Café: Arábica fecha em alta com recompra de posições na Bolsa de NY

Publicado em 06/06/2014 17:55

Depois de cinco sessões consecutivas de quedas nos preços, o mercado do café arábica fechou em alta nesta sexta-feira (6) na Bolsa de Nova Iorque (Ice Futures US). Analistas afirmam que a alta se deve a um movimento técnico, já que, depois das quedas, os investidores voltaram a comprar suas posições. 

O vencimento julho fechou com alta de 295 pontos, valendo 172,10 centavos de dólar por libra-peso. O contrato para entrega em setembro avançou 300 pontos, encerrando em 174,65 cents / libra-peso. O contrato dezembro fechou em 178,10 cents, com alta de 305 pontos e o contrato março / 2015 subiu 305 pontos, fechando em 180,95 cents / libra-peso.      

Ao longo da sessão, os contratos para entrega mais próxima tiveram altas acima dos 400 pontos. 

O analista de mercado Eduardo Carvalhaes explica que as altas devem-se a um movimento técnico do mercado. “O café caiu todos esses dias, os investidores começaram a achar que o preço caiu muito e recompraram suas posições”. 

Previsões baixistas
Ele explica que, diante das incertezas a respeito da safra brasileira, as estimativas de safra também continuam influenciando os preços. Hoje, o CNC (Conselho Nacional do Café) confirmou que sua previsão para a safra brasileira 2013/14 continua sendo de 40,1 a 43,4 milhões de sacas, conforme anunciado em abril. 

A Volcafe, divisão de café da trading de commodities ED&F Man, também lançou seu relatório de maio na segunda-feira (2), no qual mantém sua previsão para a safra em 45,5 milhões de sacas. “Conforme o interesse do operador, ele lança uma estimativa que faz os preços ficarem mais para cima ou mais para baixo... Mas as estimativas que prevalecem no mercado são aquelas que apontam para uma safra de 43 a 47 milhões de sacas”. 

O movimento de queda nos preços do arábica na Bolsa de Nova Iorque foram intensificados depois que a trading Mercon lançou, na última semana de maio, uma previsão de safra de 50,5 milhões de sacas. 

El Niño e ferrugem do café
As previsões cada vez mais confirmadas sobre a ocorrência de um El Niño, fenômeno climático que aumenta o regime de chuvas em algumas regiões e intensifica a seca em outras, também está começando chamar a atenção do mercado internacional para quebras ainda mais acentuadas na safra de café 2013/14. 
 

Safra do café terá impacto do El Niño, segundo meteorologista, e preços devem continuar subindo

Assim como diversas culturas agrícolas, o pior inimigo do café é o clima. De acordo com o site financeiro Talk Markets, muitos cafeicultores irão enfrentar fortes quebras ao longo deste ano e em boa parte de 2015, sob impacto da ferrugem do café (roya), que atinge lavouras na América Central, e a chegada de um El Niño. Porém, o ano ruim para a produção poderá ser um bom ano para investidores. 

A qualidade e a quantidade do café colhido costuma acompanhar o ciclo dos fenômenos climáticos El Niño e La Niña. Em anos de La Niña, a produção é marcada pela abundância e por preços baixos. Já nos anos de El Niño, as safras costumam ser pequenas e os preços sobem.

O padrão de clima tropical começou a mudar no final do ano passado, de acordo com o meteorologista e consultor Chris Orr. Ele afirma que quatro das cinco maiores nações produtoras de café enfrentam seca e a quinta deve registrar seca neste verão. 

Os preços do café já subiram consideravelmente desde o início de janeiro, sob efeito de uma forte seca no Brasil, o maior produtor mundial. A safra brasileira 2013/14 deverá ter queda de 20%. A situação não está muito melhor em outros países produtores. A Indonésia, segundo maior produtor de café robusta (conilon) também está passando por uma estiagem, enquanto Colômbia e o Vietnã começam a experenciar os efeitos de uma seca. 

A Etiópia, quinto maior produtor, tem se beneficiado com os problemas de produção no Brasil, que tem elevado os preços no mercado internacional. Porém, os problemas também irão atingir o país africano, que terá seu regime de chuvas reduzido pela metade sob efeito do El Niño. 

Ferrugem do café 
A América Central fornece em média 9% de todo o café do mundo. As temperaturas na estão mais altas que o normal, fator que favorece a incidência da ferrugem, doença fúngica que infesta as folhas do café, reduzindo a produção. Apenas as temperaturas mais baixas e o uso de fungicidas podem enfrentar o problema. No entanto, fungicidas são caros e grande parte dos produtores não tem dinheiro suficiente para investir nesses produtos. 

Além disso, temperaturas mais baixas só deverão chegar à região em agosto, como efeito do ciclo do El Niño. Mesmo assim, serão necessários meses e até anos para que as plantas se recuperem completamente da doença. 

As chuvas deverão chegar ao Brasil em julho, aumentando os riscos de enchentes, desmoronamentos e ainda mais danos aos pés de café. 

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Tags:
Por:
Fernanda Bellei
Fonte:
Notícias Agrícolas

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