Café: Bolsa de NY fecha semana com queda acumulada de cerca de 2%, mas cotações continuam próximas de US$ 1,50/lb

Publicado em 16/09/2016 17:47

Sem novidades fundamentais para repercutir, as cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam a semana com queda acumulada de cerca de 2% nos principais vencimentos repercutindo o câmbio e realizando ajustes técnicos diante do forte avanço no início do mês que fez com que os preços se aproximassem de US$ 1,60 por libra-peso. Apesar da baixa, os preços externos da variedade continuam próximos do patamar de US$ 1,50 por libra-peso.

Após fecharem estáveis na véspera, os futuros do arábica no terminal externo fecharam o pregão desta sexta-feira com queda próxima de 50 pontos. O contrato setembro/16 registrou 147,10 cents/lb com 50 pontos de queda, o dezembro/16 teve 148,40 cents/lb também com 50 pontos de queda. Já o contrato março/17 estava cotado a 151,65 cents/lb com 45 pontos de recuo e o maio/17, mais distante, anotou 153,55 cents/lb com 40 pontos de desvalorização.

Segundo o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães, a queda nos preços do café nesta sexta-feira foi mais motivada por ajustes e cautela dos investidores. "O dia foi lento. As oscilações presenciadas foram muito mais arranjos de expectativas do que uma reversão de tendência", explica. Para ele, o quadro continua construtivo no mercado e sem chance de haver no curtíssimo prazo uma mudança neste cenário.

No início do pregão, as cotações do café arábica até chegaram a esboçar reação diante da queda do dólar. No entanto, o tom de cautela de outros mercados acabou ditando o fechamento do lado vermelho da tabela para a commodity. Às 16h18, a moeda norte-americana caía 0,92%, vendida a R$ 3,2711, repercutindo as incertezas na política brasileira e a entrevista à Reuters do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, que disse ver menos espaço para reduzir o estoque de swap cambial tradicional. Na semana, a moeda registrou queda acumulada de 0,36%.

Nos últimos dias, as cotações futuras do arábica tiveram suporte das incertezas dos operadores em relação á safra 2017/18 do Brasil após as floradas antecipadas em algumas regiões. Os números dos estoques dos países importadores e exportadores de café também movimentaram os preços. "Os preços continuam a encontrar suporte no clima e nos estoques mais baixos [nos países exportadores]", disse o banco Société Générale na quarta para a Reuters.

"Embora os níveis de estoques nos países produtores estejam próximos das mínimas históricas, os níveis de estoques nos países consumidores estão altos o suficiente para suprimir os preços diante das perspectivas de produção aquém das expectativas", disse o analista do Société Générale, Rajesh Singla, ao site internacional Agrimoney.

Já o Rabobank, outro importante banco especializado em commodities, informou recentemente que os estoques de café "visíveis" – definidos como os da Europa, Japão e EUA, além de estoques não-agrícolas do Vietnã – "estão em níveis recordes".

As exportações mais altas no mês de agosto também contribuíram para a queda no mercado durante a semana. Até o momento foram registradas 2,69 milhões de sacas de 60 kg de café no mês passado, um crescimento de 37% em relação ao mês de julho, quando o país exportou 1,96 milhões de sacas. Os dados são do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).

Para o presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes, a retomada do ritmo de exportações de café brasileiro em agosto já era esperada. "Após um período de entressafra, certamente teremos um crescimento gradativo e sustentável daqui para frente, uma vez que o café brasileiro, considerado como um dos mais qualificados e sustentáveis do mundo, continua com a demanda necessária e crescente", diz.

Os estoques de café verde dos Estados Unidos caíram 110,47 mil sacas de 60 kg no mês de agosto, totalizando cerca de 6,20 milhões de sacas. Antes disso, em julho, o volume armazenado do grão foi o maior do ano, com 6,31 milhões de sacas. A informação foi divulgada em relatório na quinta-feira (15) pela GCA (Green Coffee Association).

» Café: Estoques dos EUA caem mais de 110 mil sacas em agosto, aponta GCA

De acordo com estimativa da Safras & Mercado, a colheita da temporada 2016/17 do Brasil estava em 97% até o dia 6 de setembro. Levando em conta a estimativa de produção da consultoria de 54,9 milhões de sacas para esse ano, já foram colhidas 53,3 milhões de sacas do grão. A colheita está mais adiantada em relação ao mesmo período do ano passado.

Já a comercialização foi apontada em 46% até o dia 12 de setembro, o que representa um avanço de 9% em relação ao mês anterior. Segundo o analista de mercado da Safras & Mercado, Gil Barabach, a alta na Bolsa de Nova York e no dólar serviu de estímulo aos negócios. "Mas, mesmo com as vendas mais aceleradas, não se percebe afobação do lado da venda e nem desespero do comprador. O que existe são buracos de embarques e algumas necessidades específicas, onde o comprador se vê obrigado a ser bem mais agressivo na sua ideia de preço", diz.

Segundo a Climatempo, na semana de 16 a 22 de setembro está prevista precipitação acumulada de até 50 mm na região Sul de Minas Gerais. No Leste de São Paulo e mineiro, as chuvas não devem ultrapassar os 20 mm. O clima continuará seco nas demais regiões produtoras, entre elas o Espírito Santo, aumentando as preocupações quanto à oferta de conilon. As informações são do CNC (Conselho Nacional do Café).

Mercado interno

Os negócios com café continuaram lentos nas praças de comercialização do Brasil nesta semana. Com retração vendedora, os preços do grão até esboçam reação, mas ainda nada que anime o produtor. "Nas últimas semanas, rumores de que a florada da próxima safra brasileira de arábica seja novamente prejudicada também sustentaram os preços atuais", informou o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da ESALQ/USP) ontem.

O tipo cereja descascado fechou o dia com maior valor de negociação em Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 590,00 a saca – estável. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Varginha (MG) com avanço de 3,64% e saca a R$ 570,00.

Da sexta-feira passada para hoje, a cidade que registrou maior variação para o tipo foi Varginha (MG) com avanço de R$ 35,00 (6,54%), saindo de R$ 535,00 para R$ 570,00 a saca.

O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 578,00 a saca e queda de 0,86%. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Varginha (MG) com alta de 0,95% e saca a R$ 530,00.

Para o tipo, conforme o gráfico, a maior oscilação na semana foi registrada em Varginha (MG), que tinha saca cotada a R$ 515,00, mas subiu R$ 15,00 (2,91%) e agora vale R$ 530,00.

O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação na cidade de Araguari (MG) com R$ 530,00 a saca – estável. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Patrocínio (MG) com R$ 500,00 a saca e avanço de 2,04%.

A variação mais expressiva de preço na semana para o tipo 6 duro foi registrada em Varginha (MG). A saca estava cotada a R$ 510,00 na sexta-feira passada, mas teve valorização de R$ 15,00 (2,94%) e agora está em R$ 525,00.

Na quinta-feira (15), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 502,93 e alta de 0,79%.

Bolsa de Londres

A Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, para o café robusta fechou o pregão desta sexta-feira praticamente estável. O contrato setembro/16 anotou US$ 1923,00 por tonelada com baixa de US$ 4, o novembro/16 teve US$ 1937,00 por tonelada com avanço de US$ 1 e o janeiro/17 anotou US$ 1955,00 por tonelada – estável.

Na quinta-feira (15), o Indicador CEPEA/ESALQ do café conillon tipo 6, peneira 13 acima, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 430,95 com avanço de 0,54%.

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Por:
Jhonatas Simião
Fonte:
Notícias Agrícolas

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