu. Eu me opus à proposta. Notem bem: eu não critiquei a idéia porque lançada por Lula. Sou contra uma Constituinte, ainda que seja sugerida por Bento 16. Continuo a achar ridículo o clima de perseguição que antecedeu a criação do PSD. Mas não me sinto obrigado a condescender com o que considero um erro. Nem deles nem de ninguém.

Constituinte é uma coisa, processo revisor é outra. E se está tomando a outra por uma. Segundo informa a VEJA Online, o PSD quer uma Constituinte ad hoc, criada com a finalidade de fazer a revisão, com voto em lista fechada. Os eleitos com a tarefa exclusiva de escrever o novo texto — só alguns capítulos, que reúnem as cláusulas pétreas, ficariam de fora — iriam pra casa depois de concluído o seu trabalho. Constituinte sem um rompimento da ordem legal seria coisa inédita na história da humanidade. Ou nem tanto: os que o fizeram não são exatamente modelos de virtude: Chávez, Rafael Correa e Evo Morales. Alguém conhece um exemplo positivo? Seríamos os primeiros?

Caberia ao Congresso regular convocar a Constituinte, já que nasceria de uma emenda. Até aí, dirão, tudo bem. Não acho que seja bem assim, mas vá lá. Pergunto: caberia também a esse Congresso regular a aprovação ou rejeição do que os constituintes proporiam, ou estes seriam soberanos para escrever o novo texto constitucional? Na primeira hipótese, o processo estaria sujeito às dificuldades de sempre. No segundo, abrir-se-iam as portas do inferno porque passaríamos a ter um Poder Legislativo com duplo comando, com risco de paralisia do país. A emenda pode ser tragicamente pior do que o soneto. Explico.

Digamos que a Assembléia Revisora aprove uma mudança qualquer no ICMS ou no IPI. Se couber ao “outro” (?) Congresso dar a palavra final, ok. Mas e se não couber? Pergunta: poderá o Congresso regular desfazer o que fez o Constituinte? No tempo em que durar o processo revisor, o que fará aquele Parlamento convencional? Mais: as medidas aprovadas seriam adotadas aos poucos ou se esperaria a conclusão do texto? Nesse caso, enquanto a Constituinte cria uma expectativa de direito ou de mudança da legislação, o país faz o quê? Seria um negócio inadministrável.

O PSD também quer que esse congresso revisor seja formado com base no voto em lista. Voto em lista? Vai na contramão do que considero saudável para a democracia, já escrevi dezenas de textos a respeito. Há uma tese ruim na origem dessa proposta: a ilusão da “Conjuração dos Sábios”. A suposição é a de que cada partido convocaria os seus luminares para escrever, finalmente, um bom texto constitucional, coisa que os políticos não teriam conseguido.

Pra começo de conversa, a sapiência não tira o viés ideológico de ninguém, tampouco livra o sábio das pressões a que qualquer um está sujeito. Essa nova assembléia pode ser pior do que a que temos. O que impede um partido de indicar representantes de corporações de ofício, que estarão lá para defender interesses que não são os da população? Uma Constituinte formada com base no voto em lista estaria centrada no voto de legenda, certo? Os partidos que dominam máquinas sindicais ou que manipulam os ditos movimentos sociais — minorias que conseguem se passar por maiorias — levariam enorme vantagem. O PT tem sólidos motivos para achar essa proposta boa…

Finalmente, indago se essa revisão seria feita por um colegiado unicameral. Nesse caso, a sua composição obedeceria à regra do “um homem, um voto”? Como a questão do equilíbrio federativo, hoje garantido pelo Senado, seria resolvida? No dia 22, critiquei a proposta de uma Constituinte feita por Lula. Seis dias não bastaram para que mudasse de idéia. Eu sou contra uma Constituinte, seja com Lula, seja com o PSD. E defendi, sim, a criação do partido. Está tudo muito claro, não?

PS - Há uma ilusão de que sábios conseguem realizar algo melhor do que os políticos comuns. Vale a piada de que o camelo é um cavalo criado pelo Comitê Central do Partido. Alguns dirão, tentando anular a ironia, que é o animal certo para o deserto. É fato! Então o deserto vem na frente.

Por Reinaldo Azevedo

Marta Suplicy, acreditem!, é vítima dos métodos truculentos de Haddad e sua turma

Eu não o chamo de Fernando Gugu Dadá Haddad, o leninista cut-cut, à-toa. Se preciso, o baby face que encanta hoje alguns colunistas da imprensa paulista, sabe ser truculento. Leiam o que segue abaixo. Volto depois:

Grupo de Haddad ameaça aliados de Marta no PT com corte de verba

Por Bernardo Mello Franco, na Folha:
Aliados do ministro Fernando Haddad (Educação) aumentaram a pressão para tentar atrair petistas ligados à senadora Marta Suplicy na disputa interna que definirá o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo em 2012. Integrantes do grupo dele usam os nomes do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff e dizem que os colegas que permanecerem fiéis à ex-prefeita podem ser retaliados com perda de espaço no governo e até de verba para futuras campanhas. O objetivo é agravar o isolamento de Marta no partido e forçá-la a abrir mão da candidatura, o que evitaria a realização de prévias na sigla.

Haddad disse que não tomou conhecimento da prática e não autorizou nem apoia qualquer ameaça a rivais. A Folha apurou que, em conversas de bastidor, articuladores dele têm dito que a fidelidade a Marta será vista como uma insubordinação ao ex-presidente, que faz campanha aberta para lançá-lo. A pressão combina dois argumentos: 1) Lula pode exercer poder de veto com doadores em futuras campanhas; 2) Quem permanecer ao lado da senadora também enfrentaria dificuldades nas relações com o Planalto -uma referência indireta à distribuição de cargos e verbas federais. Um dos principais articuladores de Haddad repetiu esses dois pontos à reportagem “No PT, não existe vitória se Lula for derrotado”, disse. Aqui

Comento
Terminei de ler na segunda-feira um livrão, em vários sentidos, sobre o comunismo. Ainda conversaremos mais a respeito. O PT, evidentemente, não é comunista, mas é um dos herdeiros daquela tradição. A disputa de correntes dentro do partido nunca passou de uma mímica canhestra de democracia interna — já que a externa, de verdade, eles deploram; daí que tentem sempre sabotá-la. Na prática, vigora ali o centralismo democrático, esse delicioso oximoro que significa que a direção decide, e o resto cala a boca.

No PT, “o partido” é Lula. Raramente uma direção ou um líder locais conseguiram contrariar a sua vontade. O Apedeuta faz na seção paulista do partido o que fez na maranhense: lá, impôs a aliança com Roseana Sarney, e os que não aceitaram a determinação foram, na prática, punidos. Como já lembrei aqui muitas vezes, todas as pessoas que ousaram desafiar Lula na legenda foram esmagadas. Ele aceita de bom grado que um ex-inimigo se ajoelhe a seu pés, em sinal de sujeição, a exemplo de Collor e do próprio Sarney. Mas jamais aceitará ser nem mesmo contraditado por um amigo. E ponto final.

Eu jamais votaria em Marta — na verdade, jamais votaria num petista, como todos sabem. Mas, dada a história do partido, é evidente que a senadora está sendo vítima de uma prática extremamente truculenta, injusta mesmo. Afinal, ela tem muitos serviços prestados à causa. Lula não inova. Sempre foi assim. Quando três de oito deputados petistas votaram em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, contra Paulo Maluf, o Babalorixá de Banânia comandou pessoalmente os esforços para expulsá-los: José Eudes, Beth Mendes e Airton Soares. Cristovam Buarque e Eduardo Suplicy ousaram, certa feita, se considerar candidatos a candidatos à Presidência. Lula os fulminou. Um teve de sair do partido; o outro é tratado a tapas e pontapés.

Não sei se Marta resiste à pressão. Acho que não! Afinal, o partido tem dono. Mesmo esmagada, dificilmente deixaria o partido. O ritual de humilhação faz parte da mística da esquerda. O centralismo democrático, mesmo quando reduzido à decisão de um só — antes de Lula, houve Stálin… —, é que é a verdadeira infalibidade papal. O Santo Padre, à diferença do que se supõe, sempre decide de forma colegiada.

Eis aí: estamos vendo o que Lula faz com amigos recalcitrantes. Dá para imaginar como trata aqueles que considera inimigos. Ou melhor, ninguém precisa imaginar: dossiês, quebras de sigilo e afins evidenciam os métodos dessa gente.

Por Reinaldo Azevedo
PT tenta faturar com a inexperiência de Bruno Covas e posa de vestal da Assembléia

O deputado estadual Bruno Covas (PSDB) está tentando uma antecipação do que significa uma disputa a um cargo executivo, e os tucanos estão tendo a chance de constatar o peso a inexperiência, por mais que um político seja honesto. Tudo começou quando o deputado Roque Barbiere (PTB) concedeu uma entrevista afirmando que deputados da Assembléia Legislativa comercializavam emendas. Ao Estadão, Bruno afirmou que ele próprio fora assediado por um prefeito, que lhe teria oferecido R$ 5 mil por ter votado a favor de uma proposta, o que ele recusou, claro, sugerindo que o outro fizesse uma doação à caridade. Quando se deu conta da besteira, voltou atrás, mas aí já era tarde. O PT, que está sempre na beira do rio feito um crocodilo pronto para engolir os gnus, não perdeu tempo. Leiam o que informa o Estadão. Volto em seguida.

Por Fernando Gallo, no Estadão:
Partidos de oposição na Assembléia Legislativa querem ouvir, no Conselho de Ética da Casa, o secretário de Meio Ambiente e deputado licenciado, Bruno Covas (PSDB), sobre o suposto esquema de venda de emendas parlamentares. A decisão de apresentar requerimento para convocá-lo foi tomada ontem pelas bancadas do PT e do PSOL. O deputado Carlos Giannazi (PSOL) colocou em suspeição o recuo do secretário nas declarações de que um prefeito lhe teria oferecido propina para o recebimento de emendas. “O Bruno Covas tem que denunciar. Ninguém acreditou no que ele falou, nisso de ter voltado atrás. Tem a gravação do áudio. Agora ele tem que assumir e denunciar. Ele é um deputado estadual e o deputado estadual é um fiscal”, afirmou Giannazi.

O líder do PT, Ênio Tatto, vê “gravidade” na providência que o secretário de Meio Ambiente diz ter adotado quando o prefeito lhe ofereceu R$ 5 mil. Covas afirmou ao Estado ter dito ao prefeito que doasse o dinheiro para uma Santa Casa. “O deputado tomou uma decisão muito grave, que foi pedir para doar para uma instituição. Acho errado”, afirmou Tatto. Na avaliação do líder do governo, deputado Samuel Moreira (PSDB), não há necessidade de convocação do secretário. “Ele não é denunciante nem réu. Não fez uma denúncia e nem está sendo acusado de nada. Precisa ver se há fundamento nisso”, disse.

Além de Covas, o PT vai apresentar ao Conselho de Ética requerimentos convocando os deputados Roque Barbiere (PTB), pivô das acusações, e Major Olímpio (PDT), que relatou ao Estado ter ouvido, de um dirigente de uma associação, que há na Casa deputados que usavam artifícios para desviar parte do valor das emendas. Esquema. A bancada petista decidiu também propor a instalação de uma CPI para investigar o suposto esquema de venda de emendas. Segundo Tatto, o motivo é investigar se a Casa Civil e o Planejamento não tomaram providências para apurar eventuais práticas ilícitas, como sustenta Barbiere. Com isso, o PT, que freqüentemente fracassa na instalação de comissões de inquérito na Assembleia por não ter o mínimo necessário de 32 assinaturas, tenta constranger o restante da Casa a assinar o documento.

Comento
É evidente que os petistas não estão armando esse salseiro por zelo de justiça, né? Afinal, são quem são. Esses mesmos valentes não quiseram investigar, por exemplo, o escândalo na TV Assembléia porque espirraria na turma. Mas é inegável: Bruno Covas resolveu pular no meio da fogueira. Deu, como se diz em Dois Córregos, “milho pra bode”. Se lhe ofereceram propina, a sua obrigação era ter denunciado o meliante. No meio político, infelizmente, bem poucos o fariam porque a maioria tentaria evitar a confusão. Até porque isso requer a exibição de provas etc. Daria em nada. Mas também não se sai anunciando isso por aí. Quem deu a entrevista foi a inexperiência. E ela sempre tem um preço.

É melhor ser inexperiente ou desonesto numa disputa eleitoral? A pergunta está errada. É melhor ser experiente e honesto. Honestidade não se ganha com o tempo, mas experiência sim. Vamos ver se haverá tempo.

Por Reinaldo Azevedo
CRISE NA JUSTIÇA: Quem está com a razão? No mérito, é a corregedora. Na forma, ninguém! Peluso, presidente do STF e do CNJ, está exagerando; reação tem cheiro de corporativismo

Leiam o que informa Felipe Recondo no Estadão. Volto em seguida:

Na véspera do julgamento que pode restringir o controle externo do Judiciário, o presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Cezar Peluso, comandou a reação às críticas feitas aos juízes pela corregedora nacional, Eliana Calmon. Uma reunião convocada às pressas por Peluso atrasou em mais de duas horas o início da sessão de ontem do conselho e gerou uma crise sem precedentes no órgão. Peluso chegou carregando uma cópia das declarações feitas por Eliana Calmon em entrevista à Associação Paulista de Jornais (APJ), na qual ela afirmou que a magistratura hoje “está com gravíssimos problemas de infiltração de bandidos que estão escondidos atrás da toga”. Logo que os conselheiros se sentaram e os servidores deixaram a sala contígua ao plenário, Peluso disse: “Se os senhores não leram, leiam, porque em 40 anos de magistratura nunca li uma coisa tão grave.” E prosseguiu, conforme relatos dos conselheiros presentes: “É um atentado ao Estado Democrático de Direito”.

No texto, declarações da ministra que, na visão de Peluso e dos demais conselheiros, punham todos os magistrados brasileiros sob suspeita. “Acho que é o primeiro caminho para a impunidade da magistratura”, afirmou a ministra sobre a proposta de restringir o controle externo do Judiciário. Em seguida, na mesma entrevista à APJ, publicada ontem pelo jornal Folha de S. Paulo, ele citou os “bandidos”. Enquanto o texto passava de mão em mão e alguns conselheiros diziam já ter conhecimento da entrevista, Peluso questionou em voz alta e desferindo uma palmada na mesa: “Eu quero saber o que o conselho vai fazer”. E aguardou uma reação. Eliana Calmon pediu a palavra. Disse que ainda não havia lido a entrevista e afirmou desconhecer sua repercussão. Reafirmou o que pensava, que na sua opinião há de fato juízes que se valem do cargo para cometer crimes. Peluso reagiu. “Então a senhora cumpra sua função, traga os nomes, monte o processo e traga as provas e nós punimos todos eles.” Eliana então disse que enfrenta problemas na corregedoria que atrapalham em certos momentos as investigações. Peluso altercou novamente. “Então diga quais são os problemas.”

À noite, a corregedora afirmou ao Estado que não falava de toda a categoria: “Falei de alguns poucos que estão querendo se esconder atrás da toga, para causar esse estrago absurdo”. Ela se disse “preocupada com o esvaziamento da corregedoria, com a dificuldade que temos de investigar”. E que considera o CNJ “uma luz no fim do túnel para fazer as devidas correções de rumo”.

“Claríssimo”
Para amenizar a crise, o conselheiro Wellington Cabral, que ocupa uma das vagas destinadas ao Ministério Público, sugeriu que Eliana pudesse esclarecer o que havia dito. Peluso se antecipou: “Só se esclarece o que não está claro. O que está expresso na entrevista é claríssimo.” O conselheiro Sílvio Rocha propôs então que o CNJ produzisse uma nota oficial. Ao mesmo tempo, Eliana poderia explicar publicamente suas declarações. “Uma nota é o mínimo que o conselho pode fazer”, reagiu Peluso. Entre alguns conselheiros e entre apoiadores de Eliana, a declaração de Peluso deixou a impressão de que mesmo um processo administrativo contra a ministra foi aventado. Entretanto, ninguém chegou a propor um processo contra a corregedora.

Outro conselheiro, Ney José Freitas, presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 9.ª Região, pediu a palavra. A reação a Eliana foi aumentando e naquele momento já denotava que ela sairia da sessão isolada. Disse que ele e o tribunal que preside não aceitavam aquela pecha e repudiavam a generalização das críticas feitas pela ministra. Ele lembrou que generalizações como a que teria feito a ministra já haviam marcado os juízes trabalhistas quando descoberto o escândalo na construção do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. “Todos os juízes trabalhistas eram chamados de Nicolau”, afirmou em referência a Nicolau dos Santos Neto, pivô do escândalo de desvio de recursos na execução da obra. Mais Aqui

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Jornalistas honestos não dão a menor pelota se alguém disser que há bandidos entre jornalistas. Há mesmo! Médicos honestos não darão a mínima se disserem que há bandidos entre médicos. Dificilmente alguém se zangaria: “Aponte quem é ou então se cale”. Porque há bandidos entre médicos, entre padres, entre pastores. Há até bandidos entre os bandidos, entendem?, gente que não consegue nem mesmo se adaptar àquela ética já de natural tão elástica. Por que hão de ficar tão furiosos os juízes quando se afirma que há bandidos que se escondem na toga. E não há?

Ocorre que Eliana Calmon ocupa uma função vital justamente no órgão que tem a missão de avaliar e punir as irregularidades. Considero, por isso, a sua afirmação imprópria, ainda que não descabida — a menos que juízes agora existam no éter e sejam dotados de qualidades morais inatas que os distingam dos outros homens. Para alguém que exerce o seu papel, a fala foi exagerada, sim. Poderia certamente ter expressado o seu descontentamento sem, no entanto, ter ido além do comedimento que se exige de um juiz.

Mas isso não justifica a reação de Peluso, não! A categoria dos juízes não está sob suspeição. Cumpre — e ele deve ter, então, a moderação que ela não teve, mormente porque é o presidente do CNJ e do STF — não “hiperinterpretar” (se me permitem o verbo) o que disse a corregedora. Dois erros não fazem um acerto. E o erro de alguém na posição de Peluso é mais grave do que o erro de alguém na posição da corregedora. Se não for ele a ter moderação, quem será?

Castrar o CNJ
Quanto à questão em si, entendo que, de fato, o CNJ está correndo o risco de virar mais um desses órgãos que têm a nobilíssima missão de nada fazer. Se o STF limitar a ação da corregedoria, como pretende a pressão corporativista, o Judiciário estará dizendo que não aceita ser submetido aos mesmos mecanismos de transparência que se exigem dos outros dois Poderes. Por que não?

O arroubo retórico de Eliana Calmon não deve servir de pretexto para o que seria um óbvio retrocesso. Afinal, é conveniente que o Judiciário não tenha a ambição de ser um Poder soberano da República. Dos três, é o único não-eleito. Por isso mesmo, sua carregedoria deve ser mais severa. Afinal, o povo não pode cassar nas urnas o mandato de um juiz.

Por Reinaldo Azevedo
Lula esbanja bobagem na França e encanta a todos. A Europa não está no vinagre por acaso

Andrei Netto conta no Estadão, em detalhes, como foi a cerimônia de entrega a Lula do título de doutor honoris causa no Instituto de Estudos Políticos (Sciences-Po). Leiam. Volto em seguida:

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma recepção de pop star hoje, em Paris, durante a cerimônia de entrega do título de doutor honoris causa pelo Instituto de Estudos Políticos (Sciences-Po), o maior da França. Em seu discurso, o ex-chefe de Estado enalteceu o próprio mandato e multiplicou os conselhos aos líderes políticos da Europa, que atravessa uma forte crise econômica. Antes, durante e depois, Lula foi ovacionado por estudantes brasileiros, na mais calorosa recepção da escola desde Mikhail Gorbachev.

A cerimônia foi realizada do auditório do instituto, com a presença de acadêmicos franceses e de quatro ex-ministros de seu governo: José Dirceu, Luiz Dulci, Márcio Thomaz Bastos e Carlos Lupi. Vestido de toga, o ex-presidente chegou à sala por volta de 17h30min, acompanhado de uma batucada promovida por estudantes. Ao entrar no auditório, foi aplaudido em pé pela platéia, aos gritos de “Olé, Lula”.

Em seguida, tornou-se o primeiro latino-americano a receber o título da Sciences-Po, já concedido a líderes políticos como o tcheco Vaclav Havel. Em seu discurso, o diretor do instituto, Richard Descoings, se disse “entusiasta” das conquistas obtidas pelo Brasil no mandato do petista. “O senhor lutou para que o Brasil alcançasse um novo patamar internacional”, disse, completando: “Não é mais possível tratar de um assunto global sem que as autoridades brasileiras sejam consultadas”.

Autor do “elogio” a Lula - o discurso em homenagem ao novo doutor -, o economista Jean-Claude Casanova, presidente da Fundação Nacional de Ciências Políticas, lamentou que a Europa não tenha um líder “de trajetória política tão iluminada”. Casanova pediu ainda que Lula aproveitasse “sua viagem para dar conselhos aos europeus” sobre gestão de dívida, déficit e crescimento econômico.

Conselhos e euforia
Lula aceitou o desafio e encarnou o conselheiro. Em um discurso de 40 minutos, citou avanços de seu governo, citando a criação de empregos, a redução da miséria, o aumento do salário mínimo e a criação do bolsa família e elogiou sua sucessora, Dilma Rousseff. “Não conheço um governo que tenha exercido a democracia como nós exercemos”, afirmou, no tom ufanista que lhe é característico.

Então, lançou-se aos conselhos. Primeiro criticou “uma geração de líderes” mundiais que “passou muito tempo acreditando no mercado, em Reagan e Tatcher”, e recomendou aos líderes da União Européia que assumam as rédeas da crise com intervenções políticas, e não mais decisões econômicas. “Não é a hora de negar a política. A União Européia é um patrimônio da humanidade”, reiterou.

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De certo modo, isso explica por que a Europa está em crise, não é mesmo? Um mundo em que Lula dá aula — superestimando a própria obra no limite da indecência — vive uma crise talvez inédita de liderança. “Ah, isso é inveja…” Podem babar à vontade, mas um sujeito que, numa cerimônia como essa, critica governantes da estatura de Thatcher e Reagan é só um megalômano enfatuado. Ela deixou o governo da Grã-Bretanha, que tirou da estagnação, em 1990 — há 21 anos! Sua obra foi de tal sorte marcante que os Trabalhistas tiveram de virar a própria mesa. Reagan encerrou seu segundo mandato em 1989, há 22 anos. Foi o presidente mais popular do século em seu país em razão das medidas que implementou na economia. Teve destacado papel no fim da Guerra Fria. Na França, o discurso faz sucesso. Não gostam muito de ingleses e americanos… Bem, é forçoso dizer que já se aplaudiu gente muito pior por lá.

E, como viram, José Dirceu, o “chefe da quadrilha”, estava na platéia.

Por Reinaldo Azevedo
É o fim da picada! Governo brasileiro cria a “Bolsa Uruguai” no regime automotivo

O governo brasileiro está de parabéns! A genialidade de Guido Mantega ainda será objeto de especulação científica. As empresas que investiram na importação de veículos foram severamente punidas com a elevação do IPI. Leia, no entanto, o que segue. Volto em seguida.

Por Renata Veríssimo, no Estadão:
O governo brasileiro abriu ontem a primeira brecha no regime automotivo anunciado no dia 15 de setembro para proteger a indústria nacional da concorrência dos automóveis importados. Por pressão do governo uruguaio, o Brasil vai permitir que os carros montados naquele País sejam importados sem o aumento da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), mesmo sem terem fábrica no Brasil. Os três fabricantes instalados no Uruguai, a coreana Kia e as chinesas Lifan e Chery, não conseguem cumprir as contrapartidas exigidas pelo decreto publicado pelo governo para evitar o aumento em 30 pontos porcentuais de IPI. As montadoras não atingem o índice de conteúdo regional de 65% e não têm operação industrial no Brasil.

“Da maneira como ficou escrito o decreto, o acordo com Uruguai não era exequível. A Lifan e a Chery não têm fábrica no Brasil e não estavam sendo beneficiadas. Vamos adaptar o decreto para que as empresas que não têm fábrica no Brasil possam usar a redução do IPI”, afirmou o secretário executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira. O assunto virou um problema para o governo uruguaio porque as empresas ameaçam fechar as portas e demitir os funcionários. O vice-ministro de Economia e Finanças do Uruguai, Luis Porto, esteve reunido ontem com técnicos da Fazenda e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior por mais de cinco horas.

Oliveira disse que a exceção feita ao Uruguai não significa uma abertura da medida, lembrando que o decreto livra do aumento de IPI os importados de países com acordo automotivo como Argentina e México. As fábricas instaladas no Uruguai também não precisarão atender os 65% de conteúdo regional. Essas empresas deverão seguir as regras previstas no acordo automotivo entre Brasil e Uruguai, que estabelece o porcentual em 60% sem limite de número de veículos ou em 50% para uma cota que varia conforme o comércio entre os dois países. O entendimento é que o acordo Brasil-Uruguai prevalece porque é mais antigo.

“A medida foi muito significativa para o Uruguai, mas o comércio é pouco significativo para o Brasil”, afirmou à Agência Estado a secretária de Desenvolvimento da Produção do MDIC, Heloísa Menezes. Aqui

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O Uruguai não tem indústria automobilística. A Argentina, vá lá, ainda mantém uma relação estreita com o setor de autopeças do Brasil. Os uruguaios importam tudo. No máximo, devem apertar uns dois ou três parafusos e pronto! Pois bem, o sempre generoso governo brasileiro atendeu ao chororô do vizinho e resolveu lhes dar uma regalia que cassou dos brasileiros. É a Bolsa Uruguai! Bem, talvez seja o caso de o capital brasileiro migrar para aquele país para poder vender carros ao Brasil… Tenham paciência!

Por Reinaldo Azevedo
“Qual o futuro dos judeus? Que voltem para os lugares de onde vieram. Não há lugar para eles na Palestina”

Tomei muito pancada nesses dias por causa dos textos que andei escrevendo sobre a questão israelo-palestina. Pois é. Leiam o que segue. Volto em seguida:

Por Marcelo Ninio, na Folha:
Cercado por quatro de seus 14 filhos, o porta-voz do Hamas na Síria combina a fala mansa com palavras duras. Talal Nasser, 50, não vê razão para festejar o pedido de adesão da Palestina à ONU. Para ele, só a luta armada levará à criação da Palestina. “Não há lugar para judeus na Palestina”, diz. O escritório do Hamas em Damasco divide a liderança do movimento islâmico, que controla a faixa de Gaza e é rival do laico Fatah, do presidente Mahmoud Abbas. Situada numa rua sem saída cercada de câmeras de segurança dentro do campo de refugiados palestino de Yarmouk, em Damasco, a sede do Hamas exige dos visitantes que tirem os sapatos, como numa mesquita. Nasser diz que a “terceira intifada” [revolta palestina] está próxima e será liderada pelo Hamas. Leia a seguir os principais trechos de sua entrevista à Folha.

Folha - Por que o Hamas é contra o reconhecimento da Palestina na ONU?
Talal Nasser -
 É uma decisão individual do governo de Ramallah e de Abu Mazen [apelido do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas]. O Hamas não foi consultado. A questão é: qual o valor disso? Apreciamos o apoio de países como o Brasil, mas o reconhecimento da ONU encerra a questão palestina de forma negativa. Porque a ONU reconhecerá também o direito de Israel. 40% da Cisjordânia continuará nas mãos de Israel. De que adianta um Estado no papel?

Por que o acordo de reunificação Fatah-Hamas assinado em maio não foi adiante?
O problema é que Abu Mazen insiste em manter Salam Fayyad como primeiro-ministro. Fayyad é um traidor que colabora com os EUA e com Israel na perseguição à resistência palestina. Qualquer pessoa aceita pelos EUA não é reconhecida pelos palestinos ou pelo islã.

Haverá uma nova intifada?
Ela está próxima e será liderada pelo Hamas. Como disse Golda Meir [premiê israelense, 1969-1974], um tanque é mais importante do que 50 resoluções das Nações Unidas. Só a luta armada criará o Estado palestino. Você deve pensar: ‘Qual o futuro dos judeus?’ Que voltem para os lugares de onde vieram. Não há lugar para eles na Palestina. Aqui

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Se a Palestina for um “estado” reconhecido pela ONU, digam-me cá: Mahmound Abbas vai tomar do Hamas a Faixa de Gaza a bala? Acho que não, porque foi o Hamas que expulsou o Fatah… Sendo a Palestina um estado, quando o Hamas disparar foguetes contra Israel, isso será uma agressão de um “estado vizinho”, certo? Se Israel retaliar, isso significaria uma agressão só ao Hamas ou ao estado da Palestina? Minhas perguntas são meramente retóricas porque já sei a resposta.

A fórmula seria esta: ataques feito pelo Hamas seriam só do Hamas; já a resposta de Israel ao Hamas seria um ataque a todos os palestinos.

A entrevista com o terrorista aloprado deveria atuar como um choque de realidade no antiisralismo asqueroso de boa parte da imprensa.

Por Reinaldo Azevedo
Temer diz que não é possível governar de “vassoura na mão”. Certo! E com sujeira debaixo do tapete?

Leiam o que informa Verena Fonetti, na Folha:

O vice-presidente Michel Temer disse ontem que o governo não vive uma crise por conta da queda de ministros envolvidos em conflitos de interesse, corrupção ou uso indevido de verba pública. Questionado se a faxina da presidente Dilma Rousseff havia sido completa, respondeu que não se pode governar com tal espírito. “Não se pode fazer governo com vassoura na mão. Você toma as medidas que tem que tomar, e as medidas foram tomadas, mas não tem que fazer isso permanentemente.”

Afirmou porém que, se surgirem outros “eventos danosos”, o governo deve agir. Temer discursou em almoço na American Society, em Nova York. O ingresso custava US$ 75 (R$ 135) para membros e US$ 100 (R$ 180) para os não sócios. “Perguntaram-me aqui sobre a crise que o país viveu. Seria de natureza administrativa porque quatro ou cinco ministros saíram de seus postos. Outros com muita naturalidade assumiram esses mesmos postos, de modo que [nem] sequer crise administrativa se verificou.” Aqui

Por Reinaldo Azevedo
Facebook anuncia que vai financiar candidatos nos EUA

Por Luciana Coelho, na Folha:
Para quem teme que o Facebook passe a dominar o mundo, atenção ao próximo passo. A empresa anunciou que enveredará para a política, formando um grupo para financiar oficialmente campanhas de candidatos que defendam seus interesses. Nos últimos dois anos, o Facebook já vinha aumentando suas doações para políticos e contratando lobistas, atividade regular nos EUA. Segundo o Center for Responsive Politics, que monitora o financiamento a políticos e campanhas, só no primeiro semestre, a empresa gastou US$ 550 mil (R$ 990 mil) com lobby -70% a mais do que no ano de 2010.

Agora, porém, o Facebook poderá recolher doações de seus funcionários e repassá-las para candidatos por meio de um Comitê de Ação Política (PAC, na sigla em inglês).  “O FB PAC dará a nossos funcionários uma forma de se fazerem ouvir no processo político americano, apoiando candidatos que dividem nossos valores”, disse à Folha por e-mail Kumiko Hidaka, gerente de comunicação global da empresa. A meta, diz, é “promover a inovação econômica ao mesmo tempo em que se dá às pessoas o poder de compartilhar e tornar o mundo mais aberto e interconectado”. Jargão à parte, o Facebook foca questões que envolvam propriedade intelectual e privacidade, duas áreas em que a empresa é criticada.Aqui

Por Reinaldo Azevedo
oVoto distrital: estamos bem perto de chegar às 100 mil assinaturas
Olhem o voto distrita aí, na luta contra a corrupção!
Olhem o voto distrital aí, na luta contra a corrupção!

Caros, o link está aí do lado e aqui também. Já são quase 96 mil assinaturas, devidamente verificadas e certificadas. Estamos bem perto de chegar às 100 mil. Um pouquinho mais de esforço e chegamos lá. Quem sabe amanhã. Debata a idéia com um amigo. Tente fazê-lo se interessar pela causa.

O Brasil começa a despertar para a luta contra a corrupção. Não há dúvida de que precisamos de homens decentes na política. Mas precisamos também de sistemas decentes, que sejam hostis aos larápios.

Só o voto distrital subordina o eleito ao eleitor, que pode cobrar decência na representação. Essa luta não tem tempo para acabar.

Por Reinaldo Azevedo
A poluição de São Paulo e Rio. Ou: É permitido à mulher mais feia ser, ao menos, mais fogosa?

Sempre que deixo de escrever algo em que pensei, um clarãozinho qualquer, acabo me arrependendo. Aconteceu de novo. Quando surgiu a notícia de que, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a cidade do Rio é mais poluída do que a de São Paulo, veio um textinho à minha cabeça. Alguém distraiu a minha atenção, e ele ficou pelo caminho. Pois é… A cada m³ de ar, foram encontradas na “Cidade Maravilhosa” 64 microgramas de material particulado; na antiga “Terra da Garoa”, 39. Notem que, até nas perífrases, São Paulo se dá mal. Em qual das duas você gostaria de passar o fim de semana?

Pensei cá comigo: “Ninguém vai acreditar no resultado! A imprensa paulistana vai ser a primeira a pôr em dúvida o resultado. Isso é como dizer que a mulher feia (ou o homem feio, cada um use a metáfora a gosto), até com certo buço, é mais fogosa — para usar palavra antiga e decorosa — do que aquela beldade (outro arcaísmo…) de manual, que posa pelada.” Aprendemos todos que nada em São Paulo pode deixar de ser pior… Não, ao menos, até que um político nominalmente de esquerda volte ao poder. O mesmo vale para o estado.

No Estadão, a gente lê: “São Paulo, apesar de estar em uma situação melhor do que a do Rio, não tem o que comemorar”. Certo! Nada a comemorar! O jornal achou pouco espírito crítico. Convidou Paulo Saldiva para escrever um texto sob a rubrica “Análise”. Ele é apresentado como “Coordenador do Laboratório de Poluição da USP”. E o homem mandou ver: “Considero inimaginável falar que o Rio é, como um todo, mais poluído do que São Paulo”. Ele também opinou na Folha: “A rede automática do Rio [que permite uma coleta de dados no longo prazo] tem quatro estações, e só uma é no centro da cidade”. Heinnn? Ele explica: comparando dados apenas das estações centrais das cidades entre 2007 e 2009, a poluição carioca é aproximadamente 30% menor que a de São Paulo. Ah, entendi. Estação central contra estação central, pior para São Paulo! Certo! Mas a OMS não comparou a poluição apenas dos respectivos centros. Essa seria outra medição.

É claro que a tabela da OMS permite fazer mau jornalismo ao contrário. Que tal isso: “São Paulo tem a mesma poluição de Paris”, ambas com 38 microgramas de material particulado por m³ de ar, o mesmo de Buenos Aires, com seus “buenos Aires”…

Importante: a OMS considera que o máximo aceitável para a saúde humana são 20 microgramas de material particulado por m³ de ar. Cansei de ler que São Paulo, com 38 microgramas, tem “um índice duas vezes superior à recomendação”. Não! Aí o erro é de matemática e de linguagem. A cidade apresenta um índice quase “UMA VEZ SUPERIOR” ao aceitável, já que 20 dos 38 não caracterizam um problema a ser sanado.

Há uma diferença patente entre as imprensas paulistana e carioca: entre fazer mau jornalismo a favor e contra sua própria cidade, a primeira, invariavelmente, faz contra, e a segunda, invariavelmente, a favor. Nenhuma das duas pratica é virtuosa. Bom jornalismo se faz a favor dos fatos, da verdade. A propósito: vejam o tratamento dispensado hoje aos índices de violência em São Paulo. Estão em queda. Quem lê os jornais e não RETRABALHA OS DADOS A FAVOR DA OBJETIVIDADE, conclui que estão em ascensão. Como disse um petralha comentando o post em que trato do assunto, “o que importa é a sensação de insegurança…” Ah, bom!

Por Reinaldo Azevedo
Marco Maia empolga empresários da Fiesp descendo o sarrafo na CPMF

Em 2003, acho, no primeiro ano do governo Lula, escrevi um texto para a revista da Fundação Teotônio Vilela em que afirmava que o PT ainda ocuparia todo o espectro ideológico da política; haveria, antevi, petismo para todos os gostos.

O neopeemedebista e ex-socialista Paulo Skaf, que é político como empresário e empresário como político, tomou posse ontem de um novo mandato na Fiesp. Boa parte do mundo político esteve presente à solenidade no Teatro Muncipal de São Paulo… Sabem quem desceu o sarrafo na CPMF, orgulhando-se de o imposto ter sido sepultado na Câmara? O presidente da Casa, o petista Marco Maia (RS). E ele o fez no mesmo dia em que o Estadão publicou a entrevista em que Ideli Salvatti, do seu partido, ministra das Relações Institucionais, defendeu a criação do imposto.

Entenderam?

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo

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