Ciro odeia tanto SP que ataca o estado para criticar ato público promovido por Cabral no Rio. Pergunto a Eduardo Campos: “O senhor alimenta o mesmo ódio ao estado? Se não, cabe dizer alguma coisa!”
Ciro Gomes é aquele rapaz nascido por contingência em Pindamonhangaba, interior de São Paulo, mas que fez carreira política, como todos sabem, no Ceará. Já foi governador de Estado. Pertenceu ao grupo do tucano Tasso Jereissati, que foi quem lhe deu visibilidade política. Hoje Ciro se encarrega, no Estado, de minar as bases de seu antigo mestre e aliado. O homem não é do tipo que acha que fidelidade se paga com fidelidade. Bem, até aí, problema de quem o escolhe como “companheiro”.
Esse rapaz, sabe-se lá por quê, tem um ódio ao estado de São Paulo que só deve perder para o ódio que ele sente a José Serra. O tucano infere que, no que lhe diz respeito, trata-se de um problema clínico. Pode ser. No que concerne ao estado, coisa muito normal não deve ser, como vou demonstrar abaixo.
Seus sentimentos em relação aos paulistas e paulistanos são estranhos. Obedecendo a uma ordem de Lula, transferiu seu domicílio eleitoral para São Paulo porque o Apedeuta o queria disputando o governo. Imaginem vocês: alguém que declaradamente detesta o estado, que o considera fonte de problemas para o resto do Brasil, ambicionou governá-lo… Não deu certo. Já transferiu de novo o domicílio para o Ceará, não sei se para Sobral, cidade dominada pelo coronelato Gomes. Paulista, ex-paulista, cearense, ex-cearense, paulista, ex-paulista, cearense outra vez…
Prestem atenção ao trecho que transcrevo de sua entrevista ao UOL e à Folha. Confesso que nunca vi ou li nada assim. Ele está criticando o movimento surgido no Rio de Janeiro em defesa dos royalties do petróleo. Ele acha aquilo uma impostura. Leiam. Comento em seguida:
O problema é que no Brasil há falta de uma estratégia nacional, não existe um projeto nacional que faça as compensações, as mediações e que cada um se sinta partícipe de um projeto confortável. Está crescendo muito no Brasil e esse é um problema para ser discutido no Congresso Nacional. Aí está essa crise dos royalties, com o Rio de Janeiro. O Sérgio Cabral [do PMDB, governador do Rio] mobilizando 150 mil pessoas na rua. Fernanda Montenegro [atriz] indo para a rua, por uma impostura nessa discussão dos royalties. Ela está de boa-fé, evidentemente. Porque não tem no país uma visão estratégica. Então o que está acontecendo? Está crescendo no país um ressentimento recíproco entre São Paulo e o resto do Brasil. As pessoas no Nordeste, em Manaus, por exemplo, não têm perigo. Porque todos os exercícios práticos da governança local, paroquial, provinciana de São Paulo hostilizam.
O trecho em negrito (ou vermelhito) não faz o menor sentido. Foi só uma momento de fuga extrema da realidade. Mas prestem atenção ao trecho que é ao menos sintaticamente ordenado. Ao criticar o movimento DO RIO DE JANEIRO, LIDERADO POR SÉRGIO CABRAL, contra a divisão dos royalties, na forma decidida pelo Congresso, Ciro Gomes ataca… São Paulo. Ou seja: milhares de pessoas NO RIO vão às ruas, mas, na boca de Ciro, quem paga o pato é… São Paulo.
O sujeito endoidou de vez. O mais engraçado é que ele fala um troço desses e ninguém ousa lhe perguntar: “Mas o que São Paulo tem a ver com isso?”
Os deputados da Assembléia Legislativa deste estado deveriam ter, como posso dizer?, TUTANO (pensei em outra palavra mais explícita) para propor, quando menos, uma moção de repúdio a este senhor! Esta é a maior cidade nordestista do Brasil. Ciro jamais vai poder mudar isso.
Embora tenha nascido em São Paulo, ele é, claramente, um incitador do ódio contra o Estado. A minha indagação: também é assim com as demais lideranças de seu partido? Pergunto, por exemplo, ao governador Eduardo Campos, de Pernambuco, o manda-chuva do PSB: “O SENHOR ENDOSSA ESSE ÓDIO A SÃO PAULO E AOS PAULISTAS”? Se não endossa, diga já. E também esclareça se Ciro Gomes fala só em seu próprio nome ou se expressa a opinião do PSB sobre São Paulo e os paulistas.
Tags: Ciro Gomes, São Paulo
21/11/2011
às 19:02Serra responde a Ciro Gomes com fatos e provas. E Ciro responde com o quê?
Leiam o que informa a Folha Online. Volto em seguida:
O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) rebateu as críticas feitas pelo ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PSB), em entrevista ao programa Poder e Política Entrevista, parceria do UOL e da Folha. Ex-candidatos à Presidência da República, Ciro e Serra são antigos inimigos políticos declarados, inclusive com ações na Justiça.
“Como fica evidente, a verdade está de um lado, Ciro Gomes está de outro; de um lado, estão os fatos; do outro, a imaginação fértil deste senhor, especialmente quando se refere a mim. Às vezes, suspeito que seja um caso clínico”, diz Serra, em uma nota publicada no seu blog.
Ao analisar as possíveis candidaturas do PSDB de 2014, Ciro falou da chance de Serra e lembrou sua atuação como deputado na Constituição de 1988. “Serra por exemplo, na Constituinte, cercou a Zona Franca de Manaus de restrições até ficar o sinal de que queria acabar. Desmontou o sistema de incentivos fiscais que compensariam o Nordeste das assimetrias competitivas. Briga com o Centro-Oeste e tal. Hoje, eu estou falando hoje… Porque o cara quer ser presidente da República e governava São Paulo e fazia dessas. Então essa é a questão prática”, afirmou.
Em sua resposta, o tucano diz que esses fatos nunca aconteceram. “Qualquer interessado pode pesquisar os anais da Constituinte ou a imprensa da época. Não encontrará nada do que ele diz a meu respeito. Não apresentei uma só emenda, não votei em uma só proposta, não proferi um só discurso com aquele conteúdo. E olhem que eu tinha certo peso na Constituinte”, afirma Serra, que ainda apresenta dados sobre a questão para justificar seu argumento.
Voltei
Na resposta que deu em seu site, Serra foi de uma desmoralizante precisão. Ou bem Ciro Gomes vem a público para dizer que o ex-governador de São Paulo está mentindo, ou bem Ciro admite, então, que ele próprio está mentindo. Esse é o tipo de coisa que não comporta zona cinzenta. Ciro sempre foi muito ágil para xingar e desqualificar adversários, o que já custou mais caro a ele do que aos outros. Vamos ver se consegue argumentar. Mais abaixo, transcrevo trecho da resposta de Serra.
O tucano, no entanto, deixou de dar destaque a uma passagem saborosíssima da entrevista de Ciro Gomes, que demonstra o ódio que este senhor tem a São Paulo. Trato do assunto no próximo post. Abaixo, o que diz Serra sobre a acusação que lhe fez Ciro Gomes.
*
(…)
A Zona Franca de Manaus na Constituinte só ganhou sinal de maior fôlego com um dispositivo que garantiu sua existência por mais 25 anos, posteriormente prorrogados. Isso decorreu de iniciativa liderada pelo relator geral da Constituinte, Bernardo Cabral. Ou seja, aconteceu exatamente ao contrário do que Ciro disse (…)
Sobre o Nordeste, a verdade também está no avesso do que afirmou Ciro Gomes. O sistema de incentivos fiscais que beneficiava o Nordeste e outras regiões menos desenvolvidas permaneceu intocado. Na condição de relator, incluí na Constituição os dispositivos que criaram um grande fundo de desenvolvimento para o Norte, o Nordeste e o Centro Oeste, formado por 3% da arrecadação anual do IPI e do Imposto de Renda. Esse dinheiro deveria ser aplicado na iniciativa privada pelo Banco do Nordeste, pelo Banco da Amazônia e, no caso do Centro-Oeste, que não tinha banco regional, pelo Banco no Brasil.
Mas a verdade pode ainda ser mais detalhada, o que escancara a inverdade contada por Ciro Gomes: no relatório final da Comissão de Sistematização da Constituinte, esse fundo, aprovado pela minha comissão, foi desfeito. Inconformado, apresentei, então, Emenda em Plenário - a ES 34.213-4, de 5 de setembro de 1987-, conseguindo restabelecer o texto da Comissão de Orçamento, Tributação e Finanças.
Somente o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste comporta recursos de mais de R$ 4 bilhões por ano. Ao mesmo tempo, como os fundos fazem empréstimos com retorno, acumula-se um estoque de disponibilidade para crédito muito expressivo no Banco do Nordeste: era de cerca de R$ 10 bilhões em 2009.
Foi também como relator que coordenei os dispositivos que elevaram fortemente os Fundos de Participação de Estados e de Municípios, o FPE e o FPM. A fatia do FPE na arrecadação do IPI e do IR saltou de 14% para 21,5%. Como se sabe, a maior parte desse fundo - 85% - é hoje destinada ao Norte, ao Nordeste e ao Centro Oeste.
Assim, nos vinte anos seguintes à promulgação da nova Constituição, o Nordeste ampliou suas receitas recebidas via FPE de R$ 5,7 bilhões para R$ 24,6 bilhões (a preços de 2008). Desse aumento de quase R$ 20 bilhões, cerca de 50% - proporção ainda maior no caso do Ceará -decorreram das alterações constitucionais; o restante deveu-se ao crescimento real da arrecadação de IR e IPI.
Portanto, nos últimos anos, o Nordeste contou com recursos transferidos pelo governo federal superiores a R$ 10 bilhões somente por conta do aumento do FPE estabelecido pela Constituinte, no capítulo do qual fui o relator. Aliás, Ciro ignora que a Constituinte foi decisiva para descentralizar, da União para governos estaduais e muncipais, e para redistribuir, das regiões mais ricas para as menos desenvolvidas, os recursos tributários do País, tanto que a receita dos governos dessas regiões cresceu mais rapidamente do que a dos governos das regiões mais desenvolvidas. Ou seja, a história real foi exatamente inversa da que ele relata.
Como fica evidente, a verdade está de um lado, Ciro Gomes está de outro;
(…)
Voltei
Bem, parece que Serra prova e documenta o que diz. Falta a Ciro fazer o mesmo. Mas acho que ele não vai fazer.
(por Reinaldo Azevedo)
Vocês se lembram que noticiei aqui que o deputado estadual Edinho Silva, presidente do PT no estado de São Paulo, havia ganhado um programa na TV da comunidade católica “Canção Nova”? No programa de estréia, ele levou como convidados o ministro Gilberto Carvalho e o deputado federal Gabriel Chalita (PMDB-SP), que costuma se apresentar como uma espécie de eminência dessa corrente do catolicismo. O próprio presidente da Canção Nova estava na bancada!
Os fiéis não gostaram. Recebi centenas de protestos aqui, e teve início um forte movimento nas redes sociais. E fizeram muito bem! Edinho Silva foi quem comandou a reação aos católicos que se organizaram, de acordo com os princípios de sua Igreja, para que os eleitores não votassem em candidatos e partidos que defendem o aborto.
Como deixei claro aqui, os fiéis da Canção Nova têm o meu respeito e não são responsáveis por eventuais desvios de conduta da direção. Até hoje me pergunto por que um de seus padres, José Augusto, que fez uma homilia contra o aborto, foi severamente repreendido, enquanto o petista Edinho Silva ganhou um programa. Isso significa que alguns pastores tinham perdido o rumo. Mas não o rebanho católico.
Como costuma ocorrer às vezes na Igreja, o rebanho corrige, então, o rumo do pastor porque tem mais faro para perceber a proximidade do lobo. E muitos lobos estavam e estão rondando a Canção Nova em pele de cordeiro. A pressão contra o comando foi grande. Leiam agora o que informa o Painel da Folha. Volto depois:
*
A rede Canção Nova, emissora de TV e rádio ligada ao movimento católico Renovação Carismática, resolveu tirar do ar os programas comandados pelos deputados federais Gabriel Chalita (PMDB-SP) e Eros Biondini (PTB-MG), pelos estaduais Edinho Silva (PT-SP), Paulo Barbosa (PSDB-SP) e Myriam Rios (PDT-RJ), e pela primeira-dama paulista, Lu Alckmin.
Embora a decisão tenha sido tomada no atacado, o elemento precipitador foram as reações negativas de fiéis e lideranças da igreja à recente incorporação de Edinho, presidente do diretório estadual petista, ao quadro de apresentadores da Canção Nova.
Conexões - “Justiça e Paz”, o programa de Edinho, estreou em 3 de novembro tendo como convidado Gilberto Carvalho. Principal mentor político do deputado petista, o secretário-geral da Presidência foi também articulador da aproximação entre a campanha de Dilma Rousseff e a Canção Nova no segundo turno da eleição presidencial. Até então, a candidata vinha sendo duramente combatida por religiosos da Renovação Carismática.
Doutrina - O programa de Edinho deu origem, nas redes sociais, ao movimento #CançãoNovaSemPT. Um panfleto traz em vermelho o nome do partido e as expressões “aborto”, “casamento gay” e “Teologia da Libertação”.
2012… - Entre os nomes retirados da grade de programação, há dois pré-candidatos a prefeito: Chalita em São Paulo e Paulo Barbosa (licenciado da Assembleia por ocupar a Secretaria de Desenvolvimento do governo Alckmin) em Santos. À frente do PT-SP, Edinho terá atuação eleitoral em todo o Estado.
… vem aí - A cada eleição, cresce o interesse de políticos de todos os partidos pelo estoque de votos sob o raio de influência da Canção Nova. Aumenta também o desconforto de setores da igreja.
Tenho dito - Procurado pelo Painel, o Conselho Deliberativo da Fundação João Paulo 2º, mantenedora da Canção Nova, confirmou a decisão de suspender os programas, tomada na sexta-feira passada. Em nota, agradeceu “a dedicação e o empenho” dos seis apresentadores e manifestou “respeito às suas atuações públicas”.
Voltei
É isto: por uma Canção Nova sem lobo se fingindo de cordeiro! As comunidades católicas não sâo plataformas para políticos que querem se eleger desrespeitando os fundamentos da doutrina. Quem anda de braços dados com defensores e defensoras do aborto não pode merecer o voto católico. É simples e óbvio assim.
Ninguém é obrigado a ser católico! Quem quiser defender o aborto — ou defender quem o defenda — deve renunciar à Igreja e procurar o seu rumo.
Reitero meu parabéns aos fiéis da Canção Nova! Os católicos dessa comunidade e de outras tantas não devem ter receio de corrigir as lideranças. O comando da Canção Nova cometeu dois erros graves: quando censurou o padre José Auguto e quando acolheu Edinho Silva, conduzido pelas mãos de Gabriel Chalita. É preciso olhar com atenção a teologia desse deputado. Ela pode ser tão eclética quanto o seu gosto partidário.
A política pode conviver com certas heterodoxias; a Igreja não!!!
Tags: Canção Nova, Chalita, Edinho Silva